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Janine Gomes Cassiano et al.

Dança sênior: um recurso na intervenção


terapêutico-ocupacional junto a idosos hígidos
Janine Gomes Cassiano*; Larissa da Silva Serelli**; Simone Abrantes Cândido**;
Aline Torquetti***; Karina Fonseca***

Resumo
Por meio de relato de caso e levantamento buem para a promoção da percepção da
de literatura, visa-se apresentar a dança sê- qualidade de vida dos participantes, suge-
nior (DS) como um recurso na intervenção rindo que a DS pode ser utilizada para fa-
terapêutico-ocupacional para a promoção cilitar a socialização, o conhecimento cor-
de saúde em idosos hígidos. A DS é uma poral, estimular a criatividade, a memória
atividade grupal que envolve música e e a coordenação motora.
atividade física, trabalhando o corpo por
meio de coreografias criadas com músicas Palavras-chave: Terapia pela dança. Saúde.
instrumentais e movimentos ritmados. Ob- Idosos.
jetiva a estimulação cognitiva e sensório-
motora, favorecendo a autoestima e a in- Introdução
tegração do grupo. A DS foi realizada uma
vez por semana junto aos idosos do Projeto A longevidade cada vez maior da po-
“Vale a pena viver”, vinculado à Univer- pulação justifica as inúmeras pesquisas
sidade Federal de Minas Gerais. Após um
produzidas hoje na área da gerontologia.
ano de aplicação, solicitou-se a cada parti-
cipante um depoimento de sua percepção A questão é de que forma vivenciar os
quanto à sua participação na atividade. anos adicionais com bem-estar, saúde e
Realizou-se uma busca no MedLine visan- qualidade de vida, características de um
do à realização de uma interlocução en- envelhecimento ativo. (OMS, 2005).
tre os achados da literatura e a análise dos O envelhecimento é a extensão ló-
relatos. Os benefícios da utilização da DS
como recurso terapêutico foram observa-
gica dos processos fisiológicos de desen-
dos, concluindo-se que propicia atividade volvimento. (SPIRDUSO, 2005). Esse
física, lazer, ludicidade, estimulação cog- processo é acompanhado por alterações
nitiva, desenvolvimento da coordenação físicas e cognitivas, que podem levar
motora, autoestima e socialização. Os ga- a prejuízos de ordem funcional, social,
nhos obtidos com o uso contínuo da dança
comportamental e emocional dos indiví-
nas esferas física, cognitiva e social contri-

*
Terapeuta Ocupacional pela Universidade Federal de Minas Gerais. Doutora em Ciências pela Universi-
dade Federal de São Paulo. Professora Adjunta do Departamento de Terapia Ocupacional da Universidade
Federal de Minas Gerais. Endereço para correspondência: Rua Guanhaes, 581/101, Bairro Floresta, Belo
Horizonte - MG, CEP 31110-160. E-mail: janinecassiano@gmail.com
**
Terapeuta Ocupacional e especialista em Gerontologia Social pela Universidade Federal de Minas Gerais.
***
Terapeuta Ocupacional pela Universidade Federal de Minas Gerais.
Recebido em junho de 2008 – Avaliado em março de 2009.
doi:10.5335/rbceh.2009.019

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duos. (MELLO; TUFIK, 2004; ZIMER- saúde e do bem-estar dos indivíduos,


MAN, 2000). contribuindo para uma melhor percepção
Para cada indivíduo a velhice é vi- da qualidade de vida. (CZERESNIA,
venciada singularmente. Características 1999). Para a Organização Mundial de
genéticas, culturais e de recursos, hábitos Saúde (2005), criar medidas que auxi-
de vida e comportamentos influenciam liem os idosos a se manterem saudáveis
nos diferentes ritmos de envelhecimento é uma necessidade, sendo imprescindível
(ZIMERMAN, 2000; SPIRDUSO, 2005). desenvolver políticas e programas de
Gáspari e Schwartz (2005) afirmam que envelhecimento ativo.
o idoso, assim como o adolescente, en- Tendo em vista as transformações
frenta uma crise de identidade durante na vida cotidiana do indivíduo idoso e
a qual é afetado em sua autoestima e na a necessidade de criar estratégias que
aceitação de si mesmo. Isso se reflete na agreguem qualidade de vida aos anos
autonomia, na liberdade, convívio social, vividos por ele, a dança sênior pode
afetando a frequência e a qualidade dos ser utilizada como uma estratégia de
relacionamentos interpessoais e dos promoção da percepção de bem-estar e
vínculos afetivos. Os autores apontam saúde de idosos.
a importância de ações educativas que O grupo pode promover a socializa-
possibilitem ao idoso a elaboração, no ção, a qualidade de vida e o exercício da
coletivo, das questões geradoras des- cidadania; propicia a criação de vínculos,
sa “crise”, dando-lhe oportunidade de a ampliação do universo cultural do
incorporar novas atitudes diante do idoso, o desenvolvimento de novas habili-
envelhecimento. dades e projetos de vida, o conhecimento
A velhice, se comparada às demais e a reflexão sobre o envelhecimento.
etapas da vida, é caracterizada por um (CASSIANO et al., 2005). Zimerman e
maior tempo livre. Isso se deve, em Osório (1997), por considerarem a ve-
parte, ao advento da aposentadoria e ao lhice uma questão social, acreditam que
desvencilhamento de outras obrigações grupos podem promover a reconstrução
sociais. Durante essa fase os suportes da identidade.
sociais encontram-se reduzidos, podendo A DS é uma atividade grupal que cria
haver ausência de papéis sociais a serem um ambiente de experiências enriquece-
desempenhados e falta de novos planos e doras, no qual habilidades pessoais e in-
objetivos de vida, o que pode contribuir terpessoais podem ser exploradas, refor-
para o isolamento do indivíduo. (FER- çando-se a autoestima. Os componentes
RARI, 1996). Diante disso, é reconhecida sensório-motores, tais como a mobilida-
a importância de o idoso se engajar em de, a flexibilidade e coordenação, podem
novas atividades, de reorganizar o tempo ser trabalhados visando à manutenção
que lhe é disponível, ocupando-o signifi- ou melhora. Os componentes cognitivos,
cativamente. tais como atenção, nível de concentração
Ações de promoção de saúde são e retenção, podem ser otimizados. Essas
caracterizadas por visar ao aumento da características, associadas, contribuem

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para o desenvolvimento do indivíduo, tucionalizados (ROMERO et al., 2001) e


bem como para a sensação de bem-estar outro sobre o impacto de um programa
e saúde. de DS no nível de massa óssea de ido-
O objetivo deste trabalho é caracte- sos. (KUDLACEK; PIETSCHMANN;
rizar a dança sênior como um recurso BERNECKER, 1997). Posteriormente,
terapêutico que pode ser utilizado vi- foi realizada uma análise da atividade
sando à promoção de saúde de idosos “dança sênior”, levantando-se as áreas
hígidos. Para tanto, buscou-se analisar de desempenho, os componentes envol-
e descrever os benefícios da dança como vidos e o contexto no qual a atividade
uma modalidade de exercício físico foi desenvolvida. A partir da análise, foi
grupal, com estratégias de otimização realizada nova busca na base de dados
cognitiva, de elaboração de laços sociais com os descritores “dança”, “grupos” e
e vínculos afetivos. “promoção de saúde”. Desenvolveu-se,
então, uma interlocução entre os achados
Metodologia da literatura e a análise dos relatos.

A DS é uma das atividades desen- A dança e seus benefícios


volvidas no projeto de extensão “Vale a
Os declínios do processo de envelhe-
pena viver”, do Departamento de Terapia
cimento acarretam desafios ao controle
Ocupacional da Universidade Federal de
emocional e social do indivíduo. O en-
Minas Gerais, que visa à manutenção
velhecimento traz a necessidade de as
da capacidade funcional e à promoção
pessoas se adaptarem à “diminuição
da qualidade de vida de idosos hígidos
de força, capacidade física e saúde; às
da comunidade. A DS foi aplicada du-
mortes de cônjuges e amigos; à aposen-
rante um ano, com frequência semanal
tadoria e à redução nos rendimentos; aos
e duração de uma hora, em um grupo
novos papéis sociais; e na idade avança-
de vinte idosos com faixa etária entre
da, à realocação das disposições físicas
65 e 84 anos.
da sua vida”. (SPIRDUSO, 2005).
A equipe de trabalho do projeto
A dança é considerada uma ativi-
observou, empiricamente, mudanças
dade física. (LEAL; HAAS, 2006). Os
nas esferas social, cognitiva, física e
benefícios desta modalidade de exercício
emocional dos participantes e optou por
nas esferas social, física e cognitiva dos
colher relatos destes com o objetivo de
praticantes são descritos na literatura.
iniciar a sistematização do estudo da DS
A dança possui um componente social,
como recurso na intervenção terapêutico
estimulando o desenvolvimento de laços
ocupacional a idosos hígidos.
afetivos e contribuindo para a autoesti-
Inicialmente, foi realizada uma
ma e percepção da qualidade de vida.
busca na base de dados MedLine (1995-
(GUIMARÃES; SIMAS; FARIAS, 2003;
2005) com as palavras “dança sênior”.
FILIPETTO; SEVERO, 1999).
Foram localizados dois únicos trabalhos:
Puggard (1994) verificou que a dança
um estudo qualitativo com idosos insti-
é benéfica para o ganho e manutenção

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do condicionamento físico em pessoas vital para o envelhecimento bem-sucedi-


idosas. Todaro (2002) descreve que o do. O treinamento da memória pode me-
ato de dançar exercita, dá flexibilidade, lhorar a capacidade de abstração e tempo
modela o corpo e traz benefícios para a de reação, as habilidades para resolver
postura e coordenação motora. problemas e a memorização. (GUARI-
A prática de atividade física promove DO et al., 2003). Segundo Guimarães
melhora na saúde física e mental dos (2003), atenção, memória, raciocínio e
idosos. É capaz de preservar a massa imaginação são funções mentais exerci-
muscular; prevenir sarcopenia, quedas das e desenvolvidas durante a dança e
e manter o pico de massa óssea; prover essas habilidades são incorporadas, com
uma melhora global na função cardio- vantagens, no dia a dia.
vascular, reduzindo o risco de declínio
cognitivo. (LAUTERNSCHLAGER et A dança sênior
al., 2004). Drela, Kozdron e Scczpiorski
(2004) acrescentam que esse tipo de exer- A DS surgiu em 1974, na Alemanha,
cício contribui para a saúde ao modular sob a liderança de Ilse Tutt, onde em
a síntese de determinadas citocinas que 1977 foi fundada a Federação Nacional
são importantes reguladores da resposta de Dança Sênior na Alemanha. Foi in-
imune. troduzida no Brasil por Christel Weber
O processo cognitivo é mais rápido em 1978. A partir de 1982 passou a ser
e eficiente em indivíduos fisicamente aplicada no Ancianato Bethesda, culmi-
ativos em razão da melhora na circulação nando com a criação da Associação de
cerebral, alteração na síntese e degrada- Dança Sênior em 1993, em Pirabeiraba
ção de neurotransmissores. (SPIRDUSO, - SC.
2005). A prática de exercícios físicos Segundo a Associação de Dança
moderados apresenta um potencial efeito Sênior, a DS objetiva a busca da auto-
protetor ao reduzir o ritmo de perdas estima e a integração do grupo, promo-
cognitivas no envelhecimento, propor- vendo o bem-estar dos participantes. A
cionando um menor risco de desordens dança trabalha com o corpo através de
mentais. (MATSUDO; NETO, 2000; coreografias criadas a partir de músicas
MELLO; TUFIK, 2004). instrumentais e movimentos ritmados. É
Embora alguns estudos não apre- realizada em grupo e com seus partici-
sentem resultados significativos da pantes em círculo, ora sentados, ora em
atividade física na dimensão cognitiva, pé; ora em pares, em fileiras ou dispersos
vários autores realçam a importância do pelo salão. As coreografias da DS são
exercício físico na manutenção ou melho- ensinadas, de forma padronizada, às
ra das funções cognitivas e no bem-estar pessoas que serão dirigentes de novos
(MELLO; TUFIK, 2004; SPIRDUSO, grupos. Além disso, existem cursos de
2000; SEVERO; SANTOS; DIAS, 2000). “reciclagem”, nos quais os dirigentes
A manutenção do desempenho da podem aperfeiçoar e aprender novas
memória e de outras funções cognitivas é coreografias.

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A DS é uma atividade voltada para a foi prospectivo, com 28 senhoras de ida-


população idosa que envolve a música e a des entre 46 e 78 anos. Divididas em dois
atividade física; exige dos participantes grupos, conforme a presença ou ausência
movimentos amplos, rápidos e lentos, de osteoporose, as participantes foram
coordenados, simultâneos, ritmados, submetidas a um programa regular de
acompanhando a marcação do dirigente DS durante 12 meses. Os autores cons-
e do grupo. O repertório é diversificado, tataram que os movimentos da dança
do ponto de vista de ritmos, coreografias para idosas sem osteoporose exercem
e complexidade de movimentos. Esse fato um efeito benéfico sobre o controle do
favorece a adequação da DS ao grupo, peso, flexibilidade das articulações e
às suas demandas físicas, cognitivas e manutenção da massa óssea. As idosas
emocionais, visto que cada idoso realiza que apresentavam osteoporose obtive-
os exercícios dentro dos seus limites e ram um significativo aumento da massa
capacidade. óssea durante a prática regular da DS.
Utilizada como recurso terapêutico, Os resultados comprovam o benefício
a DS possibilita a expressão emocional, da prática regular dessa modalidade de
favorecendo o pensar criativo e o auto- exercício na manutenção e/ou aumento
conhecimento. Isso leva o idoso a tomar da massa óssea em mulheres maduras
consciência de sua potencialidade e a e idosas.
(re)aprender uma nova forma de viver. Um outro estudo, de natureza qua-
Segundo Peto (2000), ainda há falta de litativa, objetivando analisar o impacto
conhecimento sistematizado a respeito da DS em idosos institucionalizados, foi
da dança como instrumento de valor realizado por Romero et al. (2001). Uma
terapêutico e educativo. amostra de vinte idosos de ambos os
A DS pode proporcionar benefícios sexos e idades entre sessenta e noventa
físicos, cognitivos, sociais e emocionais. anos foi submetida à DS duas vezes por
Dentre os físicos estão a mobilização, a semana durante dez meses. Os autores
flexibilidade e a coordenação motora; nos constataram que a dança proporcionou
cognitivos, a atenção e a memória são uma mudança no comportamento dos
componentes trabalhados com a prática idosos, estimulando a solidariedade,
contínua da dança; dentre os sociais, o promovendo a motivação, ajudando
grupo favorece a interação, a expressão e na interação entre os participantes,
o sentimento de pertencimento dos par- proporcionando-lhes, enfim, uma maior
ticipantes. A DS ainda pode ser conside- qualidade de vida.
rada uma modalidade de lazer/recreação A DS estimula a atenção, já que para
realizada em grupo, sendo mediadora de aprender novos passos da dança o par-
relações humanas. ticipante tem de se manter em “estado
Kudlacek, Pietschmann e Bernecker de alerta”, pois a “atividade requer certo
(1997) investigaram o impacto dessa grau de atenção sustentada durante o
dança na manutenção da massa óssea período que se leva para completá-la.”
em mulheres maduras e idosas. O estudo (GRIEVE, 2005). Trabalha, ainda, a me-

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mória, ao exigir do idoso a capacidade de


reter e resgatar as coreografias.
Projeto “Vale a pena viver”
O esquema corporal e a coordenação Manter e melhorar a percepção da
motora também podem ser trabalhados qualidade de vida é um dos objetivos da
nessa dança, uma vez que estimula a re- terapia ocupacional junto à população
presentação mental das partes do corpo e idosa. A DS é um recurso terapêutico
de sua relativa posição dentro do espaço rico para esse fim, pois a ludicidade,
ao promover movimentos controlados, permeando o desenvolvimento da coor-
segundo um ritmo previamente estabele- denação motora e a interação grupal,
cido, de modo associado e dissociado, dos facilita o sentimento de pertencimento.
membros superiores e/ou inferiores para Esses aspectos puderam ser observados
realizar parte de uma coreografia. durante os encontros com os partici-
Outro elemento da cognição traba- pantes do projeto “Vale a pena viver”,
lhado na DS é o planejamento mental como pode ser percebido nos seguintes
envolvido na execução das coreografias. relatos:
Há uma exigência de atenção do parti-
A dança traz alegria a pessoas que foram
cipante, que vai desde o processamento frustradas a vida toda, cuidou da família, tra-
automático das coreografias realizadas balhou. Ela traz cidadania, recupera os valo-
até o processamento controlado, ne- res da gente. Ajuda a comunicação. Recupera
cessário para se aprender uma nova a comunicação perdida, o entrosamento, e
coreografia. com isso melhora a saúde, menos depressão,
A DS, por ser uma atividade grupal, mais necessidade de ajudar o próximo. (L. E.
N., 71 anos)
possibilita o desenvolvimento de relações
interpessoais, promovendo a socializa- A dança trouxe facilidade de movimentar
ção. Para Severo (2000), os movimentos mais, tenho mais agilidade e aqui me sinto
muito feliz. (A. S. S., 74 anos)
corporais da dança contribuem para
a interação entre um participante e o A dança desenvolve tanto atividade física,
grupo, pois favorecem o contato e a inte- quanto mental. (N. B. S., 76 anos)
ração social. Zimerman e Osório (1997) Muito bom para a minha vida: me sinto mais
afirmam que todo ser humano necessita feliz, mais tranquila. É um vínculo de amizade
de formas de comunicação, integração e que a gente tem! (A. A. R., 77 anos)
reconhecimento de seus pares, por se tra- É uma atividade que atrai, traz benefícios físi-
tar de um ser gregário. As atividades de- cos e ajuda na memória. ( M. N., 79 anos).
senvolvidas em grupo, segundo Ferrigno,
Depois que entrei no projeto minha vida mu-
Leite e Abigalil (2006), exercem no idoso dou muito. Agora, saio mais vezes de casa
um poder restaurador da afetividade, da e nos dias que tenho o projeto fico animada,
autoestima, da autoconfiança e até um doida que chegue a hora de ir para as ativi-
sentimento de capacidade de retorno à dades. Sinto que minha cabeça está melhor,
atividade laborativa. estou pegando o ônibus sozinha. Nas horas
que estou com as colegas de projeto fico
muito feliz, escuto muitos casos e rimos das
coisas que acontecem. Com o projeto estou

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conversando um pouco mais com as pessoas,


Senior dance: a resource in occupational
conto das atividades que aprendi e fiz. Gosto
das atividades para a memória e da dança; therapy intervention with healthy elderly
a ginástica tem feito muito bem para mim e
aprendo muitos movimentos diferentes. (A. Abstract
A. O., 84 anos) By means of a case report and survey of the
Silêncio! Atenção! Olhem todos para cá. literature, this study intended to introduce
Sorriam! A dança sênior vai começar! Co- the Senior dance (SD) as a resource in oc-
luna ereta. Elegância a primar. Mão direita cupational therapy interventions for health
com direita, o vizinho cumprimentar! Agora, promotion with the elderly. SD is a group
do outro lado, um beijo vamos jogar! Mãos activity, that involves music and physical
para cima. Pés para o ar. De novo, quieto em activity, working the body through creative
seu lugar. Chegou a hora de se levantar! E choreographies with instrumental music
de mãos dadas bailar... bailar... Um, dois e
and rhythmic movements. Its objective is
cognitive, sensory and motor stimulation,
tip! Três, quatro e vai! Dance para lá, dance
favoring self-esteem and group integration.
pra cá! Até a música acabar! Nossa alma de
The SD sessions were carried out once a
alegria. Repleta já está. Os problemas... Que
week with elderly participants in a com-
problemas? As dores... Viraram flores. Vamos
munity project of the Universidade Federal
dançar e aplaudir. E com o coração cheio de de Minas Gerais, entitled: “It is worth liv-
amores, viver a cantar, a agradecer e a sorrir! ing”. After one year, the participants were
(Poesia de uma das participantes sobre a requested to provide information about
dança sênior – M. P. E, 65 anos) their perceptions of participation in this ac-
tivity. A Medline search was also performed
Considerações finais with the objective of linking the findings
of the literature with the analysis of these
A DS é um agente facilitador de cases. The benefits of employing the SD
maior adesão dos indivíduos idosos à were observed as a therapeutic resource
to promote physical activity, leisure, and
prática de uma atividade física, podendo cognitive stimulation, as well as the devel-
produzir tanto benefícios físicos e cogni- opment of motor coordination, self-esteem
tivos quanto emocionais e sociais. and socialization. The gains obtained with
O uso da DS como recurso no atendi- the continuous employment of the SD in
mento terapêutico ocupacional a idosos the physical, cognitive, and social spheres
may have contributed to the promotion of
hígidos propicia autonomia, autoconhe-
the perceptions of the quality of life of the
cimento e ressignificação do cotidiano. participants, suggesting that SD could be
Dessa maneira, é possível concluir que used to facilitate socialization, body image
o grupo de DS realizado no projeto “Vale and stimulate creativity, memory and mo-
a pena viver” pode ser considerado um tor coordination.
dispositivo terapêutico, na medida em
Key words: Senior dance. Health. Elderly.
que facilita e favorece a vivência grupal,
ampliando o suporte social e estimu-
lando as funções físicas e cognitivas,
gerando também benefícios emocionais
e sociais.

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Dança sênior: um recurso na intervenção terapêutico-ocupacional junto a idosos hígidos

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