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Adorno diz que “tudo o que diz respeito à arte deixou de ser evidente”. Mas será que
poderíamos afirmar que a arte foi evidente em algum momento? O que Adorno chama de
“... o que se poderia fazer de modo não reflectido ou sem problemas” não é explicitado.
o “com efeito, a liberdade absoluta na arte, que é sempre a liberdade num domínio
particular, entra em contradição com o estado perene de não-liberdade no todo”
Parece que a arte sempre tem um aspecto de salvação da humanidade ou, no mínimo, um
provedor de esperança, uma forma de sanar a falta própria da imperfeição humana. Acho
ambas as ideias perigosas e inúteis.
o “A definição do que é arte é sempre dada previamente pelo que ela foi outrora, mas
apenas é legitimada por aquilo em que se tornou, aberta ao que pretende ser e
àquilo em que poderá, talvez, tornar-se”.
o “Determina-se [a arte] na relação com o que ela não é. O caráter artístico específico
que nela existe deve deduzir-se, quanto ao conteúdo, do seu Outro; (estética
materialista dialética)”.
o
Em tempos polêmicos no meu meio de estudo, adoraria estar em sala de aula e soltar a
seguinte sentença de Adorno: “Na relação com a realidade empírica, a arte sublima o
princípio, ali actuante do sese conservare, em ideal do ser-para-si dos seus testemunhos;
segundo as palavras de Schõnberg, pinta-se um quadro, e não o que ele representa. Toda a
obra de arte aspira por si mesma à identidade consigo, que, na realidade empírica, se
impõe à força a todos os objetos, enquanto identidade com o sujeito e, deste modo, se
perde. A identidade estética deve defender o não-idêntico que a compulsão à identidade
oprime na realidade.” (p. 15)
Adorno fala que “as obras de arte possuem, no entanto, uma vida sui generis, que não se
reduz simplesmente ao seu destino exterior”, mas, “precisamente enquanto artefactos,
produtos do trabalho social, comunicam igualmente com a empiria, que renegam e da qual
tiram o seu conteúdo. A arte nega as determinações categorialmente impressas na empiria
e, no entanto, encerra na sua própria substância um ente empírico”.
Forma e conteúdo (como acontece a mediação?) Embora se oponha à empiria através do
momento da forma – e a mediação da forma e do conteúdo não deve conceber-se sem a
sua distinção – importa, porém, em certa medida e geralmente, buscar a mediação no facto
de a forma estética ser conteúdo sedimentado. (significa que as obras aparentemente mais
puras possuíam um significado – a música e a dança – os ornamentos, antes símbolos
cultuais)
o “deveria efectuar-se uma referência mais vincada das formas estéticas aos
conteúdos, tal como a realizou a Escola de Warburg para o objeto específico da
sobrevivência da Antiqudade...”
P 16 – a comunicação das obras de arte com o exterior, com o mundo perante o qual elas
se fecham [...] leva-se a cabo através da não-comunicação; eis precisamente porque elas se
revelam como refractadas.
o Os antagonismos não resolvidos da realidade retornam às obras de arte como os
problemas imanentes da sua forma. É isto, e não a trama dos momentos objetivos,
que define a relação da arte à sociedade.
A arte, χωρίς (choris, sem espaço, separado) do existente empírico..
A partir do momento em que se estabelece uma barreira, ela e já transposta por meio desta
posição, integrando-se aquilo contra que ela se erigio: isso constitui o Χωρισμός (chorismos,
separação) com o seu Uno e Todo.
Crítica à estética de Hegel: “contudo, a dialéctica idealista de Hegel, que concebe a forma
como conteúdo, regride até ao ponto de desembocar numa dialética grosseira e pré-
estética. Confunde o tratamento imitativo ou discursivo dos materiais com a alteridade
constitutiva da arte”(20).
A autoconsciência inconsciente da arte acerca da sua participação no que lhe é contrário:
semelhante autoconsciência motivou a viragem crítico-cultural da arte, que se
desembaraçou da ilusão do seu ser puramente espiritual. (21)
O belo de Kant