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REGRAS EM PAUTA
A Lei de Sociedade por Ações - Lei nº 6.404/76 - ("LSA") foi formulada como o Código
Societário brasileiro e como tal deveria ser aplicada, diante da estrutura da
legislação que cuidava dos diversos tipos societários à época. Desta forma, diversas
matérias que diziam respeito a outros tipos societários buscavam na LSA - com seus
300 artigos - o seu regramento. É o caso das operações societárias de transformação,
fusão, cisão e incorporação, aqui tratadas, como percebiam, de modo pacífico, os
aplicadores do direito.
O Novo Código Civil - Lei 10.406/01 - ("NCC"), na mesma linha de outras codificações
como a italiana, mas com 60 anos de atraso, buscou unificar o direito privado
brasileiro, revogando expressamente as codificações civil e comercial - esta última
no que tange ao direito comercial terrestre, objeto de sua Parte Primeira.
O conceito de transformação não é trazido para o NCC. O conceito do art. 220 da LSA
prevalece e deve ser a base para o entendimento desse instituto: "A transformação é
a operação pela qual a sociedade passa, independentemente de dissolução e
liquidação, de um tipo para outro. Parágrafo único. A transformação obedecerá aos
preceitos que regulam a constituição e o registro do tipo a ser adotado pela
sociedade."
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09/01/2018 ConJur - As operações societárias no novo Código Civil
Outra disposição que não reapareceu no NCC se encontra no parágrafo único do art.
221, da LSA, que prevê a possibilidade de os sócios renunciarem, no contrato social,
ao direito de retirada no caso de transformação em companhia. A não inclusão do
dispositivo acaba por gerar mais dúvidas acerca da transformação. A solução
encontra-se na liberdade de pactuar das partes do contrato social.
A cisão que apenas constou no título do capítulo é referida em seu último artigo,
tendo ingressado por emenda apresentada pelo Senado Federal, o qual dispõe que
devem ser publicados não somente os atos relativos à fusão ou à incorporação, mas
também os referentes à cisão. Se até 90 dias após a publicação sobrevier a falência
da sociedade cindida, os credores anteriores terão direito a pedir a separação dos
patrimônios, com o fim de serem pagos pelos bens das respectivas massas.
O referido projeto de lei busca redefinir outros pontos do NCC, entretanto, vale
destacar, no que tange às operações societárias, a proposta para o § 2º, do art. 1.117,
com a inclusão de que, mais do que nomear os peritos, cabe à sociedade
incorporadora aprovar o laudo por eles elaborado. Sugere duas mudanças no art.
1.122, uma no caput no prazo de 90 para 60 dias, referente ao prazo para o credor
promover a anulação da incorporação, fusão ou cisão, com a finalidade de
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09/01/2018 ConJur - As operações societárias no novo Código Civil
harmonizar o NCC e a LSA. Vale lembrar que os prazos que se busca alterar são
diferentes na própria LSA, pois na incorporação e na fusão o prazo é de 60 dias,
enquanto que na cisão o prazo é de 90 dias. A outra mudança sugerida inclui no § 4º
do art. 1.122 o conceito de que "a certidão da incorporação, fusão ou cisão, passada
pelo registro de inscrição da sociedade é documento hábil para a averbação, nos
demais registros públicos competentes, da sucessão, decorrente da operação, em
bens, direitos e obrigações".
Neste cenário duvidoso, só se pode afirmar que, em suma, o codificador, no que diz
respeito às operações societárias de transformação, cisão, incorporação e fusão,
optou por uma via intermediária particularmente perigosa.
De um lado, poderia ter feito uma simples remissão à disciplina das operações de
transformação, fusão, incorporação e cisão disciplinadas na LSA - como fez, por
exemplo, ao mencionar a aplicação de lei especial nas sociedades anônimas e nas
locações de imóveis urbanos.
Por outro lado, poderia ter optado por uma minuciosa regulamentação que cuidasse
de adaptar a genérica normativa da LSA às especificidades dos diferentes tipos
societários previstos no NCC, cuidando ainda de evitar desinteligências entre este e
a LSA - atendendo aos termos desta que são mais elaborados, atendendo aos anseios
sociais e privados.
Entretanto, não se remeteu à LSA nem esgotou o assunto, preferindo retirar desta o
que se entendeu essencial, deixando de lado alguns pontos e retocando outros. A
conhecida expressão romana, segundo a qual in medio est virtus, encontra aqui a
mais evidente exceção.
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