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13. Noção
Essência do Direito Penal como objectivo de proteger bens jurídicos
fundamentais.
O Prof. Figueiredo Dias define bem jurídico como, expressão de um
interesse de uma pessoa ou da comunidade, integridade do Estado,
vão-se sentar na própria pessoa ou na comunidade.
Trata-se do objecto do Direito Penal, objecto que é em si
mesmo socialmente relevante fundamental para a integridade do
Estado.
A noção material de crime era todo o comportamento humano que
lesava ou ameaçava de lesão bens jurídicos fundamentais.
A ideia de que o crime lesa bens fundamentais e não direitos
remonta a Birnbaum (séc. XIX), que vem dizer que os crimes não
lesam direitos, mas sim bens, isto é, entidades para além da própria
ordem jurídica.
Os bens jurídicos não são realidades palpáveis, concretas, são
antes valores da existência social.
Não é efectivamente o legislador que cria esses bens, pois eles já
existem, preexistem, sendo certo obviamente que quando o legislador
lhes confere tutela jurídica transforma esses bens em bens jurídicos.
Estes bens são interesses da coexistência social, são valores
reputados fundamentais à própria existência da sociedade organizada
em termos de Estado. Os comportamentos que agridam lesem,
ponham em causa, façam perigar esses interesses, devem ser objecto
de uma reacção.
O Direito Penal não deve intervir para tutelar todo e qualquer bem
jurídico; o Direito Penal deve intervir apenas para tutelar as ofensas
mais graves a esses bens jurídicos que, por outro lado, têm de ser
bens jurídicos fundamentais, daí carácter subsidiário e fragmentário do
Direito Penal.
O Direito Penal só deve intervir para proteger bens jurídicos
fundamentais, ou seja, valores, interesses sociais e individuais
juridicamente reconhecidos quer do próprio, quer da colectividade, em
virtude do especial significado que assumem para a sociedade e das
suas valorações éticas, sociais e populares.
O Direito Penal justifica a sua intervenção não só devido à natureza
dos bens jurídicos em causa, que têm de ser bens jurídicos
fundamentais, mas também atendendo à intensidade da agressão que
é levada a cabo para com esses bens jurídicos fundamentais.
14. Evolução do conceito de bem jurídico
Existem várias perspectivas
a) Concepção liberal ou individual
Ligada ao liberalismo e a Füerbach, constata-se que há crime
quando se verifica uma lesão de bens jurídicos que estão
concretizados na esfera jurídica de um certo indivíduo. Portanto, uma
lesão de valores ou interesses que correspondem a bens jurídicos
subjectivos.
b) Concepção metodológica de bem jurídico
Procuram ver no bem jurídico um papel voltado para uma função
interpretativa. Fornecer fórmulas para interpretar as normas.
Instrumento de interpretação dos tipos legais de crimes. O bem
jurídico tem como papel fundamentar a intervenção do Direito Penal.
c) Concepção social
Independentemente destes valores e interesses estarem
subjectivados, concretizados na esfera jurídica de um indivíduo,
podendo estar efectivamente imanentes à colectividade social.
Não necessitam, de ser individualmente encabeçados na esfera
social de um determinado sujeito em concreto. Os bens jurídicos são
vistos numa óptica social, como bens universais pertencentes à
colectividade.
d) Concepção funcional
Podia-se ver nos bens jurídicos, funções que esses mesmos bens
jurídicos desempenhavam para o desenvolvimento da própria
sociedade, as funções sociais desempenhadas por esses bens.