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Índice

Introdução
Português: como estudar?

Capítulo 1:
Gramática para concursos

Capítulo 2:
O que estudar de acordo
com seu nível

Capítulo 3:
Como interpretar textos
corretamente

Capítulo 4:
Redação para concursos

Capítulo 5:
Português e as bancas

Capítulo 6:
Comece a praticar!

FOLHA DIRIGIDA 2
COMO ESTUDAR PORTUGUÊS PARA CONCURSOS | INTRODUÇÃO

Português é uma disciplina certeira em quase todas as provas CAPÍTULO POR CAPÍTULO:
de concursos públicos. Alguns tiram de letra as questões que
envolvem gramática, interpretação de textos e redação. Já ou- No capítulo 1, veremos como montar um plano de estudos ide-
tros temem esses conteúdos. al para Língua Portuguesa. Porque não adianta querer estudar
sem organizar sua rotina de preparação.
Afinal, qual é a melhor forma de se preparar para Português?
Quais conteúdos de Gramática não posso deixar de estudar? No capítulo 2, separamos quais conteúdos devem ser estu-
Existe alguma fórmula para interpretar textos corretamente? E a dados de acordo com o nível de escolaridade do cargo que
redação, como elaborar um texto nota 10? almeja.

Para solucionar suas dúvidas e te ajudar, a FOLHA DIRIGIDA, Já no capítulo 3, você aprenderá como interpretar textos cor-
em parceria com professores conceituados de diversos cursos, retamente e no capítulo 4, como montar uma redação para
elaborou o e-book “Como estudar Português para concursos”. concursos públicos com dicas exclusivas.

As bancas organizadoras possuem formas diferentes de co-


PROFESSORAS QUE PARTICIPARAM DO E-BOOK: brar os conteúdos de Português. No capítulo cinco, desvenda-
remos as seis principais bancas do país, Consulplan, Cesgran-
# Claudia Barbosa: leciona na Femperj e no Portal da Língua rio, Esaf, FCC, Cespe e FGV.
Portuguesa;
No entanto, você até pode saber os conteúdos na teoria, mas
# Aline Aurora: professora do site AprendaCom; praticar é fundamental. Por isso, no capítulo seis apresentamos
uma série de questões para você praticar tudo o que apren-
# Vivian Barros: docente de Língua Portuguesa e Redação do deu ao longo deste e-book.
curso Ágora;

# Tatiana Rodrigues: professora da Degrau Cultural; PRONTOS PARA O DESAFIO?

# Mônica Massad: coordenadora da Academia de Português Com este e-book, você estará preparado para encarar as pro-
e Redação. vas de Português de qualquer concurso público. Vamos nessa!

FOLHA DIRIGIDA 3
Capítulo 1

GRAMÁTICA PARA CONCURSOS

FOLHA DIRIGIDA 4
COMO ESTUDAR PORTUGUÊS PARA CONCURSOS | GRAMÁTICA PARA CONCURSOS

Planejar os estudos para concursos públicos é a chave para “Esta sem sombra de dúvidas é a mais completa do mercado”,
aprovação! A professora de Língua Portuguesa, Aline Aurora, garante Aline Aurora.
complementa ao dizer que o planejamento deve caminhar de
mãos dadas com organização e foco. O segundo passo para um bom plano de estudos é montar
um cronograma desde a base da Gramática: acentuação, or-


“Costumo dizer que concurso público não é apenas para o
tografia, morfologia, sintaxe, concordância, pontuação, etc.

Depois de elaborar o cronograma de estudos, o candidato


mais inteligente e sim para o persistente e coerente com deve administrar sua rotina de preparação de modo que con-
aquilo que se predispôs a fazer.” siga seguir algumas etapas: aulas (presencial ou online), ques-
Aline Aurora tões, revisões, resumos (fichas ou mapas mentais) e simulados.

Não adianta nada você estudar para concurso se sua vida A professora Aline Aurora detalha uma estratégia que costuma
não é organizada e não possui um estudo planejado. Não indicar a seus alunos ao fazer questões:
basta estudar, tem de se preparar, treinar.

O concurseiro pode ser comparado a um atleta. Ele pode ter o “


“É importante analisar cada alternativa. Não basta procurar a
dom, facilidade ou diversas habilidades. Mas isso não adian-
tará se ele não treinar e se preparar. É preciso ter uma vida resposta, é importante analisar, escrevendo em cada asserti-
regrada, organizada, planejada. va a análise feita. Por exemplo, se for uma questão de função
sintática, é bom analisar todas as alternativas e escrever a
Os candidatos ao concurso público devem ter uma estratégia função de cada uma. Se for uma questão para marcar a crase
de estudo bem definida e usar o tempo a seu favor, saber correta, escrever a justificativa da ocorrência errada da crase
fazer escolhas efetivas e canalizar toda sua energia para seu nas demais alternativas e assim por diante. Antes que pense
objetivo: o termo de posse. algo, digo: isso não é perda de tempo, é revisar o conteúdo
enquanto faz as questões. Foi dessa forma que comecei a es-
ALGUMAS ESTRATÉGIAS SÃO: tudar. Funcionou para mim, vai funcionar para você.”

# Analisar o edital;
DISCIPLINAS NÃO OBRIGATÓRIAS:
# Conhecer o perfil da organizadora;
A maioria dos editais dos concursos não traz a parte de fonéti-
# Fazer provas anteriores a fim de que perceba como cada ca e fonologia, portanto os conteúdos desses itens podem ficar
conteúdo é cobrado; de fora do planejamento. O ideal é conhecer o concurso e a
organizadora para saber quais itens são mais cobrados nos
# Planejar de modo a conciliar todas as disciplinas do edital. editais. Tudo que está no edital é importante e deve estar no
cronograma de estudo.
A questão é como estudar e não o quanto estudar. Se a pes-
soa acorda e diz: “Ah! Hoje estou com vontade de estudar Por- Se organize por um edital verticalizado para não
tuguês”, alguma coisa está errada, segundo a professora Aline
DICA deixar nenhum item do programa de fora.
Aurora. Para começar, é importante fazer um quadro de horá-
rio e segui-lo fielmente. PRINCIPAIS PROBLEMAS ENCONTRADOS AO PLANEJAR OS ES-
TUDOS EM PORTUGUÊS:
MAS COMO MONTAR UM PLANO DE ESTUDOS DE PORTUGUÊS
PERFEITO? Segundo a professora Aline Aurora, pular as etapas descritas
no plano de estudos e começar a estudar de forma aleatória
Ao estudar Português para concursos, o primeiro passo é ter é a forma mais prejudicial de se estudar Português para con-
a disciplina de estudar todos os dias e ter em mãos uma boa cursos.
gramática. “Não adianta investir rios de dinheiro em Vade Me-
cum e não ter uma gramática de qualidade na estante”, expli- Por exemplo, a pessoa gosta de crase, acha mais confortável
ca a professora. e começa por esse item. Apesar de gostar, não consegue en-
tender porque ainda erra tanto as questões de crase. Simples:
Ela recomenda os seguintes autores: pulou etapas. Há vários assuntos ligados entre si para ser bom
nesse assunto, por exemplo, precisa estudar artigo, pronomes,
# Para os iniciantes: regência para depois estudar crase. Isso vale para muitos as-
suntos da Língua Portuguesa.
. Nilson Teixeira – “Gramática da Língua Portuguesa para con-
cursos” CUIDADO COM A NEGATIVIDADE!

“A linguagem é simples e explana bem o conteúdo, além de O concurseiro, quando considera a disciplina difícil, faz questão
oferecer muitas questões para treinar”, identifica a professora. de dizer isso o tempo todo como um mantra. A cada palavra
negativa proferida, alimentamos nosso cérebro com veneno.
# Para os demais: Se eu digo que tenho bloqueio, como vou aprender se já de-
terminei e condicionei meu cérebro a acreditar nisso?
. Fernando Pestana – “A gramática”
Quer aprender? Então, estude sem reclamar.

FOLHA DIRIGIDA 5
Capítulo 2

O QUE ESTUDAR DE ACORDO COM SEU NÍVEL

FOLHA DIRIGIDA 6
COMO ESTUDAR PORTUGUÊS PARA CONCURSOS | O QUE ESTUDAR DE ACORDO COM SEU NÍVEL

Você já deve ter percebido que alguns tópicos de gramática - NÍVEL MÉDIO
caem em quase todos os concursos, não é mesmo? Pois en-
tão, a professora Claudia Barbosa, que leciona na Fundação Os concursos que exigem Nível Médio dos candidatos são mui-
Escola Superior do Ministério Público do Estado do Rio de Ja- to mais comuns do que os de Nível Fundamental e as funções
neiro (Femperj) e no Portal da Língua Portuguesa (PLP), fala es- a serem exercidas também são muito variadas.
pecificamente sobre morfologia e sintaxe.
Veja quais são os tópicos mais cobrados de Morfologia e de


“O segredo é estudar essas matérias. Dessa forma, você
Sintaxe nos concursos de Nível Médio.

MORFOLOGIA E FONOLOGIA PARA NÍVEL MÉDIO


pode prestar vários concursos e garantir sua vaga.
Depois, basta acrescentar as matérias específicas # Significado das palavras: os conhecimentos de palavras e
deste concurso em questão.” termos específicos (sinônimo – antônimo – parônimo – homô-
nimo – hiponímia ...).

E para facilitar ainda mais a sua vida, a professora dividiu os # Ortografia: questões de ortografia também caem bastante.
conteúdos de gramática por níveis de ensino. Começam a aparecer as conhecidas “pegadinhas”, questões
que têm como objetivo confundir os candidatos mais desaten-
- NÍVEL FUNDAMENTAL tos. As mudanças ortográficas relativas ao Novo Acordo Orto-
gráfico da Língua Portuguesa também são frequentes e procu-
As provas de Nível Fundamental costumam ser bem mais sim- ram atrapalhar os candidatos que ainda não se atualizaram.
ples do que as provas dos outros níveis de ensino, tanto em
relação ao menor número de questões, quanto ao menor nú- # Classes de palavras: é muito cobrado o conhecimento do
mero de disciplinas cobradas. uso adequado dos verbos, dos pronomes, das conjunções e
das preposições.
MORFOLOGIA E FONOLOGIA PARA NÍVEL FUNDAMENTAL
SINTAXE PARA NÍVEL MÉDIO
# Significado das palavras: os conhecimentos de palavras e
termos específicos (sinônimo – antônimo – parônimo – homô- # Sintaxe da oração: questões que envolvem os termos essen-
nimo...). ciais da oração e suas funções em determinados contextos.

# Ortografia: essas provas cobram do candidato conheci- # Regência verbal: as bancas cobram muito a transitividade
mentos de ortografia, sobretudo relacionados à grafia correta dos verbos e os seus complementos pronominais.
das palavras complexas.
# Crase: muito cobrada, frequentemente, pelas principais ban-
# Acentuação: as provas também cobram as regras de acen- cas do Brasil.
tuação, de acordo com as novidades do Novo Acordo Orto-
gráfico. # Colocação prenominal: as bancas preferem cobrar esse
tema em locuções verbais.
# Verbos: normalmente são cobradas as formas irregulares de
verbos e, mais raramente, tempos compostos. # Vozes verbais: cobradas frequentemente em reescritura.

# Plural das palavras: as provas cobram dos candidatos o


plural das palavras, visto que este é um tópico que ainda pode
deixar muitos candidatos com dúvidas.

SINTAXE PARA NÍVEL FUNDAMENTAL

# Termos oracionais: as provas cobram, com muita frequên-


cia, a relação dos adjuntos adverbiais, adjuntos adnominais e
complementos nominais.

# Concordância verbal: as provas cobram muito a relação do


sujeito posposto com o verbo.

# Regência verbal: as bancas cobram muito a transitividade


dos verbos e os seus complementos.

# Pontuação: a parte de pontuação também costuma ser co-


brada, já que a pontuação incorreta na frase pode acarretar
erros de entendimento.

FOLHA DIRIGIDA 7
COMO ESTUDAR PORTUGUÊS PARA CONCURSOS | O QUE ESTUDAR DE ACORDO COM SEU NÍVEL

- NÍVEL SUPERIOR
Segundo a professora, os concursos de Nível Superior exigem
ainda mais dos candidatos. Por isso, contam com questões de
nível de dificuldade mais alto. Além disso, a própria linguagem
da prova também costuma ser mais difícil e formal, cobrando
do candidato um nível de conhecimento de vocabulário muito
maior do que para os outros níveis.

MORFOLOGIA E FONOLOGIA PARA NÍVEL SUPERIOR

# Significado das palavras / Adequação vocabular: os conhe-


cimentos de palavras e termos específicos (sinônimo – antôni-
mo – parônimo – homônimo – hiponímia ...).

# Ortografia: as questões de ortografia também aparecem


bastante, no entanto, aparecem mais contextualizadas. Nor-
malmente, uma frase em que o candidato deverá julgar se a
palavra está correta ou não ou adequada para o texto.

# Verbos: as provas de Nível Superior também costumam co-


brar questões relacionadas aos verbos, tanto aos tempos e
modos verbais, quanto à concordância verbal.

# Preposições, conjunções e pronomes: outras classes de pa-


lavras que são bastante exploradas são estas três, também
de forma mais complexa e elaborada que os outros níveis.

SINTAXE PARA NÍVEL SUPERIOR EVITE ERROS GRAMATICAIS


# Regência nominal e verbal: as provas também costumam Para a professora Claudia Barbosa, a ideia comum entre os
cobrar questões de regência nominal e verbal, que costumam estudantes é recorrer aos recursos da internet para evitar os
constituir uma grande dificuldade para muitos candidatos. erros gramaticais. Entretanto, os tradutores ou corretores online
são muito limitados. Para isso, ela recomenda outros recursos:
# Concordância verbal e nominal: as provas cobram as fle-
xões das palavras em questões relacionadas ao texto. # Recorra aos profissionais da área

# Crase: muito cobrada no seu aspecto semântico, frequente- # Busque bons livros
mente, pelas principais bancas do Brasil.
# Consulte dicionários e o site VOLP, da Academia Brasileira de
# Colocação pronominal: as bancas preferem cobrar esse Letras, para dúvidas estritamente ortográficas.
tema em locuções verbais.
# Há serviços online com profissionais especializados a sanar
# Vozes verbais: cobradas frequentemente em reescritura. dúvidas de terceiros.

# No programa do CEFIL (Centro Filológico Clóvis Monteiro), os


concurseiros podem mandar suas dúvidas para o e-mail
cefiluerj@gmail.com.

DICAS BIBLIOGRÁFICAS PARA GRAMÁTICA

# A ‘Moderna Gramática Portuguesa’ atualizada pelo Novo


Acordo Ortográfico tem como autor Evanildo Bechara, o único
representante da Academia Brasileira de Letras no Novo Acor-
do Ortográfico. A mais completa e atualizada referência de
nossa língua.

# Português Descomplicado por Henrique Nuno. O autor apre-


senta, de forma simples e objetiva, os tópicos da Língua Portu-
guesa cobrados nos diferentes concursos públicos e vestibula-
res do país.

Ao final de cada capítulo constam exercícios de fixação e


questões de provas oficiais dispostos num grau crescente de
dificuldade, facilitando a assimilação do conteúdo. São mais
de 1.000 exercícios com gabaritos comentados.
FOLHA DIRIGIDA 8
Capítulo 3

COMO INTERPRETAR TEXTOS

FOLHA DIRIGIDA 9
COMO ESTUDAR PORTUGUÊS PARA CONCURSOS | COMO INTERPRETAR TEXTOS

Para a professora Claudia Barbosa, o primeiro passo na resolu- que é engraçado no post e quais são os elementos que cau-
ção de qualquer questão do concurso é saber ler e interpretar sam esse efeito de sentido e perceba o contexto atual.
um texto. A compreensão do enunciado é a chave essencial
para iniciar a resolução dos problemas. Por isso, Interpretação 5. LEIA TEXTOS LONGOS IMPRESSOS
de Texto é o que mais cai nos concursos.
Depois de uma hora fazendo uma leitura densa, ficamos can-


“Decomponha o texto em suas ‘ideias básicas’ em qual é o
sados. Precisamos ter resistência para não fazer análises equi-
vocadas dos textos. Uma das formas de desenvolver a resis-
tência é se acostumar a compreender textos longos.
foco do texto e quais são os principais conceitos definidos
pelo autor. Faça uma leitura analítica para captar sua ideia Procure fontes relevantes para os assuntos que você estuda
principal. Depois leia novamente para uma avaliação no dia a dia. As provas, além de serem úteis para praticar e
mais assertiva.” simular a avaliação, podem ajudar no hábito da leitura des-
se tipo de texto. Experimente baixá-las e interpretar os dados
Claudia Barbosa
na coletânea da redação. Analise também os enunciados das
questões de diferentes áreas do conhecimento.
11 DICAS PARA FAZER INTERPRETAÇÃO DE TEXTO
Vale lembrar que a maneira que a gente lê um texto impresso
Provavelmente, você já errou algum exercício quando sabia o e na tela do celular ou computador é diferente. Se você fará
conteúdo da questão. A interpretação afeta o nosso relaciona- provas impressas, prefira ler textos assim.
mento com amigos, familiares, colegas e professores. E também
a diversão ao assistir a um filme, ouvir uma música, ver uma 6. COMPREENDA MÚSICAS
série...
As músicas estão presentes no nosso dia a dia e utilizam mui-
As próximas dicas da professora Claudia Barbosa têm a in- tas figuras de linguagem. Depois de escutar uma música de
tenção de melhorar a sua capacidade interpretativa para as que você gosta, reflita sobre a letra. O que o autor quis dizer
provas e também para o dia a dia. com ela? Pesquise a letra e tente interpretar o significado de
cada estrofe.
1. APRENDA A INTERPRETAR GRÁFICOS E TABELAS
7. LEIA TIRINHAS
Gráficos e tabelas caem com muita frequência nos concur-
sos públicos. Eles também são bastante utilizados por jornais e O concurso público costuma avaliar habilidades importantes
pelo mercado de trabalho. Entendê-los pode não ser fácil, mas na vida prática. Tirinhas são facilmente encontradas, são leitu-
não desista! ras leves, divertidas e sempre precisam de interpretação. Mui-
tas vezes elas expõem algum problema social, histórico, ou tem
Quando você aprender como eles funcionam, vai ser cada uma crítica implícita.
vez mais fácil fazer a interpretação desse tipo de texto. Esse
conteúdo é frequente em questões interdisciplinares, incluindo 8. OLHE PARA OS PERÍODOS, VERSOS E PARÁGRAFOS EM CON-
a redação. JUNTO

# Veja aula sobre interpretação de gráficos de Matemática. Escolha uma ou duas palavras que resumam o que você leu
nos trechos menores, para lembrar depois. Em seguida, procu-
# Veja aula sobre interpretação de gráficos e infográficos de re relações entre o que você acabou de ler. Por exemplo: de
Português oposição, causa e consequência, adição.

2. COLOQUE AS ORAÇÕES NA ORDEM DIRETA 9. USE UM DICIONÁRIO

A ordem direta é a que organiza as palavras da seguinte for- Quando estiver lendo, tenha um dicionário por perto e pes-
ma: sujeito + predicado + complemento. Esse é o jeito objetivo quise o que não entender. Só assim vai ser possível interpretar
de entender uma oração. Faça o exercício de reorganizar as depois. Para memorizar, anote a palavra que você descobriu
orações que estão na ordem indireta, principalmente os enun- o que significa em um caderninho. Ela poderá ser útil para re-
ciados das questões. solver exercícios e também para a redação.

3. FIQUE ATENTO A TODOS OS DETALHES 10. PEÇA A AJUDA AO GOOGLE

Preste atenção a todos os tipos de texto (como infográficos, Todos nós já passamos por situações confusas no momento
gráficos, tabelas, imagens, citações, poemas...). Circule os no- da leitura. O principal motivo dessa insatisfação com a com-
mes dos autores, livro e ano de publicação nas referências do preensão do texto é a falta de repertório. Nessa hora uma
texto. Tais detalhes talvez revelem o tema da questão e até pesquisa responsável ao Google poderá ajudar, mas cuidado
mesmo a resposta. com a fonte, pois precisa ser confiável.

4. PRATIQUE A INTERPRETAÇÃO COM POSTS DAS REDES SOCIAIS 11. REESCREVA OU EXPLIQUE PARA VOCÊ MESMO

Provavelmente você já viu memes ou menes nas redes sociais. Reescreva o que você acabou de ler de maneira resumida e
Para entender o que significam, é preciso interpretar, no míni- utilizando sinônimos. Se preferir, escreva em tópicos. O objeti-
mo, a relação entre dois elementos, que podem ou não estar vo dessa dica é ter certeza de que você interpretou o texto e
na imagem. Para praticar, experimente anotar em um papel o também consegue explicá-lo de maneira simples.
FOLHA DIRIGIDA 10
Capítulo 4

REDAÇÃO PARA CONCURSOS

FOLHA DIRIGIDA 11
COMO ESTUDAR PORTUGUÊS PARA CONCURSOS | REDAÇÃO PARA CONCURSOS

A professora Vivian Barros, do curso Ágora, preparou muitas ASPECTOS MICROESTRUTURAIS: É o idioma!
dicas de como alcançar a mais alta pontuação nas redações.
Segundo a professora, o primeiro passo para fazer uma boa Na Consulplan, por exemplo, a banca elenca os erros grama-
redação é analisar alguns tópicos do edital. Ela explica que a ticais nesta parte.
redação, muitas vezes, é específica para alguns cargos.
O que eu devo revisar na prova de redação?
Entenda alguns aspectos que as organizadoras podem levar
em consideração na redação. # Conectores - Sequenciação do texto: o texto precisa ter ele-
mentos de coesão para que haja o encadeamento discursivo

“Geralmente, as bancas atribuem a pontuação da redação
e que não perca o sentido.

# Tempos verbais: apesar de não haver um tempo hábil para


dividindo-as em abordagem do conteúdo e o uso do idioma.”
que o avaliador faça essa análise de tempos verbais, deve ser
Vivian Barros levado em conta.

# Precisão vocabular: a banca vai ver se o candidato está


Vamos ao exemplo da Consulpan: usando os vocábulos de forma apropriada.

ASPECTOS MACROESTRUTURAIS: É tudo o que tem a ver # Evitar metáfora: o texto dissertativo argumentativo precisa
com a abordagem do tema, do conteúdo e construção do ser objetivo e fluido, pois a riqueza do texto está nos argu-
texto. mentos não em usar palavras mais rebuscadas. A metáfora
tem um aspecto muito subjetivo, por isso é importante evitar a
Como não perder pontos na abordagem do tema? subjetividade na sua redação.

“O ideal é que o candidato não faça um recorte muito espe- Errinhos que o examinador procura no texto:
cífico do assunto (tangenciamento do tema). Nesta parte, a
banca vai esperar que candidato fale do tema de forma mais # Pontuação: atenção na vírgula!
ampla. É isso que chamamos de abordagem do tema e de-
senvolvimento do conteúdo.” # Concordância verbal e nominal: cuidado na hora de cons-
truir os períodos. Cuidados também com plural, singular no su-
Como não perder pontos na pertinência de exposição relativa jeito e predicado.
ao problema, à ordem de desenvolvimento proposto?
# Regência nominal e verbal
A professora explica que se o candidato prometer ao exami-
nador que vai falar dos argumentos X, Y e Z e não desenvolve # Colocação pronominal
isso, vai violar a ordem de desenvolvimento proposta.
“Quando o candidato faz a introdução, ele se posiciona e dá # Ortografia
uma orientação para o examinador de como vai funcionar
seu tema. A introdução funciona como um cartão de visitas e # Acentuação
o ideal é que o candidato já esclareça quais argumentos ele
vai discutir no texto”. Dois tipos de texto que podem ser pedidos no concurso:

Vivian Barros alerta que é fundamental que o can- # Texto argumentativo


didato desenvolva os argumentos mencionados na
ATENÇÃO!
introdução, ao longo do texto. Isso será chamado # Texto expositivo
de parágrafo de desenvolvimento.
Em relação ao texto argumentativo, o que é interessante
Como não perder pontos no padrão de resposta? avaliar?

Apesar de muitos candidatos ignorarem o padrão de respos- # Quando a banca pede um texto de proposta de interesse
tas que são disponibilizados no site das bancas como a Con- geral, ela espera que o candidato elabore um texto dissertati-
sulplan e Cespe, a professora explica que é um material im- vo-argumentativo.
portante.
# Inicie seu texto apresentando uma tese.
# O candidato pode baixar as provas dos últimos concursos;
# Se posicione a cerca do assunto para não fugir da modali-
# Baixar os temas que a banca privilegia; dade pedida pela banca.

# E de acordo com o padrão de resposta, o candidato pode # Apresentar vários dados, se você não se posicionar.
analisar o que a banca esperava que você respondesse. Sem
se esquecer, é claro, de levar exemplos para o texto para for- # Cuidado com a limitação do texto. A banca penaliza se o
tificar a argumentação. candidato desrespeitar.

# Não crie mais uma linha. O examinador vai desconsiderar


essa frase.

FOLHA DIRIGIDA 12
COMO ESTUDAR PORTUGUÊS PARA CONCURSOS | REDAÇÃO PARA CONCURSOS

ATENÇÃO COM O VOCABULÁRIO! # O candidato pode se apropriar das ideias do texto motiva-
dor (se tiver), mas não pode copiá-las.


“O texto que é considerado adequado e eficiente é
# Em vez de imediatamente escrever algo, reflita sobre o tema
e encontrar quais são as palavras-chave.
aquele que pode ser lido tanto por um leigo quanto por um
especialista. Por isso é bom evitar metáforas, usos de jargões.” # O tema afeta quem? Onde? Quando? Por quê?
Vivian Barros
Desenvolvimento: O candidato pode trazer argumentos
como causas e consequências ou escolher pontos positivos
VIVIAN BARROS RESPONDE DÚVIDAS SOBRE A ESTRUTURA DA e negativos do tema. Sempre lembrando que cada parágrafo
REDAÇÃO deve levar um argumento.

# Cabe título na redação? Se a banca já der o tema para o Cuidados:


candidato, o título não é necessário. Só se deve colocar o títu-
lo na redação se a previsão estiver expressa no edital ou se O candidato não deve restringir a abordagem do tema. Se o
houver indicação no caderno de prova “coloque um título”. O tema da redação é sobre intolerância, o candidato não pode
candidato deve imaginar quantidade de linhas que ele tem falar apenas de intolerância religiosa.
para desenvolver um bom texto já é pequena… então por que
você vai queimar uma linha, atribuindo um título? Quantos parágrafos para ter um bom texto?

# Letra: Pode usar letra de forma? Sim, desde que o candi- # O ideal é uma dissertação de 4 a 5 parágrafos.
dato se atente e consiga diferenciar as letras maiúsculas das
minúsculas. Mas ele deve ficar atento, pois alguns editais sinali- # O desenvolvimento sempre deve ter de 2 a 3 parágrafos.
zam que na redação não deve ser usada letra de forma.
# Mais um parágrafo para introdução e outro para conclusão.
# Pode fazer texto motivador (texto base)? Depende da or-
ganizadora, se for a Consulplan , por exemplo ela não traz esse # Os parágrafos de desenvolvimento precisam ter harmonia
tipo. No caso, o candidato deve se atentar ao tema. na quantidade de linhas. Assim, o candidato mostra à banca
que ele tem domínio para ambos argumentos apresentados.
# Errei uma palavra, e agora? Evite rasuras para facilitar o en-
tendimento do texto. Entretanto, se houver, o candidato deve Conclusão: é uma oportunidade que o candidato tem de
apenas fazer um risco simples na palavra errada e reescrevê- retomar a tese.
-la da forma correta logo em seguida.
Existem dois tipos de conclusão:
DICAS PARA ESTUDAR TEMAS: VISITE O SITE DO ÓRGÃO
# Conclusão-resumo - Parágrafo em que se resume as princi-
Vivian Barros explica que a prova discursiva funciona como pais ideias apresentadas no texto.
uma entrevista.
# Conclusão-solução - Dar soluções para o problema.


“A primeira coisa que sugiro aos meus alunos é visitar o site
ATENÇÃO! Em ambos tipos de conclusão, o candidato não
do órgão para descobrir quais são os assuntos de interesse deve trazer novos argumentos.
da instituição. Por dois motivos: existem bancas que gostam
de propor temas que tenham relação com a realidade do
órgão ou do cargo. Então é fundamental avaliar alguns Dicas finais para uma boa conclusão:
temas das seleções anteriores.”
# Use elementos de coesão para indicar conclusão no pará-
grafo, como portanto ou diante isso.
ESTRUTURA DA REDAÇÃO (INTRODUÇÃO, DESENVOLVIMENTO E
CONCLUSÃO) # Não se deve usar o famoso “concluindo” ou “concluo que”.

# Deixe de lado o “mas” ou “entretanto” para não dar ideia


Introdução: Precisa dizer claramente o que o candidato
adversativa.
pensa a respeito do tema, o seu posicionamento.
# Não deixe de colocar o ponto final - Na hora da pressa, al-
# Não precisa elaborar uma grande tese. A banca espera que
guns candidatos esquecem e podem sofrer penalização se o
o candidato conheça o tema e fale o que entende do assunto.
ponto final não estiver no texto ou não estiver legível.
# Cuidados: Nunca usar a primeira pessoa do singular nem
# A ilegibilidade ou falta de acentos também pode sofrer pe-
do plural, apenas terceira pessoa. O exercício dissertativo exige
nalização.
impessoalidade.
# Cuidado com a separação de palavras. Ela deve ser clara e
# É interessante usar as palavras-chave do tema para evitar a
da forma correta.
fuga do tema.

FOLHA DIRIGIDA 13
Capítulo 5

PORTUGUÊS E AS BANCAS

FOLHA DIRIGIDA 14
COMO ESTUDAR PORTUGUÊS PARA CONCURSOS | PORTUGUÊS E AS BANCAS


“Conhecer a banca é o primeiro passo para ser aprovado
CONSULPLAN NA GRAMÁTICA

Quanto ao conteúdo gramatical, a Consulplan tem certa prefe-


no concurso público. Depois, conheça o edital, planeje-se e rência aos conteúdos listados abaixo:
estude bastante!”
# Conjunção
Claudia Barbosa
# Análise sintática

CONSULPLAN # Pronome

A Consulplan é hoje conhecida por trazer provas com textos # Pontuação


curtos e perguntas simples e objetivas, de múltipla escolha
(com cinco alternativas para resposta). De acordo com Claudia # Verbo
Barbosa, os candidatos com boa capacidade de análise terão
mais facilidade com as provas da banca. # Regências

# As questões que abordam interpretação textual são pontos Outros tópicos gramaticais também foram localizados nas pro-
fortes na Consulplan (Interpretação textual: 49 - 41,5 %) vas, mas não apresentam número significativo. São eles:

# As questões que abordam gramática associada à interpre- # Ortografia


tação textual vêm em segundo lugar (Gramática e interpreta-
ção textual: 46 – 39 %) # Uso de sufixos e prefixos

# Por fim, as questões que abordam apenas o conteúdo gra- # Advérbios


matical são as últimas opções (Gramática: 23 – 19,5 %)
# Adjetivos
CONSULPLAN NA INTERPRETAÇÃO DE TEXTO
# Estrutura do parágrafo
A professora destaca que a Consulplan prioriza questões vol-
tadas para a interpretação de textos, o que torna suas ava- # Concordâncias
liações “aparentemente mais fáceis”. Entretanto, mesmo nas
questões de interpretação exigem do candidato certos conhe- # Funções da linguagem
cimentos técnicos, como identificar os gêneros, os tipos textuais
e suas principais características. Para a Consulplan, o candidato deve se preparar para uma
prova que exigirá dele mais do que o decorar de uma série
de regras gramaticais. Na Língua Portuguesa, a abordagem é
bem didática.

Outra característica é retirar textos geralmente de jornais e de


poemas e quase sempre são pequenos.
O conteúdo programático estabelecido em edital é
sempre respeitado, não ficando quase nunca as-
ATENÇÃO!
suntos “de fora” da prova. Daí sugere-se a resolução
de provas anteriores.

FOLHA DIRIGIDA 15
COMO ESTUDAR PORTUGUÊS PARA CONCURSOS | PORTUGUÊS E AS BANCAS

CESGRANRIO ESAF
Segundo Claudia Barbosa, esta fundação é responsável pela Segundo a professora Claudia Barbosa, quando falamos sobre
seleção de candidatos para alguns dos concursos mais dis- a Escola de Administração Fazendária (Esaf), os candidatos fi-
putados no Brasil, como Petrobras, Banco do Brasil, IBGE, BNDES, cam preocupados, porque a banca tem a fama de elaborar
entre outros. provas bem difíceis!

SOBRE AS PROVAS DE GRAMÁTICA DA CESGRANRIO: POR QUÊ?

# São mais trabalhosas que difíceis e seguem sempre o mes- A Esaf tem o hábito de elaborar questões com textos e alterna-
mo padrão. tivas muito extensas, o que pode levar o candidato à exaustão.

# Estude as provas anteriores, pois é uma excelente maneira Solução: Estude as questões anteriores da banca. A exaustão
de se preparar para o exame desta banca. não será mais um problema, já que estará acostumado com a
metodologia.
# As questões de múltipla escolha estão sempre relacionadas
a um texto e podem cobrar tanto a interpretação de aspectos Características da Esaf: provas com aproximadamente 48%
do texto, quanto pontos gramaticais. de interpretação. São comuns questões de continuação de
textos e preenchimento de lacunas nas provas da organiza-
# Uma boa estratégia para resolver a prova é fazer uma pri- dora.
meira leitura do texto, sublinhando as informações mais impor-
tantes. COMO RESOLVER?

# Não esqueça do título na redação e das referências ao final # Para esse tipo de questão, a resposta certa será “a alterna-
do texto. tiva que continua o texto” ou “assinale a alternativa que não
pode ser a conclusão do texto.”
# Comece a responder as questões atentamente, voltando
para o texto que já foi mapeado antes. # Estude estrutura do parágrafo, coerência e coesão.

MAIS DICAS PARA GRAMÁTICA DA CESGRANRIO: # As questões híbridas (aquelas que envolvem mais de um
conteúdo em cada alternativa) também aparecem nas provas
# As questões da Cesgranrio tendem a ter um enunciado maior da organizadora.
e demandar mais interpretação, se comparadas com as de-
mais bancas.
Para não falhar nas questões híbridas da Esaf, não
# Espere encontrar muitas questões de interpretação, seguida deixe de estudar tipos de coesão, emprego de tem-
de gramática. pos e modos verbais, transposição de voz verbal,
DICA DA correlação verbal, conjugação verbal, ortografia,
# Entre os principais assuntos cobrados estão pontuação, em- PROFESSORA acentuação, funções do “se”, regência, crase, pon-
prego das classes de palavras, pronomes, concordância e re- tuação, transformação de oração reduzida para
gência verbal e nominal, crase e emprego de conectores. desenvolvida e vice-versa, colocação pronominal,
semântica e concordância.
# As questões são extensas e testam o nível de atenção do
candidato.

# No geral, a Cesgranrio tem o costume de repetir muitas ques-


tões, portanto resolva as provas anteriores, acostume-se com
as palavras usadas pela banca, o estilo, os assuntos envolvi-
dos, etc.

EM RELAÇÃO AOS TEXTOS DA CESGRANRIO...

# Os tipos de texto utilizados pela banca são variados. É pos-


sível se deparar com reportagens jornalísticas, charges, artigos
de opinião, etc.

# Os temas estão sempre relacionados à atualidade e os tex-


tos geralmente são recentes.

# Quanto mais você estiver atento e em dia com leituras de


jornais e revistas impressos ou digitais, mais chances vai ter de
compreender as ideias principais do texto.

# Atenção no enunciado dos exercícios que às vezes tendem


a confundir intencionalmente o candidato!

FOLHA DIRIGIDA 16
COMO ESTUDAR PORTUGUÊS PARA CONCURSOS | PORTUGUÊS E AS BANCAS

FCC FGV

A Fundação Carlos Chagas também é conhecida por se apro- Por último, mas não menos importante, a Fundação Getulio Var-
fundar bastante na questão gramatical. Para a professora Ta- gas costuma empregar dificuldade na análise de suas ques-
tiana Rodrigues, o candidato que não conhece e não treina tões.
os conteúdos morfossintáticos com profundidade não obterá
êxito nas questões da FCC. CARACTERÍSTICAS DA FGV, SEGUNDO A PROFESSORA TATIANA
RODRIGUES:
QUESTÕES CERTAS DA BANCA:
# Fundamentalmente semântica;
# A relação do verbo com seu complemento (objeto direto e
objeto indireto); # Adepta a questões que geram ambiguidade.

# Predicação verbal e vozes verbais (a passagem da voz ativa FORMAS DE COBRANÇA:


para a passiva, ou da passiva para a ativa, além do reconhe-
cimento sobre em qual voz o verbo se encontra); Questões que envolvam a troca de ordem dos termos, pergun-
tando se essa mudança altera sentidos, além de questões que
# Pronomes pessoais e pronomes relativos; envolvem classificação de orações e orações reduzidas.

# Semântica de conectivos; TEMA RECORRENTE:

Semântica de conectivos.
# Verbos.

CESPE

Essa é uma das bancas mais temidas dos concurseiros. Isso


porque uma questão errada anula uma certa. O Cebraspe
(antigo Cespe/UnB) tem um jeito particular de elaborar provas
de concursos. As questões são organizadas no tipo Certo x Er-
rado que são analisadas individualmente. Um erro faz perder
ponto dos acertos.

Boa notícia: segundo a professora Tatiana Rodrigues, o Cespe


tem se tornado cada vez mais tranquilo na cobrança da Lín-
gua Portuguesa.

ASSUNTOS RECORRENTES:

# É a banca que mais cobra questões de Redação Oficial (mui-


tas vezes, de 15 questões de Português, cobra 7 desse tema);

# Acentuação;

# Vírgulas nas orações adjetivas;

# Pronomes relativos;

# Semântica de conectivos, como em qualquer banca (sobre-


tudo os de oposição).

FOLHA DIRIGIDA 17
Capítulo 6

COMECE A PRATICAR!

FOLHA DIRIGIDA 18
COMO ESTUDAR PORTUGUÊS PARA CONCURSOS | COMECE A PRATICAR!

Depois de aprender a montar seu plano de estudos em Língua Agora que você já entendeu, darei uma DICA RÁPIDA para o
Portuguesa, saber quais assuntos são mais cobrados em Gra- momento de pânico!!! Nas frases a seguir, vamos classificar as
mática para concursos, que tal começar a praticar? palavras sublinhadas, ok?

Neste capítulo você verá dicas exclusivas da professora Aline Ficou bastante tempo na fila.
Aurora e exercícios para colocar em prática todos os conheci-
mentos adquiridos. Vamos nessa? Ficou bastante preocupado.

DICA 1 – PRONOME INDEFINIDO X ADVÉRBIO DE INTENSIDADE Use o seguinte macete: Substitua o termo sublinhado pela pa-
lavra MUITO e tente passar as frases para o plural ou para o
É muito comum confundir a classe gramatical das palavras feminino. Se a palavra MUITO variar, significa que a palavra
“mais, muito, bastante, pouco”. No entanto, você verá que não bastante será pronome indefinido. Caso contrário, será advér-
é tão difícil assim. Vou explicar com uma análise gramatical e bio. Observe:
uma semântica (sentido das palavras). Escolha a que achar
mais fácil. Ficou MUITAS horas na fila.

Aspecto gramatical: é necessário saber que o advérbio é uma Ficou MUITO preocupada.
palavra invariável (não flexiona) e liga-se a três classes gra-
maticais (adjetivo, verbo e outro advérbio). Já o pronome, ge- PALAVRAS SUBSTITUÍDAS:
ralmente, é uma palavra variável (flexiona em gênero e em
número) e liga-se a um substantivo. # TEMPO - HORAS.

Aspecto semântico: lembre-se de que o pronome é um quan- # PREOCUPADO - PREOCUPADA.


tificador, ou seja, expressa ideia de quantidade, indefinida cla-
ro. Já o advérbio expressa ideia de intensidade. # BASTANTE - MUITO.

Observe os exemplos a seguir: Observe que houve concordância entre os termos (muitas ho-
ras). Isso quer dizer que, na primeira frase, BASTANTE é prono-
Comprei muitas flores. (flores = substantivo, logo “muitas” me indefinido. Já na segunda frase, não houve concordância
= pronome). entre os termos (muito preocupada). Isso significa que BASTAN-
TE é advérbio. Espero que tenha entendido.
Havia menos pessoas na sala hoje. (pessoas = substan-
tivo, logo “menos” = pronome). Agora que tal entender isso numa questão de concurso? Tente
fazer antes de ler o comentário da questão.
É importante observar que alguns pronomes indefinidos são
variáveis, como ocorre na frase 1; outros são invariáveis, como (FGV / IBGE / 2017) No texto 1, há três ocorrências do vocá-
ocorre na frase 2. Nunca esqueça a semântica. Ela costuma bulo “mais”: (1) “...joga mais luz sobre a origem da vida”; (2) “...
ser uma ótima aliada. Veja que, nas frases 1 e 2, os pronomes uma das mais importantes publicações científicas” e (3) “...será
(muitas, menos) indicam ideia de quantidade de flores e pes- o mais antigo registro de vida na Terra”.
soas.
Sobre essas ocorrências, é correto afirmar que em:
Vejamos agora alguns advérbios: (A) (1) e (2) “mais” tem valor de intensidade;
(B) (1) e (3) “mais” tem valor de quantidade;
Pedro estava bastante alegre. (alegre = adjetivo, logo (C) (2) e (3) “mais” tem valor de intensidade;
“bastante” = advérbio). (D) (2) “mais” tem valor de quantidade indeterminada;
(E) (3) “mais” tem valor de quantidade determinada.
Pedro estuda muito. (canta = verbo, logo “bem” = advér-
bio). COMENTÁRIO: questão pede o valor semântico do termo MAIS
(quantidade ou intensidade). Você nunca pode esquecer que
Conseguiu perceber que, nas frases 3 e 4, os advérbios inten- pronome indica quantidade indefinida (ou indeterminada,
sificam “para mais” o adjetivo “alegre” e o verbo “estudar”, res- como dita na questão) e advérbio indica intensidade. Na frase
pectivamente? (1), o termo MAIS é pronome, pois está ligado ao substantivo
LUZ, portanto é quantidade de luz. Já nas frases (2) e (3), a
palavra MAIS é advérbio, pois está ligada aos adjetivos IM-
NÃO PORTANTE e ANTIGO, respectivamente, portanto expressa ideia
pronome = quantidade / advérbio = intensidade
ESQUEÇA! de intensidade. Feita essa análise, você acerta a questão cujo
gabarito é letra C.

FOLHA DIRIGIDA 19
COMO ESTUDAR PORTUGUÊS PARA CONCURSOS | COMECE A PRATICAR!

DICA 2 - (LOCUÇÃO VERBAL X TEMPO COMPOSTO) DICA 3 – (ANEXO x EM ANEXO)

A locução verbal é formada por dois ou mais verbos que se Às vezes bate aquela dúvida na hora de enviar um e-mail.
unem e desempenham, em uma oração, o valor equivalente Como se referir ao arquivo que irá junto com a mensagem?
ao de um único verbo. A locução é composta por VERBO AU- Está anexo ou em anexo? A língua portuguesa admite o uso
XILIAR + VERBO PRINCIPAL. O verbo principal sempre estará na das duas formas. Ambas as expressões estão corretas e re-
forma nominal (infinitivo, gerúndio ou particípio). presentam a ligação entre dois termos. Agora, é preciso saber
usar cada uma. Veja os exemplos:
Exemplos:
Segue o documento em anexo.
Ele parece estar feliz. (auxiliar + infinitivo)
Segue o documento anexo.
Pedro está estudando agora. (auxiliar + gerúndio)
Seguem as fotos anexas.
Ninguém tinha encontrado o livro certo. (auxiliar + particí-
pio) O termo “anexo” é um adjetivo e concorda em gênero e em
número com o substantivo a que se refere. Já a expressão “em
Quando a locução verbal é formada pelos verbos auxiliares anexo” é uma locução adverbial, portanto é INVARIÁVEL.
“TER” ou “HAVER” + PARTICÍPIO, temos um tempo composto. Que-
ro dizer que todo TEMPO COMPOSTO é uma locução verbal, (FUMARC / PREFEITURA DE BELO HORIZONTE / 2011) Levan-
mas cuidado: nem toda locução verbal é um tempo composto, do em consideração a língua padrão escrita, assinale a frase
ok? CORRETA:

PARA LEMBRAR: (A) Em anexo, seguem os documentos oficiais.


(B) Segue anexo a coleta de preços.
# TER / HAVER + PARTICÍPIO – Locução verbal de um TEMPO (C) As reclamações dos funcionários seguem anexo.
COMPOSTO. (D) Segue anexa as partituras musicais.

# AUXILIAR + INFINITIVO – Apenas locução verbal. COMENTÁRIO: Toda vez que aparecer a expressão “em anexo”,
ela deve ficar invariável. Já o termo “anexo” deve sempre con-
# AUXILIAR + GERÚNDIO – Apenas locução verbal. cordar com o substantivo a que se refere. RESPOSTA LETRA A.

CUIDADO! Vamos corrigir as alternativas erradas:


(B) Segue ANEXA a coleta;
Verbos que não formam locução verbal: causativos (MANDAR (C) As reclamações seguem ANEXAS;
/ DEIXAR / FAZER) e sensitivos (VER / OUVIR / SENTIR). Nesses ca- (D) SEGUEM ANEXAS as partituras.
sos, teremos um período composto:

O professor deixou entrar o aluno. (o professor deixou


que entrasse o aluno)

Se os verbos tiverem o mesmo sujeito, será uma lo-


DICA cução verbal. Caso contrário, haverá duas orações.
RÁPIDA Observe que na frase acima, há sujeitos diferentes
para cada verbo (professor deixou / aluno entrar).

(ALINE / 2017) Assinale a opção em que não há uma locução


verbal:

(A) O rapaz tinha lido o material errado.


(B) O estudo vai se tornando cada vez mais agradável.
(C) O rapaz deixou de estudar na hora errada.
(D) O funcionário viu chegar o documento.

COMENTÁRIO: Uma forma rápida de resolver essa questão é


observar se há um sujeito para cada verbo ou procurar verbo
causativo ou sensitivo. GABARITO: LETRA D

(A) Quem tinha lido o livro errado? O rapaz. (tempo composto


– locução verbal)
(B) O que vai se tornando mais agradável? O estudo (locução
verbal)
(C) Quem deixou de estudar? O rapaz – o verbo deixar aqui
não é causativo (locução verbal)
(D) Quem viu? O funcionário / O que chegou? O documento –
aqui há um verbo sensitivo (VER)

FOLHA DIRIGIDA 20
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DICA 4 – ACERCA DE X A CERCA DE X HÁ CERCA DE EXEMPLOS


PORQUE = POIS Aprendeu porque estudou.
E aí... sabe a diferença entre ACERCA DE, A CERCA DE e HÁ CER-
CA DE? É muito simples. Guarde as informações do quadro a Não sabemos o porquê do
seguir para não errar mais. barulho.
PORQUÊ = O MOTIVO
Não sabemos o motivo do
barulho.
SIGNIFICA EXEMPLOS
= POR QUE RAZÃO Por que (razão) não veio?
Estávamos conver-
“a respeito de” ou POR QUE = PELO QUAL / PELA Não conheço a rua por que
A CERCA DE sando acerca da
“sobre”: QUAL passei. (pela qual passei)
prova.
= POR QUE RAZÃO
“perto de”, “aproxi- O rapaz foi encon-
A CERCA DE ou POR QUÊ (antes de pontua- Não veio por quê?
madamente”, trado a cerca de 10
CERCA DE ção)
“próximo de”: m do local.
“faz aproximada- O curso foi lançado Agora tente fazer a questão antes de ler o comentário.
HÁ CERCA DE
mente” “há aproxi- há cerca de dois
(tempo decorrido)
madamente” anos. (CONSULPLAN / TJ-MG / 2017) Estabeleça a associação correta
entre a 1ª coluna e a 2ª considerando o emprego do por que
(FGV / PREFEITURA DE CUIABÁ – MT / 2015) “A questão acerca da / porque.
aposentadoria das mulheres...”.
(1) “Muitas pessoas se perguntam por que há tão poucas mu-
Assinale a opção que indica a expressão sublinhada que está lheres [...]. ” (2º§)
corretamente grafada. (2) “Misoginia é o ódio contra as mulheres apenas porque são
mulheres. ” (4º§)
(A) Há cerca de dez dias todos os políticos defendiam a apo-
sentadoria. ( ) Faltei _____________ você estava doente.
(B) As mulheres trabalham acerca de cinco anos menos que ( ) Todos sabem _____________ não poderei estar presente.
os homens. ( ) Não se sabe ____________realizou tal procedimento.
(C) A discussão na Câmara era a cerca da lei de aposenta- ( ) Este ponto de vista é _________não há manifestação de
doria. outro pensamento.
(D) Nada se discutiu a cerca da nova lei.
(E) Estamos acerca de dez dias do final do ano A sequência está correta em:
(A) 1, 1, 1, 2
COMENTÁRIO: Para resolver essa questão, bastar substituir a (B) 1, 2, 1, 2
expressão destacada por outra equivalente, como: acerca (C) 2, 1, 1, 2
de = sobre; a cerca de = aproximadamente; Há cerca de = (D) 2, 2, 2, 1
há aproximadamente. A letra A está correta, pois temos ideia
de tempo decorrido e pode ser substituído por “há aproxima- COMENTÁRIO: Na coluna (1), temos um pronome interrogativo
damente”. Na letra B, deveria ser A CERCA DE (= aproximada- numa pergunta indireta. Observe que conseguimos colocar a
mente); na letra C, deveria ser ACERCA DE (= sobre); na letra D, palavra RAZÃO depois do pronome; na coluna (2), é uma con-
deveria ser ACERCA DE (= sobre); na letra E, deveria ser A CERCA junção, que equivale a “pois”. As lacunas devem ser preenchi-
DE (= aproximadamente). GABARITO – LETRA A das da seguinte forma:

DICA 5 – USO DOS PORQUÊS ( ) Faltei PORQUE você estava doente. (= POIS)
( ) Todos sabem POR QUE não poderei estar presente. (= POR
Muita gente se pergunta se é para usar “porque” (junto) ou “por QUE RAZÃO)
que” (separado). Então, vamos aprender para não esquecer ( ) Não se sabe POR QUE realizou tal procedimento. (= POR QUE
mais, ok? RAZÃO)
( ) Este ponto de vista é PORQUE não há manifestação de ou-
# PORQUE – É uma conjunção; equivale a “POIS”. tro pensamento. (= POIS – aqui a substituição por “pois” ficaria
estranha, mas é fácil perceber a ideia explicativa).
# PORQUÊ – É um substantivo; vem precedido de artigo (equi-
vale a “O MOTIVO”). GABARITO: LETRA C

# POR QUE – Pode ser um pronome interrogativo (aparece em


perguntas diretas ou indiretas); equivale a POR QUE RAZÃO.
Pode ser um pronome relativo preposicionado; equivale a
“PELO QUAL” ou “PELA QUAL”.

# POR QUÊ – É um pronome interrogativo, aparece no final de


frase ou antes de alguma pontuação.

FOLHA DIRIGIDA 21
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DICA 6 – PALAVRA SE (PIS ou PA) transitivo direto, portanto temos uma partícula apassivadora
(PA), pois é possível passar para voz passiva analítica: “Confir-
Questões sobre a palavra SE são recorrentes em concurso. Va- mando-se a análise” = “a análise SENDO CONFIRMADA”. Agora
mos saber a diferença entre PIS (partícula de indeterminação é só procurar um verbo transitivo direto + PA. Gabarito: letra D
do sujeito) e PA (partícula apassivadora). (Observa-se a fascinação = a fascinação é observada). Na le-
tra A, a palavra SE é conjunção; nas letras B e C, é PIS (partícula
# A palavra SE será PIS quando ligada a verbo transitivo indi- de indeterminação do sujeito); na letra E, pronome recíproco,
reto (VTI), verbo transitivo direto + objeto direto preposicionado pois indica reciprocidade.
(VTD + OD prep.), verbo intransitivo (VI) e verbo de ligação (VL).
DICA 7 – PALAVRA QUE (PRONOME RELATIVO X CONJUÇÃO IN-
# A palavra SE será PA quando ligada a verbo transitivo direto TEGRANTE)
(VTD) e verbo transitivo direto e indireto (VTDI).
Vamos a uma dica rápida para saber a diferença entre pro-
Saber essa diferença é importante para você resolver questões nome relativo (QUE) e conjunção integrante (QUE) a partir dos
de vários itens do edital, como: voz verbal, concordância e ti- exemplos a seguir:
pos de sujeito. Por essa razão, tente guardar no coração todas
as informações do quadro a seguir: Já li o livro que me deu. (Já li o livro O QUAL me deu)

“PIS” “PA” Quero que leia aquele livro. (Quero ISSO)


VTI = Precisa-se de
dinheiro. Na frase (1), a palavra QUE é um pronome relativo, pois se re-
VTD = Leu-se o fere a livro e pode ser substituído pelo pronome O QUAL. Na
VTD + OD prep. =
TRANSITIVIDADE livro. frase (2), a palavra QUE é uma conjunção integrante, pois a
Comeu-se do bolo.
VERBAL VTDI = Deu-se o oração “que leia aquele livro” pode ser substituída pelo prono-
VI = Vive-se bem
recado a Pedro. me ISSO e completa o sentido do verbo QUERER.
aqui.
VL = Era-se feliz.
Voz passiva sinté- INFORMAÇÕES IMPORTANTES
VOZ VERBAL Voz ativa PRONOME RELATIVO CONJUNÇÃO INTEGRANTE
tica
Sujeito indetermi- Sujeito simples ou Não se refere a um termo
TIPO DE SUJEITO Refere-se a um antecedente.
nado composto antecedente.
Verbo SEMPRE no Verbo concorda Integra uma oração substan-
CONCORDÂNCIA Inicia uma oração adjetiva.
singular com o sujeito tiva.
Equivale a O QUAL / A QUAL. A oração equivale a ISSO.
Para ter certeza de que se trata de uma partícula apassiva- Nunca aparece depois de Pode aparecer depois de
dora (PA), passe a frase para a voz passiva analítica. Exemplo: verbo. verbo.
Leu-se o livro = O livro foi lido. Observe que a palavra “livro” é
o sujeito do verbo ler. Se o sujeito estiver no plural, o verbo irá Vamos a uma questão de concurso. Tente fazer antes de ler o
também para o plural. Observe: Leram-se os livros = Os livros comentário, ok?
foram lidos. Vamos ver como esse assunto pode ser cobrado
em concurso. (CESGRANRIO / FINEP / 2011) A palavra em destaque na frase:
“As coisas novas que aprendo exercitam o cérebro.” tem a
(VUNESP / TJ-SP / 2017) Leia o texto para responder à ques- mesma classe da palavra destacada em:
tão.
(A) “[...] um sintoma de que eu me tornaria” (L. 7-8)
Confirmando-se a análise do Centro de Previsão do Tempo (B) “[...] um teste vocacional que, para minha imensa surpresa,
e Estudos Climáticos, a maior parte do Nordeste brasileiro en- deu arquitetura (L. 23-25)
frentará mais três meses de chuvas abaixo do normal, de abril (C) “Tenho a comunicar que – aos 58 anos – comecei a ter
a junho, prolongando uma seca que já dura cinco anos. (Folha aulas de piano” (L. 32-33)
de S.Paulo, 03.04.2017) (D) “Dizem que, quando chegamos a uma certa idade, é bom
aprendermos” (L. 40-41)
Na oração “Confirmando-se a análise do Centro de Previsão (E) “Acho que nunca vou conseguir fazer piruetas patinando,
do Tempo e Estudos Climáticos...”, a palavra “se” tem o mesmo [...]” (L. 45-46)
emprego que se verifica em:
COMENTÁRIO: Nesse tipo de questão, é muito comum a banca
(A) Se houve restrições ao seu projeto, é porque precisa de colocar pronome relativo e conjunção integrante nas alterna-
melhorias. tivas. O primeiro passo é analisar a classe da palavra QUE do
(B) Vivia-se muito bem por aqui, antes da invasão dos turistas. enunciado. Vejamos: a palavra QUE pode ser substituída por
(C) Precisa-se de técnico em informática, com referências atu- AS QUAIS (as coisas novas AS QUAIS aprendo...), logo só pode
alizadas. ser pronome relativo. Comece, então, eliminando todas as pa-
(D) Observa-se a fascinação das pessoas pelos recursos tec- lavras QUE as quais vierem depois de verbo (lembre-se: PRO-
nológicos. NOME RELATIVO NUNCA VEM DEPOIS DE VERBO). Assim, já elimi-
(E) Os jovens amaram-se de imediato, quando se conhece- namos as alternativas C, D e E. Viu como ficou fácil? Na letra A,
ram nas férias de verão. temos uma conjunção integrante, pois podemos substituir pelo
pronome ISSO (um sintoma DISSO); na letra B, substituímos por
COMENTÁRIO: Primeiro passo é fazer a análise da palavra SE O QUAL (um teste vocacional O QUAL ... deu arquitetura).
presente no enunciado. Observe que o verbo “confirmando” é GABARITO: LETRA B.
FOLHA DIRIGIDA 22
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DICA 8 – ADJUNTO ADNOMINAL X COMPLEMENTO NOMINAL Vamos ver como a banca FGV cobrou esse conteúdo.

Para diferenciar o adjunto adnominal do complemento nomi- (FGV / PREFEITURA DE NITERÓI / 2015) Considerando os seguin-
nal, é preciso reconhecer a que termo se relaciona. tes segmentos do texto 1: “redução da maioridade penal” e
“inclusão de jovens”, a afirmação correta sobre o papel dos
# Será Adjunto Adnominal (AA) se o elemento se relacionar termos sublinhados é:
com substantivo (concreto ou abstrato).
(A) os dois termos exercem a função de adjuntos adnominais;
Os livros de Pedro são raros. (livros = substantivo concre- (B) apenas o primeiro termo exerce a função de adjunto;
to) (C) apenas o segundo termo exerce a função de adjunto;
(D) os dois termos exercem a função de complementos nomi-
# Será Complemento Nominal (CN) se o elemento se relacio- nais;
nar com adjetivo, advérbio ou substantivo (só abstrato). (E) apenas o primeiro termo exerce a função de complemento.

Tenho medo de escuro. (medo = substantivo abstrato) COMENTÁRIO: Os termos sublinhados estão ligados a um subs-
tantivo abstrato, então a dica é identificar se eles apresentam
Pedro é fiel aos seus valores. (fiel = adjetivo) valor de agente ou paciente. Os dois termos apresentam valor
de paciente (a maioridade penal é reduzida / os jovens são
Pedro votou favoravelmente a seu amigo. (favoravel- incluídos), então ambos são complementos nominais.
mente = advérbio) RESPOSTA: LETRA D.

Mas só isso não basta. Quando o termo é preposicionado e se DICA 9 - PRONOME LHE: OBJETO INDIRETO OU ADJUNTO AD-
liga a um substantivo abstrato, a confusão começa: será ad- NOMINAL
junto ou complemento? Você verá que não é tão complicado
assim. Você sabia que o pronome oblíquo LHE nem sempre é objeto
indireto (OI)? Pois é!!! Vamos saber essa diferença agora. Ob-
O adjunto adnominal apresenta valor de agente
serve:
(pratica a ação expressa pelo substantivo a que se
DICA
RÁPIDA
refere). O complemento apresenta valor de pacien-
LHE – Objeto Indireto (OI):
te (sofre a ação expressa pelo substantivo a que se
refere).
# Completa o sentido de um verbo transitivo indireto (VTI).
AA AGENTE
# Pode ser substituído por A ELE / A ELA.
CN PACIENTE
LHE – Adjunto Adnominal (AA):
O amor dos pais é fundamental. (os pais amam – AA)
# Apresenta ideia de posse.
O amor aos pais é fundamental. (os pais são amados –
CN) # Pode ser substituído por SEU, SUA, DELE, DELA.

Observe que os termos “aos pais” e “dos pais” se ligam ao Agora fica fácil saber a função sintática do pronome “lhe”.
substantivo abstrato AMOR. Pensando que o substantivo abs-
trato expressa, em sua maioria, ideia de ação, pois vem de um Deram-lhe um presente lindo. (Deram A ELE = OI)
verbo (AMOR vem de AMAR), basta observar se o termo pre-
posicionado pratica ou sofre a ação. Na primeira frase, os pais Pegaram-lhe os documentos. (Pegaram os documentos
amam, então temos AA; já na segunda, os pais são amados, DELE = AA)
logo CN.
Vamos a uma questão!
Guarde no coração a seguinte tabela:
(ESPP / COBRA / 2013) Considere o período abaixo.
ADJUNTO NOMINAL COMPLEMENTO NOMINAL
DEVE ter preposição Era a ideia que lhe fervia na cabeça.
Pode ou não ter preposição
(obrigatória)
Pode indicar posse Não indica posse A função sintática do termo destacado é:
Tem valor de agente Tem valor de paciente (A) adjunto adnominal
(pratica a ação) (sofre a ação) (B) adjunto adverbial
Liga-se a um: (C) objeto direto
Liga-se a um: substantivo (somente (D) objeto indireto
substantivo concreto abstrato)
substantivo abstrato adjetivo COMENTÁRIO: O pronome LHE apresenta ideia de posse e
advérbio pode ser substituído por DELE ou DELA. Vejamos: Era a ideia que
fervia na cabeça DELE. Por essa razão, apresenta a função de
adjunto adnominal. RESPOSTA: LETRA A.

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DICA 10 - CRASE FACULTATIVA COMENTÁRIO: Nessa questão, a banca resolveu cobrar 2 as-
suntos: diferença entre MAS X MAIS e concordância com verbo
A crase será facultativa apenas em 3 casos: FALTAR. Vamos por parte: MAS (= porém) e MAIS (contrário de
MENOS). O verbo FALTAR é intransitivo, portanto devemos pro-
# Antes de nome de mulher - Entreguei o livro à Va- curar o sujeito, que é a palavra “ideias”. Agora já podemos re-
lentina. / Entreguei o livro a Valentina solver a questão. Observe que há uma relação de oposição
SEMPRE entre as orações, e o verbo FALTAR deve concordar com o su-
LEMBRAR # Depois da preposição ATÉ - Fui até à padaria. / Fui
jeito “ideias”, portanto o correto é “Marcos é esforçado, mas fal-
até a padaria tam-lhe ideias”. GABARITO: LETRA B
# Antes de pronome possessivo feminino - Assistiu DICA 12 – SUJEITO PARTITIVO (A MAIORIA, PARTE DE, GRANDE
à minha aula. / Assistiu a minha aula PARTE...)
Observe como é fácil fazer questão de crase facultativa.
A maioria dos alunos ESTUDA ou ESTUDAM?
(IBFC / SEAP-DF / 2013) Indique a alternativa em que o sinal da
crase é facultativo: Já se fez essa pergunta? É comum ficar na dúvida, mas nesse
caso não fique mais, pois as duas formas estão corretas. Va-
(A) O paciente foi socorrido às pressas mos entender o motivo.
(B) Hoje cedo, Sofia voltou à casa da mãe.
(C) Morte de bebês leva à punição de médico. A regra é a seguinte: quando houver sujeito partitivo + es-
(D) Esse assunto se refere à sua casa. pecificador, o verbo pode concordar com o núcleo do sujeito
(ideia partitiva) ou com o especificador.
COMENTÁRIO: Se cair no concurso questão de crase faculta-
tiva, basta procurar na frase as seguintes palavras: nome de A maioria dos alunos ESTUDA.
mulher, ATÉ, MINHA, TUA, SUA, NOSSA. Ficou fácil, viu? GABARITO: A maioria dos alunos ESTUDAM.
LETRA D, pois apareceu o pronome possessivo SUA. Nas de-
mais alternativas, todas as crases são obrigatórias: letra A) nas CUIDADO!!! VERBO FICA NO EXEMPLO
locuções femininas; letra B) a palavra casa está definida; letra A maioria dos alu-
C) antes de palavra feminina. Sujeito Partitivo +
SINGULAR ou nos estuda.
Especificador no
PLURAL A maioria dos alu-
DICA 11 - CONCORDÂNCIA - FALTA X FALTAM plural
nos estudam.
Sujeito Partitivo +
Qual seria a frase correta? A maioria da po-
Especificador no SINGULAR
pulação vota.
singular
Falta algumas páginas para ler.
Faltam algumas páginas para ler. Sujeito partitivo
SINGULAR A maioria estuda.
sem especificador
Cuidado com os verbos FALTAR, BASTAR, RESTAR, ACONTECER e
SOBRAR. Em geral, eles aparecem antes do sujeito, causando Vejamos como isso pode ser cobrado em concurso público:
confusão na hora de concordar, pois muitos pensam que o
termo seguinte é objeto direto. No entanto, esses verbos são (AOCP / UFPEL / 2015) Em “A maioria dos outros experimentou
INTRANSITIVOS, logo não pedem objeto, ok? Então, você precisa o primeiro cigarro antes dos 26”, o verbo em destaque:
localizar o sujeito para fazer a concordância. Observe
(A) deveria estar no plural para concordar com o sujeito “ou-
# FALTAM algumas páginas para ler. tros”.
(B) está no plural por concordar com “outros”.
# ACONTECERAM vários PROBLEMAS ontem na festa. (C) deveria estar no singular para concordar com “maioria”,
mas não está.
# RESTAM mais itens para estudar. (D) está no singular por concordar com “maioria”.
(E) está conjugado no tempo presente do indicativo.
em caso de sujeito oracional, o verbo ficará sem-
pre no singular. Exemplos: FALTA ler algumas páginas COMENTÁRIO: Se aparecer sujeito partitivo + especificador, lem-
ATENÇÃO
(sujeito = ler). Na ordem direta temos: ler algumas bre-se de que o verbo PODE concordar com o termo MAIORIA
páginas FALTA. ou com o especificador “DOS OUTROS”. GABARITO – LETRA D.
Vamos analisar as alternativas:
Agora uma questão para ver se entendeu! A) “outros” não é o sujeito, mas sim o especificador. O verbo
poderia concordar com ele.
(ZAMBINI / MPE-SP / 2016) Marcos é esforçado, _______ ide- B) o verbo não está no plural.
ais. Assinale a alternativa que completa esse enunciado de C) o verbo está no singular.
acordo com a norma culta. D) está no pretérito perfeito.

(A) mais falta-lhe


(B) mas faltam-lhe
(C) mais faltam-lhe
(D) mas falta-lhe

FOLHA DIRIGIDA 24
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DICA 13 – RELAÇAO DE CAUSA E EFEITO (D) o desprestígio por que momentaneamente passamos ál-
buns de fotografias e o mau gosto das capas que passaram
Questão sobre Causa e Efeito costuma ser o terror dos con- a ostentar.
curseiros. Vamos tentar entender, então? Existem diversos me- (E) a perda da memória familiar, entre os que se iludem com o
canismos responsáveis pela relação de causa e efeito dentro avanço tecnológico, e a possibilidade da restauração de hábi-
de um texto. É importante, então, conhecer alguns desses me- tos outrora prestigiados.
canismos e ler o texto com muita atenção. Vamos conhecer
algumas palavras que serão suas melhores amigas de agora COMENTÁRIO: A banca FCC costuma cobrar relação de cau-
em diante, ok? sa e efeito, portanto é importante que você já procure essa
relação na sua primeira leitura. Cada vez que você identificar
# Verbos causais: implicar, causar, provocar, acarretar, gerar, uma causa e efeito, procure marcar no texto. Dessa forma, na
ocasionar, originar, resultar em (de) etc. hora de fazer uma questão desse tipo, você vai procurar a fra-
se que já foi marcada no texto da prova. Aí, você deve estar
# Verbos causativos: mandar, deixar, fazer. pensando: - professora, como achar causa e efeito no texto?
Bem... como já disse, algumas palavras estabelecem essa rela-
# Algumas preposições: com, de, por. ção (conjunções, preposições, locuções, verbos...). Ao ler o texto
da prova, você vai observar que o autor usou a preposição
# Algumas locuções prepositivas: devido a, graças a, em vir- POR, como destaquei no trecho acima. Maldade no coração
tude de, em razão de, por causa de, em decorrência de, etc. nessa hora! Em geral, essa preposição indica “por causa de”,
como podemos notar no segmento “por conta dos avanços
# Conjunções causais: porque, pois, uma vez que, já que, como, tecnológicos” (por causa dos avanços tecnológicos). Identifica-
porquanto. da essa ideia, você deve marcar esse segmento e procurá-lo
nas alternativas, como ocorre na LETRA A.
# Conjunções consecutivas (consequência): que (quando as- GABARITO: LETRA A - a nova tecnologia aplicada ao arquiva-
sociada com tão, tanto, tamanho), de modo que, de maneira mento de imagens (CAUSA) e o crescente desinteresse pela re-
que. velação de fotos e por sua conservação em álbuns próprios
(EFEITO). (por conta dos avanços tecnológicos, o desinteresse
# Conjunções conclusivas (elas expressam ideia de conse- pelas fotografias reveladas ocorrerá).
quência também): logo, portanto, por isso, por conseguinte. LETRA (B) O preço que se paga pelo desapego (último parágra-
fo) não é a causa do hábito de conservar álbuns. Lembre-se
Agora se você tem dificuldade em decorar, o caminho é a se- de que causa é um acontecimento que provoca outro, o efeito.
mântica. Para identificar a relação de causa e efeito, é impor- LETRA (C) o desprestígio [...] NÃO PROVOCA a revalorização das
tante perceber que haverá dois acontecimentos ligados en- lembranças registradas.
tre si. Exemplo: “Choveu” (acontecimento 1) e “rio transbordou” LETRA D) o desprestígio por que momentaneamente passamos
(acontecimento 2). A causa sempre será o acontecimento que álbuns de fotografias NÃO É CAUSA do mau gosto das capas
provocará o outro acontecimento. Podemos perceber que o que passaram a ostentar.
acontecimento 1 (chover) provocou o acontecimento 2 (trans- LETRA (E) a perda da memória familiar [...] NÃO É CAUSA da pos-
bordar). Isso indica que a chuva é a causa do transbordamen- sibilidade da restauração de hábitos outrora prestigiados.
to do rio. Agora vou juntar os acontecimentos usando algumas
das palavras da lista acima: DICA 14 – TIPOLOGIA TEXTUAL

Devido à forte chuva, o rio transbordou. (causa / efeito) Já leu um texto e ficou na dúvida se é argumentativo ou expo-
sitivo? Sabe o que é um texto injuntivo? E a diferença entre nar-
Por ter chovido muito, o rio transbordou. (causa / efeito) ração e descrição? Vamos aprender a tipologia textual agora.
Preparado (a)?
O rio transbordou porque choveu ontem. (efeito / causa)
Tipologia é o modo de organização do texto. É necessário co-
Vamos ver como esse assunto é cobrado pela banca Funda- nhecer as características de cada texto para identificar sua
ção Carlos Chagas (FCC). tipologia (argumentação, exposição, narração, descrição e in-
junção). Como o objetivo aqui é dar uma dica rápida, farei um
(FCC / TRT - MG / 2015) TRECHO DO TEXTO: Quando me per- quadro para facilitar. É muito importante que se estude esse
gunto o que deverá desaparecer nos próximos anos, por con- tópico com muita calma.
ta dos avanços tecnológicos que mudam ou suprimem hábitos
e valores tradicionais, incluo os álbuns de fotografias. [...] Narrativo Descritivo Injuntivo
Um retrato ver-
O autor estabelece uma relação de causa e efeito entre Uma história; Uma instru-
bal;
O que é? Um relato de ção;
Uma ilustração
(A) a nova tecnologia aplicada ao arquivamento de imagens acontecimentos Orientação
com palavras
e o crescente desinteresse pela revelação de fotos e por sua
Ideia cronoló- Sem ação das
conservação em álbuns próprios.
gica (ação das personagens;
(B) o preço que se deve pagar pelo desapego à memória e o
Caracte- personagens); Texto estático; Verbos no
hábito, arraigado entre nós, de conservarem álbuns as velhas
rísticas Verbos no pre- Verbos no pre- imperativo
fotografias de família.
térito perfeito e sente ou preté-
(C) o desprestígio que vêm atingindo as lembranças do pas-
advérbios rito imperfeito.
sado recente e a revalorização das lembranças registradas
num tempo mais remoto.

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Argumentativo Expositivo As demais autoridades serão tratadas com o vocativo SE-


NHOR, seguido do cargo respectivo: Senhor Senador, Senhor
Apresentação de
Defesa de um ponto de Juiz, Senhor Ministro, Senhor Governador...
uma ideia.
O que é? vista (tese).
O autor expõe,
O autor argumenta. Vamos à nossa última questão!
informa.
Argumentos (CESPE / TCE-PA / 2016)
(causa/efeito, compara-
Polifonia
Característi- ção, etc.)
(citação, dados
cas Modalizadores
estatísticos)
(palavras que expres-
sam juízo de valor)

Que tal ver se acerta a próxima questão?

(FUJB / MPE-RJ / 2011) O dia 12 de junho é reservado ao com-


bate ao Trabalho Infantil. A data, designada pela Organização
Internacional do Trabalho (OIT), em 2002, e endossada pela
legislação nacional, Lei n. 11.542, em 2007, visa chamar a aten-
ção das diferentes sociedades para a existência do trabalho
infantil, sensibilizando todos os povos para a necessidade do
cumprimento das normas internacionais sobre o tema, em es-
pecial as Convenções da OIT 188, de 1973, e 182, de 1999, que
tratam, respectivamente, da idade mínima para o trabalho e
as piores formas de trabalho infantil.
(Trabalho infantil, Marcelo Uchôa)

O texto 1 já permite sua inserção entre os textos de tipo:


A respeito da correspondência oficial hipotética apresentada,
julgue o item a seguir com base no que dispõe o Manual de
(A) narrativo;
Redação da Presidência da República (MRPR).
(B) descritivo;
(C) dissertativo expositivo;
O vocativo foi inadequadamente empregado no texto, deven-
(D) dissertativo argumentativo;
do ser substituído por Excelentíssimo Senhor.
(E) injuntivo.
( ) CERTO ( ) ERRADO
COMENTÁRIO: Para acertar uma questão de tipologia, é impor-
tante identificar o objetivo e as características do texto. Veja-
COMENTÁRIO: O item está ERRADO, pois só se deve usar “Exce-
mos: não é uma história, então não pode ser a letra A; Não
lentíssimo Senhor” para os 3 Chefes de Poder. Na correspon-
apresenta uma imagem ou ilustração, então não é descritivo,
dência hipotética apresentada, o vocativo está correto, pois o
como indica a letra B; o autor não defende um ponto de vista,
destinatário é um deputado.
não expressa juízo de valor, não pode ser a letra D; não é uma
instrução com verbos no imperativo, logo não pode ser a letra
Agora que você já praticou bastante, calma que ainda tem
E; o autor do texto apenas informa sobre o dia do combate
muito mais. A professora Claudia Barbosa orienta com exem-
ao Trabalho Infantil sem expressar juízo de valor. Além disso, há
plos de questões muito recorrentes e que exigem muita aten-
predominância de polifonia, como a citação da Lei n. 11.542 e
ção dos candidatos. Segundo a especialista, essas são ques-
das Convenções da OIT 188. GABARITO: LETRA C.
tões que os candidatos devem ter atenção redobrada.
DICA 15 – REDAÇÃO OFICIAL
01. (Consulplan) Na frase “Proteção, sim; violação de privaci-
dade, não”, há uma indicação de:
Por último resolvi deixar uma dica sobre Redação Oficial. Afi-
nal, esse item tem sido cada vez mais frequente nos editais. É
a) ideia de concessão.
claro que há várias regras no Manual de Redação Oficial da
b) motivo e finalidade.
Presidência da República, por isso é importante ter uma cópia
c) oposição de ideias.
desse manual para estudar. Você encontra-o disponível no site
d) causa e consequência.
do Planalto.
e) ideias que se completam.
O vocativo “Excelentíssimo Senhor”, seguido do car-
DICA go respectivo, SÓ PODE SER EMPREGADO em comu- Comentário da professora: Essa questão foi retirada de uma
RÁPIDA nicações dirigidas aos 3 Chefes de Poder (Executi- prova com texto argumentativo e com tese explicitada logo no
vo, Legislativo, Judiciário). primeiro período: “Proteção, sim; violação de privacidade, não”.
O autor deixa claro que a proteção é importante, mas sem
Excelentíssimo Senhor Presidente da República. exageros. Notem que “proteção” é exatamente o contrário de
“violação de privacidade”, por isso podemos dizer que a frase
Excelentíssimo Senhor Presidente do Congresso Nacional. marca uma ideia de oposição de ideias, tanto que podería-
mos reescrevê-la utilizando uma conjunção adversativa: prote-
Excelentíssimo Senhor Presidente do Supremo Tribunal Federal. ção sim, mas sem violação de privacidade. GABARITO: C

FOLHA DIRIGIDA 26
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02. (Consulplan) Assinale o elemento de coesão textual desta- fatores exógenos e bodes expiatórios, e buscar conforto mes-
cado que tem o seu referente corretamente identificado. mo que na mentira alimenta bastante essa hipocrisia. Esse tex-
to é um apelo para darmos um basta a isso.
a) “Esse é o desejo dos consumidores...” – Proteção, sim; viola-
ção de privacidade, não São tantos exemplos de debates hipócritas que mal sei por
b) “E esse é o mote...” – Internet onde começar. Talvez o caso recente de cotas em universi-
c) “Por óbvio, essa premissa é válida...” – defesa dos direitos dades seja interessante. Com a constatação da existência de
d) “... e praticam seus atos cotidianos...” – direitos muitos negros miseráveis no país, logo surgem as soluções mi-
e) “... é inverter essa lógica.” – validade da Internet lagrosas, que encobrem atrás de uma nobre embalagem um
objetivo populista eleitoreiro, que trará resultados catastróficos.
Comentário: um clássico dos concursos! Veja que o elemento Debater com seriedade o tema poucos querem, pois envolve
importantíssimo de coesão textual é o pronome. Ele deve estar estudo, a clara culpabilidade do próprio governo, maior cau-
em perfeita harmonia com seu antecedente, fazendo a remis- sador da miséria que vivemos, e medidas que depositam nos
são de maneira adequada. Para encontrarmos a resposta cor- próprios indivíduos parte da solução. Mais fácil confundirem
reta, vamos analisar cada alternativa: correlação com causalidade, e apontarem o racismo como
culpado pela situação dos negros. E assim partimos para a
a) “Esse é o desejo dos consumidores...” – Proteção, sim; viola- solução hipócrita das cotas, que representam discriminação,
ção de privacidade, não. injustiça e abuso de poder do governo. Os membros da elite fi-
CORRETA, veja: “Proteção, sim; violação de privacidade, não. cam satisfeitos com a aparência de que tal medida representa
Esse é o desejo dos consumidores brasileiros...” um ato de justiça. Hipocrisia pura!

b) “E esse é o mote...” – Internet ERRADO, veja que o “esse” refe- 1. O segundo período do texto, em sua relação argumentativa
re-se a “Proteção, sim; violação de privacidade, não” “Proteção, com o primeiro, estabelece:
sim; violação de privacidade, não. Esse é o desejo dos consu-
midores brasileiros que navegam na Internet. E esse é o mote a) Uma exemplificação da hipocrisia referida;
– mais que o mote, o alerta...” b) Um esclarecimento sobre o que foi dito anteriormente;
c) Uma explicação metalinguística do que seja hipocrisia;
c) “Por óbvio, essa premissa é válida...” – defesa dos direitos d) Uma razão da existência da hipocrisia como fenômeno so-
ERRADA. O pronome “essa” refere-se, na verdade, à presunção cial;
de que todos são legítimos de direitos e praticam seus hábitos e) Uma retificação de algo que pode gerar ambiguidade de
cotidianos pautados na legitimidade, na confiança e no res- sentido
peito.
Comentário da professora: Esta é uma questão de relação ló-
d) “... e praticam seus atos cotidianos...” – direitos ERRADA. O gica textual e mostra de forma explícita que o parágrafo trata
pronome “seus” refere-se aos atos cotidianos de todos. de relação entre causa e consequência, sendo a razão da hi-
pocrisia um problema social. Isto pode ser verificado no trecho
e) “... é inverter essa lógica.” – validade da Internet ERRADA. O do parágrafo “Debater com seriedade o tema poucos querem,
termo “essa lógica” refere-se à lógica de se pressupor que to- pois envolve estudo, a clara culpabilidade do próprio governo,
dos são legítimos de direitos e praticam seus hábitos cotidia- maior causador da miséria que vivemos, e medidas que depo-
nos pautados na legitimidade, na confiança e no respeito. sitam nos próprios indivíduos parte da solução. Mais fácil con-
fundirem correlação com causalidade, e apontarem o racismo
GABARITO: A como culpado pela situação dos negros. E assim partimos para
a solução hipócrita das cotas, que representam discriminação,
injustiça e abuso de poder do governo. Os membros da elite fi-
cam satisfeitos com a aparência de que tal medida representa
QUESTÕES DA PROFESSORA MÔNICA MASSAD um ato de justiça. Hipocrisia pura!” Gabarito: D.

2. A expressão “dar murro em ponta de faca” se refere a uma


TEXTO: UM BASTA À HIPOCRISIA ação:
Rodrigo Constantino
a) De que não se pode prever os resultados;
Os fatos não deixam de existir pelo simples fato de serem ig- b) Cujos resultados são medíocres;
norados. Aldous Huxley Infelizmente, a hipocrisia abunda no c) Que é contrária ao bom senso;
mundo, principalmente nas elites. Em troca do status de um no- d) Cuja utilidade é demonstrar dedicação intensa.
bre homem, pessoas vendem a alma ao diabo, traindo escan-
caradamente sua própria consciência e bom senso. A cretinice Comentário da professora: A expressão em si deixa a ideia
assume grau espantoso nos debates, e qualquer um que es- implícita que de que não adianta lutar contra o que não tem
teja mais preocupado com a verdade que com as aparências jeito. Qualquer ação contrária não mudará o resultado.
de suas intenções perde a paciência ao notar que está dando Gabarito: C.
murro em ponta de faca. O interesse dessa elite pérfida não é
a busca sincera pela verdade e resultados; mas, sim, o confor-
to psíquico de apresentar ser bem intencionado. O mensageiro
que traz a notícia, que destaca os fatos verdadeiros, que de-
monstra o absurdo das teorias românticas, esse é o culpado,
um insensível, egoísta. A hipocrisia, aliada à ignorância de mui-
tos, acaba vencendo a lógica e a verdade. A necessidade da
mente humana de acreditar em explicações simplistas, culpar
FOLHA DIRIGIDA 27
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3. “alimenta bastante essa hipocrisia”; a frase em que a forma 7. Cientistas em todo o mundo dedicam-se _____ pesquisas
bastante está empregada ERRADAMENTE é: com células-tronco, destinadas _____ combater certas doen-
ças degenerativas, que trazem sofrimento _____ uma grande
a) Os atos hipócritas são bastante incômodos para os since- parte da população. As lacunas da frase apresentada estão
ros; corretamente preenchidas por:
b) A necessidade de encontrar culpados traz bastante sofri-
mentos psíquicos; (a) à - a – a
c) Os hipócritas aparecem bastante nos debates públicos; (b) à - à – a
d) São bastante problemáticos os encontros de políticos em (c) a - a –a
campanha; (d) a - à – à
e) Os políticos bastante experientes trazem a hipocrisia no (e) a - a – à
sangue
Comentário da professora: Nenhuma das opções leva crase,
Comentário da professora: Trata-se de uma questão de con- pois não se usa este acento antes de plurais quando a pre-
cordância nominal e “bastante” ao modificar o substantivo “so- posição estiver no singular (termo genérico), verbos e artigos
frimentos” deveria concordar com ele em número, pois morfo- indefinidos. GABARITO: C.
logicamente é um pronome adjetivo indefinido. Gabarito: B.
8. O pronome que substitui corretamente o segmento grifado e
4. O mensageiro que traz a notícia, que destaca os fatos ver- está colocado de acordo com a norma culta é:
dadeiros, que demonstra o absurdo das teorias românticas,
esse é o culpado, um insensível, egoísta. No trecho, o “que” in- (a) definindo toda uma nova área da medicina - definindo-lhe
dica: (b) que causam a degeneração de tecidos - que causam-na
(c) que retirar as células-tronco dos embriões - que retirá-los
a) Conjunção integrante em todas as opções (d) um ou dois venham a formar um feto - venham a formá-lo
b) Pronome relativo em todas as ocorrências (e) que conseguiram desenvolver células-tronco – desenvol-
c) Conjunção integrante em duas ocorrências ver-lhes
d) Pronome relativo em duas ocorrências
e) Pronome relativo em uma ocorrência Comentário da professora: Quando o verbo for transitivo di-
reto em posição enclítica com terminação R, o complemento
Comentário da professora: O “que” é pronome relativo em to- é substituído por “lo” ou “la”. “Um ou dois venham a formar um
das as ocorrências e introduz oração subordinada adjetiva. feto - venham a formá-lo”. GABARITO: D.
GABARITO: B.
9. ”Caso não sejam utilizados...”
5. “mais fácil confundirem correlação com causalidade, e apon- A frase acima introduz, no contexto, a noção de:
tarem o racismo como culpado pela situação dos negros.”
Os verbos em destaque classificam-se como: (a) Causa.
(b) Finalidade.
a) Transitivo direto e intransitivo. (c) Temporalidade.
b) Transitivo indireto e direto. (d) Proporcionalidade.
c) Transitivo direto e transitivo indireto. (e) Condição.
d) Intransitivo e transitivo direto.
e) Transitivo direto e transitivo direto. Comentário da professora: A conjunção “caso” quando pode
ser substituído por “desde que “ tem valor semântico de condi-
Comentário da professora: Ambos classificam-se como transi- ção. GABARITO: E.
tivo direto e pedem complementos verbais diretos.
GABARITO: E 10. A concordância está feita corretamente na frase:

6. No segmento “...destruição das pessoas...”, o termo sublinha- (a) Refeições saudáveis, com base em verduras e legumes,
do funciona como paciente do termo anterior, o que também além da prática de exercício físico, reduz o risco de doenças
ocorre em: cardíacas.
(b) Com as comodidades da vida moderna, ocorreram mu-
(a) “Por isso o gesto de solidariedade...”; danças de hábitos alimentares em todos os níveis sociais.
(b) “...uma mudança de paradigma...”; (c) A prática diária de esportes nem sempre são suficientes
(c) “...restabelecendo as bases de uma reconstrução radical...”; para controlar os altos níveis de colesterol em jovens.
(d) “...ou por qualquer gesto de reconhecimento...”; (d) Um dos maiores problemas atuais das crianças estão na
(e) “...o Movimento da Ação da Cidadania...”. falta de controle do hábito de comer diante da televisão ou do
computador.
Comentário da professora: Trata-se de uma questão de com- (e) Já está se manifestando em crianças certas doenças típi-
plemento nominal. Quando o termo é paciente significa que cas de adultos, principalmente por causa de alimentos ricos
poder ir para a voz passiva “paradigma é mudado”. Se a ban- em gordura.
ca pedisse termo agente, seria adjunto adnominal.
GABARITO: B Comentário da professora: “Com as comodidades da vida
moderna, ocorreram mudanças de hábitos alimentares em to-
dos os níveis sociais. ” O sujeito posposto ao verbo concorda
com ele em número e pessoa. GABARITO: B.

FOLHA DIRIGIDA 28
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11. Com base nos seus conhecimentos de tipologia textual, tou.


identifique a alternativa cujas características sejam eminente- Prosseguiu a luta.
mente dissertativas. Porém, nos quatro anos seguintes, nada de extraordinário
aconteceu.
(a) A mulher desapertava a roupa, despia-se cantando, e eu João preocupava-se. Perdia o sono, envenenado em intrigas
me conservava distante, encabulado, tentando desamarrar o de colegas invejosos. Odiava-os. Torturava-se com a incom-
cordão do sapato, que tinha dado um nó. Não podia descal- preensão do chefe. Mas não desistia. Passou a trabalhar mais
çar-me e olhava estupidamente um despertador que traba- duas horas diárias.
lhava muito depressa. Os ponteiros avançavam e o laço do Uma tarde, quase ao fim do expediente, foi chamado ao es-
sapato não queria desatar-se. critório principal.
Respirou descompassado.
(b) Somos muitos Severinos/iguais em tudo na vida:/na mes- — Seu João. Nossa firma tem uma grande dívida com o senhor.
ma cabeça grande/que a custo é que se equilibra, /no mesmo João baixou a cabeça em sinal de modéstia.
ventre crescido/sobre as mesmas pernas finas,/e iguais tam- — Sabemos de todos os seus esforços. É nosso desejo dar-lhe
bém porque o sangue/que usamos tem pouca tinta. uma prova substancial de nosso reconhecimento.
O coração parava.
(c) Não existem receitas, mas apenas métodos. A diferença é — Além de uma redução de dezesseis por cento em seu orde-
capital: a receita é do padronizado, o método é do sob medi- nado, resolvemos, na reunião de ontem, rebaixá-lo de posto.
da. Todos gostariam de “macetes”, supostamente infalíveis, ora, A revelação deslumbrou-o. Todos sorriam.
não há macetes. — De hoje em diante, o senhor passará a auxiliar de contabili-
dade, com menos cinco dias de férias. Contente?
(d) Frederico Paciência era aquela solaridade escandalosa. Radiante, João gaguejou alguma coisa ininteligível, cumprimen-
Trazia nos olhos grandes bem pretos, na boca larga, na muscu- tou a diretoria, voltou ao trabalho.
latura quadrada da peitaria, em principal nas mãos enormes, Nesta noite, João não pensou em nada. Dormiu pacífico, no si-
uma franqueza, uma saúde, uma ausência rija de segundas lêncio do subúrbio.
intenções. E aquela cabelaça pesada, quase azul, numa de- Mais uma vez, mudou-se. Finalmente, deixara de jantar. O al-
sordem. moço reduzira-se a um sanduíche. Emagrecia, sentia-se mais
leve, mais ágil. Não havia necessidade de muita roupa. Elimina-
(e) “Representamos uma comédia, na qual ambos desempe- ra certas despesas inúteis, lavadeira, pensão.
nhamos o nosso papel com perícia consumada. Podemos ter Chegava em casa às onze da noite, levantava-se às três da
este orgulho, que os melhores atores não nos excederiam. Mas madrugada. Esfarelava-se num trem e dois ônibus para garan-
é tempo de pôr termo a esta cruel mistificação, com que nos tir meia hora de antecedência. A vida foi passando, com novos
estamos escarnecendo mutuamente, senhor. Entremos na re- prêmios.
alidade por mais triste que ela seja; e resigne-se cada um ao Aos sessenta anos, o ordenado equivalia a dois por cento do
que é, eu, uma mulher traída: o senhor, um homem vendido”. inicial. O organismo acomodara-se à fome. Uma vez ou outra,
saboreava alguma raiz das estradas. Dormia apenas quinze
Comentário da professora: A tipologia é texto dissertativo, pois minutos. Não tinha mais problemas de moradia ou vestimenta.
trata de um ponto de vista do autor, ou seja, defende uma tese Vivia nos campos, entre árvores refrescantes, cobria-se com os
e vem seguida de uma justificativa. GABARITO: B. farrapos de um lençol adquirido há muito tempo.
O corpo era um monte de rugas sorridentes.

TEXTO 2: O arquivo Todos os dias, um caminhão anônimo transportava-o ao tra-


Victor Giudice balho. Quando completou quarenta anos de serviço, foi con-
vocado pela chefia:
No fim de um ano de trabalho, João obteve uma re- — Seu João. O senhor acaba de ter seu salário eliminado. Não
dução de quinze por cento em seus vencimentos. haverá mais férias. E sua função, a partir de amanhã, será a de
limpador de nossos sanitários.
João era moço. Aquele era seu primeiro emprego. Não se mos- O crânio seco comprimiu-se. Do olho amarelado, escorreu um
trou orgulhoso, embora tenha sido um dos poucos contempla- líquido tênue. A boca tremeu, mas nada disse. Sentia-se can-
dos. Afinal, esforçara-se. Não tivera uma só falta ou atraso. Li- sado. Enfim, atingira todos os objetivos. Tentou sorrir:
mitou-se a sorrir, a agradecer ao chefe. — Agradeço tudo que fizeram em meu benefí-
No dia seguinte, mudou-se para um quarto mais distante do centro cio. Mas desejo requerer minha aposentadoria.
da cidade. Com o salário reduzido, podia pagar um aluguel menor.
O chefe não compreendeu:
Passou a tomar duas conduções para chegar ao trabalho. No — Mas seu João, logo agora que o senhor está desassalariado?
entanto, estava satisfeito. Acordava mais cedo, e isto parecia Por quê? Dentro de alguns meses terá de pagar a taxa inicial
aumentar-lhe a disposição. para permanecer em nosso quadro. Desprezar tudo isto? Qua-
Dois anos mais tarde, veio outra recompensa. renta anos de convívio? O senhor ainda está forte. Que acha?

O chefe chamou-o e lhe comunicou o segundo corte salarial. A emoção impediu qualquer resposta.
Desta vez, a empresa atravessava um período excelente. A re- João afastou-se. O lábio murcho se estendeu. A pele enrijeceu,
dução foi um pouco maior: dezessete por cento. ficou lisa. A estatura regrediu. A cabeça se fundiu ao corpo. As
Novos sorrisos, novos agradecimentos, nova mudança. formas desumanizaram-se, planas, compactas. Nos lados, ha-
Agora João acordava às cinco da manhã. Esperava três con- via duas arestas. Tornou-se cinzento.
duções. Em compensação, comia menos. Ficou mais esbelto. João transformou-se num arquivo de metal.
Sua pele tornou-se menos rosada. O contentamento aumen-
FOLHA DIRIGIDA 29
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Texto publicado originalmente no livro “O Necrológio”, Edições O para a monopólica ou imperialista. Após a Revolução Indus-
Cruzeiro — Rio de Janeiro, 1972, foi incluído por Ítalo Moricone trial ocorrida na Inglaterra houve um crescente processo de ur-
em sua seleção dos “Os Cem Melhores Contos Brasileiros do banização e industrialização que culminaram com o aumen-
Século”, Editora Objetiva — Rio de Janeiro, 2000, pág. 382. to exacerbado da massa de trabalhadores desempregados,
chamados por Marx de exército industrial de reserva, pois não
12. O autor utiliza todo o tempo o nome João em letra minús- tinha a quem vender a sua força de trabalho. Com efeito, as
cula. Isto se justifica: cidades foram inundadas por pessoas famintas, inanes e de-
sesperadas por condições mínimas de sobrevivência.
(a) Porque João era um rapaz. No filme, Chaplin protagoniza o personagem Carlitos, um
(b) Era uma forma carinhosa de se referir a João. operário simples que se obriga a sujeitar-se as condições de-
(c) Mostra que João tem característica de um substantivo co- ploráveis de opressão e exploração impostas pelos industriais,
mum devido ao seu caráter de coisa. donos dos meios de produção, portanto, dominantes do tra-
(d) Trata-se de um substantivo próprio. balho. Na fábrica onde trabalhava, percebe-se a implemen-
(e) João era um homem da periferia. tação dos modelos de produção taylorista-fordista, os quais
visam a racionalização, sistematização e o total controle do
Comentário da professora: O que diferencia um substantivo processo produtivo mediante a minimização do tempo de
próprio de um comum é a letra maiúscula no 1º. Ao usar João trabalho socialmente necessário e a maximização do tempo
em j minúsculo quer enfatizar o caráter de coisa deste sujeito. de trabalho excedente. Isto fica notório no momento em que
GABARITO C. é apresentado ao dono da fábrica de montagem uma má-
quina que alimenta os operários ao mesmo tempo em que
13. O texto O arquivo é atual e trata de uma questão que afli- estes trabalham diminuindo, assim, o tempo despendido para
ge a maioria dos trabalhadores brasileiros, além de trazer uma o almoço. Carlitos, assim como milhares de outros operários,
severa crítica social. O comentário que reflete esta afirmação era tratado apenas como um objeto de troca, um apêndice
é: da máquina, uma mercadoria de baixo custo e valorização.
A fragmentação da produção, ou seja, a ampliação da
(a) O processo de desumanização do sujeito, devido aos su- divisão técnica do trabalho dentro das unidades fabris alienou
cessivos rebaixamentos de postos e salários na empresa a física e psicologicamente os trabalhadores que, por sua vez,
que se dedicou por vários anos, próximo a se aposentar aca- não mais dominam as etapas do processo produtivo, passan-
ba desumanizado, transformando-se num arquivo de metal. do desta forma a desconhecer o fruto do seu trabalho e a
(b) O fato de João ser um trabalhador comprometido com o fetichizá-lo como algo soberano de poder extremo capaz de
seu trabalho e não querer desagradar o seu chefe, assumindo dominá-lo e desvalorizá-lo.
postura passiva e submissa a ele. O aperfeiçoamento e o desenvolvimento da produção,
(c) O tema trata da crise econômica por que passa o Brasil e o acúmulo de lucros de forma cada vez mais ascendente e
suas consequências psicológicas para o trabalhador. a valorização do capital são os objetivos visados pelos que
(d) O cotidiano do trabalhador das fábricas quando vão para exploram a força de trabalho, mesmo que para isso seja ne-
empregos em escritórios. cessário submeter os trabalhadores a péssimas e insalubres
(e) Apresenta o cotidiano de um trabalhador que precisa de condições de produção. Constantemente pressionado para
um emprego e aceita baixos salários. produzir mais e mais através do aumento da velocidade da
esteira, Carlitos não suporta tamanho constrangimento e de-
Comentário da professora: O processo de desumanização do senvolve uma série de doenças mentais, como o TOC (Trans-
sujeito, devido aos sucessivos rebaixamentos de postos e sa- torno Obsessivo Compulsivo) causado pela repetição frenética
lários na empresa a que se dedicou por vários anos, próximo de movimentos. Este momento do filme caracteriza-se como o
a se aposentar acaba desumanizado, transformando-se num conflito gerador de todos os outros acontecimentos.
arquivo de metal. Esta é, sem dúvida, uns dos problemas que Carlitos é internado num hospital psiquiátrico e ao sair
mais afligem o trabalhador atual. GABARITO: A. é preso por ser confundido com um líder comunista. Na prisão
impede uma fuga de penitenciários e é recompensado com
14. O texto O arquivo foi considerado um dos melhores textos a liberdade, porém o ingênuo e sofredor não fica feliz com a
do século XX no Brasil. Ele se caracteriza quanto ao gênero decisão, pois na prisão possuía um espaço para dormir, des-
textual por ser: cansar e o que comer, diferentemente das ruas onde o tra-
balho era uma incerteza e a fome e a miséria uma realidade
(a) Crônica inevitável. A partir de então sua vida é marcada por episódios
(b) Conto desagradáveis, como as prisões que se tornam frequentes e
(c) Narrativa injustas. Conhece e se apaixona por uma pobre moça órfã de
(d) Metáfora mãe e pai, a qual vive da vagabundagem e sujeita-se a rou-
(e) Descrição bar para alimentar suas irmãs famintas. Talentosa para a arte
da dança é contratada para fazer shows em um restaurante
Comentário da professora: O enunciado pede o gênero tex- onde conseguiu um emprego também para o seu mais recente
tual e este texto é um conto por ser uma narrativa curta com amado. Carlitos atrapalhado para servir se revela um talentoso
poucos personagens em um tempo e local específico onde cantor. Porém, a jovem é foragida do poder estatal por ser me-
acontecem as ações. GABARITO: B. nor de idade e considerada vagabunda. É forçada a ficar sob
custódia do Estado, no entanto, foge com Carlitos para longe
TEXTO 3 tentando reconstruir uma nova vida nas incertezas da emer-
gente sociedade burguesa moderna.
O filme Tempos Modernos de Charles Chaplin faz uma
crítica contundente, sarcástica e irônica ao sistema capitalista http://wwwmarcondestorres.blogspot.com.br/2014/09/resenha-
de produção, sobretudo na passagem da sua fase industrial -critica-do-filme-tempos-modernos.html

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15. O texto II apresenta uma semelhança com o texto I quanto


à temática. Esta semelhança pode ser identificada por:

(a) Tanto os protagonistas João texto I quanto Carlitos texto II


sofrerem as consequências da alienação do sujeito no traba-
lho e passarem por um processo de coisificação do sujeito.
(b) Pertencerem a épocas semelhantes e foram escritos du-
rante à Revolução Industrial do século VXIII
(c) Chaplin ser um operário das fábricas e João um assalaria-
do e ambos estarem adequados às suas funções no contexto
do trabalho livre.
(d) João e Carlitos sofrerem de uma doença muito comum no
século XXI: o TOC (Transtorno Obsessivo Compulsivo) causado
pela repetição frenética de movimentos.
(e) João e Carlitos se preocupavam com a Perda do sono, en-
venenados em intrigas de colegas invejosos. Odiavam-nos.

Comentário da professora: Tanto os protagonistas João texto I


quanto Carlitos texto II sofrerem as consequências da aliena-
ção do sujeito no trabalho e passarem por um processo de
coisificação do sujeito. GABARITO: A.

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BRUNA SOMMA
LAIS GOMES
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