Академический Документы
Профессиональный Документы
Культура Документы
n. 23 2o semestre 2007
Política Editorial
A Revista Gragoatá tem como objetivo a divulgação nacional e internacional
de ensaios inéditos, de traduções de ensaios e resenhas de obras que representem
contribuições relevantes tanto para reflexão teórica mais ampla quanto para a
análise de questões, procedimentos e métodos específicos nas áreas de Língua e
Literatura.
ISSN 1413-9073
É proibida a reprodução total ou parcial desta obra sem autorização expressa da Editora.
Organização: Silvio Renato Jorge e Solange Vereza
Projeto gráfico: Estilo & Design Editoração Eletrônica Ltda. ME
Capa: rogério Martins
Revisão: Silvio Renato Jorge e Solange Vereza
Normalização: Caroline Brito de Oliveira
Editoração: Vívian Macedo de Souza
Supervisão Gráfica káthia M. P. Macedo
Coordenação editorial: Ricardo Borges
Periodicidade: Semestral
Tiragem: 500 exemplares
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação
G737 Gragoatá. Publicação do Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade
Editora Federal Fluminense.— n. 1 (jul./dez. 1996) - . — Niterói : EdUFF, 1996 – 26 cm; il.
filiada Organização: Silvio Renato Jorge e Solange Vereza
à Semestral
ISSN 1413-9073.
1. Literatura. 2. Lingüística.I. Universidade Federal Fluminense. Programa de
Pós-Graduação em Letras.
CDD 800
Sumário
Apresentação .................................................................................... 5
ARTIGOS
RESENHAS
GRANDIS, Rita de. Reciclaje cultural y memoria
revolucionaria: la práctica polémica
de José Pablo Feinmanni .......................................................... 225
Silvia Cárcamo
Apresentação
Resumo
Este trabalho, depois de mostrar que a retórica
estuda os procedimentos discursivos que possi-
bilitam ao enunciador produzir efeitos de sentido
que permitem fazer o enunciatário crer naquilo
que foi dito, propõe que as diferentes teorias do
discurso devem herdar a retórica, levando em
consideração séculos de estudos já realizados. Her-
dar a retórica quer dizer lê-la à luz dos problemas
teóricos enunciados na atualidade, investigar as
questões abordadas por ela segundo o ponto de
vista das questões teóricas modernas. Em seguida,
examina-se a maneira como a semiótica francesa
está tratando, de um lado, a chamada retórica
das figuras; de outro, a denominada retórica
argumentativa, num processo de incorporação
teórica das aquisições dos retores antigos. Expõe-
se o que são figuras e argumentos da mistura e
da triagem, figuras da valência da intensidade,
figuras da valência da extensidade e argumentos
implicativos e concessivos.
Palavras-chave: Figuras da mistura. Figuras da
triagem. Intensidade. Extensidade. Implicação.
Concessão.
Triagem Mistura
Tônica unidade/nulidade universalidade
Átona totalidade diversidade
Abstract
In this paper, after showing that rhetoric
studies the discursive procedures that
allow the enunciator to produce effects of
meaning that permit the enunciatee to be-
lieve what is said, I show that the different
theories of discourse should inherit Rheto-
ric, taking into account centuries of studies
already developed. By “inherit Rhetoric” I
mean that it should be read in light of the
Referências
Resumo
Revisão da história recente da lingüística do
ponto de vista dos desenvolvimentos contem-
porâneos desta disciplina: o amadurecimento
das ciências cognitivas (especialmente das
tecnologias da informação e das neurociên-
cias) determina uma profunda reorganização
metodológica das práticas disciplinares da
Lingüística, vetoriadas agora para a interdis-
ciplinaridade, para o trabalho em equipe e para
o compromisso de verificação empírica de suas
análises, a partir de evidências teoricamente
independentes.
Palavras-chave: História da lingüística.
Desenvolvimentos disciplinares. Ciências
cognitivas. Tecnologias da informação. In-
terdisciplinaridade.
Abstract
Review of the recent history of linguistics from
the viewpoint of its current developments: the
ripening of the young field of cognitive sciences
(specially, technologies of information and neu-
rosciences) leads to substantive methodological
revisions in linguistic analysis, which tends to
become more interdisciplinary, more collegial
and more committed to empirical verification by
theoretical-independent classes of evidence.
Keywords: History of linguistics. Disciplinary
developments. Cognitive sciences. Information
technology. Interdisciplinarity
Referências
Resumo
O objetivo deste trabalho é apresentar e discutir
uma proposta de releitura contemporânea do
imaginário português, com foco nas tradições cul-
turais, em dois campos específicos: o dos cuidados
com a saúde e o da codificação lexical e morfos
sintática na língua portuguesa. Oferece-se robusto
suporte e nova evidência para a hipótese da esta-
bilidade cultural e lingüística, assim como prova
empírica de mudança na ética dos cuidados.
Palavras-chave: Mezinhas. Idade Média, Mor-
fofonêmica. Morfologia derivacional.
Introdução
Propomos uma releitura da tradição do imaginário portu-
guês, com foco nos usos lingüísticos, na fitoterapia e no cuidado
do corpo, tendo como referência algumas mezinhas1 escritas por
Dom Duarte, que foi rei de Portugal na primeira metade do
século XV e registrou os saberes de seus conselheiros e seus
próprios saberes durante 15 anos (1423 a 1438).
Para os efeitos deste trabalho, releituras se assumem como
exercícios de análise do conteúdo e reinterpretação, na ótica si-
tuada no hoje, de produtos e processos culturais do passado. No
nosso caso, do último século da Idade Média. O termo tradição é
compreendido em seu aspecto metonímico, como abrangendo
os diferentes setores da produção cultural da época selecionada.
Nosso recorte é o cuidado com as pessoas, compreendidas em
seus valores culturais e linguageiros, em suas práticas alimen-
tares e terapêuticas. O termo imaginário social (DURAND, 1999,
1996), aqui compreendido como equivalente a representações
sociais (MOSCOVICI, 2003), aponta para a produção de conhe-
cimento do senso comum, atitudes, interpretações e avaliações
sobre itens e elementos da cultura que são relevantes para os
membros dos grupos sociais que mantêm estreita interação entre
si. O termo se tem estendido para abarcar os valores, crenças e
atitudes de um estado ou mesmo de uma nação. É neste sentido
que falamos do imaginário português sobre a saúde. Poderíamos
falar do imaginário desse povo sobre a saudade, as navegações, o
sonho do quinto império, o sebastianismo, entre outros enfoques
ou outras perspectivas.
Portanto, releituras da tradição medieval via escritos do
rei Dom Duarte leva-nos a percorrer a superfície textual escrita
desse rei, que recolhe conselhos, recodifica-os, rearruma-os e
os reúne aos seus próprios valores e aos valores da família real,
com o fim explícito de orientar seus leitores para que alcancem
uma vida mais plena, naquele contexto vivencial, da primeira
metade do século XV.
Nossa tese, neste trabalho, é que a cultura se produz e
reproduz em interação contínua dos indivíduos, se codifica na
linguagem que, por sua vez, condiciona e direciona as manifes-
tações culturais da comunidade. Dessa interação interindividual
resulta um quadro de referência que se transmite de geração
em geração, via oralidade e escrita, em que os saberes se man-
têm e se renovam. Em outros termos, na trajetória histórica das
manifestações culturais e verbais, é possível a identificação de
padrões de continuidade, de variabilidade e de mudança, que
nos permitem falar de tradição renovada ou redimensionada,
1
Terminologia popular como procuramos fazer no contexto deste artigo, a partir do
para remédios caseiros;
derivação: medicinas > imaginário português.
meicinas > meizinas >
mezinhas.
Abstract
The aim of this article is to present and discuss a
proposal of contemporary reading of the Portugue-
se Imaginary, with focus on cultural traditions, in
Referências
Resumo
Este artigo articula considerações clássicas de
Mikhail Bakhtin em torno do conceito de polifonia,
formuladas na primeira metade do século XX, à
crítica cultural contemporânea. A revisitação da
tradição crítica inaugurada pelo teórico russo e
cara aos estudiosos de Teoria da Literatura, de
Sociolingüística, de História Cultural, dentre
outros, prova-se extremamente fértil hoje. Trocas
simbólicas mais complexas e céleres confundem
lugares de enunciação nos conflitos ou negociações
identitárias locais e globais. Se crescentes co-
produções cinematográficas prestam testemunho
temático e econômico à intensificação do trânsito e
das parcerias multiculturais, expressos pela emer-
gência das ‘vozes de dentro’ e/ou auto-represen-
tações, por outro lado deixam transparecer certa
dificuldade em elaborar perguntas produtivas
sobre possibilidades concretas de diálogo inter/
multicultural. Dicotomias simplistas e longevas
entre o novo e o velho ou maniqueísmos mais
perversos que lhes façam corresponder o bem e o
mal parecem contribuir antes para a univocidade
que para a tensão polifônica, como descrita por
Bakhtin. Nosso trabalho específico configura-se
pelo exame da linguagem cinematográfica de A
Maçã, de Samira Makhmalbaf, de 1998. Procura-
mos compor nosso objeto sobre uma base descritiva
articulada entre o iconográfico e o verbal, proce-
dendo à visão de mundo mais ampla, subjacente
a este “bem cultural” franco-iraniano.
Palavras-chave: Linguagem cinematográfica.
Multiculturalismo. Polifonia. Mikhail Bakhtin.
A Maçã.
1. Introdução
No plano da comunicação, a aceleração da globalização
vem gerando o uso pródigo dos prefixos poli- e multi-, num es-
forço lexical para reconhecer diferenças e afirmar a diversidade
num mundo ‘sem fronteiras’. No âmbito da produção cinema-
tográfica contemporânea, este multiculturalismo vem sendo
alavancado por capital transnacional, responsável por parcerias
presumivelmente empenhadas em trazer o distante para perto,
em debater ‘alteridades’, procedendo, metodologicamente, à
exaltação de lugares de enunciação que, outrora, eram reificados
como o lugar do outro. Estes novos agentes de enunciação podem
ser encarnados por nosso próprio vizinho, como já encenado no
espetaculoso Cidade de Deus1, ou por civilizações mais remotas,
como no caso do celebrado filme franco-iraniano A Maçã, de
Samira Makhmalbaf, de que trataremos adiante. Roland Barthes
diria que descortinamos o momento climático – embora perverso
- da exposição “A Grande Família do Homem”. O objeto do ataque
do crítico francês era integrado por uma coleção de fotografias
levada dos EUA para a França durante os anos da Guerra Fria.
Povos distantes eram retratados em seu dia-a-dia, demonstran-
do “a universalidade dos gestos humanos na vida cotidiana de
todos os países do mundo: nascimento, morte, trabalho, saber,
jogos impõem por toda a parte os mesmos comportamentos”
(BARTHES, 1975, p. 113-116). Segundo o teórico dos mitos, de
uma miríade de diferenças e de costumes inicialmente expostos,
surge, como que por mágica, uma inexplicável unidade, fato que
o leva a recear que “a justificação final de todo esse academicismo
seja dar à imobilidade do mundo a caução de uma ‘sabedoria’
e de uma ‘lírica’ que só eternizam os gestos do homem para
melhor os tolher” (BARTHES, 1975, p. 115-116). 2
1 A pergunta que impele nossa investigação se dá num
Cf. capítulo 3 da tese
de Doutorado Ferreira momento histórico em que particulares e universais, dentro ou
(2004, passim).
2
fora dos espaços acadêmicos, se imbricam de forma distinta.
Ratificando tal hi-
pótese a partir de uma Os termos da proposição barthesiana parecem se inverter, pois
perspectiva antropoló- os pressupostos correntes apontam para a valorização final das
gica, as pesquisadoras
Lutz e Collins relatam diferenças. Em princípio, estaríamos rumando a um horizonte
que um quinto de todas
as fotos publicadas na
de expectativas contrário àquele que descreveu Barthes nos anos
revista americana Na- 50. Entretanto, sua crítica à sociedade burguesa parece-nos atu-
tional Geog raphic do
pós-guerra a meados al, uma vez que a sustentação do status quo continua exigindo,
dos anos 80 pertencem senão o apagamento das alteridades, sua domesticação, através
ao naipe ritualístico,
a t r avé s d o q u a l “o de estratégias discursivas que realizam o que se propõem a
não-ocidental vem a
ser retratado como um
desmontar. Ao contrário da produção cultural do pós-guerra, a
performer de rituais, celebração de alteridades hoje vem ainda legitimada por vozes
embutidos (talvez haja
quem leia encrostados)
até então silenciadas: as dos próprios sujeitos representados.
em tradição e vivendo Perspectivas femininas e/ou infantis, por exemplo, aparentemen-
em um mundo sagrado
(há quem diga supersti- te como ‘sujeitos do discurso’ em mundos fortemente dominados
cioso)” (apud ROSITO, pelo olhar masculino, desfraldam sua heterogeneidade interna,
2006, p. 169).
Abstrct
This paper articulates classical considerations by
Mikhail Bakhtin on the concept of polyphony, for-
mulated in the first half of the twentieth century,
to contemporary cultural criticism. Revisiting
the critical tradition set forth by the Russian
theoretician and dear to scholars from Literary
Theory, Sociolinguistics, and Cultural History,
among others, proves to be extremely fertile today.
Complex symbolic exchanges mix up enuncia-
tion places in conflicts or identity negotiations
at local or global levels. If, on the one hand, an
increasing number of film co-productions pay
thematic and economic testimony to the intensi-
fication of multicultural traffic and partnerships,
expressed in the emergence of ‘inside voices’ and/
or self-representations, on the other hand, they
reveal some difficulty in formulating productive
questions on concrete dialogic possibilities on an
inter/multicultural basis. Simplistic and long-
lived dichotomies between the new and the old or
more perverse correspondences between the good
and the evil contribute a lot more to univocity
than to the polyphonic tension, as conceptualized
by Bakhtin. Our specific aim is to exam the film
language in A Maçã by Samira Makhmalbaf,
1998. We have attempted to construct our object
on a descriptive basis located between the icono-
graphic and the verbal to prompt a broader ideo-
logical view, underlying to this French-Iranian
‘cultural good’.
Keywords: Film language. Multiculturalism.
Polyphony. Mikhail Bakhtin. A Maçã.
Referências
Resumo
Entre os vários desenvolvimentos da semiótica
greimasiana nos anos recentes, os trabalhos de
Claude Zilberberg e Jacques Fontanille têm se
caracterizado pela tentativa de criação de um
quadro teórico que possa abrigar os elementos
sensíveis que participam da geração de sentido
do texto. Nessa nova vertente teórica – conhecida
como semiótica tensiva –, conteúdos sensíveis são
cifrados em termos de categorias contínuas, como
andamento, tonicidade, intensidade etc., de onde
se abre a possibilidade de tratar o texto enquanto
processo. Embora esse novo quadro teórico nada
altere o procedimento clássico de análise, ele se
mostra particularmente produtivo no tratamen-
to de textos contemporâneos, que trazem como
uma de suas marcas a manipulação sensível
do enunciatário. A obra da escritora francesa
Nathalie Sarraute é um bom exemplo disso. No
presente ensaio, propomos uma análise de “Je ne
comprends pas” (em L’usage de la parole, 1980),
em que enunciador e enunciatário são deslocados
de sua posição “clássica” e passam a interagir em
primeiro plano. Mostraremos que essa estratégia
de construção do texto resulta de um certo em-
baralhamento de vozes dos actantes discursivos
(enunciador/enunciatário, narrador/narratário,
interlocutor/interlocutário), de modo a fazê-los
compartilhar de um mesmo ritmo do conteúdo.
Daí o efeito de sentido de obra que não pede apenas
para ser compreendida, mas, sobretudo, para ser
“vivenciada”.
Palavras-chave: Semiótica francesa. Tensivi-
dade. Ritmo. Enunciação. Literatura contempo-
rânea.
1. Introdução
Dentre as muitas re-elaborações teóricas pelas quais a
semiótica francesa vem passando nas últimas décadas, os estu-
dos sobre a tensividade ocupam certamente papel de destaque.
Esta vertente epistemológica, inicialmente proposta por Jacques
Fontanille e Claude Zilberberg, representa uma abertura teórica
para as questões relacionadas à participação dos elementos con-
tínuos na construção do sentido. De fato, o universo sensível já
era uma preocupação de Greimas em obras como Semiótica das
Paixões (GREIMAS; FONTANILLE, 1993) e Da Imperfeição (GREI-
MAS, 2002), de modo que a semiótica tensiva nada mais faz do
que dar continuidade às preocupações do criador da semiótica
francesa com o universo afetivo, atribuindo ao componente
sensível o status de ponto de partida para a organização dos
processos de significação.
O problema que está na origem da semiótica tensiva é
construir um modelo descritivo dos fenômenos contínuos, di-
retamente associados ao universo sensível. Fundados sobre os
conceitos de valência e valor, intensidade e extensidade, anda-
mento, percepção etc., os estudos tensivos propõem uma sintaxe
que visa a dar conta dos movimentos e inflexões que servem de
base para a construção discursiva. Daí a centralidade da noção
de ritmo para esta abordagem.
Ao conceber o texto como “uma totalidade rítmica” (ZIL-
BERBERG, 2004, p. 23), a semiótica tensiva oferece uma via de
acesso aos seus movimentos internos. Segundo esse ponto de
vista, parece possível desvendar um ritmo do discurso – a pró-
pria pulsação da interlocução buscada na tensão ininterrupta
entre a implicação (i.e. lógica do previsível, que se pauta pela
8
Optamos por seguir a
tradução de Zilberberg,
2002, feita por L. Tatit,
I. Lopes, W. Beividas.
“Síntese da Gramática
Tensiva”. In. Significa-
ção, 2006.
Andamento :
Tonicidade :
Abstract
Amongst the new developments of the French
Semiotics in recent years, the works of Claude
Zilberberg and Jacques Fontanille have attempted
(also) to acknowledge sensitive contents in the
processes of generation of text meaning. This new
theoretical field – known as tensive semiotics –
explains sensible contents in terms of continuous
categories such as tempo, tonicity, intensity etc.,
paving the way for approaching the text as a proc-
ess. Although this new conceptual framework does
not introduce any drastic change in the classic
analytical procedures, it has been showing to be
particularly productive for treating contemporary
texts whose main feature appears to be the sensi-
tive manipulation of the enunciatée. The work of
French writer Nathalie Sarraute seems to follow
these very guidelines. In this essay we present
an analysis of “Je ne comprends pas” (in L’usage
de la parole, 1980), in which the enunciator and
the enunciatée are skewed from their “classical”
9
Zilberberg ([200-]), positions and are immersed into a first hand
vrbete «Evénement» : interaction. We intend to show that the strategy
« q u ’e s t - c e q u i e s t
à com mun iquer à behind this text comes as a result of an entangle-
l’énonciataire, en un ment of the discourse actant voices (enunciator
mot à discourir, sinon ce
survenu qu’il ignore?» / enunciatée, narrator / narratée, interlocutor
Referências
Resumo
Este trabalho propõe uma nova perspectiva de
investigação das construções condicionais no
português brasileiro. Com base na teoria dos
espaços mentais, a análise mostra que a noção tra-
dicionalmente aceita de uniformidade de postura
epistêmica em construções condicionais precisa
ser revista para explicar os casos de condicionais
encaixadas no discurso indireto que podem não
apresentar a referida uniformidade. Argumenta-
se que primitivos discursivos tais como Base,
Ponto de Vista e Foco podem fundamentar uma
explicação unificada tanto para os casos em que a
postura epistêmica se mantém a mesma na prótase
e na apódose, como também para os casos de rup-
tura, em que prótase e apódose exibem posturas
epistêmicas diferentes.
Palavras-chave: Condicionais. Discurso repor-
tado. Ponto de vista
1. Introdução
O reconhecimento de que a postura epistêmica do falante
determina escolhas modo-temporais constitui uma das impor-
tantes contribuições da investigação sobre as construções condi-
cionais (FILLMORE, 1990; SWEETSER, 1990, 1996; DANCYGIER,
1993; DANCYGIER; SWEETSER, 2005). Sendo postura epistêmica
definida como a associação ou dissociação mental do falante
com o mundo descrito na prótase, os estudos têm demonstrado
que as condicionais diferenciam-se de construções similares por
exibirem postura hipotética ou contrafactual (FILLMORE, 1990).1
Quando o falante mantém uma postura epistêmica hi-
potética, a condicional sinaliza neutralidade (não há associação
nem dissociação mental com o evento ou estado de coisas ex-
presso na prótase P). É o que ocorre em construções como “Se
eu terminar o trabalho cedo, farei compras”. Já nos casos que
evidenciam postura epistêmica contrafactual, a condicional si-
naliza distanciamento (o falante assume que há divergência entre
o estado de coisas descrito em P e o mundo real). Por exemplo,
“Se eu terminasse o trabalho cedo, faria compras” refere-se a
uma situação presente ou futura, em que o falante considera
improvável que termine o trabalho cedo.
Como ilustram os exemplos acima, a postura epistêmica é
tradicionalmente tratada como um fenômeno unificado e coerente:
uma vez que se estabelece uma postura hipotética ou contra-
factual para a prótase P, a mesma postura é conseqüentemente
herdada pela apódose Q. Em condicionais hipotéticas, a escolha
do futuro do subjuntivo em P (por ex, “Se eu terminar o trabalho
cedo”) costuma requerer a escolha do futuro do indicativo em Q
(“farei compras”).2 Sendo assim, construções como “Se eu terminar
o trabalho cedo, faria compras” não são normalmente atestadas.
Por outro lado, em condicionais contrafactuais, o uso do pretérito
1
As construções tem- imperfeito do subjuntivo (“Se eu terminasse o trabalho cedo”) não
porais exibem postura
real ou assumida, em
indica passado cronológico, mas distância epistêmica. Coeren-
que o falante associa-se temente, a apódose preserva a postura epistêmica de distancia-
mentalmente ao mundo
descrito na prótase (ex.
mento através do uso do futuro do pretérito (“faria compras”).
Quando eu terminar Mais uma vez, em função da pressão por coerência, sentenças
o trabalho, farei com-
pras). como “Se eu terminasse o trabalho cedo, farei compras” também
2
Outras escolhas são não costumam ser atestadas em textos falados ou escritos.
possíveis em Q, tais
como o futuro perifrás-
O objetivo deste artigo é demonstrar que, embora a unifor-
tico (“Se eu terminar midade de postura epistêmica pareça ser a situação não marcada,
o trabalho cedo, vou
fazer compras”) ou o é possível relativizar essa generalização nos casos em que a cons-
presente (‘Se eu termi- trução condicional ocorre no discurso reportado. Assim, quando
nar o trabalho cedo, faço
compras”). Em ambos existe um Espaço de Fala no qual a condicional se encaixa, parece
os casos, ent retanto,
mantém-se a coerência
haver graus adicionais de liberdade. Em casos como “Ele disse
de postura epistêmica, que se P, Q”, verifica-se uma dupla possibilidade de encaixe, que
já que ambos os tempos
verbais são compatíveis tanto pode ser marcado através da conformidade dos verbos do
com postura epistêmica espaço condicional à estrutura do espaço passado (“Ele disse que
neutra.
B
PV PV
P (“ganhar”)
P.Epist.Neutra
Foco
Q( “jogará”)
F’
5. Conclusão
O presente trabalho enfocou construções condicionais
encaixadas no discurso reportado, com o objetivo de rediscutir
a noção de uniformidade de postura epistêmica, tradicional-
mente aceita na literatura referente a condicionais. Com base em
exemplos atestados, a análise demonstrou que a exigência de uni-
formidade não é uma restrição sintática inerente às construções
condicionais, mas decorre de fatores discursivo-pragmáticos que
podem ser tratados adequadamente com base nas ferramentas
teóricas oferecidas pela teoria dos espaços mentais.
Demonstrou-se que há três relações possíveis entre ponto
de vista e postura epistêmica para o encaixamento de condi-
cionais em espaços de fala, a saber: a. uniformidade de postura
epistêmica com ponto de vista na Base; b. uniformidade de
postura epistêmica com ponto de vista no Espaço de Fala; c.
heterogeneidade de postura epistêmica com deslocamento de
ponto de vista da Base para o Espaço de Fala.
Os fatores que influenciam a escolha de cada uma dessas
opções no discurso merecem investigação detalhada. Parece que,
embora em alguns casos a escolha reflita restrições de caráter
puramente temporal (cronológico), na maioria das vezes, os fa-
tores relevantes parecem ser de natureza pragmático-discursiva,
cuja compreensão poderá lançar luz sobre as relações entre
condicionalidade, discurso reportado e subjetividade.
Abstract
This paper proposes a new perspective on
the investigation of conditional construc-
tions in Brazilian Portuguese. Based on
mental space theory, the analysis shows
that the traditionally accepted notion of
coherent epistemic stance has to be re-
viewed in order to account for embedded
conditional constructions which occur
in indirect reported speech. Since non-
coherent epistemic stance may also occur,
it is argued that discourse primitives such
as Base, Viewpoint and Focus can provide
a general explanation for the occurrence of
both coherent and non-coherent embedded
conditionals.
Keywords: Conditionals, reported speech,
viewpoint.
Referências
Resumo
Examinada sob uma perspectiva histórica, a
questão da possível morte da literatura no mo-
mento contemporâneo deve ser entendida tanto
no contexto da Era da Teoria, período que vai de
meados da década de sessenta aos inícios da déca-
da de noventa, como no contexto das mudanças
culturais, econômicas, sociais e tecnológicas dos
últimos quarenta anos. Afetada a partir do interior
do campo literário por uma vigorosa teorização
iconoclasta que colocou em xeque os conceitos de
autor, texto, leitor e arte, e a partir de mudanças
históricas externas que abalaram seus suportes
institucionais, a literatura como instituição dá si-
nais de progressivo enfraquecimento. Nos últimos
dez anos, contudo, questionamentos alternativos
sugerem que a afirmação da morte do literário pode
ter sido precipitada, dada a sua relevância social e
cultural no momento contemporâneo.
Palavras-chave: Morte da literatura. Teoria
literária. História da literatura.
1. Dessacralização e Morte
Rumores sobre a enfermidade e a morte da literatura,
acompanhados dos lamentos e celebrações de costume, não
são recentes. Em livro apropriadamente intitulado A Morte da
Literatura, Alvin Kernan registra que, já na década de sessenta,
o conceito nietzscheano da morte de Deus ia sendo, aos poucos
e de forma localizada, adaptado à literatura1 (KERNAN, 1990,
p. 33). Em 1982, o crítico canadense Leslie Fiedler, admirador
confesso da cultura popular, podia já escrever um livro sob o
título de What Was Literature (FIEDLER, 1982). Um ano depois,
Terry Eagleton conclui o best-seller Teoria da Literatura: Uma In-
trodução, sugerindo que a morte da literatura poderia até trazer
consigo algo de positivo, se desse lugar ao aparecimento de
outras formas culturais com potencial mais significativo para
o avanço de transformações sociais.2 Note-se que se trata, aqui,
não apenas de apresentar um rumor ou de uma opinião sobre o
que está ocorrendo ou vai ocorrer com a literatura, mas de fazer
uma constatação (“a literatura está morta”) a ser seguida por
um juízo de valor negativo sobre a falecida. Dez anos depois,
John Beverley reforçaria esse julgamento valorativo em livro
voltado para o estudo da tradição cultural hispano-americana
e publicado sob o título de Against Literature (BEVERLEY, 1993).
Implícita na tese de Beverley está a idéia de que, caso a litera-
tura não esteja ainda morta, seria melhor que estivesse. É que
a literatura, na opinião do autor, “não exerceu apenas um pa-
pel central na auto-representação das elites e da classe média
alta da sociedade latino-americana”, mas foi, também, “uma
das práticas sociais que possibilitaram a essas classes sociais
constituírem-se como dominantes” (BEVERLEY, 1993, p. ix).
Repressora de “energias sociais” libertadoras, a prática literá-
ria foi algo pernicioso porque promoveu “o estado moderno e
as condições para manter e redefinir a hegemonia capitalista,
particularmente em contextos históricos de dominação colonial
ou neocolonial” (BEVERLEY, p. ix-x). Críticos filiados a outras
orientações ideológicas (que não devem ser pensadas em termos
da simplificação problemática de esquerda e direita), por outro
lado, lamentaram a perda. Exercendo, em 1999, a função de presi-
dente da Modern Language Association, Edward Said expressou
a sua frustração diante do “desaparecimento da literatura dos
currículos universitários” e denunciou a “fragmentação de áreas
de estudos” que preencheram o vazio por ela deixado (SAID,
1999, p. 3). Mas foi Sven Birkerts quem registrou, sistemática e
eloquentemente, o sentimento de perda de valores ocasionado
pelo desaparecimento da tradição literária, particularmente
no momento presente, de crescente hegemonia da tecnologia
digital. Trata-se, para Birkerts, de uma perda cultural de pro-
porções catastróficas, porque o que está em vias de desaparecer
Abstract
Historically understood, the question of
the death of literature must be approached
both in the context of the Age of Theory,
the period that goes from the mid sixties
through the early nineties, and in the con-
text of the cultural, economic, social and
technological changes of the last 40 years.
Exposed both to a vigorous iconoclastic
theorizing coming from inside the area of
literary studies, and to historical changes
in cultural, economic, social and technolo-
gical affairs, literature as an institution has
been showing signs of progressive fatigue.
In the last ten years, however, alternative
proposals have been suggesting that the an-
nouncement of the death of literature may
have been premature, given its cultural and
social relevance at the present moment.
Keywords: death of literature, literary
theory, literary history
Referências
Resumo
O objetivo deste trabalho é compreender a concep-
ção de abertura em textos de Paul Celan (1920-
1970). Celan não define seu conceito de abertura
de forma filosófica ou teórica, mas aborda a questão
em diferentes níveis: no nível lingüístico, a aber-
tura pode ser compreendida como um processo
de questionamento e cisão da linguagem usual,
através do qual abandonam-se os clichês e abre-se
a linguagem à incomensurabilidade do outro; no
nível cognitivo, a abertura significa a possibilidade
de conhecimento e de percepção da efemeridade do
homem; no nível ético, ela designa uma postura,
um ethos, cuja máxima manifestação é o amor.
No nível da reflexão poetológica, a abertura pode
ser definida como uma das condições da possibi-
lidade da poesia, mais especificamente, como sua
condição ética.
Palavras-chave: abertura, Paul Celan, poeto-
logia
Abertura e linguagem
O poema: aberto/ poroso,/ esponjoso – 2
Desde a criação dos textos de Grades da língua, em meados
dos anos 50, Celan imagina que o poema possui uma estrutura
aberta: ele apresenta aberturas, pátios, vazios, cesuras, espaços
livres através dos quais a realidade exterior pode ser percebida.3
(Cf. PEREZ, 2004) A escrita é comparada a grades através das
quais acontece um diálogo; sua criação acontece como a formação
de um mineral, um cristal (Cf. SENG, 1998, p. 174; GELLHAUS,
1995, p. 52); o poema é “aberto, poroso, esponjoso”: através
dele, que absorve os dados históricos concretos, uma realidade
desconhecida entra na língua. O poema torna-se um lugar de
acolhida no interior da linguagem. Em outra anotação, Celan
descreve-o como algo que está unido, mas preserva lacunas.4 A
própria multiplicidade das imagens utilizadas por Celan revela
que, nesse período, a idéia da abertura ainda está a se formar.
Em A rosa de ninguém, a imagem ganha outras nuances e
linhas mais definidas. Paul Celan compreende a abertura do
poema tanto do ponto de vista estrutural quanto do ponto de
vista metafórico: do ponto de vista da estrutura, ele se refere aos
intervalos rítmicos e interrupções sintáticas dos versos, como se
2
“Das Gedicht: offen/ vêem em “Zürich, zum Storchen”, “Mit allen Gedanken”, “Ko-
porös,/ spongiös –“ (CE- lon”, entre outros. Neste último, mostra-se o caráter metafórico
LAN, 1999, p. 104, n.
236) das aberturas: as pausas trazem consigo a verdade da língua
3
A s pa l av ra s “r e a- (“Doch du, Erschlafene, immer/ sprachwahr in jeder der Pau-
lidade”, “percepção”,
“conhecimento”, entre sen”)5, graças a elas o discurso ideológico é quebrado. Quando
outras, são utilizadas
aqui no seu sentido mais
se fala metaforicamente da abertura da linguagem, trata-se dos
comum, não no sentido momentos em que um uso irrefletido ou ideológico da língua é
filosófico dos termos.
4 colocado em questão e deve ser abandonado ou destruído.
“ –i- Das Gedicht als
das keineswegs lücken- A abertura parece possuir dois significados: por um lado,
los Gef üg te, a ls das
Lückenhafte, Besetz-
ela corresponde à denúncia de Celan contra discursos e tradições
bare, Pörose: (à toi de que se enrijecem e, por isso, podem obscurecer a realidade e
passer, vie!)” (CELAN,
1999, p. 103, n. 233)
levar à violência; por outro, ela indica a desproporção existente
5
“S e quer a m ão entre a língua e a realidade, é a descoberta “do abismo entre o
varada/à luz da vigília/
da palavra.//Mas você,
signo e o designado”.6
adormentada, sempre/ A questão vai muito além da “indizibilidade” da Shoah.
ve r i lo qu a z em c ada
uma/das pausas://por/
Celan trata da relação entre língua e realidade em si mesma: na
quanto do todoempar- medida em que ressalta uma insuperável diferença entre eles,
tes/você se arma para
outra viagem:/o leito/ Celan configura tal relação como um drama, um tenso diálogo
da memór ia!//Si nta, entre um eu e um tu. Em sua poetologia, não há tentativas de
jazemos/brancos das
várias/cores, dos vari-/ identificação entre o eu, a língua e a realidade, mas eles estão em
lóquios ante o/tempo
alísio, ano d’hausto, co-
relação recíproca: o eu só percebe a realidade mediante a língua;
raçãonunca.” (Trad. de sua forma de falar, que surge desta percepção, aparece, por sua
Mau r ic io Mendon z a
Cardoso). vez, somente “unter dem Neigungswinckel seiner Existenz”, “sob
6
“-i- Freilegung – Ent- o ângulo de incidência de sua existência” (p. 56), como Celan
deckung – des Abgrun-
ds zwischen Zeichen
escreve em O meridiano. Ciente do caráter aproximativo do que
und Bezeichnetem”. afirma, o eu deve comparar seu esboço com a realidade, em um
7
“sprachliche Wahr- processo contínuo de verificações, questionamentos, correções
nehmung, Gespräch mit e novas tentativas de apreendê-la mediante a língua. Trata-se,
dem ihm Gegenüber-,
dem ihm Entgegens- portanto, de um diálogo sem tréguas. Em uma anotação de
te he nde n, G e spräc h
mit dem Anderen und
um ensaio sobre Ossip Mandelstam, Celan escreve: “percepção
Fremden, Gespräch mit lingüística, diálogo com o que está à sua frente, está contra ele,
de m Me n s c he n u nd
Dingen, Gespräch mit diálogo com outro e com o estranho, diálogo com os homens
dem Erschei nenden, e as coisas, conversas com o que aparece, e com isso, também
mithin auch Gespräch,
fragendes Gespräch mit diálogo, diálogo questionador consigo mesmo – em meio a isto
sich selbst – inmitten
ebendieses ihm Erschei-
que aparece”. (J. P.) 7
nenden.” (CELAN, 1999, Nesse sentido, cada palavra do poema é um passo reflexivo
p. 71, n. 59)
8 que não acontece por uma associação arbitrária e espontânea,
“Keine um irgendei-
ne Assoziationstheorie nem por um esquema pré-concebido, mas pela atenção contí-
bereicherte Syllog is-
tik, keine Logistik wird
nua à relação entre língua e realidade: “nenhuma silogística
dem Faktum “Gedicht” enriquecida por uma teoria qualquer da associação, nenhuma
jemals gerecht werden
können – das vermein- lógica poderá jamais ser adequada ao fato “poema” – o suposto
tliche Denk- oder Spra- esquema de pensamento ou de língua do poema nunca está
chschema des Gedichts
ist niemals “fertig”. (CE- ‘pronto’.” (J. P.)8
LAN, 1999, p. 103, n.
229).
O contínuo abrir-se da língua pode ser definido, portanto,
9
“Diese Diese Gedi- como uma das mais importantes premissas da poesia de Celan.
chte sind die Gedichte Ele se mostra nos elementos estruturais mencionados e em ima-
eines Wahrnehmenden
und Au fmerksamen, gens que o representam metaforicamente e possuem caráter po-
de m E r s c h e i n e nde n
Zugewandten, das Ers-
etológico: cavar a terra, aprofundar-se na terra, o colo a se abrir,
cheinende Befragenden a perda das palavras, a explosão do sol, a palavra a se abrir, as
und Ansprechenden;
sie sind Gespräch. Im rosas que se abrem, as pausas, o olhar como uma janela.
Raum dieses Gesprächs A exigência de abertura, que se revela no questionamento
konstituiert sich das
Angesprochene, verge- de um uso irrefletido ou ideológico da linguagem e na dramati-
genwärtigt es sich, ver-
sammelt es sich um das
cidade das imagens, conduz à questão do conhecimento. Assim
es ansprechende und Celan formula o problema em seu ensaio sobre Mandelstam:
nennende Ich. Aber in
diese Gegenwart bringt Estes poemas são poemas de alguém que percebe e que está
das Angesprochene und atento, que está voltado ao que surge, que questiona e inter-
durch Nennung gleich-
sam zum Du Gewor- pela o que surge; eles são diálogo. No espaço deste diálogo
dene sein Anders- und constitui-se o que foi interpelado, atualiza-se, reúne-se em
Fremdsein mit. Noch im torno do eu que o interpela e nomeia. Mas a esta presença o que
Hier und Jetzt des Gedi-
chts, noch in dieser Un- foi interpelado e, ao mesmo tempo, tornou-se um tu por causa
mittelbarkeit und Nähe da nomeação, traz o seu ser outro e estranho. Ainda no aqui e
läßt es seine Ferne mits-
prechen, bewahrt es das agora do poema, ainda nesta imediatez e proximidade ele deixa
ihm Eigenste: seine Zeit. falar a sua distância, ele conserva o que é mais característico
/ Es ist dieses Span- de si: seu tempo. / É uma relação de tensão dos tempos, o
nu ngsverhä lt n is der
Zeiten, der eigenen und próprio e o do outro, que concede ao poema de Mandelstamm
der fremden, das dem aquele vibrato doloroso e mudo em que o reconhecemos. (Este
m a ndel st a m m’s c hen
Gedicht jenes schmer-
vibrato está em todo lugar: nos intervalos entre as palavras e as
zlich-stumme Vibrato estrofes, nos pátios, em que as rimas e assonâncias surgem, na
verleiht, an dem wir es pontuação: tudo isso tem relevância semântica.) As coisas vêm
erkennen. (Dieses Vi-
brato ist überall: in den umas ao encontro das outras, mas neste estar juntos também
Intervallen zwischen fala a questão de seu “de onde” e “para onde” – uma pergunta
den Worten und den que está aberta, que não tem fim, que aponta para o aberto e
Strophen, in den Höfen,
in denen die Reime und ocupável, ao vazio e livre”. (J. P.)9
Assonanzen stehen, in
der Interpunktion: All Retornam aqui os aspectos que estavam dispersos nos po-
das hat semantische Rele-
vanz.) Die Dinge treten emas: a capacidade de acolhimento do poema e o diálogo com
Abertura e tempo
Como amor, a abertura traz consigo a melancólica consci-
ência da efemeridade humana, nuance que determinará tanto
alguns poemas de A rosa de ninguém quanto outros textos poe-
tológicos. Embora uma pesquisa detalhada sobre o significado
do tempo nos textos de Celan ainda deva ser feita (até onde foi
possível verificar, não parece haver muitos trabalhos publicados
sobre o assunto), é possível afirmar que a percepção da efemeri-
dade está ligada à percepção da presença humana.
Ligada tanto ao caráter cognitivo quanto ao caráter ético,
a abertura ao efêmero se mostra de formas diversas: o poema
abre-se ao tempo histórico, ou seja, ele acolhe em si, implícita
ou explicitamente, dados históricos em que a existência do ser
humano foi ameaçada. O poema conserva a memória dos gestos
revolucionários, momentos e poetas que defenderam e celebra-
ram a presença humana. No último ciclo de A rosa de ninguém,
por exemplo, também aparece a imagem do meridiano: como
linha imaginária a unir lugares, tempos e pessoas distantes, o
meridiano é uma linha da memória – une em si qualquer pessoa
que tenha afirmado a presença humana, ameaçada de formas
diversas conforme as circunstâncias históricas.
Em A rosa de ninguém, a efemeridade é o maior sinal do hu-
mano: não se trata da mera consciência da morte – Celan deseja
inverter os valores que normalmente servem à celebração de uma
pessoa: para a sua homenagem, ele escolhe o frágil, o marginal, o
desprezado, a criatura curvada, os loucos, os exilados – e, portan-
to, também o que é mortal e efêmero. A abertura à efemeridade
significa celebrá-la – ou, em outras palavras: aprender a amá-la.
Paul Celan escreve, nesse sentido, sobre o “brilho majestoso do
efêmero” (CELAN, 1999, p. 137, n. 459).
As relações entre o tempo e a abertura não podem ser
melhor analisadas aqui – para tê-las diante dos olhos em toda
sua profundidade, dever-se-ia perguntar pelo “de onde” e “para
onde” da poesia de Celan, estudar mais do que foi possível seu
gesto de Lucile –, pois as raízes de A rosa de ninguém e os pontos
cardeais de seu meridiano estão mais profundamente arraigados
no tempo – em um tempo em que se estabeleceu um modo de
pensar racionalista – e são a tentativa de olhar o mistério da
presença humana – amorosamente.
Abstract
The present study deals with the issue of openness
in texts of Paul Celan (1920-1970). Celan does
not define his concept of openness from a philoso-
phical or theoretial point of view, but approaches
the problem at different levels: at the linguistic
level, openness may be understood as a process
Niterói, n. 23, p. 135-148, 2. sem. 2007 145
Gragoatá Juliana P. Perez
Referências
Resumo
Este trabalho tem por objetivo destacar que o
romance histórico teve na América uma trajetó-
ria que passou por todas as etapas que o gênero
conheceu em solo europeu, desde suas origens com
Walter Scott (1819) até as suas configurações
contemporâneas. Aqui na América, contudo, tal
gênero narrativo híbrido encontrou um universo
cujas realidades históricas são singulares e que,
ao serem ficcionalizadas pelos romancistas pre-
ocupados em dar voz ao povo colonizado, gerou
obras que imprimiram aos modelos antecedentes
novas configurações, especialmente pela releitura
crítica que propõem do passado registrado apenas
sob a visão dos europeus. A escrita do romance
histórico em terras americanas efetiva, assim, com
sua trajetória inovadora, a conquista de um espaço
significativo dentro do mundo literário atual – um
espaço que Silviano Santiago (1970) definiu como
o “entre-lugar”.
Palavras-chave: Romance histórico. Novo
romance histórico. Metaficção historiográfica.
Romance histórico contemporâneo de mediação.
“Entre-lugar”
Referências
Resumo
Este artigo aborda um gênero de poesia tradi-
cionalmente oral dos índios Maxakali de Minas
Gerais. Apresenta a transcriação, nos padrões
estabelecidos por Haroldo de Campos, como pro-
posta de tradução dos cantos-poemas indígenas
da língua maxakali para a língua portuguesa.
Sugere que tais cantos-poemas, ou yãmîys, como
são chamados na língua maxakali, apresentam um
método ideogrâmico de composição no que tange à
teoria do ideograma segundo Ezra Pound, e pos-
teriormente também desenvolvida por Haroldo de
Campos. Compara o yãmîy a um gênero, também
tradicionalmente oral, de poesia africana, estudado
e transcriado por Antônio Risério: o oriki. E, por
fim, realiza uma interseção entre a Teoria Literária
e a Antropologia, mais especificamente o conceito
de pensamento selvagem de Lévi-Strauss, com
vistas a reconhecer também o caráter científico
imbricado neste tipo de texto.
Palavras-chave: Ideograma. Pensamento selva-
gem. Maxakali. Literatura.
1. Introdução
Este trabalho se constitui na tentativa de relacionar dois
campos de conhecimento ou dois conceitos centrais de discipli-
nas que, se em muitos termos são afins, em outros são bastante
díspares. Tais disciplinas são a Teoria Literária e a Antropologia.
A inter-relação entre os estudos antropológicos e a Lingüística
(área muito afim aos estudos literários, ainda que divergências
existam entre as duas) já está sedimentada, mas as afinidades
com a literatura ou a crítica literária foram esboçadas, porém
pouco desenvolvidas.
Este trabalho se propõe, portanto, a relacionar um conceito
central à Teoria Literária (Ideograma, sobretudo o desenvolvi-
mento que lhe dá Haroldo de Campos) e uma idéia, igualmente
central na Antropologia (o Pensamento Selvagem, de Lévi-Strauss).
Como uma espécie de amálgama a unir estes dois elos da cor-
rente que nos propomos forjar, faremos uso da Semiótica de
Peirce. Outros autores, caros tanto à Antropologia quanto à Te-
oria Literária, cuja atuação se insira nos domínios teóricos aqui
abordados, deverão dar apoio à nossa argumentação. Assim, na
Antropologia, Clifford Geertz, com seu “Selvagem Cerebral”,
sobre a obra de Lévi-Strauss, nos será proveitoso; bem como, no
campo literário, Ezra Pound, mentor e principal realizador em
poesia do chamado “método ideogrâmico de compor”.
Nossa proposta é, pois, realizar tal interseção entre duas
ciências que muitas vezes se confundem com o discurso artístico,
dele explicitamente se fazendo valer, para observarmos certa
manifestação performática, com ênfase em seu aspecto verbal,
que se insere no rol dos sistemas simbólicos dos índios Maxakali
de Minas Gerais.
O que motivou tal empreitada é a afinidade existente entre
as duas concepções ou teorias, uma do campo da Teoria Literária,
outra da Antropologia, e a percepção de que o yãmîy maxakali
(gênero discursivo indígena) é uma expressão privilegiada de
ambas.
2. Os Maxakali
Os Maxakali vivem no nordeste de Minas Gerais, preci-
samente no Vale do Mucuri. São em torno de mil indivíduos
vivendo numa reserva pouco maior que cinco mil hectares.
Segundo os lingüistas, sua língua pertence à homônima família
Maxakali, que por sua vez pertence ao tronco Macro-Jê. Macro-Jê
e Tupi são os dois principais troncos lingüísticos indígenas do
Brasil. Os Maxakali surpreendem por ainda manterem intacta
não só sua língua, mas quase toda sua cultura, incluindo a reli-
gião, a organização social, os costumes, etc. Como nos ensinam
os antropólogos, são um povo tradicionalmente semi-nômade,
caçadores e coletores. Costumavam vagar por ampla área que
O ouriço
estala;
A parteira sai… (p. 222)
Trata-se do mesmo paralelismo, a mesma concisão, e a
mesma parataxe encontradas no yãmîy.
O que temos no yãmîy é o que é chamado de “montagem
de atributos”. No caso, atributos de um totem, o martin-pescador
pequeno. Nos dizeres de Géfin: “the very basis of the ideogramic
method, Pound’s ‘intuitive affinity for description by particulars’”
(GÉFIN, 1982, p. 5). Da mesma maneira que no método ideogrâ-
mico poundiano, os yãmîys maxakalis também apresentam os
atributos dos seres cantados. O yãmîy maxakali é um ideograma
que presentifica um deus ou totem. Sua estruturação se dá basi-
camente por montagem. A mesma montagem que é pressuposto
do haicai e do oriki de Risério e que no cinema de Eisenstein,
é uma “atividade de fusão ou síntese mental, em que porme-
nores isolados (fragmentos) se unem, num nível mais elevado
do pensamento, através de uma maneira desusada, emocional,
de raciocinar – diferente da lógica comum” (CARONE NETTO,
1974, p. 103).
O yãmîy é no âmbito maxakali o que o oriki é no âmbito
africano. Assim como os orikis, que Risério reconhece como
um gênero de poesia, os yãmîy são uma espécie de avatar que
também expressa a concretização de um espírito ou totem na
terra através do método da montagem ou ideograma.
Deriva daí que a formação de imagens é ponto nevrálgico
deste tipo de composição. A metáfora lingüística é um bom
termo de comparação. Imagens surgem naturalmente quando
se usam palavras em sentido figurado.
Ideograma não é somente um método de composição poé-
tica, mas também de ciência. Ezra Pound explicita essa comum
eficácia do método. Em análise da teoria, Géfin esclarece que o
método poético é um procedimento semelhante ao dos biólogos
(mais complexo), que partem de centenas ou milhares de amos-
tras de espécies, para, a partir das informações necessárias por
elas providas, derivarem definições gerais em formas de axio-
mas. Para Pound, o axioma é uma forma de ideograma, baseado
nas relações entre características funcionais objetivamente jus-
tapostas (GÉFIN, 1982, p. 32). Géfin afirma que Pound insiste na
existência de fortes afinidades entre a ciência e a arte por causa
de tais características, desde que se considere a ciência em sua
forma empírica, que baseia suas premissas na observação.
Ideograma é uma forma de composição poética, mas é
também um método de aproximação a um objeto da realidade.
Este método descreve o objeto em suas características e parti-
cularidades e o dá a conhecer aos indivíduos de determinada
comunidade.
Abstract
This article is about a tradicional oral poetic
genre of Maxakali indigenous people from
Minas Gerais. It presents the “transcria-
ção”, as stablished by Haroldo de Campos,
as a purpose of translation for the indige-
nous songpoems from Maxakali language
to the Portuguese language. It suggests
that those songpoems, or yãmîy, as they are
called in maxakali language, have an ideo-
gramic method of composition, in relation
to the Ezra Pound’s ideogramic theory. It
compares the yãmîy to another tradicional
oral genre: the African oriki, studied and
translated by Antônio Risério in Brazil. At
last does an intersection between Theory of
Literature and Anthropology, specifically
on the Lévi-Strauss concept of pensée sau-
vage, in order to recognize the scientific
character of this kind of text.
Keywords: Ideogram. Pensée sauvage.
Maxakali. Literature.
Referências
Livros maxakalis
Resumo
Este texto tem como objetivo observar, no prefácio-
manifesto de Ferréz, “Terrorismo literário”, como
a literatura marginal, articulada a um forte sen-
tido de pertença de quem escreve a partir de uma
determinada posição, o morador da periferia e da
favela da grande cidade brasileira, inventa um
novo estatuto da literatura bem como estabelece
uma maneira singular, de natureza étnica e polí-
tica, de lidar com a tradição literária.
Palavras-chave: Literatura marginal. Tradição.
Identidade. Pertença.
Somos mais, somos aquele que faz a cultura, falem que não
somos marginais, nos tirem o pouco que sobrou, até o nome,
já não escolhemos o sobrenome, deixamos para os donos da
casa-grande escolher por nós, deixamos eles marcarem nossas
Cansei de ouvir:
Referências
Resumo
Leitura do romance Dois Irmãos, de Milton Ha-
toum, que tem como cenário a alegórica cidade de
Manaus. Enfoque especial às relações de identi-
dade e diferença entre os indivíduos que habitam
a mesma casa. Este lugar da família, entretanto,
se estende ao espaço de Manaus e ao o porto à
margem do Rio Negro: a cidade e o rio, metáforas
das ruínas e da passagem do tempo, acompanham
o andamento do drama familiar. Há nuances nessa
narrativa, em que o autor se avizinha, de maneira
distinta e com muita sutileza, de uma vertente
clássica da ficção brasileira, o regionalismo. Par-
tindo de contribuições pertencentes a matrizes
urbanas clássicas, modernas e contemporâneas, já
incorporadas à ficção brasileira, o autor reexamina
conteúdos regionais, compondo um tecido híbrido
que mantém vivas suas fontes e, dessa maneira,
recupera uma identidade específica, cujo processo
parece prevenir-se de uma transformação multi-
cultural mais radical.
Palavras-chave: Identidade. Diferença. Memória
e regionalismo.
Manaus, São Paulo dos anos 50, de onde o “gêmeo estético”, que
lhe presta alusão, manda notícias:
Com poucas palavras, Yaqub pintava o ritmo da vida paulista-
na. A solidão e o frio não o incomodavam; comentava os estu-
dos, a perturbação da metrópole, a seriedade e a devoção das
pessoas ao trabalho. De vez em quando, ao atravessar a Praça
da República, parava para contemplar a imensa seringueira.
Gostou de ver a árvore amazônica no centro de São Paulo, mas
nunca mais a mencionou. [...] Agora não morava numa aldeia,
mas numa metrópole. (HATOUM, 2000, p. 60)
Nesse processo, confrontam-se o calor e o atraso do norte
do país e o frio e o progresso do sul/sudeste. E é a ânsia por
esse progresso que completa a derrocada da família, cuja casa
é transformada em uma grande loja de “quinquilharias impor-
tadas de Miami”. Veja-se:
Não chegou a ver a reforma da casa, a morte a livrou desse e
de outros assombros. Os azulejos portugueses com a imagem
da santa padroeira foram arrancados. E o desenho sóbrio da
fachada, harmonia de retas e curvas, foi tapado por um ecle-
tismo delirante. A fachada, que era razoável, tornou-se uma
máscara de horror, e a idéia que se faz de uma casa desfez-se
em pouco tempo.
Abstract
The article is on the romance Dois Irmãos, by
Milton Hatoum, which has as background the
allegoric city of Manaus. The special focus of
the analysis is on the identity relationships and
the difference among people who live in the same
house. However, this place of the family extends
to the space of Manaus, the port on the margin
of the river Rio Negro. The city and the river are
metaphors of the ruins and the time, and follow
the development of the family drama. There are
nuances in this narrative that the author sur-
rounds, in a different way and subtly, a classical
approach of the Brazilian fiction: the regionalism.
Based on the contributions of the urban classic ref-
erences, modern and contemporary, incorporated
by the Brazilian fiction, the author reexamines
regional contents, composing a hybrid weave
which maintains his sources alive. Therefore, he
recovers a specific identity, and this process seems
to prevent from a more radical multicultural
transformation.
Keywords: Identity. Difference. Memory. Re-
gionalism.
Referências
JULIANA P. PEREZ
Juliana P. Perez é professora adjunta do Departamento de Letras Anglo-Ger-
mânicas da Faculdade de Letras da Universidade Federal do Rio de Janeiro e
doutora em Língua e Literatura Alemã pela Universidade de São Paulo. Tem
publicados artigos sobre poesia e sobre a obra de Paul Celan, com destaque
para: “À margem do abismo: uma leitura poetológica de Zürich, zum, Stor-
chen, de Paul Celan” (Pandemonium Germanicum, n°. 10, 2006) e “Abertura e
hermetismo na poesia de Paul Celan” (Terceira Margem, n°. 15, 2006).
LILIAN FERRARI
Possui graduação em Psicologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro
(1980), mestrado em Lingüística pela Universidade Federal do Rio de Janeiro
(1985), doutorado em Lingüística pela University of Southern California/
Universidade Federal do Rio de Janeiro (1994) e pós-doutorado na University
of California, Berkeley. Atualmente é professora do Departamento de Lin-
güística e do Programa de Pós-Graduação em Lingüística da Universidade
Federal do Rio de Janeiro. Tem experiência na área de Lingüística, com ênfase
em Lingüística Cognitiva, atuando principalmente nos seguintes temas:
construções condicionais, dêixis, discurso reportado e subjetividade.
RENATA MANCINI
Possui graduação em Ciências Biológicas pela Rutgers University (1995), mes-
trado em Ciências Biológicas (Microbiologia) pela Universidade de São Paulo
(1998) e doutorado em Lingüística pela Universidade de São Paulo (2006).
Atualmente é Professora da Universidade Federal Fluminense, onde minis-
tra disciplinas de Lingüística e desenvolve pesquisa na área de Semiótica
aplicada à canção brasileira, à linguagem cinematográfica e à publicidade.
SILVIA CÁRCAMO
Possui graduação em Letras pela Universidad Nacional de Rosario (1974) ,
mestrado em Letras Neolatinas pela Universidade Federal do Rio de Janeiro
(1985) e doutorado em Letras Neolatinas pela Universidade Federal do Rio
de Janeiro (1993). Atualmente é Professora da Universidade Federal do Rio
de Janeiro e membro do corpo editorial da revista Alea - Estudos Neolatinos.
Tem experiência na área de Letras, com ênfase em Literaturas Estrangeiras
Modernas, atuando principalmente nos seguintes temas: Literatura Argen-
tina, Literatura anos 70-80, Literatura e Política.
Próximos números
Número 24
Tema: Brasil e África: trajetórias, rostos e destino
Organizadores: Laura Padilha e Lucia Helena
Prazo para entrega dos originais: 15 de janeiro de 2008
Ementa: Literatura, política e ideologia no cenário do neoliberalismo. Nação e narração na
estrutura pós-colonial contemporânea do Brasil e da África. O Brasil e a África
em suas literaturas e linguagens: paradoxos, identidades, dilemas e problemas.
O discurso e a construção da subjetividade e das formas estéticas. Literatura e
outras artes. As perspectivas da crítica e a questão da teoria no Brasil e na África.
Línguas em contato e política lingüística. Reflexão, história, antropologia e filosofia
na cultura brasileira e africana contemporânea. Literatura, crise e utopias.
Número 25
Tema: Transdisciplinaridades
Organizadores: Claudia Roncarati e Vera Lucia Soares
Prazo para entrega dos originais: 30 de junho de 2008
Ementa: Relações entre perspectiva teórica e abordagem prática na investigação lingüística
e na literária. Implicações e conflitos entre princípios analíticos e metodologias
de pesquisa. Inter e transdisciplinaridade – contribuições e problemas na pós-
modernidade.
Número 26
Tema: Metáfora – o cotidiano e o inaugural
Organizadores: Solange Coelho Vereza e Lívia de Freitas Reis
Prazo para entrega dos originais: 15 de janeiro de 2009
Ementa: A metáfora no discurso cotidiano e na produção literária. O rotineiro e o insólito
nos processos de metaforização. A trajetória da abstratização dos sentidos – recortes
sincrônicos e diacrônicos. Fatores motivadores da linguagem metafórica. Fronteiras
conceituais e analíticas: literalidade e figuratividade. Metáfora e alegoria.
Book: author’s surname and first name, title of book (italics), place of
publication, publisher and date (eg.: ELLIS, Rod. Understanding se-
cond language acquisition. Oxford : Oxford University Press, 1994).
Article: author’s surname and first name, title of article, name of journal
(italics), volume,number and date (eg.: HINKEL, Eli. Native and
nonnative speakers’ pragmatic interpretations of English texts.
TESOL Quarterly, v. 28, no. 2, p. 353-376, 1994).