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13/05/2018 Coimbra menina e moça também à mesa | Crítica | PÚBLICO

CRÍTICA

Coimbra menina e moça


também à mesa
Pequeno e despojado de aspecto, mas requintado naquilo que
é a sua essência. Com restaurantes como o Sete se renova e
alegra a Baixa.

JOSÉ AUGUSTO MOREIRA • 12 de Maio de 2018, 1:58

 
“Igreja de Santa cruz / feita de pedra
morena / dentro de ti vão chorar / dois
olhos que me dão pena.” A quadra, de um
dos mais conhecidos fados dos estudantes,
permanece eterna, mas Coimbra está
mudada e, hoje, à volta da Igreja de Santa
Cruz a velha cidade está remoçada, enche-
se de alegria e ganha vida nova por todos
os poros.

A rima melancólica e fatalista do fado


coimbrão já só faz sentido como cartaz
turístico, que a azáfama de visitantes, o
fervilhar de gente e actividade, fazem com
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que a Baixa da cidade se insinue de novo


como atraente menina e moça, depois de
um longo período de letargia e quase
abandono.

Uma renovação e refrescamento que se vê


também na gastronomia e restauração. E,
mesmo que não seja ainda o mundo das
sete maravilhas, há já pelo menos um Sete
de bom prenúncio.

Ora, é precisamente na lateral do histórico


café e da velha igreja e Santa Cruz — onde
repousam os túmulos de D. Afonso
Henriques e D. Sancho I, os dois primeiros
reis de Portugal — que está esse Sete, um
restaurante pequeno e despojado de
aspecto, mas requintado naquilo que é a
sua essência: cozinha competente e
rigorosa, produtos de qualidade, serviço
amigo e competente.

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NELSON GARRIDO

Número da perfeição para Pitágoras, sete


são também os pecados capitais e as
maravilhas do mundo, mas presume-se que
sem quaisquer influências à mesa. E,
mesmo que em nada possa ajudar, no caso
deste ainda recente restaurante de
Coimbra — pouco mais de um ano de porta
aberta — o número dá o tom na
apresentação da lista. Não que esteja
fechada a sete chaves — muda por
temporada ou novos produtos — mas é em
torno dele que se organiza: “Sete inícios
possíveis”; “Sete maneiras de continuar”;
“Sete sugestões vegetarianas”; e “Sete
tentações” para sobremesa com “Sete
propostas de vinhos para harmonização”.

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Septetos que na semana em por lá


passámos eram acrescidos com uma
ementa especial da “Semana do
Bacalhau/Gadus morhua”, pelos vistos
aderindo a uma iniciativa dos comerciantes
da Baixa de Coimbra e da empresa
Lugrade, na sua sexta edição.

E é mesmo preciso entrar e perceber o


contexto para se ver que este Sete
representa um conceito novo e
diferenciador. A sala acanhada, o ar
modesto e mesas com individuais em papel
pardo estão longe de denunciar o ambiente
gastronómico, a cozinha cuidada e
competente, o serviço sabedor e acolhedor.

Fundada na cozinha tradicional e produtos


regionais, a receita do Sete sai enriquecida
com técnica e conhecimento
contemporâneos, alguma criatividade e
cuidado na apresentação, oferta de vinhos
adequada e serviço a condizer. Tudo
simples, informal e funcional.

Receitas nalguns casos já quase esquecidas,


como o arroz de sardinhas ou as ervilhas
com chouriço e ovo escalfado. Outrora
receitas de gente pobre, hoje ricas
preciosidades do nosso património
gastronómico.

Sete Restaurante

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Rua Dr. Martins de Carvalho, 10


3030-274 Coimbra
Tel.: 239 060 065
Cozinha contemporânea de raiz tradicional
Encerra à terça-feira
Estacionamento: Parque do Mercado (zona interdita ao trânsito)

Entre os “inícios possíveis”, começou-se


pela “salada de sete sabores com uvas,
frutos secos e gelatina de moscatel”
(7,80€), com a frescura e aroma da
gelatina a funcionar como elemento
agregador da diversidade de sabores e
texturas, onde se junta queijo, nozes,
presunto salgado e verduras.

Seguiu-se a “salada de bacalhau com molho


de azeitonas” (6,90€), uma versão
contemporânea da punheta/carpaccio do
dito, impecável e bem apresentada. Tiras
de bacalhau esfiado e a saber à peça, azeite,
cebola, alfaces frescas e pasta de azeitona.
Muito bem!

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Para fim dos inícios, o “ovo escalfado,


ervilhas e chouriço de Arganil” (6,50), num
estufadinho com tomate de sabor e
texturas em perfeita afinação.

Nas “sete maneiras de continuar” chama


logo a atenção o arroz de sardinhas, uma
proposta que remete para a tradição das
comunidades piscatórias e hoje
infelizmente já rara. A versão é, mais uma
vez, contemporânea, mas de resultado
saboroso e convincente. Confeccionado
como um risotto, o arroz arbóreo envolve-
se com pimento vermelho e pedaços de
lombo de sardinha com aroma e sabor
fumado. Acompanha com lombos de
sardinha (de conserva), cuja crocância é
dada pela massa filo em que são envolvidos
com um molho de tomate picante.

Um interessante e saboroso exercício, mas


a pergunta era óbvia: e se fosse com um
arroz carolino do Mondego e um belo
polme com os lombos de sardinha? Claro
que sim, mas desde que o cheiro a fritos
não acabe por inundar a sala. E como
quando quem não tem cão e mesmo assim
tem que caçar, já todos sabem qual é a
solução. Mesmo assim, uma boa ideia e um
prato que vale mesmo a pena provar.

O que já não poderá saborear é o “bacalhau


confitado ao alho, puré de aipo com
amêijoas e legumes de Primavera”
(15,80€), que fazia parte das propostas da
“semana do bacalhau” mas que bem
merece entrar na carta em permanência.
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Posta de lombo alta, de textura firme e


macia e a desmontar-se em lascas
gelatinosas. Chegou à mesa numa cama de
puré de batata-doce com amêijoas e
acompanhado por brócolos, cenoura,
cebola, tomate e salicórnia. Que volte
depressa, que a clientela há-de aprovar.

Aprovada — e com distinção — foi a “vazia


de novilho, batata Agria recheada com
queijo Rabaçal” (15,80€). Naco saboroso e
suculento, a mostrar o ponto correcto de
calor, gordura amarela e saborosa. A par da
batata recheada com queijo, curgete,
cebola e pimento salteados.

Não é fácil resistir entre as “sete tentações”


propostas, mas há que distinguir a versão
caseira do “pudim abade com molho de
laranja e amêndoas salgadas” (5,50), que
parece divergir da célebre versão do clérigo
de Priscos porque é cozido em azeite. É
mesmo pecado, mas divinal!

São, como é bom de ver, bem mais de sete


as virtudes deste pequeno restaurante que
também faz com que Coimbra volte aos
tempos apetitosos de menina e moça.
Mesmo que o espaço não seja o mais
atraente e convidativo, a cozinha de perfil
contemporâneo, a escolha e valorização de
produtos regionais e o serviço esclarecido
bem justificam a visita à remoçada Baixa
de Coimbra.

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