Академический Документы
Профессиональный Документы
Культура Документы
1
Mestrando em Planejamento e Desenvolvimento Regional na Universidade de Taubaté - UNITAU
It is told briefly the history of the city and its attractiveness in different periods to understand
how Campos do Jordão grown and how it formed tourism, population and socio-spatial
segregation. Finally, there is the possibility of sustaintable growth within the current scenario
as a way of survival and local development. This article can be used like database for future
research development for the region.
A Cidade
Antes impulsionadas pela agricultura como principal motivo para iniciar a construção
das cidades, é possível observar o nascimento e crescimento das cidades por outros motivos.
Na história do Brasil destaca-se a antiga capital mineira Ouro Preto, que cresceu
impulsionada principalmente não pela agricultura, mas pelo garimpo de ouro.
Segregação
Negri (2008) aponta que o espaço urbano tem sido amplamente estudado, em variados
campos do saber das ciências humanas e sociais, para desvendar a complexidade da sociedade
atual, entender a produção e a separação das classes sociais nas cidades.
Não se trata de um fenômeno novo, já que Negri (2008) observa que a segregação
sócio-espacial já ocorria tradicionalmente em antigas cidades gregas, romanas, chinesas onde
existiam divisões sociais, políticas ou econômicas bem definidas.
Pode ocorrer segregação de várias formas, inclusive por raça, religião, idade, sexo,
etnia, situação civil e por classe socioeconômica, mas Negri (2008) considera que no Brasil,
especialmente em médias e grandes cidades, o principal tipo de segregação encontrada é
socioeconômica,
“Desta forma surge, uma estrutura urbana dualizada entre ricos e pobres,
uma organização espacial corporativa e fragmentada, onde as elites podem
controlar a produção e o consumo da cidade através de instrumentos como o
Estado e o mercado imobiliário, excluindo e abandonando a população de
baixa renda à própria sorte.” (Negri, 2008).
A construção das cidades, então, pode ser feita a partir de vários fatores que levam à
reunião de pessoas em determinado lugar, assim, a agricultura, o ouro e a religião, ao longo
do tempo, serviram para atrair pessoas. Já na modernidade, a indústria serviu como motivo
para despovoar o campo e reunir pessoas nas grandes cidades para servir de mão de obra
industrial.
Como observa Oliveira (1991), nas décadas entre trinta e oitenta do século XX, o
Brasil se tornou um país urbano, com a inversão demográfica entre campo e cidade sendo
planejado assim para permitir a implantação da produção industrial como forma de trazer o
progresso. As cidades cresceram rapidamente, trazendo estrutura de produção e uma nova
população que foi se assentando como possível e gerando assim bairros populares, em torno
dos grandes centros industrializados.
Logo depois, em 1892 começou o projeto da Estrada de Ferro, com o intuito de ajudar
no transporte de doentes que subiam a serra deitados em padiolas puxadas a cavalo, mas a
ferrovia só foi inaugurada no fim do ano de 1914.
Nas décadas de 1920, 30 e 40 foram construídos sanatórios por toda a pequena vila,
que passou a participar do sistema urbano regional como um recurso de saúde, até que na
década de 1950 foi descoberta a vacina contra a tuberculose, diminuindo a atratividade à
cidade por conta dos tratamentos pulmonares.
Ao mesmo tempo em que ocorria a construção das vilas turísticas, estimuladas pela
vida noturna e pelos cassinos por um lado, também os internos em situação de alta dos
sanatórios para tratamento de doenças respiratórias e familiares optavam por permanecer na
cidade, tanto pelo clima, como pela natureza e pela crescente oferta de trabalho na indústria
turística.
Assim, de acordo com Rosa Filho (2012), as primeiras favelas surgiram em Campos
do Jordão a partir da década de 1940, mas as grandes invasões de áreas verdes ocorreram
depois, nos anos de 1970, incentivados por autoridades que atraíram pessoas para trabalhar no
turismo e na construção civil. Sem dar atenção ao planejamento de ocupação, essa nova
população foi se fixando nas encostas, sem estrutura básica, em locais frágeis e
desestruturados.
A própria cidade torna-se então um produto capitalista de acordo com Oliveira (1991),
mas no início, mesmo com a intervenção do Estado, comandado por Adhemar de Barros, que
incluíam vantagens como a exploração de cassinos e isenção de impostos, os investidores se
mostraram reticentes; isto talvez porque Campos do Jordão ainda estava fortemente associada
ao tratamento da tuberculose. Para superar este impasse o governo estadual interviu na
construção do Grande Hotel, que posteriormente foi terceirizado; mas que atraiu investidores
capitalistas para a construção de outros hotéis luxuosos na cidade. Foi criado também o
Festival de Inverno, até hoje apoiado pelo Estado e a via férrea passou a fazer transportes
turísticos tendo como estação final a Estação do Capivari, onde foi construído um parque com
teleférico, pedalinho e comércio turístico amplo.
Esse novo modelo de turismo, à exemplo de municípios paulistas que possuindo uma
grande área de preservação optaram por educar sua população para este fim, tem dado certo
na medida em que aproveita seu povo como guias ecológicos, valoriza a arte e a cultura
regional e preserva o meio ambiente, sendo portanto uma base para o desenvolvimento
sustentável.
Conclusão
Com erros e com acertos, os planejamentos feitos para Campos do Jordão acabaram
por gerar além de um turismo diferenciado, também, como efeito colateral bairros com forte
segregação sócio-espacial e assim, enquanto o turista desconhece a realidade da cidade, o
cidadão local desconhece os prazeres que atraem pessoas do mundo todo para a estância.
Como está dentro de área de preservação ambiental e ainda estando longe das grandes
estradas para escoamento da produção industrial, não está entre uma das opções a
industrialização, restando o turismo como forma de exploração de renda. Grande parte da
população trabalha direta ou indiretamente com o turismo e se beneficia dele, mas chama
atenção o despreparo de grande parte da população para atender o turista, seja pela falta de
educação formal ou pela exigência de qualificação cada vez maior de quem viaja e quer ser
bem servido.
BRUNA, Gilda Collet; BARBOSA, Adriana Dias. Urban Expansion in Campos do Jordão
Stimulated by Tourism. Cadernos de Pós-graduação em Arquitetura e Urbanismo, São
Paulo, v. 5, p. 1-17, 2005.