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INDICADORES DE GESTÃO DE
SEGURANÇA EM UMA INDÚSTRIA DE
CIMENTO
Eliane Maria Gorga Lago (UPE/PE)
elianelsht@upe.poli.br
Béda Barkokébas Junior (UPE/PE)
bedalsht@upe.poli.br
Emilia Rahnemay Kohlman Rabbani (UPE/PE)
emilialsht@upe.poli.br
Juliana Claudino Véras (UPE/PE)
julianaclaudino@hotmail.com
Tatiana Regina Fortes da Silva (UPE/PE)
tatianslsht@upe.poli.br
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XXVIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
A integração de cadeias produtivas com a abordagem da manufatura sustentável.
Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2008
1. Introdução
Os indicadores econômicos apontam o Brasil como o 9º maior consumidor e 10º maior
produtor mundial de cimento no ano de 2006. A produção brasileira de cimento alcançou o
patamar recorde de 41,9 milhões de toneladas em 2006, com aumento de 8% sobre o ano
anterior, superando, pela primeira vez o nível obtido em 1999. O desempenho apresentado
pela economia brasileira em 2007, assim como a implementação das obras constantes do
“Programa de Aceleração do Crescimento”, lançado pelo governo, aumentaram as
perspectivas de uma maior expansão desse consumo (SNIC, 2008).
Segundo Ayres et al (2008), a indústria de cimento desempenha papel relevante no
desenvolvimento da infra-estrutura econômica e social de uma economia.
De acordo com o Sindicato Nacional da Indústria do cimento – SNIC, esse segmento é
responsável por 23 milhões de empregos em todo o Brasil.
Com a industrialização acelerada em todos os países do mundo, somadas às necessidades
econômicas imediatas das empresas instaladas, são geradas agressões constantes ao homem e
ao meio ambiente, deixando, muitas vezes, nossos trabalhadores à mercê da sorte no que se
refere à segurança e à saúde ocupacional (LAGO, 2006).
Importante fator a se destacar nos setores produtivos é o relativo à Segurança e Saúde no
Trabalho – SST. Além da imposição legal, é dever social garantir um ambiente de trabalho
seguro e livre de agentes causadores de acidentes e doenças ocupacionais. A OIT (2008),
estima que 6.000 trabalhadores morrem a cada dia no mundo devido a acidentes e doenças
relacionadas com o trabalho. Além disso, a cada ano ocorrem 270 milhões de acidentes de
trabalho não fatais (que resultam em um mínimo de três dias de falta do trabalho) e 160
milhões de casos novos de doenças profissionais. O custo global destes acidentes e doenças
equivale a 4 por cento do PIB global, ou mais de vinte vezes o custo global destinado a
investimentos para o desenvolvimento de países.
Segundo Lago (2006), a segurança deve ser e é um fator decisivo na qualidade no processo
produtivo, pois, para atender à meta traçada a produção não pode ser surpreendida com
nenhum resultado indesejado, como os acidentes.
Os custos gerados pelos acidentes de trabalho são dificilmente calculáveis, devido às
inúmeras variáveis envolvidas. Entre elas, o custo humano e social, no entanto, os gastos
econômicos são os que possuem maior força de argumento e convencimento da importância
dos investimentos em segurança (BARKOKÉBAS et al apud LAGO, 2006).
Segundo enfoca Cicco apud Lago (2006), juntamente com a redução de custos, a gestão
efetiva da Segurança e Saúde do Trabalho – SST promove a eficiência dos negócios.
Com base nestas informações propôs-se a implantação de um sistema de gestão em segurança
e saúde do trabalho para a indústria, cujo programa piloto está sendo desenvolvido junto a
uma fábrica de cimento, atuante no setor da construção civil do Nordeste brasileiro.
2. Objetivos
Apresentar os indicadores de segurança que direcionam a implantação e estruturação do
sistema de Gestão Segurança e Saúde no Trabalho (GSST) para a indústria, aplicados a uma
fábrica de cimento de grande porte do Complexo industrial de Suape no Estado de
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A integração de cadeias produtivas com a abordagem da manufatura sustentável.
Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2008
Pernambuco.
3. Metodologia
A metodologia adotada na pesquisa toma como base o “método de avaliação e controle dos
riscos” (BARKOKÉBAS JUNIOR et al, 2004), aplicado no campo da engenharia de
segurança do trabalho.
A indústria onde está sendo implantado o método é localizada na Zona Industrial do Porto de
Suape – Pernambuco, e tem capacidade de processamento de aproximadamente 500.000 mil
toneladas de cimento por ano, conseguindo abastecer todo o Nordeste.
A primeira etapa do trabalho se deu através da realização de um diagnóstico preliminar de
segurança e saúde do trabalho na fábrica, de modo a identificar práticas e procedimentos
existentes, verificando a eficácia e eficiência dos recursos investidos em SST. Para isso,
foram feitas visitas mensais à fábrica, que começaram no mês de Junho de 2007 até o mês de
Março de 2008.
Para as visitas à fábrica foi preparado um protocolo baseado nas normas regulamentadoras e
ao final de cada visita gerou-se um relatório contendo análise dos dados coletados, através dos
quais se apresentava a situação geral da empresa em relação às condições de segurança e
higiene do trabalho.
Os dados foram tabulados e analisados, gerando três “indicadores de segurança”:
a) Indicador quantitativo (IQt) – indica a quantidade de itens em desacordo e grave e
iminente risco;
b) Indicador qualitativo (IQL) – indica que situação representou o desacordo ou grave e
iminente risco;
c) Indicador econômico (IE) – representa o passivo convertido em multas aplicáveis as
situações não conformes, para isso é tomado como parâmetro o quadro de multas da NR
28 – Fiscalização e penalidades.
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jun/07 jul/07 ago/07 set/07 out/07 nov/07 dez/07 Jan_Fev/08 mar/08
DES GIR
Figura 1 – Pá carregadeira sem sinal sonoro de ré, caracterizando um grave e iminente risco
Figura 2 – Quadro elétrico com identificação de pouca durabilidade, caracterizando um desacordo com a norma
Da análise dos dados observa-se que os itens em grave e iminente risco chegaram à zero. No
caso dos itens em desacordo com a norma, sua maior incidência ocorreu no mês de agosto de
2007, no entanto, o gráfico apresenta um declínio, pois passou de 12 para 5, resultando em
queda percentual de 58,4%. A queda entre o mês de Fevereiro e Março de 2008 é ainda mais
expressiva, pois a redução foi de 77,8% das ocorrências, passando de 9 para 2 ocorrências.
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A análise qualitativa dos dados que indica os desacordos e grave e iminentes riscos de acordo
com cada norma é feita à cada visita. Das 33 normas regulamentadoras, foram consideradas
14 normas que se enquadraram no ambiente de trabalho da fábrica. O gráfico 2 indica, no mês
de maior incidência, as normas analisadas. Como se pode observar as normas de proteção
contra incêndio (NR-23), caldeiras e vasos de pressão (NR-13) e transporte, movimentação,
armazenagem e manuseio de materiais (NR-11) apresentaram maior risco de acidentes,
representando 9 itens em desacordo com a norma. Após 6 meses, verifica-se a redução das
não conformidades como pode-se observar no gráfico 3.
NR 26 - Sinalização de segurança
NR 25 - Resíduos Industriais
NR 17 - Ergonomia
NR 14 - Fornos
NR 12 - Máquinas e equipamentos
NR 6 - EPI
0 1 2 3 4 5
NR 26 - Sinalização de segurança
NR 25 - Resíduos Industriais
NR 17 - Ergonomia
NR 14 - Fornos
NR 12 - Máquinas e equipamentos
NR 6 - EPI
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DESACORDO GRAVE E IMINETE RISCO
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Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2008
O terceiro índice analisado foi relativo à questão econômica, ou seja, o passivo representativo
de SST para a fábrica. Os valores de multas são estipulados de acordo com o anexo II da NR
28, que se baseia na gravidade e no número de funcionários; no caso da fábrica de cimento,
são considerados os empregados expostos ao risco de acidentes, ou seja, o número de
trabalhadores na fábrica. Os valores fixados na NR 28 são baseados em UFIR, cujo valor
adotado no método é de R$ 1,0641.
O gráfico 4 apresenta o indicador econômico – IE, que demonstra o passivo econômico que
poderia ser aplicado em forma de multa a empresa durante cada mês. Para cada visita foi
realizado o cálculo dos valores de multa, da seguinte maneira: considerando-se, por exemplo,
a fábrica com um número de empregados entre 51 e 100 funcionários, têm-se os valores para
desacordo e grave e iminente riscos de 964 UFIR e 3877 UFIR, respectivamente, valendo-se
do menor valor a ser aplicado de acordo com a norma. Multiplicando-se R$ 1,0641 pelo
número de desacordos e grave e iminente risco, chega-se aos valores estimados das multas.
INDICADOR ECONÔMICO - IE
20000
R$ 17.483,16
R$ 13.357,65 R$ 13.357,65
R$ 12.309,51
Valor em R$
R$ 10.280,27
10000 R$ 9.232,13
R$ 8.206,34
R$ 5.128,96
R$ 2.351,66
0
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Julho/2007 Agosto/2007 Setembro/2007 Outubro/2007 Novembro/2007 Dezembro/2007 Jan_Fev/2008 Março/2008
Portanto, é visto no gráfico que as não conformidades encontradas no início das visitas já
estão sendo atendidas, ou seja, está sendo realizado um processo de melhoria contínua na
empresa.
5. Conclusões
O controle da inflação, a concorrência entre as empresas, a conseqüente busca para se
produzir mais e a menores custos, fez com que as empresas passassem a incorporar o
“processo de melhoria contínua”, de forma a padronizar as atividades e obter o controle do
sistema produtivo.
Esta competitividade cada vez maior no mercado exige da empresa uma atuação mais
responsável, e que se dá em parte através da promoção da segurança e saúde dos seus
funcionários.
Seguindo o parâmetro de melhoria da segurança e saúde dos seus funcionários a empresa em
questão minimizou as possíveis condições de riscos de acidentes, garantindo um ambiente de
trabalho mais seguro. Ou seja, a identificação, quantificação e qualificação dos riscos
possibilitaram o direcionamento das ações preventivas e assim um aprimoramento nas
condições de vida do trabalhador.
Com isso concluímos que a implantação de indicadores de segurança do trabalho contribui
para a estruturação de um sistema de gestão em Segurança e Saúde do trabalho.
Referências
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XXVIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
A integração de cadeias produtivas com a abordagem da manufatura sustentável.
Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2008
AYRES, M. L. A.; DAEMON, I. G.; FERNANDES, P. C. S.; A indústria do cimento. Disponível em: <
http://www.bndes.gov.br/conhecimento/bnset/set1010.pdf>. Acesso em: 15/04/2008.
BARKOKÉBAS JUNIOR, B.; VÉRAS, J. C.; CARDOSO, M. T. N.; CAVALCANTI, G. L.; LAGO, E. M. G.
Diagnóstico de segurança e saúde no trabalho em empresa de construção civil no Estado de Pernambuco. In:
XIII Congresso Nacional de Segurança e Medicina do Trabalho. São Paulo, 2004.
LAGO, E. M. G. Proposta de sistema de gestão em segurança no trabalho para empresas de construção
civil. Dissertação de Mestrado em Engenharia Civil, Universidade Católica de Pernambuco – UNICAP, 2006.
OIT – Organização Internacional do Trabalho. Dia Mundial da Segurança e Saúde no Trabalho 2008.
Disponível em: < http://www.oitbrasil.org.br/28deabril.php>. Acesso em: 15/04/2008.
SNIC – Sindicato da Indústria do cimento. Relatório anual de 2006. Disponível em: < http://www.snic.org.br/>
Acesso em: 14/10/2008.