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DICIONARIO eT TeEXTO + | TEMATICO DO OCIDENTE a MEDIEVAL Canonive foun JACQUES LE GOFF & JEAN-CLAUDE SCHMITT cae «gs v Dicionivio Temitice do Ocidense Medieval LACROIX, Bru aaron au Meyer de Monel Pass, 1971. MITRE FERNANDEZ. Eni, Hiring» mewaidads hdr ot le Europe Medic Mud 1982, ao PATZE, H. (od). Gachichscbrbnig md Gechiclusbewnsacin im Spiten Mitelalter Sigmacingen, 1987 POIRION, Daniel (ed). La Chranigne er Use ow Mayen Age, Patsy 1984. LA STORIOGRAFIA sleomedievale, Spolet, 1976.2 v. 336 IDADE MEDIA Idade Média nao existe. Este perfodo de quase mil anos, que se estende Aa conquista da Gélia por Clévis acé o fim da Guerra dos Cem Anos. € um fabricagao, uma construgao, um mito, quer dizer, um conjunto de repre: sentagdes ¢ de imagens em perpétuo movimento, amplamente difundidas na sociedade, de geragio em geragio, em particular pelos professores do. prim tio, os “hussardos negros” da Repiiblica, para dar 4 comunidade nacional uma forte identidade cultural, social ¢ politica. Tencaremos pereeber a ¢rama desse mito, do fim da Idade Média tradicional ao fim do segundo milénio. A fim de conservar a coeréncia deste estudo, privilegiamos 0 caso francés, embora fornecendo amplas visées européias ou mesmo planetirias, A Franga é prova- me- velmente 0 tnico pais ocidental em que, na época contemporinea, st méria medieval esteve tanto tempo € tio profundamente dividida no plano cultural, politico ¢ religioso, ¢ no qual a Idade Média ainds hoje consticui wm excelente indicador das Pisses fruncesas, como, de resto. se pade verifica 1996, por ecasiio dos intensos debates sobre as origens nacio! pelo “ano Clovis", em concraposigio ao bicentendrio da Revolugio. rem is suscitados Do SUMANISMO AO NEOCLASSICISMO idade média”, quer dizer. de um duplo fenome: ‘A aparigao de um conceito desvalorizante de literalmence, de “época incermediria’, ¢ conseqtién no culcural ¢ religioso. Resulca da vontade manifesta dos humanistas italianes. desde 0 século XIV, de recornar as Fontes da Antigitidade Clissica em sua pus reza ¢ aucenticidade filologicas, livre das escérias ¢ das alveragées lingiisticas provocadas pelas glosas posteriores aos “Sorbonnards": Como observa Jeun- Maric Goulemont, a scienea muon de Petearca constitu 0 para limpar o pé do tempo, perceber sob as rugas da idade o frescor dos pri- meiros sorrisos do mundo”, Esta abordagem filoligica também favorece a cen tativa da Reforma Protestante de retornar a0 testo tianismo das origens e denunciar uma lgreja Cats terrestre e que se tornot indiferente aos ideais evangélicos da Cidade de Deus Posta entre dois cumes da civilizayio ~ a Antigtiidade Clissiea « o Renascimen- sobrerudo “um esfor- grado, reenconeeat 0 crise ppresa ao visco da cidade a? Divioniria Temitica do Qcidente Medieval toa transicio medieval seri doravante, por muitos séculos, considerada com desprezo, como um perfodo de profunda decadéncia no dominio cultural, in- telectual e arcistico (a arte “gética” denegrida por Miguel Angelo), ¢ como uma incerminavel noice que os raios de sol do século XVI enfim dissipdiram. A terminologia inventada por Perrarca ¢ os humanistas italianos do sécu- fo XIV = medinom tempus ou media tenpora — desenvolve-se na segunda meca- de do século XVII entre os eruditos alemfes ¢ franceses. Em 1676, Christo- phe Cellarius (ou Keller), professor em Halle, publica em lena a primeica ver- dadeira histéria medieval em latim. Em 1681, Charles du Cange edita seu fa- moso Glossarium ad seriptores mediae et infimae lasinicatis (Glassévio da latini- dade medieval e tardia). © século XVIII assume ¢ aperfeigoa — com as princi- Pais I{nguas européias substituindo o tatim — esta divisdo cernéria da histéria (Antigitidade, Idade Média, tempos modernos), para melhior celebrar, como 0 faz Voltaire nos Ensains sobre os costumes (1756), a vitéria das Luzes sobre o obscurantismo clerical ¢ o tciunfo de uma civilizagao refinada sobre a grosse- sia ea barbaric desses longinquos sécules de ferro, No enranto, as vésperas da Revolugio, a expressio “Idade Média” comega a rornar-se, entre 0s cruiditos curopeus, um cermo cécnico mais neucro, desprovido de conoragio pejorati- va, confortivel para designar um periodo recuado no sempo. Por outro lado, 20 contritio do que se costuma pensar, na Franga nao foi preciso esperar a época romintica para que houvesse interesse pela Idade Média € se buscasse nela temas de inspiracia literaria e musical. O préprio Voltaire, este iustico acusador das trevas medievais, € autor, em 1734, de Addlatde Duguesclit, obra cuja agio se desenrola no reinado de Carlos VII. Na seqiiéncia, a maior par te dos grandes dramacurgos do século XVIII pés em cena figuras de proa ou eventos da Idade Média: Dormont de Belloy, La sige de Calais (1765); La Har- pe, Pharamond (1765); Louis Sébastien Mercier, Childéric (1774), La mort de Lowis XI (1784), Jeanne d’Are (1789); Sedaine, Maillard ow Paris sauvé (1782). Em 1782, Sedaine, associado ao compositor Grétry, monta a 6pera Richard Caeur de Lion, da qual o famoso recitative “Oh, Ricardo! Oh, meu rei! © universo te abandonal” rorna-se uma senha realista durante a Revolusie, Em 1791, Jean- Frangois Ducis encena no Théitre-Frangais Jean-sans- Terre, ow lis Mort d'Arthur. Rougee de Lisle, imorcalizado por La mrseillaise, € também autor de um outro cantico de guerra: Roland a Roncevaux. O sucesso dos Templiers de Raynouard, ‘em 1805, consticuiu o coroamenco de toda esta corrente neodléssica. Quanto & partilha implicita dos temas que se costuma propor a partir de 1820 na literatura - os ouropéis antigos para o drafma cléssico, a inspiracio 8 Iulade Melia medieval para os palcos rominticos ~ crita-se de uma visio redutora que ni corresponde & realidade. Ponsard, encamigado adversirio do teatro rom co, encena, em 1846, um drama de inspiragio medieval, Agnis de Méranie, Enfim, por ironia da histéria, “Hugoth” € cleito, em 1841, para a Academia Francesa na cadeira de um “antiquado”, Népomucene Lemercier, do qual boa parte da obra dramética também apresenta uma fachada medieval, embora mantendo uma arquicetura rigorosamente clissica. Portanto, é preciso procu- rar noucro lugar as caracteristicas da visio romantica da Idade Média. tie A IDADE DE OURO DA [DADE MEDIA ROMANTICA NO SECULO XIX século XVIII detesta a Idade Média que 0 Romantismo venera. Pro- vavelmente ¢ 0 traumatismo revolucionario ¢ seu vandalismo, ferindo ao mes- mo tempo a arquitetura ¢ o patriménio escrito — como reconhece Michelet, os arguivos também tiveram seu Tribunal Revolucionario ~ que revela aos criadores romanticos, que © ignoravam, a Idade Média aos pedagos, a dade Média ultrajada; “reencontram a Idade Média do mesmo modo que os pri- meiros humanistas havia reencontrado a Antigilidade: é certo que a reencon- tram, mas como alguma coisa definitivamente perdida” (Ch.-O. Carbonell). E 0 choque que a maior parte dos rominticos sofreu durante a infiincia 0 Museu dos Monumentos Franeeses ~ aberto por Alexandre Lenoir em 1795 ¢ fechado em 1816 pela Restauragio — reve profundas conseqiiéncias: sus uma nova relagio com o tempo: desemboca na proclamagio revolucionisia de que 0 Pov é 0 ator privilegindo da histéria, encamagio viva da Nagi Irance- sa contribui, enfim, para a sigragio do Heri. A universalidade da acto ¢ da natureza humana afirmada pelos clissi- cos, 08 rominticos opdem ¢ sentimento de que cada momento da histéria € nico, irreductvel ao que o precede ¢ ao que o segue, € que € preciso restixut- Jo com sua cor prépria, respeitando seu tempo particular, como o faz com imenso sucesso Augustin Thierry, em 1840, nos seus célebres Récit des temps mérovingiens. Os romanti¢os sio igualmente apaixonados pelos periodos de transigao e de ruptura nos quais 0 tempo estremece. Assim, pode-se ler Notre- Dame de Paris de Hugo (1831) como a crénica de uma revolugio anunciada, ade 1789, preparada pelo rapide crescimento da imprensa sob Luis X1 ¢ pela ascensio da burguesia, gue, a0 cabo, ameaya a hegemonia cultural e pol da Igreja. “Isso matari aquilo”: o Livro matard o catolicismo simbolizado pela porais enert catedral gética, Neste interesse apaixonado pela wo Diciotria Teudtico do Ocidenre Medicvat a busca obsedante pelas origens. Em Michelet, essa busc’ toma um aspeco quase bioldgico ¢ carnal. Nessa pesquisa de talhe antropolégico, Michelet as- simila a Idade Média 3 infancia do povo, a uma etapa capital de seu desenvol- vimenta psiquico ¢ moral No canteito de obras da Histoire de France aberto pot Michelet apés 1833, numa perspectiva de ressurteicio integral do passado, a aventura co- mum da Nagio Francesa, do ano 1000 & época de Joana d’Arc, substitui a en- fiada monétona ¢ repetitiva dos reinos que vdo de Faramonde a Lufs XI; 0 longo combate da Liberdade contra a Fatalidade roma o lugar da crdnica ane- dética das cabecas coroadas. Assim, do mais longinquo passado medieval sur- gem herdis trigicos que encarnam as virrudes eternas da Franca (bravura, sen- so de dever e de sacrificio, generosidade, combate pela liberdade etc.): Rolan- do, Estevio Marcel, Du Guesclin ¢, claro, Joana d'Arc. A sacralizagao das fi- guras de proa dos cempos medievais exprime-se igualmente pelo pincel de ar- tistas visionarios como Eugéne Delacroix: com Dante ¢ Virgilio em La bargue de Dante (1822}, Joz0, 0 Bom, na Bataille de Poitiers (1830), Carlos, 0 Teme- rario na Bataille de Nancy (1831), Sao Luis na Bataille de Taillebourg (1837) ou na Entrée des croisés & Constantinople (1840), Delacroix ressuscita, numa mistura confusa de cavalos revestidos de couraga, de langas ¢ de auriflamas, 0 Grande Exéccito dos cavaleitos da \dade Média. A redescoberta da historia medieval manifesta-se, enfim, pela protegio € reabilicagao do pacriménio monumental, tomado aos cuidados do Estado na segunda metade do século XIX, que confia a Viollet-le-Duc a diregio dos can- tciros de restauracio de Vézelay, Carcassonne, Toulouse, Pierrefonds. Embo as audicias arquitetdnicas de Viollet-le-Duc provoquem 0 ddio dos especia- listas, elas encancam o grande piiblico. Como nota ironicamente Marcel Proust em Sodom ¢ Gomorne, “para o pequeno comerciante que, no domin- 80, vai 8s veres visitar edificios dos ‘velhos bons tempos’, muitas vezes é na- queles em que codas as pedras sae do nosso tempo [...] que ele sente melhor a sensagio da Idade Média”. Além-Reno, este fenémeno monumental ¢ patri- monial revesce-se de dimensao nacionalisca: a conclusao da catedral de Col nia em 1880 ¢ o desenvolvimenco do‘ Museu Nacional Germénico de Nurem- berg simbolizam a unificagio da Alemanha, vitoriosa sobre a Franga em 1870. € 0 estabelecimento de um novo Sacro Império Romano-Germinico. x 440 dade Média © curto Nactona Dg Joana D’Anc Na Franga, a [dade Média invadia a praga publica, a escola ¢ 0 lar para responder 3s exigncias da Revanche ¢, sobretudo, legitimar os combates poli- ticos ¢ religiosos que ritmam a vida da III Repiiblica. A aspereza dessas “bata thas pela meméria” medieval é, de resto, bem resumida pelas contrové bre © destino de Joana, a Donzela, Para a esquerda, Joana Dare— com esta or cografia valorizando sua origem popular, fazendo-a irma de Zé Ninguém ~ continua a ser 2 filha do povo, a encarnagio viva da nagio, a martir de sua in dependencia, fundadora de sua unidade. E, com cerceza, a visinia simbélien da Igreja, seu suplicio sendo a prova mais acabrunhance da impostura desta ins- tituigio criminosa ¢ barbara. Os catélicos, 20 contririo, dam na época de Joana dre — a grande Francesa, a grande Crista, a grande San incenso da sustencagio indefectivel que a di- so segundo os pregadores ~ 0 restemunho ima ving Providéncia acorda 4 “filha primo, das, esta Gesta Dei per Frances (“0s grandes feitos de Deus por intermédio dos francos”}, Desca perspectiva sobrenatural, os catdlicos conferem a Joana uma dimensio quase cristolégica: assim como Jesus morreu na cruz para expiar os pecados dos homens, Joana foi queimada em Rouen para expiar os sacrilégios ¢ crimes de Filipe, 0 Belo - 0 atentado de Anagni contra Bonifiicio Vill, ex 1303 —e de Isabel da Baviera: 0 “vergonhoso” rrarado de Troyes de 1420. A impoténcia do parlamentar republicano Joseph Fabre em fazer adovar pela Camara dos Deputados, em 1884, depois pelo Senado. em 1894, 8 de maio como festa nacional ilustra até & caricatura as divisdes que a herofna da Lorena suscita na sociedade francesa entre 1880 ¢ 1914, Do seu lado, a Igre- ja proclama Joana Veneravel em 1894 ¢ Beata em 1909. E verdade que 0 Par- lamento francés consagra, em 1920, 8 de maio 4 lembranga nacional da he- roina, no mesmo ano em que Roma a pe sobre os alrares. mas esta \ei é obra da Camara “bleu horizon”, eleita em 1919 ¢ dominada pelo Bloco Nacional. que retine a direita moderada. Os manuais escolares de duas escolas rivais, a dos “hussardos negros lt Repitblica” ea dos frades, contribuiram para difundir na Franga profunda duas interpretagbes conflituosas da Idade Média, Os das escolas confessionais valorizam os tempos fortes da Cristandade: 0 batismo da Franga com Clovis em 496, 0 coroamento imperial de Carlos Magno em Roma no ano de 800, a romada de Jerusalém pelos cruzados em 1099, 0 século XIIl, considerado globalmence como 0 apogeu da civilizagio crist4 em razio da vida exemplar ca da Igeeja", promocora das Cruze Dicioniria Temético do Ocidente Medieval de Sao Luis, do prestigio intelectual dos dourores da Sorbonne ¢ da difusio artistica da arte gética na Europa. Os das escolas laicas exumam do passado medieval todos 0s eventos que prenunciam a grande Revolucio Francesa: o movimenco comunal do século XII, os Estados Gerais € as revolugées parisien- ses do século XIV. Em cerca literatura progressista, Estevio Marcel é, deste modo, considerado como uma espécie de Danton medieval que, no reldgio da histéria, tentou fazer soar 1789 em 1358! No entanto, malgrado estas querelas de familia, existe também, na IIL Republica, uma Idade Média patridcica e nacional suscetivel de reconciliar as duas Frangas: embora os leigos julguem com condescendéncia a devogio mo- nistica de Séo Luis ¢ sua participagao na Cruzada, eles celebram sem se faze- rem de rogados a vitéria de Luis IX sobre os ingleses em Taillebourg ¢ em Saintes, ¢ a inclusio do Languedoc no dominio real com o “sangue, suor e li- grimas” da cruzada contra os albigenses. Nos dois campos, enfim, Filipe Au- gusto, o vencedor dos alemaes em Bouvines, € Luis XI, que derrotou Carlos, © Temeritio, slo considerados infirigiveis artesios da unidade nacional que fizeram por merecer 0 reconhecimento da patria... Além das concrovérsias sobre o pasado medieval, os manuais das dus escolis sobrecudo legaram aos pequenos franceses do século XX uma bragada de imagens micoldgicas que constitu © que Gascon Bonheur qualificou em 1963 de “album de faruilia de codos os franceses” e que povoa ainda 0 incons- v0: © episddio do vaso de Soissons. Rolando soando sua trompa em Roncevaus, Carlos Magno felicicando os bons escudantes ¢ exorcando os preguicosos, Si0 Luis distribuindo justiga familiarmence sob 0 carvallio de Vincennes, Carles VI tomada de loucura na floresta de Mans, Joana d'Are re- conhecendo Carlos VII em Chinon, Luis XI em Plessis-lés-Tours visicando suas “menininhas” ou aterrorizado com a aproximagao da morte. Entbora logo apés a Grande Guerra, prolongando a “Unio Sagrada”, as polémicas po- liticas ¢ religiosas acerca da [dade Média tenham se interrompido na Franga, elas enconcram um novo vigor na Europa toralitéria, que busca numa Idade Média reinterpretada de modo preconceituoso as inquietantes legitimagées histéricas da construgio de uma rerrificance ordem nova, ciente colet Os usos Da Loa Méota DE 1920 4 1945 Os velhos mitos que exaltam a meméria do Sacro Império Romano Ger- minico sio habilmente rearualizados ¢ explorados pdt Hitler a servigo de seus saz ade Média negros designios. Para reforgar 0 tiame entre 0 Father ¢ os antigos soberanos gecmanicos ¢ apresentar 9 fundador do III Reich como o herdeiro natural da- queles, a propaganda nazista no se contentou em organizar na embandeira- da cidade medieval de Nuremberg os congressos do Parcide Nacional-Socia- lista. Ela usou igualmente a monumental biografia que, fascinado pelo poder dos herdis medievais, 0 historiador Ernst Kancorowicz tinha consagrado, em 1927, ao imperador Frederico II de Hohenstaufen, construtor de um Estado ‘Absoluto forcemence centralizado, no qual os nazistas saddam a matriz do “Reich de mil anos” prometido pelo guia carismatico da Alemanha eterna, Em 1939, 0 préprio Kantorowicz, desiludide-c refugiado nos Estados Unidos, de- nuncia a recuperagio coralicéria do passado, enfatizando, numa nota das Lan- des regiae, como a aclamagio que desde a Anschluss de margo de 1938 acolhia Hider em suas paradas militares dianve de multidocs exaltadas — ein Reich, ein Volk, ein Fitbrer (“am s6 Impétio, um s6 povo, um s6 chefe”) - é um eco si- niscro da divisa do imperador Frederico Barba-Ruivar unus Dews, nus papa, nus imperator (“um s6 Deus, um s6 papa, um 6 imperador’). Para melhor denunciar os crimes nazistas, 0s artistas antifascistas também recuperaram a [dade Média. Em 1934, 0 comunista alemio John Heartfield al- fineta 2 barbdrie de camisa parda com uma foromontagem impactante com posta de duas janelas horizontais superpostas: na de cima, a fotografia de um alto-relevo medieval mostrando um homem supliciado sobre a roda; nia de bai- xo, um cadaver nu sobre uma cruz gamada, numa posigio parecida 3 do pri- meiro corpo martirizado, A legenda indica sobriamente: “Como na Idade Mé- ésperas de um conflito com o TIL Reich dia’, Entresanto, 0 proprio Stalin, as que ele pressente inevitdvel, nio hesita em exuntar do passado russo mitos fun- dadores suscetiveis de galvanizac © parriotismo na cavaleiros teutSnicos na “baralha do gclo”. aa Livonia, em 1242. reconsticuids por Eisenstein na famosa cena de Adcardre Neuski (1938), parece prefigueat assim a herdica resisténcia dos combatentes russos 4 invasio estrangeira. Na mesma época, no Ocidente. a Idadde Média consticui uma inesgori- vel reserva de imagens draméticas cuja exploragiio. em especial pela induscria cinemarografica americana, concribuiri para criar um imagindsio universal, » esmagamento dos a A Ipape MEDIA NO TEMPO DA CULTURA DE MASSA Apés 1920, as novas midias prolongam a visio romantica da Idade M. dia. Durante mais de quarenta anos, as superprodugdes medievais realizadas Dicionivin Temitico do Ocidente Medieval por Hollywood, esta maquina de fabricar sonhos para 0 murda todo, apre- senta caracteristicas comuns, do Rebin Hood de Allan Dwan, com Douglas Faicbanks, em 1922, a0 Cid de Anthony Maan, em 1960: 0 cenétio colossal, a abundancia de figurantes, a beleza e 0 luxo das vestes ¢, sobretudo, a abso- luta indiferenga em relagio 4 “concordancia dos tempos”! Quando Hollywood se apropria da heranga culcural europtia, ignora soberbamente a verossimi- thanga histérica e no hesita em jogar abertamente com 0 anacronismo. Em 1935, As Crusadas de Cecil B. de Mille celebram sem complexo o imperialis- mo americano; em 1950, A Flecha e a Tock de Jacques Tourneau faz clara re- feréncia, por meio do relato de uma luta de libertagio nacional ao século XII, A resisténcia 4 ocupacio alema da Europa. As Aventuras de Robin Hood de Mi- hael Curtiz (1938), com Errol Flynn, ¢ sobretudo 4 trilogia memorivel de Richard Thorpe ~ fnanhoe (1952). Os earuleiros dr Tavola Redonda (1954) Quentin Durward (1955) ~ exaleam, em plena Guerra Pria, face a0 Impétio Soviético, os valores de uma América dominadora e segura de si: 0 individua- lismo criador. a fraternidale virl, © impulso conquistador de uns vemedi a for iw defo di bendade apn 0 eps de enced to, a tolerincia religiosa ere. Ao mesmo tempo, Hollywood nao tem 0 mono- pilio do sonho medieval ¢ duas das maiores obras-primas concernentes & Idi- de Média sio criagGes escandinavas: 0 inesquecivel A paisido de Joana d've de Dreyer, em 1928, ¢ O Sérimo Selo de Ingmar Bergman, em 1956, visio amar- gate desencantada da Cruzada, em que transparece a obsessio da pesce con- remporinea, 0 apocalipse nuclear. Nos uiltimos vinie anos, nossa relagio com o passado medieval mudou edo profundamente que se pode comparar o recomno da [dade Media aguele da geracio de 1830, Assim como a monumental Notre-Dame de Parise Vv tor Hugo sobressai sobre os Trinta Gloriosos rominticos, 0 pancagruélico O nome da rosa de Umberto Eso. “policial” merafisico medieval, domina li mente a maré de romanecs histéricos. em geral cor-de-rosa, que desde 1979 segue La chambre des dames. Novas IMAGENS, NOVOS RELATOS Distanciados por mais de 150 anos. os dois periodos apresentam curiosas analogias, Como na ¢poca romantica. a Idade Média suscita um conjunto de agens frescas. O triunfo da tradugio francesa de O nome da rosa. em 1982. longe de ser um fendmeno isolado, prolonga 0 sucesso das novas produgdes saa Idade Média culcurais origina, surgidas em meados dos anos 70, em especial no cinenay nas revistas em quadrinhos, nos somances, 4s vezes na miisica € na Opera. J mais ou menos hé uns vinte anos, o cinema ¢ a televisio viraram de- liberadamente as costas & superprodugio medieval: com Lancelote do Lago (1974) e Percival, © Gaulés (1978), por exemplo, Robert Bresson ¢ Eric Roh- mer propuseram uma releitura ao mesmo tempo muio pessoal ¢ muito sdbria ¢ rigorosa da lenda arturiana. Dando continuidade a estas obras “minimalis tas” de onde o especacular esté voluntariamente banido, a década de 80 ¢ do- rinada por projetos ambiciosos. Na televisio, Jean-Dominique de La Roche- foucauld realiza, em 1987, O ano mil, Serge Moati, A Cruzada das Criangas, em 1988, ¢ Philippe Monnier, O menino das lobes, em 1990, baseado em La revolie des nonnes de Régine Deforges. No cinema, a atitude austera de Suzan- ne Schiffman em O monge e a feiticeina, em 1986, ou crepuscular em A pai- ‘eto de Beasria de Bectcand Tavernier, em 1987 — visio desesperante, mas ins- pirada ¢ apaixonada, de “o ourono da [dade Média” ~ provaveimente deven- corajacam o grande piiblico, que acolheu, por outro lado, a adaptagio colori- da —_mas varia de seu substancial cutano — de O nome da rasa por Jean-Jacques ‘Acnnaud, em 1986, ¢ sobretudo a comédia comportada, desprovida de qual- quer pretensio histérica, proposta por Jean-Marie Poiré em Os isitantes, que feu rie mais de treze milhdes de pessoas em 1993... Entretanto, em 1994, Jacques Riverte demonstrou brilhantemente, com Joana a Donzela~ filme em duas partes: As batabhase As prisdes— que com meios relativamence limicados ¢ sem efeitos especiais pode-se perceber de maneira sen- sivel, a milhas dos clichés escolares ¢ das liografias, uma Idade Média 20 mes- mo tempo concreta ¢ poética. Sandrine Bonnaire encarna de modo muito con- vincente una Joana “em carne e em vor, em gestos e arrepios” (Jean-Michel Fro- don, Le Monde, 10 de fevereiro de 1994, p, Vi), sintese wiva do miro ¢ do coti- diano, do banal e do lendétio, do real e do sagrado. E mesmo quando os citeas- tas americanos ~ como Kevin Reynolds, com Robin Hood, principe dos ludites em 1990 ~ voltam ao grande espeticulo hollywoodiano, o tom adorado & mui- to proxieno do estilo parédico da histéria em quadrinhos... Uma Idade Média humoristiea fez 0 sucesso de Monty Python, 0 Calice Sagrado (1974). ‘A histéria em quadrinhos nao fica de fora: longe do estilo clissico da “li- pha clara’, desenvolvido por um dos mestres da escola franco-belga, Jacques Martin, nas aventuras de shen, reencarnacéo medieval de Alix na época do in- quierante Gille de Rais, Frangois Bourgeon langa 0 leitor de Companheiras do creplsculo ~ envolvente ceilogia composta por Sartlégia do bosgne des brumas sas Dicionnia Temitico do Ocidente Medieval (1984), Othos de enanbo da cidade glenca (1986) ¢ O siltino cintico des Male terre (1990) ~ numa visio desordenada da Idade Média, a meio caminig on tre 0 sonho ¢2 realidad, & qual o grande pablo reservou um acolhimenry orso: foram vendidos mais de cem mil exemplares do tereciro album, te sucesso é, no entanto, eclipsada pela voga dos ro is Jeanne Boutin, De La chambre des dames em 1979, a Camiapion ee ne em 1992, passando por Le jew de la tentaton, em 198I, Jeanne Boutin, egg cista habil, explora um verdadero filio medieval mando sitematicnnene , contra-pé 2 visio de pesadelo difundida pelos epigonos de Victor Hugo e ose brando uma Idade Media idealzads,vesida de cindida probidade ede brenes, Se quadro otimista da condigio da muther no eenipo das catedras (La fine au temps des cachidaly, Régine Pernoud), embora vigorosamence conesaces pelos especialistas da [dade Média mascalina (Mle Moyeu Age, Georges Duby), nem por isso deixou de fazer chorar as leitoras populares. Em 1985, a crénies da Famflia Brunel, ourives parisiense do s€eulo XII, evocado em La chambre das dames scinge, com mais de 1.650.000 exemplares vendides (sem contar ase, Ses de Gols}, as cifas de venda vertginosas dos bestellen de verso, Quanto Le jeu de la tentation,ulerapassa os dois milhBes de exemplares.. Mesmo a enisica de hoje rears com a ingpiragta medieval. No aéeulo XIX, os mestres de Spera encontraram material para suas eriagdesliicas mug Idade Média stormentada abr qual projtavatn 0s reenos os dramas con- temporinens (guerras cvis,revolugses, complés, singrentos golpes de Ee etc.) Bm Guitberme Tell 1929} ¢ Rien (1940) . vanspigin ssi gico do tribuno romano Cola de Rienzo ~ Rossini e Wagner celebram 6 com. Dace solivi, cm geralincompreendido e vio, do herdi romiacico pela liber dade do povo, Avie (1846) eas VégentsSicilianas (1855) de Verdi reesoam sn, flamados apelos pasridtcos pela independéiiciae unidade italianas, Em 1879, com Etienne Marcel, Saint Saéns celebra. no inicio da Ill Repiblica, um ful. minante precursor da democracia. Ora, no fim do século XX, Olivier Mee. Sizen ¢ Marcel Landowski reaualizam estas euizes medievais, o primeiro em 1983, com Saint Pango dis 0 segundo em 1985, com Montdgin a par tir do romance do duque de Levis-Mirepois. que recta o eeigico desvino de Romeu e Juliece 22 cegiia citara, Paralelamente, manifesta-se uma verdadeira mania do canto gregoriano ¢ da miisica medieval rocada em instrumentos an. Higos, de que é testemunho o sucesso internacional, em 1994, de Cauto Gree seriane, uma compilagia de 32 cantos gregorianos entoados pelos beneditinos do mosceira de Sio Domingo de Silos. na Espanha. 546 Made Média Eneretanto, apesar das aparéncias, 0 grande retorno da Idade Média na cena contemporinea distingue-se radicalmente da ressurreigao romantica a terior por duas razées principais. Em primeiro lugar, os roménticos ¢ seus ¢ ones da III Repiblica, horrorizados pelo fulgor sinistro das foguciras acesas no Languedoc por inquisidores fanézicos, freqiientemente se metamorlosea- ram em “justiceiros”, para condenar retrospectivamente esta época maldita Hoje. felizmente mantemos uma relagio mais serena com nosso passado. Te- mos tendéncia a perceber a “barbdrie” medieval ndo em nds, mas fora de nds, a projecé-la nos paises fundamentaliscas, como Bangladesh, entre outros po- vos islimicos, nos quais as mulheres, como lembra Taslima Nasreen, “sio ata- dasa uma fogueira ¢ queimadas vivas, como as feiticeiras da Europa na Idade Média” (Le Monde, 8 de marco de 1996, p. 15). Por outro lado, enquanco os romanticos eram indiferentes d pesquisa his- tériea, contentanda-se, como Alexandre Dumas, em plagiar sem escripulos as cerénicas medievais publicadas e considerando a [dade Média como um espago de ambicncagao exdtica quase infinito, os autores contempordneos manten, a2 contririo, um respeito escrupuloso. quase manfaco, pelo concerto histérico, fundado sobre o conhecimento da uma documentagio histérica irreprochvel. Na época toméntica, 0 romancista nao dava a minima atengo pata a verdade hist © zombava do rato de bibliotvea erudite; hoje, © autor, para evitar 0 pecido mortal do anacronismo, tornou-se especialista, ¢ a aparéncia dos herdis ce dos figurantes das obras de fieggo, sejam romanescas ou cinematogeéficas, so a réplica exata daquela das personagens das miniaturas medievais, A “wova IDADE MEDIA” DOS HISTORIADORES Os eriadores contemporineas mostram-se acentas mesmo a uma novs maneira de “fazer a hist6ria”, simbolizada por erés obras maiores: O dlomingo de Bouvines, de George Duby, em 1973, Monxaillor, povoado accitinico, de En manuel Le Roy Ladurie, em 1975, ¢ O nascimento do Purgetirio, de Jacques Le Goff, em 1981, que delinciam a face de uma “outra Idade Média’, [dade Mé~ dia das profundezas, dos fundamentos, das estruturas, ressuscitada, desde 1964, por Jacques Le Goff em A civilizagio do Ocidente medieval, Esra “Nova Histéria” prolonga e aprofunda as fulgurantes incuicdes formuladas em 1860 por Michelet em A feiticein, relativas 3 biseéria dos corpos, dos marginais, das mulheres, das sensibilidades coletivas. Desenvolve, sobretudo, a renovasio da histéria social operada por Mare Bloch - fundada sabre os empréstimos meto- a7 Diciawiria Temetica da Ocidente Medievtl dologicos recebidos das jovens cidncias sociais: a soctologia, a etnologia e sobre- cudo a antropologia - que desemboca, com Os reis taronaturgos. em 1924, num, esboso de histéria das mentalidades. bosquejo de uma antropologia histérica, Aplicada 3 histéria medieval, a “revolugio cultural” provocada pela fundagio da tevista Annales por Lucien Febvre ¢ Mare Bloch em Estrasburgo, em 1929, reve por conseqiiéncia a apati¢éo de novas problemiticas ¢ de novos objetos, a destruigéo de velhos mitos romanticos, enfim, uma nova visio da cronologia medieval inspirada pela “longa duragao” braudeliana. Encre os grandes canrciros abertas pela Escola dos Annales, crés so pace ticularmente mais inovadores: 1) o dos sistemas de parentesco, no qual se so- bressai a influéncia de Ansropologia estrutural de Claude Lévi-Straus, € da his- téria das mulheres, continentwy por muito tempo injustamente Igsorado ¢ a0 qual Georges Duby consagrou suas iimas publicagées: 2) a histéria dos cor- os, cujas principais oriencagdes articulam-se em corno dos comporcamencos alimentares ¢ vestimentais, as relagdes amorosas, as aticudes face 4 doenga, ao sofrimento ¢ & motte; 3) os sistemas de representagdes, enfim, que constitucm © coragao, 0 “nticleo dura” da histéria das mentalidades, deste imaginirio me- dieval que Jacques Le Goff foi um dos primeiros a explorar, enquanto Jean Claude Schmire propunlia uma Idade Média dos gestos e das imagens. De seu lado, Georges Duby passou do estudo do mundo rural do Ocidente medic a0 mergulho nas mencalidades medievais evocadas por meio das produgies ar- tisticas ¢ estéticas do Tempo des catedrais (1976). Revisando a Kdade Média, os aurores da Nova Histéria desembaraga- ram-na de todas as escérias, de todos os clichés foleléricos que a haviam des- 1 “quebrou 0 Figurado. Em Le droit de enissége, por exemplo, Alain Boure pescoco”, em 1995. de um dos mais eélebres miros rominticos. No pkino cronoldgi ras: a derrocada da Antigiiidade romana sob a vaga das hordas barbaras vin- das das estepes da Asia Central, eas eras da noite medieval varridas pela au- rora da Renascenga. Ora, a hiscoriografia mais recente substicuin a nogio de ruptura brutal pela de evolugio e cransigio lenta, no mesmo momento em que a reflexio politica repudiou o desejo de cabula rasa revolucionsria nasci- os romanticos haviam do inicio ao fim duas rupturas assustado- da da fascinagio cega dos inceleccuais por “este grande clardo no Leste”. A partir do conceito de “Antigiiidade Tardia’, pelo qual Henri-[rénée Marrou ¢ Peter Brown substicuiram 0 de “Baixo Império”, Jacques Le Goff propée uma cronologia provocativa, fundada sobre conceito braudeliano de “lon- ga duracio”. Tratarse de uma [dade Média muico lynga, nascida de uma An- 548 [dade Média tigiiidade Tardia prolongada até o século X, dividida em wés seqiigncias rem- porais: uma Idade Média Central que vai do ano 1000, desembaragado de seus pretensos terrores, & grande peste de 1348; uma Idade Média Tardia, da Guerra dos Cem Anos & Reforma Protestante; por fim, um longuissimo Ou- tono da Idade Média (Huizinga) terminando, no nivel das estruturas politi- cas, com a Revolugao Francesa ¢, no plano das mentalidades, com a Revolu- (do Industrial do século XIX... Em 1982, um autor de excepcional envergadura intelectual, Umberto Eco, medievalista, semidlogo ¢ romancista — que seduziu mais de onze mi- Ihses de leitores por todo o mundo com um erudito e sutil romance 4 meio caminho enere Rabelais e sit Arthur Conan Doyle ~ realiza com O nome da rosa a sintese entre ressurteigio romantica da Idade Média, tal come o Gizera Victor Hugo com Nosre-Dame de Puris, ¢ a rentativa de percepgio global da sociedade medieval operada pela Escola dos Annales hii cerca de trinta ano: Ha, por fim, um dltime fendmeno gragas ao qual a Franga do “fim do século” distingue-se, na sua abordagem da dade Média, da época romantica Ha 150 anos, a redescoberta deste longinquo “planeta” sé conceria & clive cultivada e afortunada da sociedade francesa. Hoje, ¢ quase que 20 conjunto da populagio que se enderesa, se nio a renovacéo dos estudos medievais, a0 menos 0 grande rerorno da Idade Média, sob a dupla forma do turismo tural e da pseudofesta de fantasias medievalescas, da qual a moda se propagou como um rastilho de pélvora, hé 15 anas, na Franga profunda. No comego, esta situagio foi, calvez, o resultado de um concurso de cit- cunstancias: em 1975, © inesperado sucesso de Montaillow, poveado accitini- co, obra de um erudito professor do College de France, publicada pela edito- ra Gallimard na austera colegio “Bibliotheque des Histoires’, ditigida por Pierre Nora, foi levada pela onda do regionalismo occitano ¢ bretio ~ 0 criuin- fo de Moniaillou é contemporineo ao de Cheval d orgueil de Pierre-Jakex Hé- lias ~ no momento em que se questionava os efeitos negativos do crescimen- to (poluigéo desastrosa, éxodo rural. desertificagao dos campos. des de espécies animais ¢ vegetais etc.), crazendo retrospectivamente a redescober- ta um pouco idealizada das raizes rurais ¢ medievais da civilizagao moderns. deste “mundo que perdemos” ea contestagio do papel cencralizador do Esta- do jacobino, especialmente nas regides Uo planalto de Larzac e no Sul da Fran- ga. Desta perspectiva. Monzaillon prolonga ¢ acompanha 0 sucesso edicorial do helo afresco que Michel Roguebert consagrou. de 1970 @ 1996, na edito- ra Privat de Toulouse, a Epopee carlure ¢ a este lugar de meméria fundador ow Diciamtrio Tenattied do Ocidente Medien! para a identidade occitana que se constitui Monsségur, tornado ha crinta anos uma espécie de local de peregrinagio emblemicica... Por outro lado, para tornar mais acessivel a um maior ntimero de leito. res os avangos da pesquisa cientifica, os representantes da Nova Hist6ria req. tam com sucesso a relagao com um género histérico que os fundadores da re. vista Annales voravam & execragio publica, mas que fora da Franca os historia. dores —em especial nos paises anglo-saxénicos ~ sempre pracicaram de manei- ra fecunda: a biografia. Abandonando anedoras pitorescas ¢ facos diversos, a biografia torna-se acualmente um quadro cronoligico passado na sua globalidade. Por fim, os classics da lirerarura medieval estao acualmente acessiveis ao. grande ptiblico em edigées bilingic de bolso: estio a0 lado de uma selecio de cléssicos da literacura romantica inspirada pe- los cempos medievais que, para os apaixonados pela histéria, permanecem uma fonre de emogies sempre vivas. Em 1981, resenhando, em Temps immabile, publicagio de um volume de Micheler na colecao “Bouquins”. Claude Mau- “simplesmente li Michelet, 0 da Idade Média, em estado de arre- batamento, tomiando a palavra no sentido de éxtase, encancamento, exaltagio” © mais importance, no enranto, & outra coisa: na aurora do terceiro mi- lénio, a Europa, com a ampliagio do seu espago comunicério « de sua construgio, reencontra a face da Cristandade medieval sem o pior — as epidemias de peste. as fomes. as guerras civis, as cruzadas religiosas — ¢ sim com o melhor, em culturais ¢ inrelec | para apreender 0 naz pracelciras das livrarias cles riac observ: celeragio ticular a incensidade das trocas comerciais, artisticas, iS. Criristian AMatvt Tiducao de fosé Carlos Estévio 550. Mdade Media Orientasio bibliogréfica AMALML, Christin, Le Gis de Moye dg. Pats, 196. APPRENDRE le Moyen Age aujourd'hui, 1987. (wimero capesal de Médias 13) ATSMA, Maca dials. Pati, 1990. BURGUIEKE, Ande Mare Bloc anand Histoitecopan sccm > BAUMGARTNER, f ; LEDUC-ADINE. .-P (ed). Moyen Agee NIX ele le mirage Wes origincs. 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