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FACULDADE HÉLIO ROCHA / PSIQUE


PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA ANALÍTICA

LÚCIA MARIA DA SILVA BARBOSA

DEPENDÊNCIA QUÍMICA: uma leitura à luz da psicologia analítica


junguiana

Salvador
2018
LÚCIA MARIA DA SILVA BARBOSA

DEPENDÊNCIA QUÍMICA: uma leitura à luz da psicologia analítica


junguiana

Trabalho apresentado como requisito parcial para


avaliação da disciplina Psicopatologia II do curso
de especialização em Psicoterapia Analítica
Junguiana.

Prof.: Michele Campos

Salvador
2018
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 3

1. DEPENDÊNCIA QUÍMICA: UMA PSICOPATOLOGIA 4

2. A ABORDAGEM JUNGUIANA 7

CONSIDERAÇÕES FINAIS 10

REFERÊNCIAS 11
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INTRODUÇÃO

O autoconhecimento de cada indivíduo, a volta do ser humano às suas origens,


ao seu próprio ser e à sua verdade individual e social, eis o começo da cura da
cegueira que domina o mundo de hoje. O interesse pelo problema da alma
humana é um sintoma dessa volta instintiva a si mesmo. Que este meu trabalho
esteja a serviço desse interesse (JUNG, 1987).

O consumo de substâncias psicoativas, durante o último século, tem provocado inúmeras


consequências, deixando de ser entendida como um comportamento de déficit de caráter para ser
analisado como doença. Essa mudança foi fundamental para uma nova concepção da dependência
química, repercutindo, sobretudo, nas suas formas de tratamento, expandindo seu alcance para
abordagens de natureza biológica, psicológica e social.

No último século, as internações, uma forma de tratamento muito utilizada com o objetivo
de se atingir a abstinência monitorada, foram sendo substituídas por tratamentos que colocam o
paciente como parte ativa nessas mudanças, motivando-o a buscar outras maneiras de se
relacionar com o mundo à sua volta, a fim de descobrir as razões que o levaram a consumir tais
substâncias e fazendo com que esse indivíduo desenvolva outras formas de lidar com os seus
problemas.

Segundo o Ministério da Saúde, “a manifestação de uso recorrente, independente dos


problemas relacionados ao uso da substância, no conjunto de sintomas cognitivos,
comportamentais e fisiológicos, caracterizam o transtorno de uso de substâncias psicoativas” 1.
Por esse motivo, o consumo de álcool e outras drogas passou a ser considerado um problema de
saúde pública.

O indivíduo que passa à condição de dependente químico busca nessas substâncias uma
solução para seus problemas. Aos poucos, vai acumulando perdas e limitações que advém do
vício, o que dificulta o acesso a questões mais inconscientes e profundas de sua vida. O desafio,
para o profissional que trata desses tipos de paciente, é definir o melhor tratamento em cada caso,
buscando uma abordagem que vá além dos sintomas ocasionados pelo uso ou pela abstinência.

1
Disponível em: http://portalms.saude.gov.br/saude-para-voce/saude-do-adolescente-e-do-jovem/uso-de-alcool-e-
outras-drogas. Acesso em: 25/05/2018.
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A psicologia analítica, no que diz respeito às dependências, de maneira geral, propõe uma
investigação de fatores emocionais preponderantes, que levem o sujeito a ter o seu psiquismo
afetado pela própria condição de dependência, capaz de influenciar a sua vontade. Pode ocorrer,
por conta disso, uma ruptura que leva os elementos subjetivos a sofrerem repressão (ARAÚJO,
2014).

Há poucas referências específicas a dependências, tanto químicas como não- químicas na


obra de Jung. Em "Estudos psiquiátricos" (1903/2011), o autor relata uma série de casos, onde faz
referência ao alcoolismo e a "deficiência moral" em quatro pacientes. Apesar de Jung não se
referir a estes casos como uma patologia específica, a muitos deles denomina como "diagnóstico
de deficiência moral", talvez hoje pudessem ser entendidos como dependências (ARAÚJO,
2014).

O tratamento, por sua vez, está focado na mudança de padrões de comportamento


relacionados à motivação inicial pelo uso excessivo de substâncias químicas, auxiliando o
indivíduo no seu processo de autocura, na medida em que ele é orientado a buscar novas atitudes
para lidar com as suas questões conflitantes. A relação entre o consumo de substâncias
psicoativas e a psique está alicerçada na tentativa de o indivíduo buscar outras formas de viver
em relação à sua própria realidade.

A leitura e compreensão dos arquétipos, como o herói negativo, por outro exemplo,
também permitem perceber o comportamento do indivíduo no sentido de conquistar espaço em
uma sociedade competitiva e excludente. A dependência química é uma das faces dessa sociedade
e compreender as suas causas é uma das formas mais eficientes de superá-la.

1. DEPENDÊNCIA QUÍMICA: UMA PSICOPATOLOGIA

Ainda que a dependência química seja identificada apenas quando o indivíduo apresente
dificuldades ao lidar com o consumo de drogas legais ou ilegais, o seu comportamento em
relação ao uso de substâncias pode permitir que tal consumo seja, de fato, identificado como uma
psicopatologia. Essas substâncias sempre estiveram presentes na história da humanidade e na
relação do homem com o mundo a sua volta, com o propósito de alterar o funcionamento do
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sistema nervoso central. A diferença é a forma como o uso de psicotrópicos foi vista pela
sociedade em determinado momento histórico.

Ribeiro (2012), ao historicizar o consumo de substâncias psicoativas, destaca os


momentos em que o consumo de drogas foi inserido no meio social: seja no regime alimentar dos
povos do paleolítico e neolítico; o consumo religioso dentro dos rituais pagãos sobre a vida e a
morte nas civilizações egípcia, grega e romana; o renascimento até a revolução tecno-científica,
em que as substâncias psicoativas foram convertidas em produtos comerciais e medicamentos.

Atualmente, vive-se um período de normatizações e repressões, em que o consumo de


drogas se transformou em uma doença quase epidemiológica, visto que seu uso torna-se cada vez
mais difícil de ser controlado. A tentativa de se enquadrar nas demandas sociais leva o indivíduo
a um caminho de busca por satisfação pessoal. Para muitos, um caminho sem volta.

O benefício inicial que a droga proporciona leva o indivíduo a buscar doses maiores e a
partir daí ela passa a ser um problema ainda pior, visto que a abstinência traz outros sintomas
fisiológicos e psicológicos. Por esse motivo, o consumo da droga não pode ser retirado de
maneira imediata, sob pena de trazer ainda mais danos. Desse modo, o tratamento da dependência
química deve ser realizado de maneira articulada e as causas do consumo compreendidas junto ao
paciente.

O Código Internacional de Doenças registra em seu capítulo V (F10-F19) os transtornos


mentais e comportamentais devidos ao uso substâncias psicoativas e suas subdivisões. Os
usuários, por sua vez, são classificados em quatro categorias:

Experimentador: Primeiro contato com a substância, na qual geralmente


acontece em uso social e se descobre o que ela faz dentro de seu corpo. Usa-se
por curiosidade, influência ou quaisquer outros motivos, mas geralmente não se
ultrapassa da primeira experiência; Ocasional: Há o uso da substância em
momentos específicos e ocasionais, com quantidade moderada e não se sente
falta da substância. Geralmente é utilizada para interação social, festas, entre
outros; Habitual: Usa-se com frequência, e sua regularidade e controle são o
limite para a dependência; Dependente: Necessidade e falta de controle para
uso, “vivendo” para consumo da substância e pelo uso desta, não ponderando
risco, perdas e prejuízos (Secretaria de Previdência do Ministério da Fazenda). 2

2
Disponível em: http://www.previdencia.gov.br/dados-abertos/estatsticas/tabelas-cid-10/. Acesso em: 25/05/2018.
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Os usuários de substâncias psicoativas, por sua vez, são classificados em quatro


categorias, segundo a OMS: Não usuário: Nunca fez uso de uma substância X; Usuário Leve:
utilizou a substância, mas no último mês não se teve consumo diário ou semanal; Usuário
Moderado: Utilizou a substância semanalmente, mas não diariamente no último mês; Usuário
pesado: Utilizou a substância todo dia do último mês.

Os critérios diagnósticos da dependência de substâncias psicoativas são, dentre outros:


compulsão para o consumo; aumento da tolerância; síndrome da abstinência; alívio ou evitação
da abstinência pelo aumento do consumo; relevância do consumo; estreitamento ou
empobrecimento do repertório e reinstalação da síndrome de dependência (KAPLAN, HARLD,
1997).

Há que ressaltar, contudo, que, ainda que um indivíduo se enquadre em uma das
classificações descritas, a droga tem efeitos distintos em cada organismo. É preciso considerar
outros fatores, que não apenas o seu uso constante, como o significado que é dado ao uso da
droga bem como sua motivação, além dos prejuízos causados pelo seu consumo e os efeitos
causados pela falta do uso. Assim, em determinado momento o consumo passa a ser, de fato, um
transtorno de dependência de substâncias psicoativas. Palomo e Silveira (2006) indicam o século
XX como o momento em que:

[...] o consumo de substâncias psicoativas se torna definitivamente um assunto


de domínio público, onde os mais diferentes grupos, com as mais ímpares
formações e intenções, emitem juízos de valor e criam sistemas de pensamento,
visando a compreensão dos motivos humanos que fomentam seu uso, abuso e
eventual manutenção de um estado de dependência, de forma a sustentar o
aparecimento de conceitos e preconceitos (PALOMO E SILVEIRA, 2006, p.
201).

Essa necessidade de realizar “viagens” indica uma habilidade autônoma da psique para
buscar respostas para os mistérios da vida que não são alcançadas normalmente. A droga, por sua
vez, do ponto de vista da psicologia analítica, atua como “facilitadora dessa vivência anímica,
como mensageira e condutora, para esse mundo desconhecido, para tudo aquilo que não é
possível denominar ego” (PALOMO E SILVEIRA, 2006, p. 202).

Desse modo, a dependência química é entendida como transtorno a partir do momento em


que manifesta o descontrole humano a fim de reduzir ou eliminar uma emoção negativa, como a
ansiedade, o medo, a depressão, a raiva, e precisa de uma substância psicoativa para isso. A
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dependência, nesse sentido, é muito mais que fuga, ela se transforma em uma necessidade vital
de combater os sintomas que o próprio consumo produziu.

2. A ABORDAGEM JUNGUIANA

Apesar de a dependência química que marca os transtornos mentais e comportamentais


oriundos do uso de substâncias psicoativas ter aumentado consideravelmente em nosso século, a
psicoterapia parece ter tido pouco sucesso no campo das toxicomanias, em relação a outros tipos
de problemas. Ou seja, quando vistas dentro de períodos longos de tempo, as remissões breves
são frequentes e enganadoras. Isso se deve, dentre outros, ao conceito que se tem de cura quando
se trata de dependência química, visto que o objetivo da psicologia analítica não é a superação de
um estado de intoxicação, mas de determinadas contradições e de sofrimentos psíquicos
inconscientes. (ZOJA, 1992, p. 14).

A motivação pessoal e profunda é central para o tratamento psicoterápico de um indivíduo


que apresente quadro de dependência química, que muitas vezes não é, segundo Zoja (1992).
Com frequência, o tratamento é imposto pelos familiares, no auge de uma crise aguda que
evidencia o seu comportamento antissocial. Ou seja, o paciente não é motivado por um
verdadeiro desejo de enfrentar as suas contradições interiores, e sim pela imposição e necessidade
de aliviar o sentimento de culpa. Passada a crise, as pressões diminuem e o paciente retoma a
vida que levava antes. Assim: “o ego do dependente de drogas parece ser facilmente devorado
não só pelos efeitos da substância como também por todo tipo de emoções intensas e primitivas,
não por acaso análogas àquelas que a própria substância lhe proporciona” (ZOJA, 1992, p. 24).

A necessidade arquetípica de transcender à sua condição psíquica pode levar o indivíduo a


buscar respostas através da iniciação ao uso de substâncias psicoativas, de modo que a liberação
dessa condição também pode ser alcançada mediante uma transcendência à situação anterior.
Essa é, afinal, a chave para desfazer a condição de um dependente químico: é preciso
compreender a sua busca para direcioná-lo para uma dimensão completamente nova (ZOJA,
1992).

A construção arquetípica da figura do herói negativo representa, ainda segundo Zoja


(1992), essa necessidade de transcendência ao sagrado. Palomo e Silveira (2006, p. 207) também
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entendem que o caso da dependência química é análogo à figura de um herói inflado que, “na
tentativa de impulsionar o ego no sentido da transformação, aprisiona-se quando do contato com
o numinoso”. Essa experiência do numinoso, segundo os autores supracitados, se efetiva através
da religiosidade, que adquire potências, transcendendo a figura do ego. O uso de substâncias
químicas facilita e impulsiona tais vivências, como uma ampliação do campo vivencial.

Tal necessidade é identificada por Zoja (1992), pela ausência de rituais de passagem na
contemporaneidade. Daí a busca pela iniciação, uma “morte iniciática”, necessária para a entrada
na vida adulta. Trata-se, então, de um ego que se identifica com o arquétipo do herói, e, por isso,
nega-se as fases necessárias e difíceis para a transformação, a busca de si mesmo, o seu processo
de individuação.

A figura de Narciso também conflui, segundo Palomo e Silveira (2006, p. 209), para um
questionamento a respeito de alguns aspectos do processo de individuação “que poderiam
diferenciar o uso não problemático de substâncias modificadoras de consciência do
estabelecimento de uma dependência”.

Na leitura de Batista (2002), o tema central do mito de Narciso é a aceitação e o


relacionamento com o outro. Ao se apaixonar pela própria imagem, Narciso demonstra sua
dificuldade de tomar distância e reconhecer que a imagem a qual ele se identificou é dele mesmo.
Sua fixação, como se sabe, o levará à morte. Paralelamente, em algum momento da vida, é
preciso que o indivíduo busque o seu crescimento a fim de constituir sua identidade, aprendendo
a se relacionar com o outro e aceitar as regras do mundo.

Esse processo de crescimento e evolução do indivíduo faz parte do inconsciente coletivo,


é, portanto, arquetípico e busca o desenvolvimento do ser humano de maneira conjunta, de modo
que a cultura também evolua. A consciência desse processo de evolução é fundamental. Assim, o
dependente químico se comporta como alguém que está preso, como Narciso, ao seu próprio
reflexo, negando a sua própria essência e o seu relacionamento com o outro.

A intuição e a sensação exercem um grande papel no que diz respeito à sujeição das
drogas, segundo Resende (2014). A partir da leitura dos “Tipos psicológicos” de Jung, o autor
acredita que há uma ligação psíquica entre o indivíduo e as drogas psicotrópicas. Trata-se, para o
9

autor, de uma busca natural do ser humano por novas descobertas e respostas, o que, por vezes, o
leva ao uso dessas substâncias.

Para elaborar sua tese, Resende (2014) evoca Zoja (1992) no que diz respeito a sua visão
quanto à figura do heroi, enfatizando a necessidade do indivíduo de viver experiências heróicas e
identificação com figuras de heróis. Desse modo, “a iniciação às drogas acaba por constituir um
ingênuo e inconsciente empreendimento para se conseguir uma identidade e um papel definido,
ainda que negativamente, através e com referência aos valores sociais” (RESENDE, 2014, p. 9).

Nessa mesma esteira, Fortim e Araújo (2014) abordam o arquétipo do herói para
investigar o comportamento do indivíduo quanto à dependência química, mas acrescentam,
também, o dinamismo arquetípico das consciências apolínea x dionisíaca para entender o
funcionamento psíquico do ser humano diante das dependências. Partindo da leitura de Bauer
(1982), os autores ressaltam que o uso de substâncias funciona como uma via por meio da qual se
atinge um mundo onde tudo pode acontecer. Dessa maneira:

Bauer (1982) acredita que o dinamismo arquetípico das consciências apolínea x


dionisíaca seria a melhor forma de entender as dependências. Segundo a autora,
Jung aponta que o elemento dionisíaco, que contempla a embriaguez e a
possessão teria sido reprimido pela igreja cristã, que transformou esses
elementos no demônio. Os dependentes seriam pessoas possuídas pelo lado
escuro do arquétipo dionisíaco negligenciado. Bauer acredita que o alcoolismo é
um modo de agir anti-persona. Muitos dependentes teriam a configuração de
mostrarem-se com uma persona apolínea e rígida, e viverem na sombra seus
aspectos dionisíacos e de libertação; por intermédio do álcool, seria possível
vivenciar essa sombra negligenciada (FORTIM E ARAÚJO, 2014, p. 3/4).

Guardadas as devidas diferenças, sobretudo de natureza social, associadas ao uso do


álcool em relação ao uso de outras drogas, a dependência é uma forma de assumir aquilo que foi
reprimido, vivenciar a sombra. Essa “liberação” proporcionada pelo uso das substâncias
psicoativas, portanto, é almejada pelo indivíduo. Quando ele percebe que seus anseios não estão
sendo satisfeitos, ele consome ainda mais, agora na tentativa de controlar os sintomas causados
pela abstinência.

Dioniso é a imagem da libertação, no entanto esse lado de Dioniso vai revelando, aos
poucos, seu lado sombrio, como a “loucura, selvageria e destrutividade” (FORTIM E ARAÚJO,
2014, p. 4). A dualidade vai se acentuando: o indivíduo vive, ao mesmo tempo, uma experiência
que lhe dá a impressão de liberdade, mas que também o aprisiona. Palomo e Silveira (2006)
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compartilham da mesma interpretação, mas acrescenta que, tanto no mito do herói como no mito
de Dioniso, a figura arquetípica remete não apenas à busca de um sentido para a vida, mas a
própria experiência de estar vivo.

Entre o uso não problemático de substâncias que modificam a consciência e o estado de


dependência há alguns aspectos do processo de individuação que podem diferenciá-los. Como o
material psíquico em estado inconsciente deseja sempre se manifestar, a condição de dependência
é facilmente alcançada, e o retorno para a condição anterior, mais difícil. Por isso é tão
importante avaliar as motivações mais profundas do indivíduo e que o tornaram usuários de
drogas.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com o consumo abusivo das drogas, surgem inúmeras discussões acerca dos tratamentos
que podem ser oferecidos aos indivíduos que se encontram em situação de dependência de
substâncias psicoativas. A disposição do paciente para ser tratado é essencial como no tratamento
de qualquer tipo de transtorno. No caso da dependência química, no entanto, é preciso fugir da
imagem de que se trata de uma vítima, a fim de dispor de um relacionamento particular que
investigue as razões que o levaram a buscar o uso dessas substâncias para suprir alguma das suas
necessidades que são, em primeira instância, psíquicas.

Outro ponto importante no que diz respeito ao atendimento clínico a um dependente


refere-se ao que tradicionalmente se entende por cura, visto que o controle do consumo ou até o
seu fim pode gerar um retorno a médio prazo ou até uma crise aguda de abstinência, o que viria a
frustrar o paciente e gerar a sua desistência pelo tratamento.

A motivação pessoal para o consumo é, portanto, a chave para o atendimento clínico. A


psicologia analítica propõe que a investigação seja feita no sentido de particularizar ao máximo o
atendimento – de modo que a reprodução de um modelo é dificultada. O encaminhamento do
paciente deve ser feito na direção em que ele mesmo possa reconhecer o seu problema, à procura
do seu daimon, do sentido da sua existência.

Outra via fundamental por meio da qual o acompanhamento terapêutico pode ser eficaz é
no sentido de promover a reinserção social do dependente, de modo que ele possa focar em
11

outros objetivos, enxergar novas perspectivas, evitando recaídas. O dependente químico é


portador de uma psicopatologia e muitas barreiras psíquicas e sociais precisam ser vencidas para
que esse problema seja tratado com a seriedade que ele requer.

REFERÊNCIAS

BATISTA, J.D. Um paralelo entre o mito de Narciso e a dependência química dentro de uma
abordagem junguiana. São Paulo: Facis/IBEHE, 2002. Disponível em:
https://pt.scribd.com/document/38763880/um-paralelo-entre-o-mito-de-narciso-e-a-dependencia-
quimica-dentro-de-uma-abordagem-junguiana. Acesso em: 25/05/2018.

FORTIM, I.; ARAÚJO, C.A. Psicologia analítica e as dependências: uma revisão. Revista
junguiana, n. 32/2 – Desmedida, falta e excesso, 2014. Disponível em:
http://pesquisa.bvsalud.org/brasil/resource/pt/psi-59390. Acesso em: 25/05/2018.

KAPLAN, HARLD I. Compêndio de psiquiatria: ciências do comportamento e psiquiatria


clínica / Harold I. Kaplan, Benjamim J. Sadock e Jack A. Grebb; trad. Dayse Batista. – 7.ed. –
Porto Alegre: Artmed, 1997.

PALOMO, V.; SILVEIRA, D.X. Transtorno da dependência de substâncias psicoativas. In:


LAUREIRO, M.E.S. Et al. Psicopatologia psicodinâmica simbólico-arquetípica: una
perspectiva junguiana de integración em psicopatolgia y clínica analítica 1. Montevideo:
Universidad Católica, 2006.

RESENDE, C.A. A intuição e a sensação em dependentes de drogas na perspectiva da


psicologia analítica. (2014) Disponível em: http://br.monografias.com/trabalhos3/intuicao-
sensacao-dependentes-drogas-psicologia/intuicao-sensacao-dependentes-drogas-psicologia.shtml.
Acesso em: 25/05/2018.

RIBEIRO, M. Drogas – uma leitura junguiana da história e da clínica das dependências.


Sociedade Brasileira de Psicologia Analítica de São Paulo, 2012. Disponível em:
https://www.researchgate.net/publication/283184995_Drogas_-
_uma_leitura_junguiana_da_historia_e_da_clinica_das_dependencias. Acesso em: 25/05/2018.

ZOJA, L. Reflexões sobre o problema. In: Nascer não basta. São Paulo: Axis Mundi, 1992.

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