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Feminicídio: O que é

“O feminicídio é a instância última de controle da mulher pelo homem: o


controle da vida e da morte. Ele se expressa como afirmação irrestrita de
posse, igualando a mulher a um objeto, quando cometido por parceiro ou ex-
parceiro; como subjugação da intimidade e da sexualidade da mulher, por meio
da violência sexual associada ao assassinato; como destruição da identidade
da mulher, pela mutilação ou desfiguração de seu corpo; como aviltamento da
dignidade da mulher, submetendo-a a tortura ou a tratamento cruel ou
degradante.”,
Comissão Parlamentar Mista de Inquérito sobre Violência contra a
Mulher (Relatório Final, CPMI-VCM, 2013)

Feminicídio é o assassinato de uma mulher pela condição de ser mulher.


Suas motivações mais usuais são o ódio, o desprezo ou o sentimento de perda
do controle e da propriedade sobre as mulheres, comuns em sociedades
marcadas pela associação de papéis discriminatórios ao feminino, como é o
caso brasileiro.

“O feminicídio representa a última etapa de um continuum de violência que leva


à morte. Seu caráter violento evidencia a predominância de relações de
gênero hierárquicas e desiguais. Precedido por outros eventos, tais como
abusos físicos e psicológicos, que tentam submeter as mulheres a uma lógica
de dominação masculina e a um padrão cultural de subordinação que foi
aprendido ao longo de gerações”.
Lourdes Bandeira, socióloga, pesquisadora e professora da Universidade
de Brasília. (Leia mais)

Feminicídio no Brasil
Com uma taxa de 4,8 assassinatos em 100 mil mulheres, o Brasil está
entre os países com maior índice de homicídios femininos: ocupa a
quinta posição em um ranking de 83 nações, segundo dados
do Mapa da Violência 2015 (Cebela/Flacso).

“Essa situação equivale a um estado de guerra civil permanente.”


Lourdes Bandeira, socióloga, pesquisadora e professora da Universidade de Brasília.

A realidade pode ser ainda pior do que o cenário expresso pelos


números de assassinatos de mulheres levantados em
algumas pesquisas de vitimização. Por falta de um tipo penal
específico até pouco tempo, ou de protocolos que obriguem a clara
designação do assassinato de uma mulher neste contexto
discriminatório em grande parte da rede de Saúde ou da Segurança
Pública, o feminicídio ainda conta com poucas estatísticas que
apontem sua real dimensão no País.

O Mapa da Violência 2015 (Cebela/Flacso) é uma referência sobre o


tema e revelou que, entre 1980 e 2013, 106.093 brasileiras foram
vítimas de assassinato. Somente em 2013, foram 4.762 assassinatos
de mulheres registrados no Brasil – ou seja, aproximadamente 13
homicídios femininos diários.

Além de grave, esse número vem aumentando – de 2003 a 2013, o


número de vítimas do sexo feminino cresceu de 3.937 para 4.762, ou
seja, mais de 21% na década.

O Ipea também levantou dados sobre os homicídios de mulheres e


produziu um mapa que revela quais são os Estados brasileiros onde
mais se matam mulheres.

O ESTUPRO

“O estupro ofende as mulheres, não só no corpo possuído pelo prazer


e ímpeto de tortura do agressor, mas principalmente porque nos
aliena da única existência possível: a do próprio corpo.”
Debora Diniz, antropóloga, professora da Universidade de Brasília e pesquisadora da
Anis – Instituto de Bioética, Direitos Humanos e Gênero, em artigo publicado em
2013 no jornal O Estado de S. Paulo.

O estupro ainda vitima milhares de mulheres de todas as idades


cotidianamente no Brasil e no mundo. Suas consequências para as
vítimas são severas e desvastadoras: a violência sexual tem sérios
efeitos nas esferas fi ́sica e mental, no curto e longo prazos, conforme
aponta a pesquisa Violência sexual: estudo descritivo sobre as vítimas
e o atendimento em um serviço universitário de referência no Estado
de São Paulo (Caderno de Saúde Pública, maio/2013).

Segundo o estudo, entre as consequências fi ́sicas imediatas estão a


gravidez, infecções do aparelho reprodutivo e doenças sexualmente
transmissi ́veis (DSTs). Em longo prazo, as mulheres podem
desenvolver distúrbios na esfera da sexualidade, apresentando ainda
maior vulnerabilidade para sintomas psiquiátricos, principalmente
depressão, pânico, somatização, tentativa de suici ́dio, abuso e
dependência de substancias psicoativas.

Além de afetar a saúde física e psíquica das vítimas, atinge toda a


sociedade ao colocar o medo do estupro como um elemento da
existência das mulheres que pode limitar suas decisões e,
consequentemente, afetar seu pleno potencial de desenvolvimento e
sua liberdade. Um levantamento realizado pela campanha Chega de
Fiu Fiu com 7.762 mulheres internautas revelou, por exemplo, que
81% das participantes já deixaram de fazer alguma coisa de que
gostaria, como sair a pé ou ir a algum lugar, por medo de sofrer
assédio nas ruas.

De acordo com o Estatuto de Roma do Tribunal Penal Internacional,


promulgado no Brasil, a agressão sexual, escravidão sexual,
prostituição, gravidez e esterilização forçadas ou qualquer outra
forma de violência sexual de gravidade comparável constituem
crimes contra a humanidade. Segundo a Organização Mundial da
Saúde (OMS), a violência sexual é um problema de saúde pública de
escala global.

O que é
“A violência sexual é a mais cruel forma de violência depois do
homicídio, porque é a apropriação do corpo da mulher – isto é,
alguém está se apropriando e violentando o que de mais íntimo lhe
pertence. Muitas vezes, a mulher que sofre esta violência tem
vergonha, medo, tem profunda dificuldade de falar, denunciar, pedir
ajuda.”
Aparecida Gonçalves, secretária nacional de Enfrentamento à Violência contra as
Mulheres da Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República.

De acordo com a OMS, violência sexual é “qualquer ato sexual ou


tentativa de obter ato sexual, investidas ou comentários sexuais
indesejáveis, ou tráfico ou qualquer outra forma, contra a
sexualidade de uma pessoa usando coerção”. Pode ser praticada,
segundo o organismo, por qualquer pessoa, independentemente da
relação com a vítima, e em qualquer cenário, incluindo a casa e o
trabalho.
No Código Penal brasileiro
No Brasil, estupro é constranger alguém, mediante violência ou grave
ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele
se pratique outro ato libidinoso – conforme definido no capítulo
sobre os crimes contra a liberdade sexual do Código Penal, após as
alterações promovidas em 2009 com a Lei nº 12.015.

Violência sexual no Brasil


“A violência sexual é um fenômeno universal, em que não existem
restrições de sexo, idade, etnia ou classe social. Embora atinja
homens e mulheres, as mulheres são as principais vítimas, em
qualquer período de suas vidas. E as mulheres jovens e adolescentes
apresentam risco mais elevado de sofrer esse tipo de agressão”.
Violência sexual: estudo descritivo sobre as vítimas e o atendimento em um serviço
universitário de referência no Estado de São Paulo, por Cláudia de Oliveira Facuri et
al. (Caderno de Saúde Pública, maio/2013).

Segundo o 9º Anuário Brasileiro de Segurança Pública (Fórum


Brasileiro de Segurança Pública, 2015), em 2014, foram registrados
47.643 casos de estupro em todo o país. O dado representa um
estupro a cada 11 minutos.

É importante lembrar que, além da conjunção carnal, desde 2009,


com a alteração no Código Penal, atos libidinosos e atentados
violentos ao pudor também passaram a configurar crime de estupro.

O agressor da criança frequentemente é o pai, padrasto ou um


conhecido

Segundo o relatório Estupro no Brasil, uma radiografia segundo os


dados da Saúde (Ipea, 2014), 24% dos agressores das crianças são os
próprios pais ou padrastos e 32% são amigos ou conhecidos da
vítima. O agressor desconhecido passa a configurar como principal
autor do estupro à medida que a idade da vítima aumenta,
respondendo por 61% dos casos de estupro de pessoa adulta.
Estupro cometido por parceiro íntimo
“Ainda não temos números das ocorrências de estupro doméstico
porque, infelizmente, persiste na cultura brasileira uma ideia de que é
obrigação da mulher ‘servir’ ao marido – então, muitas vezes, ela não
reconhece a violência que sofre ou não denuncia o parceiro.”
Aparecida Gonçalves, secretária nacional de Enfrentamento à Violência contra as
Mulheres da Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência.

Outro ponto que dificulta o levantamento estatístico da violência


sexual é que no âmbito das relações afetivas, muitas vezes, o estupro
não é identificado. Embora menos visibilizado, o crime pode ser
cometido tanto por desconhecidos como por conhecidos, inclusive
em relações como o namoro ou casamento.

Em levantamento recente realizado com 2.285 jovens de 14 a 24


anos – #meninapodetudo: machismo e violência contra a mulher
(Énois Inteligência Jovem/Instituto Vladimir Herzog/Instituto Patrícia
Galvão, 2015), 47% das entrevistadas relataram que já foram
forçadas pelo parceiro a ter relações.

Mais de 500 mil pessoas são estupradas no


Brasil a cada ano, estima o Ministério da
Saúde
De acordo com a Nota Técnica Estupro no Brasil: uma radiografia
segundo os dados da Saúde (Ipea, 2014), a partir de informações
coletadas em 2011 pelo Sistema de Informações de Agravo de
Notificação do Ministério da Saúde (Sinan), estima-se que no mínimo
527 mil pessoas são estupradas por ano no Brasil e que, destes casos,
apenas 10% chegam ao conhecimento da polícia.

Os registros do Sinan mostram que 89% das vítimas são do sexo


feminino e que 70% dos estupros são cometidos por parentes,
namorados ou amigos/conhecidos da vítima.

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