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Letícia de Paula
PSICANÁLISE INFANTIL:
UMA INTERSECÇÃO ENTRE A TEORIA E A PRÁTICA
SÃO PAULO
2017
SECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDE- SES -SP
COORDENADORIA DE RECURSOS HUMANOS-CRH
GRUPO DE DESENVOLVIMENTO DE RECURSOS HUMANOS-GDRH
CENTRO DE FORMAÇÃO DE RECURSOS HUMANOS PARA O SUS
“Dr. Antonio Guilherme de Souza”
SECRETARIA DE ESTADO DA GESTÃO PÚBLICA
FUNDAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO ADMINISTRATIVO – FUNDAP
Letícia de Paula
PSICANÁLISE INFANTIL:
UMA INTERSECÇÃO ENTRE A TEORIA E A PRÁTICA
SÃO PAULO
2017
Aos pacientes atendidos durante esta
caminhada, que me proporcionaram
reflexões pessoais e profissionais.
AGRADECIMENTO
Aos meus pais, Jair e Valéria, pelos exemplos e por acreditarem no meu potencial,
sempre incentivando a dar continuidade aos estudos.
À minha irmã Larisse, por existir, ser minha companheira e amiga de todas as horas,
pelo incentivo constante, apoio, carinho, acolhimento, apesar da distância e das
minhas ausências.
À minha orientadora Mariangela, pela orientação a este trabalho e por tudo o que me
ensinou em cada atendimento supervisionado.
RESUMO
INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 07
OBJETIVO ............................................................................................................... 08
METODOLOGIA ...................................................................................................... 09
1. BRINCAR ............................................................................................................. 10
2. PSICANÁLISE INFANTIL ..................................................................................... 14
2.1. Breve Histórico ............................................................................................. 14
3. A TÉCNICA DO BRINCAR DE MELAINE KLEIN ................................................ 18
3.1. O papel do analista: a interpretação ........................................................... 21
4. APRESENTAÇÃO DO CASO CLÍNICO .............................................................. 24
5. ANÁLISE .............................................................................................................. 30
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................. 33
REFERÊNCIA BIBLIOGRAFICA.............................................................................. 34
ANEXO I ................................................................................................................... 36
ANEXO II .................................................................................................................. 38
7
INTRODUÇÃO
OBJETIVO
METODOLOGIA
1. O BRINCAR
1 Piaget considera quatro períodos no processo evolutivo, de acordo com as faixas etárias de
desenvolvimento, sendo elas: 1º período - Sensório-motor (0 a 2 anos), 2º período - Pré-operatório (2
a 7 anos), 3º período - Operações concretas (7 a 11 ou 12 anos) e 4º período - Operações formais (11
ou 12 anos em diante).
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2. A PSICANÁLISE INFANTIL
2 Como psicanalista de crianças, Hermine Von Hug-Hellmuth é a autora dos primeiros escritos sobre
a clínica com crianças, mas quem são realmente reconhecidas como primeiras psicanalistas de
crianças são Anna Freud e Melanie Klein.
15
3 Grifo nosso.
19
situações que seriam proibidas na vida real e pode também repetir situações
prazerosas.
O jogo, como os sonhos, são atividades plenas de sentido. A função do jogo é
elaborar as situações excessivas para o ego - traumáticas -, cumprindo uma função
catártica e de assimilação por meio da repetição dos fatos cotidianos e das trocas de
papeis, por exemplo, fazendo ativo o que foi sofrido passivamente.
O jogo não suprime, mas canaliza tendências. Por isso a criança que brinca
reprime menos que a que tem dificuldades na simbolização e dramatização dos
conflitos através desta atividade.
Pelo jogo, a criança demonstra suas fantasias inconscientes, e, ao fazer isso,
integra seus conflitos, facilitando a elaboração das situações traumáticas. A função do
jogo é ressignificar suas vivências.
A criança expressa suas fantasias, desejos e experiências de um modo
simbólico por meio de seus brinquedos e jogos. Ao fazê-lo, utiliza os mesmos meios
de expressão arcaico-filogenéticos, a mesma linguagem que nos é familiar em
sonhos. Para compreender completamente esta linguagem temos que nos aproximar
a ela como Freud nos ensinou a aproximar-nos a linguagem dos sonhos. O simbolismo
é só uma parte desta linguagem. Se desejamos compreender corretamente o jogo de
crianças em relação a sua conduta total durante a hora de análise, devemos não só
decifrar o significado de cada símbolo por separado, embora possam ser claros, mas
também ter em consideração os mecanismos e formas de representar usados pelo
trabalho onírico, sem perder de vista jamais a relação de cada fator com a situação
total (ABERASTURY, 1982).
Klein (1997) ao descrever sobre seus métodos analíticos mencionou que os
brinquedos colocados à disposição da criança são importantes para a técnica da
análise lúdica, pois permite que a criança possa expressar suas fantasias de maneira
ampla.
Ainda sobre a interpretação a autora destaca que o analista deve atentar para
que a interpretação do material clínico seja feita no momento oportuno, numa
apreciação justa e rápida do sentido desse material, que nos fornecerá informações
acerca do estado afetivo atual do paciente. Deverá ainda ter como objetivo
contextualizar o brincar da criança em um todo específico da brincadeira.
O analista não deve temer fazer interpretação, já que o material tornará a surgir
mais tarde para a devida elaboração.
A interpretação tem a função de modificar o caráter dos jogos da criança e fazer
com que a representação desse material se torne mais clara, abrindo a porta do
inconsciente e diminuindo a angústia suscitada, preparando assim, o caminho para o
trabalho analítico.
23
Segundo Klein (1997, p. 28) a criança aceita a interpretação muito fácil que o
adulto, “frequentemente a interpretação tem efeitos rápidos”; a explicação para isso é
porque “em certas camadas de suas mentes, a comunicação entre o consciente e
inconsciente é ainda comparativamente fácil”.
É por meio das interpretações que o vínculo terapêutico se constitui e se
mantem, pois, o paciente sente-se aliviado e compreendido pelo terapeuta.
“O terapeuta tem que saber esperar, tem que suportar o paradoxo e permitir
que o jogo se transforme em verdadeira expressão daquilo que o paciente
quer manifestar e daquilo que o terapeuta deseja saber.
É no encontro entre terapeuta e criança que a hora de ludo adquire verdadeiro
sentido de diagnóstico, de diagnóstico aberto, de expressão do inconsciente.
A hora de ludo ganha dimensão e se oferece a nós como ferramenta principal
para saber da subjetividade de uma criança em pleno potencial e
desenvolvimento” (SIGAL, 2011).
24
Paciente: Mário4
4 Os nomes, deste trabalho, são fictícios conforme Código de Ética Profissional do Psicólogo, 2016.
25
5Para padronizar o relato desta sessão, utilizarei somente o termo fortaleza, já que o paciente, ora
verbalizava fortaleza, ora castelo.
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que ele, assim como os guerreiros, teve um tempo para se recuperar e retornar as
suas atividades.
No jogo, Mário destruiu a fortaleza da terapeuta, portanto venceu o jogo, mas
logo em seguida, também destruiu a sua. Perguntei ao paciente o por que ele destruiu
sua própria fortaleza, Mário respondeu que aquela não era sua fortaleza, pois sua
fortaleza estava dentro dele.
Em seguida, pegou todas as peças, das duas fortalezas destruídas e construiu
sua própria fortaleza “essa é minha fortaleza”, e complementou perguntado se na
semana seguinte seria o último atendimento, sendo respondido que sim. Ao finalizar
a sessão, verbalizou que faria uma outra fortaleza, muito maior que esta.
No último atendimento, Mário construiu três fortalezas, todas com base muito
forte e resistente, e disse novamente que a sua verdadeira fortaleza estava dentro
dele.
Em outro jogo, montou um labirinto, e em sua brincadeira, o carrinho de corrida
conseguia encontrar uma chave que permitia a sua saída.
Retomei com o paciente a dificuldade que ele teve para construir sua fortaleza.
No início dos atendimentos sentia-se perdido, mas encontrou a chave dentro dele,
portanto estávamos encerrando o trabalho com ele muito mais fortalecido, apto para
seguir em frente, já que conseguiu superar muitos obstáculos.
30
5. ANÁLISE
Nas sessões seguintes, Mário passou a brincar de jogos que envolviam disputa,
como futebol de botão e ping-pong (que criou com os demais objetos da caixa lúdica).
No futebol, os pais foram simbolizados pelos times Corinthians e Palmeiras,
demonstrando a intensa rivalidade entre o casal parental após a separação,
alimentando o sentimento de ameaça e insegurança de Mário, inclusive, desejando
que o jogo terminasse empatado. E a partir dos apontamentos, Mário teve clareza de
que esse conflito nada estava relacionado a ele e sim aos pais.
O ping-pong, especificamente a bolinha do jogo, conota sua dificuldade de se
adaptar a sua nova rotina familiar, já que ora estava na casa mãe, ora na casa do pai,
o que causava muito estranhamento e ainda, tinha as constantes consultas médicas,
influenciando diretamente em sua rotina diária.
Em outro jogo, utiliza as bolas para realizar malabarismo que sugere a
capacidade dele de se equilibrar nas situações difíceis, como em sua recuperação
física e em sua dinâmica familiar.
A simbologia do Pokémon Go reitera a capacidade de evolução do paciente
frente aos momentos difíceis em sua vida, já que os bichos do jogo evoluem após
enfrentarem inúmeras batalhas.
Desta forma, a última sessão mostrou que com os atendimentos o paciente
pode se fortalecer, possibilitando sair do labirinto que se encontrava.
A compreensão dos atendimentos mostra que Mário tem um bom potencial
criativo e imaginativo, seguido de condições de simbolizar. Observa-se também
recursos de enfrentamento frente à situação difíceis vivenciadas por ele.
Portanto, evidenciamos que Mário utilizou o jogo para demonstrar suas
fantasias inconscientes, e, ao fazer isso, integrou seus conflitos, facilitando a
elaboração das situações traumáticas. Por meio da interpretação dos jogos, sua
representatividade tornou-se mais clara, abrindo a porta do inconsciente e diminuindo
a angústia.
O material clínico demonstrou mudanças no jogo assim que a ansiedade maior
foi elaborada. Mário passou a brincar de futebol de botão, simbolizando conflito na
relação com os pais, somente após a angústia advinda do acidente e recuperação
física ter sido elaborada.
Ao longo do processo, paciente teve um ótimo aproveitamento dos
atendimentos, mostrando-se muito comprometido com o seu processo de
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6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ANEXO I
_______________________________________________________________
Assinatura da Participante/Responsável
RG_________________________
_______________________________________________________________
Assinatura da Pesquisadora
Letícia de Paula
CRP 06/121507
38
ANEXO II
INSTITUTO DE ASSISTÊNCIA
MÉDICA AO SERVIDOR PÚBLICO ESTADUAL
- IAMSPE
DADOS DO PARECER
Número do Parecer: 1.888.566
Apresentação do Projeto:
PSICANÁLISE INFANTIL: UMA INTERSECÇÃO ENTRE A TEORIA E A PRÁTICA
Objetivo da Pesquisa:
O presente trabalho tem por objetivo reafirmar a importância do lúdico terapêutico,
ilustrar que o brincar tem um significado e que através dele podemos acessar o
inconsciente infantil, auxiliando a criança na elaboração de suas angústias, sintomas
e dificuldades familiares, propiciando o conhecimento da realidade psíquica infantil.
Recomendações:
Enviar relatório final antes da publicação.
Assinado por:
Pedro Rizzi de Oliveira
(Coordenador)