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COMEÇANDO DO ZERO - 2016

Direito Processual Civil – Aula 02


Sabrina Dourado

AULA 02- COMEÇANDO DO ZERO 2016


DIREITO PROCESSUAL CIVIL- PROFª SABRINA c) o escopo político.- é aquele pelo qual o estado
DOURADO busca a afirmação de seu poder, além de incentivar
a participação democrática (ação popular, ação
coletivas, presença de leigos nos juizados etc.) e a
1. JURISDIÇÃO preservação do valor liberdade, com a tutela das
liberdades públicas por meio dos remédios constitu-
Conceito cionais (tutela dos direitos fundamentais).

Conforme ensina Fredie Didier Jr. jurisdição “é a Princípios da jurisdição


função atribuída a terceiro imparcial de realizar o
Direito de modo imperativo e criativo, reconhecen- Investidura
do/efetivando/protegendo situações jurídicas con-
cretamente deduzidas, em decisão insuscetível de Somente o juiz poderá exercer a jurisdição. Exige-
controle externo e com aptidão para tornar-se indis- se deste agente público, ademais, que esteja regu-
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cutível” larmente investido na função, devendo ser aprovado
em concurso público de provas e títulos, ou nomea-
Primeiramente, observa-se que a jurisdição é um do por ato do chefe do Poder Executivo para ocupar
poder e dever do Estado, de resolver de modo im- cargo nos lugares reservados nos Tribunais aos
parcial o conflito de interesse dos indivíduos, substi- advogados ou membros do Ministério Público, ou
tuindo a vontade deles pela sentença, que declarará mesmo nomeado no cargo de Ministro dos Tribunais
o direito material aplicável ao caso e será imperativa Superiores. Uma outra exceção está prevista nos
e passível de tornar-se imutável pelo fenômeno da JEC´s. Lá estão presentes os chamados juízes lei-
coisa julgada. gos.

Assim, a jurisdição abrange três poderes básicos: Indelegabilidade


decisão, coerção e documentação. Pelo primeiro, o
Estado-juiz tem o poder de conhecer a lide, colher Não se pode delegar a função jurisdicional a qual-
provas e decidir; pelo segundo, o Estado-juiz pode quer outro órgão diverso do Poder Judiciário, sob
compelir o vencido ao cumprimento da decisão; pelo pena de violação do princípio do juiz natural.
terceiro, o Estado-juiz pode documentar por escrito
os atos processuais. Cada poder da República tem as atribuições e o
conteúdo fixados constitucionalmente, vedando-se
As acepções da jurisdição são: Poder – capacidade aos membros de tais Poderes por deliberação, ou
de decidir imperativamente e impor decisões; ativi- mesmo mediante lei, alterar o conteúdo de suas
dade – dos órgãos para promover pacificação dos funções. Aplica-se a hipótese aos juízes, que não
conflitos; função – complexo de atos do juiz no pro- podem delegar a outros magistrados, ou mesmo a
cesso. outros Poderes ou a particulares, as funções que
lhes foram atribuídas pelo Estado, já que tais fun-
Fins da Jurisdição ções são do poder estatal, que as distribui conforme
lhe convém, cabendo ao juiz apenas seu exercício.
De acordo com a concepção instrumentalista do
processo, a jurisdição tem três fins: Aderência ou territorialidade

a) o escopo jurídico, que consiste na atuação da Segundo este princípio, os juízes só poderão exer-
vontade concreta da lei. A jurisdição tem por fim cer sua função no território nacional e ainda mais
primeiro, portanto, fazer com que se atinjam, em nos limites de sua competência territorial, motivo
cada caso concreto, os objetivos das normas de pelo qual necessária é a cooperação entre os juí-
direito substancial; zes, para a prática de atos em outras localidades,
por meio de cartas precatórias, por exemplo. A de-
b) o escopo social – consiste em promover o bem cisão de qualquer juiz, no entanto, produzirá efeitos
comum, com a pacificação, com justiça, pela elimi- em todo território nacional.
nação dos conflitos, além de incentivar a consciên-
cia dos direitos próprios e o respeito aos alheios; EXCEÇÕES IMPORTANTÍSSIMAS!

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A desnecessidade da emissão de cartas precatórias
DIDIER JR, Fredie. Curso de Direito Processual Civil: teoria para comarcas contíguas ou situadas na mesma
geral do processo e processo de conhecimento. 12.ed. Salvador:
região metropolitana. Art. 255,CPC.
edições Juspodivm, 2010, p.83.

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Vide também a disposição do artigo 60,CPC. da ação ou da demanda, ou princípio da iniciativa


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da parte .
Inevitabilidade
O estado-juiz só atua se for provocado. Ne procedat
Sendo manifestação do poder estatal, a decisão iudex ex officio, ou seja, o juiz não procede de ofício
judicial é imposta as partes, independentemente da (de ofício = por conta própria). Esta regra geral,
vontade delas. conhecida pelo nome de principio da demanda ou
principio da inércia, está consagrada no art. 2º do
Este princípio traduz-se na imposição da autoridade código de processo civil, segundo o qual „nenhum
estatal por si mesma por meio da decisão judicial. juiz prestará a tutela jurisdicional senão quando a
Quando provocado o exercício jurisdicional, as par- parte ou o interessado a requerer, nos casos e for-
tes sujeitam-se a ela mesmo contra a sua vontade, mas legais‟.
sendo vedado à autoridade pronunciar o non liquet
em seu oficio jurisdicional. O Estado deve decidir a Exceções!
questão, não se eximindo de sentenciar “alegando
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lacuna ou obscuridade da no ordenamento jurídico ” A Lei 11.101/05 permite ao juiz converter o proces-
(CPC, art. 140). so de recuperação judicial em falência.
“Art. 738. Nos casos em que a lei considere jacente
Indeclinabilidade a herança, o juiz em cuja comarca tiver domicílio o
falecido procederá imediatamente à arrecadação
Nos termos do art. 5º, inciso XXXV, não se excluirá dos respectivos bens.”
da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça
a direito, motivo pelo qual a nenhum juiz é lícito CARACTERÍSTICAS DA JURISDIÇÃO
deixar de decidir porque há lacuna ou obscuridade
na lei, devendo servir-se dos mecanismos de inte- Substitutividade - Consiste na circunstância de o
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gração. Estado, ao apreciar o pedido, substituir a vontade
das partes, aplicando ao caso concreto a “vontade”
Consagrando expressamente o princípio da indecli- da norma jurídica. Em suma, o poder judiciário ao
nabilidade (ou da inafastabilidade, também chama- compor o litígio substitui a vontade das partes. Na
do de princípio do controle jurisdicional por Cintra, jurisdição voluntária não há substituição da vontade.
Grinover e Dinamarco), dispõe o artigo 5°, inciso
XXXV, da Constituição Federal que “a lei não exclui- Imparcialidade – é conseqüência do quanto já vis-
rá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ame- to: pois para que se possa aplicar o direito objetivo
aça a direito”. ao caso concreto, o órgão judicial há de ser impar-
Desta forma, a Lei Maior garante o acesso ao Poder cial. Para muitos, é a principal característica da ju-
Judiciário a todos aqueles que tiverem seu direito risdição.
violado ou ameaçado, não sendo possível o Estado-
Juiz eximir-se de prover a tutela jurisdicional àque- Lide – conflito de interesses qualificados pela pre-
les que o procurem para pedir uma solução basea- tensão de alguém e pela resistência de outrem.
da em uma pretensão amparada pelo direito. Con- Entretanto, nem sempre é necessário lide para
seqüentemente, salienta Tourinho Filho, “se a lei exercer a jurisdição, como por exemplo, nos casos
não pode impedir que o Judiciário aprecie qualquer de separação consensual, mudança de nome etc.
lesão ou ameaça a direito, muito menos poderá o
Juiz abster-se de apreciá-la, quando invocado”. Monopólio do Estado – o Estado tem o monopólio
Em suma, apregoa o princípio da indeclinabilidade da jurisdição, que pode ser exercido pelo Judiciário,
que o juiz não pode subtrair-se da função jurisdicio- como também pelo legislativo.
nal, sendo que, mesmo havendo lacuna ou obscuri-
dade no ordenamento, deverá proferir decisão (art. Unidade - a jurisdição é poder estatal; portanto, é
140, CPC). uma. Para cada Estado soberano, uma jurisdição.
Só há uma função jurisdicional, pois se falássemos
Inércia de varias jurisdições, afirmaríamos a existência de
varias soberanias e, pois, de vários Estados. No
É concedido apenas à parte o direito de provocar o
exercício da jurisdição, uma vez que esta é inerte. 4
No NCPC o princípio da inércia será também regulado no art.
Este princípio também é denominado de princípio art. 2º, senão vejamos: O processo começa por iniciativa da
parte, nos casos e nas formas legais, salvo exceções previstas
em lei, e se desenvolve por impulso oficial.
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O NCPC substituiu a expressão Lei por Ordenamento Jurídico.
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Vide art. 5º, LINDB.

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entanto, nada impede que esse poder, que é uno, - o réu, qualquer que seja a sua nacionalidade, esti-
seja repartido, fracionado, em diversos órgãos, que ver domiciliado no Brasil;
recebem cada qual suas competências. O poder é - no Brasil tiver de ser cumprida a obrigação;
uno, mas divisível. - o fundamento seja fato ocorrido ou ato praticado
no Brasil.
Aptidão para a produção de coisa julgada mate- Tais regras são chamadas de Jurisdição internacio-
rial: a definitividade – é a possibilidade da decisão nal concorrente.
judicial fazer coisa julgada material situação que já
foi decidida pelo Poder judiciário em razão da apre- ATENÇÃO!
ciação do caso concreto a qual não poderá ser re- Considera-se domiciliada no Brasil a pessoa jurídica
vista por outro poder, exceto : caso de pensão ali- estrangeira que nele tiver agência, filial ou sucursal.
mentícia etc. Compete, ainda, à autoridade judiciária brasileira
processar e julgar as ações:
Espécies de Jurisdição - de alimentos, quando:
 o credor tiver domicílio ou residência no Brasil;
A jurisdição, embora indivisível, é classificada,
quando ao seu objeto, como penal e civil. Dentre os  o réu mantiver vínculos no Brasil, tais como pos-
órgãos do Poder Judiciário, apenas a Justiça do se ou propriedade de bens, recebimento de renda
Trabalho não tem competência criminal. Por sua ou obtenção de benefícios econômicos;
vez, apenas a Justiça Militar não exerce a compe-
tência civil. OBS: Trazer a ação de alimentos, na qual o alimen-
tando resida no Brasil ou o alimentante tenha aqui
Classifica-se também a jurisdição em contenciosa e bens ou direitos, para a competência de nossos
voluntária ou graciosa. Nesta última, costuma-se Tribunais é uma inovação que certamente ajudará,
dizer que o Estado realiza verdadeira “administra- em muito, à proteção desse direito fundamental.
ção pública de interesses privados”, por ser neces- Vejamos as demais hipóteses:
sária a sua participação para dar validade a alguns - decorrentes de relações de consumo, quando o
atos da vida civil, como os de separação e divórcio consumidor tiver domicílio ou residência no Brasil;
consensual, por exemplo. A jurisdição contenciosa, - em que as partes, expressa ou tacitamente, se
por sua vez, destina-se à solução dos conflitos de submeterem à jurisdição nacional.
interesses (lides). No artigo 23 do NCPC Estão veiculadas as regras
do exercício da função jurisdicional brasileira exclu-
Levando-se em consideração as regras de compe- siva. Nessas hipóteses somente um órgão jurisdici-
tência, a jurisdição pode ser ainda chamada de es- onal brasileiro, com exclusão de qualquer outro,
pecial e comum. Quando não houver competência poderão decidir tais matérias. Eventuais decisões
específica de algum órgão do Poder Judiciário para estrangeiras sobre as mesmas não serão homolo-
o julgamento de determinada questão, será ela gadas.
apreciada pelos órgãos que exercerem a jurisdição
comum, tanto da Justiça Federal como da Justiça Vejamos:
Estadual.
Compete à autoridade judiciária brasileira, com
LIMITES DA JURISDIÇÃO NACIONAL exclusão de qualquer outra:
- conhecer de ações relativas a imóveis situados no
A jurisdição é fruto da soberania do Estado e, por Brasil;
conseqüência natural, deve ser exercida dentro do - em matéria de sucessão hereditária, proceder à
seu território. Entretanto, a necessidade de convi- confirmação de testamento particular e ao inventário
vência entre os Estados, independentes e sobera- e à partilha de bens situados no Brasil, ainda que o
nos, fez nascer regras que levam um Estado a aca- autor da herança seja de nacionalidade estrangeira
tar, dentro de certos limites estabelecidos em trata- ou tenha domicílio fora do território nacional;
dos internacionais, as decisões proferidas por juízes
de outros Estados. NOVIDADE! - em divórcio, separação judicial ou
Nos pareceu mais apropriado falar em ¨limites da dissolução de união estável, proceder à partilha de
jurisdição nacional¨ ao invés de ¨competência inter- bens situados no Brasil, ainda que o titular seja de
nacional¨, como mencionava o texto anterior. As nacionalidade estrangeira ou tenha domicílio fora do
hipóteses foram ampliadas. território nacional.
De acordo com o art. 21 compete à autoridade judi-
ciária brasileira processar e julgar as ações em que: VALE ANOTAR! A ação proposta perante tribunal
estrangeiro não induz litispendência e não obsta a

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que a autoridade judiciária brasileira conheça da Não se exigirá a reciprocidade referida acima para
mesma causa e das que lhe são conexas, ressalva- homologação de sentença estrangeira.
das as disposições em CUIDADO! Na cooperação jurídica internacional
Ademais, a pendência de causa perante a jurisdi- não será admitida a prática de atos que contrariem
ção brasileira não impede a homologação de sen- ou que produzam resultados incompatíveis com as
tença judicial estrangeira quando exigida para pro- normas fundamentais que regem o Estado brasilei-
duzir efeitos no Brasil. ro.
O Ministério da Justiça exercerá as funções de auto-
REGRA DE INCOMPETÊNCIA! ridade central na ausência de designação específi-
ca.
Não compete à autoridade judiciária brasileira o Vejamos o objeto da cooperação jurídica internaci-
processamento e o julgamento da ação quando onal:
houver cláusula de eleição de foro exclusivo estran- - citação, intimação e notificação judicial e extrajudi-
geiro em contrato internacional, arguida pelo réu na cial;
contestação. - colheita de provas e obtenção de informações;
As regras acima não se aplicam às hipóteses de - homologação e cumprimento de decisão;
competência internacional exclusiva previstas neste - concessão de medida judicial de urgência;
Capítulo. - assistência jurídica internacional;
- qualquer outra medida judicial ou extrajudicial não
2.COOPERAÇÃO INTERNACIONAL proibida pela lei brasileira.
Cabe um parêntese para relembrar que em 23 de
Em substancial crescimento estão as demandas abril de 2014 foi promulgada a lei 12.965, intitulada
envolvendo interesses transnacionais e a corres- de Marco Civil da internet, que disciplina, dentre
pondente necessidade de produção de atos em um outras tantas coisas, a obtenção de informações
país para o cumprimento em outro, o que, de certo, alocadas no exterior:
decorre de crescente internacionalização da eco- De acordo com seu artigo 11, qualquer operação de
nomia. Vivemos numa sociedade globalizada. coleta, armazenamento, guarda e tratamento de
Reflexo desse cenário internacional hodierno, a registros, de dados pessoais ou de comunicações
cooperação jurídica internacional figura como uma por provedores de conexão e de aplicações de in-
maneira de contribuir para as informações e prática ternet em que pelo menos um desses atos ocorra
de atos voltados à solução de controvérsias que em território nacional, deverão ser obrigatoria-
ultrapassem as fronteiras de determinado Estado. mente respeitados a legislação brasileira e os
O art. 26 do NCPC traça a base principiológica da direitos à privacidade, à proteção dos dados pesso-
cooperação internacional e estabelece o ministério ais e ao sigilo das comunicações privadas e dos
da Justiça como autoridade central – salvo estipula- registros.
ção diversa. A disposição acima aplica-se aos dados coletados
A cooperação jurídica internacional será regida por em território nacional e ao conteúdo das comunica-
tratado de que o Brasil faz parte e observará: ções, desde que pelo menos um dos terminais este-
- o respeito às garantias do devido processo legal ja localizado no Brasil.
no Estado requerente; Ela se aplica mesmo que as atividades sejam
- a igualdade de tratamento entre nacionais e es- realizadas por pessoa jurídica sediada no exteri-
trangeiros, residentes ou não no Brasil, em relação or, desde que oferte serviço ao público brasilei-
ao acesso à justiça e à tramitação dos processos, ro ou pelo menos uma integrante do mesmo
assegurando-se assistência judiciária aos necessi- grupo econômico possua estabelecimento no
tados; Brasil.
- a publicidade processual, exceto nas hipóteses de Ademais, os provedores de conexão e de aplica-
sigilo previstas na legislação brasileira ou na do ções de internet deverão prestar, na forma da regu-
Estado requerente; lamentação, informações que permitam a verifica-
- a existência de autoridade central para recepção e ção quanto ao cumprimento da legislação brasileira
transmissão dos pedidos de cooperação; referente à coleta, à guarda, ao armazenamento ou
- a espontaneidade na transmissão de informações ao tratamento de dados, bem como quanto ao res-
a autoridades estrangeiras. peito à privacidade e ao sigilo de comunicações.
De acordo com o disposto no artigo 22, a parte inte-
ATENÇÃO! ressada poderá, com o propósito de formar conjunto
Na ausência de tratado, a cooperação jurídica inter- probatório em processo judicial cível ou penal, em
nacional poderá realizar-se com base em reciproci- caráter incidental ou autônomo, requerer ao juiz
dade, manifestada por via diplomática. que ordene ao responsável pela guarda o forne-

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cimento de registros de conexão ou de registros respeitadas disposições específicas constantes de


de acesso a aplicações de internet. tratado.
Sem prejuízo dos demais requisitos legais, o reque- No caso de auxílio direto para a prática de atos que,
rimento deverá conter, sob pena de inadmissibilida- segundo a lei brasileira, não necessitem de presta-
de: ção jurisdicional, a autoridade central adotará as
- fundados indícios da ocorrência do ilícito; providências necessárias para seu cumprimento.
- justificativa motivada da utilidade dos registros Recebido o pedido de auxílio direto passivo, a auto-
solicitados para fins de investigação ou instrução ridade central o encaminhará à Advocacia-Geral da
probatória; e União, que requererá em juízo a medida solicitada.
- período ao qual se referem os registros.
Houve muito debate à época da elaboração do mar- CUIDADO! O Ministério Público requererá em juízo
co civil da internet sobre a possibilidade de exigir a medida solicitada quando for autoridade central.
que as sociedades empresárias estrangeiras trans- Compete ao juízo federal do lugar em que deva ser
ferissem data centers para o Brasil. Um dos propósi- executada a medida apreciar pedido de auxílio dire-
tos desta medida seria garantir a obtenção mais to passivo que demande prestação de atividade
fácil das informações por elas armazenadas, evitan- jurisdicional.
do a discussão da (im)possibilidade de impor ordens
judiciais brasileiras às empresas localizadas no Tratemos das Cartas Rogatórias
exterior. Como cediço a carta rogatória é ato processual
O parágrafo único do art. 12 do marco civil incluiu a clássico de comunicação entre autoridades judiciá-
responsabilidade solidária da filial, sucursal, estabe- rias estrangeiras para fins de solicitação ao cumpri-
lecimento ou escritório situado no Brasil em caso mento do conteúdo da mesma.
infração prevista nos artigos 10 e 11 (proteção e O procedimento da carta rogatória perante o Supe-
guarda de dados) pensando que seria uma forma rior Tribunal de Justiça é de jurisdição contenciosa e
eficiente de resolver o impasse. Mas não é. deve assegurar às partes as garantias do devido
Embora o marco civil disponha sobre imposição de processo legal. Eis a disposição do art. 36 do
multa em situações envolvendo a "coleta, armaze- NCPC.
namento, guarda e tratamento de registros", espera- A defesa restringir-se-á à discussão quanto ao
se que a multa seja estendida para a solicitação de atendimento dos requisitos para que o pronuncia-
dados. mento judicial estrangeiro produza efeitos no Brasil.
Em qualquer hipótese, é vedada a revisão do mérito
AUXÍLIO DIRETO do pronunciamento judicial estrangeiro pela autori-
dade judiciária brasileira.
Cabe auxílio direto quando a medida não decorrer
diretamente de decisão de autoridade jurisdicional CONCEITO DE AÇÃO
estrangeira a ser submetida a juízo de delibação no
Brasil. Enquanto jurisdição é a função, o poder e dever do
A solicitação de auxílio direto será encaminhada Estado de resolver as crises de interesses e pro-
pelo órgão estrangeiro interessado à autoridade cesso a relação jurídica que liga as partes e o juiz,
central, cabendo ao Estado requerente assegurar a ação é o direito público subjetivo ao exercício da
autenticidade e a clareza do pedido. atividade jurisdicional.
Além dos casos previstos em tratados de que o
Brasil faz parte, o auxílio direto terá os seguintes O direito de ação tem natureza pública e previsão
objetos: constitucional (CF, art. 5º, XXXV), sendo autônomo
- obtenção e prestação de informações sobre o e independente em relação ao direito material. Ou
ordenamento jurídico e sobre processos administra- seja, a improcedência do pedido do autor não auto-
tivos ou jurisdicionais findos ou em curso; riza concluir que o autor não tinha direito de ação.
- colheita de provas, salvo se a medida for adotada
em processo, em curso no estrangeiro, de compe- ACEPÇÕES E CONCEITO DE AÇÃO
tência exclusiva de autoridade judiciária brasileira;
- qualquer outra medida judicial ou extrajudicial não Não obstante a controvérsia profunda em torno da
proibida pela lei brasileira. natureza jurídica da ação, causa de inúmeras teori-
A autoridade central brasileira comunicar-se-á dire- as sobre o assunto, o entendimento moderno e que
tamente com suas congêneres e, se necessário, reúne a maioria dos juristas é no sentido de que a
com outros órgãos estrangeiros responsáveis pela ação é um direito público subjetivo. É, assim, o direi-
tramitação e pela execução de pedidos de coopera- to que assiste a qualquer pessoa de pedir, num
ção enviados e recebidos pelo Estado brasileiro, caso concreto, a prestação da atividade jurisdicional
do Estado, a quem cabe zelar pela harmonia social.

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julgada definitivamente, deverá ser reconhecida a


A palavra “ação”, na dogmática jurídica, possui vá- coisa julgada.
rios sentidos. A ciência processual, notadamente
sob influencia italiana, preocupou-se em delimitar o As partes são as pessoas, físicas ou jurídicas, que
conceito de ação. Delimitar o conceito de ação,foi o alegam ser titulares do direito material discutido nos
principal tema, o principal objeto de pesquisa dos autos. Enquanto a parte autora integra o pólo ativo,
processualistas na fase de afirmação do processo a parte requerida, o pólo passivo.
civil como ramo autônomo do Direito.
A causa de pedir consiste na narração dos fatos e
PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS nos fundamentos jurídicos do pedido. Os fatos de-
vem ser expostos com detalhes, a fim de se identifi-
Direito público: público subjetivo exercitável pela car com precisão a lide surgida entre as partes.
parte para exigir do Estado a obrigação da presta- Necessária também a indicação da forma de solu-
ção jurisdicional; ção que se pretende obter, que deve ser amparada
Direito abstrato: pouco importando seja de amparo pelo direito. Classifica-se a causa de pedir em remo-
ou desamparo à pretensão de quem o exerce; ta e próxima, sendo a primeira relativa aos fatos e a
Direito autônomo: pode ser exercitado sem sequer segunda referente ao enquadramento jurídico dos
relacionar-se com a existência de um direito subjeti- fatos de forma abstrata no ordenamento.
vo material;
Direito instrumental: refere-se sempre à decisão a O juiz deve apreciar os fatos expostos e dar a solu-
uma pretensão ligada ao direito material (positiva ou ção adequada, de acordo com a legislação vigente,
negativa), sendo o Estado o detentor do poder. De- ainda que adote fundamentação jurídica diversa
ver de solucionar os conflitos inter-subjetivos de daquela indicada pelo autor na petição inicial, em
interesses ocorrentes entre os indivíduos e as cole- respeito ao princípio “jura novit curia”. A teoria que
tividades; a ação é exercida contra ele, não contra o leva em consideração os fatos para individualização
réu. Exerce-se a ação contra o Estado e em face do das ações, e que foi adotada por nossa legislação,
réu. denomina-se “teoria da substanciação”.

Ação como direito autônomo e concreto: seria a Com relação ao pedido que deve ser formulado pelo
ação um direito autônomo. Embora diverso do direi- autor, é classificado em imediato ou mediato. O
to material lesado, só existe quando também exista pedido imediato consiste no provimento jurisdicional
o próprio direito material a tutelar. A ação seria o pleiteado em face do Estado, que pode ser declara-
direito à sentença favorável. A ação é dirigida contra tório, condenatório, executivo ou acautelatório. O
o Estado e contra o adversário, defendido por pedido mediato, por sua vez, consiste no bem da
Wach, Bullow, Hellwig e Chiovenda. vida, material ou imaterial, desejado.

CONCEITO DE DEMANDA ATENÇÃO!

Demanda é a pretensão levada a juízo. É aquilo que LEGITIMIDADE E INTERESSE


se vai buscar ao judiciário, o que se almeja perante
o juízo. É um direito subjetivo que é instrumentali- O direito de ação é autônomo e incondicional, con-
zado através da petição inicial. forme já se viu; todavia para que a parte possa ob-
ter um pronunciamento judicial quanto ao mérito do
ELEMENTOS DA AÇÃO seu pedido no chamado “direito processual de
ação”, é necessária a presença das seguintes figu-
PARTES ras: interesse processual e legitimidade das partes.
CAUSA DE PEDIR Elas são classicamente conhecidas como condições
PEDIDO da ação, mas, o NCPC não as nominou assim. Não
há mais referência ao termo carência de ação.
A ação tem como elementos as partes, a causa de
pedir e o pedido, que servem para identificá-la e Não se nega ao individuo acesso ao Poder Judiciá-
individualizá-la. rio, uma vez que é o juiz que, por sentença, declara
eventualmente o litigante como parte ilegítima ou
Havendo ações com identidade de elementos, ocor- não interessada. O que se nega, repita-se, é a pos-
rerá litispendência, devendo a segunda ser extinta, sibilidade de que o Estado-juiz venha a conhecer do
sem resolução do mérito. Se a segunda ação for pedido, porque não estão presentes aspectos fun-
ajuizada somente depois de a primeira já ter sido damentais de viabilidade do processo.

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Faltando qualquer uma delas, o feito será extinto


sem resolução de mérito (art. 485 VI, CPC).

Segundo a teoria da asserção, cabe ao autor expor


os fatos de forma que tais figuras possam ser iden-
tificadas e verificadas em abstrato pelo juiz, caben-
do à sentença de mérito apreciar a efetiva existên-
cia do direito material alegado.

O Pedido juridicamente possível passou a inte-


grar o mérito, diz-se que o pedido é juridicamente
possível quando não for vedado pelo ordenamento
o seu acolhimento. Como exemplo de pedido juridi-
camente impossível, pode-se citar aquele em que
se postule a cobrança de dívida de jogo. Porém,
necessário observar que não é considerado impos-
sibilidade jurídica do pedido o fato de se poder an-
tever, desde a petição inicial, que o pedido formula-
do não será acolhido, vez que tal questão é relativa
ao mérito e será apreciada na sentença. Ademais,
não há mais menção a ele no inciso VI do art. 485
do CPC, que apenas se refere à legitimidade e ao
interesse de agir.

Haverá interesse de agir ou interesse processual


quando houver necessidade de a parte pleitear em
juízo a proteção do direito alegado, sob pena de
perecimento, sendo certo ainda que o processo a
ser formado deve ser adequado à solução do confli-
to de interesses. Trata-se do binômio necessidade-
adequação.

Há quem ainda defenda que a ação deva sempre


trazer resultado útil ao autor, do ponto de vista pro-
cessual (binômio necessidade-utilidade); porém,
não há consenso quanto à necessidade desse re-
quisito, pois a utilidade teria natureza subjetiva,
ficando livre a escolha do procedimento a ser ado-
tado, desde que não seja inadequado.

No entanto, a adequação e a utilidade normalmente


se confundem, pois na maioria das vezes que um
procedimento for inadequado também não será útil
à tutela do direito pleiteado. Convém ainda observar
que o interesse processual também não pode ser
confundido com a possibilidade de insucesso da
pretensão, matéria esta relativa ao mérito.

No que se refere à legitimidade para agir ou “legi-


timatio ad causam”, exige-se que a ação seja mo-
vida pelo titular do direito, pois ninguém poderá
pleitear, em nome próprio, direito alheio, salvo
quando autorizado pelo ordenamento jurídico (CPC,
art. 18º).

A ação, por sua vez, deverá ser direcionada apenas


contra a parte legítima, que é a pessoa que resiste à
pretensão do titular do direito material.

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