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NÚCLEO TEOLÓGICO DOS DISTRITOS CENTRO-NORTE


E LITORAL DO ESPÍRITO SANTO – IGREJA METODISTA

MINISTÉRIO PASTORAL

CONTEÚDO PROGRAMATICO

1. O MINISTÉRIO PASTORAL
2. O PERFIL DO PASTOR
3. O/A PASTOR\A: ASPECTOS PESSOAIS E SEU RELACIONAMENTO
COM A COMUNIDADE
4. ÉTICA PASTORAL COMO FRUTO DA VOCAÇÃO
5. DESAFIOS PASTORAIS
6. DIRETRIZES PARA UM MINISTÉRIO EFICAZ
7. A TAREFA PASTORAL NUMA IGREJA DE DONS E MINISTÉRIO
8. DESAFIOS PASTORAL NA IGREJA LOCAL
9. A RELEVÂNCIA E A EFICIÊNCIA DA FIGURA PASTORAL

AVALIAÇÃO

Fazer um resenha do livro Autoridade pastoral “Lawrence Bill” 4 pontos

Pontuando:

Quais são os desafios do autor para sua vida como futuro pastor/a? 2 pontos

Quais são os desafios para um ministério bem sucedido? 2 pontos

Como desempenhar uma prática pastoral eficaz? 2 pontos


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NÚCLEO TEOLÓGICO DOS DISTRITOS CENTRO-NORTE
E LITORAL DO ESPÍRITO SANTO – IGREJA METODISTA

I - O MINISTÉRIO PASTORAL

I.I – TÍTULOS PARA O/A PASTOR/A - Atos 20:28

1 – Bispos - Atos 20:28; Tito 1:7; Filemon 1:1


2 – Presbíteros – Atos 14:23; 15:7; I Timóteo 5:17-18
3 – Guias da Igreja – Hebreus 13:7, 17; João 10:4
4 – Presidentes – I Tessalonicenses 5:12-13
5 – Anjos da Igreja – Apocalipse 1:20; 2:1, 12; Malaquias 2:7
6 – Ministros de Cristo – I Coríntios 3:5; 4:1-2
7 – Despenseiros da Casa de Deus – Tito 1:7; I Coríntios 9:1-2

I.II – A FUNÇÃO DO/A PASTOR/A - “Pastoreardes...”

1 – Cuidar do rebanho – Jeremias 23:1-2; Ezequiel 20:31; 34:1-11


2 – Alimentar o rebanho – Salmo 23, Atos 20:27
3 – Ser um modelo – Tito 2:7; I Timóteo 4:12; I Coríntios 11:1; Atos 20:20
4 – Edificar o Corpo de Cristo – Efésios 4:11-15; Atos 20:20
5 – Equipar os Santos para o Ministério – Efésios 4:12

I.III – O SEGREDO DA AUTORIDADE PASTORAL - “como me portei...” Atos


20:19

1 – De sua vocação – Efésisos 4:11; Atos 9:16; Atos 20:28


2 – Vida exemplar – I Pedro 5:2; Hebreus 13:7; Atos 20:19
3 – Amor e abnegação – Mateus 20:28; Atos 20:19
4 – Sinais no Ministério – II Timóteo 2:15; Tito 1:9
5 – Autoridade na Palavra - II Timóteo 2:15; Tito 1:9; Atos 20:18-21
6 – Pastores segundo o coração de Deus – Jeremias 3:15; 23:4

I.IV – QUEIXAS DE DEUS CONTRA OS/AS PASTORES/AS INFIÉIS – Atos 20:30

1 – Os que dispersam o rebanho – Jeremias 23:1-2


2 – Os que destroem a vinha do Senhor – Jeremias 12:10; 50:6
3 – Os que não buscam ao Senhor – Jeremias 10:21; Atos 20:36
4 – Os que nada sabem – Isaías 56:11; I Timóteo 4:13; Atos 20:27
5 – Os que abandonam o rebanho – Zacarias 11:15-17; João 10:12-13
6 – Os que não visitam – Ezequiel 34:3-10; Atos 20:20
7 – Os que se apascentam – Ezequiel 34:10-20; Atos 20:34

I.V – ASPECTOS GERAIS DA OBRA ESPIRITUAL

5.1 – COM RELAÇÃO A SI PRÓPRIO – “olhai, pois, por vós...”

A – Cultivar, diariamente, vida espiritual abundante – Josué 1:7-9; Atos 20:28


B – Manter a família nos padrões bíblicos – I Timóteo 3:4-5; Atos 20:19
C – Ter vida irrepreensível, caráter santo – I Timóteo 3:2
D – Ser diligente, eficiente, abnegado, cheio de amor e fé – Tito 1:5-9; Atos 20:24
E – Rejeitar orgulho, inveja, censura e cobiça – I Timóteo 3
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F – Fazer o trabalho do apóstolo, profeta, evangelista e Mestre – Efésios 4:11; Atos 20:28

5.2 – COM RELAÇÃO AOS MEMBROS DA IGREJA - “e por todo o rebanho...”

A – Promover a participação aos cultos da Igreja – Atos 5:42


B – Incentivar o testemunho pessoal de cada crente – I Pedro 2:9
C – Levar o membro a amar a sua Igreja – Mateus 16:18
D – Despertar o senso de mordomia: talentos, dosns, bens e tempo – Romanos 14:9
E – Ter bom relacionamento com todos, sem preferências – João 13:34-35

5.3 – COM RELAÇÃO À ORGANIZAÇÃO DA IGREJA - Atos 20:20, 27

A – Manter projetos na área de Evangelização e Missão – Atos 5:42


B – Ter programa/projeto dinâmico de discipulado – Atos 19:9-10; 20:20
C – Priorizar, fortalecer e dinamizar a área de docência (Ensino) da Igreja – Mt .20:27; 28:19
D – Firmar a Igreja em sólidas bases financeiras.
E – Manter registros acurados de membros.
F – Treinar (equipar) a liderança para as diferentes funções – II Timóteo 2:2; Atos 20:18
G – Promover a sociabilidade e confraternização dos fiéis – Salmo 133:1
H – Assegurar equipamento atualizado para a Igreja.
I – Enriquecer os cultos, cuidando de cada parte – Jeremias 48:10
– Conservar a harmonia, o respeito e dinâmica entre os ministérios e grupos.

5.4 – COM REFERÊNCIA À COMUNIDADE – Mateus 5:13-17

A – Levar a influência da Igreja à Comunidade – Atos 2:47


B – Ajudar na solução de problemas sociais – Atos 6
C – Providenciar socorro nas calamidades – Atos 11:30
D – Cooperar nos empreendimentos educacionais.
E – Apoiar projetos de caráter cívico beneficente.
F – Ser cidadão exemplar.

5.5 – A OBRA ESPECÍFICA DO/A PASTOR/A

A – A pregação e o ensino da Palavra – Atos 6:4; 20:27


B – Ministrar os sacramentos
C – A direção dos cultos públicos
D – A visitação aos enfermos.
E – O cuidado com as famílias, e o indivíduo, em particular.
F – Atenção a Ezequiel 34: os perdidos, desviados, fracos, novos crentes Atos 20:28

CONCLUSÃO: O TRIPÉ DO MINISTÉRIO PASTORAL

1 – A Oração – Atos 20:36


2 - A Palavra – Atos 20:20; 27:31
3 – A visitação – Atos 20:20
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II – O PERFIL DO/A PASTOR/A

II.I– ASPECTOS BÍBLICOS

1.1 – O Modelo do/a Pastor/a é o próprio Jesus Cristo em seu Ministério como Profeta,
Sacerdote e Rei.

1.2 – O perfil do/a Pastor/a deve subordinar-se à busca que, como ministro, deve fazer da
vontade de Deus para sua pessoa e ministério.

1.3 – Deve ser pronto/a e submisso/a a aceitar a vontade de Deus e a obedecer à autoridade
eclesiástica.

1.4 – Deve ter claramente diante de si qual é a Missão da Igreja, dentro do reino de Deus, e
quais as prioridades que a Igreja Metodista deve destacar dentro da Missão de acordo com
as necessidade e realidades atuais.

1.5 – Deve ser um/a vocacionado/a, isto é, autêntico, consciente de sue chamado,
evangelista, versátil, espiritual. Deve apresentar coerência entre o que fala e faz. Deve ter
responsabilidade.

II.II – ASPECTOS DA PRÁTICA PASTORAL

2.1 – Deve valorizar e orientar a Igreja sobre o significativo da liturgia e dos símbolos da
Igreja Cristã.

2.2 – Deve adequar sua linguagem ao ambiente em que se vai comunicar o evangelho.

2.3 – Deve ser cuidadoso/a com sua aparência - que não é o aspecto mais importante. Neste
sentido dever usar o bom senso e lembrar que o aspecto externo deve estar subordinado ao
aspecto interno.

2.4 – Deve ter zelo nos seus procedimentos. Deve cultivar a prática das virtudes cristãs. Sua
ética deve basear-se no profundo respeito à vida e na Bíblia.

2.5 – Não deve “invadir” a seara alheia, ou seja, a igreja do seu colega.

2.6 – A definição do perfil do/a pastora/a, depende também, da reposta a esta questão: que
tipo de pastor/a a igreja precisa hoje?

2.7 – A visitação pastoral deve constituir-se, também, em ocasião de ensino cristão.

2.8 – As mensagens devem ser cuidadosamente preparadas e devem ajudar os crentes em


sua vida durante a semana.

2.9 – Deve amar aqueles que estão sob sua responsabilidade pastoral. Acompanhar-lhes em
suas dores, provações e alegrias.
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2.10 – Deve ter certa visão administrativa e jurídica para a melhor condução dos assuntos da
igreja. Inclusive, conhecer a fundo os Cânones da Igreja Metodista.

II.III - PERFIL DO/A PASTOR/A IDEAL

1 – Convicção do chamado, vocacionados consciente de sua missão.

2 – Vida abundante de amor, amor como vínculo de perfeição. Habilidade em repartir seu
tempo.

3 – Que seja culto.

4 – Pastor/a: amigo, conselheiro, guia espiritual, sincero, verdadeiro, orientador, organizado,


pontual, flexível, reconhecer “erros” com personalidade suficiente para discernir e não ser
influenciado, ter mente aberta.

5 – pastor/a participante, conhecer o momento que deve animar e o momento de exortar.

6 – Pastor/a zeloso/a na escolha de seu/sua companheiro/a.

7 – Pastor/a com conhecimentos gerais para responder perguntas e enfrentar os membros.


Conhecer um pouco de expressão artística.

8 – Deve ser humilde.

9 – De vida espiritual abundante.

10 – Ter facilidade de relacionar-se com as pessoas com alegria e satisfação.

11 – Ser estudioso da vida espiritual, aplicando mais de seu tempo no crescimento de sua
espiritualidade do que em atividades administrativas; desenvolver atividades de clínica
pastoral.

12 – Viver em paz e segurança na e com a família.

13 – O/A pastor/a deve ter sempre ao seu lado a família da Igreja.

14 – Pastor/a imparcial.

15 – Pastor/a que ensina, corrige, cobra trabalhos, que seja meigo/a e compreensivo/a.

16 – Pastor/a líder democrático/a.

17 – Pastor/a perdoador/a.

18 – Pastor/a cristão/ã e firme nas doutrinas metodistas.

(Documento extraído de Atas, Registros e Documentos do XXII Concílio Regional da 3ª Região Eclesiástica,
São Paulo , 1981, p. 65-66).
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III – O/A PASTOR/A: ASPECTOS PESSOAIS E SEU


RELACIONAMENTO COM A COMUNIDADE, OU “PASTOR/A
NÃO É SUPER-HOMEM/SUPER-MULHER”
Qual é a contribuição do/a pastor/a no relacionamento interpessoal... que figura
mágica e onipotente é, afinal, esta? Por que a maioria deles se dispõe 24 horas por dia a
ajudar, aconselhar, consolar e ouvir as pessoas?
O/A pastor/a é um figura humana, de carne e osso, sujeito aos problemas comuns a
todos os mortais embora haja os que escolhem o trabalho ministerial como fuga das
tentações do mundo em que vivem, logo descobrirão que essa fuga não passa de uma ilusão.
Talvez uma das mais desumanas e destrutivas idéias a respeito dos/as pastores/as é
que eles/as não tem necessidades emocionais, idéia esta, que, muitas vezes, eles mesmos
alimentam nas pessoas (McBurney, 1977). É Esperado dele/a, por exemplo, mesmo quando
criticado/a, por qualquer razão, não se sinta ferido/a ou magoado/a mas permaneça calmo/a
e caloroso/a para com os críticos/as. Os próprios pastores/as tem medo de admitir sua
vulnerabilidade, simplesmente aceitando o desafio de serem super-homens/super-mulheres,
não demonstrando seus verdadeiros sentimentos, realimentando assim as expectativas.
Cabe aqui, creio que apropriadamente, a colaboração de Linhares de Faria (1984, p. 17):
“Embora contendo grandes riscos e desgastes, o papel de super-homem pode ser
tentador. Ele é atraente por oferecer uma posição de prestígio e será sedutor em maior ou
menor grau dependendo das susceptibilidades do pastor às vaidades pessoais. Contudo, as
razões mais profundas que levam um pastor a assumir tal papel, tem raízes em aspectos
que ele mesmo ignora e que estão presentes no seu inconsciente, e de lá o impulsionam,
não obstante as racionalizações desenvolvidas para justificar suas atitudes... O pastor que
correspondendo às expectativas da comunidade e atendendo a necessidades pessoais
inconscientes, assume o papel de estereotipado e onipotente de “super-homem” ou
“santo”, nega a sua própria humanidade”.

EXPECTATIVAS ESPERADAS DO/A PSTDOR/A PELA COMUNIDADE

III.I - DISPONIBILIDADE – Normalmente a congregação espera que o/a pastor/a esteja à


disposição a qualquer hora do dia. E ele mesmo, de alguma forma, se sente responsável, ou
diante de Deus por pensar que o ministério, diferente de qualquer profissão, exige esta total
disponibilidade, ou diante da Igreja por esta pagar seu salário. Creio que além de tomar
consciência deste fato o/a pastor/a terá de, gentilmente, ir mostrando e ensinando às pessoas
da sua igreja que ele tem necessidade de privacidade, além de outra também válidas. Isto
será uma grande proteção tanto para si mesmo, para sua saúde mental bem como para toda a
sua família.

III.II – HABILIDADES - Também se espera que o/a pastor/a tenha inúmeras habilidades.
Tentar mostrar habilidade e talento para com a sua igreja sendo ao mesmo tempo pastor/a,
professor, pregador, administrador, conselheiro, evangelista e mais uma porção de coisas,
pode ser tentador e ter suas recompensas. No entanto, a própria Bíblia nos ensina que cada
cristão possui dons, mas nenhum possui todos. Muitas vezes, o que leva o pastor o assumir
todas estas responsabilidades, está dentro dele mesmo - o seu ego ideal não lhe permite
erros ou fala de habilidade. Suas inseguranças pessoais, não tratadas devidamente, levam-no
a assumir mais do que deve e isto certamente tem o seu preço com o passar dos anos. Não
são poucos os pastores hoje que estão sofrendo grave depressão e outros problemas de saúde
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ligados ao desgaste emocional que isto acarreta. Os sinais que o corpo e a mente estão
emitindo, avisando que alguma coisa está errada, muitas são ignorados.

III.III– IMPECABILIDADE - Espera-se que ele seja impecável. Ele também,


normalmente, acha que não deve demonstrar à sua igreja o que se passa dentro dele. Muitas
vezes ele se apresenta com uma fachada de retidão e piedade a qualquer custo. Isto gera
duas reações interessantes: Primeiro, ao contrário de ajuda-lo, o torna distante das pessoas a
quem pastoreia, sempre bem, impecável e sorridente; mas por outro lado, o/a pastor/a pensa
que se ele for humano, falar de seus defeitos, suas lutas internas ainda não vencidas, ele é
humano demais e, portanto, não serve par ser pastor/a. Que dilema!

III.IV – EMOCIONALMENTE AUTO-SUFICIENTE E INVULNERÁVEL – E


quantos tentam viver isto! Todavia há outros que já aprenderam que podem demonstrar seus
sentimentos de medo, raiva, frustração, e mágoa e ainda serem aceitas pelas pessoas da
igreja. E, indo além, até recebendo delas o conforto, carinho e consolo que precisam.
Ninguém é invulnerável ou auto-suficiente emocionalmente.

III.V – RENÚNCIA AOS BENS MATERIAIS – Esta é uma idéia bem arraigada na
maioria das igrejas e aceita até mesmo pelos/as pastores/as. Eles sabem que terão de “viver
pela fé”. Um/a pastor/a próspero não é visto com bons olhos. É preciso que o/a pastor/a
aprenda a manejar bem o dinheiro e, se preciso, busque ajuda especializada neste sentido.
Além destas expectativas e, muitas vezes, por causa delas há um número de pastores/as que
se deparam com situações dolorosas e complexas tais como: isolamento e solidão,
hostilidade reprimida, sensação de fracasso e inadequação, insegurança no trabalho (medo
de perder o “emprego”) além da confusão de papéis. Como pastores/as bem sucedidos/as
lidam com este conflito? Como se libertam dessas situações opressivas, escravizantes?
1 – Reconhecendo suas emoções. Não mais negando, racionalizando ou reprimindo
sentimentos de fracasso e insegurança, raiva, medo, depressão, amor, etc.
2 – Expressando suas emoções de forma adequada. Não mais encarar isto como sinal
de fraqueza mas sim de força.
3 – Aliviando o peso. Tirando tempo para si mesmo, para a família, para o lazer, para
atividades fora da igreja sem sentimentos de culpa e sem aceitar demasiadas cobranças por
parte da igreja.
4 – Compreendendo o seu próprio valor. Fazendo um inventário honesto de suas
capacidades e habilidades e colocando-se em equilíbrio sem tentar fazer o que não pode,
mas fazendo bem o que sabe.
5 – Estabelecendo prioridades. E vivendo de acordo com elas.

Enfim, o/a pastor/a, este/a que está sempre ajudando e aconselhando outros, pode e
deve procurar ajuda especializada (psicólogo cristão, conselheiro) par si mesmo. Pode
também formar grupos de vivência com outros/as pastores/as onde tenha oportunidade de
falar abertamente de suas lutas e dificuldades. Pode, também providenciar ajuda para seu
cônjuge e filhos que, muitas vezes também, carregam fardos desnecessários.
“Aprendei de mim” disse o Senhor Jesus, “porque o meu fardo é leve e o meu jugo
suave”. Isto também é verdade para os/as pastores/as.

Fonte: KLASSEN, Eleni de Campos. Persona Pastoral e Pessoa, boletim de Psicoteologia – Corpo de
Psicólogos e Psiquiatras Cristãos 9CPPC), ANO 7, N° 16. JULHO DE 1994, P. 5-6.
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IV – ÉTICA PASTORAL COMO FRUTO DA VOCAÇÃO


“ÉTICA É A FÉ EM AÇÃO”

Ao estudarmos este assunto não estamos pensando meramente em procedimentos


sociais que os/as pastores deveriam ter para com seus colegas, comunidades e familiares.
Não são procedimentos de “etiquetas”, mas sim de um relacionamento “interpessoal’ frutos
os imperativos da fé cristã e da expressão real de uma consciência vocacional da parte do/a
pastor/a.
Alguém disse que a “ética” é a fé em ação, em relacionamento respeitoso, amoroso,
humilde, serviçal, solidário e apoiador.
Neste sentido um “comportamento ético” da parte do/a pastor/a para com a Igreja
local, com as autoridades, com os colegas de ministério e com a sua própria família é algo
“inevitável” e de “alta relevância”. Ao analisarmos este assunto partimos do pressuposto de
que esta ética não é resultado do imperativo da Lei e da Disciplina, mas sim, da atuação da
Graça divina em nós e na comunidade, de respeito à liberdade e do exercício da
responsabilidade. A sua expressão horizontal – relacionamento com as comunidades e
pessoas – deve ser uma expressão do relacionamento pessoal com Deus, através da direção e
nutrição do Espírito Santo.
O princípio do relacionamento ético em Jesus é o amor – para com Deus e para com
o próximo (da mesma forma como ele nos amou).
Paulo enfatiza em suas preocupações pastorais a importância de um relacionamento
entre as pessoas fundamentado na fé, no amor e na presença orientadora e sustentadora do
Espírito Santo. É a presença do Espírito Santo que frutificará em nós condições de
relacionamento onde o respeito, a humildade, o amor, a misericórdia, a empatia, o suportar
uns aos outros, o levar os fardos uns dos outros, o falar, os servir e tantos outros
procedimentos, tornar-se-ão atos e não meras palavras. Além destes aspectos, ele enfatiza a
importância do relacionamento entre ética e verdade: sem um conhecimento real e
existencial da pessoa consigo mesma, uma atitude coerente da pessoa para consigo e um
relacionamento expresso por motivações e fatos verdadeiros, não se pode estabelecer um
relacionamento interpessoal á luz do Evangelho. É por isso que ele nos diz: “não mintais uns
aos outros” (Colossenses 3:9) e I João 1:6:7 afirma: para se ter “comunhão” com Cristo e
uns com os outros devemos “andar na luz” e não viver mascarada ou camufladamente.
A vida do cristão é sempre uma resposta à ação divina. Uma resposta de amor e
gratidão ao Criador e ao Redentor. Ao mesmo tempo é uma resposta de contrição, confissão
e arrependimento, levando-se muitas vezes à “negação” de si mesmo e tendo como
resultado final uma atitude de perdão, libertação e responsabilidade.
Partindo desta bases introdutórias veremos o relacionamento ético dos/as pastores/as
metodistas com a igreja local, as autoridades, os colegas de ministério, a família – a nossa e
as da Igreja: fidelidade á Igreja Metodista, relacionamento com a comunidade secular e o
respeito próprio.

IV.I – CONSIDERAÇÕES SOBRE O RELACIONAMENTO PASTOR/A-IGREJA

1.1 – O Conhecimento em si

O conhecimento de si mesmo é o primeiro passo na direção de um relacionamento


adequado com a realidade. Quanto maior conhecimento uma pessoa tem de suas motivações,
habilidades e interesses, maiores são suas possibilidades de ser um agente consciente do seu
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estar no mundo. O “conhecedor a si mesmo” reveste-se da maior importância quando se


trata de pessoas que desempenham o papel de líderes.
Aqueles que estão à frente de grupos inevitavelmente estabelecem um relacionamento
com as pessoas que estão sob sua orientação. Este relacionamento é determinado não apenas
por uma intenção deliberada e consciente, como também em grande parte por processos que
escapam à percepção daqueles que estão neles envolvidos. Muitas de nossas aspirações e
comportamentos são motivados por processos inconscientes. No caso do/a pastor/a
poderíamos citar, a título de exemplo, uma ênfase doutrinária ou na forma de dirigir a
congregação como satisfazendo muito mais as necessidades pessoais inconscientes, que
suprindo necessidades reais da congregação.
Conhecer a si próprio não é tão fácil como a princípio pode aparecer. Sem perceber,
enganamos a nós mesmos com bastante freqüência. Para se entender melhor esta afirmação
podemos considerar por um lado que a imagem que fazemos de nós mesmos, pode em
muitos momentos estar em desacordo com o que fazemos e sentimos. Por outro lado a
expectativa que temos sobre como os outros nos vêm e o que esperam de nós, pode orientar
nosso comportamne4to tanto para corresponder como para negar o que imaginamos que se
espera de nós.
Entretanto, por ser doloroso tomar consciência destas e outras coisas evitamos e
resistimos inconscientemente a um confronto com nós mesmos. Diante disto as reflexões
que uma pessoa pode fazer isoladamente sobre seu próprio comportamento, apesar de
necessárias, não são suficientes para um conhecimento integral dele mesmo. Por isto é
recomendável para um conhecimento adequado d si, que o indivíduo aprenda a sair dele
mesmo diante de outra/s pessoa/s.
É necessário a coragem de, sem defesas, expor-se em sentimentos, idéias e
problemas pelos quais se passa, diante de outro que possa nos ajudar no confronto e reflexão
sobre nossa conduta e a história de nossa vida.

2. O Conhecimento da Congregação

Também a congregação tem a sua história, e, portanto, determinadas motivações,


tendências, condicionamentos e possibilidades estão presentes no modo como ela se
relaciona com suas lideranças ou vive o evangelho. Os fatores específicos de cada igreja
local não podem ser ignorados: realidade econômica, sócio-cultural, pastorados anteriores,
lideranças leigas, origens da igreja no lugar, situação geográfica, etc. ao lado desta realidade
específica da Congregação, há que se considerar ainda a sociedade como um todo, no qual a
igreja está inserida. Se a história da sociedade na qual a igreja existe for marcada, por
exemplo, por uma tradição de acomodação e não participação do povo no seu destino, a
Congregação sentirá os reflexos disto. Como sentirá também o momento que vive.
Exemplificando ainda mais, poderíamos dizer que uma sociedade tecnológica-burocrata,
cuja publicidade oferece soluções prontas e fáceis para todos os problemas, certamente
imprimiria suja marca nos diversos setores que compõem – e a igreja não será exceção. E
tanto mais profunda será a marca quanto menos consciência e discernimento se tiver sobre
estas influências.
Ao lado desta visão mais globalizante da igreja é importante ressaltar que em última
análise ela é composta por indivíduos que também tem suas próprias histórias. Será então a
mescla e a interação destas histórias individuais, com a história da Congregação e da
sociedade que comporão a complexa realidade que está presente em todo grupo humano.

3 Vínculos entre o/a Pastor/a e a Congregação


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No relacionamento do/a pastor/a com a congregação, vínculos psicológicos de


diversas naturezas e formas podem nortear a conduta de ambas as partes. Um destes
vínculos, que é de vital importância para a maturidade da igreja é o de dependência. Este
pode chegar ao ponto de fazer com que a congregação só caminhe a reboque do seu líder.
Geralmente esta dependência é mantida e reforçada por formas autoritárias de governo, bem
como por “técnicas sugestivas” que estão presentes em algumas formas de “apelos” e
“campanhas”. Muitas vezes obreiros bem intencionados, no seu afã de obterem “frutos”,
substituem, sem se darem conta, a Graça de Deus por um relacionamento que manipula a
congregação. As formas autoritárias e manipulativas de relacionamento impedem
continuamente o amadurecimento da Igreja já que a oportunidade de caminhar por si lhe é
negada. Negada porque o líder como pessoa “melhor preparada” antevê que a caminhada da
comunidade por si só, será trôpega e não haverá segurança de que ele percorra os caminhos
pré-traçados e alcance as metas propostas. Então para que o caminho proposto seja
percorrido com mais objetividade o líder assume integralmente a direção. Muitas vezes esta
postura de pessoa “melhor preparada” reflete um desrespeito pelo outro ao julgá-lo
inferior ou incapaz. Por trás disto pode estar um sentimento de poder e superioridade que é
justificado mediante argumentos como “ignorância e falta de cultura do povo”, “apatia”, etc.
o que se esquece, entretanto é que esta suposta “ignorância” e “apatia” se deve ao fato
destas pessoas serem tratadas como são. Ao se lhes obstruírem os caminhos e oportunidades
de se expressarem e conduzirem a si mesmas, cria-se sempre a condição de rotulá-las como
“!ignorantes” e “dependentes”. Lamentavelmente temos então um círculo vicioso que
impede a grei crescer. Por não desenvolver uma visão responsável da vida cristã, ela fica
sempre na dependência para qualquer forma de ação, de um pastor que tome a liderança.
São conhecidos os problemas de “orfandade” que a saída de um/a pastor/a provoca numa
igreja sem que este vínculo de dependência são muitos fortes. E deve-se distinguir aqui
(embora eles costumam se mesclar) os sentimentos naturais de pesar e tristezas que uma
pessoa ao partir desperta naqueles com quem conviveu, com o sentimento de impotência,
desamparo, desânimo e mesmo a desagregação na qual uma comunidade (ou parte dela)
pode mergulhar com a retirada do líder. Ainda pode suceder que a dor da perda do “pai”
leve a uma postura de resistência a um/a novo/a pastor/a.

No relacionamento solitário está sempre presente também o risco de impingir aos


outros alternativas que nada mais são que preferências pessoais revestidas de caráter de
melhor alternativa e verdade absoluta. Se analisarmos um pouco mais em profundidade as
motivações do líder autoritário é possível que se descubra, associada a esta necessidade
egoísta de satisfação, uma insegurança básica que consiste no medo de perder o controle da
situação.

De um outro lado desta questão do vínculo de dependência temos a Congregação ou


grupos dela que desenvolvem um poder de controle muito grande sobre o/a pastor/a. por
alguma dificuldade pessoal em assumir o papel de líder e as responsabilidade nele
implicadas, o obreiro pode tornar-se vulnerável a grupos que, por estabelecerem vínculos
“especiais” com o/a pastor/a, terminam por exceder autoridade sobre ela/a. é conveniente
aclarar que isto pode se dar tanto em relação a grupos de pressão, mais ou menos definidos,
ou mesmo de oposição aberta, bem como com grupos dentro dos quais o/a pastor/a se sente
melhor e “mais à vontade” e pode, portanto, sem perceber, ter a tendência a agradá-los. O
que ocorre é que o líder e os grupos se relacionam dentro de “espaços psicológicos” que
atendem à necessidade de ambas as partes. o/a pastor/a, por exemplo, devido às dificuldades
de assumir seu papel pode se apoiar em grupos que o rodeiam para tomar decisões (o que é
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bem diferente de uma atitude democrática consciente). Assim o apoio que o grupo lhe dá
compensa sua insegurança diante de seu papel e dá oportunidade ao grupo de realizar seu
desejo de poder.

4 – A Imagem do/a Pastor/a.

Outro aspecto que, embora esteja intimamente ligado aos anteriores, merece
destaque, devido à sua importância, e, diz respeito às imagens idealizadas que a
Congregação pode ter do/a pastor/a. imagens que tornam-se um pesado fardo quando o
obreiro, ao assumir a postura de cristão ideal que a Congregação lhe atribui, passa agir de
acordo com as expectativas que ele pensa que os outros tem a seu respeito. Contribuindo
assim para a manutenção desta imagem ele desumaniza-se. Pressionado a não viver a sua
humanidade, nega seu cansaço, seu sofrimento, descuida de aspectos importantes da sua
vida e submete-se em nome da “Obra do Senhor” ( e de acordo com a sua visão de
ministério) a um ativismo que pode leva-lo a uma vida extremamente solitária. Embora
cercado de tantos irmãos e irmãs, sente-se impedido de expressar seus autênticos
sentimentos e sua vida diante deles.
Os problemas familiares de pastores/as são muito ilustrativos neste aspecto. Elevados
ao papel de “super-homens/super-mulheres” ou de “homens/mulheres espirituais” procuram
atender a todas as necessidades da Igreja, menos as de si mesmo e de sua família. Raramente
há tempo para estar só, meditar, estar com a família. E muitas vezes o que se vive nestes
raros momentos juntos é a ansiedade de ter que ordenar e disciplinar a família em função da
expectativa que a igreja tem (ou que se pensa que tem) sobre ela.
Perde-se então as ocasiões de viver descontraidamente o amor e a das pessoas da
própria casa.
Vendo o problema de um outro lado pode ser que esta ausência da família esteja
ligada a dificuldades pessoais de relacionamento que conduzem então o/a pastor/a, ou
qualquer pessoa, a mergulhar no se trabalho como uma forma (inconsciente) de não ter
tempo para estar em casa e enfrentar os limites de sua própria personalidade, sua família,
nesta complexa, rica e delicada experiência que é o relacionamento humano.

5– Conclusão e Sugestões

Por este pequeno esboço do Relacionamento pastor/a-igreja fica claro que o tema não
é simples. Envolve todas as sutilezas e nuances que estão presentes nas pessoas e suas
relações certamente não será somente a capacidade que tenhamos de analisá-lo, entende-lo e
propor alternativas que fará com que seja depurado e possa promover um verdadeiro
crescimento da Igreja. Isto seria reduzir a Igreja a uma instituição ou grupo meramente de
origem e propósitos humanos.
Acima de qualquer conhecimento está a Graça de Deus e seu espírito que impulsiona
a Igreja para os propósitos que Ele mesmo estabeleceu para ela. Se, porém, a Igreja deixar a
margem o conhecimento e considera-lo secundário para seu crescimento, estará incorrendo
em erro contra si própria. O conhecimento, em última análise provém de Deus e a
consciência e preocupação que se tem em determinados momentos históricos com aspectos
da igreja pode ter sua origem no próprio Espírito de Deus orientando a Igreja para questões
que ela deve dar atenção.
Neste espírito, algumas propostas de trabalho que visem cuidar do relacionamento
do/a pastor/a com a Congregação e consigo mesmo podem ser sugeridas:
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a) a inclusão nos currículos dos Cursos de Teologia, a exemplo do que já fazem


alguns seminários, da “Formação Pessoal”. Formação Pessoal não seria evidentemente uma
matéria nos moldes tradicionais, mas a possibilidade que os estudantes teriam de em grupo,
e com a participação de uma pessoa especializada, confrontarem-se consigo mesmos para
entenderem melhor suas motivações mais profundas. Conhecendo mais de si mesmos,
maiores possibilidades teriam de agir conscientemente na futura direção de uma igreja.
b) aprofundar o estudo da concepção do ministério pastoral e rever como esta
concepção tem sido transmitida nos seminários.
c) criar possibilidade para que os/as pastores/as em exercício tenham encontros
periódicos em pequenos grupos, nos quais possam discutir suas idéias e expressar seus
sentimentos diante da experiência que vivem em suas igrejas para que, além de um saudável
confronto mútuo, possam buscar formas mais adequadas de exercer o ministério.
d) estimular e favorecer o aconselhamento de pastores/as junto a outro colega, ou
pessoa capacitada.

A participação em programa desta natureza não pode ser imposta. Entretanto, é


importante criar estas possibilidades e fazer um trabalho de conscientização sobre a
importância delas. A comunidade cristã deve ser um local onde as pessoas possam se
expressar livremente, sem receios de ocultar quem são e o que vivem. “onde está o Espírito
do Senhor, aí há liberdade” (II Coríntios 3:17). Se vivermos integralmente o evangelho
teremos nossas igrejas transformadas onde um leva a carga do outro (Gálatas 6:2) e o amor
conduz ao perdão e ao crescimento.

IV.II– O RELACIONAMENTO ÉTICO COM A IGREJA LOCAL

Há de se ter respeito para com a igreja local, sua história, o ministério pastoral dos
seus antecessores, a consideração com os posicionamentos, o seu passado,, suas tradições,
suas realizações. Não pode o/a pastor/a “jogar” para fora toda uma história ou um passado.
Ele há de respeitar e valorizar tudo o que tem sido feito.
É comum, muitas vezes, o/a pastor/a jogar suas preocupações, tendências e
frustrações sobre a igreja local. Nem através do púlpito, nem como através do
relacionamento pessoal ou com grupos da igreja, deve o/a pastor/a fazer transparecer esta
atitude. Há de se ter o cuidado e muito tato no relacionamento humano com as pessoas,
grupos e igrejas em geral. A falta deste tato e relacionamento é a causa de muitos
transtornos e problemas na interação do/a pastor/a com a igreja ou parte dela.
A igreja local como comunidade total não pode receber a carga problemática
individual de seus membros. É falta de ética pastoral lançar situações e os problemas dos
membros e seus familiares sobre a igreja como um todo. Estas situações e problemas são de
foro íntimo e merecem respeito, sigilo e ponderação.
Ao mudarmos de igreja carecemos de respeitar tanto as nossas igrejas anteriores
como também a nova igreja. Evitemos falar ou fazer projeção de umas sobre as outras.

IV.III– O RELACIONAMENTO COM OS COLEGAS DE MINISTÉRIO


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Aqui reside um dos grandes problemas do ministério. Falta comunhão,


relacionamento e respeito entre os colegas. Uma grande falta de ética tem existido neste
relacionamento: uns diminuindo os outros, sobrepondo os colegas, minimizando opiniões,
posicionamentos e ministério.
Ao substituir-se um colega nem sempre se tem uma atitude de valorização e respeito
para com o antecessor. Buscando a auto-afirmação pastoral, o recém nomeado, consciente
ou inconscientemente, minimiza o trabalho pastoral do seu antecessor, deixando muitas
vezes de valorizar tudo aquilo que foi feito.
Cada pastor/a tem suas características, seu modo de ser, suas prioridades e seus
pontos fortes e fracos. Carece que respeitemos os colegas no seu todo. No trabalho pastoral,
dependendo do seu momento histórico, das realidades encontradas e das necessidades
prioritárias, certas ênfases são dadas. Sempre algumas outras são deixadas de lado, isto não
significa negligência, mas opção de prioridade. Ao substituir colegas temos que levar em
conta esta realidade e valorizar aquilo que foi feito, dentro das condições, da realidade, das
necessidades e da capacidade do colega. Infelizmente nem sempre isto tem acontecido.
Para buscar-se conseguir um melhor relacionamento entre os pastores, mais respeito,
acatamento, aceitação e tolerância, carecemos de um convívio mais fraterno, espiritual e
informações entre os/as pastores/as, tais como reuniões dos Distritos, encontros informais
para compartilhar, orar e meditar, etc. é a partir daqui que nos conheceremos melhor, iremos
nos compreender e teremos uma atitude de aceitação mútua.
Há de se ter muita honestidade uns para com os outros. Tem faltado uma comunhão
e um viver pastoral fundamentados na “verdade e no amor”. Nem sempre temos sido
honestos uns com os outros. Somos muito mais críticos, valorizadores de nós próprios,
usando o outro para a nossa auto-afirmação. Carecemos desenvolver, verdadeiramente, um
ministério que “chora com os que choram”, “sofre com os que sofrem”, mas se “alegra com
as vitórias e conquistas” uns dos outros, mesmo que seja o nosso antecessor.

IV.IV– ÉTICA NO RELACIONAMENTO FAMILAIR

1– Com sua própria família

A família do/a pastor/a deve ser uma prioridade no seu ministério. A falta desta
consideração e no atendimento das responsabilidade do/a pastor/a para com o seu lar tem
produzido grandes desajustes e problemas em sua família. /
É falta de ética lançar sobre a família, principalmente sobre os filhos e filhas, as
tensões e as angústias do ministério. Isto tem contribuído para o afastamento de muitos da
comunhão com Deus e com a Igreja, levando-os a deixarem sua vivência na fé.
Muitos assuntos e situações soa de foro íntimo do/a pastor/a e dos membros que o
procuram. Levar estes problemas e situações ao cônjuge, aos filhos e filhas, ou outras
pessoas, seria falta de respeito e ética por parte do/a pastor/a; acontecimentos que tem sido
caracterizado, muitas vezes, e que tem atrapalhado o relacionamento do/a pastor/a com a sua
comunidade. Por falta deste tato muitas pessoas não tem confiado e buscado a orientação
pastoral.
Tem havido muitas crises e tensões no relacionamento da família do/a pastor/a. todo
cuidado deve ser tomado pra que se evite demasiadamente estas tensões. Expectativas
exageradas da parte da família para com o/a pastor/a e vice-versa tem trazido um clima de
tensão.
A família do/a pastor/a é uma família que vive as mesmas situações e tensões das
outras famílias. Muitas vezes a igreja local traz sobre si expectativas demasiadas sobre os
membros da família pastoral; esposa/esposo, filhos/filhas, etc. estas expectativas deverão
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ser corrigidas com cuidado e tato, evitando com isto frustrações, maiores tensões, desajustes
familiares e tensão entre a igreja e os familiares.
Como uma atitude de respeito e ética, o/a pastor/a não deve lançar sobre a sua família as
tensões percebidas por ele ou ela, existe entre a igreja e a mesma. Esta atitude de “leva e
traz” somente agrava a situação.

2– Com as famílias da Igreja

Um grande respeito deve existir da parte do/a pastor/a para com as famílias da Igreja.
Ele/a deverá conhecê-la e para tal visita-las; assisti-las e acompanha-las; conviver com elas
e receber delas confiança e acatamento.
O/A pastor/a deve respeitar a vivência e a intimidade da vida familiar. Não é por ser
pastor/a e por ter liberdade para com as famílias, que ele/a deixará de respeitar a intimidade
familiar. Ele/a deve ser um elemento de integração na vida familiar e não de desintegração.
A ética pastoral no relacionamento com as famílias da igreja o levará a ter cuidado
no expressar de sentimentos, atitudes e emoções que as famílias e seus membros tem uns
para com os outros. Não se pode ter atitudes parciais, ser canal de informações, boatos e
“disse-que-disse”. Este leva e traz é um grande e grave empecilho na vida comunitária da
igreja. Mesmo quando o/a pastor/a perceber situações difíceis, discriminações, amarguras,
ressentimentos e outros sentimentos e atitudes, da parte dos membros e entre si, ele/a deve
ser um elemento de reconciliação, ajuste e integração. Estas situações nunca devem ser
levadas para o púlpito.
Na visitação pastoral o/a pastor/a deve atender seus membros em suas realidades,
necessidades, acompanhando-os em seus momentos de vitória e crises; visitando-os visando
conhece-los, integrar-se com eles, fazendo isto para todos, não sendo discriminatórios,
dando a devida atenção a todos e evitando atenções demasiadas para uns e falta de atenção
para outros.

IV.V– RELACIONAMENTO COM AS AUTORIDADES

Chamamos aqui a atenção para dois tipos de relacionamento do/a pastor/a com
relação às autoridades:
1 – relacionamento com as autoridades eclesiásticas;
2 – relacionamento com as autoridades seculares.

Com relação à primeira os Cânones, no rito para admissão ao pastorado, solicita ao


candidato inteira obediência às autoridades da Igreja Metodista.
Apesar dos tempos terem mudado muito depois da elaboração da idéia contida nos
rituais, isto é, o princípio da autoridade, o assunto deve ser alvo de diálogo levando-se em
consideração a nova realidade que estamos vivendo dentro do atual ministério metodista;
pastor54es/as graduam-se em várias áreas afins ao ministério e, forçados por elevação do
custo de vida, passam a exercer outras profissões, na comunidade local, recusando-se a
transferir de cidade, ferindo assim um dos mais conhecidos princípios adotados pela Igreja
Metodista, a itinerância.
Além da crise de autoridade resultante da recusa da itinerância por muitos, temos um
outro “furo” na atual visão que temos sobre a autoridade na Igreja: a falta de orientação, de
definição sobre alguns problemas mais cruciantes que enfrentamos, tanto na área
eclesiástica, bem como secular.
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Não se deve discutir o princípio da autoridade. Deve ser alvo de nosso diálogo e
obediência à mesma. A Igreja Metodista enfrentará problemas gravíssimos sem este
princípio de autoridade; mas, em que termos devemos vivenciá-lo levando em consideração
as novas situações vividas pelos/as pastores/as, hoje? Não seria o diluir da autoridade
episcopal fruto do conflito entre a constituição da Igreja, cujo governo é episcopal e a
estrutura canônica, com características híbridas do regime metodista?
No que se refere ao relacionamento com as autoridades seculares permanecem
algumas das razões que tem influenciado no declínio de autoridade oficial. Muitos de nós,
tentando justificar uma obediência indiscutível, vão ao Novo Testamento buscar a base para
isso, citando Romanos 13:1 “Todo homem esteja sujeito às autoridades superiores; porque
não há autoridade que não proceda de Deus; e as autoridades que existem foram por Ele
instituídas.” Primeiro é bom lembrar que os cristãos esperavam a segunda vinda de Cristo
para aqueles dias. Segundo, os cristãos por serem um pequeno grupo, sem nenhuma
possibilidade de influenciar politicamente o todo, não lhe restava outra alternativa a não ser
a obediência indiscutível. Mas mesmo assim, vemos a sugestão à desobediência quando a fé
no Deus vivo corre perigo. Terceiro, serão todos os governos modernamente instituídos por
Deus? Será que os grandes vilões da história política mundial, chegaram ao poder pela
vontade divina? Quarto: devemos obedecer a uma autoridade que protege os privilegiados,
isto é, exerce o poder para manter privilégios? Devemos obedecer irrestritamente a uma
autoridade que não consegue diminuir o avanço da injustiça social? Ou devemos nos
preparar para exercer uma função crítica consciente, correndo certos fiscos?

IV.VI– RELACIONAMENTO COM A IGREJA METODISTA

O/A pastor/a Metodista são obreiros da Igreja, fiéis em sua conduta pessoal e
familiar, irrepreensíveis em sua conduta ética no relacionamento dentro da comunidade
eclesial e de onde a Igreja está inserida, fiéis, na aplicação disciplinar e doutrinária da Igreja,
obediente em amor e sues superiores e amorosos na aplicação disciplinar, administrativa e
pastoral para com seus subordinados, fiéis e jamais buscando posições de privilégio dentro
da Instituição Eclesiástica em detrimento dos cristãos metodistas e dos colegas.

IV.VII– RESPEITO PRÓPRIO

O/A pastor/a, amadurecido/a emocional, intelectual e espiritualmente sentem sua


auto-afirmação, pois no exercício de seus ministérios sabem que são realmente especialistas
em trabalho pastoral, nunca se preocupando em se auto-afirmar em outros setores da vida
humana.

Fonte: Ênfases Metodistas no Ministério Pastoral, Série “Documentos” – 1, Igreja Metodista/Conselho Geral,
SP: Imprensa Metodista, 1980, capítulo IV, p. 51-61.

5 – DESAFIOS PASTORAIS
O/A PASTOR/A E SUA FAMÍLIA

Vivemos nos dias de hoje no meio de tensões e expectativas das mais diversas. Elas
afetam a vida das pessoas, seus relacionamento, a sua maneira de ser, de viver e de
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expressara as suas convicções, os seus valores, a sua vocação e a sua vivência pessoal,
familiar, religiosa e social.
Nos tempos atuais, um dos grandes motivadores da vida é o que chamamos “ter
coisas,possuí-las.”
O ter está acima do ser pessoa. Junto desse apelo, está o chamado ao “fazer, realizar”. Em
outras palavras a “compulsão pelo de empenho”. Ser pessoa, ter relacionamentos, expressar
afetividades, desenvolver valores são deixados em segundo plano. O evangelho coloca como
prioridade o ”ser pessoa e o ter relacionamentos”, fundamentados no amor, na afetividade,
na intimidade e na comunhão. Isso em todas as dimensões com Deus, consigo próprio, nos
relacionamentos com as pessoas, na vida familiar, na vivência religiosa e nas expressões
vocacional, profissional e social.
O contexto social em que vivemos tem afetado diretamente o/a pastor/a e a sua família. A
temática O/A pastor/a e a sua família é demasiadamente amplo. Tem aspectos e múltiplas
facetas. Nos dias de hoje, exigiria de todos nós um esforço concentrado visando analisar,
sob todos os aspectos, essa realidade em que nos encontramos. Infelizmente, no momento
buscando atender ao objetivo proposto, iremos considerar apenas, e de forma genérica,
alguns dos aspectos e dos componentes aqui presentes. Se conseguirmos nos despertar para
a urgência e a necessidade de levar a sério essa questão e começarmos a tomar algumas
providências, em níveis pessoal, familiar e institucional, isso nos levará a alcançar o objetivo
estabelecido para o momento.

Uma visão bíblica

A Bíblia nos apresenta uma visão bem ampla a respeito da figura do/a pastor/a. há
uma série de textos que nos dão diversos referenciais. Vejamos alguns:

Jeremias 3:15 – apresenta-nos a promessa do Senhor para o seu povo – “Dar-vos-ei


pastores segundo o meu coração... que vos apascentem com sabedoria e conhecimento”. Há
um povo carente, desobediente, inseguro e necessitado de orientação e amparo, há essa
expectativa do Senhor.

Ezequiel 34 – apresenta-nos o questionamento de Deus aos pastores de Israel. Os


pastores apascentam a si mesmos, deixando de cuidar das ovelhas e usando-as para o seu
próprio proveito. Deus decide cuidar das ovelhas, dar a vida por elas, amá-las, busca-las,
cura-las. Em Jesus Cristo, ele cumpre essa determinação da sua graça.

No evangelho de João – Jesus cumpre essa visão.ele torna-se o bom pastor, amando-
as, conhecendo-as, servindo-as, guiando-as e dando a vida por elas (João 10:7-18).

Quando avaliamos os chamamentos feitos aos profetas, encontramos elementos


significativos que nos orientam. Chamamento feito pelo Senhor, nossa dependência Dele, a
nossa insuficiência, a visão da obra, o cuidado de Deus, a nossa responsabilidade, a
dependência da graça, etc.

O apóstolo Paulo coloca diversas perspectivas pastorais e familiares em algumas de


suas cartas. Em I Timóteo 3, fala-nos das qualificações que deveriam ser encontradas nos
bispos e diáconos. No livro de Tito 1:5-9, apresenta novamente características que deveriam
ser encontradas nos presbíteros e bispos. Nelas, encontramos princípios que se relacionam
com a vida pessoa, vocacional, ministerial, interpessoal e social do/a pastor/a.
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NÚCLEO TEOLÓGICO DOS DISTRITOS CENTRO-NORTE
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Em suas diversas cartas, temos orientações, em nível geral, que direcionam o


relacionamento dos cristãos consigo mesmos, com as pessoas, na vida social, na convivência
com a comunidade de fé, em especial com Deus. Esses textos são, em sua gênese,
destinados aos pastores e às pastoras. Como exemplo, podemos citar Romanos, 12:9-21;
Efésios 4, 5 e 6; Colossenses 3:124,6; Filipenses 2:1-11,dentre tantos outros.

O apóstolo Pedro, em sua primeira carta, apresenta-nos, no capítulo 5:1-4, um


significativo perfil pastoral. Aqui, ele coloca Cristo como o Supremo Pastor e Bispo,
tornando-se ele o nosso referencial.

Como destaque, podemos citar a orientação pastoral que Paulo dá a seu colaborador
Timóteo. Em I Timóteo 4:1-5, vemos algumas recomendações específicas. Dentre elas,
destacamos o verso 16: “Tem cuidado de ti mesmo e da doutrina.”

De certa forma, temos procurado dar ênfase ao cuidado doutrinário. Mesmo assim,
isso tem sido feito de forma descuidada. Contudo, o cuidar de nós mesmo tem sido deixado
de lado.

1 - CUIDANDO DE SI MESMO

Cuidar de si mesmo, na vida pastoral, torna-se o grande desafio para todos nós. Esse
cuidado é bem abrangente. Diz respeito a todos os aspectos pessoais presentes em nossas
vidas, a todos os componentes do nosso ser, aos relacionamentos que mantemos com as
pessoas, com a igreja e com a sociedade, a vida familiar, em todos os seus aspectos, ao
relacionamento pessoal com Deus, através de nossa vivência cúltica e devocional, do nosso
ministério e do testemunho dado pelo nosso viver.
Somos seres com características biológicas, psicológicas, dentre elas destacamos os
aspectos mentais, emocionais, sociais (relacionamo-nos com pessoas). Éticas morais e
espirituais. A totalidade do nosso ser, com seus valores, seu histórico, sua formação seu
temperamento, caráter e personalidade devem ser alcançados e trabalhados pela graça a de
Deus.
Temos que reconhecer que somos seres humanos e não super-seres ou anjos. Deus
nos constituiu com valores, possibilidades e potencialidades. Com o decorrer do tempo,
fragilidades foram anexadas às nossas vidas. Carecemos dos cuidados humano e divino
destinado a todo o nosso ser, em especial, às diversas áreas de nosso viver, dentre elas a vida
familiar. Somos chamados a reconhecer os nossos valores e as nossas debilidades e buscar,
no Senhor, na vivência interpessoal, comunitária e nos recursos humanos e sociais, as forças
e as condições necessários visando o aprimoramento de nossas vidas e de nossos
relacionamentos.

2 – UMA ESCALA DE PRIORIDADES

Ao estabelecermos uma escala de prioridade na vida, podemos enumerar as


seguintes:

1 – Deus
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NÚCLEO TEOLÓGICO DOS DISTRITOS CENTRO-NORTE
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2 – Família
3 – Ministério
4 – Igreja
5 – Sociedade

O Pr. Jaime Kemp, da Sepal, em seus estudos e livros, tem apresentado uma relação
próxima a essa, mas um pouco diferenciada:

1 – Deus
2 – Pessoas - antes do que Coisas
3 – Família – antes do que a Igreja
4 – Esposa/o – antes do que os filhos
5 - Filhos – antes do que amigos
6 – Cônjuge - antes de si mesmo
7 – Espírito – antes do que matéria

Num primeiro momento, essas duas colocações nos chocam, tendo em vista as
prioridades que temos estabelecido para as nossas vidas, em especial, para o nosso
ministério pastoral.

3 – ANÁLIES DA CRISES

Ao fazer uma análise das crises nas vidas das pessoas e de seus relacionamentos,
ocorreu a seguinte classificação:

1 – A CRISE PESSOAL afeta o aspecto interior, relacional, familiar e a vida no trabalho.


2 – A CRISE NO TRABALHO afeta a vida pessoal, familiar, relacional e o próprio
trabalho.
3 - A CRISE RELACIONAL afeta o trabalho, a pessoa e a família.

Qualquer natureza que seja a origem ou o âmbito de uma crise, as vivências familiar
e relacional são afetadas.

É fundamental, visando desenvolver a nossa vocação, a vivência pessoal, relacional,


familiar. Podemos seguir o seguinte esquema:

Conhecer  Compreender  Aceitar  Tolerar  Acolher  Apoiar  Servir 


Restaurar  AMAR

4 – PERSONAGEM OU PESSOA

Esse é o grande dilema presente na sociedade moderna. O ser humano é “coisa”, “número”,
“objeto”, “personagem”, e uma série de outras coisas, menos pessoas.
Cumprimos determinados papéis na sociedade. Somos cobrados a partir do
desempenho de nossos papéis. A pressão pelo desempenho predomina, hoje, criando
angústias, tensões, desajustes de todos os tipos. Mediante uma diversidade de expectativas,
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NÚCLEO TEOLÓGICO DOS DISTRITOS CENTRO-NORTE
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tenho que desempenhar determinados papéis do/a pastor/a, do/a líder, do/a esposo/a, do/a
pai/mãe, do/a cidadão/ã, familiar, amigo, etc. mediante os valores de nossa sociedade, esse
desempenho requer reconhecimento, sucesso, conquistas, crescimento, qualidade. Somos
uma peça importante no esquema social ou eclesial. Se satisfizermos as expectativas e
tivermos sucesso, tudo bem. Se não, seremos questionados, pressionados, marginalizados e
descartados, afinal, vivemos numa sociedade de “descartes”.
A grande tensão existente em nós, entre nós e através de nós é o da definição do que
somos: pessoa ou personagem. O evangelho revaloriza e recoloca a posição da pessoa,
acima da personagem. Inúmeros exemplos encontramos a esse respeito, em especial a da
mulher samaritana, citada por João, no capítulo 4.a sociedade a trata como uma personagem
cheia de discriminação: sexista, social, moral, religiosa, racial, cultural. Jesus, no seu
processo de restauração, dialoga com ela, através do processo de acolhimento e
reconhecimento do seu valor como pessoa. O relacionamento com Jesus retira dela o seu
papel de personagem, restaurando nela o sentido de pessoa.
Na vida pastoral, eclesial, familiar e social estamos necessitando dessa restauração –
inclusive na vida das famílias pastorais,na qual as pessoas são mais personagens do que
outra coisa: o/a pastor/a, o/a esposo/a do pastor/a, o/a filho/a cobrando de todos a
correspondência das mais diversas expectativas. Isso acontece não somente da parte da
igreja, mas dos elementos componentes da própria família pastoral.

5 – SUCESSO OU FIDELIDADE

Os valores da sociedade moderna têm nos levado ao mundo da competitividade. A


sociedade do mercado nos estimula a buscar o reconhecimento, o sucesso, a posição, o
destaque, a autoridade.
Mesmo no meio religioso há uma grande competitividade onde igrejas e líderes
buscam destacar-se através de suas conquistas, seus carismas, suas posições, seu sucesso,
do crescimento de suas igrejas, dos prodígios e sinais que realizam, etc.
Essa tendência tem influenciado muito as igrejas, os/as pastores/as e seus líderes em
relação ‘as expectativas tidas para consigo mesmos ou às exigências de uns sobre os outros.
Como decorrência, a família pastoral é afetada, pois há expectativas da mesma natureza
presente nos relacionamentos de uns com os outros. Passam-se a exigir sucesso, destaque e
desempenho como referências de reconhecimento, aceitação, mérito, instrumento de
barganha e até concessão da afetividade.

O evangelho do reino de Deus dá prioridade a fidelidade no lugar do sucesso. Jesus,


analisando do ponto de vista dos valores do presente século, seria um fracasso. Todavia,
segundo as normas do reino - a fidelidade - levou-o a estar soberano acima de todo nome,
poder ou autoridade (Efésios 1; Filipenses2).

Por mais que tudo isso possa nos aparecer sem relevância, a verdade é que essa
questão tem afetado diretamente a vida do ministério pastoral,da missão da igreja e dos
relacionamentos encontrados na família pastoral.

6 – CRISES PASTORAIS, PESSOAL E FAMILIAR

Como pessoas, fugimos das tensões e das crises. Ambas nos amedrontam. Todavia, a
realidade em que vivemos indica que há sinais de crise em nós, na sociedade, na família, nos
relacionamentos humanos e em diversas áreas presentes na vida.
20
NÚCLEO TEOLÓGICO DOS DISTRITOS CENTRO-NORTE
E LITORAL DO ESPÍRITO SANTO – IGREJA METODISTA

Crise não significa falência ou morte. Ela pode indicar uma reação significativa, pois
sinaliza vida e vitalidades. Muitos têm afirmado que a crise é sinal de perigo, mas, acima de
tudo, de oportunidade, que nos leva a nos avaliar, a nos refazer, a nos reestruturar, a
redimensionar a vida. Nesse sentido, a crise torna-se um sinal de grande valor e importância
para todos nós.

Existem, nos dias de hoje, alguns núcleos de crise. Eles afetam a vida pessoal, pastoral,
social e familiar. Sinalizemos alguns de seus componentes:

1- Crise de identidade

2- Crise de intimidade

3- Crise de integridade

4- Crise de vocação

5- Crise de participação

6- Crise de relacionamentos

7- Crise de valores

Há essas e outras crises na vida pastoral, eclesial e da família pastoral.

Os relacionamentos estão tensos e desgastados. Há muito mais indicativos desse fato


na família pastoral. O personalismo, o autoritarismo, sinais de violência física e sexual,
infidelidade, tensão nos relacionamentos, carência de afetividade, impessoalidade, quebra
de valores éticos e morais, problemas de alcoolismo, os tóxicos, a sexualidade desvirtuada,
expectativas de uns com os outros fora do contexto da realidade e das necessidades
pessoais, ausência de atenção, cuidado e diálogo, individualismo e egocentrismo...
Separação de casais!

Essas realidades poderão ser expressas através de depoimentos ou frases oriundos de


esposos/as e filhos de pastores/as.

• O meu esposo é um tirano dentro de casa.

• Ele comete adultério emocional e mental todos os dias.

• Casou-se com a igreja e abandonou a/o esposo/a e os filhos.

• Há uma distância muito grande entre o que o meu esposo prega e a sua vida no seio
da família. O seu testemunho cristão não confere com aquilo que é pregado
dominicalmente.

• Se eu não me submeto à sua autoridade, posicionamento e ordens, a nossa vida


parece um inferno: uma contínua discussão, tensão e brigas.
21
NÚCLEO TEOLÓGICO DOS DISTRITOS CENTRO-NORTE
E LITORAL DO ESPÍRITO SANTO – IGREJA METODISTA

Por outro lado os/as filhos/as também se expressam:

• Não tenho um pai dentro de casa. Tenho um ditador ou impositor. Ele transfere sobre
nós as expectativas da igreja.
• Não nos considera como pessoas e nem está atento às nossas necessidades.
• Papai não me dá atenção. Sempre está ocupado demais para me considerar. Não
recebo dele nem carinho, nem amor e nem calor humano. Muitas vezes ele até é
violento comigo.
• Não há diálogo em casa. Reconheço que erro muitas vezes. Todavia, falta
compreensão, tolerância e perdão. Sou coagido em minhas decisões e ações. O
perfeccionismo inatingível de meu pai recai sobre a minha pessoa.
• Não me lembro de meu pai brincando comigo. Não há convivência mais íntima e
amorosa entre nós. Papai está sempre ocupado. Não há tempo para lazer, diálogo,
aconselhamento, carinho, férias.

Por sua vez, o/a pastor/a também tem as suas justificativas:

• Gostaria de dar tempo para a minha família, mas a igreja exige muito de mim e o
pior é que os meus não entendem o meu drama.
• Minha esposa não me acompanha em nada. Ela é uma ausente em minha vida. Isso
me tem levado a buscar amizades e apoio em outras pessoas. Sei que estou em
perigo, mas o que fazer?
• Na igreja sou elogiado, bem tratado, amado, mas, em caa, nem considerado sou.
Quando estou meditando, orando ou estudando indagam-me se “estou fazendo
alguma coisa”. A natureza do meu trabalho pastoral nunca é entendida. Dificilmente
sou elogiado ou valorizado.
• Há uma frieza nos relacionamentos que tenho com os meus familiares. Estou
preocupado, pois sinto uma grande distância entre mim e minha esposa. Sei que isso
é um perigo para mim. Vivo aconselhando mulheres carentes e numa dessas posso
ser tentado.
• As pressões, exigências e múltiplas expectativas da igreja com o meu ministério e as
contínuas cobranças estão afetando a minha vida, os meus relacionamentos, a minha
comunhão com Deus e, especialmente, a minha vida familiar.

Em síntese, pode-se dizer, como o Pr. Jaime Kemp – em seu livro “Pastores em perigo”
– e outros estudiosos dizem, que os desajustes mais presentes são decorrentes de
“desentendimentos interpessoais, incluindo o uso do dinheiro, o pouco tempo dedicado à
família, o baixo nível salarial, sentimentos negativos e contínuas mágoas presentes,
diferenças de opinião sobre vários assuntos, inclusive a igreja e o ministério, ausência de
tempo para diálogo, comunhão, vida devocional e lazer, questões a respeito dos filhos, sua
educação, seus comportamentos da sexualidade, o trabalho da esposa/o fora de casa e os
reflexos disto para a vida familiar, inclusive sobrecarga de atribuições sobre a/o esposa/o, a
falta de sensibilidade para s areais necessidades da/o esposa/o, dos filhos e do próprio pai
(pastor/a), como privacidade, convivência, reconhecimento como pessoa, valor pessoal, de
espaço visando expressar-se, etc).
Um destaque especial deve ser dado à questão da saúde física, mental, emocional, das
enfermidades do/a pastor/a, dos/as cônjuges, dos/as filhos/as e demais familiares; e dos
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NÚCLEO TEOLÓGICO DOS DISTRITOS CENTRO-NORTE
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momentos de perdão, em especial, de morte, separação e mudanças de familiares ou de seus


membros.
Com muita humildade, à luz da realidade e das necessidades pessoais e familiares,
somos convidados, através da graça divina, a avaliar, reconhecer nossas carências e falhas,
buscar caminhos alternativos que venha aprimorar o nosso relacionamento, expressar de
forma incondicional o nosso acolhimento, a nossa afetividade, a nossa empatia e o nosso
amor à/ao esposa/o,a os filhos e aos demais membros de nosso lar (pais, sogros, netos, etc).
Há carência de se dedicar mais atenção, tempo e cuidado às nossas famílias.
Semanalmente precisamos dedicar tempo para o nosso lar, separando um dia, pelo menos, e
noites para convivência e atenção, inclusive de forma personalizada.
A presença, o tempo quantitativo e qualitativo, a disposição para o diálogo e a acolhida,
os momentos de recolhimento e lazer, as horas de intimidade familiar e pessoal, a
capacidade para ouvir, dialogar, o seu sensível às realidades e ao momento, ou fase em que
vivem os seus queridos, o espírito compreensível, ajudador e perdoador, o cuidado com a
vivência da espiritualidade, a expressão do carinho e do amor nos relacionamentos e a
vivência evangélica com os membros da família estão requerendo de todos nós uma
prioridade ministerial familiar.

Necessidades básicas e fundamentais

Objetivando encontrar caminhos para o aprimoramento da vivência familiar, é de


fundamental importância estarmos atentos às necessidades pessoais e globais dos membros
de nosso lar. Há diversos tipos de necessidades que carecem serem satisfeitas. Em geral, nos
preocupamos com as mais imediatas, geralmente ligadas às coisas materiais. A sociedade de
consumo tem criado necessidades não fundamentais ao ser humano, enfatizando o fato de
ser importante possuí-las para alcançar a felicidade. A não obtenção daquilo que tem sido
considerado fundamental traz insatisfação e desajustes interiores. Esta tendência consumista,
mercadológica está demasiadamente presente na vida da a igreja e na sua forma de ser.

Considerando a questão das necessidades, podemos enumerá-las em:

1 – necessidade fisiológica
Essas expectativas podem ter origem em diversas fontes:
1 – pessoais
2 – familiares
3 – eclesiais: igreja a que pertence
4 – comunidades de fé
5 – comunidades sociais
6 - conceitos de Deus
7 – vontade de Deus
8 – outras.

Nos relacionamentos, a questão das expectativas é de fundamental importância.


Sempre existem expectativas em nossos relacionamentos e envolvimentos humanos. Os pais
têm as suas expectativas com os filhos, os filhos com os pais, o esposo com a esposa e vice-
versa, o/a pastor/a com a igreja e esta com o pastor/a, assim por diante. Quando as
expectativas que possuímos são correspondidas, ocorre o que chamamos “interação social”,
ou seja, uma correspondência de expectativas e um ajuste. Assim sendo, haverá interação e
integração pessoal, familiar, eclesial, social e grupal.
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Se acontecer de não haver correspondência entre as expectativas, ou por serem


elevadas demais, inadequadas ou fora da realidade, ocorrerá uma insatisfação que levará a
pessoa ou o grupo à ausência de interação. Essa não correspondência vai exigir um processo
de “readaptação” das expectativas, colocando-as em nível do perfil e da realidade das
pessoas, da situação, da comunidade, etc. não havendo o início do processo de
“readaptação”, as pessoas, a família ou o grupo podem seguir caminhos alternativos, tais
como, reavaliação da situação e das expectativas, mudança no nível de expectativas ou
ausência do reencaminhamento do processo provocando um caminho onde há a presença da
fuga e da fantasia.
Em nossos relacionamentos diários em casa, na igreja, no trabalho, na escola, e em
outros níveis, esse processo está presente visando sempre a interação e a inter-relação
pessoal, grupal e de múltiplas expectativas. Essa problemática está continuamente presente
nos relacionamentos familiares.

Na Bíblia, vemos inúmeros exemplos dessa realidade:

• Moisés – tem as expectativas de Deus para com ele, dele par com Deus, do povo
para com ele e com Deus e dele para com o povo. Se analisarmos Moisés e a sua
presença na história do povo de Israel, vamos perceber e compreender bem esse fato.
• Jonas – a não correspondência de suas expectativas missionárias com as
expectativas de Deus, leva-o a fugir, em vez de entrar num processo de
reestruturação e reavaliação.
• Jesus – o povo judeu tinha suas expectativas em relação ao Messias. Quem foi
correspondido aceitou-o. os que o rejeitaram, tiveram as suas expectativas frustrada.
Jesus tinha as suas expectativas para com Deus, o povo, o seu discipulado. O inverso
também ocorria.

Um caso de família bíblica encontramos na família de Jacó.


Todos os desacertos familiares e as confusões de relacionamentos surgem decorrentes do
desencontro de expectativas e de comportamento adequados.
A não correspondência de expectativas pode produzir tensões, geralmente destrutivas,
inibidoras ou criativas. Há a necessidade de aprender a viver em tensão, sem nos
desintegrarmos. Um certo nível de tensão no relacionamento humano é até benéfico, desde
que não entremos em “alta tensão”.
As tensões estão continuamente presentes na vida. Tensões e pressões afetam nossa vida
pessoal, nossos relacionamentos interpessoais, familiares, eclesiais, sociais.

Em momentos de crise e de tensão, temos a necessidade de compreender e interpretar a


situação que estamos vivendo. Algumas questões fundamentais devem ser consideradas:

• Como interpretar a situação?


• Estar consciente da importância a respeito da forma e do momento de agir.
• Ter uma correta percepção da situação.
• Usar o momento visando uma análise, uma reflexão e o aproveitamento (uso) da
situação.
• Não temer ser contestado. A contestação pode ser demasiada importante nesse
processo de confrontação e maturação.
• Verificar como a situação pode concorrer para o bem. É claro – tudo sob a
presença e ação da graça divina.
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Um outro elemento importante surge aqui: a percepção

• Percepção

A percepção é um dos elementos básicos presentes na vida humana. Ela é fundamental


para a compreensão que temos a respeito de nós mesmos, dos outros, de nossos
relacionamentos, das situações espirituais, humanas e sociais. Em tudo, na vida,
dependemos desse elemento fundamental.
Se nossa percepção é inadequada e falha, ela pode comprometer todo o nosso
procedimento e a nossa compreensão e ação relativos a algum fato, situação ou pessoa. Uma
percepção errada ou inadequada gera um conceito falso ou incorreto e, consequentemente,
uma ação inapropriada. Uma percepção errada gera um concito errado que provocará, como
conseqüência, um comportamento inadequado com a realidade ou com a situação. Daí
considerarmos fundamental a questão da percepção em todos os níveis: pessoal, relacional,
religioso, moral, familiar, social, etc.
A percepção é fundamental visando o nosso trabalho pastoral, no cuidado e vivência
com os membros de nossas famílias, no acompanhamento pastoral e de apoio a pessoas e de
grupos; nas questões doutrinárias e éticas. Muitos dos desentendimentos pessoais,
relacionais, doutrinários, institucionais e comportamentais têm a sua gênese na percepção.

Imagens geram idéias que geram a percepção. A percepção gera o conceito e, a partir
daqui, temos o nosso comportamento.
Percepção errada gera ações erradas ou inadequadas, por partir de compreensões ou
pressupostos diferenciados.
O que isso significa para a vivência pessoal, familiar, pastoral, eclesial e social?
Nos aspectos mentais, emocionais, psicológicos, sociais, econômicos e políticos
encontramos a questão da percepção.
Uma das percepções que temos, no que diz respeito a situação em que vivemos, é a de
que somos constantemente cobrados pelos diversos segmentos da vida humana e da
sociedade nos dias de hoje. A questão do desempenho é um fator determinante na
atualidade. Somos cobrados a partir do desempenho.

• Desempenho pessoal, profissional, familiar, eclesial, religioso, social. Sofremos uma


contínua pressão que cria em nós a compulsão pelo desempenho. Essa compulsão
gera, em nós, em nossos lares e nas comunidades, situações mentais, emocionais e
psicológicas (na forma mais abrangente), provocando pressões, ansiedades, angústias
e tensões, em níveis diversos e variados.

Tentações e seduções na vivência pastoral

Vamos citar e avaliar algumas das mais presentes no nosso cotidiano:

1 – sedução da agenda
2 – sedução do ativismo
3 – sedução pelo poder
4 – sedução pelo sucesso, nome e autoridade
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5 – sedução pelo sexo


6 – sedução pelo dinheiro, bens, posses
7 – sedução pelo púlpito
8 – sedução pelo academicismo
9 – sedução pelo/a pastor/a místico/a
10 – sedução pelo mágico e pelo mistério.

Essas seduções afetam não apenas a vida pessoal do/a pastor/a, mas todos os seus
níveis e relacionamentos familiar, social, eclesial. Dependendo do acatar ou não essas
seduções os/as pastores/as podem estar sujeitos a cair nas barras de ouro, barras da saia,
barras do sucesso, barras do poder, finalizando nas barras do tribunal.

Essas tentações e seduções podem gerar as mais diversas crises. Os esboços de crise
que podemos encontrar podem estar:

• Nas expectativas
• Na busca pelo sentido da vida e da vocação
• No anseio de encontrar a sua identidade
• Nas tensões interiores e exteriores
• No objetivo ministerial
• Na questão da integridade
• No sentido de auto-estima
• Na super-valorização pessoal ou comunitária
• Na sexualidade
• Nos relacionamento pessoais, inter-pessoais e familiares
• Nos valores pessoais e sociais
• Na vivência econômica e social
• Nas questões do temperamento e do caráter
• Na ausência de interação e integração sociais
• Nos alvos e objetivos estabelecidos para si
• Na frustração ministerial
• Nas questões da espiritualidade pessoal, familiar, eclesial
• Nos aspectos éticos e morais
• Outros.

A família pastoral

Os aspectos estudados e enunciados, até agora, estão diretamente relacionados com a


vivência da família pastoral. Não podemos fugir e nem ignorar as nossas necessidades e
realidades.
Há uma urgente necessidade de dar mais atenção e cuidado ao/à pastor/a e seus
familiares. Ministérios específicos carecem ser estabelecidos. Atenção: acompanhamento e
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treinamento devem ser desenvolvidos. Núcleos de apoio locais, distritais, regionais e


nacionais carecem ser estabelecidos. Pessoas com confiabilidade e capacidade serão
fundamentais nos estabelecimentos dessa ação pastoral, visando a interação, a integração
restabelecimento, a unidade, a restauração e o aprimoramento das relações da família
pastoral consigo mesma, com a Igreja, com as igrejas e com a sociedade. Cabe aos/à
pastores/as ter essa consciência e dar de si visando a melhoria da qualidade da vivência e
dos relacionamentos na família pastoral.a igreja fica com a responsabilidade e com a
urgência de criar espaços de sustentação, apoio, acompanhamento e aprimoramento. Se tudo
o que foi dito e escrito conseguisse esses dois objetivos aqui colocados, teríamos alcançado
tudo quanto tem sido proposto até o momento e doso os anseios presentes e no íntimo do/da
pastor/a e de sua família.

Sentimento de acolhimento

Um sentimento de acolhimento carece ser estabelecido nos relacionamentos pessoais,


interpessoais e sociais.

1 – Ser acolhido por Deus – aceitar o acolhimento do Senhor e de sua graça é fundamental à
vivência pessoal e familiar.
2 – Acolher-se a si mesmo é algo essencial para a comunhão consigo, com Deus e com os
outros. Isso requer um aprimoramento no conhecimento de nós mesmos e um trabalho
honesto e intensivo com respeito àquilo que nós somos.
3 – Acolher as outras pessoas e ser acolhidos por elas. Ampliar os níveis de conhecimento,
compreensão, aceitação, tolerância e apoio às outras pessoas. Da mesma forma, se acolhido
por elas no mesmo nível e dimensão.
4 – Ser colhido pela comunidade - pela Igreja e pelas igrejas. Diminuir as relações de tensão
pelo desempenho e ampliar os níveis de comunhão, de convivência e de relacionamento.
5 – O sentimento de acolhimento tem como ponto de referência a atitude evangélica havida
em Cristo. Ele nos acolheu, nos recebeu. Da mesma forma devemos “acolher uns aos
outros” conforme Cristo nos acolheu (Romanos 15:7).

Configurando a família pastoral

Semelhantemente às outras famílias, a configuração da família pastoral tem


diferenciações.
Em geral, podemos configurar famílias no aspecto tradicional – pai, mãe, filhos,
irmãos e demais familiares. Todavia, esse modelo pode variar, tendo a mulher como o
cabeça da família, tendo a ausência do esposo, ou mesmo o homem como cabeça não
contando com a presença da mulher. Temos também pastores/as solteiro/as,
acompanhado/as de pais, irmãos, sobrinhos e outros familiares, alguns com adoção de
crianças.

Especial consideração deve ser dado aos lares desfeitos por morte, infidelidade e
separação e aos que estabeleceram novos casamentos.

A esposa do pastor – esposo da pastora

Quem somos em relação a eles/elas: amigo/a, companheiro/a, esposo/a de pastor/a?

Quem é a/o esposa/o?


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1 – Personagem ou pessoa – super-mulher/homem


2 – Mulher sem nome. Personagem sem identidade pessoal.
3 – Pessoa com suas características a quem devemos dedicar tempo, privacidade, amizade,
cooperação, apoio e lazer.
4 – Concessão de um amor incondicional e sacrificial: com amizade, desejo de intimidade e
prazer, mas dadivoso e sacrificial.
5 – algumas questões fundamentais:
• Disponibilidade familiar
• Participação
• Superar barreiras como as instabilidades
• Os picos emocionais do/da pastor/a
• A exaustão da/o esposa/o
• A colocação de situações e problemas de forma inadequada em momentos errados.

6 – Prioridades familiares:
• Acerto entre agenda pastoral e familiar
• Dar tempo visando a convivência, o lazer semanal e as férias
• Relacionamento familiar em nível mais amplo: um dia por semana para a família,
uma noite para a esposa, momentos globais e individuais com os/as filhos/as.
• Estabelecer prioridades e metodologia na agenda: dias e horas, respeitando-os.

7 – Moradia pastoral – questões relativas a esse item: proximidade ou distância,; privacidade


e intimidade ou abertura (escancaramento familiar). A problemática das mudanças pastorais.
8 – Trabalho, estudo, responsabilidades:
• Apoio quanto ao trabalho da/do esposa/o e ao estudo
• Cooperação com atividades e atribuições domésticas
• Participação no crescimento, formação e o caminho à maturidade
• Cooperação nas tarefas familiares, em especial, no cuidado com os/as filhos/as.

9 - Finanças
• A importância do orçamento elaborado
• Estabelecimento de prioridades, o cuidado com os gastos não básicos e com o cartão
de crédito, as prestações, dívidas, etc
• Estabelecimento de prioridades – evitar a compulsão pela compra

10 – Sexualidade:
• Expressar amor, afetividade, fidelidade e compromisso
• Ter cuidado com as tentações e seduções presentes na vivência pastoral e da/do
esposa/o
• Ter carinho, romantismo, relacionamento afetivo
• Partilhar o ser total
• Ter cuidado com a rotina, as seduções e os modismos.

11 – Igreja:
• Cuidados com as demandas e expectativas da igreja.
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• Ajuda através de prática pastoral e pedagógica a uma mudança de mentalidade


• Participação com seus dons e ministérios
• Outras situações

Filhos/as de pastores/as:

São vistos, em geral, como “pessoas ideais” e não pessoas reais com suas
características, realidades e necessidades. Isso tanto por parte da igreja como, às vezes, do/a
próprio/a pastor/a. Grandes expectativas recaem sobre eles/elas. Há casos em que os/as
filhos/as são sempre considerados problemas.

Algumas situações:
1 – Expectativas irreais e injustas:
• Por parte da igreja
• Dos pais
• Da família
• Da sociedade (colega e amigos)

2 – Quebra da imagem ideal. Pai é também pessoa (Mãe também):


• Tirar a máscara
• Admitir a sua humanidade
• Reconhecer os erros e as falhas
• Ser humilde
• Pedir e conceder perdão

3 – Conversação familiar:
• A importância do ouvir e do diálogo
• O lugar da verdade
• O cuidado com terminologia e expressões
• Autenticidade
• Ética pastoral: não expor à igreja e nem às pessoas
• Cuidado com os comentários sobre situações, tensões e relacionamento

4 – Dificuldades de itinerância:
• Mudanças constantes
• Perda do ambiente, dos amigos e convivência
• Os problemas oriundos das mudanças de escolas e de trabalho

5 – O estigma de ser filho/a de pastor/a:


• Aspectos positivos e aspectos negativos

6 – Expressar amor incondicional:


• Aceitar, acatar, mesmo não concordando, acolher
• O cuidado com a disciplina: firme, amorosa, não desgastante, preocupado com a
pessoa e não com as imagens ou expectativas de terceiros
• Não irritar e nem desanimar
• Nos relacionamentos expressar acolhimento, graça, perdão e apoio
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• Valorizar o que faz e é bom


• Cuidar da auto-estima
• Evitar o contínuo espírito crítico
• Cuidado com a forma do falar – a palavra tem grande valor, em especial, no período
de infância
• Lembrar-se por trás das palavras há sempre sentimentos

7 – Dar tempo aos/às filhos/as:


• A importância da qualidade do tempo, do lazer, da convivência
• Respeitaras diferenças individuais (Susana Wesley)

8 – Comunicação:
• Abrir espaços, ter confiabilidade
• Dar tempo
• Ouvir atenciosa, amorosa, paciente e empaticamente
• Dialogar com pessoas da família
• Orar pessoalmente e de forma objetiva
• Criar valores ligados à espiritualidade
• Dar testemunho

9 – Acompanhando e aprimorando os alvos:


• Alvos reais ou imaginários
• Crescimento progressivo dos alvos
• Estimulo, apoio, compreensão e companheirismo

10 – Vivência da espiritualidade:
• Valorização dos momentos significativos
• Informalidade e sentido de relevância no lugar da formalidade e da imposição
• O momento devocional: evoluir conforme a faixa etária
• Testemunho prático da fé: no lar, na igreja e na sociedade

11 – Situações diferenciáveis:
• Carências afetivas especiais conforme a realidade e a necessidade de cada um. Há
situações que exigem uma atenção mais adequada – são algumas delas bem
específicas

12 – Sexualidade:
• Formação
• Clareza
• Abertura para o diálogo
• Avaliação dos valores e das formas existentes na sociedade
• Evitar extremismos – tabus ou liberalidade
• Conversar francamente sobre o tema e outros, tais como: o alcoolismo, tóxicos, Aids,
divertimentos, etc.

Relacionamentos e sentimentos
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É de fundamental importância, na vivência familiar, os relacionamentos entre os


membros da família. Temos que reconhecer que nem sempre esses relacionamentos estão
abertos e francos entre todos os membros da família. Há relacionamentos truncados,
carentes de restauração.
Nos relacionamentos, palavras e sentimentos são fundamentais. A palavra deve ser
boa para a “edificação e transmitir graça”, conforme dia a Palavra de Deus. Todavia, nem
sempre essa palavra tem sido “boa e adequada”. Muitas vezes ela tem magoado, ferido,
criado sentimentos negativos. Por detrás das palavras, existem sentimentos em ambos os
comunicadores. Há uma carga muito forte de sentimentos negativos nos relacionamentos
humanos que necessitam de restauração. No decorrer do histórico da vida das pessoas, desde
a infância até a fase adulta, há o acúmulo dos mais diversos sentimentos no interior das
pessoas. Mágoas, traumas, ódios, inferioridade, diversos complexos, oriundos por diversos
fatores, tendo a palavra um dos principais dentre eles.
Na família pastoral, há a necessidade da restauração das palavras e dos sentimentos
pessoais e relacionais. Barreiras, as mais diversas, têm sido aqui construídas. Carecemos da
graça de Cristo, da compreensão dos fatores apresentes e da disponibilidade de cada pessoa
para caminhar pela trilha da compreensão, do perdão, da reconciliação e da restauração. O
Espírito Santo carece trabalhar de forma individual e comunitária na vida familiar, não
somente restaurando relacionamentos, mas transmitindo “graça e edificação” nas palavras,
nos gestos, nos toques e em todos os outros meios presentes na comunicação e na comunhão
entre as pessoas e nas pessoas consigo mesmas, restaurando sentimentos e criando pontes
para que haja na família pastoral um relacionamento evangélico.
Aqui vale lembrar o que já foi citado: a importância da convivência, da intimidade,
do estar junto, do ouvir, do dar atenção, do compreender, acolher tolerar, perdoar, amar
verdadeiramente. O conhecimento da realidade e das necessidades pessoais e da comunidade
familiar e a questão anteriormente mencionada da “percepção” são fundamentais nesse
processo dinâmico de relacionamento pessoal e interpessoal.

Finalizando:

Há um espaço evangélico a ser vivido na vida pastoral e nos relacionamentos


familiares. A graça de cristo, através da ação e vivência do Espírito Santo, a mútua
participação de todos os membros da família pastoral, a cooperação e prática dos
conhecimentos humanos, o apoio da comunidade eclesial e, quando necessário, a ajuda de
pessoas e grupos especializados devem continuamente se inter-relacionar.
É possível e necessária uma vivência evangélica nos relacionamentos entre os
membros da família pastoral. Aqui é o primeiro e talvez o mais difícil lugar para o
testemunho de nossa fé.
Semelhantemente a qualquer lar ou família é possível o milagre da graça divina
concedendo-nos uma vida plena e abundante em nossas famílias.

Os elementos presentes no texto das bodas de Caná da Galiléia são indicativos para todos
os:

1 – a presença ativa de Cristo - ele foi convidado


2 – o cumprimento da orientação de Maria: “Fazei tudo quanto Ele vos disser”; obediência à
Palavra
3 – o detectar das dificuldades e problemas: “falta vinho”
4 – a disponibilidade, a cooperação para com Cristo: “enchei as talhas”
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5 – o fazer tudo quanto é de nossa responsabilidade e está dentro de nossas possibilidades –


a ação dos serventes
6 – experimentar vivencialmente a ação da graça de cristo – “provar do vinho transformado,
como o mestre-sala”.
7 – permitir a Cristo realizar, no lar, os sinais da sua Graça, crer nele (João 2:1-11).

A Palavra do Senhor nos dá alguns indicativos para essa vivência evangélica no


relacionamento da família pastoral:

• Suportar as fragilidades uns dos outros - Romanos 15:1


• Agradar a outra pessoa no que for bom para edificação
• Acolher uns aos outros – Romanos 15:7
• Seguindo a verdade e o amor, crescer em tudo - Efésios 4:15
• Despojamento e revestimento – Efésios 4:20-24
• Deixar tudo quanto impede um autêntico relacionamento – Efésios 4:25; I Pedro
2:1
• Perdoar uns aos outros – Efésios 4:32
• Andar em amor uns com os outros – Efésiso 5:2
• Levar os fardos uns dos outros – Gálatas 6:2
• Ser unidos de alma, tendo o mesmo sentimento uns com os outros – Filipenses 2:3
• Ter em vista a situação e a posição da outra pessoa – Filipenses 2:4
• Expressar a alegria do Senhor – Filipenses 4:5
• Exercitar a moderação com todos – Filipenses 5
• Permitir o habitar da paz de Cristo – Colossenses 3:15
• Deixar Cristo ser o “árbitro” – Colossenses 3:15
• Fazer tudo, de coração, e em nome do Senhor - Colossenses 3:17, 23
• Andar no Espírito – Gálatas 5:16
• Permitir ao senhor produzir os frutos do Espírito – Gálatas 5:22
• Deixar habitar Cristo e a sua Palavra no lar – Colossenses 3:16
• Instruir-vos e aconselhai-vos mutuamente – Colossenses 3:16
• Confessar as fragilidades e os pecados – Tiago 5:16
• Orar uns pelos outros – Tiago 5:16
• Servir uns aos outros, no Senhor
• Permitir e receber o acolhimento da comunidade da fé

• Lavar os pés uns dos outros – João 13:14-16


• Cremos na ação da graça divina na vivência d família pastoral. A presença da graça,
do amor, do acolhimento, do perdão da reconciliação e da restauração em cristo,
através do Espírito são constituintes fundamentais para vida pessoal e relacional
do/a pastor/a e da sua querida família.
Com certeza temos dificuldade sem nossos relacionamentos. Temos que reconhecer,
como Paulo, que não temos alcançado muitos de nossos desejos e objetivos. Contudo,
uma coisa é necessária, levando a sério os acontecimentos passados, buscando supera-
los; carecemos esquecer o que fica para trás fica e avançar em busca daquilo que Cristo
tem proposto para nós e aos nossos familiares (Filipenses 3). Com a presença da graça
divina, a nossa vontade e ação em superar as nossas dificuldades e melhorar os nosso
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relacionamentos e a mútua cooperação de cada membro do corpo; estaremos crescendo


em amor, na comunhão, e na edificação do todo o organismo familiar.

“Se souberdes essas coisas, bem-aventurado sois se as praticardes.” João 13:17

VII. Diretrizes para um Ministério Pastoral eficaz


Jeremias 3. 14 e 15

Só Deus pode forjar um pastor. Somos escolhidos por Deus e temos a promessa de que seremos
sustentados diuturnamente para a realização de uma tarefa espiritual, porém voltada para a
humanidade corrompida.

A eficácia do ministério pastoral depende do ardor espiritual e do jogo de cintura inter-relacional do


pastor no trato ministerial.

A crença nessas assertivas, diria, era a motivação do ministério de Jeremias, que embora
classificado como o profeta chorão, era apenas um homem de Deus autêntico e transparente em
sua vida, em sua convicção profética, bem como em suas mensagens, que foram proclamadas em
tempos difíceis, tempos de apostasia e de idolatria.

Jeremias dedicou toda a sua vida adulta ao ministério profético que durou pelo menos 40 anos.
Subsistiu a cinco reinados e passou por situações diferentes e, por essa razão, proclamou
mensagens diferentes em seu formato, tratando cada situação e cada época a partir do contexto
histórico-religioso vivenciado, preservando, porém, uma mesma consistência e uma única base
teologal, a Teologia da Aliança exarada em Deuteronômio, para a sua contundente e sempre
atualizada e apropriada proclamação. Tal qual nos tempos de Jeremias, hoje, Deus chama pastores
para o exercício de um ministério contextualizado e teologicamente unívoco, tendo como base
exclusiva a Bíblia Sagrada, a Palavra de Deus que é inerrante e infalível.

Consideremos, em seguida, a partir dos versos 14 e 15 de Jeremias 3, o que classifico como as


diretrizes funcionais para o exercício de um ministério pastoral eficaz em nossos dias, visto que,
embora a conotação de profecia no Novo Testamento tenha nuanças diferenciadas do conceito
veterotestamentário, somos profetas de Deus na pós-modernidade.

A primeira diretriz funcional a considerar é...

1. A consciência vívida da chamada para o ministério.

Sem uma consciência nítida e vívida da chamada para o ministério não seremos pastores. Nem de
nós mesmos, ou se quer dos nossos distorcidos anseios egocêntricos.

Ter o título de pastor é fácil. Nunca foi tão fácil. O desafio é sentir-se pastor e sentir, como pastor,
as misérias humanas. O desafio é agir como pastor, respondendo sempre como pastor, nos
embates humanos e diante das mazelas emocionais que também nos afetam. O desafio é ser
pastor segundo o coração de Deus, isto é, ser pastor de acordo com a vontade e a maneira
desejada por Deus, prescindindo da nossa própria humanidade.
33
NÚCLEO TEOLÓGICO DOS DISTRITOS CENTRO-NORTE
E LITORAL DO ESPÍRITO SANTO – IGREJA METODISTA

Ser pastor segundo o coração de Deus é libertar-se das convicções humanóides que atrofiam ou
embotam o nosso raciocínio, acorrentando-nos nos pelourinhos dos interesses personalizados, das
eclesiologias mercantilistas, das teologias de tarefa imediatistas ou do denominacionalismo
emburrecido e fossilizado pela divinização da sua própria história, tudo isso em detrimento da
adoração e da obediência ao verdadeiro Deus e Senhor do ministério pastoral a ser efetivado.

Para que sejamos úteis e eficazes no ministério pastoral devemos estar livres dos quereres e dos
poderes humanos, abrindo mão do nosso eu, do nosso ego, para que Deus esteja entronizado em
nossas vidas, mentes e em nossas personalidades a fim de que somente preguemos a Palavra que
expressa o propósito e o poder de Deus para o seu povo e para a igreja de Cristo Jesus.

Antes de ponderar uma situação a partir do racional, da jurisprudência, dos cânones


denominacionais ou do que é sociologicamente admitido o pastor deve buscar na Bíblia Sagrada o
parâmetro ético-espiritual determinante. Se o pastor deseja tomar decisões corretas deve pautar-se
pela Palavra de Deus, mesmo que estas decisões sejam indigestas em relação ao padrão ético das
pessoas envolvidas.

O pastor também deve reconhecer a sua pequenez e a sua vulnerabilidade, submetendo-se a


vontade de Deus e enquadrando a sua própria vida na Palavra de Deus. Deus mesmo nos chamou
de maneira muito especial e particular para militarmos no ministério que é dele, o que nos impõe um
compromisso de fidelidade irrefutável. Precisamos desenvolver sensibilidade para compreendermos
que somos apenas servos e instrumentos. Somos apenas ministros de Deus. Não somos
semideuses e nem concentramos a divindade em nós mesmos. Como servos e instrumentos,
devemos renunciar todo o ego humano, rejeitando todas as decisões pessoais e particularizadas,
instruindo a igreja na busca do consenso gerado pelo Espírito Santo que nos guia em toda a
verdade e para toda a vontade de Deus, consenso que se expressa pelo vínculo da paz na igreja,
Efésios 4.3.

Ser pastor segundo o coração de Deus é levar a igreja de Cristo a fazer a vontade de Deus sempre,
mesmo que a custo de alto preço e em meio a grande combate. Nosso compromisso primevo é com
Deus, depois vem a igreja local.

Uma segunda diretriz funcional para o pastorado é...

2. Apascentar o rebanho com ciência e com inteligência.

Apascentar não é apenas conduzir ao lugar de deleite. É também ensinar sobre a seleção do
alimento e sobre a melhor maneira de se absorver o máximo de nutrientes possíveis da ração
oferecida. Apascentar é cuidar da saúde do rebanho, protegendo-o e, se necessário, disciplinando
as ovelhas rebeldes como fator de preservação da integridade física e espiritual do rebanho como
um todo.

No tempo de Jeremias havia pastores como os indicados no capítulo 23.1-8 do seu Livro, que
aterrorizavam o rebanho com filosofias, com teologismos, com ciências exóticas, não exatas, e com
eclesiolucuras. Pastores que, como vemos atualmente, preparam verdadeiros coquetéis
espiritualísticos na promoção da cristianização de celebridades e de socialites com seus costumes
antiéticos e contra-cultura. Pastores hábeis na avivalização de cristãos incautos que alimentam as
polpudas contas bancárias desses profeteiros vivaldinos.

Não é este o ministério pastoral que Deus espera de nós. O Senhor nos chamou e nos vocacionou
para que estejamos diante do seu rebanho em culto vivo e santo, culto agradável e lúcido, culto que
sempre seja preponderante e eficaz na ação libertária das fobias, dos terrores, da opressão, dos
complexos e das culpas resultantes do pecado outrora dominante. Daí a necessidade de ciência e
de inteligência por parte do pastor no trato ministerial.

Ciência é dom do Espírito Santo, 1 Coríntios 12.8. É o que nos habilita para a identificação e para o
discernimento das necessidades reais do rebanho, não apenas as aparentes. É percepção aguçada
para reconhecermos os bodes infiltrados e as bajuladoras lobelhas - uma aberração genético-
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NÚCLEO TEOLÓGICO DOS DISTRITOS CENTRO-NORTE
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espiritual que tem corpo de ovelha, pele de ovelha, cheiro de ovelha, balido de ovelha, mas que tem
o coração e a índole de um crudelíssimo e sanguinário lobo devorador. O dom da ciência é o que
descortina aos olhos e à percepção do pastor os códigos do DNA da espiritualidade de cada
membro da igreja, da eclesiologia que praticamos e da denominação a qual nos filiamos,
motivando-nos a decisões que sempre hão de glorificar a Deus.

Inteligência é também capacitação espiritual, Tiago 1.5 e 3.17, para desenvolvermos as estratégias
de ação para a igreja, sem prescindirmos da Palavra de Deus que preceitua a diversificação cúltica
e a multiplicidade de abordagens evangelísticas.

Inteligência pastoral é também capacitação espiritual para se saber ouvir o silêncio, para se
auscultar as ansiedades dos corações, para se ouvir as palavras pronunciadas pelo olhar confuso
ou difuso e para se diferençar o sabor das lágrimas, identificando a reposta certa para a
circunstância certa, no tempo certo de Deus e na medida certa. Inteligência pastoral é ter de Deus
certezas absolutas que respondam as dúvidas e as carências certas do rebanho.

Apascentar com ciência e com inteligência vai muito além da sofisticação cultural ou da formação
teológica que obtivemos. É ser porta-voz de Deus conclamando o homem sem Cristo para a
salvação e é ser a viva voz de Deus, para a igreja de Cristo Jesus, na exortação que visa a
edificação do Corpo. Apascentar com ciência e com inteligência é promulgar e proclamar a
sabedoria de Deus, conforme verificamos em Malaquias 2.7.

A terceira e última diretriz funcional para um ministério eficaz é...

3. A conjugação equilibrada entre a Palavra de Deus e poder espiritual.

Doug Banister, no livro A Igreja da Palavra e do Poder, editora Vida, argumenta que é possível
analisarmos a história do cristianismo a partir de uma espécie de pendulo que oscila entre um
extremo e outro, a Palavra ou o poder. Raramente nos permitimos a um meio-termo, ao equilíbrio
possível e necessário, para que sejamos Igreja Viva.

Se esperamos eficácia de Deus no trato do ministério pastoral devemos renunciar a esse espírito
excludente entre poder e Palavra, buscando aplicar o espírito do também na ministração pastoral,
ou seja, proclamamos a Palavra, mas também carecemos do poder.

O pastor não deve orientar a igreja para que se faça opção entre a Palavra de Deus ou o poder
espiritual, antes deve instruir a igreja no estudo acurado da Bíblia Sagrada e também no exercício
lúcido do poder espiritual que emana da Palavra. É tempo de construirmos a ponte que há de
interligar os tradicionais que se postam de um lado, assoberbados na defesa da pregação
expositiva, da autoridade das Escrituras e dos mistérios do Reino vindouro, e que acertadamente
defendem o crescimento espiritual como um processo diuturno a ser desenvolvido nos pequenos
grupos erroneamente denominados como uniões, organizações ou departamentos de treinamento
bíblico.

Devemos construir pontes que nos levem aos pentecostais, nossos irmãos que se destacam nas
convicções de que a oração é essencial, de que o Reino de Deus está aqui presente, em parte, de
que Deus fala hoje, de que o culto é participativo e de que os dons espirituais podem ser
experimentados nas relações interpessoais, que estão do outro lado.

Seremos pastores da Palavra e do poder, relevantes e eficazes sempre, não apenas se vivermos
pela Palavra, mas se tivermos disposição de morrermos pela Palavra. Morrermos em nosso
doutrinismo rigorista, morrermos em nosso denominacionalismo sectário, morrermos em nossa
frouxidão ética e se morrermos em nossa apatia profética.

Seremos pastores da Palavra e do poder se nos dispusermos ao Senhor, como o fizeram os


reformadores do século XVI e os avivalistas do século XVIII, conjugando, no trato ministerial, a
pregação expositiva com a profecia vívida, a autoridade das Escrituras com a autoridade espiritual
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NÚCLEO TEOLÓGICO DOS DISTRITOS CENTRO-NORTE
E LITORAL DO ESPÍRITO SANTO – IGREJA METODISTA

do pregador, os mistérios do reino vindouro com as manifestações de cura, libertação e vivificação


peculiares a este Reino também no presente. Seremos pastores da Palavra e do poder se
ensinarmos a igreja a conjugar o processo de santificação com a essencialidade da oração, do
clamor e da intercessão, se optarmos por uma expressão cúltica contextualizada e promotora de
relacionamentos duradouros entre mim e meu irmão, bem como entre mim, meu irmão e o nosso
Deus. Seremos pastores da Palavra e do poder quando ministrarmos em nossas igrejas um culto
racional, operacionalizado como decência e ordem, porém sem prescindirmos do sacrifício vivo e
santo de nossos próprios corpos diante do Senhor, Romanos 12.1 e 2.

Seremos pastores da Palavra e do poder quando nossas ovelhas perceberem em nós o profundo
conhecimento bíblico. Conhecimento que se conjuga com uma incandescente e contagiante unção
espiritual que emana na imposição de mãos para a oração, para a unção e para impetração da
bênção que tanto carecem ao término do aconselhamento bíblico ministrado.

Seremos pastores da Palavra e do poder quando formos apenas pastores segundo o coração de
Deus e não mais pastores condicionados as estruturas denominacionais e seus teologismos.

Conclusão:

Desejo concluir conclamando a todos os colegas pastores e pastoras a refletirmos sobre o nosso
compromisso diante do rebanho de Deus. No pastorado, devemos nortear o nosso ministério só e
unicamente pelo coração de Deus. Essa tarefa difícil e penosa em tempos de seqüestro da
autoridade ministerial, visto que nós pastores nos tornamos reféns do denominacionalismo
totalitário, da cristianização sócio-cultural praticada pela igreja local ou, o que é pior, nos tornamos
reféns de diretorias financiadoras das regalias pastorais.

Não é este o ministério preceituado por Deus e não é este o tipo de pastores que o Senhor
prometeu à igreja. Devemos romper com todas e quaisquer iniciativas de nos colocarem antolhos e
de nos acondicionarem hermeticamente a um sistema eclesiástico. Devemos orar e clamar para
que Deus promova o dia da alforria pastoral, dia de libertação e do resgate da autoridade pastoral
para a práxis ministerial na igreja local.

Devemos ser pastores segundo o coração de Deus, conscientes de nossa chamada e vocação
ministerial, para que tenhamos de Deus a unção espiritual que se expressa a partir da ciência e da
inteligência que o Espírito Santo nos outorga para o trato pastoral.

Devemos ser pastores da Palavra e do poder se desejamos conduzir o povo de Deus às pastagens
da fé confiante, do testemunho contundente e do cristianismo autêntico e autenticado pela Palavra
de Deus e Seu Espírito, que é o nosso guia na proclamação da Palavra viva, eficaz, cortante e
penetrante, pois assim se expressa o coração de Deus em suas relações com o universo criado
pelo poder da Palavra.

A eficácia do ministério pastoral, já disse, depende do fogo espiritual que arde no coração do pastor
e que esquenta o púlpito do qual profeticamente proclama. Esquentar o púlpito e torná-lo relevante,
contundente e inesquecível diante de Deus, que conhece as nossas obras, e diante do povo de
Deus, que do púlpito exortado, se dispõe a Deus para as boas obras.

Que Deus nos dê coragem e intrepidez para tanto.

Artigo:Fernando Fernandes

7 - A TAREFA PASTORAL NUMA IGREJA DE DONS E


MINISTÉRIOS
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NÚCLEO TEOLÓGICO DOS DISTRITOS CENTRO-NORTE
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“... um grande rebanho com seus problemas, dúvidas e conflitos... é um rebanho com
uma grande oportunidade missionária...’ (Bispo Adriel Souza Maia)
Evidentemente, são todas aquelas situações e oportunidades, que desafiam a Igreja ao
cumprimento fiel da sua vocação - ser Igreja ministerial. Para os bispos da Igreja Metodista:

“não há outro caminho para a Igreja Metodista, em nosso Brasil hoje, senão o de ser
uma Igreja Missionária, voltada para as necessidades do povo, como sinal do amor e
poder de Deus. Para isso devemos reconhecer que, como povo de Israel, nós temos
negligenciado a real missão que Deus nos tem dado.. queremos convocar o povo
metodista ao arrependimento e quebrantamento, reconhecendo que os resultados de
nosso ministérios, embora em muitos momentos significativos, estão ainda distantes do
que Deus pode, e deseja fazer, em nosso meio. Nossa falta de visão missionária tem
comprometido os resultados, seja no nível local, regional ou nacional.”
O “programa’, ou projeto, ou ainda o desafio de uma Igreja centrada nos DONS e nos
MINISTÉRIOS, visa:

• Cumprimento do sacerdócio universal de todos os crentes.


• Equipar/Dinamizar a Igreja par ser Igreja operosa/operante no seu meio.
• Crescimento, tanto quantitativo quanto qualitativo da Igreja.

Este crescimento total, “acontece em termos de uma espiritualidade, como viver segundo
o Espírito, de um novo estilo de vida e novo modo de ser Igreja, em dimensões maduras de
relacionamentos criadores, promoção humana, em respostas positivas aos desafios
missionários e, sobretudo, em termos de comunhão e unidade” (...) É assim que temos “... de
quem todo o corpo, bem ajustado e consolidado, pelo auxílio de toda a junta, segunda a justa
cooperação de cada parte (Efésios 4:16). O crescimento total é aquele que é alcançado pelos
laços da comunhão, do amor e da solidariedade cristã entre os irmãos... firmes num só
espírito, uma só alma, lutando juntos pela fé evangélica, respeitando e reconhecendo o valor
dos ministérios diferentes do nosso” (Bispo Adriel de Souza maia). A Igreja, como Igreja
Ministerial precisa “preocupar-se com novas frentes de atividades, novos ministérios,
participação na vida comunitária, marcando a presença da Igreja em novas áreas, em termos
de testemunho e prestação de servi-lo.”

FIM DO CLERICALISMO E NOVO MODELO DE SER IGREJA

Não podemos negar que “ainda percebe-se forte tendência para o clericalismo, ou seja, o
ministério centrado na pessoa do/a pastor/a, onde este é o responsável por tudo o que ocorre
na igreja local. Agradecemos a Deus o que o clericalismo fez para a Igreja. Entretanto, ele
não satisfaz mais. Não é possível mais continuar falando em pastorado quando, na verdade,
a missão ministerial está afetando toda a Igreja. O ministério total da Igreja e o sacerdócio
de todos os crentes é o caminho para a dinâmica da Igreja hoje. O modo bíblico de ser Igreja
é MINISTERIAL. Pois, desde o dia de Pentecostes, quando foi inaugurada, presidida pelo
Espírito Santo, sua dinâmica tem sido ministerial configurada nos dons e ministérios”
É assim que, a Igreja Ministerial é definida como povo de Deus, onde todos tomam parte
na missão, e todos os seus membros são dons de Deus dados à Igreja para a construção do
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NÚCLEO TEOLÓGICO DOS DISTRITOS CENTRO-NORTE
E LITORAL DO ESPÍRITO SANTO – IGREJA METODISTA

Reino de Deus. Na Igreja Ministerial, o/a pastor/a é, ao lado dos demais, também um dom
de Deus. Ele/a desenvolve o ministério da Coordenação da Unidade. Outrossim, ele/a está
entre os demais dons, promovendo-os, ajudando e despertando aqueles que estão
enfraquecidos, animando e orientando os que encontram equivocados, comprometendo a
harmonia e unidade do corpo eclesial. Conclui-se, pois, que dons e ministérios na
comunidade, são dons e ministérios junto aos demais. Eles não podem existir
separadamente. Não existe independência, mas interdependência – todos cooperam numa
verdadeira mutualidade.
Será que a dinâmica dos Dons e Ministérios esvaziou ou tem esvaziado a função
pastoral? Evidentemente não. “Aquela dinâmica abre espaços plenos e concretos,a fim de
o/a pastor/a, como um dom entre os demais, engrene-se (não encrenque-se) como pastor/a
no ministério total da Igreja. A nova postura ministerial esvaziou, sim o sistema clerical,
onde o clérigo era o centro da comunidade e esta, em grande porcentagem, dependia dele e
não funcionava sem ele. O sistema clerical inibia os fiéis de desenvolverem, de um modo
mais ostensivo, a experiência de sua salvação, enquanto agora a dinâmica dos dons e
ministérios favorece-a, portanto, não há como fugir da realidade dos dons e ministérios
como instrumentos da missão hoje.
A Igreja sempre foi carismática, isto é, santuário do Espírito Santo, que distribui graças e
carismas. Porém, sem fugir daquela dimensão carismática, a Igreja elegia seus membros
para desempenhar cargos e funções, imaginando uma dinâmica dos dons e ministérios,
através de cargos, funções e ofícios o que, na verdade, só muito raramente, poderá
acontecer. A Igreja Ministerial dinamizada pelos dons e ministérios proporciona a todos os
seus membros uma participação espontânea, através das graças recebidas do Espírito Santo.
Esta participação espontânea dos fiéis está de acordo com sua salvação e sai aceitação de
Jesus Cristo.. o fiel é salvo para salvar o outro...

IGREJA MINISTERIAL E CULTO

A Igreja Ministerial expressa-se em termos de dons e carismas, e por isso mesmo,


seu culto não deverá ser centrado no/a pastor/a, pessoas ou grupos, devendo, entretanto,
expressar-se na variedade daqueles. Em culto criativo e participativo, o povo torna-se
sujeito. Assim, neste culto, o povo canta, louva e adora a Deus, lê a bíblia, comenta-a, opina,
sentindo-se desafiado para o serviço.
Finalmente, o/a pastor/a deve “conscientizar-se de que a Igreja está sempre em
formação e nela coisa alguma está completamente pronta: a co-responsabilidade deverá ser
real e o/a pastor/a é um orientador, coordenador, desenvolvendo o Ministério da Unidade; a
multiplicação dos ministérios deverá ser uma operação à vista das necessidades reais e, às
vezes poderá ser possível desenvolver ministérios exploratórios, organizar atividades em
equipes;fazer a Igreja funcionar e m forma de comunidade, onde todos são importante s e
todos fazem falta; desenvolver na comunidade um clima terapêutico, em lugar de eliminar
os fiéis aplicar a terapia do amor, do apoio, da cooperação e aceitação e, sobretudo a terapia
da restauração; nesta comunidade todos devem encontrar condições de nutrição, não só para
promoção total, mas também para ir ao encontro do outro; organizar pequenos grupos de
atividades eclesiais, onde se tem mais possibilidade de Discipular as pessoas, apoiando-as,
treinado-as e educando-as de um modo mais eficiente.

Fonte: Carta Pastoral às Igrejas Metodista da Quarta Região Eclesiástica sobre o Crescimento da Igreja, autor:
Bispo Adriel de Souza Maia, agosto de 1992.
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VIII. OS DESAFIOS DO MINISTÉRIO PASTORAL NA IGREJA


LOCAL
Atos 2:43

Introdução:

Falar sobre desafios que envolvem o nosso ministério e a igreja local não é algo muito fácil,
mas contamos com a graça de Deus.
Quando olhamos para a igreja primitiva percebemos que de tempos em tempos acontecia
algo que deixava as pessoas impressionadas. E isso me desafia.
O que acontece em nosso ministério, igreja local que pastoreamos que podem deixar as
pessoas impressionadas pelo que Deus está fazendo.
Todos nós recebemos o dom de liderança. Romanos 12:8. Por isso estamos aqui.
E porque recebemos esse dom precisamos desenvolvê-lo com diligência porque ele produz
impacto sobre a igreja que pastoreamos.
Como deveria ser a trajetória de pastores/as sábios/as eficazes, altamente capacitados e
conscientes? E sob quais circunstancias a produtividade, a influência de alguém pode cair?
Observando líderes bíblicos.
Salomão conduziu Israel ao ponto mais alto de seu poder e glória em toda a história, que
sucedeu Davi seu pai, cuja eficiência e influência como líder era impressionante.
Todos pensavam porque era culto, hábil, orou por sabedoria, Salomão permaneceria no topo
para sempre.
No entanto, no final de sua vida Salomão ficou maluco devido a seus muitos casamentos,
seu coração que havia sido totalmente dedicado a Deus, inclinou-se a outros deuses.
Deus retirou a unção da vida de Salomão e houve uma queda no impacto de sua liderança.
Há um tipo misterioso de poder que flui da mão de Deus sobre os ombros de um homem ou
uma mulher que caminha fielmente com Deus e que preserva cuidadosamente a sua
influência através dos anos.
Diante dessa afirmação.
Como deve ser a nossa trajetória como pastor/a?
Uma vez que recebemos o dom que fomos vocacionados/as se levarmos a sério nossa
habilidade de liderança, se praticarmos a auto-liderança, se permanecermos entregues a
Deus. É possível termos uma trajetória sempre ascendente, fazermos com que o último dia
da nossa vida seja ainda mais eficiente para Deus em termos de liderança, influente.
Isso é possível?
Eu quero apontar sinais em nossa caminhada que podem nos conduzir a isso. Características
que podem nos ajudar a responder os desafios que vivenciamos dia a dia na igreja local.

01) Paixão

1.1 – Eu tenho dez anos no ministério pastoral. Estou consciente que não possuo uma vasta
experiência, mas vou compartilhar a partir da que tenho. O que eu tinha quando comecei
a pastorear? Enfrentar a rotina da igreja local?
Eu vou contar o que eu tinha a oferecer.
Eu tinha apenas um coração totalmente dedicado a Deus de verdade.
Eu sabia no meu íntimo que Deus poderia fazer qualquer coisa, transformar qualquer vida,
responder qualquer oração, mover qualquer montanha. Fazer qualquer coisa. Utopia?
Ingenuidade? Fé?
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NÚCLEO TEOLÓGICO DOS DISTRITOS CENTRO-NORTE
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Eu tinha 24 anos. O importante para mim não era o dinheiro, status, mas Deus, a obra de
Deus. Eu estava disposta a pagar qualquer preço para que o reino de Deus fosse implantado
com sucesso em Campo Grande. Testemunho pessoal.
Eu estava convicta que amava a Deus e queria fazer diferença com minha vida.
Quando estamos iniciando o nosso ministério na igreja local tudo o que temos é um coração
que bate forte por Deus.
Como o rei Davi quando iniciou suas conquistas.
Tudo o que tínhamos era paixão.

1.2 – Davi como modelo.

O rei Davi chega ao acampamento do exército israelita para levar lanche para os irmãos que
estavam em batalha. Vê um gigante afrontando o Deus que ele ama. Como ele reage?
Apanha uma funda e corre em direção a ele (1 Sm: 17. 40-41). Paixão pura. Nenhum
raciocínio, só paixão.
Em outra ocasião no início da liderança de Davi quando seus homens ficam comprometidos
com ele por causa da sua paixão por Deus, certa noite, Davi menciona que está com sede.
Alguns de seus homens que estão comprometidos com o jovem líder, apaixonado que estão
o seguindo cruzam linhas inimigas, apanham água e trazem a Davi e dizem: __Ei Davi,
soubemos que está com sede, trouxemos isso a você. Onde pegaram isso? Perguntou
Davi....2 Sm.23:15-17
O gesto deles comunica que eles amam seguir a Davi. O que Davi faz?
Ele pega a água e derrama ao chão e diz:
__Deus é tão grande que poupou a vida de vocês. Deus é tão grande, Ele há de nos ajudar
em nossa causa. Ele nos dará água de algum modo, mas esta merece ser derramada em honra
a Deus que estamos consagrando nossas vidas.
E a lealdade a Davi só fez aumentar devido sua atitude.

1.3 – Em outro momento Davi chega dançando devido a uma grande conquista: o retorno da
arca a Jerusalém. 2 Sm. 6:14. Davi começa a dançar, se envolve na dança. Seu manto fico
pelo caminho e sua esposa expressa uma forte rejeição a Davi. Davi não tem problema com
isso.
Davi estava dizendo: __“Eu tenho um sentimento incontrolável quando penso no grande
Deus que eu amo e sirvo. Eu danço, pulo...” Sabe, isso é paixão.
Se você está iniciando seu ministério há uma razão para que tenha fortes sentimentos para
com Deus brotando dentro de você. De tempos em tempos. Você vai sentir desejo de mudar
o mundo, ajudar pessoas, alimentar os famintos, vestir os nus. Conduzir pessoas a Deus.
Sabe, quando você tiver esses sentimentos não os ignore, não diga a si mesmo, “preciso ser
maduro, responsável, andar no caminho seguro.”
Quando esses sentimentos brotam em nós eu acredito, é Deus tocando em nós. Eu fico
imaginando Deus dizendo: “Olhe, estou procurando em todo o planeta Terra homens,
mulheres dispostos a fazer tudo para o reino que coloque as sutilezas de lado, que todos
dizem ser tão importante e entrem na aventura de pastoreio em excelência”.
Eu penso que se seguirmos essas condições de Deus em nosso coração e se formos com esse
sentimento forte e cheios de zelo, fazer algo grande em nossas vidas. Creio que Deus
honrará nossos sentimentos e nos ajudará amadurecer, nos dará ousadia para estabelecer o
curso do quão distante e alto Deus irá nos levar um dia.
Deus sabe se somos inconseqüentes ou apaixonados
Wesley: John Wesley tinha uma grande paixão: Espalhar a santidade bíblica sobre a terra.
Quando brotou no seu coração sair e pregar nas ruas da Inglaterra, (ao ar livre), ele saiu e foi
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NÚCLEO TEOLÓGICO DOS DISTRITOS CENTRO-NORTE
E LITORAL DO ESPÍRITO SANTO – IGREJA METODISTA

criticado. Daí veio a frase “O mundo (lá fora) é a minha paróquia”. Ele não se importou com
as críticas mas fez o que tinha paixão: “Nada a fazer a não ser salvar almas.” Isso só com
paixão. O resultado de sua paixão todo o mundo conhece.

Mas você se lembra do versículo: “ Nem só de pão viverá o homem.”


Um/a pastor/a não pode viver só de paixão.
Se quisermos responder bem os desafios da igreja local precisamos também caminhar em
outro nível.

02) Planejamento

2.1 – A igreja pode absorver o coração e o entusiasmo, de discursos inflamados, mas no


final, ela vai querer saber se há um plano a ser desenvolvido, se há uma estratégia por trás
do entusiasmo, se estamos indo a um lugar específico!
Se iremos construir algo que permaneça. “Eu sou apenas parte de uma engrenagem que você
está tentando construir para o seu sucesso? Ou sou uma família?”
“Porque se tudo que você vai fazer é me usar para cumprir sua missão inflamada, não estou
disponível.”
Se você tem em mente relacionamentos, se iremos honrar a Deus juntos, se o plano que está
em curso eu sou parte dele, porque você me ama, então conte comigo. Serei leal como os
homens de Davi.
Se você ama a Deus de todo o seu coração e me ama também, então chegaremos em algum
lugar juntos. Se você deseja vencer os desafios da igreja local, as pessoas precisam ser
realmente amadas por você e saber disso.
Se você deseja responder bem os desafios da igreja local. Você precisa acrescentar algo a
um coração inflamado.
O que acrescentar?

2.2. Qualidades: Que qualidades são essas?

 Qualidades Espirituais
 Qualidades Morais

2.3. Qualidades Espirituais

 Procurar ser irrepreensível

 Nunca ser auto-suficiente na vida devocional.

 Em que tenho sido irrepreensível e servido de modelo?

 Em que tenho sido exemplo negativo e preciso de ajuste de Deus?

2.4. Qualidades Morais.

 A vida moral de um líder é como seus próprios olhos.


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NÚCLEO TEOLÓGICO DOS DISTRITOS CENTRO-NORTE
E LITORAL DO ESPÍRITO SANTO – IGREJA METODISTA

 Um líder desmoralizado dificilmente prospera.

 Liderança sem moralidade é ilusão.

 Para ser um líder espiritual é preciso ter uma vida limpa.


 Uma vida irregular será condenada pelos liderados, ou por Deus.
 Satanás vai tentar derrubar você por dinheiro, sexo ou poder.
 "Preocupe-se mais com seu caráter do que com sua reputação. Caráter é aquilo que
você é, reputação é apenas o que os outros pensam que você é". John Wood

2.5. Visão

• Visão é enxergar o futuro


Se o que sempre fazemos é bom o suficiente para nosso futuro, não temos visão, temos
memórias que estamos tentando reviver. A bíblia ilumina o nosso futuro de modo que
possamos vê-lo mais claramente a fim de projetá-lo na mente da nova geração. Nosso
dever é tirar vantagens das oportunidades diante de nós.

• A visão é centrada no propósito


Propósito é a razão por que existimos ao passo que visão é uma afirmação ampla de
como planejamos desempenhar nosso propósito e de como o executamos pelos próximos
três ou cinco anos. O propósito nunca muda, mas a visão o pode até a cada ano, porque
necessidades e oportunidades mudam com a mesma rapidez.

• A visão é impulsionada pela necessidade


A visão começa com necessidades e busca realização.
A visão vê necessidades como oportunidades e reage de acordo. Além do mais, visão
descreve o que faremos para suprir essas necessidades mostrando como planejamentos
servir aos necessitados. Além de ter um propósito geral, podemos ter uma visão para
cada dimensão de nosso ministério.

• A visão capacita os seguidores


A visão capacita os seguidores, pois manifesta seus dons e motiva seu serviço,
mostrando-lhes o que podem realizar para fazer diferença para o Senhor.

• A visão fornece foco e direção para o ministério


Com visão, a igreja sai da esteira para a estrada de glorificação a Deus, além de causar
impacto sobre outros. As pessoas agora sabem por que estão executando suas tarefas.
Elas também têm algo para almejar, que é maior do que tudo, maior do que aquilo que
são ou daquilo que sequer pensaram que poderiam fazer.

• A visão motiva as pessoas a confiar em Deus


A visão motiva os seguidores porque há algo para fazerem, uma exigência com a qual
podem se comprometer. Ela libera a energia de muitos dons espirituais, que podem
eclodir repentinamente na situação quando os seguidores enxergam a visão pelo que é e
percebem que os líderes realmente pretendem realiza-la. Pessoas que foram reprimidas
42
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por falta de oportunidade abandonam a passividade para se envolver de tal modo que
jamais poderiam ter sonhado.

• A visão unifica
Pessoas se juntam em um compromisso unificador com a visão. A princípio pode haver
divisão e até resistência, mas quando descobrirem que você fala sério e pretende realizar
seus objetivos do modo que expôs. Se você comunicar a visão corretamente, atrairá
novas pessoas e despertará os membros fiéis para as oportunidades maravilhosas e
desafiadoras que a visão apresenta.

• A visão mede o progresso


Uma visão o capacita a ter uma idéia melhor de como está se saindo, permitindo que
avalie se está na esteira da futilidade ou na estrada para a frutificação. Por ter visão, você
forneceu uma medida de objetividade e responsabilidade que capacita todos a
entenderem para onde estão indo.

• A visão ajuda a tomar decisões


Quando a visão se alinha com o propósito e os valores, fica muito mais fácil encontrar
para a igreja quais tipos de ministério ela terá, como aplicará seu dinheiro e como
envolverá as pessoas da congregação no serviço. Tais decisões são difíceis quando os
ministérios preferidos estão em jogo, mas isso torna a visão muito mais essencial.
Toda visão sem ação não passa de sonho. Toda ação sem visão é utopia. Mas, uma visão
de Deus, com ação, pode mudar o mundo. ” Geoge Barna

2.6. Planejamento
• Planejamento não é produzir calendário de atividades, mas é ir além, apontar
propósitos, visão, metas. Sem perder o entusiasmo.
Não perca o coração inflamado.
Nós precisamos manter o coração aquecido, mas há algo a mais que temos que acrescentar
para responder os desafios da igreja local:

03) Habilidade

3.1 – Precisamos acrescentar a habilidade. A nossa igreja conta com isso.


Além de pregar, de declarar nosso amor pela igreja temos que ter uma visão clara.
Pintar um quadro do futuro que inspire as pessoas.
Você tem que dar uma visão às pessoas que está liderando.
Você tem que identificar valores, destacá-los e reforça-los, tem de ter uma estratégia de
crescimento e estabelecer alvos.
Você precisa se esforçar, adquirir habilidades que manterão a sua trajetória de influência.
Aqueles que são eficazes nisso possuem cinco características:

• Visionário: A habilidade de criar um retrato do projeto que inspira trabalhar.


• Comunicativo: A habilidade de descrever a visão claramente de modo que receba
apoio dos outros
• Persistente: A habilidade de permanecer na rota, apesar dos obstáculos enfrentados
• Fortalecedor: A habilidade de criar estrutura que utilize as energias dos outros para
alcançar os objetivos desejados
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• Organizador: Habilidade de monitorar as atividades do grupo, aprender com os


erros e usar conhecimento resultante para aprimorar o desempenho do projeto.

3.2 – Como desenvolver habilidade de liderança?

1º - Leia tudo que chegar em suas mãos sobre liderança.


Não ignore o poder dos livros.
2º - Participe de treinamentos, conferências, etc.
3º - Ande com líderes que sejam melhores do que você. E lhes façam perguntas.
4º - Continue liderando.

Portanto, se você está disposto a manter o coração incendiado por Deus e acrescentar
planejamento e habilidade, você ganhará, a igreja local ganhará, o céu ganhará, a Igreja
Metodista ganhará.
E quando isso acontecer você vai experimentar outra fase.

04) Desenvolver liderança

4.1 – É necessário um líder para fazer outro líder.


Como fazer isso? Bill Hybels chama o processo 3 cês.
É estabelecer critérios claros para a seleção de membros específicos da liderança.
Caráter.
Competência.
Combinação.

Primeiro, o caráter: Preciso saber se são pessoas comprometidas com questões espirituais.
Preciso ver evidência de honestidade, receptividade doutrinária, humildade, confiabilidade,
uma saudável ética de trabalho e disposição de ser solícito.

Segundo, competência: Peço para Deus me ajudar a encontrar alguém, cujos dons
espirituais tenham sido desenvolvidos e refinados ao longo dos anos. Se estamos procurando
por alguém para juntar-se à nossa liderança de ensino, peço a Deus para nos ajudar a
encontrar uma pessoa com acentuados talentos, certamente alguém mais talentoso para o
ensino do que eu.
Se você achar alguém que possua boas qualificações, mas esteja insatisfeito ou
desempregado, tenha muito cuidado. O tipo de pessoa que você procura, está provavelmente
contribuindo enormemente e estabelecendo recordes em algum lugar. Estão provavelmente
delirantes de felicidade e são muito amados pelas pessoas com quem trabalham. Vá atrás
desse tipo de pessoa. Busque pela competência comprovada.
I Timóteo 3:10, que todo o novo diácono deve ser “primeiramente experimentado.”
Então, primeiro procure um excelente caráter, e então vá atrás do que há de melhor em
matéria de competência.

O terceiro, combinação. Um relacionamento apropriado tanto comigo como com os outros


membros da liderança. Não queira aventurar ter pessoas que não comunguem com você na
sua equipe. Você gastara muita energia para contornar o desconforto que essa pessoa criara
junto ao grupo.
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Logo se você lidera uma igreja com quatro anos de existência e ainda não possui uma equipe
dos sonhos do Reino de Deus, não se desespere. “Continue no rumo”, seria o meu conselho,
“mas mantenha os padrões de seleção elevados.”

Wesley: Wesley tinha muita prudência em escolher seus líderes (Pregadores leigos e Líderes
de Sociedades). É conhecida a obrigatoriedade do Pregador leigo estudar seis horas por dia
Bíblia e teologia. Da mesma forma que escolhia criteriosamente seus líderes, também
dispensava os que não tinham caráter ou competência ou descumpriam suas ordens ou
pregavam outra teologia que não wesleyana (incompatibilidade). Não tenha medo de ser
criterioso. Você só ganhará.

Conclusão:

Eu creio, se dedicarmos nossa vida humildemente, se permanecermos fiéis a Deus, se rendermos por
completo a ele.
Eu penso que a intenção do céu é que nós pastores/as tenhamos o máximo de influência.
Podemos ficar confusos sob a importância da liderança.
Deus nunca se confunde, Deus entende aquilo que está em jogo, se um/a pastor/a estiver pastoreando
com o seu potencial máximo.
Eu imagino que o coração de Deus fica ferido quando vê um/a pastor/a atuando abaixo do seu
potencial.
Porque o reino de Deus sabe, o céu sabe como poderia ter sido. Quem poderia ser impactado, quem
poderia ter sido servido, se você tivesse pastoreando num patamar mais elevado.
Esse desafio tem inundado minha vida.
Eu quero consagrar a Deus um pastoreio que honra a Deus pelo tempo que eu viver.
Sabe por que Deus nos trouxe aqui?
A igreja local importa.
Eu te faço um pedido: me ajude a ser uma pastora melhor.
Creio que Deus te recompensará por isso e creio que Ele nos fará crescer.
Para respondermos os desafios pastorais na igreja local: Precisamos de:
Paixão, planejamento, habilidade, desenvolver liderança.

ROSANGELA DONATO

Bibliografia:

Covey, Stephen P. – O 8’ hábito, ed. Campus


Heitzenrater, Richard P. – Wesley e o povo chamado metodista, ed. Editeo/Bennett
Hybels, Bill - Liderança corajosa, ed. Vida
Hunter, James C O Monge e o excutivo, ed. Sextante
Lawrence, Bill - Autoridade pastoral, ed. Vida

IX A relevância e a Eficiência da Figura Pastoral

“Talvez nossas fragmentadas experiências de vida


combinadas com nosso senso de urgência
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não permitam um ‘manual para ministros’.


Entretanto, em meio a toda a fragmentação,
uma imagem lentamente surgiu como
o foco de todas as considerações:
a imagem do ministro ferido,
do sofredor que é capaz de curar.”
Henri J. M. Nouwen

É muito comum que pastores e pastoras em circunstâncias diversas se perguntem pela relevância
de seu papel e pela eficiência de suas propostas de trabalhos na atual conjuntura pastoral-
eclesiológica. Por mais que haja situações que o/a ministro/a seja, aos olhos de uma comunidade,
pouco relevante, é ele/a a figura de articulação. Reconhecer a importância substancial no pastoreio
é tarefa primeiro da própria figura pastoral e, conseqüentemente, da comunidade de fé. Henri
Nouwen argumenta que “o[a] ministro[a] é chamado[a] a reconhecer os sofrimentos de seu tempo
em seu próprio coração e a fazer desse reconhecimento o ponto de partida de seu serviço. Quer
ele[a] tente penetrar num mundo deslocado, quer tente relacionar-se com uma geração convulsiva
ou falar com um homem à morte, seu serviço não será considerado autêntico a menos que tenha
origem em um coração ferido pelo mesmo sofrimento sobre o qual ele fala” [1].

A vocação é em suma o referencial para o exercício das funções inerentes ao ministério pastoral.
Porém, a vocação deve ser entendida na amplitude da Igreja, não restrita a seus líderes somente
[2]. A Igreja Metodista concebe o ministério pastoral “como um ministério especial, chamado e
preparado para zelar pela pura pregação da Palavra, ministrar corretamente os sacramentos, zelar
pelas marcas essenciais da Igreja e ainda cuidar da comunidade missionária como um todo, tudo
isso como um mandato da Igreja” [3]. Mas a tarefa pastoral excede a tudo isso: somos
orientadores/as espirituais... Neste sentido, nossa fala precisa ser mais atualizada no sentido de ser
mais próxima da nossa gente, e nossa ação, igualmente, mais próxima das massas despossuídas e
marginalizadas. Também é necessário “notar o pequeno, persistir no comum, apreciar o obscuro”
[4]. Não há outro sentido de ser dotado de um carisma especial na atual conjuntura de nossa
sociedade, caso estejamos interessados em rever a relevância e eficiência da figura pastoral para a
promoção de uma Igreja mais viva, salutar e eficaz neste século, considerando também as funções
que são inerentes à Igreja de Cristo.

É evidente que integramos um mesmo corpo, o Corpo Vivo de Cristo, como clérigos/as e leigos/as
[5], e que somos membros uns dos outros na unidade desse Corpo. Mas, infelizmente constatamos
atitudes que desqualificam a figura pastoral, mesmo sabendo que somos membros um dos outros.
Eugene Peterson, em “O pastor contemplativo”, definiu a figura pastoral como substantivo indefeso.
Na sua narrativa, Peterson lembra:

“Pastor” costumava ser esse tipo de substantivo – cheio de energia e


virilidade. Sempre gostei do som dessa palavra. Desde criança, essa
palavra me fazia pensar em alguém que amava a Deus e tinha compaixão
das pessoas. Embora os pastores que conheci não personificassem essas
características, a palavra continuava mantendo sua força apesar dos
modelos. Ainda hoje, quando me perguntam como quero ser chamado,
respondo sempre: “Pastor” [6].

Mas quem disse que o pastor ou a pastora não tem o direito de se redefinir em conceito e em
comportamento? Será que a mera personificação de características não precipita de repente um
certo oportunismo? Uma avaliação honesta apontará que o/a pastor/a é em sua essência uma
pessoa comum como as demais, não desqualificando que ele/a seja uma pessoa revestida por
Deus para exercer o ministério pastoral. Certamente, se eu for perguntado: O que você é? Ou como
quer ser chamado? Responderei como Peterson, “pastor”. No entanto, descordarei de reafirmar-me
como um substantivo equivalente ao que é cheio de energia e virilidade; optaria pelo substantivo

indefeso... Regozijo-me com a imagem do ministro ferido, do sofredor que é capaz de curar [7].
Lembro-me ainda do apóstolo São Paulo, ele também se regozijava nisso, nos sofrimentos, nas
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fraquezas, naquilo que convencionamos chamar de “marcas da cruz de Cristo” (Cf. 1 Co 4.9-13; 2
Co 11.16-30).
Gercymar Wellington Lima e Silva

[1] NOUWEN, Henri J. M. O sofrimento que cura: por meio de nossas próprias feridas podemos nos
tornar fonte de vida para o outro. São Paulo: Paulinas, 2001. p. 14.
[2] LAZIER, Josué Adam. O carisma do ministério pastoral. São Paulo: Editeo, 2003. p. 17-20.
[3] IGREJA METODISTA. Plano Nacional – objetivos e metas. São Paulo: Cedro, 2001. p. 21.
[4] PETERSON, Eugene. Um pastor segundo o coração de Deus. Rio de Janeiro: Textus, 2000. p.
137.
[5] Certamente essa definição de leigo/a requer revisão no nosso vocabulário eclesiológico vigente,
pois os membros de nossas igrejas locais não desconhecem totalmente, pelo menos não em termos
de serem ignorantes quanto ao sentido da fé e mesmo da teologia ou da função da Igreja.
[6] PETERSON, EUgene. O pastor contemplativo. Rio de Janeiro: Textus/Sepal, 2004. p. 25.
[7] NOUWEN, Henri J. M. O sofrimento que cura: por meio de nossas próprias feridas podemos nos
tornar fonte de vida para o outro. São Paulo: Paulinas, 2001. p. 14.

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