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DECISÃO

AGRAVO DE INSTRUMENTO. ADMINISTRATIVO.


INFRAÇÃO DE TRÂNSITO. PRAZO
DECADENCIAL. PROVIMENTO DO RECURSO
ESPECIAL INTERPOSTO PELOS AGRAVANTES:
PERDA DE OBJETO DO AGRAVO DE
INSTRUMENTO.

Relatório

1. Agravo de Instrumento contra decisão que não admitiu recurso


extraordinário, interposto com base no art. 102, inc. III, alínea a, da
Constituição da República.

2. O recurso inadmitido tem por objeto o seguinte julgado do Tribunal


de Justiça do Rio Grande do Sul:

“Direito Público não especificado. Infração de trânsito.


Desconstituição de multa. Inobservância dos princípios da ampla
defesa e do contraditório. Notificação da autuação, prazo de
quinze dias para a apresentação de prévia defesa. Aplicação da
penalidade pressupondo o desacolhimento da defesa ou sua não
apresentação. Garantia constitucional da ampla defesa, parte
integrante do devido processo legal (CF, art. 5°, LIV e LV0.
Resolução do Contran (Resolução n. 149/03), nova sistemática
traçando regras de procedimento administrativo. Nulidade da
autuação, sem alcançar o aspecto material do ato. Pagamento da
multa. Eventual vício não convalidado pelo recolhimento do
valor correspondente. Revisão de posicionamento da câmara.
Autuação procedida em flagrante, na presença do
proprietário/infrator, valendo como notificação para os efeitos
de lei (CTB, artigo 280, VI). Honorários advocatícios,
redimensionamento decorrente. Apelação da EPTC provida em
parte, e integralmente provida a do Detran. Recurso adesivo doa
autores parcialmente provido” (fl. 19).

3. No recurso extraordinário, os Agravantes afirmam que, “tratando-se


de prazo decadencial, está a Administração impedida de expedir
notificação da autuação das infrações de trânsito dispostas na presente
demanda” (fl. 46).

4. A decisão agravada teve como fundamento para a inadmissibilidade


do recurso extraordinário a circunstância de que a afronta à Constituição,
se tivesse ocorrido, seria indireta (fl. 61).

Analisados os elementos havidos nos autos, DECIDO.

5. O presente agravo está prejudicado, por perda superveniente de


objeto.

O Superior Tribunal de Justiça deu provimento ao Recurso Especial n.


878.337 (decisão com trânsito em julgado em 31.10.2008), nos seguintes
termos:

“TRÂNSITO. PENALIDADE. PRÉVIA NOTIFICAÇÃO. AMPLA DEFESA E


CONTRADITÓRIO. APLICAÇÃO ANALÓGICA DA SÚMULA 127/STJ. O CÓDIGO
DE TRÂNSITO IMPÔS MAIS DE UMA NOTIFICAÇÃO PARA CONSOLIDAR A
MULTA. AUSÊNCIA DE CONVALIDAÇÃO PELO PAGAMENTO. AFIRMAÇÃO DAS
GARANTIAS PÉTREAS CONSTITUCIONAIS NO PROCEDIMENTO
ADMINISTRATIVO. SÚMULA 312/STJ. AUTO DE INFRAÇÃO EM FLAGRANTE.
PRAZO DECADENCIAL. AUTO DE INFRAÇÃO. DIREITO DE PUNIR DO
ESTADO. 1. Súmula 312/STJ: "No processo administrativo para
imposição de multa de trânsito, são necessárias as notificações
da autuação e da aplicação da pena decorrente da infração". 2.
Sobressai inequívoco do CTB (art. 280, caput) que, à lavratura
do auto de infração segue-se, a primeira notificação in faciem
(art. 280, VI) ou, se detectada a falta à distância, mediante
comunicação documental (art. 281, parágrafo único, do CTB),
ambas propiciadoras da primeira defesa, cuja previsão resta
encartada no artigo 314, parágrafo único, do CTB em consonância
com as Resoluções 568/80 e 829/92 (art. 2º e 1º,
respectivamente, do CONTRAN). 3. Superada a fase acima e
concluindo-se nesse estágio do procedimento pela imputação da
sanção, nova notificação deve ser expedida para satisfação da
contraprestação ao cometimento do ilícito administrativo ou
oferecimento de recurso (art. 282, do CTB). Nessa última
hipótese, a instância administrativa somente se encerra nos
termos dos artigos 288 e 290, do CTB. 4. Revelando-se
procedente a imputação da penalidade, após obedecido o devido
processo legal, a autoridade administrativa recolherá, sob o
pálio da legalidade, a famigerada multa pretendida abocanhar
açodadamente. 5. A ausência de notificação do infrator no prazo
máximo de 30 (trinta) dias da infração, implica a decadência do
direito de punir do Estado, consoante entendimento consolidado
pela Primeira Seção desta Corte Superior, segundo o qual: "O
comando constante do art. 281, parágrafo único, II, do CTB, é
no sentido de que, uma vez não havendo notificação do infrator
para defesa dentro do lapso de trinta dias, opera-se a
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DJ: 14/10/2008 Página 1 de 13 Superior Tribunal de Justiça
decadência do direito de punir do Estado" (EREsp n.º
803.487/RS, Rel. Min. José Delgado, DJ de 6.11.2006). 6. O auto
de infração, em ocorrendo a decadência supra, deve ser
arquivado e seu registro julgado insubsistente, consoante o
preceito do Art. 281, parágrafo único, III, do Código de
Trânsito, sendo, portanto, nulo o respectivo procedimento
administrativo. 7. In casu, afigura-se, evidente a decadência
do direito de punir do Estado, tendo em vista o transcurso do
lapso de trinta dias, sem que houvesse a devida notificação do
infrator. 8. A notificação endereçada ao proprietário do
veículo ou ao motorista infrator objetiva permitir o
recolhimento da multa com o desconto previsto no art. 284 do
CTB. É pacífico o entendimento desta Corte de que a penalidade
de multa por infração de trânsito deverá ser precedida da
devida notificação do infrator, sob pena de ferimento aos
princípios do contraditório e da ampla defesa. O proprietário
do veículo responde solidariamente com o condutor do veículo.
Em outras palavras, a responsabilidade do dono da coisa é
presumida, invertendo-se, em razão disso, o ônus da prova. 9.
Ademais, é cediço na Corte que: ‘Da análise dos dispositivos do
Código de Trânsito Brasileiro que se referem ao processo
administrativo, constata-se que, após a lavratura do auto de
infração, haverá indispensável duas notificações, ou seja, a
primeira quando da lavratura do auto de infração, se a autuação
ocorrer em flagrante, ou, por meio do correio, quando a
autuação se dê à distância ou por equipamentos eletrônicos. A
segunda notificação deverá ocorrer após julgado o auto de
infração com a imposição da penalidade. Na espécie, ainda que a
infração de trânsito tenha sido cometida por condutor, autuado
em flagrante, que não o proprietário do veículo, deve-se
considerar como notificação válida sua assinatura no auto de
infração. Com efeito, o Código de Trânsito Brasileiro, em seu
artigo 280, VI, determina que deverá constar do auto de
infração a assinatura do infrator, sem fazer qualquer distinção
entre proprietário ou condutor do veículo. Do exame dos artigos
281 e 282 do CTB, conclui-se que somente se exige a notificação
do proprietário em relação à penalidade de multa, devido a sua
responsabilidade por seu pagamento. Como bem asseverou o
ilustre Ministro Teori Albino Zavascki, quando do julgamento do
REsp 567.038/RS, ‘a defesa quanto à consistência do auto de
infração cabe ao condutor do veículo no momento da constatação
da irregularidade, pois é ele que conhece as circunstâncias em
que o fato ocorreu. Portanto, a notificação da autuação foi
realizada no prazo fixado em lei, vez que não se exige neste
caso, também, a notificação do proprietário’ (DJ 01.07.2004).
Diante do exposto, na hipótese, as duas notificações foram
realizadas em conformidade com os dispositivos do Código de
Trânsito Brasileiro, uma vez que a primeira ocorreu Documento:
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da autuação em flagrante do condutor e a segunda foi enviada ao
proprietário do veículo, responsável pelo pagamento da multa.
(...)’ (REsp 689785/RS, Relator Ministro FRANCIULLI NETTO, DJ
de 02.05.2005). 8. Recurso especial provido”.

Assim, atendida a pretensão dos Agravantes – que fosse julgada


improcedente a ação ordinária em razão da decadência do direito de punir
do Estado -, o agravo de instrumento perdeu o objeto. Nesse sentido: RE
429.799-AgR, Rel. Min. Marco Aurélio, Primeira Turma, DJ 26.8.2005; e RE
252.245, Rel. Min. Carlos Velloso, Segunda Turma, DJ 6.9.2001.

6. Pelo exposto, julgo prejudicado o presente agravo de instrumento,


por perda superveniente de objeto, e determino a baixa dos autos à origem
(art. 21, inc. IX, do Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal).

Publique-se.

Brasília, 18 de maio de 2009.

Ministra CÁRMEN LÚCIA


Relatora

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