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Direito Processual do Trabalho – Cláudio Dias

Aula 8 | Recursos

SUMÁRIO
1. PRINCÍPIOS .............................................................................................................. 2
1.1. PRINCÍPIO DO DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO ........................................... 2
1.2. TAXATIVIDADE .................................................................................................... 3
1.3. SINGULARIDADE.................................................................................................. 3
1.4. FUNGIBILIDADE ................................................................................................... 3
1.5. PROIBIÇÃO DA REFORMA PARA PIOR (REFORMATIO IN PEJUS) ........ 4
1.6. IRRECORRIBILIDADE DAS DECISÕES INTERLOCUTÓRIAS .................. 5
2. PRESSUPOSTOS RECURSAIS ............................................................................... 5
2.1. PRESSUPOSTOS RECURSAIS SUBJETIVOS .................................................. 6
2.1.1. LEGITIMAÇÃO (art. 996 do CPC) .................................................................... 6
2.1.2. CAPACIDADE ...................................................................................................... 6
2.1.3. INTERESSE RECURSAL .................................................................................... 6
2.2. PRESSUSPOSTOS RECURSAIS OBJETIVOS .................................................. 7
2.2.1. O CABIMENTO .................................................................................................... 7
2.2.2. INEXISTÊNCIA DE FATOS EXTINTIVOS OU IMPEDITIVOS DO
DIREITO DE RECORRER ........................................................................................... 7
2.2.3. TEMPESTIVIDADE ............................................................................................. 7

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1. PRINCÍPIOS
Tratam-se dos princípios que norteiam a compreensão e a interpretação das normas que
dizem respeito aos recursos no Processo do Trabalho.
1.1.PRINCÍPIO DO DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO
Esse princípio prevê a possibilidade da parte de impugnar a decisão judicial. O princípio
não possui natureza absoluta, sendo o maior exemplo os dissídios de alçada1.
Lei 5.584/70
Art 2º
§ 3º Quando o valor fixado para a causa, na forma deste artigo, não exceder de 2 (duas) vezes o salário-
mínimo vigente na sede do Juízo, será dispensável o resumo dos depoimentos, devendo constar da Ata a
conclusão da Junta quanto à matéria de fato.
Esses dissídios são uma exceção porque, segundo o artigo 2º, §4º, da Lei 5.584/70:
§ 4º - Salvo se versarem sobre matéria constitucional, nenhum recurso caberá das sentenças proferidas
nos dissídios da alçada a que se refere o parágrafo anterior, considerado, para esse fim, o valor do salário
mínimo à data do ajuizamento da ação.
Nesse sentindo, cumpre notar que o TST já fixou o entendimento de que a alçada é
estabelecida pelo valor da causa do seu ajuizamento, desde que esse valor não tenha sido
impugnado, conforme Súmula 71 do TST:
Súmula 71 do TST
ALÇADA
A alçada é fixada pelo valor dado à causa na data de seu ajuizamento, desde que não impugnado, sendo
inalterável no curso do processo.
Conforme entendimento do TST, a vinculação ao valor do salário mínimo é
constitucional. O TST já analisou a questão por meio da Súmula 356, tendo decidido que é lícita
a fixação do valor da alçada com base no salário mínimo.
Súmula 356 do TST
ALÇADA RECURSAL. VINCULAÇÃO AO SALÁRIO MÍNIMO
O art. 2º, §4º, da Lei nº 5.584, de 26.06.1970, foi recepcionado pela CF/1988, sendo lícita a fixação do
valor da alçada com base no salário mínimo.

Nos casos dos dissídios de alçada em que há matéria constitucional envolvida, segundo a
Súmula 640 do STF2, a matéria constitucional deve ser abordada em Recurso Extraordinário.
Súmula 640 do STF
É cabível recurso extraordinário contra decisão proferida por juiz de primeiro grau nas causas de alçada,
ou por turma recursal de juizado especial cível e criminal.
Entretanto, deve-se ressaltar que os dissídios de alçada, na prática, são raros, embora se
deva ter a exceção em mente.

1 São aqueles em que os o valor da causa não excede 02 (duas) vezes o valor do salário-mínimo
2 Embora o professor tenha falado que a Súmula era do TST, acredita-se que o órgão correto seja o STF, conforme
apontou o slide.

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1.2.TAXATIVIDADE
Significa que os recursos, como regra, são elencados pela CLT por um rol exaustivo.
Nesse sentido, o artigo 893 da CLT fala expressamente que “das decisões são admissíveis os
seguintes recursos”, dando a entender que o rol é taxativo:
Art. 893. Das decisões são admissíveis os seguintes recursos:
O primeiro dos recursos apontados pelo artigo 893 da CLT são os embargos. Embargos
(no TST e os de Declaração). Há, também, o Recurso Ordinário, o Recurso de Revista e o
recurso de Agravo (de Instrumento e de Petição). São esses que, como regra, são cabíveis no
Processo do Trabalho.
Confirmando-se a regra da taxatividade dos recursos, a Instrução Normativa 39/2016, ao
analisar os dispositivos do CPC que se aplicariam ao Processo do Trabalho, expressamente
mencionou que os Embargos de Divergência, previstos nos artigos 1.043 e 1.044 do CPC, não
seriam aplicáveis ao Processo do Trabalho.
IN 39/2016 do TST
Art. 2º. Sem prejuízo de outros, não se aplicam ao Processo do Trabalho, em razão de inexistência de
omissão ou por incompatibilidade, os seguintes preceitos do Código de Processo Civil:
XII – arts. 1043 e 1044 (embargos de divergência);
Essa instrução normativa foi editada pelo TST pouco tempo depois do novo CPC ter
entrado em vigor, determinando quais seriam os dispositivos do CPC que se aplicariam ao
Processo do Trabalho. É uma instrução normativa que não teve pretensão de esgotar a questão,
porém trouxe muita informação a respeito de quais dispositivos do CPC o Tribunal Superior
Trabalho entende ser aplicáveis.
1.3.SINGULARIDADE
Para cada decisão recorrível somente se admite um único tipo de recurso.
1.4.FUNGIBILIDADE
Prevê que, havendo dúvida objetiva quanto ao recurso cabível e inexistindo erro
grosseiro, pode-se conhecer o recurso interposto. Ou seja, a parte que interpõe um recurso
acreditando estar interpondo o recurso correto, em razão de dúvida objetiva, pode ter o seu
recurso conhecido como se outro fosse, pelo Tribunal competente.
Nesse sentido é a Súmula 421 do TST, que prevê caber Embargos de Declaração da
decisão monocrática do relator, admitindo, no entanto, que, se a parte postular revisão no mérito
da decisão monocrática, esses embargos poderão ser conhecidos como agravo. Isto é, a parte
acabou opondo Embargos de Declaração quando deveria ter interposto Agravo. Nesse caso, o
relator estará autorizado a converter esses Embargos em Agravo, intimando a parte para que
adeque sua peça. Trata-se de aplicação do princípio da fungibilidade.
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. CABIMENTO. DECISÃO MONOCRÁTICA DO RELATOR CALCADA
NO ART. 932 DO CPC DE 2015. ART. 557 DO CPC DE 1973.
I – Cabem embargos de declaração da decisão monocrática do relator prevista no art. 932 do CPC de
2015 (art. 557 do CPC de 1973), se a parte pretende tão somente juízo integrativo retificador da decisão
e, não, modificação do julgado.
II – Se a parte postular a revisão no mérito da decisão monocrática, cumpre ao relator converter os
embargos de declaração em agravo, em face dos princípios da fungibilidade e celeridade processual,
submetendo-o ao pronunciamento do Colegiado, após a intimação do recorrente para, no prazo de 5

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(cinco) dias, complementar as razões recursais, de modo a ajustá-las às exigências do art. 1.021, §1º, do
CPC de 2015.
Outra manifestação do princípio da fungibilidade se extrai da OJ 69 da SDI-II do TST,
que prevê que o Recurso Ordinário interposto contra despacho monocrático indeferitório da
petição inicial de ação rescisória ou de mandado de segurança poderá ser recebido como Agravo
Regimental. Nesse caso, a parte deveria ter interposto Agravo Regimental, por se tratar de
decisão monocrática proferida no âmbito do Tribunal, contudo interpôs Recurso Ordinário ao
TST. O TST, então, admite que esse recurso seja recebido como Agravo Regimental, inclusive
com a possibilidade do próprio TST devolver os autos ao TRT, para que este aprecie o recurso
como se fosse Agravo Regimental.
FUNGIBILIDADE RECURSAL. INDEFERIMENTO LIMINAR DE AÇÃO RESCISÓRIA OU MANDADO
DE SEGURANÇA. RECURSO PARA O TST. RECEBIMENTO COMO AGRAVO REGIMENTAL E
DEVOLUÇÃO DOS AUTOS AO TRT. Recurso ordinário interposto contra despacho monocrático
indeferitório da petição inicial de ação rescisória ou de mandado de segurança pode, pelo princípio da
fungibilidade recursal, ser recebido como agravo regimental. Hipótese de não conhecimento do recurso
pelo TST e devolução dos autos ao TRT, para que aprecie o apelo como agravo regimental.
É importante deixar claro que o TST já deixou claro em diversas oportunidades que o
princípio da fungibilidade não é escusa para erro grosseiro. É o que se verifica da OJ 152 SDI-
II do TST
AÇÃO RESCISÓRIA E MANDADO DE SEGURANÇA. RECURSO DE REVISTA DE ACÓRDÃO
REGIONAL QUE JULGA AÇÃO RESCISÓRIA OU MANDADO DE SEGURANÇA. PRINCÍPIO DA
FUNGIBILIDADE. INAPLICABILIDADE. ERRO GROSSEIRO NA INTERPOSIÇÃO DO RECURSO.
A interposição de recurso de revista de decisão definitiva de Tribunal Regional do Trabalho em ação
rescisória ou em mandado de segurança, com fundamento em violação legal e divergência jurisprudencial
e remissão expressa ao art. 896 da CLT, configura erro grosseiro, insuscetível de autorizar o seu
recebimento como recurso ordinário, em face do disposto no art. 895, “b”, da CLT.
Outra situação que o TST entender se tratar de erro grosseiro é quando há interposição de
Agravo Interno ou Agravo Regimental contra decisão proferida por órgão colegiado. Nessa
hipótese, entende o TST que é inaplicável a fungibilidade.
OJ 412 da SDI-I do TST
AGRAVO INTERNO OU AGRAVO REGIMENTAL. INTERPOSIÇÃO EM FACE DE DECISÃO
COLEGIADA. NÃO CABIMENTO. ERRO GROSSEIRO. INAPLICABILIDADE DO PRINCÍPIO DA
FUNGIBILIDADE RECURSAL.
É incabível agravo interno (art. 1.021 do CPC de 2015, art. 557, §1º, do CPC de 1973) ou agravo
regimental (art. 235 do RITST) contra decisão proferida por Órgão colegiado. Tais recursos destinam-se,
exclusivamente, a impugnar decisão monocrática nas hipóteses previstas. Inaplicável, no caso, o princípio
da fungibilidade ante a configuração de erro grosseiro.

1.5. PROIBIÇÃO DA REFORMA PARA PIOR (REFORMATIO IN PEJUS)


Significa que, em havendo um único recorrente, ele não pode sofrer prejuízo em razão do
julgamento do seu recurso. Esse princípio se extrai da Súmula 45 do STJ, que prevê:
No reexame necessário, é defeso, ao Tribunal, agravar a condenação imposta à Fazenda Pública.

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1.6.IRRECORRIBILIDADE DAS DECISÕES INTERLOCUTÓRIAS


Trata-se de princípio bastante típico do Processo do Trabalho, o qual significa que as
decisões interlocutórias, em regra, não são recorríveis de imediato, devendo ser impugnadas
quando da decisão final.
Não se verifica no Processo do Trabalho a possibilidade de, por exemplo, interposição de
Agravo de Instrumento contra decisão interlocutória que seja desfavorável à parte. A parte,
nessas decisões, deve registrar seus protestos contra as decisões interlocutórias que lhe for
desfavorável e recorrer somente no momento oportuno. De acordo com o artigo 893, §1º, da
CLT, o momento oportuno para o questionamento do mérito dessa decisão interlocutória é o
recurso contra a decisão definitiva.
Art. 893 –
§ 1º - Os incidentes do processo são resolvidos pelo próprio Juízo ou Tribunal, admitindo-se a apreciação
do merecimento das decisões interlocutórias somente em recursos da decisão definitiva.
Por exemplo, a parte vai à audiência e requer a produção de prova pericial, porém o juiz
indefere. A parte, então, registra em ata seus protestos e, quando da interposição de eventual
Recurso Ordinário, caso a decisão tenha sido desfavorável ao seu pleito, apresentará essa
questão relativa ao indeferimento da prova pericial no próprio Recurso Ordinário. Alegará, por
exemplo, cerceamento de defesa. Entretanto, não poderá questionar essa decisão antes de
proferida a sentença.
Cabe destacar que esse princípio não é absoluto. A Súmula 214 do TST traz algumas
exceções. Importante notar que o referido verbete, inicialmente, prevê que as decisões
interlocutórias não ensejam recurso imediato, ressalvando, porém, aquelas hipóteses em que se
trate de decisão de Tribunal Regional do Trabalho contrária à Súmula ou Orientação
Jurisprudencial do TST. Outras exceções são expostas no verbete:
Súmula 214 do TST
DECISÃO INTERLOCUTÓRIA. IRRECORRIBILIDADE
Na Justiça do Trabalho, nos termos do art. 893, §1º, da CLT, as decisões interlocutórias não ensejam
recurso imediato, salvo nas hipóteses de decisão:
a) de Tribunal Regional do Trabalho contrária à Súmula ou Orientação Jurisprudencial do Tribunal
Superior do Trabalho; b) suscetível de impugnação mediante recurso para o mesmo Tribunal; c) que
acolhe exceção de incompetência territorial, com a remessa dos autos para Tribunal Regional distinto
daquele a que se vincula o juízo excepcionado, consoante o disposto no art. 799, §2º, da CLT.
Nessas hipóteses, portanto, o TST admite interposição de recurso imediatamente contra
a decisão. São exceções ao princípio da irrecorribilidade.

2. PRESSUPOSTOS RECURSAIS
Tratam-se das questões que devem ser analisadas pelo Tribunal antes de apreciar o mérito
do recurso. Nesse ponto, é importante destacar que o CPC de 2015 trouxe uma nova cultura de
que não se deve priorizar o formalismo, ou seja, a forma em detrimento do conteúdo. Sendo
assim, passou-se a admitir que os vícios sanáveis não podem impedir o conhecimento dos
recursos. Seja no âmbito da Justiça Comum, seja na Justiça do Trabalho passou-se a verificar
que eventuais deficiências na formação do recurso devem ser apontadas pelo Tribunal, com a
devida abertura de prazo, para, assim, a parte conseguir sanar os vícios constatados.

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Os pressupostos recursais podem ter natureza objetiva, os quais dizem respeito ao recurso
em si, como podem ser de natureza subjetiva, os quais dizem respeito às partes que estarão
interpondo os recursos.
2.1. PRESSUPOSTOS RECURSAIS SUBJETIVOS
Os pressupostos subjetivos são: legitimação, capacidade e interesse recursal.
2.1.1. LEGITIMAÇÃO (art. 996 do CPC)
Art. 996. O recurso pode ser interposto pela parte vencida, pelo terceiro prejudicado e pelo Ministério
Público, como parte ou como fiscal da ordem jurídica.
É a pertinência subjetiva para a interposição do recurso. A parte vencida, o terceiro
prejudicado e o Ministério Público possuem essa devida pertinência subjetiva para interposição
de recursos.
Importante mencionar que o Ministério Público, nesse caso, não é quando ele participa
como autor da ação ou parte, mas, sim, como custus legis. Nessa situação é importante destacar
a OJ 237 da SDI-I do TST prevê que o Ministério Público, como regra, não possui legitimidade
para recorrer na defesa do interesse patrimonial privado de empresas públicas e sociedades de
economia mista.
Porém, nas situações em que há o reconhecimento de vínculo empregatício com sociedade
de economia mista ou a empresa pública, em virtude de violar matéria de ordem pública, que é
o princípio do concurso público (previsão constitucional que determina que a provisão dos
cargos públicos dar-se-á por intermédio de concurso público), haverá legitimidade do
Ministério Público em recorrer da decisão. Ou seja, é uma hipótese em que o Ministério Público
teria legitimidade para recorrer da decisão na qualidade de fiscal da lei (custus legis).
OJ 237 da SDI-I do TST
MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO. LEGITIMIDADE PARA RECORRER. SOCIEDADE DE
ECONOMIA MISTA. EMPRESA PÚBLICA
I – O Ministério Público do Trabalho não tem legitimidade para recorrer na defesa de interesse
patrimonial privado, ainda que de empresas públicas e sociedades de economia mista.
II – Há legitimidade do Ministério Público do Trabalho para recorrer de decisão que declara a existência
de vínculo empregatício com sociedade de economia mista ou empresa pública, após a Constituição
Federal de 1988, sem a prévia aprovação em concurso público, pois é matéria de ordem pública.

2.1.2. CAPACIDADE
Nada mais é que a capacidade de estar em juízo ou a capacidade de exercício dos direitos.
2.1.3. INTERESSE RECURSAL
O recurso deve ser útil e necessário para aquele que dele se vale. A parte não pode recorrer
apenas pela vontade de recorrer. Assim, a parte vencedora do processo não possui interesse
recursal para manejo de recurso, pois não trará para a parte nenhuma utilidade. Porém, haverá
interesse recursal na hipótese em que a parte, mesmo vencedora, recorra das questões em que
não obteve sucesso.
Por exemplo, a parte pleiteia indenização de R$ 500.000,00 (quinhentos mil reais), porém
somente ganha R$ 200.00,00 (duzentos mil reais). Essa parte terá interesse recursal para
majorar o valor da indenização que lhe foi deferida. Porém, caso todos os pleitos da parte forem

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deferidos, ela não terá interesse que justifique a interposição do recurso, de maneira que não
terá sido preenchido todos os pressupostos recursais.
2.2. PRESSUSPOSTOS RECURSAIS OBJETIVOS
São eles: o cabimento, a inexistência de fato impeditivo ou extintivo do direito de
recorrer, a tempestividade, a regularidade formal, a regularidade de representação e o preparo.
2.2.1. O CABIMENTO
Em primeiro lugar, o ato deve ser recorrível. Depois, o recurso deve ter previsão em lei e
ser adequado. Por exemplo, sabe-se que, como regra, as decisões interlocutórias não são
recorríveis. Assim, salvo exceções, um recurso interposto contra decisão interlocutória na
Justiça do Trabalho não terá cabimento, pois o ato não é recorrível.
Ao falar de cabimento, deve-se rememorar o princípio da fungibilidade, que estabelece
que, ainda que o recurso manejado não seja adequado, caso exista alguma dúvida objetiva, esse
recurso poderá ser conhecido, conforme tem entendido a Justiça do Trabalho.

2.2.2. INEXISTÊNCIA DE FATOS EXTINTIVOS OU IMPEDITIVOS DO


DIREITO DE RECORRER
A parte não pode praticar ato que denote desistência, renúncia ou aquiescência com o
pleito da parte contrária. Quem terá praticado um desses atos, poderá se falar em fato impeditivo
ou extintivo do direito de recorrer, pois já se terá manifestado comportamento contrário ao
interesse de recorrer.
2.2.3. TEMPESTIVIDADE
O recurso deve ser protocolado antes de encerrado o prazo previsto na norma. Talvez se
estranhe a afirmativa, pois o certo seria dizer que “o recurso deve ser protocolado dentro do
prazo previsto na norma”, contudo, durante muito tempo, se desenvolveu uma confusão entre
a tempestividade e o início do prazo.
Antes, entendia-se, inclusive com Súmula do TST nesse sentido, que o recurso interposto
antes de publicado o acórdão era intempestivo, uma vez que havia sido interposto antes de
iniciado o prazo recursal. Assim, a discussão no âmbito da jurisprudência se dava porque havia
tribunais que entendiam que a interposição de recurso antes de publicado o acórdão era mera
tentativa da parte de garantir a observância da celeridade processual.
Súmula 434 do TST
RECURSO. INTERPOSIÇÃO ANTES DA PUBLICAÇÃO DO ACÓRDÃO IMPUGNADO.
EXTEMPORANEIDADE.
I) É extemporâneo recurso interposto antes de publicado o acórdão impugnado.
II) A interrupção do prazo recursal em razão da interposição de embargos de declaração pela parte
adversa não acarreta qualquer prejuízo àquele que apresentou seu recurso tempestivamente.
Essa discussão perdurou até o advento do artigo 218, §4º, do CPC, que cancelou a Súmula
434 do TST.
Art. 218
§4º Será considerado tempestivo o ato praticado antes do termo inicial do prazo.

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Sendo assim, com o advento desse dispositivo, encerrou-se a celeuma acerca do tema,
admitindo-se a interposição de recurso antes de publicada a decisão.
Outra questão relativa à tempestividade que merece destaque é com relação a contagem
dos prazos. Logo que o CPC de 2015 entrou em vigor, iniciou-se uma discussão sobre a
aplicação, no Processo do Trabalho, da previsão de contagem dos prazos em dias úteis. Chegou-
se, inclusive, a se verificar manifestações na Justiça do Trabalho no sentido de que tal previsão
não seria aplicável ao Processo do Trabalho, em razão da busca pela celeridade.
No entanto, alteração legislativa posterior modificou o artigo 775 da CLT, que passou a
prever que os prazos serão contados em dias úteis. Então, atualmente, os prazos para
interposição de recursos na Justiça do Trabalho também são contados em dias úteis.
Art. 775. Os prazos estabelecidos neste Título serão contados em dias úteis, com exclusão do dia do
começo e inclusão do dia do vencimento.
Além disso, quanto à tempestividade, vale destacar que os recessos e as férias coletivas
dos Ministros do Tribunal Superior do Trabalho suspendem os prazos recursais, conforme
Súmula 262 do TST.
Súmula 262 do TST
PRAZO JUDICIAL. NOTIFICAÇÃO OU INTIMAÇÃO EM SÁBADO. RECESSO FORENSE.
I – Intimada ou notificada a parte no sábado, o início do prazo se dará no primeiro dia útil imediato e a
contagem, no subsequente.
II – O recesso forense e as férias coletivas dos Ministros do Tribunal Superior do Trabalho suspendem os
prazos recursais.
Também é importante destacar com relação à tempestividade a Súmula 385 do TST, que
prevê a incumbência de a parte em comprovar a existência de feriado local. Isso no caso de
existência de feriado local que altere o prazo para interposição de recurso. Caso não o faça, o
relator, ante a alegação de existência de feriado, mas ausência de comprovação, deverá abrir
prazo para comprovação.
Nesse ponto, cumpre destacar duas coisas: (1) é preciso que haja, pelo menos, alegação
da existência de feriado e (2) o relator tem o dever de conceder o prazo, ressaltando que não é
uma faculdade.
Admite-se, ainda, a reconsideração da análise da tempestividade do recurso em análise
superveniente, conforme item III da Súmula 385:
Súmula 385 do TST
FERIADO LOCAL OU FORENSE. AUSÊNCIA DE EXPEDIENTE. PRAZO RECURSAL.
PRORROGAÇÃO. COMPROVAÇÃO. NECESSIDADE.
I – Incumbe à parte o ônus de provar, quando da interposição do recurso, a existência de feriado local que
autorize a prorrogação do prazo recursal (art. 1003, §6º, do CPC de 2015). No caso de o recorrente alegar
a existência de feriado local e não o comprovar no momento da interposição do recurso, cumpre ao relator
conceder o prazo de 5 (cinco) dias para que seja sanado o vício (art. 932, parágrafo único, do CPC de
2015), sob pena de não conhecimento se da comprovação depender a tempestividade recursal;
II – Na hipótese de feriado forense, incumbirá à autoridade que proferir a decisão de admissibilidade
certificar o expediente nos autos;
III – Admite-se a reconsideração da análise da tempestividade do recurso, mediante prova documental
superveniente, em agravo de instrumento, agravo interno, agravo regimental, ou embargos de declaração,
desde que, em momento anterior, não tenha havido a concessão de prazo para a comprovação da ausência
de expediente forense.

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Assim, caso o relator descumpra a previsão e não conceder prazo para a comprovação do
feriado, admite-se que seja comprovada a existência de feriado no recurso interposto contra a
decisão que não conheceu o recurso obstado originalmente.
Essa mudança é importante pois se trata de alteração na jurisprudência consolidada do
TST, haja vista que a Súmula previa apenas que caberia à parte o ônus de comprovar a
existência de feriado local, não havendo a previsão de concessão de prazo para comprovação
de recurso, bem como de possibilidade de comprovação posterior em recurso.

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