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Direito Processual do Trabalho – Cláudio Dias

Aula 10 | Recursos em Espécie

SUMÁRIO

1. RECURSOS EM ESPÉCIE ....................................................................................... 2


1.1. RECURSO DE REVISTA ....................................................................................... 2
1.1.1. DIVERGÊNCIA JURISPRUDENCIAL ............................................................. 2
1.1.2. VIOLAÇÃO LITERAL DE DISPOSIÇÃO DE LEI FEDERAL OU
AFRONTA DIRETA E LITERAL À CONSTITUIÇÃO FEDERAL ....................... 4
1.1.3. FORMALIDADES DO RECURSO DE REVISTA ........................................... 4
1.1.3.1.ÔNUS DAS PARTES. ......................................................................................... 4
1.1.3.2.TRANSCENDÊNCIA ......................................................................................... 6
1.1.3.3.RESTRIÇÕES AO RECURSO DE REVISTA ................................................ 7
1.2. AGRAVO DE PETIÇÃO (ART. 897, a, DA CLT) ............................................... 8
1.3. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO (ARTIGO 897-A DA CLT) ......................... 8

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1. RECURSOS EM ESPÉCIE
1.1. RECURSO DE REVISTA
O prazo para sua interposição é de 08 dias, tendo a Fazenda Pública prazo em dobro.
É cabível das decisões preferidas em grau de recurso ordinário1, em dissídio individual,
pelos Tribunais Regionais do Trabalho, quando:
 ATENÇÃO: Destacaram-se “recurso ordinário” e “dissídio individual”, pois não é
cabível Recurso de Revista em dissídio coletivo pelo Tribunal, mas sim Recurso Ordinário,
bem como não cabe de Recurso de Revista em processo de competência originária de Tribunal.
Nessas hipóteses tem entendido o TST se tratarem de erro grosseiro.
a) em face de decisões que derem ao mesmo dispositivo de lei federal interpretação
diversa da que lhe houver dado outro Tribunal Regional do Trabalho, no seu Pleno ou Turma,
ou a Seção de Dissídios Individuais do Tribunal Superior do Trabalho, ou contrariarem súmula
de jurisprudência uniforme dessa Corte ou súmula vinculante do Supremo Tribunal Federal.
b) quando as decisões anteriormente mencionadas derem ao mesmo dispositivo de lei
estadual, Convenção Coletiva de Trabalho, Acordo coletivo, sentença normativa ou
regulamento empresarial de observância obrigatória em área territorial que exceda a jurisdição
do Tribunal Regional prolator da decisão recorrida, interpretação divergente, na forma da alínea
a.
Nesse ponto, cabe destacar que essa hipótese é muito aplicada ao Estado de São Paulo,
pois as leis do Estado de São Paulo se aplicam em território que diz respeito a dois Tribunais
Regionais do Trabalho distintos.
Por assim dizer, o Estado de São Paulo é atípico, pois há dois Tribunais Regionais do
Trabalho: o TRT da 2ª Região e o TRT da 15ª Região, o que torna muito comum a interposição
de Recurso de Revista pela Procuradoria Geral do Estado de São Paulo pela alínea b. Isto é,
com base na existência de decisão do Tribunal Regional do Trabalho que deu interpretação
diversa a dispositivo de lei estadual.
Feita essa ressalva, cabe ver a outra hipótese de cabimento do Recurso de Revista:
c) aquelas decisões anteriormente mencionadas serem proferidas com violação literal de
disposição de lei federal ou afronta direta e literal à Constituição Federal.

1.1.1. DIVERGÊNCIA JURISPRUDENCIAL


Como visto, as duas primeiras hipóteses de cabimento dizem respeito à divergência
jurisprudencial. Essa divergência pode ser com decisões de outro TRT, decisões da SDI do
TST, súmula de jurisprudência uniforme do TST e súmula vinculante do STF.
Neste particular, cabe destacar a Súmula 333 do TST, que prevê que o Recurso de Revista
não pode ser interposto com base em jurisprudência superada.
Súmula nº 333 do TST
RECURSOS DE REVISTA. CONHECIMENTO)
Não ensejam recurso de revista decisões superadas por iterativa, notória e atual jurisprudência do
Tribunal Superior do Trabalho.

1 Os destaques feitos em vermelho seguem a informação contida nos slides do professor.

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Então, se o TST, que possui a finalidade de pacificar a jurisprudência nacional relativa às


questões trabalhistas, já tiver superado a divergência, então não caberá Recurso de Revista,
ainda que a parte indique existência de decisão em Tribunal Regional que seja contrária àquela
decisão que lhe foi desfavorável.
Também cabe destacar que a divergência deve ser específica. A divergência específica,
segundo o TRT, se dá quando é revelada a existência de teses diversas na interpretação de um
mesmo dispositivo legal, ainda que idêntico os fatos que as ensejaram.
Assim, não basta que haja uma divergência jurisprudencial. Essa divergência deve ser
específica, de modo que ambas as decisões devem analisar os mesmos dispositivos legais com
base em fatos idênticos, chegando, no entanto, a conclusões diversas, conforme Súmula 296 do
TST.
Súmula nº 296 do TST
RECURSO. DIVERGÊNCIA JURISPRUDENCIAL. ESPECIFICIDADE
I - A divergência jurisprudencial ensejadora da admissibilidade, do prosseguimento e do conhecimento do
recurso há de ser específica, revelando a existência de teses diversas na interpretação de um mesmo
dispositivo legal, embora idênticos os fatos que as ensejaram.
II - Não ofende o art. 896 da CLT decisão de Turma que, examinando premissas concretas de especificidade
da divergência colacionada no apelo revisional, conclui pelo conhecimento ou desconhecimento do
recurso.
Também entende o TST que a divergência deve abranger todos os fundamentos da
decisão recorrida. Quer dizer, se a decisão divergente não abranger todos os fundamentos da
decisão recorrida, a divergência não será conhecida e, consequentemente, o Recurso de Revista
com base em divergência jurisprudencial não será conhecido.
Súmula nº 23 do TST
RECURSO
Não se conhece de recurso de revista ou de embargos, se a decisão recorrida resolver determinado item
do pedido por diversos fundamentos e a jurisprudência transcrita não abranger a todos.
Acerca do questionamento de a CLT mencionar “súmula de jurisprudência pacificada do
TST” e esse trecho poder, talvez, abranger também as Orientações Jurisprudenciais, o TST
esclareceu, na OJ 219 da SDI-I, que é cabível, sim, Recurso de Revista com base em violação
de Orientação Jurisprudencial.
RECURSO DE REVISTA OU DE EMBARGOS FUNDAMENTADO EM ORIENTAÇÃO
JURISPRUDENCIAL DO TST
É válida, para efeito de conhecimento do recurso de revista ou de embargos, a invocação de Orientação
Jurisprudencial do Tribunal Superior do Trabalho, desde que, das razões recursais, conste o seu número
ou conteúdo.
A Súmula 337 do TST esclarece o modo como se deve realizar a comprovação da
divergência, prevendo que a parte deve juntar certidão ou cópia autenticada do acórdão
paradigma ou citar a fonte oficial ou o repositório autorizado em que foi publicado.
Deve, também, transcrever nas razões recursais, as ementas e/ou trechos dos acórdãos
trazidos à configuração do dissídio, demonstrando o conflito de teses que justifique o
conhecimento do recurso, ainda que os acórdãos já se encontrem nos autos ou venham a ser
juntados com o recurso.
Portanto, a divergência deve ser demonstrada de maneira analítica, evidenciando os
trechos do acórdão apontado para fundamentar a alegação de divergência jurisprudencial que
conduzirem para entendimento diverso do acórdão recorrido.

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A divergência jurisprudencial, no tocante à norma de observância obrigatória em área


territorial que exceda a jurisdição do Tribunal Regional prolator da decisão recorrida, somente
será conhecida se a parte comprovar que a lei estadual, norma coletiva ou o regulamento de
empresa extrapola o âmbito do TRT prolator da decisão recorrida.
OJ 147 da SDI-I do TST
LEI ESTADUAL, NORMA COLETIVA OU NORMA REGULAMENTAR. CONHECIMENTO INDEVIDO
DO RECURSO DE REVISTA POR DIVERGÊNCIA JURISPRUDENCIAL
I - É inadmissível o recurso de revista fundado tão-somente em divergência jurisprudencial, se a parte não
comprovar que a lei estadual, a norma coletiva ou o regulamento da empresa extrapolam o âmbito do TRT
prolator da decisão recorrida.
II - É imprescindível a arguição de afronta ao art. 896 da CLT para o conhecimento de embargos
interpostos em face de acórdão de Turma que conhece indevidamente de recurso de revista, por
divergência jurisprudencial, quanto a tema regulado por lei estadual, norma coletiva ou norma
regulamentar de âmbito restrito ao Regional prolator da decisão.
Conforme já mencionado, no âmbito do Estado de São Paulo, isso não é difícil de ocorrer,
já que não há questionamento que as leis do Estado de São Paulo são aplicáveis por todo o seu
território e esse território contém dois Tribunais Regionais do Trabalho distintos. Então, a
exigência contida nessa OJ é facilmente suprida quando se trata do Estado de São Paulo.

1.1.2. VIOLAÇÃO LITERAL DE DISPOSIÇÃO DE LEI FEDERAL OU


AFRONTA DIRETA E LITERAL À CONSTITUIÇÃO FEDERAL
O TST exige que o dispositivo tido por violado seja indicado expressamente, não
bastando a parte trazer a ideia do dispositivo ou a sua redação. É necessário que a parte aponte
especificamente o artigo para que o recurso seja conhecido com base nessa alegação.
Súmula nº 221 do TST
RECURSO DE REVISTA. VIOLAÇÃO DE LEI. INDICAÇÃO DE PRECEITO.
A admissibilidade do recurso de revista por violação tem como pressuposto a indicação expressa do
dispositivo de lei ou da Constituição tido como violado.

1.1.3. FORMALIDADES DO RECURSO DE REVISTA


O Recurso de Revista é um recurso de fundamentação vinculada, então ele envolve uma
série de formalidades.
1.1.3.1. ÔNUS DAS PARTES
De acordo com o artigo 896, §1º-A, da CLT, introduzido pela Lei 13.015/14, é necessário
que a parte:
Art. 896 - Cabe Recurso de Revista para Turma do Tribunal Superior do Trabalho das decisões proferidas
em grau de recurso ordinário, em dissídio individual, pelos Tribunais Regionais do Trabalho, quando:
§ 1o-A. Sob pena de não conhecimento, é ônus da parte:
I - indicar o trecho da decisão recorrida que consubstancia o prequestionamento da controvérsia objeto
do recurso de revista;
II - indicar, de forma explícita e fundamentada, contrariedade a dispositivo de lei, súmula ou orientação
jurisprudencial do Tribunal Superior do Trabalho que conflite com a decisão regional;
III - expor as razões do pedido de reforma, impugnando todos os fundamentos jurídicos da decisão
recorrida, inclusive mediante demonstração analítica de cada dispositivo de lei, da Constituição Federal,
de súmula ou orientação jurisprudencial cuja contrariedade aponte.
IV - transcrever na peça recursal, no caso de suscitar preliminar de nulidade de julgado por negativa de
prestação jurisdicional, o trecho dos embargos declaratórios em que foi pedido o pronunciamento do
tribunal sobre questão veiculada no recurso ordinário e o trecho da decisão regional que rejeitou os
embargos quanto ao pedido, para cotejo e verificação, de plano, da ocorrência da omissão.

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➢ Indique o trecho da decisão recorrida que consubstancia o prequestionamento da


controvérsia objeto do recurso de revista.
É necessário que o recorrente aponte que a matéria foi prequestionada e que o Tribunal
se pronunciou a respeito da questão. Confirmando a importância do prequestionamento, a
Súmula 297 do TST trata especificamente dele, esclarecendo que:
PREQUESTIONAMENTO. OPORTUNIDADE. CONFIGURAÇÃO
I. Diz-se prequestionada a matéria ou questão quando na decisão impugnada haja sido adotada,
explicitamente, tese a respeito.
II. Incumbe à parte interessada, desde que a matéria haja sido invocada no recurso principal, opor
embargos declaratórios objetivando o pronunciamento sobre o tema, sob pena de preclusão.
III. Considera-se prequestionada a questão jurídica invocada no recurso principal sobre a qual se omite o
Tribunal de pronunciar tese, não obstante opostos embargos de declaração.
Se a decisão não adotar tese a respeito, cabe à parte apresentar Embargos de Declaração,
provocando a manifestação do Tribunal. Se, ainda assim, o Tribunal se manter silente, de acordo
com o item III da Súmula 297, considerar-se-á prequestionada a questão jurídica invocada no
recurso principal. É o conhecido prequestionamento ficto.
Ainda acerca do prequestionamento, é importante que o acórdão recorrido apresente
elementos que conduzam ao entendimento claro de que ele adotou posicionamento contrário à
lei ou à súmula. Isto é, deve ter elementos que permitam ao Tribunal apreciar a alegação de
ofensa à lei ou súmula.
OJ 256 da SDI-I do TST
PREQUESTIONAMENTO. CONFIGURAÇÃO. TESE EXPLÍCITA. SÚMULA Nº 297
Para fins do requisito do prequestionamento de que trata a Súmula nº 297, há necessidade de que haja, no
acórdão, de maneira clara, elementos que levem à conclusão de que o Regional adotou uma tese
contrária à lei ou à súmula.
Também no tocante ao prequestionamento, é importante salientar que, a despeito de todas
as formalidades antes apresentadas, o TST entende, por meio da OJ 118 da SDI-I, que não é
necessário que o acórdão recorrido tenha referência expressa ao dispositivo legal tido por
violado, basta que ele adote tese explícita sobre a matéria. Não é preciso que o acórdão cite
expressamente o dispositivo legal tido como violado.
OJ 118 da SDI-I do TST
PREQUESTIONAMENTO. TESE EXPLÍCITA. INTELIGÊNCIA DA SÚMULA Nº 297
Havendo tese explícita sobre a matéria, na decisão recorrida, desnecessário contenha nela referência
expressa do dispositivo legal para ter-se como prequestionado este.
Caso a parte não oponha Embargos de Declaração ante a omissão do Tribunal, considerar-
se-á que houve preclusão, de maneira que a questão não poderá ser invocada no recurso
posteriormente interposto.
Outra questão acerca do prequestionamento, cumpre observar que o TST entende que o
prequestionamento é inexigível quando a violação emerge do próprio acórdão. Ou seja, o
acórdão não precisa manifestar tese explícita a respeito dos dispositivos tido por violados
quando essa violação se dá com esse próprio acórdão.
OJ 119 da SDI-I do TST
PREQUESTIONAMENTO INEXIGÍVEL. VIOLAÇÃO NASCIDA NA PRÓPRIA DECISÃO RECORRIDA.
SÚMULA Nº 297 DO TST. INAPLICÁVEL
É inexigível o prequestionamento quando a violação indicada houver nascido na própria decisão
recorrida. Inaplicável a Súmula n.º 297 do TST.

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Esse caso é muito diferente de quando a violação se dá em grau de Recurso Ordinário e


o Tribunal deixa de se manifestar acerca dela. Nessa hipótese, entende o TST que o
prequestionamento é inexigível.
➢ Indique, de forma explícita e fundamentada, contrariedade a dispositivo de lei,
súmula ou orientação jurisprudencial do Tribunal Superior do Trabalho que conflite com a
decisão regional.
Conforme dito anteriormente, a parte deve mencionar expressamente, a violação que
sustenta seu Recurso de Revista. Não basta que o faça implicitamente.
➢ Expor as razões do pedido de reforma, impugnando todos os fundamentos jurídicos
da decisão recorrida, inclusive mediante demonstração analítica de cada dispositivo de lei,
da Constituição Federal, de súmula ou orientação jurisprudencial cuja contrariedade aponte.
➢ Transcrever, na peça recursal, no caso de suscitar preliminar de nulidade de julgado
por negativa de prestação jurisdicional, o trecho dos embargos declaratórios em que foi
pedido o pronunciamento do tribunal sobre questão veiculada no recurso ordinário e o trecho
da decisão regional que rejeitou os embargos quanto ao pedido, para cotejo e verificação, de
plano, da ocorrência da omissão.
Nesse sentido, a alegação de negativa de prestação jurisdicional, conforme entendimento
do TST, sumulado no verbete 459, pressupõe a indicação de violação do artigo 832 da CLT, do
artigo 489 do CPC ou do artigo 93, IX, da Constituição da República. O TST entende que é
imprescindível a invocação desses dispositivos para o conhecimento do Recurso de Revista
quando da alegação de negativa de prestação jurisdicional.
Súmula nº 459 do TST
RECURSO DE REVISTA. NULIDADE POR NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL
O conhecimento do recurso de revista, quanto à preliminar de nulidade, por negativa de prestação
jurisdicional, supõe indicação de violação do art. 832 da CLT, do art. 489 do CPC de 2015 (art. 458 do
CPC de 1973) ou do art. 93, IX, da CF/1988.

1.1.3.2. TRANSCENDÊNCIA
Outro aspecto relativo à formalidade do Recurso de Revista é com relação a possuir
transcendência. A transcendência está prevista no artigo 896-A da CLT, que dispõe que o
Tribunal Superior do Trabalho, no Recurso de Revista, examinará previamente se a causa
oferece transcendência com relação aos reflexos gerais de natureza econômica, política,
social ou jurídica (art. 896-A da CLT).
Ocorre que, dada a amplitude desse dispositivo, o mesmo não era aplicado na prática.
Não se verificava na análise dos Recursos de Revista a questão da transcendência. No entanto,
a Lei 13.467/17 definiu o que se considera por transcendência:
a) econômica, o elevado valor da causa;
b) política, o desrespeito da instância recorrida à jurisprudência sumulada do Tribunal
Superior do Trabalho ou do Supremo Tribunal Federal;
c) social, a postulação, por reclamante-recorrente, de direito social constitucionalmente
assegurado; e
d) jurídica, a existência de questão nova em torno da interpretação da legislação
trabalhista.

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Uma vez definidos os critérios de transcendência, a parte deve ter o cuidado de


demonstrar que seu Recurso de Revista oferece transcendência, seja no aspecto econômico,
político, social ou jurídico.
Quem cabe analisar que o recurso oferece transcendência é o relator da causa. Caso
verifique que não oferece, pode, então, denegar monocraticamente seguimento ao Recurso de
Revista. Dessa decisão, caberá recurso de agravo para o colegiado.
O juízo de admissibilidade realizado pelo Presidência do Tribunal Regional do Trabalho
não abrange o critério da transcendência. O TRT analisará os demais pressupostos recursais,
mas não analisará as questões da transcendência, a qual será analisada pelo relator.

1.1.3.3. RESTRIÇÕES AO RECURSO DE REVISTA


Como falado, o Recurso de Revista é de fundamentação vinculada, não sendo cabível em
todas as situações. Cabe analisar as restrições do Recurso de Revista.
A primeira restrição que cabe apontar é o seu não cabimento para reexame de fatos e
provas, conforme expõe a Súmula 126 do TST.
RECURSO. CABIMENTO (mantida)
Incabível o recurso de revista ou de embargos (arts. 896 e 894, "b", da CLT) para reexame de fatos e
provas.
Também não cabe Recurso de Revista em se tratando de execução, como regra. Em se
tratando de execução, o Recurso de Revista possui cabimento mais restrito que aquele
verificado quando o processo está em fase de conhecimento. Na execução, somente será cabível
em caso de ofensa direta e literal de norma da Constituição Federal.
Cabe mencionar, aqui, o artigo 896, §10, da CLT, que excepciona as situações em que há
execução fiscal que envolvem Certidão Negativa de Débitos Trabalhistas. Nessas hipóteses,
além da ofensa direta e literal de normas da Constituição, também será cabível esse recurso por
ofensa a lei federal e por divergência jurisprudencial.
Art. 896
§ 2o Das decisões proferidas pelos Tribunais Regionais do Trabalho ou por suas Turmas, em execução de
sentença, inclusive em processo incidente de embargos de terceiro, não caberá Recurso de Revista, salvo
na hipótese de ofensa direta e literal de norma da Constituição Federal.
§ 10. Cabe recurso de revista por violação à lei federal, por divergência jurisprudencial e por ofensa à
Constituição Federal nas execuções fiscais e nas controvérsias da fase de execução que envolvam a
Certidão Negativa de Débitos Trabalhistas (CNDT), criada pela Lei no 12.440, de 7 de julho de 2011.
Em suma, portanto, na fase de execução, o Recurso de Revista somente será cabível nas
hipóteses de ofensa direta e literal da Constituição Federal, contudo, quando se tratar de
execução fiscal ou quando a controvérsia, na fase de execução, envolver a Certidão Negativa
de Débitos Trabalhistas, o Recurso de Revista também será admissível por alegação de violação
à lei federal e divergência jurisprudencial.
Outra restrição que se impõe ao Recurso de Revista, que decorre da própria redação da
norma que prevê o Recurso de Revista é com relação ao fato de que é cabível da decisão que
analisa o Recurso Ordinário em dissídio individual. Em virtude disso, o TST editou a Súmula
218 que menciona não ser cabível o Recurso de Revista interposto de acórdão regional
prolatado em Agravo de Instrumento.
RECURSO DE REVISTA. ACÓRDÃO PROFERIDO EM AGRAVO DE INSTRUMENTO
É incabível recurso de revista interposto de acórdão regional prolatado em agravo de instrumento.

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Também não caberá Recurso de Revista contra decisão que analisa a remessa ex officio,
caso a parte, no caso a Fazenda Pública, não tiver interposto Recurso Ordinário. Nesse sentido,
a OJ 334 da SDI-I do TST dispõe que:
REMESSA "EX OFFICIO". RECURSO DE REVISTA. INEXISTÊNCIA DE RECURSO ORDINÁRIO
VOLUNTÁRIO DE ENTE PÚBLICO. INCABÍVEL
Incabível recurso de revista de ente público que não interpôs recurso ordinário voluntário da decisão de
primeira instância, ressalvada a hipótese de ter sido agravada, na segunda instância, a condenação
imposta.
Então, se o ente público não interpôs Recurso Ordinário, não pode recorrer da decisão
que analisa a remessa ex officio, salvo quando a parte contrária também interpôs Recurso
Ordinário, tendo sido provido e, consequentemente, tendo sido agravada a situação imposta ao
ente público.

1.2. AGRAVO DE PETIÇÃO (ART. 897, a, DA CLT)


É comumente chamado de Recurso Ordinário da Execução. Será cabível no prazo de 08
dias, sendo em dobro para a Fazenda Pública. O seu cabimento se dá nas decisões do Juiz na
fase de execução.
O dispositivo da CLT que prevê o Agravo de Petição é bastante amplo, pois apenas diz
que o Agravo de Petição será cabível das decisões do Juiz na execução. Com base nessa
previsão ampla, há quem defenda que o Agravo de Petição é cabível contra qualquer decisão
do Juiz na execução. No entanto, há forte entendimento em sentido contrário.
Na jurisprudência, o entendimento é no sentido de que o Agravo de Petição somente será
cabível das decisões do Juízes que analisam os Embargos à Execução, Embargos de Terceiros,
Embargos à Arrematação. Portanto, não seria cabível Agravo de Petição contra qualquer
decisão na fase de execução, em homenagem ao princípio da irrecorribilidade das decisões
interlocutórias no Processo do Trabalho.
Impende destacar o pressuposto específico deste recurso, que consiste no dever de a parte
delimitar as matérias e os valores impugnados. Esse pressuposto tem a finalidade de permitir
que a execução prossiga com relação às matérias e valores não impugnados. A finalidade, então,
é de permitir a execução imediata da parte remanescente até o final, nos próprios autos ou por
carta de sentença.
A interposição do recurso se dá perante o juízo a quo, o qual é prolator da decisão
impugnada.

1.3. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO (ARTIGO 897-A DA CLT)


Devem ser opostos no prazo de 05 dias, ou em 10 dias no caso da Fazenda Pública.
A OJ 192 do TST da SDI-I dirimiu uma controvérsia acerca de os Embargos de
Declaração possuírem natureza recursal, no que tange à aplicação do prazo em dobro à Fazenda
Pública para oposição do recurso. A OJ prevê expressamente que o prazo em dobro à Fazenda
Pública.
EMBARGOS DECLARATÓRIOS. PRAZO EM DOBRO. PESSOA JURÍDICA DE DIREITO PÚBLICO.
DECRETO-LEI Nº 779/69
É em dobro o prazo para a interposição de embargos declaratórios por Pessoa jurídica de direito público.
As hipóteses de cabimento dos Embargos de Declaração são dispostas de maneira vaga
pela CLT, porém no artigo 897-A da CLT cabe destacar que é admitido quando há manifesto

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equívoco no exame dos pressupostos extrínsecos do recurso. Portanto, além das hipóteses
previstas no CPC expressamente, os Embargos de Declaração também são cabíveis quando
houver manifesto equívoco no exame dos pressupostos extrínsecos do recurso.
Combinar-se-iam os artigos 897-A da CLT com o artigo 1.022 do CPC.
Art. 897-A Caberão embargos de declaração da sentença ou acórdão, no prazo de cinco dias, devendo seu
julgamento ocorrer na primeira audiência ou sessão subsequente a sua apresentação, registrado na
certidão, admitido efeito modificativo da decisão nos casos de omissão e contradição no julgado e
manifesto equívoco no exame dos pressupostos extrínsecos do recurso.
Art. 1.022. Cabem embargos de declaração contra qualquer decisão judicial para:
I - esclarecer obscuridade ou eliminar contradição;
II - suprir omissão de ponto ou questão sobre o qual devia se pronunciar o juiz de ofício ou a requerimento;
III - corrigir erro material.
O artigo 897-A da CLT também prevê que cabem Embargos de Declaração da sentença
ou acórdão. Em face desse dispositivo, havia quem defendesse o despacho que admite ou
inadmite o Recurso de Revista não era passível de Embargos de Declaração. Nesse sentido,
inclusive, era a OJ 377 da SDI-I do TST.
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. DECISÃO DENEGATÓRIA DE RECURSO DE REVISTA EXARADO
POR PRESIDENTE DO TRT. DESCABIMENTO. NÃO INTERRUPÇÃO DO PRAZO RECURSAL.
Não cabem embargos de declaração interpostos contra decisão de admissibilidade do recurso de revista,
não tendo o efeito de interromper qualquer prazo recursal.
Essa OJ, porém, foi cancelada, em virtude do novo CPC, o qual modificou o entendimento
da Justiça do Trabalho acerca do cabimento de recursos em face da decisão que faz o juízo de
admissibilidade do Recurso de Revista. Passou-se, então, a ser possível a interposição de
Agravo de Instrumento da admissão parcial do Recurso de Revista e, também, Embargos de
Declaração nos casos de omissão do Tribunal Regional do Trabalho, mais precisamente, da
Presidência do TRT, na análise de alguns pontos do Recurso de Revista interposto.
Então, hoje, não mais se fala no descabimento de Embargos de Declaração em face da
decisão que analisa a admissibilidade do Recurso de Revista, proferida pelo TRT. Em caso de
omissão, portanto, a decisão desafia a oposição dos Embargos de Declaração.
INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 40/2016.
Art. 1°
§ 1º Se houver omissão no juízo de admissibilidade do recurso de revista quanto a um ou mais temas, é
ônus da parte interpor embargos de declaração para o órgão prolator da decisão embargada supri-la
(CPC, art. 1024, § 2º), sob pena de preclusão.
§ 2º Incorre em nulidade a decisão regional que se abstiver de exercer controle de admissibilidade sobre
qualquer tema objeto de recurso de revista, não obstante interpostos embargos de declaração (CF/88, art.
93, inciso IX e § 1º do art. 489 do CPC de 2015).
Também cabe Embargos de Declaração em face de decisão monocrática de relator,
conforme Súmula 421 do TST. Em caso desses Embargos de Declaração tenha feição de
Agravo, pode o relator converter os Embargos em Agravo, em razão do princípio da
fungibilidade, determinando a parte que, no prazo de 5 dias, adeque o seu recurso.
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. CABIMENTO. DECISÃO MONOCRÁTICA DO RELATOR CALCADA
NO ART. 932 DO CPC DE 2015. ART. 557 DO CPC DE 1973
I – Cabem embargos de declaração da decisão monocrática do relator prevista no art. 932 do CPC de
2015 (art. 557 do CPC de 1973), se a parte pretende tão somente juízo integrativo retificador da decisão
e, não, modificação do julgado.
II – Se a parte postular a revisão no mérito da decisão monocrática, cumpre ao relator converter os
embargos de declaração em agravo, em face dos princípios da fungibilidade e celeridade processual,
submetendo-o ao pronunciamento do Colegiado, após a intimação do recorrente para, no prazo de 5
(cinco) dias, complementar as razões recursais, de modo a ajustá-las às exigências do art. 1.021, § 1º, do
CPC de 2015.

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Os Embargos de Declaração interrompem o prazo para interposição de outros recursos,


por qualquer das partes, salvo quando intempestivos, irregular a representação da parte ou
ausente a sua assinatura.
A CLT admite expressamente, também, que a decisão dos Embargos tenha efeito
modificativo nos casos de omissão e contradição no julgado e manifesto equívoco no exame
dos pressupostos extrínsecos do recurso, desde que respeitado o contraditório. Nesse caso,
havendo possibilidade de se atribuir efeito modificativo aos Embargos, a parte contrária deve
ser intimada para que se manifeste sobre esses Embargos.
Se os Embargos forem rejeitados ou não alterarem a conclusão do julgamento anterior, o
recurso interposto pela outra parte antes da publicação do julgamento dos embargos de
declaração será processado e julgado independentemente de ratificação (art. 1.024, §5º, do
CPC).
Art. 1.024. O juiz julgará os embargos em 5 (cinco) dias.
§ 5o Se os embargos de declaração forem rejeitados ou não alterarem a conclusão do julgamento anterior,
o recurso interposto pela outra parte antes da publicação do julgamento dos embargos de declaração será
processado e julgado independentemente de ratificação.
A razão desse dispositivo foi resolver a controvérsia existente na jurisprudência que dizia
respeito da necessidade de ratificação do recurso. Por exemplo, uma parte oferecia recurso,
enquanto outra oferecia Embargos de Declaração. Quando do julgamento dos Embargos, a parte
que, anteriormente, havia interposto recurso poderia ter ou não necessidade de ratificação do
recurso. Porém, o novo CPC encerrou essa discussão ao dispor sobre a desnecessidade de
ratificação do recurso, nos termos do caso anteriormente citado.
O CPC previu, também, que, caso os Embargos sejam acolhidos, com a modificação da
decisão embargada, o embargado que já tiver interposto outro recurso contra a decisão
originária tem o direito de complementar ou alterar suas razões, nos exatos limites da
modificação, no prazo de 8 dias, contado da intimação da decisão dos embargos da declaração
(artigo 1.024, §4º, do CPC).
Art. 1.024. O juiz julgará os embargos em 5 (cinco) dias.
§ 4o Caso o acolhimento dos embargos de declaração implique modificação da decisão embargada, o
embargado que já tiver interposto outro recurso contra a decisão originária tem o direito de complementar
ou alterar suas razões, nos exatos limites da modificação, no prazo de 15 (quinze) dias, contado da
intimação da decisão dos embargos de declaração.

 Se a parte decidir por não alterar seu recurso, este, então, não será conhecido?
A parte possui a decisão de recorrer ou de deixar de recorrer. Caso a decisão seja agravada
e a parte opte por não alterar seu recurso, fica-se evidente que a parte optou por não recorrer
em face daquele agravamento da decisão. Ou seja, a parte decidiu por não recorrer apenas no
tocante àquela questão do agravamento. Isso, porém, não pode ensejar o não conhecimento de
todo recurso interposto, mas apenas irá ensejar o trânsito em julgado daquele ponto. As demais
questões suscitadas no recurso anteriormente interposto pela parte devem ser analisadas pelo
Tribunal.

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