Академический Документы
Профессиональный Документы
Культура Документы
PUC-SP
Nei da Silva
SÃO PAULO
2009
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO
PUC-SP
Nei da Silva
SÃO PAULO
2009
BANCA EXAMINADORA
______________________________
______________________________
______________________________
RESUMO
por seu valor comercial e pelas questões que envolviam sua origem e sua
Henshaw.
materials, for its commercial value and the issues involving its origin and obtaining.
men to engage attempt in the studies and researchs on this material. Among these
Samuel Hartlib and his associates; which would become the Royal Society of
London; and, still, scholars as Benjamin Worsley , Robert Boyle and Thomas
Henshaw.
Agradeço a Deus pela vida, a minha família por sempre estar presente nas
dedicação inigualáveis.
Helena Roxo Beltran e Professora Doutora Márcia Helena Mendes Ferraz, por
enriquecimento da pesquisa.
Introdução................................................................................................................ 9
Capítulo 1:
Capítulo 2:
Capítulo 3:
Considerações finais...........................................................................................58
Bibliografia............................................................................................................61
Anexo:
na época.
partir da leitura atenta do rico trabalho sobre a história dos materiais nitrosos, em
(CESIMA-PUC) e vinculado a dois projetos CNPq1; uma vez que, entre as muitas
estudos sobre o salitre no caso inglês, que terminaria por gerar, em pleno século
9
Worsley, até figuras intermediárias e importantes como Thomas Willis e Robert
continente europeu2.
originais de época.
gerou, no século XVII, um grupo híbrido de estudiosos e homens práticos como foi
possíveis fontes que teriam servido como base, ou até mesmo sido copiadas, em
seus estudos sobre o salitre. Tal seria o caso, por exemplo, dos trabalhos
manipulação, escrito em inglês e aclamado pelo Parlamento. Esse tratado que até
hoje provoca disputas teria inclusive problemas de datação que serão por nós
discutidos.
2
Colóquio CESIMA Ano X/ XV Reunião da RIHECQB – Parte II. 2006. São Paulo. Atas CESIMA
Ano X. São Paulo: CESIMA – PUCSP; FAPESP; Thomson Galé; Livraria da Física, 2006.
10
No terceiro e último capítulo, destacamos a passagem das idéias sobre o
salitre entre Benjamin Worsley e Robert Boyle e deste para a grande revisão
composta por Thomas Henshaw, em seu The making of the Saltpeter, uma vez
que esta espécie de duto entre os autores, cujas obras teriam diferente
11
CAPÍTULO 1
12
No século XVII, a Inglaterra apresentava um cenário peculiar. A guerra civil
Hartlib, John Dury, entre outros. O entusiasmo desses homens pela técnica e
influência sobre um grupo de estudiosos que veio a ser conhecido como o Círculo
ocupavam uma posição central nas atividades do Círculo de Hartlib que, conforme
13
sociedade inglesa nos níveis sociais, religiosos e educacionais por meio de
novas idéias e métodos. De forma breve, é possível dizer que essa não seria
língua. Apesar das muitas tentativas de Samuel Hartlib e de seu espírito inventivo,
quanto no fazer científico do período, está representada por uma certa dicotomia
entre o saber antigo e o moderno, com nuances, que terão espaço na discussão
que se segue.
5
R.S.Westfall, Science and Religion in Seventeenth – Century England, p.15.
14
A BUSCA DE MELHORAS ATRAVÉS DAS CIÊNCIAS NA
INGLATERRA SEISCENTISTA E A CONTRIBUIÇÃO DE HARTLIB E
SEUS ASSOCIADOS
início, foi norteada para proporcionar o bem da comunidade. Dury foi importante
6
Apesar de Hartlib ter frequentado as universidades inglesas, essas não admitiam formalmente os
exilados, vide C.Webster, The Great Instauration, pp. 41- 42..
7
Hartlib Papers, introdução.
15
Hartlib elaborou e colheu uma ampla variedade de projetos para promover
inglesa do período.
8
C.Webster, op. cit., pp. 46;69.
16
nomeadamente em Oliver Cromwell, sem o qual, nenhum financiamento teria
sido possível.
preocupação. 10
unificava seu ethos moral e religioso. Este, por sua vez, contemplava a afirmação
9
C.Webster, op. cit., pp. 47- 48.
10
Ibid.
11
Apoiada nas idéias de Calvino (1509–1564), a Segunda Reforma, foi uma tentativa de unir os
diversos grupos protestantes.Baseou-se na doutrina sobre a predestinação à salvação e a
condenação. Porém, na Inglaterra, a leiura de Calvino efetuada pelos Puritanos, enfatizou, entre
outros pontos, o valor gerado pelo trabalho e conhecimento.C.Hill, A Revolução Inglesa de 1640,
pp. 49 – 77.
17
humanidade para ascender, através da graça; a compreensão humana da
1653). Tal agência foi voltada para comunicação intelectual e troca de informações
18
obras de Bacon. Sua correspondência com o filósofo Jan Amos Comenius teve
havia lhe enviado. Sua segunda edição desta obra, Pansophia Prodromus de
cristã surgiria das relações de troca, já que Deus tinha dado a todos os seres
humanos um dom que não deveria ser escondido, mas distribuído para o bem
atribuída a ele, porém aparecem evidências de que foi escrita por Gabriel Plattes
(1600-1655), sobre quem falaremos adiante. Essa obra, descreve uma nação na
prática dos conhecimentos difundidos. Neste caso irá se inserir o grande trabalho
experimentos que dominou cada vez mais o interesse de Hartlib nos finais dos
15
C.Webster, Samuel Hartlib and Advancement of Learning, p.22.
16
Sobre essa obra vide C.Webster, Utopian Planning and Puritan Revolution: Gabriel Plattes,
Samuel Hartlib and MACARIA .
19
anos 40 do seiscentos foi a ciência da matéria ou ciência química, descrita como
O Círculo de Hartlib manteve sua atenção cada vez mais voltada à filosofia
natureza.18
onde as camadas mais baixas da população foram atingidas pela inflação dos
17
C.Webster, op. cit., pp. 359 – 360.
18
A ciência química foi vista, por contemporâneos do século XVll , entre eles Nicolas Lefevre
(1610-1669), como a verdadeira chave para a natureza, pois, através dela, pode-se examinar os
princípios e a constituição dos corpos naturais e descobrir as causas da geração e corrupção
desses corpos. Para John Webster (1610-1682) a chave essencial é a Química, que ensina os
segredos da natureza através de operações manuais, por considerar os experimentos e as
observações, instrumentos de revelação da natureza. c.f. A.Debus. The Chemical Philosophy, pp.
398 – 451; C.Webster, op. cit, pp. 48; 485 - 488.
20
amenizar os efeitos sobre a população pobre e os trabalhos com o salitre seriam
19
C.Webster.op. cit, pp. 370 - 466.
20
Ibid., pp. 468 - 469.
21
BASES PARA OS TRABALHOS DO CÍRCULO DE HARTLIB
das plantas. Nesse período, o sal foi objeto específico desse gênero de estudos
que incluíam a possibilidade do sal marinho ser utilizado como uma possível fonte
Jewell House of Art and Nature (1594), ele refletiu, até certo ponto, a visão
1589)23.
21
Para Palissy, o Marl seria um tipo de terra encontrada quando se cavam covas, apresentando-se
geralmente na cor branca, mas variando entre as cores cinza, negro e amarelo. Essa substância
derivaria de uma água gerativa que o contém. A água gerativa entraria dentro das substâncias das
plantas e dos animais. A.Debus, op. cit., p. 425.
22
Ibid.
23
A.Debus, El Hombre y La naturaleza em El Renacimiento, p. 250.
22
As idéias de Paracelso e o Paracelsismo, permearam, de certo modo,
las, pois, isso já foi ricamente discutido nos trabalhos de Walter Pagel (1898 –
Os escritos de Palissy sobre o sal26 e a criação, tem forte conexão com a literatura
alquímica. Confrontando-se tais características com a obra de Hugh Plat, que via
Palissy e Plat viram o sal como a chave de todo o crescimento. Além disso,
o sal seria capaz não só de auxiliar na procriação de todas as coisas vivas, como
O embasamento teórico adquirido por Plat através de Palissy foi visto com
certo receio, haja vista, toda a pesquisa de Palissy estar baseada nas condições
24
Podemos destacar alguns trabalhos desses historiadores da ciência, onde abordaram tal tema,
Paracelsus (1982) W. Pagel; The English Paracelcians (1966) A.G. Debus; Paracelsus and Puritan
Revolution e Puritanism and Science: The Merton thesis after fifty years, P.M. Rattansi.
25 th th
A.Debus,” Palissy, Plat and English Agricultural in the 16 and 17 Century”, pp. 82 – 83.
26
Ibid., pp. 382 - 485.Palissy teria chamado o ‘sal’ de quinto elemento,’sal vegetativo’.
27
Ibid., p. 69.
28
A.Debus, op. cit., pp. 382 - 485.
23
branca, mas por vezes também em cinza, preto ou amarelo. Essa substância,
esterco. O esterco, sob o prisma de Palissy, acreditava-se ser rico num sal
chuva a fim de não perder o valor de seu sal, pois esse seria dissolvido com as
sal.
Plat buscou argumentos filosóficos, cuja relação do sal vegetativo com o sal
plantas, concluía-se que esta possuía um sal vital. Tal afirmativa vai ao encontro
Hartlib, fazendo-os perseguir a sua teoria e a sua prática. Van Helmont escreveu
29
A.Debus, op. cit., pp. 382 – 480.
30
Ibid.
31 th th
A.Debus, “Palissy, Plat and English Agricultural in the 16 and 17 Century”, p. 82.
24
sobre a geração, mencionando um “espírito seminal” responsável por esta. Esse
acreditava que os vegetais surgiram de maneira análoga aos metais, sob a ação
desenvolvimento da nação.
resultaria num metal imperfeito. A fertilização do solo, desde muito, era vista
Miraculum mundi.
32
A.Debus, op. cit., p. 341.
33
P.Porto, Van Helmont e o conceito de gás, p.75
34
Ibid., pp. 422 - 431.
25
Glauber viveu numa economia destroçada pela Guerra dos 30 anos, como
será à aplicação do sal no solo ao invés de esterco, para, assim como Palissy e
o nome de aero nitro. Segundo A. Debus, Glauber acreditou que o aero nitro
orvalho, o que tornaria a terra frutífera. Percebe-se como sua teoria de formação
palavras, a virtude seminal de todas as coisas proveniente das estrelas teria sua
versão no aero nitro, necessário ao crescimento dos vegetais. O autor alia ao aero
contato da matéria orgânica, substrato para a obtenção do salitre, com o ar; bem
35
Miraculum Mundi também dá nome a sua obra escrita em 1653, onde Glauber dá amplas
evidências de seu desejo de beneficiar o homem comum e auxiliar a Alemanha. Não somente ele
promete uma nova técnica de enriquecimento da terra sem esterco, mas também promete uma
nova técnica de enriquecimento da terra sem esterco, ele também promete o verdadeiro método de
se recuperar a saúde e uma explicação de como aumentar ouro e prata e fazer medicamentos de
baixo custo. A.Debus, op. cit., p. 434
36
Ibid.
26
como, as relações estabelecidas entre o salitre e o desenvolvimento dos vegetais
27
CAPÍTULO 2
28
Dentre os associados a Hartlib, Benjamin Worsley (1618 – 1673),
Londres sob o patrocínio de John Temple, cujo papel no cenário político inglês
Irlanda.38
37
C.Webster, “Benjamin Worsley: engineering for universal reform from the Invisible College to the
Navigation act” in Samuel Hartlib & Universal Reformation: studies in intellectual comunication, pp.
213 – 215.
38
Ibid.
29
e seus associados vislumbraram a importância de persuadir Worsley, entre outros
39
Entre os propósitos da Office of Adress estavam a administração de correspondências com
pessoas que pudessem contribuir com estudos sobre as ciências ou outros, mas que
principalmente fossem ao encontro do avanço do conhecimento e interesse publico; e com relação
aos dados biográficos de Worsley, vide C.Webster, op. cit., pp. 64 - 69.
40
C.Webster, op. cit., p. 215.
30
o que teria dificultado a tradução e o conseqüente entendimento dos textos de
Glauber.41
breve tratado contendo de, maneira densa, a teoria corrente a respeito do salitre,
a qual deu seguimento a uma linha de estudos ingleses sobre o salitre, apoiados
no pensamento iatroquímico.43
como também para seu uso no melhoramento das terras, tanto na Inglaterra como
interno inglês.45
41
Ibid., p. 223.
42
Por ser tratar de texto de difícil acesso, disponibilizamos como anexo no final do estudo.
43
A.M.Roos, The Salt of the Earth: Natural philosophy, medice, and Chymistry in England, p. 35
44
C.Webster, op. cit., p. 216.
45
Worsley e seus patrocinadores requisitaram permissão parlamentar para a manufatura do salitre
por toda a Inglaterra, usando grama, pinheiros e samambaias cortadas da floresta real. Como
31
Seu estudo foi apresentado à Casa dos Comuns e à Casa dos Lordes para
retorno ofereceu suplementar o reino com salitre, como também, produzir fertilizantes do refugo.
C Webster, op. cit., pp. 379; 457 - 458.
46
C.Webster, op.cit., p.216.
47
Hartlib Papers, 71/11/1 A - B.
32
adotar-se tal prática, envolvendo a fabricação do salitre. As vantagens econômicas
libras por ano, pagos por salitre e pólvora. Por outro lado, havia uma quantidade
dentro do reino e seus domínios; que o salitre fosse tão bom quanto o em uso; que
não se pretendia renegar as técnicas em uso até que essas outras fossem
48
Hartlib Papers, 53/26/4 A.
49
Ibid.
50
Ibid., 53/26/5 A.
33
econômicas, políticas e sociais. Tais relatos mostram-se atraentes e agregam
ciência advogada por Worsley e pelo grupo do qual fez parte. Lembremos, acima
produção agrícola.
ou seja, na “primeira tese”, ele considerou que toda a superfície da terra seria
superfície da Terra em todas as partes do mundo (se pura e não misturada com
51
Hartlib Papers, 39/1/16A, 39/1/17A.
52
Barbary, região do Norte da África que compreende a Líbia, Tunísia, Argélia e Marrocos, vide
Macmillan Contemporary Dictionary, 1ª ed., s.v.
53
Hartlib Papers, 39/1/16A.
34
O autor ressalta a importância do salitre, e relaciona-o com a manutenção
da vida:
uso. 54
salitre que não por acaso seria nutriente desses mesmos vegetais. Assim,
nesse local. Portanto, se a terra não fosse para seu uso, não seria a nenhum
outro. Tal fato poderia ser confirmado pelo desgaste da superfície terrestre
54
Ibid., 39/1/16A, 39/1/16B.
55
Ibid., 39/1/16A
35
vegetais não cresciam ou eram impedidos de crescimento. Por outro lado,
através de experiência, sabia-se que o salitre era a alma dos vegetais e poderia
que qualquer outro composto, até mesmo aqueles feitos através da Arte. Fato
do salitre. Desta forma, acreditava-se que o salitre era o melhor fertilizante, uma
vez que bons fertilizantes continham o salitre em sua composição. De acordo com
chiqueiros, pastos, lixo de marga e muros seriam locais ideais para se extraí-lo57.
Não existe nada que sirva ou seja bom para adubar, ou fertilizar
56
O termo se refere, quase sempre ao crescimento de cristais. B.J.Dobbs, “Alquimia de Newton e
sua teoria da matéria”, in Newton, textos, antecedentes e comentários, pp. 386 – 387.
57
Hartlib Papers, 39/1/16B - 39/1/17A.
58
Ibid., 39/1/17A.
36
Quanto a composição do salitre Worsley comenta: “É certo o salitre ter
philosophici (1649), todas obras de Glauber. Desta forma, a datação dada a obra
Hartlib tenha recebido em 1646 algumas cópias dos trabalhos de Glauber, destas,
59
Ibid., 39/1/17B.
60
Ibid.
61
A respeito desse questionamento, vide J.T.Young, Faith, Alchemy and Natural Philosophy, pp.
217 – 226.
62
Hartlib Papers, 26/33/1A - 3B; 2B.
63
Hartlib Papers, 45/1/28A.
37
certo fermento que produziria o salitre e o caminho de sua preparação. Na
aumenta em Virtude.64
afirma que:
qualquer lugar.65
64
Ibid., 39/1/11A.
65
Ibid.
38
galpões ou casas para isso. Portanto, segundo o relato, poder-se-ia fazer
Em sua parte final, o texto torna-se um pouco mais revelador e diz que:
mais rica terra que pode ser obtida do salitre, que sendo
Revela, ainda, que a matéria mencionada nada mais seria do que a parte
cinzas de madeira.68
afirmando que:
66
Ibid.
67
Hartlib Papers, 39/1/11B.
68
Ibid.
39
exala, sendo que o salitre mais forte é encontrado na lama ou
onde menciona um certo material proveniente das estrelas, este responsável pela
solo rico em salitre. Conforme também indicado, Worsley manteve escritos sobre
69
Ibid.
70
A.Clericuzio, “Benjamin Worsley’s natural philosophy”, pp. 240 - 241.
40
pela qual se prova que o Sol e a chuva moderada acelerará a
foram dotados com vida e atividade e a luz do Sol não iluminaria apenas os
que não seria só iluminada pelo Sol, mas teria a própria virtude magnética
entre os reinos vegetal, animal e mineral, pois partiu do pressuposto de que o sal
nutre as plantas, as quais serviam de alimento aos animais, a partir dos quais
71
Hartlib Papers, 39/1/20A.
72
A.Clericuzio, op. cit., pp. 240 - 241.
73
A.Debus, op. cit., pp. 519 - 526.
41
O sal que é encontrado em todos vegetais e em todos os
consonância com os princípios seguidos por Hartlib e seus associados. Assim, por
como também, do trabalhador da lavoura, que fazia uso do salitre e procurava por
quando disse: “isso pode ser provado por milhares de experiências”, acreditamos
enriquecimento da nação.75
afirmar que o esterco seria o sal, sendo o esterco a parte putrificada das coisas
74
Ibid., 39/1/17B.
75
Em relação a discussão suscitada a respeito de experimentos e experiências, um debate mais
aprofundado pode ser encontrado na obra “O Saber e seus muito Fazeres: experimentos,
experiências e experimentações”, (org.) A.M.Alfonso–Goldfarb, M.H.R. Beltran.
42
das quais os animais anteriormente se alimentaram e menciona, também, a
pelo tempo adequado, viriam a produzir o salitre, trazendo a fertilidade aos solos
76
John Mayow em suas obras Tractatus Duo de 1668 e Tractatus Quinque de 1674 sugere que as
partículas de nitro-aereo estariam presentes no ar, sendo estas requisitadas nos processos de
respiração e combustão. P.A.Porto, “O salitre aéreo como “precursor“ da idéia de oxigênio? Os
casos de Sendivogius e Mayow “.
77
Hartlib Papers, 39/1/18A.
43
áridos. Idéias que não foram exclusivamente suas, mas também não foram
exclusivas de Glauber.
insucesso.78
com o foco de seu interesse no trabalho de Glauber, pode ter se dado de maneira
Seria possível dizer, assim, que não eram “os olhos de um homem da ciência”, ou
levada com seriedade por Hartlib e seus associados chocou-se com o “segredo”, o
78
Antes da industrialização a maior fonte de nitro eram os depósitos de caverna e muros, ou outro
material orgânico em decomposição. O que veio a ser conhecido como amônia, fruto da
decomposição da uréia no esterco produziria o nitrato, que foram cultivados no inicio do período
moderno pela mistura de esterco e cinzas, o composto era mantido umedecido com a urina e
posteriormente passava pelo processo de Leach com água, esse processo consta da remoção de
substâncias químicas ou minerais do solo, como resultado da circulação da água por ele. O liquido
contendo os nitratos era convertido com as cinzas em nitrato de potássio o qual era refinado em
pólvora. A.M.Roos, The salt of the Earth, p. 24. No século XIX o subproduto da destilação do
carvão, a amônia, passa a ser utilizada como fertilizante, entretanto, o baixo rendimento e o
crescimento exponencial da população inviabilizaram o processo.No entanto, poderia ser válido
como prática agrícola acessível ao período, comum na agricultura familiar de pequeno porte, a
mistura de esterco, material orgânico em processo de decomposição como forma de fertilizá-lo,
pressupondo o ciclo do nitrogênio por meio da ação dos microorganismos decompositores. C.
Webster, op. cit., p.377.
79
vide A.M.Alfonso-Goldfarb, “As problemáticas fontes para uma história do salitre: um quebra-
cabeças onde faltam peças”.
44
conhecimento por trás do conhecimento, fato que não possibilitou aos escritos
45
CAPÍTULO 3
46
UM DUTO ENTRE OS TRABALHOS HARTLIBIANOS E A ROYAL
SOCIETY; BENJAMIN WORSLEY E ROBERT BOYLE: UMA
POSSÍVEL HERANÇA TEÓRICA
estudos do salitre como foi, Robert Boyle, foi evidenciada pela correspondência
entre ambos e entre Boyle e Hartlib80. Nesse período a irmã de Boyle, Katherine,
Worsley, certamente influenciou Boyle nessa direção. Boyle foi leitor dos
escritos de Worsley, entre eles, De Nitro Theses Quaedam, que teria sido uma
das suas fontes de acesso as teorias de Glauber, (além dos próprios escritos de
80
Em relação às Correspondências,vide, M.Hunter, The Correspondence of Robert Boyle,v.I.
81
Hartlib Papers, 29/5/92B.
47
putrificação química do nitro, enquanto eu, uma reintegração
filosófica deste.82
caso de Worsley. Seu texto explorou outros aspectos, não menos importantes,
82
R.Boyle, “A Physico-Chymical Essay, containing an Experiment with some Considerations
touching the differing Parts and Redintegration of Saltpetre”, V.2, p. 89.
83
Torna-se relevante à menção de Boyle aqui por permitir imaginar a fluidez dos conhecimentos
sobre o salitre, como tais conhecimentos foram sendo transmitidos e desenvolvidos de maneiras
bem particulares. Relevante seria também estudar como se deu a transição de tais conhecimentos
até Thomas Henshaw (1618-1700), não é comprovada nenhuma discussão direta ou troca de
informações via carta entre Boyle e Henshaw, o que dificulta afirmar que a transição ocorreu ai,
mas como já foi dito, havia um veio de estudos bem constituído, sustentado pelo Círculo de Hartlib,
e posteriormente, pela Royal Society de Londres. Podemos citar, como exemplo, os estudos da
historiadora da ciência, Ana Maria Alfonso-Goldfarb, sobre Thomas Henshaw e suas prospecções
em torno do salitre, mais especificamente sobre o The History of the making of Saltpeter. L.
Zaterka, A Filosofia Experimental na Inglaterra do século XVll: Francis Bacon e Robert Boyle, p. 23.
48
THOMAS HENSHAW, INTERAÇÃO E CONTINUAÇÃO
membros fundadores da Royal Society, foi apresentado por Robert Child (1613-
editada por Thomas Sprat, a sua memória, The History of the making of Saltpeter.
84
R.R.Dickson, “Thomas Henshaw and Sir Robert Pastn’s pursuit of the red elixir: in early
colaboration between fellows thw Royal Society” , pp. 57 – 65.
49
demanda na produção de águas de partir, além de sua aplicação militar, mais
memória é relevante por ter sido incluída no primeiro volume dos Register Books
da Royal Society e por constar nas memórias que T. Spratt elaborou no History of
Ainda nesse estudo, vemos que o nitro volátil ou aero nitro, foi um dos
85
R.P.Multhauf, The Origins of Chemistry, pp. 328 - 329.
86
A.M.Alfonso-Goldfarb, “Algumas considerações propedêuticas para uma história dos saberes e
fazeres do Salitre: novas e velhas questões através da memória de T. Henshaw à Royal Society de
Londres”, p. 17.
87
A.M.Alfonso-Goldfarb, op. cit., p. 24.
50
Em uma primeira análise, Alfonso-Goldfarb comenta que tal obra, seguindo
seria atacar apenas Henshaw e sua memória com suas críticas, mas sim a Royal
divinos de curar.89
88
A.M.Alfonso-Goldfarb, op. cit., p.19.
89
A.Debus, The English Paracelsians, pp. 49; 54 - 55.
51
Segundo A. Debus, nem todos os membros do Royal College eram
Hall (1575 – 1653) por efetuar muitos ataques à nova medicina e condenar todos
modernos’.
Hamey, por sentir-se muito perturbado com a crescente fama da Royal Society.
Henshaw era visto por ele como rival, pois pensava serem os assuntos referentes
evidenciado pela incorporação dos erros de Glauber; terceiro, Stubbe sugere que
90
Ibid., p. 54.
91
T.Henshaw, op. cit., p. 69.
52
material; e por último, ele levantou, por meio de extensiva pesquisa, contra-
salitre em Warwickshire.92
quanto sua nomenclatura contém equívocos. Por exemplo, ao admiti-lo como uma
permaneceram até quase o século XIX, haja vista, que o salitre quando
salitre, era algo ainda em disputa. Assim, de um lado, Matiolli e P. Belon, pois,
ambos manusearam e viram o salitre com freqüência e isso o fez acreditar que em
92
T.Henshaw, op. cit., apêndice B.
93
A.M.Alfonso-Goldfarb, op. cit., pp. 11 - 21
94
Ibid.
53
terras cristãs não havia mais nenhum grão de salitre a ser encontrado. Por isso,
era necessário trazê-lo de outras partes, como o Cairo, onde Belon estivera, em
aproximadamente 1550, e percebera que o salitre era muito comum e não muito
caro. Henshaw continua seu argumento dizendo que, entre os que mantiveram a
parecer o voto geral dos homens sábios, pela razão de que nas relações e
depoimento de Plínio, ao dizer que o salitre saía do chão, “tão grosso e branco
ocorria na época das chuvas em agosto ou setembro, vindo da água fresca que
95
T.Henshaw, op. cit., p. 260; Halinitro, nitro, afronitro que, segundo análise de A.M.Alfonso-
Goldfard, dificilmente correspondiam ao salitre, e prossegue afirmando que em Plínio, fonte citada
por Henshaw em sua obra, comumente descrições do nitro (ou termo similar) corresponderiam tão
só à soda ou à potassa.E uma única vez que se refere a um certo ‘sal da caverna’ que, pela
descrição, seria talvez o salitre, visivelmente não reconhece suas diferenças com os ‘nitros’ e
portanto não reconhece o salitre. A.M.Alfonso-Goldfarb, op. cit., p. 12
96
Ibid.
54
Nosso autor ao discorrer, ainda, em seu texto sobre a grande quantidade
que esses lagos eram grandes receptáculos de terras inundadas, que grandes
chuvas facilmente arrastariam até ali, proveniente das partes altas do país. Ao
citar o rio Nilo, Henshaw diz que seu solo, rico em salitre e com terras produtivas
nitro volátil, visto coagulado em um sal fino e branco, como flor de trigo, preso e
vegetais, e assim por diante, até chegar a sua forma aérea e retomar o ciclo.
como ótimo molde para esse fim. Se o solo apresentasse um bom padrão,
haveria a relação de, quanto melhor o padrão do solo, mais salitre seria produzido.
97
T.Henshaw, op. cit., p.260
55
substâncias encontradas no ar, possibilitariam uma vantagem maior, tendo uma
fermentação e mudanças.99
A adoção de tal modelo por parte de Henshaw foi explícita, indicando que a
evidente o papel atribuído ao aero nitro, desde os recentes anos do século XVI,
por ter assumido uma posição de destaque nos estudos dessa época.
98
T.Henshaw, op. cit., p. 264.
99
A.M.Alfonso-Goldfarb, op. cit., p. 23.
56
de Willis, o aero nitro teria gerado no século XVII, um pensamento sui generis a
respeito do salitre.
57
CONSIDERAÇÕES FINAIS
conclusivo ou original, pois apenas adensa alguns pontos de uma rica pesquisa
sobre a história do salitre realizada no CESIMA. De todo modo, nem mesmo com
a ajuda dessa pesquisa e de muitas mais, seria possível dar conta das muitas
questões que afloram quando se trabalha com uma atmosfera como a do século
como as que envolviam os estudos do salitre, com suas fartas derivações para
questões parece alongar-se entre eles. Não seria esta a primeira vez em que
pelo conclamado ideal baconiano, buscavam propiciar o bem comum e, com isso,
revelar aquilo que ainda estava por ser descoberto sobre um material parece ser
sua rede de contatos em âmbito continental. Tal rede, como bem vimos, por vezes
58
mesma maneira: textos truncados ou sem a explicação esperada. Mas, como
vimos também, nada disto era completamente inesperado na época, pois estamos
não pode ser considerada exatamente revolucionária, nem à frente de sua época,
sua grande obra, em que o salitre tem papel principal, também pensando em
resgatar uma Alemanha destruída pela guerra e faminta. Para tanto, passam a
valer ligações entre conhecimentos práticos e teóricos que até então eram
até maior que em outras sociedades da época, apresenta ali questões tanto
práticas quanto teóricas. Estas poderiam variar desde: ‘Quais matérias poderiam
coloca todo tipo de questões que teriam sido pertinentes a outros autores, dos
mais antigos até seus contemporâneos...e até mesmo a outros posteriores! Esse
59
essa obra, pois lembremos que um dos primeiros lemas da Royal Society foi o de
talvez menos importantes, mas tão secretos quanto o salitre – foram estudados
por essa mesma sociedade. Ou ainda, valeria a pena pesquisar com maior
por ser.
60
BIBLIOGRAFIA
Alfonso-Goldfarb, Ana Maria & Maria Helena Roxo Beltran. orgs. Escrevendo
a História da Ciência: Tendências, propostas e discussões Historiográficas.
São Paulo: Editora PUC, 2004.
Bacon, Francis. O progresso do conhecimento. Trad. Raul Fiker. São Paulo: Ed.
Unesp, 2006.
61
________.The Correspondence of Robert Boyle. V.6. Ed. Michael Hunter, Antonio
Clericuzio e Lawrence Principe, London: Pinckering & Chatto, 1999 – 2000.
________.”Palissy, Plat, and English Agricultural Chemistry in the 16th and 17th
Centuries”. Archives d’historie de Sciences Internationales, 82 – 83. (Jan. –
Jul. de 1968) 67 – 88.
62
Dickison, Donald R. “Thomas Henshaw and Sir Robert Paston’s pursuit of the red
elixir: in early collaboration between fellows of the Royal Society”.in Notes and
Records of the Royal Society of London.v.51, nº1 (janeiro 1997): 57-76.
Guerlac, Henry. “Poets’ nitre”. in Isis. v. 45 nº3 (setembro 1954): pp. 243 - 255.
Hall, Marie Boas. Robert Boyle and Seventeenth – Century Chemistry. New York:
Kraus, 1968.
Hall, A. Ruppert and Marie Boas Hall. .”The intellectual origins of the Royal Society
London and Oxford”.in Notes and Records of the Royal Society of
London.v.23, nº2 (dezembro 1968): 157-168
Henshaw, Thomas. “The History of the Making of Saltpeter”.in The History of the
Royal Society.ed.Thomas Spratt, London: Royal Society, 1663: 260 - 276.
63
Hunter, Michael.ed. Robert Boyle reconsidered. Cambridge: Cambridge University
Press, 1994.
Jones, Richard Foster. Ancient and Moderns. New York: Dover Publication,
1961:cap.VII, 183-187.
Leslie, Michael. The Hartlib Papers (1600 – 1662).The University of Sheffield, 1997
– 2002. [ CDRom]
Partington, J.R. A Short History of Chemistry. 3rd Ed. New York: Dover
Publications, 1957.
________.”Some early Apparaisals of the Work Fo John Mayow”. Isis. V.50. nº3
(setembro 1959), 211-226.
64
________.”Os três princípios e as doenças: a visão de dois filósofos químicos”.in
Química nova.v.20 nº5 (1997): 569-572.
Rattansi, P.M. “Paracelsus and Puritan revolution”.in The Journal of the Society for
the Study of Alchemy and Early Chemistry – AMBIX.nº1, v.XI, (Fevereiro
1963):24-32.
Ross, Anne Marie. The Salt of the Earth: Natural philosophy, medicene, and
Chymistry in England, 1650-1750.Leiden/Boston: Brill, 2007:Cap.1, 3; 109-118.
Spratt, Thomas.The History of the Royal Society. Ed.Jackson I.Cope and Harold
Whitmore Jones. Missouri: Washington University studies, 1958:48-53; 68-74.
Szydlo, Zbigniew. “The Influence of the central nitre theory of Michael Sendivogius
on the chemical Philosophy of the seventeenth century”. in The Journal of the
Society for the Study of Alchemy and Early Chemistry – AMBIX.v.43, part.2
(julho 1996):80-96.
65
________.The Great Instauration: Science, medicine and Reform 1626 – 1660.
Berna: Peter Lang, 2002.
Young, John T. Faith, Medical Alchemy and Natural Philosophy: Johann Morian,
Intelligencer, and the Hartlib Circle. Ashgate: Sydnei,1998.
66
ANEXO
BENJAMIN WORSLEY
67
Title:COPY TRACT ON SALTPETRE IN HARTLIB'S HAND, BENJAMIN
WORSLEY
Date:UNDATED
Ref: 39/1/16A-20B: 21A, 21B BLANK
[39/1/16A]
Salt-Peter./
<De> <Nitro
<Theses>, quædam
It is found by Experience, that the Vpper-part or surface of the Earth in all parts of
the World (if pure and vnmixt from any Mineral juice or lapidescent succ) naturally
breedeth and putteth forth Salt-peter.
This Thesis needs no other Evidence then the consideration of the common and
familiar Way of making Salt-Peter in Barbary and the East-Indies, where they oft
digg the Earth that is sub dio or in the open ayre and commonly where a place is
much trod on and hindred from putting forth plants, they neuer faile of Salt-Peter.
Wee ourselves also and all that digg for it or make it in Fraunce Germany or any
other place, finde it in the vpper crust of <DEL>the> Earth constantly and no where
else, so that this first is vnquestionable.
2.
Natures intent in the breeding of Salt-Peter in the Vpper Surface of the Earth is for
the generation of Plants and by them for the præservation of Animals.
This which is the maine Thesis and therfore most of all requireth the cleering is
thus prooued
[39/1/16B]
Wee laid it as a ground vpon the practice of all Countries in all parts of the
World, that make it and in our owne kingdome it is neuer found but in the surface of
the Earth.
68
Now no truth more certaine then that God or Nature doth nothing in vaine. Nature
therfore constantly breeding of it, and neuer any where but there, must haue a
constant intention to vse it and for the vse of it in that place.
And that this Vse is for the multiplying of Vegetables certainly and only may
many wayes bee certainly proued.
1. This place viz. the vpper surface of the Earth and no other is the seat and
place of nourishment for Vegetables.
2. All Plants haue their seat, and nourishment altogether heere, so nothing else
but Plants are fed or generated heere and therfore if not for their vse it would bee
for no vse.
5. It is found by certain and frequent experience that Salt-Peter is the very soule
of Vegetation as may appeare by Corne or Seedes steeped in Water [catchword:
mix-]
[39/1/17A]
mixed with Salt-Peter, which by several trials is found to bee the best imbibition of
any. As also by all the Earth rich in Salt-Peter, which is found fatter and richer in
Spirit, then any other Compost in the World made by what Art soeuer, which is
further confirmed by the manner of Vegetation or Germination, which consists in
the dissolution and apposition of Salt or any Salinous matter.
There is nothing that serveth for, or is good to manure enrich or fructify ground, but
is good also to breed and to yeeld Salt-Peter. And by how much the richer
Experience findeth any thing to bee in the yeelding of vegetative spirit, by so much
the more plentifully hath Experience found it to containe Peter.
As may witnesse Mans Vrine and Dung Blood of Beasts, Lyme Pidgeon-dung
Loame of Wools and the like, which are the best of all other to enrich ground and
doe most plentifully yeeld Salt-Peter.
69
Dove Cotts Stables Vaults Hogs-sties and Sheepe-Cotts and old rubbish of
Loame and Walls being all sought after for the digging of Peter both in our owne
Countrie and elsewhere.
E contra There is nothing in the World that yeeldeth Salt-Peter, but it will fructify
Land and those things that are richest in Salt-Petter are best for Land.
[39/1/17B]
This is proved by Experience. For what Salt-Peter Men covet for their vse the same
Gardners labour to procure for their vse.
8. It is certaine that Salt-Peter hath Parts Volatill, inflammable and spirituous and
parts fixed exceedingly causticke fiery and wonderfully <detersive
It is found by 1000s of Experiments that all Plants likewise containe in them a Salt,
which Salt hath parts inflammable Volatil and spirituous, which is the Subject of fire
and combustion and parts that are fixed Caustick and <detersiue>, which is that
part which lieth in the ashes. This is plaine in euery one, and will bee
<emonstrated> in Sugar itselfe.
9. The Salt that is found in all Vegetables and in all Animals nourished by
Vegetables is reducible or convertible againe into Salt-Peter.
That this is true though not comonly obserued may bee manifested also by 1000 of
Experiences. First that Vrine and Dung is Salt. That they are the putrified Parts of
those things, which Animals did first feede on and eat; that the Saltnesse therfore
of them. viz. of Vrine and Dung is the Salt of those esculent things before taken in,
no man so ignorant or vn-intelligent as to <deny>.
Now that Horse-dung if kept dry will in time breed Salt-Peter, and the Earth vnder
Horse-dung also is rich in Salt-Peter Experience hath often found. That Pidgeons
Dung Sheepe-dung and Hogs-dung will doe the like, wittnes the digging vp of
Pidgeon Houses Hogsties and Sheepe-Cotts for it. That Mans [catchword: dung]
[39/1/18A]
and Vrine will yeeld it witnesse the familiar practice in diverse places of making
Salt-Peter out of Vaults buried and covered. That the Vrine of Horses and Cowes
will yeeld Salt-Peter wittnesse the digging vp of Stables, where Salt-Peter is also
found plentifully.
70
But this Salt-Peter made of this dung and Vrine can bee no other then by reason of
that Salt, which is in all Vrine and dung; which Salt Wee before proued to bee the
Salt of Vegetables, and because that Cowes Horses Pidgeons Hoggs Man and the
rest eat almost of all sort of Vegetables that therfore the Salt of all Vegetables is
convertible into Salt-Peter is <demonstrated> which was the thing to bee prooued.
That the Salt of Animals is also convertible into Salt-Peter is plain First from
Reason because Animals being nourised by Plants haue the same Constitutive
Parts according to that Axiome Ex quibus alimur constamur. 2. from Experience
because the Blood of any Beast is very rich in Salt-Peter and easily converted. 2ly
Graves yeeld planty of it. 3d. shavings of horne hoofes leather and haire buried
yeeld plentifully of it.
10.
The making and digging for Peter in all Countries and in all Ages doth confirme
this.
[39/1/18B]
For .1. It is neuer found in any Earth at all but where Vegetables doe not grow as in
Cellars Ware-houses Bake-houses and the like.
3. neuer made but of Earth mixt with Vegetables or Animals putrefied as of Vaults
Blood Vrine Tartar and the like.
11.
The best Grounds not manured vpon the long producing of Plants will spend all this
substance and at lenght grow barren.
That Grounds do grow barren by the expence of this is plaine because if laid fallow
that it might haue time to generate this, or if manured by things containing virtually
this it groweth Rich againe
71
3.
[39/1/19A]
<nitrous> Spirit, ceaseth not to generate and multiply itself vpon all such fit matter
as shall bee apposed to it, prouided shee bee not hindred.
This is the condition of all Natural Bodies and is here found true by common
Experiments.
First it is found that the Earth vsed and washed by Salt-Peter Men after buried will
grow rich againe.
Secondly it is found that Ground that hath a long time beene troden and layen
covered; that Stables Dove-houses Sheep-cotts Hogs-sties Graves and Places
where Vaults and rubbish haue beene buried, are of all other the richest evidently
shewing Nature hath increased her Store by the apposition of <these> matters.
Thesis 4th
That moisture spoileth the breeding of Salt-Peter if it bee too much every Salt-
Peter Man can tell and common Reason discerne; for it washeth away the Matter.
[39/1/19B]
That the exclusion of Warmth and the Sunnes heat is bad is plaine because in
close Cellars there is neuer so much Peter found as in Places more free and open
and without there bee plentiful of putrefied matter.
That it must lye a time needeth no dispute. The rest is plaine. For Mineral juyces
kill the Spirit and Plants spend it.
Thesis 5th
72
That the Matter of Salt-Peter is Double first a fixt salt. 2ly an ætherial spirit is thus
prooued.
2. by the boiling of which always bringeth forth Common salt mixed with it.
1. by it's impetuousnesse
[39/1/20A]
1. by its difference from those Salts of which it is generated and whose tast it
retaineth, it being impetuous and combustible which <these> Salts are not.
4. that hot Countries breed it sooner and in greater <quantity then cold.>
6. from the Salt-nesse of <dewes> which further the generation of it and in hot
Countries is more <<DEL>putrent><potent>.
Thesis 6.
73
The Way of Generation is with good Earth in a <deepe> low dry ground exposing
and turning of it to the Sune, preventing its being washed away and sub-strating to
it a fit and volatil Matter.
This is no other then a Consequence of that which hath beene already proued.
That the Sun and the advention of moderate Raine and <dewes> will accelerate
the fermentation and generation of the Matter, is evident by Walles and by the
breeding of it sub dio plentifully in all hot Countries. That the Matter substrated is
the better by how much the more Volatil is plaine, of which <these> are the chiefe
[39/1/20B]
Lyme of Chalke
Lyme of Stones
Lyme of Marle
Fullers Earth.
Leaves of Trees.
Blood of Beasts.
Vaults.
First lay a lay of the best richest and most <nitrous> Earth, vpon that a lay of the
same thicknesse of Lyme. Then a lay of Vegetables stratum super stratum. At top
let store of Lyme or dung lye one foot high, that the Raine may wash downe the
Saltnesse of it into the Earth.
In stead of Vegetables you may vse Blood or Vaults. To the Lyme you may mixe
Fullers Earth.
74
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )