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Aula 1 - Princípio de Corrente Alternada

Olá, estudante, bem-vindo(a) à primeira Unidade de Interação e Aprendizagem (UIA).


Falaremos aqui, em nossa primeira aula, sobre o princípio de corrente alternada. Fique
atento aos conteúdos estudados aqui. Eles servem de pré-requisito para os conteúdos
que serão estudados posteriormente. Boa aula!

Assista à videoaula a seguir e tenha uma breve introdução dos principais tópicos que
serão abordados na UIA 1.
Nas disciplinas de Física, no ensino médio e cursos de Engenharia, aprendemos os
conceitos básicos de eletricidade, como carga elétrica, corrente elétrica, tensão,
resistência, etc. Além disso, vimos como essas grandezas se relacionam, permitindo que
possamos criar circuitos elétricos.

Uma vez definidos os circuitos elétricos, as relações entre as grandezas elétricas


envolvidas são expressas pelas equações e leis físicas dessas relações. Entre elas, as
principais são a Lei de Ohm e as Leis de Kirchhoff.

Nestas aulas, entretanto, todos esses conceitos são abordados para tensões elétricas
(diferenças de potencial) e correntes elétricas constantes, cujos valores não se alteram
com o tempo. Esses casos são denominados circuitos em corrente contínua, ou circuitos
CC. Em inglês, esse termo é direct current (corrente direta, em português), por isso,
frequentemente esses circuitos usam a sigla DC.

Apesar do nome, em português, ser corrente contínua, esse termo não define
completamente tais circuitos, pois podemos definir funções matemáticas (e,
consequentemente, grandezas elétricas) que são contínuas, mas não são constantes, ou
seja, possuem valores que variam com o tempo.

Apesar dessa imprecisão na nomenclatura, usaremos, daqui em diante, o termo corrente contínua
(CC) para mencionar circuitos que possuem valores de tensão e corrente constantes no tempo.

A principal forma de geração de tensão elétrica constante (CC) é a bateria, que


transforma energia química em energia elétrica. As tensões geradas pelas
baterias, portanto, não se alteram ao longo do tempo.

Como podemos imaginar, as baterias não conseguiriam abastecer toda a demanda de


energia que centros urbanos e indústrias demandam, por isso, outras formas de geração
de energia elétrica são necessárias, geralmente, por meio da conversão eletromecânica
de energia. Assim, no início do século XX, o físico e engenheiro polonês, naturalizado
americano, Nikola Tesla, criou os fundamentos matemáticos e experimentais para a
criação da corrente alternada (CA).

A corrente alternada e, consequentemente, a tensão alternada, são a principal forma de


geração, transmissão e utilização de energia elétrica em todo o mundo. Dessa forma, os
conceitos relacionados a essa forma de corrente e tensão são essenciais para a
compreensão de circuitos elétricos em instalações prediais.

1.1. Função Senoidal

O termo correntealternada pode ser usado para referenciar qualquer corrente elétrica
que varia (alterna) com o tempo. Essa variação pode ser baseada em valores aleatórios
de corrente, entretanto, a forma mais comum é através de funções matemáticas.
Apesar de podermos chamar de corrente alternada a corrente que segue qualquer função
matemática, a função mais comum é a função senoidal. Assim, as correntes elétricas são
expressas na forma:

i(t)=Im sen(ωt+ ϕ)i(t)=Im sen(ωt+ ϕ)

Onde Im representa a amplitude da função seno, também chamado de valor máximo, a letra
grega w é a frequência angular, medida em radianos por segundo (rad/s), e a letra grega f é
chamada de fase, medida em radianos ou graus.

No estudo de circuitos elétricos CA, é importante também considerar o valor médio de


uma função senoidal (na equação anterior ele é nulo), entretanto, em estudos de
circuitos elétricos de instalações prediais, esse parâmetro é geralmente zero, portanto,
será desconsiderado.

A partir da equação acima, podemos analisar o efeito de cada parâmetro no


comportamento da corrente.

1.1.1. Amplitude

A amplitude natural da função seno é 1, ou seja, essa função varia de -1 a 1. Multiplicar


essa função por um número real Im faz com que a função varie de -Im a Im, alterando os
valores máximos e mínimos da função. Podemos ver esse efeito na figura a seguir, na
qual temos duas funções com mesma frequência angular, mesma fase e amplitudes
diferentes.

Figura 1. Comparação entre funções senoidais de diferentes amplitudes. Em


vermelho f(t)=sen(2 π t)f(t)=sen(2 π t) e em azul g(t)=2sen(2 π t)g(t)=2sen(2 π t)

1.1.2. Frequência
O período natural da função seno é 2π radianos, em outras palavras, dada a função
sen(t), ela irá se repetir a cada 2π segundos. O fator multiplicativo da variável tempo, a
frequência angular, altera esse período.

Como as grandezas tensão e corrente são funções do tempo, é importante definir a


função seno levando em consideração o tempo. A frequência é definida como o inverso
do período:

f=1Tf=1T

Onde f é a frequência, dada em ciclos por segundo, ou Hertz [Hz], e T é o período, dado em
segundos.
Em funções periódicas, o período é o tempo de um ciclo e frequência é o número de
ciclos por unidade de tempo. Dada a relação entre as grandezas lineares e angulares, a
frequência angular é dada por ω =2 π f ω =2 π f.

O efeito da mudança de frequência em uma função senoidal pode ser visto na figura
abaixo. Nela, temos duas funções com mesma amplitude e mesma fase, entretanto com
frequências diferentes.

Figura 2. Comparação entre funções senoidais de diferentes frequências. Em


vermelho f(t)=sen(2 π t)f(t)=sen(2 π t) e em azul g(t)=sen(4 π t)g(t)=sen(4 π t)

1.1.3. Fase

O valor de fase é muitas vezes negligenciado em estudos matemáticos ou em


outras áreas da Física. Em eletricidade, no entanto, essa variável é de grande
importância.

Graficamente é possível ver a fase como um deslocamento no tempo (horizontal) da


função. Essa variável não altera a frequência ou amplitude da função e é usado nas
principais identidades trigonométricas que relacionam a função seno e cosseno.
Figura 3. Comparação entre funções senoidais de diferentes fases. Em
vermelho f(t)=sen(2 π t)f(t)=sen(2 π t) e em
azul g(t)=sen(2 π t+π/4)g(t)=sen(2 π t+π/4)

1.1.4. Valor Eficaz (RMS)


O valor RMS (root mean square) é uma expressão matemática aplicada a uma função periódica
que resulta em um valor constante. A definição de valor RMS é:
frms=1T∫T0[f(t)]2dt−−−−−−−−−−− ⎷ frms=1T∫T0[f(t)]2dt

Essa ferramenta matemática informa a dispersão de uma certa função em torno de um


valor médio. Repare na semelhança dessa expressão com a definição de variância.

É possível, portanto, calcular o valor RMS de uma função senoidal f(t) = A sen(ωt), a
frequência angular é múltipla de 2p.

frms=12 π ∫2 π 0[Asen( ω t)]2dt−−−−−−−−−−−−−−−− ⎷ frms=12 π ∫2 π 0[Asen( ω t)]2dt

O desenvolvimento da integral acima é simples e fica de exercício ao aluno. Ao final,


dada a função senoidal acima, o valor RMS dessa função será:

frms=A22−−−√frms=A22

frms=A22–√≈0,707A2frms=A22≈0,707A2

Em outras palavras, o valor RMS de uma função senoidal é sua amplitude dividida por
√2 ou, aproximadamente, 70% da amplitude.

1.2. Tensão e Corrente CA

Independente da função que dita o comportamento da corrente e da tensão elétrica, a


relação entre essas duas grandezas se mantém a mesma: a Lei de Ohm. Então,
considerando uma corrente senoidal, como a mostrada anteriormente, temos:
V=RI=R Imsen( ω t)=Vmsen( ω t)V=RI=R Imsen( ω t)=Vmsen( ω t)

Fonte: http://tinyurl.com/yb5lpw5s

Onde Vm e Im são as amplitudes da tensão e da corrente, respectivamente, e


numericamente Vm = RIm. Pela equação acima, vemos que em circuitos CA, tanto a
corrente quanto a tensão serão senoidais. Em circuitos puramente resistivos, ambas
grandezas serão ondas senoidais de mesma frequência e mesma fase, mudando
somente a amplitude de cada uma.

Como ambas as grandezas, tensão e corrente, são senoidais, podemos calcular o valor
RMS de cada uma delas, dividindo a amplitude por √2.

Vrms=Vm/2–√Vrms=Vm/2

Irms=Im/2–√Irms=Im/2

Para esclarecer o motivo de calcularmos o valor RMS das funções senoidais, vamos fazer
uma rápida análise da potência dissipada por um resistor, quando aplicamos uma tensão
senoidal como as usadas anteriormente. Sabemos que:

P=VIP=VI

Logo, podemos substituir as expressões senoidais na equação anterior:

P=VI= Vmsen(ωt).Imsen(ωt)P=VI= Vmsen(ωt).Imsen(ωt)

P=VI= R.Imsen(ωt).Imsen(ωt)P=VI= R.Imsen(ωt).Imsen(ωt)

P=VI= RI2msen2(ωt)P=VI= RIm2sen2(ωt)


A expressão da potência anterior possui uma função senoidal elevada ao quadrado que
não pode ser comparada diretamente com as expressões de tensão e corrente. Podemos,
entretanto, usar as identidades trigonométricas para obter uma expressão senoidal sem
o expoente. O resultado será:

P=RI2m2−RI2m2cos(2ωt)P=RIm22−RIm22cos(2ωt)

A expressão anterior mostra que a potência elétrica para tensão e corrente senoidais
será um cosseno com o dobro da frequência e um valor médio diferente de zero, nesse
caso, igual a RI2m/2RIm2/2, onde Im é a amplitude da corrente senoidal. Essa fração é
chamada de potência média.

Se, em vez de usarmos o valor da amplitude da corrente, substituirmos pelo valor RMS,
teremos:

Pca=RI2m2=R(√2.Irms)22=R.2.I2rms2Pca=RIm22=R(√2.Irms)22=R.2.Irms22

Pca=R.I2rmsPca=R.Irms2

Que é a expressão da potência dissipada por um resistor alimentado por uma corrente
constante. Dessa forma, podemos resumir os conceitos estudados como:

Um resistor alimentado por uma tensão senoidal terá uma corrente também
senoidal e dissipará uma potência que é numericamente igual à potência que o
mesmo resistor dissiparia se a tensão fosse constante e os valores da tensão e
corrente fossem iguais aos valores RMS das grandezas senoidais.

Por isso, chamamos o valor RMS como valor eficaz. Em redes de distribuição de energia
elétrica em todo o Brasil, a frequência da tensão e corrente elétrica é sempre 60 Hz.
Como essa frequência é conhecida, essa informação é geralmente redundante, por isso,
ao falarmos de corrente e tensão em instalações elétricas, fazemos referência sempre
aos valores RMS e fase, que podem variar de um circuito para outro.

No Distrito Federal, sabemos que a tensão fornecida em nossas tomadas é 220 V. O que
geralmente não se sabe é que esse valor é o RMS da tensão senoidal consumida. Em
outras palavras, a tensão distribuída pela Companhia Energética de Brasília (CEB), em
nossas residências, é uma tensão senoidal com uma amplitude de aproximadamente
311 V, que, ao ser dividida por √2, nos dá a famosa tensão de 220 V.

Navegue pelos capítulos do curso básico. Clique aqui e aprenda um pouco mais sobre a
corrente alternada, sua geração e aplicações.

1.3. Fasores
Vimos, portanto, que tensões e correntes elétricas são, em sistemas elétricos de
potência, funções senoidais e, por isso, são caracterizadas por três parâmetros
fundamentais: amplitude, fase e frequência.

A frequência das tensões e correntes, em todo o Brasil, é sempre 60 Hz, como


citado anteriormente, por isso, esse parâmetro é sempre conhecido.

Os outros dois parâmetros necessários para caracterizar uma grandeza elétrica em


sistemas CA dependem dos componentes de circuitos, tais como fontes de alimentação,
equipamentos, etc.

Esses parâmetros podem ser representados graficamente, utilizando vetores em um


plano cartesiano. Nesse plano, o módulo do vetor corresponde à amplitude da função
senoidal (ou seu valor RMS). O ângulo que o vetor forma com o eixo horizontal
representará a fase. Por exemplo, considere as funções:

Va=VAsen( ω t)Va=VAsen( ω t) e Vb=VBsen( ω t+90∘)Vb=VBsen( ω t+90∘)

Em um plano cartesiano, essas duas tensões serão representadas como:


Figura 4. Representação gráfica de funções senoidais. Fonte: Gussow (1997)

Na figura, a tensão Va, que possui uma fase nula, é representada na forma de um vetor
de módulo VA (amplitude do seno) na horizontal. A tensão Vb, que possui uma fase 90º
maior que Va, será representado por um vetor de módulo VB rotacionado 90º no sentido
anti-horário. Os vetores VA e VB, que representam as tensões senoidais A e B, são
chamados de fasores.

O mesmo pode ser feito para senoides com fases negativas, rotacionando os vetores no
sentido horário.

Va=VAsen( ω t−90∘)eVb=VBsen( ω t)Va=VAsen( ω t−90∘)eVb=VBsen( ω t)

Figura 5. Representação gráfica de funções senoidais. Fonte: Gussow (1997)

O módulo do vetor, como ilustrado nas figuras anteriores, representa a amplitude da


função seno, entretanto, é comum usar o valor RMS do seno como módulo dos vetores.

Como a relação entre amplitude e valor RMS é linear (apenas um fator


multiplicativo), essa alteração não altera qualquer resultado algébrico.
Uma vez que as correntes e tensões de um circuito são representados agora
fasorialmente, as operações algébricas que usamos em circuitos, ao aplicarmos as Leis
de Kirchhoff, serão aplicadas usando a álgebra de vetores.

Veja na seção “Defasagem de ondas”, clicando aqui para observar como vetores
(girantes) podem ser usados para representar funções senoidais. Note que se os vetores
giram na mesma velocidade (frequência angular), a diferença de fase se mantém, assim
como a soma de dois deles.

Termina aqui nossa primeira aula desta unidade. Introduzimos conceitos que serão
importantes ao longo da unidade. Continue os estudos desta disciplina e até breve!

Aula 2 - Circuitos Monofásicos

Até agora, todos os circuitos elétricos estudados, tanto em CC quanto em CA, eram
circuitos puramente resistivos. Na prática, contudo, outros componentes de circuitos
elétricos estão presentes em instalações elétricas prediais, tais como indutores e
capacitores. Sobre isso, falaremos nesta aula! Bons estudos!

2.1. Indutores e Circuitos Indutivos

Nas aulas de Física, foi visto que correntes elétricas geram em torno de si um campo
magnético (Lei de Ampere) e que a variação de campo magnético induz, em um circuito
fechado, uma corrente elétrica (Lei de Faraday).

Portanto, se uma tensão senoidal alimenta um circuito, por exemplo, um fio condutor,
variação da corrente induzirá no próprio fio uma tensão elétrica. A relação entre a tensão
induzida pelo fio, no próprio fio, e a variação da corrente que gerou a tensão induzida,
é chamada de indutância:

L=VLΔi/ΔtL=VLΔi/Δt

Onde L é a indutância, Δi/Δt é a variação da corrente e VL é a tensão induzida por essa corrente
alternada. A unidade de indutância no SI é Henry [H].

Logicamente que, se o campo magnético produzido pela corrente for maior, a tensão
induzida também será maior. Portanto, se pegarmos um mesmo fio e o enrolarmos, o
campo magnético produzido pela corrente será ainda maior, aumentando também a
tensão induzida, ou seja, aumentando sua indutância.

Como a expressão acima relaciona as grandezas tensão e corrente, podemos colocá-la


na mesma forma da Lei de Ohm (V = Ri):

VL=LΔiΔt=LdidtVL=LΔiΔt=Ldidt
Analisando essa expressão, podemos substituir a corrente elétrica por uma função
senoidal, como a expressão vista na aula anterior.

VL=Ldidt=Lddt[Imsen(ωt)]VL=Ldidt=Lddt[Imsen(ωt)]

VL=ωLImcos(ωt)=ωLImsen(ωt+90∘)VL=ωLImcos(ωt)=ωLImsen(ωt+90∘)

Se compararmos a equação acima e a Lei de Ohm, podemos fazer um paralelo entre


indutância e resistência. Podemos dizer, então, que a indutância também irá oferecer
uma oposição à passagem de corrente elétrica, ao aplicarmos uma tensão. Essa oposição
é chamada de reatância (XL) e, devido ao seu significado físico, também é medida em
Ohms [Ω]. Logo, podemos definir:

XL=ωL=2πfLXL=ωL=2πfL

Concluímos, portanto, que resistência e reatância possuem mesma


interpretação física, que é a oposição à corrente elétrica ao introduzir uma
tensão.

A principal diferença entre elas, todavia, deve-se ao fato da reatância ser dependente
da frequência da tensão e corrente, enquanto a resistência independe dessa variável.

Um fio retilíneo geralmente possui uma indutância muito baixa, geralmente,


desprezada. Quando temos um fio enrolado, entretanto, temos um aumento da
indutância. Por isso, todo eletroímã, presente nas máquinas elétricas, possui uma
indutância não desprezível.

Observa-se também que, na equação que relaciona tensão e corrente em um indutor, a


corrente é uma função seno com fase igual a zero, enquanto a tensão será uma função
seno com uma fase de 90º.

Lembrando da aula anterior, quando uma fase é inserida na função seno, como fizemos
acima, desloca-se a função no eixo horizontal. No caso de a fase ser somada, o
deslocamento é para a esquerda. Como o eixo horizontal em questão representa o
tempo, deslocar nesse eixo significa atrasar ou adiantar a função.

No caso do indutor, a tensão possui uma fase numericamente maior, portanto,


dizemos que em um indutor “a corrente está atrasada com relação à tensão”.

Como estamos falando de circuitos elétricos, devemos representar tudo o que foi dito
em um diagrama de circuitos, colocando os símbolos que representam fontes de tensão
alternada resistores e indutores.
Nesse circuito, a fonte de tensão é representada por um círculo com um desenho de
uma senoide no interior, informando que a tensão gerada é senoidal. O indutor é
representado por um desenho que lembra uma bobina (um fio enrolado).

Lembrando dos conceitos aprendidos até agora, no circuito acima, a tensão e a corrente
no resistor terão a mesma fase, por isso seus fasores serão colineares. A corrente é a
mesma para todos os componentes do circuito, pois todos eles estão em série. A tensão
no indutor é 90º adiantada com relação à corrente, logo será 90º adiantada com relação
à tensão do resistor. Como os dois componentes estão em série, a tensão da fonte deve
ser a soma das duas. Colocando todas essas informações em um mesmo gráfico, temos:

Repare que, ao colocar em um mesmo circuito um indutor e um resistor, a fase da tensão


fornecida pela fonte está adiantada com relação à fase da corrente do circuito (a mesma
fase da tensão no resistor).

Assim, mesmo com a inserção de um indutor em um circuito, teremos uma relação entre
tensão e corrente, que em corrente contínua eram relacionadas através da Lei de Ohm.

Como o princípio físico é o mesmo, temos agora a definição de impedância, que


é o conjunto da resistência e da reatância.

O cálculo da impedância de um circuito, entretanto, deve ser feita fasorialmente, como


a tensão e a corrente. Na prática, essa impedância será feita geometricamente. Da figura
anterior, temos:

E2=V2L+V2RE2=VL2+VR2

Como o circuito está em série, a corrente é a mesma para todos os componentes, logo:

(IZ)2=(IXL)2+(IR)2(IZ)2=(IXL)2+(IR)2

Onde Z é a impedância do circuito RL série. Assim:


Z=XL2+R2−−−−−−−−√Z=XL2+R2

A partir da Lei de Ohm, podemos relacionar as grandezas elétricas da seguinte forma:

V=ZIV=ZI

Com a tensão medida em Volts, a corrente em Amperes e a impedância em Ohms.

2.2. Capacitores e Circuitos Capacitivos

Outro componente que causa uma variação na diferença de fase entre tensão e corrente
é o chamado capacitor. Ele é um dispositivo formado por placas condutoras paralelas,
separadas por um meio isolante. Ao ligar as placas em uma diferença de potencial, elas
acumularão, em cada placa, cargas elétricas opostas.

Os detalhes físicos do funcionamento do capacitor nós podemos deixar para os


físicos e engenheiros eletricistas.

Aqui, nos concentraremos na relação entre tensão e corrente alternadas nesse


componente. A equação que relaciona essas duas grandezas em um capacitor é:

IC=CdVdtIC=CdVdt

Onde C é o valor da capacitância, medida em Faraday [F].

Note a semelhança dessa equação com a do indutor, na qual a tensão e a


corrente estão em lugares opostos da equação.
Fazendo, portanto, uma análise semelhante à feita com o indutor, podemos ver a relação
entre a tensão e a corrente se usarmos uma função senoidal. Aplicando, então, uma
tensão senoidal V=Vmsen(ωt)V=Vmsen(ωt) no capacitor, sua corrente será:
IC=CdVdt=Cddt[Vmsen(ωt)]IC=CdVdt=Cddt[Vmsen(ωt)]

IC=ωCVmcos(ωt)=ωCVmsen(ωt+90∘)IC=ωCVmcos(ωt)=ωCVmsen(ωt+90∘)

Repare que, agora, a corrente está adiantada em 90º com relação à tensão, ao contrário
do observado com o indutor. Adicionalmente, também podemos observar a relação
acima na forma da Lei de Ohm, na qual existe uma oposição à passagem de corrente ao
aplicarmos uma diferença de potencial.

Essa oposição criada pelo capacitor também será uma reatância, mesmo nome usado no
indutor. Isso se deve ao fato de ambos representarem oposição à passagem de corrente
e ambos causarem uma variação na fase da corrente. Consequentemente, a reatância
capacitiva, também medida em Ohms [Ω], é dada por:

XC=1ωC=12πfCXC=1ωC=12πfC
A principal diferença, em comparação com os indutores, é que a reatância capacitiva é
negativa, devido ao atraso que a tensão possui em relação à corrente. Esse detalhe deve
ser observado ao colocar indutores e capacitores em um mesmo circuito.

O capacitor será representado em diagramas de circuitos como duas pequenas placas


paralelas, como na figura a seguir.

Novamente, como todos os componentes do circuito estão em série, a corrente será a


mesma para todos, que terá a mesma fase da tensão do resistor. A tensão da fonte, de
novo, será a soma de todas as tensões. Logo:

A principal informação a ser extraída de toda essa análise é que o fasor de tensão do
capacitor e do indutor estão em sentidos opostos. Em outras palavras, o atraso de
corrente causado pelo indutor é diminuído com o adianto de corrente causado pelo
capacitor.

Essa relação é usada para correção de fator de potência, etapa obrigatória em instalações
prediais com muitos motores elétricos. A definição de fator de potência e o conceito
sobre sua correção serão abordados mais adiante.
A mesma abordagem feita para indutores pode ser usada para capacitores para, dessa
forma, calcular a impedância de um circuito RC em série. Aplicando os passos já
demonstrados:

Z=XC2+R2−−−−−−−−√Z=XC2+R2

A matemática envolvida na definição de reatâncias (capacitivas e indutivas) é


razoavelmente mais elaborada que a apresentada nesta aula. Como curiosidade, veja o
desenvolvimento matemático completo desse conceito e entenda um pouco mais
sobre clicando aqui.

Assista à videoaula a seguir, sobre um conceito importante quando o assunto é


corrente alternada, as impedâncias.

2.3. Fator de Potência

Na seção anterior, vimos que a tensão e a corrente em indutores e capacitores


apresentam uma diferença de fase e suas amplitudes são alteradas pelas reatâncias dos
componentes.

Se a relação de fase dessas duas grandezas é alterada, esperamos também uma


alteração na potência elétrica, visto que P = V I. Devemos, portanto, estabelecer a
potência média consumida por componentes reativos em circuitos CA. Começamos
estabelecendo funções senoidais para nossas grandezas:

V=Vmsen(ωt+ϕv)V=Vmsen(ωt+ϕv)
I=Imsen(ωt+ϕi)I=Imsen(ωt+ϕi)

Note que as funções seno da tensão e da corrente possuem fases diferentes. Aplicando
essas funções na definição de potência:

P(t)=Vmsen(ωt+ϕv).Imsen(ωt+ϕi)P(t)=Vmsen(ωt+ϕv).Imsen(ωt+ϕi)

Aplicando as identidades trigonométricas básicas, podemos colocar a expressão acima


na forma de uma única função trigonométrica:

P(t)=ImVm2cos(ϕv+ϕi)−ImVm2cos(2ωt+ϕv+ϕi)P(t)=ImVm2cos(ϕv+ϕi)−ImVm2cos(2ωt+ϕv+ϕi)

Na equação acima, o primeiro termo é constante, pois os valores de fase não mudam. O
segundo termo é variável, pois o cosseno depende do tempo. Como termo constante é
somado a uma função senoidal, esse termo é o seu valor médio, logo, representa a
potência média (Pm).

Podemos reescrever a parcela da potência média na forma:

Pm=Im.Vm√2.√2cos(ϕv−ϕi)Pm=Im.Vm√2.√2cos(ϕv−ϕi)

Pm=Irms.Vrms.cos(θ)Pm=Irms.Vrms.cos(θ)

Onde q é a diferença entre a fase da tensão e da corrente. Como a função cosseno é


uma função par, tanto para correntes adiantadas como atrasadas, a potência média será
a mesma.

Se compararmos a expressão anterior com a definição de potência elétrica, vemos que, além da
multiplicação da tensão pela corrente, temos o fator determinado pelo cosseno da diferença de
fase entre essas grandezas, esse termo é chamado de fator de potência (FP).

Pelas definições de reatância, e devido à álgebra usada nos cálculos fasoriais, temos que
a diferença de fase entre a tensão e a corrente nunca será maior que 90º ou menor que
-90º, ou seja, o cosseno da diferença de fases será sempre positivo, independentemente
do atraso ou adianto de corrente. Adicionalmente, como -90º £ q £ 90º, temos que 0 £
FP £ 1.

O significado prático de toda essa matemática implica que, ao se ter componentes


reativos em um circuito, o que gera uma diferença de fase, a potência média consumida
pelos componentes será menor que a multiplicação da corrente pela tensão, ou seja,
parte da potência fornecida para o circuito não é consumida. O que acontece com o
restante dessa corrente é explorado adiante.

Clique aqui e leia um resumo introdutório sobre as potências em corrente alternada e


algumas curiosidades sobre fator de potência e sua importância.

2.4. Potência CA
Uma fonte de tensão entrega a um circuito elétrico uma potência calculada por V x I.
Entretanto, somente parte dessa potência é consumida pelo circuito e transformada em
trabalho.

Essa porção da potência é a potência média citada anteriormente que, ao ser utilizada para realizar
trabalho, recebe também o nome de potência ativa (P). A outra parte, portanto, é armazenada
pelos componentes reativos e, por isso, é chamada de potência reativa (Q).

Os resistores não causam diferença de fase entre tensão e corrente, logo o fator de
potência em circuitos puramente resistivos é sempre 1. No caso de componentes
reativos, a diferença de fase entre tensão e corrente é ±90º, o que significa que o fator
de potência para capacitores e indutores puros é 0. Portanto, componentes reativos não
consomem potência média, em outras palavras, a potência entregue a eles é
armazenada, e não transformada em trabalho.

A potência entregue pela fonte, por exemplo, uma concessionária de energia elétrica,
entretanto, leva em consideração tanto a potência média consumida quanto a potência
armazenada pelos componentes reativos.

A potência total fornecida por uma fonte, somando-se a potência ativa e a potência reativa, é
chamada de potência aparente (S).
S=P+QS=P+Q

Apesar de representar a potência total fornecida a um circuito, a soma acima não é


direta, somando-se somente os valores de cada uma. Como estamos tratando de
grandezas senoidais, a soma acima é feita de forma fasorial, ou seja, com vetores.
Portanto, as potências representadas acima ficam:

S= VrmsIrmsS= VrmsIrms

P= VrmsIrmscos(θ)P= VrmsIrmscos(θ)

Q= VrmsIrmssen(θ)Q= VrmsIrmssen(θ)

Novamente com q representando a diferença de fase entre a tensão e a corrente. Note


que a potência ativa é a multiplicação da potência aparente (total) e o fator de potência.

Como cada potência citada acima possui um significado distinto na análise de circuitos
elétricos, é comum quantificar cada uma delas com uma unidade diferente, apesar de o
SI determinar o Watt [W] com unidade de potência. A potência aparente é quantificada
em Volt-Ampere [VA], a potência ativa por Watt [W] e a potência reativa por Volt-
Ampere-reativo [VAr].

Devido à relação trigonométrica entre as potências, elas são geralmente relacionadas


pelo chamado triângulo de potências, como mostrado nas figuras a seguir.
Repare que na equação para o cálculo da potência reativa, o fator multiplicativo é um
seno da diferença de fase, ou seja, se a corrente estiver atrasada com relação à tensão,
como é o caso de circuitos indutivos, então sua fase será menor e, por isso, a diferença
será positiva (Q > 0). Se a corrente estiver adiantada, como em circuitos capacitivos, a
diferença de fase será negativa (Q < 0).

Todos esses conceitos são importantes em projetos de instalações elétricas, pois a


introdução de máquinas elétricas em um sistema de alimentação, como, por exemplo,
máquinas de elevadores, bombas d’água, de esgoto, etc., significa introduzir indutores
nesse circuito, o que acarreta em um atraso de corrente e uma diminuição no fator de
potência.

Para fazer a correção desse fator, aumentando seu valor, é preciso inserir, no mesmo
sistema, um conjunto de capacitores que adiantará a corrente. Esse tópico será abordado
em aulas posteriores. Continue os estudos desta disciplina e até a próxima aula!

Aula 3 - Circuitos Trifásicos

Estudantes, seguindo nosso conteúdo da primeira Unidade de Interação e Aprendizagem


(UIA), falaremos aqui sobre os circuitos trifásicos. Essa noção é essencial para o
estudioso(a) da área. Bons estudos!

3.1. Características de um Sistema Trifásico


O princípio de geração de energia elétrica mais usada atualmente é a partir da conversão
eletromecânica de energia. Fontes de energia mecânica, como, por exemplo, quedas
d’água, ventos, marés, etc., são usadas para girar uma peça rotativa magnetizada (ímã),
chamado de rotor.

Instalando-se um par de bobinas (fios enrolados) em volta desse ímã rotativo, onde cada
par de bobina é chamada de polo, fará com que o campo magnético que atravessa as
bobinas varie com o tempo, induzindo uma tensão elétrica alternada entre seus
terminais. Dessa forma, criamos um gerador elétrico.

Aproveitando o mesmo ímã rotativo, podemos colocar mais de um par de bobinas em


volta do rotor, assim, teremos mais fontes de tensão alternada, gerando energia
simultaneamente.

Por ser um sistema rotativo, podemos dispor os pares de bobinas de forma simétrica e
uniforme, por exemplo, podemos colocar três polos separados por 120º cada, como na
figura a seguir.
Figura 11. Esquema ilustrativo de polos de um gerador elétrico
Fonte: Boylestad (2004)

Dessa forma, cada polo irá gerar uma tensão senoidal independente, mas de mesma
frequência e amplitude, visto que o sistema é simétrico. A diferença entre cada tensão
será a fase, nesse caso, de 120º.

Se chamarmos a tensão em azul na figura anterior de VA, a tensão em verde de VB e a


tensão em vermelho de VC, teremos:

VA=sen(t)VA=sen(t)

VB=sen(t+120∘)VB=sen(t+120∘)
VC=sen(t+240∘)VC=sen(t+240∘)

Assim, teremos um único gerador elétrico gerando três tensões de mesma amplitude,
mesma frequência e três fases diferentes, caracterizando um gerador trifásico. Dessa
forma, cada gerador é chamado de fase.

Ao longo dos anos foram calculados e testados geradores e sistemas elétricos


com várias fases. O número de fases mais eficiente para geração, transmissão e
utilização de energia é o sistema formado por três fases, ou sistema trifásico.

Consequentemente, um sistema constituído por uma única fonte de tensão alternada é


chamado de circuito monofásico.

Para agrupar os três circuitos monofásicos em um único sistema trifásico, tem-se


basicamente duas formas de conexão entre eles, a conexão trifásica triângulo, ou
também chamada de Δ, e a conexão trifásica estrela, também chamada de Y.

3.1.1. Conexão Triângulo

Na conexão triângulo, ou delta (Δ), temos um gerador conectado ao outro, formando


uma geometria semelhante a um triângulo, como na figura a seguir.
Analisando atentamente a figura anterior, vemos que temos uma tensão E gerada por
cada gerador, aqui representado pelo símbolo de uma bobina. As letras usadas no
subscrito representam os pontos A, B e C, que representam os nós do circuito.

Por se tratar de um circuito elétrico, teremos também uma corrente elétrica circulando
por cada elemento do circuito, tanto nos geradores quanto nos condutores que
conectam o gerador à carga.

As correntes que circulam nos geradores, vão de um nó a outro, por isso recebem os
subscritos correspondentes, por exemplo, a corrente que vai do nó A ao C, é chamada
de IAC. Essa corrente, que flui em cada fase de um gerador trifásico, é chamada
de corrente de fase.

Há também as correntes que fluem do gerador à carga, alimentando os equipamentos


elétricos. Essas correntes são chamadas de correntes de linha, em alusão à linha de
transmissão entre o gerador e a carga.

Portanto, teremos, em cada nó do circuito, duas correntes de fase e uma corrente de


linha. Aplicando a Lei de Kirchhoff das correntes, podemos determinar a relação entre
elas. O cuidado que se deve ter ao fazer essa operação é lembrar que se tratam de
grandezas senoidais e, por isso, devem ser usados fasores para cada corrente.

Aplicando a soma fasorial no nó A, teremos:

IAa=IBA−IACIAa=IBA−IAC

IAa=3–√IBA∠−30∘IAa=3IBA∠−30∘
O resultado acima mostra que a corrente de linha IAa tem o módulo igual a √3 vezes o
módulo da corrente de fase, e a fase da corrente de linha é 30º atrasada com relação a
uma das correntes de fase.

Esse resultado é importante, pois mostra que a corrente que flui entre as fases
de um sistema trifásico triângulo é menor que a corrente que flui entre o gerador
e a carga.

De forma semelhante à nomenclatura usada para corrente, podemos definir as tensões


de linha e tensões de fase em um sistema trifásico. Por se tratar de uma diferença de
potencial, precisamos sempre de dois pontos para a representações das tensões.

A diferença de potencial entre as extremidades de uma fase é chamada


de tensão de fase, e a diferença de potencial entre duas linhas da transmissão é
chamada de tensão de linha.

Analisando o circuito triângulo da Figura 13, vemos que, nesse tipo de conexão, as duas
tensões são iguais.

Assista a um vídeo didático para entender um pouco mais sobre as diferenças entre
tensões e correntes de linha e de fase.

3.1.2. Conexão Estrela

Uma outra forma de conectar as fases de um sistema trifásico é a conexão estrela,


também chamada de Y, cuja topologia é ilustrada na figura a seguir.
Podemos perceber na topologia acima que as três fases do sistema trifásico possuem
um ponto comum, que recebe o nome de ponto neutro. Se fizermos a conexão de um
gerador Y a uma carga também Y, teremos, além dos três condutores de linha, um
condutor neutro, ligando os pontos neutros do gerador e da carga.

Novamente, a tensão é uma diferença de potencial entre dois pontos e, por isso, são
necessários dois pontos para se medir (ou calcular). Numa topologia estrela, podemos
medir a tensão entre as extremidades de uma das fases, ou entre duas linhas de
transmissão, caracterizando as tensões de fase e de linha citadas anteriormente.

Como as tensões também são grandezas senoidais, a análise da relação entre as tensões
também será feita usando os fasores. Aplicando a Lei de Kirchhoff das tensões na malha
compreendida pelos nós A, B e N da figura anterior, teremos:

EAB−EAN+EBN=0EAB−EAN+EBN=0

Onde EAB é a tensão de linha, entre as linhas (nós) A e B, e EAN e EBN são as tensões de
fase das fases A e B. Fazendo a soma acima de forma fasorial, temos:

A partir da soma acima, temos que:

EAB=3–√EAN∠30∘EAB=3EAN∠30∘

Semelhante à relação de correntes em uma conexão triângulo, o módulo das tensões de


linha é √3 vezes maior que o módulo das tensões de fase, com uma fase 30º adiantada.

Analisando agora as correntes no sistema triângulo, basta aplicar novamente a Lei de


Kirchhoff das correntes nos nós de conexão entre a fase e a linha.
Nessa conexão, é fácil observar que a única corrente que entra no nó é a corrente
de fase, e a única corrente que sai é a corrente de linha. Logo, essas duas
correntes são iguais.

Uma diferença significativa entre as duas topologias de conexão trifásica é a presença


do ponto (e do condutor) neutro. Analisando, na estrela da carga, o nó ponto neutro,
podemos novamente aplicar a Lei de Kirchhoff das correntes. Como temos as três
correntes de fase entrando no ponto, a corrente sairá do ponto fluindo pelo condutor
neutro.

IN=IA+IB+ICIN=IA+IB+IC

Novamente, a soma das correntes deve ser feita de forma fasorial. Considere que as
cargas das três fases são iguais, dessa forma, as três correntes de fase terão o mesmo
módulo e terão suas fases espaçadas de 120º. Somando essas três correntes
fasorialmente, temos três vetores de mesmo módulo, com mesma origem, e separados
por um ângulo de 120º, logo, a soma vetorial será zero.

Por mais estranho que possa parecer, um sistema trifásico ligado em estrela, cujas
cargas monofásicas são iguais, faz com que três correntes entrem em um nó (neutro) e
nenhuma corrente saia. Isso acontece devido à defasagem entre os valores de corrente.
Quando as cargas monofásicas são idênticas, ela é chamada de carga trifásica
equilibrada.

Clique aqui e assista a um vídeo didático ilustrando o efeito da corrente de neutro em


conexões estrela, e a sua importância em cargas trifásicas desequilibradas.

3.2. Potência Trifásica

As potências elétricas (ativa, reativa e aparente) podem ser também calculadas para
sistemas trifásicos, usando a definição de potência elétrica, dada por P = VI. Agora,
entretanto, devemos deixar claro quais valores de tensão e corrente estamos usando, se
os valores de fase ou de linha.

Pelo princípio da conservação de energia, a potência total consumida por um sistema


trifásico (uma carga, por exemplo) é a soma das potências consumidas por cada fase.
Logo:

ST=SA+SB+SCST=SA+SB+SC

Onde S é a potência aparente, medida em VA. Se considerarmos que as três fases


possuem cargas monofásicas iguais, então:

ST=3SϕST=3Sϕ

ST=3.VϕIϕST=3.VϕIϕ
Se usarmos as grandezas de linha, podemos substituir a tensão e a corrente de fase,
pelo equivalente de linha, a partir das expressões anteriores. Assim:

ST=3–√.VLILST=3.VLIL

Repare que as expressões acima para o cálculo da potência aparente, usando grandezas
de fase e de linha, podem ser usadas tanto para conexões estrela quanto para triângulo.

Como exercício, o aluno pode fazer a dedução dessas fórmulas para as duas topologias.

O triângulo de potências explicado na aula anterior nos permite achar as expressões


para as potências ativa e reativa, a partir da potência aparente acima. Dessa forma:

PT=3Pϕ=3.VϕIϕcosθ=3–√.VLILcosθPT=3Pϕ=3.VϕIϕcosθ=3.VLILcosθ

QT=3Qϕ=3.VϕIϕsenθ=3–√.VLILsenθQT=3Qϕ=3.VϕIϕsenθ=3.VLILsenθ

Sendo a potência ativa medida em W e a potência reativa em VAr.

E aí, muito conteúdo? Estamos ficando cada vez mais especialistas no assunto, com isso,
cresce a quantidade e a qualidade daquilo que aprendemos ao longo da disciplina.
Continue estudando e passe para a última aula desta UIA.

Aula 4 - Aplicações de Circuitos Trifásicos em Instalações Prediais

Em nossa última aula desta Unidade de Interação e Aprendizagem (UIA), estudaremos as


aplicações de circuitos trifásicos em instalações prediais. Continue estudando!

Uma vez abordada a teoria de circuitos de correntes alternada e sistemas


trifásicos, podemos abordar, de forma introdutória, esses conceitos aplicados à
instalações elétricas prediais.

Conforme citado nas aulas anteriores, e como será abordado novamente na Aula 5, a
principal forma de geração, transmissão e distribuição de energia elétrica é o sistema
trifásico em corrente alternada. Por esse motivo, a forma de tensão elétrica que temos
disponível em nossas edificações são tensões alternadas em um sistema trifásico.

4.1. Topologia de Conexão

Em sistemas de transmissão de energia elétrica, a topologia de circuito trifásico utilizada


é sempre do tipo triângulo, por razões matemáticas e físicas que fogem do escopo dessa
disciplina. Em resumo, os problemas causados pelas imperfeições na função senoidal
da tensão e corrente, chamados de harmônicos, são minimizados (em alguns casos)
quando se usa tal conexão.
Para conhecer um pouco mais sobre qualidade de energia e os efeitos dos harmônicos
na rede elétrica, leia a seção “Harmônicas” clicando aqui.

A maioria dos equipamentos elétricos e eletrônicos que utilizamos, todavia, são


equipamentos monofásicos, alimentados por apenas uma fonte de tensão alternada.

Além desses equipamentos domésticos monofásicos, há equipamentos que funcionam


exclusivamente com tensões trifásicas.

O principal exemplo são os motores elétricos trifásicos, usados em aplicações como elevadores,
máquinas industriais, bombas d’água de grande porte, ar-condicionado central, etc.

Assim, o sistema de fornecimento de energia elétrica nas unidades consumidoras deve


ser capaz de fornecer tanto tensões alternadas monofásicas quanto tensões alternadas
trifásicas. Entretanto, deve-se escolher qual topologia de conexão, estrela ou triângulo,
melhor se aplicaria nesses casos.

Ao conectar cargas monofásicas em uma das fases de um sistema trifásico triângulo, a


corrente de fase que alimenta a carga irá influenciar a corrente de linha que alimenta o
sistema. Por outro lado, ao conectar uma carga monofásica em um sistema estrela, a
corrente de fase retornará pelo condutor neutro.

Adicionalmente, se as cargas estiverem balanceadas, a corrente no neutro será


nula ou muito baixa.

Por esses motivos (e alguns outros mais), a conexão usada para alimentar consumidores
finais (na Aula 15 chamaremos de consumidores de baixa tensão) é conectada em forma
estrela, fornecendo três fases e um neutro. A imagem a seguir mostra um quadro de
distribuição de uma unidade consumidora, onde podemos identificar as fases e o neutro
de uma instalação elétrica.
Na figura acima, as três barras de cobre verticais são os terminais de alimentação
trifásica. A pequena barra vertical no canto inferior direito é a barra de neutro. Apesar
de não ser possível identificar na figura, esses quatro terminais elétricos estão
conectados entre si em uma topologia estrela, na qual o barramento neutro é comum a
todos os três sistemas monofásicos.

4.2. Valores de Tensão


Sabemos que a tensão fornecida nas tomadas das residências no Distrito Federal
é de 220 V, mas agora já temos conhecimento para extrair mais informações
sobre esse número.

Primeiramente, estamos representando uma tensão alternada (senoidal) a partir de um


valor constante (no caso, 220). Entretanto, sabemos que o valor da tensão muda
frequentemente, segundo uma função senoidal. Portanto, para representarmos essa
função a partir de um valor constante, tornando possível sua visualização na tela de um
instrumento, usamos o valor RMS, pois possui um sentido físico importante:
o valoreficaz.

Além disso, podemos medir a tensão (diferença de potencial) entre quaisquer dois
pontos do circuito. Entre uma das fases e o neutro já fizemos, mas também podemos
medir a tensão entre duas fases. Lembrando da aula anterior, medir a tensão entre duas
fases é medir a tensão de linha. Em um sistema estrela, a tensão de linha é √3 vezes
maior que a tensão de fase, portanto, ao fazer tal medição, o voltímetro acusará
aproximadamente 380 Vrms.

Por esse motivo, ao fazer uma instalação elétrica em unidades consumidoras no


DF, não se deve conectar os pinos de uma tomada em duas fases, pois isso irá
danificar os aparelhos monofásicos que forem ligados a essa tomada.

Relembrando novamente a aula anterior, ao conectarmos um sistema trifásico em


estrela, teremos o condutor neutro, onde fluirá a soma das correntes das três fases.

Quando as cargas são iguais em todas elas, a soma fasorial da corrente será
zero, caracterizando uma carga balanceada.

Entretanto, raros são os casos em que as três fases de um mesmo sistema elétrico terão
cargas iguais em todas as suas fases, com isso, a corrente de neutro resultante será
diferente de zero.

Ainda assim, ao projetarmos uma instalação elétrica predial, temos que tomar o cuidado
de distribuir, de forma mais uniforme possível, as cargas dos pontos de utilização nas
fases disponíveis. Tenha isso em mente nas Aulas 6, 7 e 8, da unidade seguinte!

4.3. Legislação e Normas

A Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) regulamenta e fiscaliza as atividades de


geração, transmissão e distribuição de energia elétrica em todo o país. Essa instituição,
portanto, é responsável por determinar obrigações e deveres das empresas que atuam
nesses ramos, além de definir as bases das regras tarifárias a serem aplicadas pelas
empresas.

Além de monitorar e fiscalizar as empresas do setor elétrico, a ANEEL determina os


direitos e deveres dos consumidores, visto que atitudes irresponsáveis de consumidores
finais de energia podem prejudicar a distribuição e afetar as empresas e outros
consumidores.

A ANEEL, entretanto, não regulamenta os requisitos técnicos da construção e


implementação da infraestrutura das instalações elétricas prediais em edificações de
consumidores finais. Adicionalmente, não há legislação específica para determinar tais
requisitos.

As regras que especificam os detalhes técnicos das instalações elétricas prediais, são
propostas e publicadas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) em suas
Normas Brasileiras (NBR). Tais normas são propostas, discutidas, publicadas e revisadas
periodicamente, garantindo os requisitos necessários para garantir projetos de
qualidade e segurança.
Navegue pelo sítio da ABNT e confira as diferentes normas relacionadas à sua futura
atuação profissional e mantenha-se informado das atualizações e novidades na sua
área.

No mercado da construção civil, contudo, essas normas, especialmente as que tratam


das instalações elétricas prediais, são frequentemente ignoradas ou adaptadas
livremente, diminuindo a qualidade dos projetos e gerando riscos desnecessários.

Por esses motivos, é fortemente recomendado ao aluno que siga as instruções e


sugestões presentes nas normas da ABNT e ANEEL para garantir um serviço de qualidade
e seguro, ainda que o mercado e o ambiente profissional tentem descreditar tais
documentos.

Termina aqui nossa Unidade de Interação e Aprendizagem (UIA). Ficou com alguma
dúvida? Retorne ao conteúdo ou busque esclarecimentos no Fórum de Dúvidas. Senão,
passe para a unidade seguinte. Até lá.

Você terminou o estudo desta unidade. Chegou o momento de verificar sua


aprendizagem. Ficou com alguma dúvida? Retome a leitura.

Quando se sentir preparado, acesse a Verificação de Aprendizagem da unidade no menu


lateral das aulas ou na sala de aula da disciplina. Fique atento, essas questões valem
nota! Você terá uma única tentativa antes de receber o feedback das suas respostas,
com comentários das questões que você acertou e errou.

Vamos lá?!

Aula 5 - Introdução à Geração, Transmissão e Distribuição de Energia


Elétrica

Nessa aula, aprenderemos os princípios básicos de geração, transmissão e distribuição


de energia elétrica, que tem início nas usinas elétricas e termina nas unidades
consumidoras, por exemplo sua unidade residencial. Essa aula servirá de introdução às
aulas de projeto de instalações elétricas prediais.

5.1. Geração de Energia Elétrica


A Energia, conforme estabelecido na Física, é uma grandeza conservativa, ou
seja, não pode ser criada nem destruída, somente convertida.

Assim, a geração de energia elétrica depende de outra fonte de energia, das quais as
mais utilizadas são potencial, térmica, ou eólica, entre outras.

O processo de conversão de energia é feita pelo gerador elétrico.

O mais comum em usinas elétricas é o gerador eletromecânico, que converte uma


energia mecânica em elétrica, através da indução magnética. Esse processo é o mesmo
que explica o funcionamento de um motor elétrico, que veremos com mais detalhes na
Aula 09.

Em resumo, um gerador consiste em girar uma peça móvel magnetizada (chamada


de rotor) ligado em volta dela (chamado de estator). Esse movimento relativo entre o
rotor e o estator é responsável pela indução magnética, e geração de corrente elétrica.
Assista à videoaula a seguir, sobre como a energia eletrica é produzida e distribuída,
principalmente no Brasil.

5.1.1. Usina hidroelétrica

Uma usina hidro-elétrica, ou simplesmente hidrelétrica, utiliza a energia potencial


gravitacional da água, e a converte em energia elétrica. A figura abaixo apresenta um
esquema simplificado de uma usina hidrelétrica.

Nesse tipo de usina, é construída uma barragem em um rio, limitando o fluxo de água.
Essa limitação causa o acúmulo de água à jusante da barragem (sentido contrário ao do
fluxo de água do rio).

A água represada é então coletada na parte superior da barragem e desce por gravidade.
Ao perder altura, a energia potencial gravitacional é convertida em energia cinética,
fazendo com que a água adquira velocidade. Por fim, ao atingir a parte inferior da
barragem, a água gira um conjunto de pás (turbina), que farão girar o rotor de um
gerador, gerando assim, energia elétrica.

O processo é relativamente simples, mas a magnitude da construção de uma barragem,


e a quantidade de energia produzida, fazem de uma usina hidrelétrica um sistema
bastante complexo.

5.1.2. Usina Termelétrica

Usinas termo-elétricas, ou simplesmente termelétricas, também realizam a conversão


de um tipo de energia em energia elétrica, nesse caso de energia térmica para elétrica.
A figura abaixo apresenta a simplificação de uma usina termelétrica.
O gerador usado para geração da energia elétrica nesse tipo de usina, é o mesmo
utilizado em usinas hidrelétricas, ele é composto de um rotor magnetizado e um estator
fixo. Portanto, o processo de geração de energia consistem em girar o rotor a partir de
uma fonte de energia mecânica.

Nas usinas termelétricas, existe a necessidade de uma matéria-prima para ser


queimada, que pode ser gás natural, derivados do petróleo, carvão (mineral ou vegetal)
ou até mesmo lixo, como em usinas piloto na Noruega.

A energia térmica liberada pela queima dessa matéria-prima é usada para


aquecer a água do reservatório, que se transforma em vapor, e é então
pressurizado pelo aumento da temperatura.

A pressão desse vapor é então utilizada para girar as pás de uma turbina, que
está conectada com o rotor de um gerador.

5.1.3. Energia Nuclear

Usinas nucleares são também chamadas de usinas termo-nucleares, pois o processo de


geração da energia elétrica provém, também, de uma fonte de energia térmica. No caso
das usinas nucleares, a energia térmica provem da fissão nuclear de átomos radioativos
como o Urânio, Plutônio ou Tório.
Como podemos observar no esquema ilustrado na figura anterior, a fissão nuclear causa
a liberação de grande quantidade de energia térmica, que é usada para aquecer e
pressurizar vapor d’água, que por sua vez gira uma turbina conectada a um gerador.

É fácil de observar as semelhanças entre as usinas térmicas e termo-nucleares, onde a


diferença conceitual entre as duas é basicamente a matéria-prima usada para gerar a
energia térmica.
5.1.4. Energia Eólica

Essa forma de geração de energia elétrica tem se popularizado nas últimas décadas, por
apresentar um grande potencial de geração e menor impacto ambiental, se comparado
com outras formas de geração.

A máquina elétrica usada para fazer a conversão de energia, o gerador elétrico, é a


mesma usada nos outros tipos de usina (respeitada, logicamente, as proporções e
particularidades construtivas de cada uma). No entanto, a fonte de energia mecânica
usada para girar o rotor da máquina é o fluxo de ar que passa por um conjunto de pás,
que giram com a passagem do ar.
5.1.5. Usina Geotérmica
Esse é um tipo de usina elétrica que não é muito conhecido no Brasil e no restante do
mundo, por ter requisitos mais específicos. No geral, o processo é também termo-
elétrico, como as usinas termelétricas ou termo-nucleares.

Entretanto a fonte de energia térmica não é baseada em combustão ou fissão


nuclear, e sim na energia gerada pela própria Terra.

Nesse tipo de usina, água é bombeada para uma tubulação instalada em grandes
profundidades, onde a temperatura é mais elevada. Ao entrar em contato com ambientes
tão quentes, a água se transforma em vapor e é pressurizado. Esse vapor pressurizado,
então, gira uma turbina conectada a um gerador, gerando energia elétrica.

No Brasil, não há produção de energia elétrica a partir de energia geotérmica, pois ela
não é, ainda, economicamente viável.

Saiba mais! Para saber um pouco mais sobre essa nova forma de geração de energia
elétrica, acesse:
Energia Geotérmica e o calor da terra

5.1.6. Usina solar

A geração de energia elétrica a partir da energia solar pode ser feita de duas formas,
através de espelhos ou através de placas de silício.

 O primeiro processo consiste em refletir a luz solar, por meio de espelhos móveis, para
um reservatório de água, que a aquecerá e pressurizará o vapor, responsável por girar
uma turbina conectada a um gerador.
 O segundo processo utiliza placas de Silício, um material semi-condutor que, ao ser
exposto a energia luminosa (não é a energia térmica), libera cargas elétricas, gerando
assim, corrente elétrica. Essas placas são as mais populares e atualmente estão sendo
instaladas em unidades consumidoras individuais (p.e. residências) como fonte alternativa
de energia.

5.1.7. Outras formas de energia

Existem várias outras fontes de energia que podem ser convertidas em energia elétrica.
Por exemplo, turbinas hidro-dinâmicas podem ser instaladas em locais com fortes
correntes marítimas para gerar energia de forma semelhante à energia eólica.

Outra fonte pouco usual de energia é a energia mecânica proveniente dos passos
de pedestres e movimento de veículos, que estão em fase de pesquisa e teste.

De uma forma ou de outra, todas as fontes de energia, e as formas de convertê-las em


energia elétrica, possuem vantagens e desvantagens. Por isso, nenhuma fonte de
energia será um dia exclusiva na sustentação de nossas necessidades.
5.2. Transmissão de Energia

Para a maioria das usinas elétricas, a instalação dessas usinas não pode ser feita em
áreas urbanas, por questões de disponibilidade ou segurança. Por isso, é necessário
transmitir a energia gerada nas usinas para os centros consumidores, tais como cidades
e indústrias.

Como a energia gerada é, geralmente, muito alta, e o consumo em grandes centros


urbanos ou indústrias também é elevado, a transmissão dessa energia de um ponto ao
outro consiste em um problema de engenharia, principalmente se considerarmos as
grandes distâncias que energia deve percorrer.

Sabemos que a energia instantânea é definida como potência.

A potência elétrica é definida por:

P=V⋅iP=V⋅i

Onde V é a tensão elétrica, medida em volts (V), e i é a corrente elétrica, medida em


amperes (A). Como a potência depende basicamente do consumo, ou seja, do tamanho
da cidade ou da indústria, podemos cnsidera-la relativamente constante com o passar
do tempo, se considerarmos um intervalo de dias ou semanas.

Assim, para diminuir a corrente elétrica de transmissão, e economizar em cabos,


evitando perdas de energia por efeito Joule, é necessário que a tensão de transmissão
seja a maior possível.

Por isso, linhas de transmissão que ligam usinas à grandes centros urbanos, fazem tal
transmissão em tensões entre 69 kV a 750 kV, chamados de alta tensão. A figura abaixo
mostra uma parte de uma linha de alta tensão.
Para atingir tensões tão elevadas, são instaladas nas saídas das usinas, as estações
elevadoras de tensão, aumentando a tensão de transmissão e reduzindo a corrente
necessária. É importante salientar que, no processo de elevação de tensão, a potência
elétrica é mantida, somente as grandezas corrente e tensão são alteradas.

5.3. Distribuição de Energia

Ao chegar às proximidades dos centros consumidores de energia elétrica, tais como


cidades e indústrias, a alta tensão elétrica das linhas de transmissão deve ser abaixada
para valores passíveis de distribuição. Essas tensões tem valores entre 220/380 V (já
nas unidades consumidoras finais) e 13,8 kV, valor geralmente usado em linhas de
distribuição urbana. Esse processo de diminuição no valor da tensão é realizado em
subestações abaixadoras de tensão.

Por exemplo, a subestação responsável por tal redução da tensão para distribuição,
dentro do Distrito Federal, é a subestação de Furnas, localizada em Samambaia.

A distribuição da energia dentro dos centros urbanos é geralmente feita em média


tensão de 13,8 kV (em alguns casos em 6,9 kV). A tensão é novamente abaixada para
níveis de consumo final, valores chamados de baixa tensão. Em Brasília, a tensão d
consumo, ou baixa tensão, é de 380 V (fase-fase), ou 220 V (fase-neutro).

O abaixamento dos valores de tensão são feitos por transformadores abaixadores


instalados nas proximidades das unidades consumidoras, por exemplo no centro uma
superquadra do Plano Piloto, ou em uma rua de uma cidade satélite do Distrito Federal.
A figura abaixo mostra a foto de um transformador abaixador de média para baixa
tensão.

Aula 6 - Introdução ao Projeto de Instalações Elétricas

Assista à videoaula a seguir, sobre instalação elétrica de pontos de tomadas.

A energia elétrica produzida nas usinas, e distribuída nas cidades, deve ser
disponibilizada aos consumidores finais, ou seja, unidades residenciais e comerciais.
Essa aula se trata justamente de como criar e entender um projeto de instalações
elétricas prediais.
Primeiramente, precisamos entender que para ligar um aparelho elétrico em
uma rede de tensão alternada, precisaremos de dois condutores fazendo a
ligação entre o equipamento e a fonte de energia elétrica.

A figura abaixo ilustra esse conceito.

Em projetos de instalações elétricas, damos nomes a cada dos componentes desse


circuito. A fonte geralmente representa o último estágio de alimentação, podendo ser
um quadro de distribuição, no caso de um apartamento residencial por exemplo, ou por
um transformador abaixador, como no caso de uma casa.

Considerando um circuito monofásico, como o mostrado pela Figura 6.1, o condutor


que liga a fonte ao equipamento, no sentido de fluxo da corrente elétrica, é chamado
de condutor fase. O condutor onde circula a corrente de retorno, como visto na aula 04,
é chamado de condutor neutro.

O equipamento pode ser de vários tipos, por exemplo uma lâmpada, um computador
ou um motor. Por isso, ele é genericamente chamado de ponto de utilização em um
projeto.

Por último, caso o ponto de utilização possua uma chave de comando, como um
interruptor de uma lâmpada, ou um acionamento de um motor, essa chave deve ser
sempre instalada no condutor fase (NBR 5410, 2008), por questões de segurança.

Nesse caso, o condutor que liga a fonte à chave será o condutor fase, o condutor que
liga a chave ao equipamento é chamado de condutor de retorno.

A representação desses diversos componentes em um projeto de instalações elétricas é


apresentada de forma visual, como no exemplo abaixo.
A figura anterior mostra um exemplo simples de uma planta baixa de uma pequena
unidade comercial. É possível perceber que vários símbolos são usados nessa planta,
por isso é preciso criar um padrão para a utilização desses símbolos.

Todos os símbolos utilizados nessa aula são normatizados pela NBR 5444.

Entretanto, é muito comum, na prática, observar símbolos diferentes àqueles


encontrados na norma. Por isso, é necessário, e obrigatório, utilizar uma legenda em
todas as plantas do projeto, contendo o significado de cada símbolo utilizado.

Abaixo, são mostradas parte das tabelas encontradas na NBR 5444, exemplificando
alguns dos símbolos mais frequentes em projetos de instalações elétricas. A primeira
delas diz respeito aos dutos usados para passar os condutores (fase, neutro e terra),
além dos condutores de telefonia, dados, TV, etc.

A próxima tabela mostra alguns símbolos usados para representar os quadros de


distribuição, aqueles presentes em todas as residências e que se conectam com todos
os pontos de energia elétrica da unidade.
A tabela abaixo mostra os símbolos utilizados para interruptores de pontos de
iluminação. Esse é um dos símbolos que, apesar de serem normatizados pela NBR 5444
com um pequeno círculo, é muito comum encontrar símbolos alternativos,
especialmente em projetos no Distrito Federal. Por isso, confiram sempre a legenda ao
executar um projeto, e incluam sempre uma legenda nos projetos que vocês
desenvolverem.

A figura seguinte mostra a tabela parcial de símbolos para pontos de iluminação. É


sabido que atualmente existem vários tipos diferentes de lâmpadas, por exemplo,
incandescentes, fluorescentes, LED, alógenas, etc. Por isso, é importante deixar claro no
projeto, qual o tipo utilizado e deixar tal informação explícita na legenda.
Outro conjunto de símbolos presente em todos os projetos de instalações elétricas é o
de tomadas elétricas. Elas podem ser do tipo tomada de uso geral (TUG) ou tomadas de
uso específico (TUE). Essa diferenciação veremos mais tarde, na próxima seção.

6.1. Pontos de utilização


Cada aparelho ou equipamento elétrico a ser ligado em uma edificação, deve ter
previsto para ele a entrega de um ponto de alimentação, esse ponto é chamado
de ponto de utilização.

Os tipos mais comuns de pontos de utilização são os pontos de iluminação, onde serão
instalados lâmpadas e luminárias, e os pontos de tomada, onde serão instalados os
equipamentos elétricos e eletrônicos.

Em uma planta baixa, portanto, deve ser ilustrado o símbolo correspondente ao


equipamento a ser instalado no local previsto para a instalação. Depois de distribuídos
os pontos de utilização, deve-se fazer a conexão deles com os quadros de distribuição,
como veremos a seguir.

6.1.1. Iluminação

A definição da quantidade e disposição dos pontos de iluminação em cada ambiente,


bem como as potências elétricas de cada ponto, é definida em um projeto de
luminotécnica normatizado pela NBR 5413. Entretanto, em casos mais simples, como
unidades residenciais, a NBR 5410 (2008) especifica as quantidades mínimas. Além
disso, o bom censo é sempre muito útil nessa etapa do projeto.

O esquema unifilar da figura abaixo mostra a representação, em um projeto de


instalação elétrica, do esquema mostrado na Figura 6.1, considerando uma lâmpada
como equipamento elétrico e um interruptor simples como chave.

Perceba que os condutores fase e neutro chegam juntos, provenientes do quadro de


distribuição (QD). Se repararmos na Figura 6.1, vemos que o condutor neutro encerra-
se na lâmpada, por isso somente vemos o condutor neutro (símbolo de um “L” invertido
cortando a linha que representa o eletroduto) até ele chegar no ponto de iluminação.
O condutor fase, por sua vez, deve chegar até o interruptor, por isso vemos um símbolo
para ele chegando na lâmpada, e também passando da lâmpada para o interruptor.

Por último, o condutor retorno deve ligar o interruptor à lâmpada, por isso vemos seu
símbolo no eletroduto que conecta esses dois componentes.

O número 2 sobre cada símbolo indica que a lâmpada e os condutores fazem parte do
circuito de número 2. Isso é feito pois podemos ligar mais de um equipamento, nesse
caso lâmpadas, em paralelo, fazendo com que todas elas façam parte do mesmo circuito.

Uma lâmpada com dois pontos de comando


Em muitos casos, especialmente para cômodos muito grandes, ou em quartos
de unidades residenciais, é necessário mais de um ponto de comando, ou
interruptores.

Quando dois interruptores são utilizados para comandar uma única lâmpada, temos o
que chamamos de three-way. Aqui, se a lâmpada encontra-se desligada, o acionamento
de qualquer interruptor deve liga-la, e vice-versa.

Isso pode ser feito usando um interruptor especial, com um entrada e duas saídas,
ligados à lâmpada conforme a figura abaixo.

No circuito acima, temos a lâmpada ligada às chaves S 1 e S2. Na situação 1, não há


caminho para a corrente percorrer, portanto a lâmpada encontra-se desligada. Ao
acionar a chave S1, como ilustrado na situação 2, o circuito é fechado e
consequentemente a lâmpada se acende. Ao acionar a chave S2, a lâmpada é desligada
novamente.

Faça uma simulação mental e perceba que, sempre que um dos dois interruptores for
acionado, a lâmpada mudará de estado.

Saiba mais! Acesse o link e veja como ficariam as conexões das lâmpadas com seus
interruptores para casos com um, dois ou mais comandos. Percebam os condutores
utilizados e os caminhos que ele fazem para estabelecer a correta conexão da lâmpada.
Comandos responsáveis pelo controle da iluminação e os esquemas de ligação mais
utilizados

6.1.2. Tomadas

As tomadas em projetos de instalações elétricas, são todos os pontos para


alimentação de equipamentos elétricos, com exceção de pontos de iluminação.

É importante salientar que esses pontos de tomada em um projeto, nem sempre


representam os plugs que estamos acostumados a ver, muitas vezes trata-se apenas a
disponibilização dos condutores fase, neutro e terra, sem qualquer tipo de conector.
Como exemplo, tem-se a tomada para chuveiros, que geralmente não possui plug, mas
é representada numa planta baixa como uma tomada convencional.

A potência elétrica mínima para uma tomada é de 100 VA (NBR 5410, 2008). Caso seja
prevista a instalação de equipamentos de maior potência, ela deve ser apresentada de
forma explícita.

As tomadas podem ser separadas em dois conjuntos: as tomadas de uso geral (TUG) e
as tomadas de uso específico(TUE). O primeiro tipo é designado para equipamentos
eletrônicos e eletrodomésticos em geral. O segundo tipo é para equipamentos
específicos, que geralmente requerem maior potência elétrica, por exemplo chuveiros,
micro-ondas e forno elétrico (NBR 5410, 2008).

A quantidade e a disposição das tomadas também estão definidos na NBR 5410 (2008).
Entretanto, com um pouco de bom censo, podemos perceber que essas quantidades,
apesar de mínimas, em geral são insuficientes.

O maior fator a ser considerado é que para cada aparelho elétrico, ou eletrônico, deve
haver uma tomada. O uso de benjamins (os famosos Ts) ou réguas com mais de um
conector, que permitem a ligação de mais de um aparelho ao mesmo tempo, não devem
ser considerados na etapa de projeto. Usar um T em uma tomada, é uma “gambiarra”!
Lembre-se sempre disso.

O principal motivo para essa interpretação, se deve ao fato de as potências das tomadas
serem necessárias para o cálculo da demanda de fornecimento de energia, e o uso de
extensores em tomadas, não permite esse tipo de previsão.
Saiba mais! Veja no link abaixo os valores de consumo de potência elétrica dos principais
aparelhos que utilizamos. Esses valores devem ser considerados ao definir a potência
de um ponto de tomada.
TABELA DE CONSUMO

De posse dessa informação, o número de tomadas e a posição que cada uma deve
assumir deve ser definido de forma que atenda o público-alvo da edificação.

Assim como os pontos de iluminação, as tomadas podem ser agrupadas em um mesmo


circuito, ligando-as em paralelo. Nesse caso, a potência total consumida pelo circuito
será a soma das potências de cada tomada.

Aula 7 - Dimensionamento de circuitos

Conforme vimos na aula 01, elementos de circuitos elétricos ligados em paralelo terão
a mesma tensão, enquanto que a corrente total do circuito será a soma das correntes
consumidas por cada elemento.

Dessa forma, todos os pontos de utilização de um sistema elétrico predial devem ser
ligados em paralelo, pois a tensão de funcionamento dos equipamentos é sempre a
mesma (para o Distrito Federal essa tensão é 220 V).

Se uma falha, entretanto, acontece na conexão de um ponto de utilização, todos os


demais pontos poderão ser comprometidos. Por isso, separamos todos os pontos de
utilização de uma unidade consumidora em diversos circuitos, cada um deles contendo
vários pontos ligados em paralelo.

Creder (1993) define como circuito em uma instalação predial como:

conjunto de pontos de consumo, alimentados pelos mesmos condutores e ligados ao


mesmo dispositivo de proteção (chave ou disjuntor).

(CREDER, 1993)CREDER, Hélio. Instalações elétricas. 12 ed. Rio de Janeiro, RJ, LTC. 1993.

7.1. Dimensionamento de condutores

Cada ponto de utilização de uma circuito será conectado com um par de fios, aqui
chamados de condutores (o fase e o neutro), além do terceiro condutor para o
aterramento. Esses condutores farão a conexão do quadro de distribuição aos pontos
de utilização, e farão esse percurso dentro de encanamentos próprios, chamados
eletrodutos, ou sobre calhas e aletas. Portanto, é necessário dimensionar os condutores
a serem utilizados em cada circuito.

As especificações técnicas dos condutores permitidos para instalação em edificações no


Brasil são definidas pela ABNT na NBR 5410 (2008). Todo cabo condutor, possui uma
capacidade de condução de corrente limitada, que depende do material de fabricação,
da isolação e do diâmetro do fio.

7.1.1. Critério da capacidade de corrente

Uma vez conhecida a potência elétrica dos pontos de utilização de um circuito, devemos
calcular a corrente elétrica, em amperes, desse circuito, para assim dimensionar o
condutor que deve ser instalado.

Essa corrente é chamada de corrente de projeto.

A NBR 5410 (2008) especifica as bitolas mínimas e fornece também uma tabela com a
relação entre a capacidade de corrente de um cabo e sua bitola. Abaixo é representada
parte dessa tabela.

Figura 7.1 – Tabela de capacidade de condução de corrente elétrica, em amperes, em função do


diâmetro do fio elétrico, para condutores de cobre com isolação de PVC instalados em
eletrodutos circulares instalados dentro de parede de alvenaria. Fonte: NBR 5410.

Façamos um exemplo ilustrativo. Suponha um apartamento de 2 quartos, com sala,


cozinha e 1 banheiro. Nesse apartamento, distribuímos uma quantidade de tomadas que
achamos suficiente para atender uma pequena família, e dividimos todas essas tomadas
em um número razoável de circuitos. Em um deles, agrupamos 19 tomadas de uso geral,
com uma carga de 300 VA de potência para cada uma. Qual deve ser o dimensionamento
dos fios fase e neutro desse circuito?

Resolução:

Primeiro, sabemos que a potência de cada tomada é de 300 VA, e que possuímos 15
tomadas ao todo nesse circuito. Pelo princípio da conservação da energia, sabemos que
a potência total do circuito será 19 x 300 = 5.700 VA. Sabemos também que P = Vi,
aplicando a tensão de 220 V para a tensão, temos uma corrente de projeto para esse
circuito de i = 5.700/220 = 25,9 A.

Como é um circuito monofásico, temos apenas 2 condutores carregados (o fase e o


neutro), e como o circuito está instalado em eletroduto embutido em alvenaria,
consideraremos a coluna B1 (explicaremos melhor mais tarde). Percorrendo de cima pra
baixo a tabela 7.1, vamos achar aquela capacidade de corrente que satisfaz nossa de
projeto de 25,9 A, ou seja, o valor imediatamente superior a esse. Esse valor será 31 A.
A linha correspondente à essa capacidade é do condutor de 2,5 mm2.

Em outras palavras, um condutor de 2,5 mm2, instalado em eletroduto embutido em


alvenaria, consegue conduzir, com segurança, até 31 A. Essa corrente máxima é maior
que a corrente que previmos para o circuito, portanto esse cabo nos atenderá.

7.1.2. Critério da queda de tensão admissível

Lembrando dos conceitos de resistências em série da aula 01, sabemos que esse tipo
de associação é também chamado de divisor de tensão. A resistência elétrica dos
condutores, ainda que pequenas, podem ser significativas se os comprimentos dos
cabos forem grandes o suficiente.

Portanto, ao aplicarmos uma tensão de 220 V a um circuito, parte dessa tensão será
concentrada na resistência da própria fiação, e por isso a tensão entregue ao
equipamento será menor. Dependendo do valor dessa queda no valor da tensão
entregue ao equipamento, ele pode não funcionar corretamente.

A NBR 5410 (2008) estabelece limites percentuais dessa queda de tensão, que são
utilizados, também, para especificar a bitola de um condutor. Uma forma simples de
determinar se o cabo dimensionado usando o critério de capacidade de condução de
corrente satisfaz o critério de queda de tensão, é usando o método da queda de tensão
unitária (CRUZ, 2011). Observe a equação:

ΔV=V%100⋅VnIB⋅lΔV=V%100⋅VnIB⋅l

Nela, V%V% é a queda de tensão máxima admissível, estabelecida na NBR 5410


(2008), VnVn é a tensão nominal de alimentação (no DF é 220 V), IBIB é a corrente de
projeto, ll é o comprimento do condutor e ΔVΔV é a queda de tensão unitária. Após o
cálculo da queda de tensão unitária, usa-se esse valor em tabelas de queda de tensão
fornecidas pelos fabricantes de fios.

Saiba mais! Acesse o link de um fabricante de fios e veja a tabela para queda de tensão.
Esse valor deve satisfazer a equação anterior, para determinação da bitola do fio a ser
usado em um circuito de uma instalação predial.
Tabelas e Dados Técnicos

7.1.3. Fatores de correção

As dimensões dos condutores obtidas pelo critério de capacidade de corrente, e


validadas pelo critério de queda de tensão, são obtidas para circuitos (par de condutores)
instalados isoladamente em um único eletroduto ou calha. Por questões de economia,
os pares de condutores de cada circuitos compartilharão eletrodutos, formando um
agrupamento.

A primeira consequência no agrupamento de circuitos, em um mesmo


eletroduto, é o aquecimento.

Ao ser percorrido por uma corrente elétrica, um condutor aquece, e com isso reduz sua
capacidade de corrente. Além disso, ao ser aquecido pela passagem de corrente, um par
de condutores aquece também, por transferência térmica, condutores que estejam
instalados no mesmo eletroduto, reduzindo a capacidade de corrente deles.

Por isso, ao agrupar vários circuitos em um mesmo meio (eletroduto ou calha),


aplicamos um fator de agrupamento, que tem como função reduzir a capacidade de
corrente individual de cada condutor, como uma questão de segurança. Esse fator deve
ser multiplicado à capacidade de condução de corrente dos condutores, ilustrada na
figura 7.1.

A NBR 5410 (2008) estabelece o fator de agrupamento, em forma de tabela, para


diversas instalações. Parte dessa tabela é reproduzida abaixo.
Figura 7.2 – Fator de agrupamento aplicáveis a condutores instalados em feixe. Fonte: NBR 5410
(2008)

Além do fator de agrupamento, outro parâmetro que pode ser utilizado, a critério do
projetista, para correção do dimensionamento do condutor, é o fator de demanda.

Como é intuitivo de se perceber, dentro de uma unidade consumidora residencial (ou


comercial, em certos casos), raramente teremos todas os equipamentos ligados nas suas
respectivas tomadas, funcionando ao mesmo tempo. Assumindo esse tipo de situação,
podemos aplicar um fator de demanda para um determinado circuito, diminuindo a
potência esperada a ser consumida.

Não existe uma norma nacional para aplicação de um fator de demanda, mas a
Companhia Energética de Brasília (CEB) recomenda a aplicação de fator de demanda em
sua NTD 6.01 (2004), ilustrada em forma de tabela na figura abaixo.
Figura 7.3 – Fatores de demanda para instalações de iluminação e tomadas residenciais. Fonte:
NTD 6.01 (2004).

A aplicação do fator de demanda é optativa, e deve ser usada segundo o critério do


projetista.

7.2. Dispositivos de proteção

Todo circuito elétrico de uma instalação predial, bem como os seres que estão expostos
a esses circuitos (usuários e animais), devem ser protegidos de eventuais falhas. Para
isso, são instalados dispositivos de proteção para evitar acidentes e situações
indesejáveis.

7.2.1. Proteção de circuitos contra sobre-corrente

Sobre-corrente é uma corrente elétrica que ultrapassa o valor de corrente nominal de


um aparelho ou condutor, ou seja, a corrente máxima de operação. A sobre-corrente
geralmente é ligeiramente maior com duração prolongada. A sobre-corrente pode ter
como causa a sobre-carga e o curto-circuito.

A ocorrência de sobre-carga é mais comum em ligação de equipamentos


elétricos com consumo de potência acima da dimensionada no projeto.

Por exemplo, um morador que decide trocar o chuveiro por um de maior potência, sem
verificar se a fiação instalada comportaria tal aumento.

Já o curto-circuito ocorre, geralmente, de uma falha no equipamento, ou nos


condutores, causando uma corrente muito elevada em um intervalo de tempo muito
curto. Nesses casos, o dispositivo de proteção deve agir de forma rápida, preservando a
fiação e os equipamentos ligados a eles.

O dispositivo de proteção geralmente utilizado para garantir a segurança de um circuito


contra a sobre-corrente, é o disjuntor, que protege o circuito tanto contra sobre-carga
quanto contra curto-circuito.

Saiba mais! Veja aqui no link um resumo do funcionamento de um disjuntor, incluindo


um vídeo de como um disjuntor funciona internamente.
Como funcionam os disjuntores?

Para dimensionar corretamente um disjuntor, a ser instalado em um circuito elétrico,


deve-se observar a relação IB< ID < IN, onde IB é a corrente de projeto, ID é a corrente
nominal do disjuntor e IN é a corrente nominal do condutor.

A relação anterior é intuitiva.

Ela nos diz que o disjuntor deve ter uma corrente nominal maior que a corrente de
projeto, ou seja, caso todos os aparelhos previstos para aquele determinado circuito
estiverem ligados, o disjuntor não irá desarmar, e o circuito funcionará como previsto.

Ao mesmo tempo, a relação anterior nos diz que a corrente de desarme do disjuntor
deve ser menor que a máxima suportada pelo condutor, garantindo que ele funcionará
sempre dentro da sua faixa de segurança.

Os disjuntores são geralmente instalados nos quadros de distribuição, protegendo todo


o circuito em uma só localização.

É importante salientar que esse dispositivo é utilizado para proteger exclusivamente os


condutores do circuito, sem garantir o correto funcionamento dos equipamentos,
tampouco garantindo a segurança de usuários.
7.2.2. Proteção contra choques elétricos

A NBR 5410 (2008) também estabelece que os circuitos elétricos que sejam acessíveis a
humanos e animais, possuam proteção contra choques elétricos. O principal dispositivo
utilizado para esse fim é o disjuntor diferencial residual (DDR).

Esse dispositivo funciona como um disjuntor convencional, possuindo também uma


funcionalidade adicional. Ele compara as correntes de fase e de neutro, caso elas sejam
diferentes, infere-se que essa corrente está percorrendo um caminho alternativo,
possivelmente o corpo de um usuário (choque elétrico).

Nesse caso, o disjuntor desarma, interrompendo a corrente elétrica por esse caminho
alternativo.

Saiba mais! Confira no link um pouco mais sobre o funcionamento do disjuntor DR,
dispositivo obrigatório e fundamental em instalações elétricas residenciais e comerciais.
Funcionamento Aplicação e Função do Disjuntor DR

Aula 8 - Execução de Instalações Elétricas

Até agora, vimos como distribuir pontos de iluminação e tomada em unidades


consumidoras de energia, e como dimensionar os condutores que farão as conexões
desses pontos.

Nessa aula, veremos como fazer tais conexões, ligando os eletrodutos e dimensionando
um quadro de distribuição, que para nossas unidades consumidoras, representa nossa
fonte de tensão.

8.1. Instalação de circuitos prediais

As especificações para a execução de circuitos prediais também estão definidas na NBR


5410, onde são colocados os dimensionamentos mínimos de eletrodutos, características
obrigatórias de quadros de distribuições e requisitos para aterramento.

8.1.1. Eletrodutos

Segundo CAVALIN (2010):

Eletroduto é o elemento da linha elétrica destinado a conter os condutores elétricos e


têm por finalidade proteger os condutores contra determinadas ações externas.

(CAVALIN, 2010)CAVALIN, Geraldo; CERVELIN, Severino. Instalações elétricas prediais: teoria &
prática. 22 ed. Curitiba, PR, Base Editorial Ltda. 2010.

Em outras palavras, são os dutos onde passarão nossos condutores.


Os eletrodutos podem ser instalados dentro das paredes, pisos e teto, não ficando visível
aos usuários, ou externamente, ficando aparente e acessível. Eles também podem ser
de diferentes materiais e composições, por exemplo, podem ser feitos de metal (aço ou
alumínio) ou PVC, e também podem ser rígidos ou flexíveis.

Dentre as várias regras estabelecidas pela NBR 5410(2008) sobre as especificações de


eletrodutos, podemos destacar que, em instalações embutidas, só são admitidos
eletrodutos que suportem os esforços de de deformação característicos da técnica
construtiva utilizada. Além disso, nesses eletrodutos só podem ser instalados
condutores isolados, cabos unipolares e cabos multipolares.

Por uma questão de praticidade na passagem de cabos por dentro de eletrodutos, e mais
importante ainda, por uma questão de segurança contra sobre-aquecimento do
ambiente interno do duto (e consequentemente dos cabos), há uma taxa máxima de
ocupação dos eletrodutos.

Isso significa que é preciso deixar um espaço vazio dentro do eletroduto, para que o ar
possa circular e dissipar o calor. A taxa máxima de ocupação, definida pela NBR 5410
(2008) é mostrada na tabela abaixo

Taxa máxima de ocupação Quantidade de condutores

53% 1

31% 2

40% ≥3

Tabela 8.1 – Taxa máxima de ocupação em eletrodutos. Fonte: NBR 5410 (2008).

Essa taxa de ocupação deve ser levada em consideração ao dimensionar a bitola do


eletroduto a ser usado nas diversas conexões.

Além da taxa de ocupação, outras restrições devem ser observadas. A primeira é que
não se pode ter um trecho retilíneo de eletroduto maior que 15 metros, sem nenhuma
interrupção. Outra restrição é o número de curvas em trechos sem interrupção, que é
limitada a três de no máximo 90º, totalizando 270º.

As curvas são geralmente vendidas como peças separadas, a serem encaixadas nas
extremidades de dutos rígidos retilíneos. Entretanto, é permitido aplicar uma curva em
um duto rígido, contando que essa curva não altere seu diâmetro interno. Também não
são permitidas curvas maiores que 90º, tanto em dutos rígidos quanto em flexíveis.

8.1.2. Caixas de derivação

As caixas de derivação são pontos de conexão entre dois ou mais eletrodutos, e tem
como finalidades principais: permitir e facilitar a passagem da fiação, oferecer pontos
de manutenção da rede elétrica predial e instalação de pontos de iluminação. A figura
abaixo ilustra os tipos mais comuns de caixas de derivação.
O emprego de caixas de derivação é obrigatório em todos os pontos de entrada e saída
de condutores, em todos os pontos de emenda e derivação de condutores e para dividir
a tubulação em trechos não maiores que os especificados para eletrodutos, conforme
citado na seção anterior.

Por último, as caixas devem ser sempre colocadas em lugares de fácil acesso e não
podem ser totalmente embutidas.

8.1.3. Calhas, canaletas e prateleiras

Quando a quantidade de cabos é elevada, por exemplo na saída de quadros de


distribuição primários, ou ligação entre quadros primários e secundários, ou quando a
bitola dos cabos é muito alta, é comum o uso de calhas e canaletas, no lugar de
eletrodutos fechados.

Esse procedimento facilita a instalação e manutenção dos cabos, além de permitir um


maior resfriamento deles, no caso de calhas abertas. Em geral, são permitidos somente
cabos unipolares ou multipolares, visto que há restrição no uso de condutores isolados
(NBR 5410, 2008).

Saiba mais! Acesse o link de um revendedor de produtos para construção e veja


exemplos de eletrocalhas, incluindo as curvas e derivações para esse tipo de
componente.
Eletrocalhas e conexões

8.2. Quadros de distribuição

Segundo CRUZ (2011), o quadro de distribuição (QD) é:

o local que recebe os condutores provenientes do quadro de medição, faz a proteção de


toda a instalação elétrica, e distribui os condutores que alimentam os diversos circuitos
terminais previstos

(CRUZ, 2011)CRUZ, Eduardo Cesar Alves; ANICETO, Larry Aparecido. Instalações elétricas:
fundamentos, prática e projetos em instalações residenciais e comerciais. 1 ed. São Paulo, SP,
Editora Érica Ltda. 2011.

A quantidade de QDs em uma edificação dependerá do número de pavimentos e da


utilização da construção. Entretanto, sempre haverá pelo menos um QD logo após o
quadro de medição (QM), que será o quadro de distribuição geral (QG).

Em edificações térreas de pequeno porte, geralmente é necessário somente um único


QD, que fará a alimentação dos diversos circuitos prediais. Em edificações com mais de
um pavimento, deverá existir um QG após o QM, e um QD para cada pavimento ligados
ao QG.
Em edificações de uso coletivo, como um edifício comercial, ou um condomínio
residencial, o número e disposição de quadros é mais complexa. Haverá também um QG
após o QM e os diversos QDs da edificação ligados em cascata.

Nesse caso, cada unidade consumidora deverá ter seu QD, além de QDs para áreas
coletivas e casa de máquinas. A figura abaixo mostra um exemplo de composição de
quadros de distribuição para um pequeno edifício residencial de 3 pavimentos.
Todos os quadros de distribuição devem ser instalados em locais de fácil acesso e
identificados de forma apropriada. Eles não podem ser bloqueados por estantes,
armários, quadros ou eletrodomésticos, pois em caso de acidente, os dispositivos de
proteção devem ser acessados e o tempo de acesso a eles pode ser comprometido.

Idealmente, os quadros devem ser instalados de forma a ficar equidistante dos pontos
de utilização que ele distribui, entretanto essa regra não é obrigatório, visto que essa
situação nem sempre é possível.

A figura 8.4 mostra um exemplo de quadro de distribuição e seus principais


componentes.
Conforme pode ser visto na figura anterior, há os disjuntores que protegem todos os
circuitos simultaneamente, como o disjuntor geral e o disjunto DR, e há os disjuntores
que protegem os circuitos de pontos de utilização do projeto.

Cada um desses circuitos está ligado a um conjunto de pontos, por exemplo as todas
de uso geral de um ou mais ambientes, ou os pontos de iluminação de dois ou mais
ambientes.

É sempre importante lembrar que tomadas de uso específico devem ter um circuito, e
consequentemente um disjuntor, exclusivo, não sendo permitida a instalação de pontos
de utilização no mesmo circuito.

Mesmo que no projeto de instalações elétricas para uma unidade consumidora, o


projetista faça a previsão de utilização da maioria dos equipamentos elétricos e
eletrônicos, a demanda por energia elétrica sempre aumenta, visto que todos os dias
vemos novos aparelhos elétricos disponíveis no mercado, por isso, é importante a
previsão de circuitos reserva nos quadros de distribuição, que possam atender novos
circuitos prediais depois do quadro instalado.

8.3. Aterramento

O aterramento consiste em conectar, eletricamente, o sistema predial com a Terra,


garantindo um caminho de escoamento de cargas elétricas indesejadas. Esse sistema é
de grande importância em um projeto de instalações elétricas prediais, pois garante o
bom funcionamento dos equipamentos ligados no sistema bem como garante a
segurança dos indivíduos.

Todos os circuitos de tomadas e máquinas elétricas em uma instalação elétrica predial,


devem ter um conector de terra, que será conectado ao barramento de aterramento do
quadro de distribuição, que por sua vez estará conectado ao sistema de aterramento da
edificação.

Essa conexão é feita por um fio elétrico, o condutor de proteção, que será instalado
junto com os condutores fase e neutro, dentro dos mesmo eletrodutos.

Além dos condutores de proteção, que garantem o aterramento dos equipamentos, o


sistema de proteção contra descargas atmosféricas (os famosos para-raios) também são
conectados ao sistema de aterramento, como forma de garantir que a corrente elétrica
proveniente de uma descarga atmosférica seja escoada para Terra, e não cause acidentes
ou danos ao sistema predial.

A NBR 5410 (2008) apresenta cinco esquemas de aterramento. Abaixo são apresentados
os cinco esquemas e suas respectivas figuras ilustrativas.
 Esquema TN-S: o condutor neutro e o condutor de proteção são distintos, e ambos são
aterrados a partir do mesmo ponto.

 Esquema TN-C: o condutor neutro e o condutor de proteção são os mesmos.


 Esquema TN-C-S: uma combinação dos dois esquemas anteriores.
 Esquema TT: os condutores neutro e de proteção são distintos e são aterrados a partir de
pontos diferentes.
 Esquema IT: semelhante ao esquema anterior, entretanto a linha trifásica é aterrada de
forma indireta (através de uma impedância).
A norma NBR 5410 (2008) proíbe, por motivos óbvios de segurança, o uso de
encanamentos metálicos, como por exemplo de água, como condutores de proteção ou
eletrodos de aterramento.

Por fim, o contato elétrico do sistema de aterramento com a Terra, é feito através
do eletrodo de aterramento. Em geral, esses eletrodos são hastes metálicas de cobre
que são enterradas em locais cujo o solo possui baixa resistência elétrica (caso o solo
seja muito resistivo, ele deve passar por um tratamento químico para diminuição de sua
resistência).
As hastes são, então, conectadas via cabeamento próprio aos barramentos de
equipontecialização, para distribuição do aterramento para todo o sistema predial.

No caso de edificações com vários pavimentos, é permitido usar a estrutura metálica da


fundação da edificação, assim como a estrutura metálica das vigas e dos pilares, como
contato elétrico com o solo, dispensando o uso de eletrodos de aterramento. Nesses
casos, o barramento de equipotencialização deve ser conectado eletricamente à
estrutura metálica da edificação.

Você terminou o estudo desta unidade. Chegou o momento de verificar sua


aprendizagem. Ficou com alguma dúvida? Retome a leitura.

Quando se sentir preparado, acesse a Verificação de Aprendizagem da unidade no menu


lateral das aulas ou na sala de aula da disciplina. Fique atento, essas questões valem
nota! Você terá uma única tentativa antes de receber o feedback das suas respostas,
com comentários das questões que você acertou e errou.

Vamos lá?!

Aula 9 - Geradores e Motores de Corrente Alternada

Assista à videoaula a seguir e tenha uma breve introdução dos principais tópicos que
serão abordados na UIA 3.

Instalações elétricas prediais frequentemente contém equipamentos como


bombas d’água, bomba de esgoto, elevadores, equipamentos de combate a
incêndio, etc. Todos esses sistemas contém um elemento em comum: máquinas
elétricas.

Esses equipamentos são movidos a energia elétrica e a converte em energia mecânica,


usada para realizar um trabalho mecânico como elevar a água para um caixa, bombear
o esgoto para o sistema de coleta, movimentar as cabines dos elevadores ou pressurizar
o sistema hidráulico para combate a incêndios.

Por isso, é importante compreender o princípio de funcionamento desses equipamentos,


para assim, fazer um projeto adequado para instalação e operação dos motores.

Nas próximas aulas, aprenderemos como funcionam as máquinas elétricas, como


dimensionar o projeto de instalação delas na rede elétrica e os dispositivos necessários
para sua proteção.

9.1. Princípio de Funcionamento


A conversão de energia elétrica em mecânica se dá pelo uso de força magnética produzida por
corrente elétrica. Ao alimentar o motor com uma corrente elétrica, essa corrente circula em
bobinas instaladas na parte fixa do motor, chamada estator.
A força magnética produzida no estator interage mecanicamente com as boninas instaladas em
uma peça móvel do motor, o rotor, que ao sofrer a ação da força magnética, sofre uma rotação.

O uso de bobinas no estator é necessário pois o enrolamento dos condutores aumenta


a intensidade do campo magnético produzido, aumentando a eficiência do motor. O
enrolamento desses condutores, entretanto, faz com que os motores apresentem uma
indutância, que como vimos na Aula 03, causa um atraso na corrente elétrica do sistema.

Como os motores elétricos consomem energia elétrica, é comum expressar seu consumo
em Watts, unidade padrão de potência. Entretanto, o motor entrega para sua aplicação
uma potência mecânica, que geralmente utiliza as unidades cavalo-vapor (cv) ou
o horse-power (HP), que apesar de não serem unidades reconhecidas pelo Sistema
Internacional de Medidas (SI), são unidades muito comuns para profissionais da área.

A conversão de cv e HP para Watts é dada por:


1 cv = 736 W
1 HP = 746 W

Essa relação é importante para determinar a eficiência do motor e dimensionar os


dispositivos de operação e segurança dos motores.

9.2. Tipos de Motores


Os motores elétricos podem ser divididos em dois grandes grupos: de corrente
contínua e de corrente alternada. Eles diferem entre si pelo tipo de tensão e
corrente usadas para alimentá-los, e alguns detalhes construtivos.

Os motores de corrente contínua, ou motores DC, possuem um processo de fabricação


mais delicado e geralmente são mais caros, em compensação possuem uma velocidade
de rotação controlável e maior precisão no posicionamento das partes móveis. Por isso,
esses motores são geralmente usados para pequenas aplicações como movimentação
de pratos do micro-ondas, liquidificadores, drones, leitores de CD/DVD, etc. Existem
alguns poucos tipos de motores DC de grande torque usados em indústrias, mas suas
aplicações são muito específicas.

Os motores de corrente alternada são mais robustos e oferecem maior torque, e por isso são mais
usados em aplicações industriais e prediais. Eles podem ser subdivididos em outros dois grupos:
os motores síncronos e os assíncronos (ou motores de indução).
Os motores síncronos têm como característica principal o giro do rotor em uma velocidade
constante, em sincronismo com a corrente elétrica de alimentação. Devido às características
construtivas e especificidades de partida e operação, esses motores são geralmente empregados
em indústrias pesadas, onde o maquinário exige alta potência mecânica.

Em instalações prediais, os motores mais usados são os motores assíncronos, mais


comumente chamados de motores de indução, pois utiliza a corrente alternada
fornecida pela rede elétrica (sem a necessidade de conversão), são mais robustos (maior
durabilidade), são de fácil manutenção e possuem custo reduzido, quando comparados
com motores síncronos ou de corrente contínua.

A figura abaixo ilustra os principais componentes que constituem um motor de indução.

Figura 9.1 – Componentes de um motor de indução. Fonte: CAVALIN, 2010.

Assista ao vídeo ilustrativo da construção de um motor de indução. Nele é possível ter


uma ideia das partes constituintes e do funcionamento de um motor assíncrono. Acesse
através do link a seguir.
9.3. Princípios Teóricos de Partida de Motores

A partida do motor consiste na energização de seus enrolamentos com o objetivo de


superar a força de atrito estático das partes móveis, e colocar o rotor em sua velocidade
de rotação nominal.

Há três esquemas básicos para a partida de motores, geralmente empregados em


máquinas elétricas de instalações prediais: a partida direta, a chave estrela-triângulo e
a chave compensadora. Há ainda um quarto esquema, o soft-starter, baseado em
circuitos eletrônicos, e que aos poucos está se tornando mais popular.

A partida direta é a mais simples, pois necessita apenas de um dispositivo de


comando (por exemplo um disjuntor ou uma contatora).

A corrente inicial, popularmente chamada de corrente de partida, entretanto, pode


chegar a sete vezes o valor da corrente nominal nesse esquema de partida, visto que o
rotor precisa superar o atrito estático e alcançar a velocidade de rotação nominal. Esse
esquema de partida é geralmente empregado em motores de indução monofásicos de
baixa potência.

A principal consequência negativa desse esquema é a necessidade de dimensionamento


de condutores e dispositivos de proteção capazes de suportar uma corrente tão alta,
encarecendo o projeto, além de causar flutuações no fornecimento de tensão no restante
da instalação predial.

Para diminuir a corrente de partida, um esquema muito utilizado para partida de


motores trifásicos é o uso de chaves estrela-triângulo. Como vimos na Aula 04, a tensão
de linha em um circuito trifásico estrela é maior que a tensão de fase, tensão essa
aplicada à carga (bobinas do motor).

Essa tensão menor faz com que a corrente de partida seja até 1/3 menor que na partida
direta, entretanto o motor entra em rotação nominal de forma mais lenta. Após o motor
chegar a 90% da sua velocidade nominal, a chave é comutada para configuração
triângulo, aplicando a tensão de linha da rede nos terminais das bobinas do motor.

Apesar desse método reduzir a corrente de partida, ele só pode ser empregado em
motores trifásicos com 6 bornes de alimentação.

A chave compensadora é uma alternativa ao uso de chaves estrela-triângulo,


para aqueles casos onde essa segunda chave não se aplica.

Ela também reduz a tensão de alimentação do motor, com o objetivo de reduzir a


corrente de partida. Essa redução, contudo, é feita com o uso de um auto-
transformador.
A tensão trifásica da rede (por exemplo 380 V em Brasília) é ligada no primário do
transformador, o qual entrega em seu secundário, uma tensão menor (entre 40% a 85%
da tensão de entrada). Quando o motor entra em regime permanente, atingindo a
velocidade de rotação nominal, uma chave transfere a tensão da rede diretamente para
o motor, desativando o transformador.

Esse método é recomendável para motores de alta potência e alto torque, que
geralmente são instalados em grandes cargas, por exemplo, motores de elevadores.
Entre as vantagens desse esquema podemos citar a baixa corrente de partida, o uso de
apenas 3 fios (ao contrário da chave estrela-triângulo) e a possibilidade de partida com
carga.

A principal desvantagem é o alto custo (comparados aos esquemas anteriores).

Por último, tem-se o esquema de partida que utiliza os soft-starters.

Eles são equipamentos compostos por dispositivos eletrônicos (diodos e tiristores) que fazem o
controle da corrente de partida eletronicamente, ao contrário do uso de chaveamentos mecânicos
empregados pelas chaves.

O custo dos aparelhos de soft-starter, assim como outros equipamentos eletrônicos,


tem a tendência de diminuição, tornando esse esquema cada vez mais popular, apesar
de termos, ainda, as chaves como principais esquemas de partida de motores.

Aprenda um pouco mais sobre os soft-starters, comparando com os diferentes


esquemas de ligação e entendendo a real vantagem de usar esse dispositivo eletrônico.

Aula 10 - Instalação de Motores Elétricos

Como vimos na aula anterior:

um motor elétrico é um equipamento que transforma energia elétrica em energia


mecânica.

E também sabemos, das aulas de física, que a energia instantânea consumida por um
equipamento é definida como potência. Assim, é preciso definir a relação de conversão
de potência elétrica (aquela consumida pelo motor) em potência mecânica (aquela
entregue pelo motor).

O parâmetro que relaciona essas duas potências é o rendimento (η).

Esse parâmetro é fornecido pelo fabricante dos motores e geralmente representado na


forma de porcentagem (ou de um valor entre 0 e 1). O rendimento apresenta dessa
forma, as perdas totais de energia durante a conversão eletromecânica.
Portanto, podemos expressar essa conversão através da equação:

Pel e´ trica= Pmec a^ nicaηPel e´ trica= Pmec a^ nicaη

Onde a potência mecânica pode ser expressa em cavalo-vapor ou HP. Para ambos os
casos, deve-se usar os valores de equivalência, dados na aula anterior.

Como os motores são construídos com bobinas, eles naturalmente possuem indutâncias
associadas, diminuindo o fator de potência do equipamento (rever Aula 03 para
relembrar). Incluindo essa informação na equação acima, podemos definir uma equação
que nos dá a corrente consumida por um motor, dados seus parâmetros mecânicos e
elétricos providos pelo fabricante:

I= HP×746V×cosθ×η= CV×736V×cosθ×ηI= HP×746V×cosθ×η= CV×736V×cosθ×η

Se o motor for trifásico, aparecerá no denominador o fator √3. Exemplo: Qual a corrente
elétrica esperada de um motor trifásico de 15 HP, com fator de potência de 0,9 e
rendimento de 80%? (lembrando que será instalado em Brasília, cuja a tensão é 220 V
monofásica, 380 V trifásica)

I= 15×7463–√×380×0,9×0,8=23,6 AI= 15×7463×380×0,9×0,8=23,6 A

10.1. Regras Práticas para Escolha de Motores

As especificações técnicas detalhadas de um motor elétrico é um assunto que


demandaria uma extensa discussão, talvez uma ou duas disciplinas dedicadas somente
a esse assunto. Entretanto, Creder (2007) lista algumas sugestões para escolher um
motor.

1. Verifique os dados da fonte de energia: contínua ou alternada, monofásico ou trifásico,


valores de tensão (220/380 V para o Distrito Federal)
2. A potência mecânica necessária: deve ser a mais próxima possível da exigência da carga.
Uma potência muito acima acarreta em baixo rendimento, uma potência muito abaixo
acarreta em sobrecarga.

Pmec a^ nica= F×V75= C×N716Pmec a^ nica= F×V75= C×N716

Onde F é a força em kg, V é a velocidade em m/s, C é o torque em kg.m e N é a rotação


em r.p.m. A potência nessa fórmula é dada em CV.

1. Fator de serviço: quando indicado nas especificações do motor, esse fator estabelece que
um motor pode operar, com segurança, em cargas mecânicas ligeiramente superiores.
Por exemplo, um fator de serviço de 1,25 indica que o motor pode operar com segurança
com cargas até 25% maiores que a sua carga nominal;
2. Velocidade do motor: a velocidade especificada para um motor, geralmente em r.p.m.,
são dadas para o motor em vazio (sem carga), que é ligeiramente superior à velocidade
do motor com carga. Essa velocidade deve ser considerada a depender se o acoplamento
do motor à carga será direto ou indireto (com uso de engrenagens, caixas redutoras,
polias, cabos, etc);
3. Torque (ou conjugado): é preciso saber se o motor terá a partida em vazio ou com carga,
o que determinará se o motor deverá ter baixo ou alto torque, respectivamente. O torque
máximo deverá ser em torno de 30% maior que os picos de carga;
4. Tipo de carcaça: relativo ao ambiente de operação do motor. Pode ser do tipo à prova de
explosão (para áreas com vapores etílicos, gases naturais, etc), totalmente fechados (para
ambientes contendo poeiras, material corrosivo, etc) ou à prova de pingos (para
ambientes normais de trabalho).

Clique aqui e confira a grande variedade de modelos de motores elétricos disponíveis


em um dos maiores fabricantes do país. Na caixa “Linha de produto”, escolha uma opção
e simule algumas opções.

10.2. Esquemas Típicos de Ligação

Há basicamente quatro tipos de esquemas de ligação de motores, que dependerão do


tipo de aplicação, da disposição espacial dos motores, da proteção necessária para os
motores e dos comandos utilizados para partida. São eles:

Alimentação Linear Comum


Forma mais usual de ligação de motores, tanto monofásicos quanto trifásicos

Figura 10.1 – Alimentação linear comum de motores. Fonte: adaptador de Creder, 2007.

Na figura acima, QDF é o quadro de distribuição de força, PA é a proteção do alimentador


(geralmente um disjuntor no QDF), PR é a proteção do ramal, S é uma chave seccionadora
(separadora), PM é a proteção do motor, CM é o controle do motor (responsável pela
partida), M é o motor, CS é o controle do secundário e RP é o reostato de partida.

Alimentação Radial Individual


Usada quando a posição dos motores no terreno é muito afastada, ou quando as
potências deles são muito diferentes.

Figura 10.2 – Alimentação radial individual de motores. Fonte: Creder, 2007.

Alimentação Linear com Ramais Curtos


Usados quando os ramais são curtos, geralmente menores que 8 metros. Em alguns
casos pode-se suprimir a proteção do ramal.

Figura 10.3 – Alimentação linear de motores com ramais curtos. Fonte: Creder, 2007.

Alimentação linear sem ramal:


Usados quando os motores ficam junto do alimentador (QDF).

Figura 10.4 – Alimentação linear sem ramal de motores. Fonte: Creder, 2007.

10.3. Dimensionamento dos Circuitos


A corrente nominal de um motor é determinada utilizando os métodos descritos
no início dessa aula. Uma vez determinada essa corrente, pode-se dimensionar
os condutores que alimentarão os motores.

O dimensionamento dos condutores deverá seguir os mesmos métodos mostrados na


Aula 07, que são descritos na NBR 5410 (2008). A principal diferença no
dimensionamento para esse tipo de equipamento, é a existência do fator de serviço, que
possibilita o motor a trabalhar, com segurança, com uma corrente elétrica ligeiramente
maior que sua corrente nominal.

10.3.1. Circuitos Alimentadores

Os dois critérios básicos para dimensionamento de condutores (capacidade de condução


de corrente e queda de tensão), explicados na Aula 07, serão também aplicados para
motores elétricos, multiplicando o valor final pelo fator de serviço do motor. No caso de
um único alimentador ligando mais de um motor, o fator de serviço deve ser aplicado
somente ao de maior corrente.

Exemplo: Um alimentador deve abastecer os motores abaixo, com fator de serviço de


1,25:

 elevador social 10 cv 26,6 A


 elevador de serviço 7,5 cv 20,6 A
 bomba d’água 5 cv 13,7 A
 exaustor 1 cv 3,34 A

Nesse caso, o fator de serviço se aplica somente ao motor de 10 cv, logo:

I = 1,25 x 26,6 + 20,6 + 13,7 + 3,34 = 70,9 A

Pelo critério de capacidade de corrente, descrito na Aula 07, usaremos um cabo de 25


mm2.

O critério de queda de tensão também deve ser utilizado. Caso esse método resulte em
um cabo de menor espessura, o critério de capacidade de corrente deve ser utilizado.

Para ligação de motores, o dimensionamento de condutores segundo o critério de queda


de tensão, pode ser resumido nas equações:

S= 2ρIluS= √3ρIluS= 2ρIluS= √3ρIlu

A equação da esquerda é aplicada para motores monofásicos, enquanto a equação da


direita é utilizada em motores trifásicos. Nessas equações, S é a área da seção
transversal do condutor (bitola) dada em mm2, ρ é a resistividade do condutor
(17,86.10-3 para o cobre e 31,25.10-3 para o alumínio) dada em Ω.mm2/m, I é corrente
em amperes, lé o comprimento do cabo em metros e u é a queda de tensão absoluta
permitida, dada em volts.

10.3.2. Circuitos dos Ramais


Para cada um dos ramais de motores, onde existirão somente um motor por ramal, os critérios
usados serão exatamente os mesmos, com a única diferença que não haverá o somatório de
diversos motores para dimensionamento de um condutor.

Como um ramal possui somente um motor, geralmente a corrente nominal que circula
nesse condutor é menor, possibilitando o uso de condutores menores.

Pelo critério de capacidade de condução de corrente, a corrente nominal do motor deve


ser multiplicada pelo seu fator de serviço. Essa corrente resultante será então usada para
o dimensionamento do condutor.

Repare que o fator de serviço é utilizado sempre, nesse caso, pois o condutor
dimensionado alimentará somente esse motor.

O critério de queda de tensão não sofre alteração na utilização, seguindo


exatamente os procedimentos da seção anterior.

Clique aqui ou acesse o acervo da disciplina para um pouco mais de detalhes, os passos
para dimensionamento dos circuitos de alimentação de motores elétricos.

Aula 11 - Acionamento, Controle e Proteção de Motores

11.1. Partida de Motores


A partida dos motores é o processo no qual a máquina é acionada, partindo do
repouso para sua velocidade de rotação nominal.

Essa etapa exige que o motor consuma uma corrente muito maior que a nominal, pois
é necessário vencer o atrito estático do rotor (que é muito maior que o atrito dinâmico).

Dessa forma, a partida dos motores pode ser feita de formas diferentes, a depender da
tensão de alimentação (monofásica ou trifásica) ou da potência mecânica do motor.

11.1.1. Partida Direta

Esse esquema de partida tem esse nome pois a tensão elétrica entregue ao motor é
exatamente a mesma da fornecida na instalação elétrica, ou seja, para a região do
Distrito Federal, é 220 V entre fase e neutro, e 380 V entre duas fases.
Esse tipo de partida é permitida pela CEB (2014) para motores monofásicos e
motores trifásicos até 5 cv de potência.

A figura 11.1 mostra, didaticamente, o esquema de ligação de um motor monofásico


para partida direta, onde um disjuntor é usado como chave liga-desliga.
Figura 11.1 – Partida direta de motor monofásico por disjuntor. Fonte: Cavalin, 2010.

Para motores trifásicos de até 5 cv, também podemos usar a partida direta, usando
também um disjuntor como chave liga-desliga. A figura 11.2 ilustra esse tipo de
conexão com uma foto ilustrativa de um disjuntor trifásico para acionamento de
motores.
Figura 11.2 – Esquema de partida direta de motores trifásicos por disjuntor. Fonte: Cavalin,
2010.

Assista ao vídeo ilustrativo da montagem de um comando de partida direta de motor


trifásico, mostrando os dispositivos necessários e a conexão entre eles.

11.1.2. Partida Indireta

A partida indireta é aquela o qual um dispositivo (adicional ao disjuntor) é utilizado para


dar partida no motor. Para motores acima de 5 cv de potência, esses dispositivos são
obrigatórios (NTD 6.01, 2014) pois a corrente de partida pode afetar a qualidade da
tensão no restante da instalação elétrica, por isso, esses dispositivos devem limitar a
corrente de partida.

A forma mais simples de realizar uma partida indireta é usar uma chave do tipo
estrela-triângulo.

Conforme vimos na Aula 04, em ligações trifásicas do tipo estrela, a tensão de fase
(entre fase e neutro) é menor que a tensão de linha (entre duas fases), ou seja, ao utilizar
a tensão de linha da instalação elétrica, é fornecida ao motor a tensão de fase, com um
fator de √3 menor, limitando assim a corrente de partida.

A particularidade dessa chave, é que deve ser usada o esquema estrela na partida, mas
com o motor em vazio, ou seja, desconectado da carga mecânica. Depois de atingir uma
velocidade de rotação próxima da nominal, a carga é acoplada e a chave de ser mudada
para o esquema triângulo, que oferece na fase da carga uma tensão igual à de linha.

A figura 11.3 ilustra os esquemas de ligação de uma partida desse tipo. Na imagem da
esquerda, o motor está desligado, com a chave na posição “desligada”. Na imagem do
meio, a chave é colocada na posição “estrela”, acionando o motor. Na imagem da
esquerda, a chave é colocada na posição “triângulo”, fazendo com que o motor atinja
seu estado nominal.
Figura 11.3 – Esquema de ligação de uma chave estrela-triângulo para partida de motores.
Fonte: Cavalin, 2010.

11.2. Dispositivos de Seccionamento e Controle

O seccionamento dos condutores que alimentam um motor é necessário quando se


deseja desligar um motor, ou quando ele deve ser isolado por existência de uma falha.
Geralmente os dispositivos de seccionamento são os dispositivos de comando (partida)
ou os de proteção dos motores.

Os dispositivos de seccionamento de motores devem ser instalados em condutores


vivos, ou seja, carregados. O condutor de aterramento nunca deve ser seccionado,
portanto, o neutro somente poderá ser seccionado se o condutor terra for diferente do
neutro.

Um dos componentes mais usados para partida indireta de motores é com um dispositivo
chamado contator. Ele é um dispositivo eletromagnético que tem por função ligar e desligar um
circuito, seccionando os condutores de alimentação, e normalmente usado em acionamento de
circuitos elétricos automáticos a distância.

Visualmente o contator lembra um disjuntor, mas sua composição é bem diferente. A


figura abaixo mostra alguns exemplos de contatores usados para acionamentos de
motores.
Figura 11.4 – Contatores eletromagnéticos para acionamento de motores. Fonte: Cavalin, 2010.

O contator pode ser usado para acionamento de motores tanto monofásicos quanto
trifásicos, conforme os esquemas ilustrados nas figuras 11.5 e 11.6. Repare que o
dispositivo de comando é representado distante do motor. Nas duas figuras, pode-se
ver que o contator aciona a chave K1, que é a mesma chave representada na entrada do
motor, o que representa de forma esquemática a partida da máquina.
11.3. Proteção Contra Sobrecarga e Curto-Circuito
Os dispositivos de proteção de motores são os mesmos usados em quadros de
distribuição, podendo ser fusíveis ou disjuntores.

Para motores, contudo, os fusíveis devem especiais, chamados fusíveis de retardo. A


justificativa é que motores consomem altas correntes durante a partida, podendo chegar
a até 10 vezes o valor da corrente nominal.

A duração dessa corrente, entretanto, é relativamente curta (alguns segundos) e


só atinge altos valores até o motor atingir sua velocidade nominal.

Tanto os fusíveis quanto os disjuntores também devem levar em consideração o fator


de serviço, requisito que não é levado em consideração ao se dimensionar a proteção
para circuitos de tomadas e iluminação. Devido a essa possibilidade de aumento da
corrente consumida, ainda de forma segura, os dispositivos de proteção devem ser
dimensionados para acomodar essa corrente adicional (entre 15 a 25% maior).

Exemplo: aproveitando o exemplo anterior, resolvido na seção 10.3.1, temos 4 motores, todos
eles com o fator de serviço de 1,25. Vamos dimensionar os dispositivos de proteção para cada
motor e para o ramal alimentador, que alimentará todos os motores.

Para o elevador social, que utiliza um motor de 10 cv, temos como corrente nominal
26,6 A. Aplicando o fator de serviço (multiplicando por 1,25), temos uma corrente de
33,25 A. Assim, teremos um fusível, com retardo, de 35 A. A chave magnética (estrela-
triângulo) ou o contator deve, também, ser dimensionado para essa corrente.

O elevador de serviço, cujo o motor é de 7,5 cv, consome uma corrente de 20,6 A.
Aplicando também o fator de serviço, temos uma corrente para ele de 25,75 A. Dessa
forma, o fusível e o dispositivo de comando devem ser dimensionados para 30 A (valor
comercial mais próximo).

O motor da bomba d’água, com potência mecânica de 5 cv, funciona com uma corrente
de 13,7 A, que ao ser aplicado o fator de serviço, aumentará para 17,13 A. Nesse caso,
a CEB não exige o uso de partida indireta, permitindo a partida através de disjuntor, que
deverá ser dimensionado para 20 A, assim como seu fusível com retardo.

Por último, o exaustor, com uma potência de 1 cv, consome uma corrente de 3,34 A,
corrigida para 4,18 A com a aplicação do fator de serviço. Esse motor também pode ter
sua partida feita de forma direta, exigindo um disjuntor e um fusível com retardo de 5
A.

O alimentador, por sua vez, deve ter o fator de serviço aplicado apenas ao maior motor,
assim como fizemos no dimensionamento dos condutores.
A corrente nominal nesse circuito, portanto, será a mesma calculada no exemplo
anterior, 70,9 A. O fusível de proteção para o ramal, então, será de 80 A.

Clique aqui para ver um exemplo mais extenso de dimensionamento de condutores,


dispositivos de proteção e comando de motores.

Aula 12 - Correção de Fator de Potência

12.1. Fundamentos Teóricos

Conforme já vimos na Aula 03, as bobinas, parte fundamental na construção de uma


máquina elétrica, possuem uma indutância associada, que ao ser ligada em um circuito
elétrico, causa um atraso da fase da corrente, com relação à fase da tensão, o que resulta
em uma diminuição do fator de potência.

Segundo Boylestad (2004):

O processo de introduzir elementos reativos para levar o fator de potência para valores
mais próximos da unidade é chamado de correção de fator de potência. Como, em geral,
as cargas são indutivas, o processo normalmente envolve a introdução de elementos
capacitivos com o único objetivo de aumentar o fator de potência.

(BOYLESTAD, 2004)

Além da instalação de motores elétricos, que naturalmente diminuem o fator de potência de uma
instalação elétrica, outros fatores podem contribuir para o aumento do atraso da corrente, entre
os principais podemos citar o aumento da tensão acima da nominal e motores
superdimensionados, ou trabalhando em vazio (CREDER, 2007).

A potência ativa de um motor depende somente da carga instalada a ele, um aumento


na tensão aplicada aumentará, portanto, a potência reativa em uma relação quadrática
(Q = V2.I). Quanto maior for a tensão aplicada nos terminais de um motor, portanto,
maior será a potência reativa absorvida, diminuindo o fator de potência. A tabela abaixo
mostra a influência da variação de tensão no fator de potência.

Tensão aplicada (% da VN do motor) Carga dos motores (com relação à carga nominal)

50% 75% 100%

120% Decresce 15 a 40% Decresce 10 a 30% Decresce 5


115% Decresce 8 a 20% Decresce 6 a 15% Decresce 4

110% Decresce 5 a 6% Decresce 4% Decresce 3

Tabela 12.1 – Influência da variação do motor no fator de potência. Fonte: Creder, 2007.

Os motores de indução consomem praticamente a mesma quantidade de potência


reativa quando estão funcionando em vazio ou em plena carga. Na prática, contudo,
observa-se que motores operando a menos de 50% de sua carga nominal, apresentam
uma queda brusca no fator de potência. Nesses casos, recomenda-se a substituição
desses motores por versões de menor potência.

Assista ao vídeo demonstrando, na prática, a variação de corrente em um motor trifásico


com a aplicação de um banco de capacitores em paralelo.

12.2. Melhoramento do Fator de Potência

Como os motores elétricos são construídos fundamentalmente por bobinas, eles podem
ser considerados como cargas indutivas. A figura 12.1 mostra um diagrama de circuito
elétrico representando uma carga indutiva ligada a uma tensão alternada, representada
na figura por EÐ0º, consumindo uma corrente IL.

Figura 12.1 – Diagrama de circuito elétrico de uma carga indutiva alimentada por tensão
alternada. Fonte: Boylestad, 2004.

Na figura seguinte, temos a conexão de uma carga capacitiva, em paralelo com a carga
indutiva, que por sua vez, irá consumir uma corrente I C. Isso faz com que o fator de
potência resultante aumente, como veremos a seguir, além de garantir que a tensão
aplicada a cada uma das cargas seja a mesma, ou seja, a ligação da carga capacitiva,
não influencia o funcionamento da carga indutiva (não atrapalha o funcionamento do
motor).
Figura 12.2 – Diagrama de circuito elétrico de uma carga capacitiva ligada em paralelo com uma
carga indutiva, ambas ligadas a uma fonte de tensão alternada. Fonte: Boylestad, 2004.

A corrente fornecida pela fonte, que pode representar a rede elétrica de uma instalação
predial, será a soma das correntes IL e IC. Se usarmos a álgebra fasorial (para relembrar
dessa álgebra, releia as aulas 03 e 04), podemos ter uma corrente com mesma fase da
tensão fornecida, se a impedância do capacitor (XC) tiver o mesmo módulo da
impedância do indutor (XL).

Esse processo pode ser melhor explicado a partir de um exemplo. Considere um motor
de 5 HP, com fator de potência de 0,6 e rendimento de 92%, alimentado por uma tensão
de 208 V e 60 Hz. Podemos achar as potências aparente, ativa e reativa, consumidas por
esse circuito.

Como a potência mecânica está dada em HP, temos que converter em Watt. Na Aula 09
vimos que basta multiplicar o valor por 746. Assim, temos uma potência mecânica de
3.730 W.

Como o rendimento é de 92%, temos uma potência de entrada dada por:


Pativa= Pentradaη= 3.7300,92=4.054,35 WPativa= Pentradaη= 3.7300,92=4.054,35 W

Para acharmos a potência aparente, que é a potência total consumida, basta dividir a
potência ativa pelo fator de potência (lembre da Aula 03!). Assim, a potência ativa será
6.757,25 VA. Por fim, a potência reativa, que é aquela consumida exclusivamente pela
impedância indutiva (XL), será dado por:

S2= P2+Q2S2= P2+Q2

Onde S é a potência aparente, P é a potência ativa e Q é a potência reativa. Substituindo


os valores encontrados anteriormente, temos Q = 5.405,8 Var. Sabendo que essa
potência é consumida pela impedância indutiva, temos que achar uma impedância
capacitiva que consuma o mesmo valor de potência reativa. Da definição de potência
elétrica, temos:

P=VI=V2RP=VI=V2R

Logo:
Q=V2XCQ=V2XC

XC=V2Q=20825.405,8=8 Ω XC=V2Q=20825.405,8=8 Ω

Como a frequência da tensão da rede é 60 Hz, temos:


XC=12πfCXC=12πfC

C=12πfXC=12.π.60.8=331,6 μFC=12πfXC=12.π.60.8=331,6 μF

Em resumo, ao ligarmos o motor acima na rede elétrica de uma instalação predial,


precisaríamos de ligar, em paralelo, uma capacitância de 331,6 mF para que o fator de
potência se aproxime de 1, e não haja atraso da corrente em relação à tensão de
fornecimento.

Já existem bancos de capacitores automáticos, cujo acionamento é feito sem intervenção


humana. Confira no site de um revendedor algumas características desse tipo de
sistema, clique aqui para ver sobre.

12.3. Ligação e Proteção dos Capacitores


Em princípio, os capacitores para correção do fator de potência podem instalados em uma das
seguintes opções (CREDER, 2007):

 no lado de alta tensão dos transformadores;


 nos barramentos secundários dos transformadores;
 nos barramentos secundários onde exista um agrupamento de cargas indutivas;
 junto às cargas indutivas.

Sempre que possível, os capacitores devem ser instalados o mais próximo das cargas
indutivas, ou seja, dos motores, fazendo com que a fase da corrente seja corrigida no
mesmo ramal da instalação, trazendo um benefício imediato à rede elétrica.

Outra vantagem na instalação dos capacitores junto aos motores, o que torna essa
prática a mais usual em instalações elétricas prediais, é o aproveitamento do espaço
físico já destinado para as máquinas, e o uso dos mesmos dispositivos de proteção.

Quando o projeto de instalações é desenvolvido e executado em um único


processo (começando o projeto “do zero”), o ramal de alimentação dos
capacitores geralmente é feita entre o disjuntor e o contator dos motores.

Nesses casos, deve-se levar em consideração que a corrente projetada para os


capacitores não deve exceder 90% do valor de corrente de magnetização do motor
(CREDER, 2007).

Enquanto a abertura de um circuito capacitivo é simples, o mesmo não ocorre com o


comando de fechamento, pois o arco voltaico formado nesse processo pode diminuir a
vida útil do equipamento. Por isso, os dispositivos de manobra para esses ramais, por
exemplo disjuntores e contatores, são geralmente dimensionados para 150% do valor
de suas correntes nominais.

O cálculo da capacidade de corrente dos condutores que alimentam um banco de


capacitores, deve ser feita a partir da equação de definição de potência reativa, utilizada
várias vezes nessa aula.

Deve-se atentar, entretanto, no uso do fator √3 para os casos de circuitos


trifásicos (lembre-se dos cálculos de potência elétrica para circuitos trifásicos,
abordados na Aula 04).

Exemplo: Considere o motor trifásico do elevador social usado nos exemplos anteriores,
cuja potência mecânica é 10 cv. Considerando que seu fator de potência é 0,7 e seu
rendimento é 85%, podemos achar sua potência reativa. Sua potência ativa será dado
pela conversão de cavalo-vapor para watt, aplicando o fator multiplicativo visto na Aula
09. Assim, sua potência ativa é 7.360 W. Se o fator de potência é 0,7, a potência aparente
pode ser calculada como:

S=Pativafator de pot e^ nciaS=Pativafator de pot e^ ncia

O que nos dá uma potência aparente de 10,5 kVA, consequentemente, a potência reativa será
7,51 kVAr. Pela definição de potência, temos:
Q=√3.V.I.senθQ=√3.V.I.senθ

Repare no fator √3 devido ao sistema trifásico. Se o fator de potência (cosq) é 0,7, logo
q = 45,6º. Substituindo os valores na equação acima:

7508,7=√3.380.I.0,717508,7=√3.380.I.0,71

O que nos dá uma corrente de aproximadamente 16 A. Como os dispositivos de manobra


devem ser dimensionados para 150% do seu valor, a corrente nominal desses
dispositivos dever ser maior ou igual a 24 A.

Assista à videoaula a seguir, sobre o conceito de correção de fator de potência.

Prezados, alunos, chegamos ao final de nossa unidade. Aqui conhecemos mais sobre
máquinas elétricas, sua instalação, acionamento, controle e proteção de motores. Na
próxima unidade abordaremos luminotécnica, telefonia, medição e outros temas
importantes ao nosso curso. Bons estudos!

Você terminou o estudo desta unidade. Chegou o momento de verificar sua


aprendizagem. Ficou com alguma dúvida? Retome a leitura.

Quando se sentir preparado, acesse a Verificação de Aprendizagem da unidade no menu


lateral das aulas ou na sala de aula da disciplina. Fique atento, essas questões valem
nota! Você terá uma única tentativa antes de receber o feedback das suas respostas,
com comentários das questões que você acertou e errou.

Vamos lá?!

Aula 13 - Luminotécnica

Assista à videoaula a seguir e tenha uma breve introdução dos principais tópicos que
serão abordados na UIA 4.

A luminotécnica é a área que trata do projeto e execução de iluminação de ambientes,


levando em consideração a iluminânciaCapacidade que uma fonte de luz possui de
iluminar um ambiente.

, a eficiência luminosaRelação entre a potência elétrica consumida por uma fonte


luminosa e a iluminância produzida por ela. e as características elétricas necessárias
para sua instalação. Assim como aulas anteriores, esse assunto é extenso e pode ser
explorado com mais detalhes. Aqui na Aula 13, apresentaremos os conceitos básicos
necessários para a integração de um projeto luminotécnico em instalações elétricas
prediais.
A grandeza física básica para medir a quantidade de luz emitido por uma fonte luminosa
é o fluxo luminosoGrandeza física básica para medir a quantidade de luz emitido por
uma fonte luminosa., que corresponde à potência de radiação total emitida por essa
fonte. Esse fluxo é geralmente representado pela letra ϕϕ (fi), e medido em lumens [lm].

A capacidade que uma fonte de luz, que no nosso caso serão as lâmpadas, possuem de
iluminar um ambiente, é chamado de iluminância, que é a relação entre o fluxo luminoso
incidente numa superfície. A iluminância é medida por:

E=∅SE=∅S
Onde ϕϕ é o fluxo luminoso e S é a área iluminada. A grandeza E é a iluminância, medida
em lumens por metro quadrado [lm/m2], e popularmente conhecido com lux.

Como as fontes luminosas em instalações elétricas prediais são as lâmpadas elétricas, é


importante definir a eficiência luminosa delas, que é a relação entre o fluxo luminoso
gerado pela lâmpada e a potência consumida por ela. Essa relação é dada por:

η =ϕP η =ϕP
Onde P é a potência consumida pela lâmpada e ηη é a eficiência luminosa, medida em
lumens por watt [lm/W].

13.1. Tipos de Dispositivos de Iluminação

Atualmente, há 3 tipos básicos de lâmpadas elétricas


1. Incandescentes
2. Descargas
3. Estado sólido (LED)

13.1.1. Lâmpadas Incandescentes

As lâmpadas incandescentes são as mais antigas, sendo ainda encontradas em alguns


ambientes domésticos. Elas são formadas por um filamento metálico no interior de um
recipiente de vidro. Ao passar corrente elétrica por esse filamento, ele aquece a uma
temperatura que provoca a irradiação de ondas luminosas.

As lâmpadas incandescentes são subdivididas em basicamente dois grupos: as


incandescentes de iluminação geral e as halógenas.

As incandescentes de iluminação geral são as mais conhecidas, e por mais de um século


foram as mais vendidas mundialmente. Elas eram fabricadas em formatos de bulbos
com filamentos de tungstênio, que possui uma temperatura de fusão extremamente
alta, garantido o brilho sem derreter o metal.

A maior vantagem das lâmpadas incandescentes de iluminação geral é a baixa distorção


de cores, causando um maior conforto luminoso. Entretanto, suas baixas eficiências
luminosas, em conjunto com a evolução tecnológica de outros tipos de lâmpadas,
fizeram com que esse tipo de lâmpada fosse interrompida mundialmente. Atualmente
no Brasil não é mais permitido a fabricação desse tipo de lâmpada, contudo, ainda é
possível acha-la no mercado, pois as indústrias estão limpando os estoques de produtos
já fabricados.

As lâmpadas halógenas também são constituídas por filamentos incandescentes,


todavia, os bulbos são feitos de quartzo (mais resistente que o vidro), e no seu interior
existem gases que aumentam sua iluminância.

Dentre as vantagens, com relação à de iluminação geral, estão alta iluminância, maior
eficiência luminosa, tamanho reduzido e maior durabilidade. Entre as principais
desvantagens estão o custo maior, o alto aquecimento do ambiente iluminado e maior
risco de estilhaço espontâneo, dado que o gás no interior do bulbo é pressurizado.

Devido a esse risco, elas são revestidas por uma luminária reforçada, geralmente do tipo
dicroica. Por isso elas são popularmente conhecidas por esse nome, dado ao tipo de
refletor da luminária.

Sua principal aplicação são iluminação decorativa e de ambientes pequenos,


como mesas, balcões e obras de arte.

13.1.2. Lâmpadas de Descarga


Esse tipo de lâmpada possui esse nome pois o processo de geração de fluxo luminoso
se dá por uma descarga elétrica que excita um gás ou partículas sólidas, que por sua
vez emitem a luz. Seus principais tipos são: fluorescentes, vapor de mercúrio e vapor de
sódio.

A principal característica desse tipo de lâmpada é a necessidade de um equipamento


auxiliar necessário para iniciar e controlar a passagem de corrente elétrica na lâmpada:
o reator.

As lâmpadas fluorescentes são as mais conhecidas, sendo fabricadas em formato tubular


(reto) ou em formato compacto, os quais o tubo é retorcido, possibilitando a construção
em tamanhos reduzidos.

Comparadas às lâmpadas incandescentes, as fluorescentes têm uma eficiência luminosa


muito maior e uma durabilidade também elevada. Suas principais desvantagens são a
necessidade da instalação de um reator e distorção em alguns espectros de cor. São
geralmente indicadas para ambientes que exijam fluxo contínuo de luz, como ambientes
de trabalho e fábricas.

As lâmpadas de vapor de mercúrio e sódio, possuem um princípio de funcionamento


semelhante à fluorescente, entretanto, dentro de seus tubos há um gás que aumenta a
luminosidade. Por isso, elas geralmente são empregadas em iluminação de ambientes
externos ou grandes ambientes internos, como ginásios e estádios.

Como as lâmpadas de descarga necessitam do equipamento auxiliar (reator) para


funcionar, o esquema de ligação das luminárias é geralmente mais elaborado que em
lâmpadas convencionais, como incandescentes ou de LED.

Clique aqui e veja com mais detalhes como a luz é criada em uma lâmpada fluorescente.
Confira!

13.1.3. Lâmpadas de Estado-Sólido (LED)

Nos últimos anos, a evolução tecnológica na fabricação dos LEDs tem diminuído seu
custo, e popularizando esse tipo de lâmpada, que aos poucos está substituindo os
outros tipos disponíveis.

Um LED (Light Emitter Diode) é um dispositivo eletrônico que, ao ser alimentado por
uma corrente elétrica, emite ondas de luz. Sua aplicação no passado se restringia a
pequenos indicadores em equipamentos eletrônicos, e hoje já são usados em iluminação
de ambiente, faróis de carro e até iluminação de áreas externas.

Lâmpadas de LED possuem várias vantagens, comparadas aos outros tipos, entre eles
podemos citar: maior durabilidade, manutenção reduzida, maior eficiência luminosa,
resistente a impactos e vibrações, controle dinâmico de cor, acionamento instantâneo,
controle de intensidade variável, ausência de radiação ultra-violeta, entre outras.
A principal desvantagem, por enquanto, é o custo, que é maior que as demais lâmpadas,
entretanto, o valor de venda desse tipo de dispositivo tem diminuído ao longo dos anos,
e a tendência é baratear ainda mais.

A instalação de lâmpadas de LED é tão simples quanto as lâmpadas incandescentes


convencionais, não necessitando de reator, como as lâmpadas de descarga.

Clique aqui e veja a comparação de eficiência luminosa e durabilidade dos diversos tipos
de lâmpada. Confira!

13.1.4. Diagramas de Ligação de Lâmpadas de Descarga

A instalação de pontos de iluminação segue os critérios ilustrados na Aula 06, onde foi
mostrado a representação do ponto em uma planta baixa, e o esquema unifilar de
passagem dos condutores (fase, neutro e retorno).

No caso de lâmpadas de descarga, o esquema de ligação é ligeiramente diferente, pois


a conexão entre as lâmpadas e o reator exigem uma fiação extra, fiação essa sempre já
presente nos reatores. A figura abaixo ilustra, através de um diagrama multifilar, o
esquema de ligação típico usando reatores eletrônicos.

Figura 13.1 – Esquema de ligação de um reator eletrônico e uma lâmpada fluorescente tubular.
Fonte: Cavalin, 2010

Na figura, podemos observar que o reator possui dois fios principais (branco e preto)
que recebem a tensão da rede elétrica. Dele saem mais quatro fios que são ligados à
lâmpada.
No esquema unifilar, entretanto, esses fios não são representados, como podemos ver
na figura seguinte. Suprimir essa informação é possível pois os reatores, em sua grande
maioria, são instalados nas próprias luminárias, e por isso esses fios adicionais não são
representados na planta baixa.

Apesar de não representarmos a fiação adicional no diagrama unifilar de uma planta


baixa, podemos deixar explícito que a luminária conterá o reator (junto com toda sua
fiação), usando um símbolo específico para lâmpadas fluorescentes, como a mostra a
próxima figura.

Figura 13.2 – Representação em planta baixa da ligação de uma lâmpada fluorescente.


Fonte: Cavalin, 2010.

Analisando, agora, as duas figuras anteriores, podemos perceber que os condutores


representados na planta baixa são os mesmos das lâmpadas convencionais. No
eletroduto que conecta o quadro de distribuição ao ponto de iluminação, temos os
condutores fase, neutro e terra. Entre o ponto de iluminação e o interruptor, temos os
condutores fase e retorno, pois o fio neutro é ligado diretamente no reator.

É possível, também, ligarmos mais de uma lâmpada em um mesmo reator,


aumentando o fluxo luminoso no local. Para isso, seria preciso um reator
próprio, que possui fiação necessária, como o ilustrado no esquema multifilar
abaixo.

Figura 13.3 – Esquema multifilar de um reator duplo, usado para acionar duas lâmpadas
fluorescentes simultaneamente. Fonte: Cavalin, 2010.

No caso acima, a representação de um reator duplo é indicado textualmente, como


mostrado na figura abaixo.
Figura 13.4 – Esquema unifilar de um reator duplo. Fonte: Cavalin, 2010.

13.1.5. Métodos de Projetos Luminotécnicos

Existem vários métodos específicos para desenvolvimento de projetos de luminotécnica,


muitos deles exigem conhecimento detalhados e geralmente são executados por
empresas especializadas, por exemplo o método ponto por ponto e o método das
cavidades zonais.

Dos métodos genéricos de projeto luminotécnico, podemos citar o método de carga


(elétrica) mínima e o método dos lumens.

13.1.6. Método da Carga Mínima

A norma NBR (2008)ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR


5410: Instalações elétricas de baixa tensão. 2008. estabelece a carga elétrica mínima
para pontos de iluminação, com relação à área de um determinado cômodo. Nesse
método, a carga mínima especificada é dada pelo seu consumo de potência elétrica,
tendo como referência uma lâmpada incandescente convencional.

Logicamente que esse método é aproximado, pois não considera as eficiências


luminosas entre os diferentes tipos de lâmpadas, e portanto, devem ser aplicadas
somente em projetos residenciais simples. Para projetos de ambientes comerciais ou
industriais, um projeto mais detalhado deve ser aplicado.

13.1.7. Método dos Lumens

Esse método consiste em determinar a iluminância exigida em cada ambiente, e escolher


o tipo de lâmpada e luminária que atendem a esses requisitos.
A iluminância exigida em cada tipo de ambiente é normatizado pela NBR 5413
(1992)ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 5413: Iluminância de
interiores. 1992., que fornece o fluxo luminoso mínimo para cada caso. Esses valores
de fluxo mínimo são fornecidos na forma de uma tabela contendo três valores para cada
tipo de ambiente, que devem ser aplicados segundo os critérios a seguir.

Primeiro, determina-se a faixa de valor baseado nas características da tarefa e do


observador, fornecida pela norma e reproduzida abaixo.

CARACTERÍSTICAS PESO

Idade -1 0 1

Inferior aos 40 anos 40 a 55 anos Acima de 55 a

Velocidade e precisão Sem importância Importante Crítica

Refletância do fundo da tarefa Superior a 70% 30 a 70% Inferior a 30%

Tabela 13.1 – Fatores determinantes da iluminância adequada. Fonte: NBR 5413 (1992).

O procedimento será:

1. Analisar a característica para determinar o peso;


2. Somar os três valores (com sinal)
3. Se o valor da soma for -3 ou -2, usar o valor inferior do grupo. Se o valor for +2 ou +3,
usar o valor superior. Nos outros casos, usar o valor intermediário.

Exemplo: Em uma oficina de inspeção de aparelhos de TV, a ocupação é, primariamente, por


pessoas com menos de 40 anos, e o ambiente possui uma refletância de 80%. Consultando a
tabela acima, o critério de idade nos dá um peso de -1, o critério de velocidade e precisão nos dá
um peso 0, e a refletância nos dá um peso -1. O peso total será, portanto, -2, o que nos permite
usar o valor inferior dos fornecidos pela norma.

Consultando a NBR 5413 (1992), podemos ver, por exemplo, que, no seu item 5.3.47,
os níveis de iluminância para áreas de ensaios e inspeção de uma indústria de materiais
elétricos (o que mais se aproxima do nosso exemplo anterior), os valores mínimos são
300, 500 e 750 lux. Como nosso peso, segundo os critérios da tabela 13.1, foi -2,
podemos usar o valor inferior, ou seja, 300 lux.

Após a determinação da iluminância mínima de um ambiente, podemos escolher o tipo


de lâmpada, e luminária, que atendem essa especificação. Feita essa escolha, a potência
elétrica dos componentes escolhidos serão usados para os cálculos de dimensionamento
de condutores a serem utilizados para essa instalação, segundo os procedimentos vistos
na Aula 07.

Aula 14 - Telefonia e Rede

14.1. Circuitos de Telefonia e Rede

Até meados da década de 90, os serviços de telecomunicações eram


oferecidos por concessionárias estatais, no mesmo modelo das
empresas de fornecimento de água e energia elétrica. Além disso, o
principal serviço prestado era o de telefonia, pois os serviços de
internet e TV por assinatura ainda eram novidade (e caros).
Atualmente, a telefonia continua presente, mas esses dois outros
serviços são quase tão comuns quanto.

Além dos serviços prestados pelas empresas de telecomunicações,


outras aplicações, internas às edificações, exigem uma infra-
estrutura de transmissão de dados, tais como sistemas de
vigilância, interfones, sistemas de segurança e incêndio, além da
automação predial, que evolui e oferece novas aplicações a cada
ano.

Devido a essas mudanças, várias normas que determinavam os


padrões de instalação de infra-estrutura de telecomunicações
foram canceladas pela ABNT, sem substituição. Como exemplo,
tem-se a NBR 13300 (1995), NBR 13301 (1995), NBR 13726 (1996),
NBR 13727 (1996), entre outras.

Apesar das grandes mudanças, alguns requisitos técnicos no


projeto de infra-estrutura de dados ainda prevalecem e
devem ser observados ao executar um projeto de instalações
para circuitos de telefonia e dados.

O primeiro deles, e o mais importante de todos, é relativamente


simples: todos as tubulações, shafts, caixas de passagem,
interconexões, e demais componentes de um sistema de telefonia e
dados, devem ser separados e independentes dos componentes de
fornecimento de energia elétrica. Sempre!

Em outras palavras, nunca misture cabos de energia com


cabos de dados! O motivo dessa regra de ouro é fácil de
compreender.

Uma corrente elétrica produz em sua volta um campo magnético, e um campo


magnético pode induzir corrente elétrica (esse é o princípio de funcionamento
das máquinas elétricas). As correntes elétricas para transmissão de informação,
geralmente são muito pequenas, na ordem de mili-amperes, já as correntes de
fornecimentos de energia podem atingir alguns amperes (um chuveiro elétrico
consome 20 A), ou seja, pode atingir valores até mil vezes maior que as
correntes de dados.

Essa alta corrente elétrica que flui nos cabos de fornecimento de


energia, geram em torno de si um grande campo magnético. Se
cabos de dados são instalados na mesma tubulação, esse campo
magnético irá interferir na pequena corrente elétrica que carrega
informação, podendo gerar perda de dados e ruído no sinal
recebido.

Dessa forma, todas as edificações devem possuir, pelo menos, dois


sistemas de tubulação elétrica (eletrodutos) independentes, o de
fornecimento de energia e o de transmissão de dados.

14.1.1. Sistemas de Telecomunicações em Edificações Residenciais


O sistema de transmissão de dados, entretanto, pode ser
subdividido em outras duas classes distintas: os serviços prestados
por concessionárias (telefone, internet, TV) e os serviços
necessários internamente por uma residência, comércio ou
condomínio (sistema de vigilância, interfone, automação, etc).

Esses dois diferentes serviços não causam, necessariamente,


interferências uns nos outros, e tecnicamente poderiam
compartilhar a mesma infra-estrutura. Entretanto, as empresas que
fornecem os serviços de internet e telefonia, podem exigir um
sistema independente para os serviços de terceiros. A justificativa
das empresas é que as atividades de instalação e manutenção dos
equipamentos e cabos de um sistema interno de dados, pode causar
danos ao sistema de telefonia e internet externo.

Como exemplo, um condomínio pode decidir instalar câmeras de


vigilância nos elevadores, e pra isso instala os cabos de transmissão
de vídeo no mesmo eletroduto da telefonia de uma empresa terceira
(Vivo, Oi, NET, ou qualquer outra). Ao fazer essa instalação, um cabo
da empresa é avariado, e moradores do condomínio ficam sem
internet. Naturalmente eles reclamarão com a empresa, que será
obrigada a corrigir o problema e ressarcir os prejuízos. Problemas
que não foram causados por ela.

Em resumo, as edificações, especialmente as coletivas,


devem possuir dois sistemas de transmissão de dados
distintos, um para seus serviços internos, e outro para
empresas terceiras.

A figura abaixo mostra um exemplo ilustrativo da tubulação de


entrada de uma residência individual. Perceba que, desde o poste
na via pública, os eletrodutos de energia e telefonia são
independentes.
Como o sistema a ser disponibilizado por empresas terceiras será
de responsabilidade dela, essas empresas tem a prerrogativa de
recusar instalar seus equipamentos caso a edificação não atenda
seus critérios de instalação.

Clique aqui e veja os manuais e orientações para construção de


infra-estrutura de uma empresa prestadora de serviços de
telecomunicações.

14.1.2. Sistemas de Telecomunicações em Edificações Comerciais

Em edifícios comerciais, os serviços de comunicação necessários


são mais abrangentes. Em geral são também instalados serviços
internos, como vigilância, segurança e automação, e serviços
externos como telefonia e internet. Além disso, os edifícios
comerciais geralmente possuem uma ampla e complexa rede de
dados, comumente de computadores, exigindo o projeto de uma
infra-estrutura de cabeamento estruturado mais complexa.
Para esses tipos de projetos, ainda há normas que estabelecem os
critérios de projeto e execução desses sistemas. Dentre elas
podemos citar a NBR 14771 (2007), NBR 14772 (2006) e NBR 15108
(2004), que tratam de cabos ópticos ou a NBR 14565 (2013), que
trata dos cabeamentos estruturados (cabos de rede).

14.1.3. Ligação dos Circuitos de Dados

No caso de unidades consumidoras individuais (casas, por


exemplo), o esquema de conexão dos cabos pode ser simples, como
o ilustrado na figura 14.1.

Em casos de habitações coletivas ou instalações comerciais, um


sistema de distribuição de dados é sugerido pela NBR 14565
(2013)ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR
14565: Procedimento básico para elaboração de projetos de
cabeamento de comunicações para rede interna estruturada. 2013.,
como a figura mostrada abaixo.
Na figura acima, o componente SET é o espaço destinado a receber
os cabos e equipamentos das empresas prestadoras de serviços de
telecomunicações. Desse espaço, são feitas as conexões para
espaços secundários SEQ, um para cada edificação, de onde partirão
os cabos para os diversos pavimentos.

Em cada pavimento, há um armário de telecomunicações (AT),


geralmente instalado em corredores, que pode abrigar
equipamentos eletrônicos necessários para o serviço.

Desse espaço partem os componentes para os PCCs, espaço


geralmente usado para mudar o tipo de cabo (de um mais robusto
para um de menor porte). Por fim, saindo dos PCCs, os cabos são
conectados aos seus pontos de utilização, que podem ser estações
de trabalho ou pontos de TV de uma residência.

14.1.4. Automação Residencial

A automação residencial é uma realidade presente na maioria das


unidades consumidoras do Brasil, e vem crescendo a cada dia.
Começando com o significado do seu nome, “automação” equivale
a tornar automático e autônomo uma determinada tarefa, ou seja,
realizá-la sem interferência humana.

A automação é famosa em aplicações como a robótica na indústria,


onde robôs fazem o papel de seres humanos na montagem de
equipamentos. Mas várias aplicações autônomas vêm ganhando
espaço em clientes residenciais.

Alguns exemplos de sistemas automatizados, podemos citar sistemas de


iluminação interna com sensores de presença, que acendem e apagam com a
presença ou ausência de alguém, sem a necessidade de interruptores. Sistemas
de iluminação externa, que acendem e apagam de acordo com a luminosidade
natural. Sistemas de irrigação de jardins, que ligam e desligam a partir de
medições automáticas de umidade do solo. Fechaduras automáticas, portões de
garagem automáticos, climatizadores, etc.

As possibilidades são inúmeras, e a cada dia novos produtos


chegam no mercado oferecendo a automação de serviços que antes
necessitavam de intervenção pessoal, como a ação de liga-desliga,
por exemplo.

As principais consequências da popularização desse tipo de


sistema, que vem sendo cada vez mais instalado em várias
residências e condomínios residenciais, são, principalmente, duas:
uma necessidade de mais pontos de tomada, e uma necessidade de
mais tubulações de dados.

Os equipamentos de sistemas de automação são, como esperado,


eletrônicos e mecânicos, sendo o segundo com acionamento
eletrônico. Consequentemente, necessitam de alimentação de
energia elétrica, o que acarreta em mais pontos de utilização no
projeto de instalações elétricas (Aula 06). Apesar da inclusão desses
pontos seja uma tarefa relativamente simples no dimensionamento
dos circuitos elétricos, a conexão desses pontos exige tubulação
adicional, que deve ser prevista no projeto de execução (Aula 08).

A segunda consequência é a necessidade de transmissão de dados,


geralmente os sensores que farão as leituras necessárias para a
ação dos sistemas automatizados. Por exemplo, os sinais
provenientes de sensores de luminosidade, sensores de presença,
sensores de umidade de solo, etc. Esses sinais, assim como os sinais
de dados de telefonia e internet, devem ser instalados em
tubulações independentes dos eletrodutos de energia, que também
devem ser previstos no projeto de execução.

Assista ao vídeo a seguir e veja o que já está disponível no ramo da


automação residencial.

Aula 15 - Entrada de Energia Elétrica de Baixa Tensão

15.1. Fornecimento em Baixa Tensão (BT)


A norma NBR 5410 (2008)ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR
5410: Instalações elétricas de baixa tensão. 2008., em seu item 1.2.2, define sua
aplicação à circuitos alimentados com tensão nominal inferior a 1.000 V em tensão
alternada. Assim, instalações de 380 V de tensão de linha, são consideradas instalações
de baixa tensão.

A tensão trifásica fornecida para as unidades consumidoras no Distrito Federal é tida


como uma tensão de 380/220 V (tensão de linha e tensão de fase, respectivamente),
como comentado nas aulas anteriores. Entretanto, a concessionária de energia pode
fornecer energia elétrica em diferentes tensões, a depender do tipo de consumo e da
potência a ser fornecida.

As condições gerais de fornecimento de energia são regulamentadas pela Agência


Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), pela sua Resolução Normativa 414 (2010)ANEEL –
Agência Nacional de Energia Elétrica. Resolução Normativa 414. 2010., complementada
pela Resolução Normativa 449 (2011)ANEEL – Agência Nacional de Energia
Elétrica. Resolução Normativa 449. 2011.. As condições específicas, entretanto, são
definidas pelas concessionárias de distribuição.

Esses critérios específicos do nível de tensão a ser entregue são determinados pela
concessionária, e portanto, varia para cada estado da Federação. Nessa aula trataremos
somente do caso do Distrito Federal, logo, das normas definidas pela Companhia
Energética de Brasília (CEB).

Clique aqui e consulte as Normas Técnicas de Distribuição da CEB e conheça mais


detalhes dessas normas, em especial a seção 06, que trata das normas de fornecimento
de energia.

15.1.1. Tensões de Fornecimento

A CEB estabelece dois níveis de fornecimento de tensão: a tensão primária, de 13,8 kV


(tensão de linha), e a tensão secundária, de 380 V (tensão de linha). Portanto, o
fornecimento em baixa tensão é, segundo a CEB, um fornecimento em tensão
secundária.

O fornecimento pela CEB de energia elétrica em tensão primária, ou seja, em 13.800 V,


somente será realizado para unidades consumidoras com potência instalada superior a
75 kW, onde potência instalada é a soma das potências nominais dos equipamentos
elétricos em condições de entrar em funcionamento.

Em geral, o fornecimento de energia em tensão primária é aplicada para grandes


unidades consumidoras, como condomínios, hospitais, aeroportos, centros
empresariais, centros comerciais, entre outros.

Como a tensão é entregue ao consumidor em uma tensão de 13,8 kV, é de


responsabilidade do consumidor, com aprovação da CEB, a construção de uma estação
abaixadora, que fará a conversão do valor da tensão para o nível de 380 V.

Para unidades consumidoras com carga instalada de até 75 kW, ou demanda de até 65
kVA, o fornecimento de energia pela CEB será em tensão secundária, ou seja, 380 V.
Repare que a unidade de potência mudou (W e VA) quando especificado potência
instalada ou demanda de potênciaPrevisão das potências nominais dos equipamentos
elétricos a serem instalados em uma unidade consumidora, incluindo fatores de
demanda e fatores de simultaneadade dos equipamentos.. A diferença para a demanda
de potência, é a consideração do fator de demanda (Aula 07), que presume que nem
todas as cargas entrarão em funcionamento ao mesmo tempo.

A norma que estabelece os padrões para instalações elétricas de ramais de entrada para
fornecimento em tensão secundária é a NTD 6.01 (2014). Essa norma se restringe a
estabelecer os critérios somente para o ramal de entrada, visto que ela não sobrepõe à
norma NBR 5410 (2008).
15.1.2. Padrões da Concessionária

Dado que a tensão a ser entregue pela CEB é de 380 V (tensão de linha) e 220 V (tensão
de fase), as resoluções da ANEEL, e consequentemente a NTD 6.01 (2014), definem os
valores mínimos e máximos que a concessionária é obrigada a fornecer, sob pena de
sanções legais. Os valores mínimos são 348 V (tensão de linha) e 201 V (tensão de fase),
enquanto os valores máximos são 396 e 229 V.

Apesar da tensão fornecida pela CEB ser sempre 380/220 V para unidades consumidoras
de baixa tensão, o número de fases entregues a cada unidade pode variar de acordo
com a potência instalada (ou demanda de potência) exigidas por cada uma. Dessa forma,
a concessionária pode melhorar o balanceamento das fases da rede de distribuição (para
lembrar de balanceamento de cargas trifásicas, releia a Aula 04).

A CEB divide os padrões de fornecimento em 3 grupos principais: M (monofásico), B


(bifásico) e T (trifásico). Cada grupo desses é subdividido em outros grupos, sendo
definido para cada um deles especificações de cabos e disjuntores de conexão. São eles:

Medição monofásica, constituída por 1 condutor fase e 1 condutor neutro com tensão de 220 V
M1
unidades consumidoras com carga instalada de até 8 kW;

Medição monofásica, constituída por 1 condutor fase e 1 condutor neutro com tensão de 220 V
M2
unidades consumidoras com carga instalada de 8 a 11 kW;

Medição bifásica, constituída por 2 condutores fase e 1 condutor neutro com tensão de 380 V e
B1
fases e 220 V entre fase e neutro, para unidades consumidoras com carga instalada de 11 a 15 k

Medição bifásica, constituída por 2 condutores fase e 1 condutor neutro com tensão de 380 V e
B2
fases e 220 V entre fase e neutro, para unidades consumidoras com carga instalada de 15 a 22 k

Medição trifásica, constituída por 3 condutores fase e 1 condutor neutro com tensão de 380 V e
T1 duas fases e 220 V entre fase e neutro, para unidades consumidoras com demanda de potência d
kVA;
Medição trifásica, constituída por 3 condutores fase e 1 condutor neutro com tensão de 380 V e
T2 duas fases e 220 V entre fase e neutro, para unidades consumidoras com demanda de potência d
33 kVA;

Medição trifásica, constituída por 3 condutores fase e 1 condutor neutro com tensão de 380 V e
T3 duas fases e 220 V entre fase e neutro, para unidades consumidoras com demanda de potência d
45 kVA;

Medição trifásica, constituída por 3 condutores fase e 1 condutor neutro com tensão de 380 V e
T4 duas fases e 220 V entre fase e neutro, para unidades consumidoras com demanda de potência d
65 kVA;

15.1.3. Execução das Instalações

Ao fim do projeto de instalações elétricas, o projetista irá determinar a potência da


unidade consumidora projetada. A partir desse valor de carga instalada (ou demanda de
potência), deverá ser apresentado a CEB o projeto e solicitado o fornecimento da energia,
que seguirá um dos 8 tipos listados acima. O critério de seleção será definido pela CEB.

Os prazos de execução dos serviços providos pela CEB, assim como os direitos e
responsabilidades tanto da empresa quanto dos consumidores estão descritos na NTD
6.01 (2014).

15.1.4. Ramais

O ramal de entrada consiste nas ligações elétricas instaladas pela concessionária de


energia com o intuito de fornecer energia elétrica para as unidades consumidoras. Esses
ramais podem ser de tipos diferentes, a depender do tipo de rede de distribuição
disponível no local, do tipo de unidade consumidora e da potência instalada da unidade.

As redes de distribuição atualmente empregados pela CEB são do tipo aérea, instaladas
em postes, e subterrânea. As redes mais antigas são do primeiro tipo, os bairros mais
novos seguem, geralmente, o segundo tipo de distribuição.

15.1.5. Entradas Individuais

No caso de redes aéreas de distribuição, há 3 formas de conectar a rede de distribuição


ao ramal de entrada da unidade. Cada uma dessas diferentes formas estão ilustradas
nas figuras abaixo.
Caso queira ver as ilustrações a seguir em melhor qualidade, clique aqui e acesse a NTD
6.01 da CEB (Companhia Energética de Brasília).

Para conhecer mais Normas Técnicas de Distribuição da CEB, clique aqui e acesse o link.

Figura 15.1 – Padrão de entrada a partir de rede aérea instalada em muro frontal. Fonte: NTD
6.01 (2014).

Figura 15.2 – Padrão de entrada a partir de rede aérea instalada em mureta lateral. Fonte: NTD
6.01 (2014).
Figura 15.3 – Padrão de entrada a partir de rede aérea instalada em muro frontal por eletroduto
subterrâneo. Fonte: NTD 6.01 (2014).

No caso de redes subterrâneas, mais comuns em bairros mais novos, a conexão ao ramal
de entrada é feita, também, de forma subterrânea, como mostra a figura abaixo.

Figura 15.4 – Padrão de entrada a partir de rede subterrânea instalada em muro frontal. Fonte:
NTD 6.01 (2014).

A NTD 6.01 (2014) aceita 9 tipos diferentes de padrões de entrada de energia para
unidades consumidoras individuais, onde são instalados os medidores de consumo. A
norma técnica estabelece, em seu item 10.5, que “o acesso dos funcionários da CEB e/ou
prepostos do padrão de entrada deve ser fácil e perfeitamente livre”.

Cada um dos tipos de padrão de entrada são ilustrados nas figuras a seguir.
Figura 15.5 – Padrão de entrada em muro. Fonte: NTD 6.01 (2014).

Figura 15.6 – Padrão de entrada em mureta lateral. Fonte: NTD 6.01 (2014).
Figura 15.7 – Padrão de entrada com grade em muro lateral. Fonte: NTD 6.01 (2014).

Figura 15.8 – Padrão de entrada com grade. Fonte: NTD 6.01 (2014).
Figura 15.9 – Padrão de entrada com grade em parede lateral. Fonte: NTD 6.01 (2014).

Figura 15.10 – Padrão de entrada com grade em mureta frontal. Fonte: NTD 6.01 (2014).
Figura 15.11 – Padrão de entrada com ancoragem em poste sem alvenaria. Fonte: NTD 6.01
(2014).

Figura 15.12 – Padrão de entrada com ancoragem em poste em mureta lateral. Fonte: NTD 6.01
(2014).
Figura 15.13 – Padrão de entrada com ancoragem em parede. Fonte: NTD 6.01 (2014).

Assista a um vídeo didático sobre a instalação de um padrão de entrada de energia, com


demonstração dos detalhes construtivos desse padrão.

15.1.6. Entradas Coletivas

As edificações de unidades consumidoras coletivas, contendo acima de 6 unidades


individuais (por exemplo, condomínios verticais), os critérios de instalação do ramal de
entrada e dos equipamentos de medição são regidos pela Norma Técnica NTD 6.07
(2014).

Para esse tipo de unidade, é também previsto a conexão com redes de


distribuição aérea e subterrânea, e devem entrar, preferencialmente pela frente
do prédio e não cruzar terrenos de terceiros.

Os requisitos técnicos previstos para esse tipo de unidade consumidora são mais
extensos e detalhados, visto que podem acarretar obras em vias públicas e estações
abaixadoras em suas dependências. Todos os requisitos técnicos estão descritos na NTD
6.07 (2014).

15.1.7. Cálculo de Demanda de Entrada

Para o caso de unidades consumidoras individuais, a NTD 6.01 (2014) indica as formas
de cálculo de demanda de entrada. A Norma estabelece “Para dimensionar o padrão de
entrada é necessário determinar a carga instaladaSoma das potências nominais dos
equipamentos elétricos instalados na unidade consumidora, em condições de entrar em
funcionamento.que define o tipo de fornecimento M ou B, e demanda para os tipos T,
ou seja, aqueles com cargas instaladas superiores a 22 kW”.

O primeiro passo é determinar a carga instalada da edificação. Para isso, o consumidor


deve somar as potências, em kW, para todos as previsões de aparelhos a serem ligados
na rede elétrica, tais como iluminação, aparelhos eletrodomésticos e motores. Os
aparelhos com previsão de aquisição e futura instalação, também devem ser
considerados.

Caso essa potência instalada seja menor ou igual a 22 kW, o fornecimento será feito
pelo tipo M ou B, caso contrário, será do tipo T e a demanda de potência deve ser
calculada.

O cálculo dessa demanda provável de potência a ser consumida é de inteira


responsabilidade do consumidor. Entretanto, a CEB sugere uma forma de cálculo,
baseada na equação:

D=a+b+c+dD=a+b+c+d

Na equação acima, cada termo representa uma porção do consumo de energia. A letra
a, é a demanda de potência dos pontos de iluminação e tomadas. A letra b, a demanda
de potência de equipamentos de aquecimento e condicionamento de ar. A letra c, a
demanda de motores e máquinas de solda e, por fim, a letra d, a demanda de potência
de máquinas de solda a transformador e aparelhos de raio-X.

Como exemplo, calcularemos a demanda de potência de uma edificação que possui a


seguinte previsão:

 3.200 W de iluminação;
 5.000 W de tomadas;
 3 chuveiros de 5.600 W cada;
 2 aparelhos de arcondicionado de 10.000 BTU (1,65 kVA)
 2 motores monofásicos de 3 cv (3,3 kVA) cada, e;
 2 motores trifásicos de 3 cv (3,49 VA) cada.

Aplicando as regras acima, teremos:

a. =3.200+5.000=8,2kW=3.200+5.000=8,2kW
b. =3×5.600×0,55+2×1.650×0,92=12,27kVA=3×5.600×0,55+2×1.650×0,92=12,27kVA
c. =2×3.300+2×3.490=13,58kVA=2×3.300+2×3.490=13,58kVA
d. =0=0

Os fatores multiplicativos de 0,55 e 0,92, aplicados no cálculo de b, são devidos aos


fatores de correção (nesse caso de demanda) sugeridos pela CEB, e explicados na Aula
07.
Assim, a demanda total de potência para essa edificação será D = 34,05 kVA. Dessa
forma, o fornecimento de energia será do tipo T2.

Aula 16 - Medição e Tarifação

16.1. Medição de Energia Elétrica

Os equipamentos elétricos possuem uma potência de utilização, o que significa que,


para poderem funcionar, eles consumirão uma potência elétrica específica. Das aulas de
física, lembramos que potência é uma energia instantânea, ou em outras palavras,
energia é o consumo (ou produção) de potência durante um certo intervalo de tempo.

Assim, ao ligarmos um equipamento elétrico durante um certo intervalo, iremos


consumir uma energia elétrica, que é fornecida pela concessionária de distribuição. Esse
consumo dependerá, diretamente, da potência dos equipamentos utilizados, e o tempo
que cada um permaneceu ligado.

A unidade usada comercialmente para medição e faturamento de energia elétrica


é o quilowatt-hora (kWh), que é a multiplicação da potência, medida em
quilowatt (kW), multiplicada pelo tempo de consumo, medido em horas.
A energia elétrica consumida deve ser medida para, então, ser faturada. O equipamento
que realiza a medição da energia é o medidor de energiaEquipamento eletromecânico
ou eletrônico utilizado para medição de energia elétrica em unidades
consumidoras. elétrica, popularmente conhecido como relógio de luz. Como vimos na
aula anterior, esse equipamento deve ser instalado em local acessível ao funcionário da
concessionária, para que ele possa emitir a fatura sem a necessidade da presença do
morador.

Como a unidade consumidora pode ser abastecida com tensão monofásica, bifásica ou
trifásica, naturalmente existem medidores para 2, 3 e 4 fios (incluindo o condutor
neutro). Esse equipamento é fornecido e instalado pela concessionária de distribuição,
que especificará o modelo adequado para a unidade consumidora requerente.

Em um projeto de instalação elétrica predial, os medidores são instalados dentro da


propriedade da unidade consumidora, no ramal de entrada de energia, logo depois da
proteção geral (disjuntor). É repetida abaixo a figura da Aula 14, que mostra um exemplo
ilustrativo de uma residência de dois pavimentos, detalhando os componentes de um
ramal de entrada.
Figura 16.1 – Ilustração do ramal de entrada e localização do medidor de energia em uma
unidade consumidora residencial individual. Fonte: Cavalin, 2010.

Na figura acima, podemos observar a conexão da rede de distribuição (nesse caso aérea)
e o ramal de entrada da residência. Essa conexão é feita pelo eletroduto em forma de
bengala, que é ligado à caixa de medição.

Nessa caixa, são instalados o disjuntor geral, que terá um valor nominal a depender da
carga instalada (ou demanda de potência), que então é conectado ao medidor. Esses
detalhes podem ser melhor visualizados na figura abaixo.
Figura 16.2 – Detalhe da caixa de medição de uma unidade consumidora residencial individual.
Fonte: Cavalin, 2010.

No caso de uma unidade consumidora coletiva, o quadro geral de distribuição da


unidade consumidora será localizado na edificação, geralmente no pavimento térreo ou
no primeiro subsolo, ao contrário das unidades individuais, as quais possuem o quadro
geral próximo a via pública.

Como o quadro geral de distribuição se localiza na edificação, os medidores de energia,


que serão instalados depois do quadro geral, também serão instalados dentro da
edificação.

A NTD 6.07 (2014), permite que esses medidores sejam agrupados em um único centro
de mediçãoCaixa ou armário contendo os medidores de energia elétrica instalados pela
concessionária de distribuição. (armário contendo os medidores), geralmente também
localizado no térreo ou no primeiro subsolo, mas também permite que os medidores
possam ser instalados de forma distribuída nos pavimentos superiores, sendo
respeitadas algumas condições como:
1. o edifício deve possuir elevador;
2. caso o edifício tenha até 7 pavimentos, um único centro de medição deve concentrar no
mínimo 12 unidades consumidoras;
3. em prédios com mais de 7 pavimentos, os medidores dos 5 primeiros pavimentos devem
estar em um único centro de medição no térreo (ou no primeiro subsolo);
4. em prédios com mais de 7 pavimentos, os pavimentos acima do quinto devem ser
agrupados em um único centro de medição com pelo menos 3 pavimentos por centro de
medição (nunca com menos de 6 medidores);
5. no caso de centros de medição localizados nos pavimentos superiores (que não sejam no
térreo ou subsolo), eles devem estar localizados em corredores ou compartimentos
próximos a elevadores, como mostra a figura abaixo.

Figura 16.3 – Localização dos centros de medição em edifício de mais de 7 pavimentos. Fonte:
NTD 6.07 (2014) adaptada.
Na figura acima, os quadros de distribuição de cada unidade consumidora estão
representados por retângulos pretos, dois por pavimento. Os quadros de medição, que
concentram mais de dois apartamentos, estão destacados com círculos vermelhos.

16.1.1. Legislação e Normas de Medição

A ANEEL é a instituição responsável por regular a geração, transmissão e distribuição de


energia elétrica. Dentro das normas e resoluções que tratam da distribuição de energia,
há aquelas que regulamentam a medição da energia.

A Resolução Normativa 414 (2010)ANEEL – Agência Nacional de Energia


Elétrica. Resolução Normativa 414. 2010., que estabelece as condições gerais de
fornecimento de energia elétrica, dispões no Artigo 72 (Seção I, Capítulo IV): “A
distribuidora é obrigada a instalar equipamentos de medição nas unidades
consumidoras, exceto quando o fornecimento for provisório ou destinado para
iluminação pública, semáforos, iluminação de vias internas de condomínios”.

Adicionalmente, seu Artigo 73 estabelece: “O medidor e demais equipamentos de


medição devem ser fornecidos e instalados pela distribuidora, às suas expensas, exceto
quando previsto o contrário em legislação específica.”

Em outras palavras, uma vez requisitada a instalação do fornecimento de energia elétrica


em unidades consumidoras do Distrito Federal, é de inteira responsabilidade da CEB o
fornecimento do medidor e sua correta instalação.

Essa resolução, contudo, regulamenta o serviço de medição, enquanto que a Resolução


Normativa 502 (2012)ANEEL – Agência Nacional de Energia Elétrica. Resolução
Normativa 502. 2012.regulamenta as características técnicas básicas que os aparelhos
de medição devem possuir.

Por fim, os detalhes técnicos que os aparelhos de medição de energia devem possuir,
são definidos no PRODIST, Módulo 5 (2007), parte integrante dos Procedimentos de
Distribuição de Energia Elétrica no Sistema Elétrico Nacional (PRODIST), um conjunto de
documentos elaborados pela ANEEL que normatizam e padronizam as atividades
técnicas relacionadas ao funcionamento e desempenho dos sistemas de distribuição de
energia elétrica.

A responsabilidade da CEB, portanto, é respeitar as normas e regras


estabelecidas pelos documentos citados acima.

16.1.2. Legislação e Normas de Tarifação

As normas de tarifação da energia elétrica consumida também são definidas pela ANEEL,
que estabelece as formas de tarifação e define as responsabilidades de concessionárias
de distribuição e consumidores.
A partir de 2015, a tarifação de energia em todo país passou a ser aplicado sob o sistema
de Bandeiras Tarifárias, aplicado a todas as concessionárias conectadas ao Sistema
Interligado Nacional (SIN). O único estado a não fazer parte do SIN é Roraima.

Essas bandeiras foram criadas para acompanhar as condições e custos associados à


geração de energia. São três cores de bandeiras: verde, amarela e vermelha, sendo essa
última subdividida em patamar 1 e patamar 2.

Quando as condições de geração de energia são favoráveis, o sistema recebe a bandeira


verde, e a tarifa correspondente não sofre alteração. Caso as condições de geração sejam
menos favoráveis, é atribuída a bandeira amarela, e a tarifa sofre um acréscimo de R$
0,020 para cada quilowatt-hora consumido.

Nos casos onde as condições de geração de energia mais severas, é atribuída a bandeira
vermelha, a qual os patamares 1 e 2 são também definidos pelas condições de geração.
Os acréscimos da tarifa, para cada patamar, são R$ 0,030 e R$ 0,035, respectivamente,
por quilowatt-hora consumido.

Por exemplo, em um determinado período do ano, o país é atingido por uma seca
prolongada, e com isso a produção de energia (majoritariamente hidrelétrica) fica mais
cara, pois dependerá de mais usinas termelétricas. Nesse período, a bandeira tarifária
pode sofrer uma alteração, junto com a tarifa cobrada dos consumidores.

Clique aqui e navegue no site da ANEEL e aprenda um pouco mais sobre as diferentes
bandeiras tarifárias.

Além das três bandeiras citadas acima, a ANEEL criou uma quarta categoria tarifária, a
chamada tarifa branca. Esse sistema tarifário estabelece três valores distintos para a
tarifa de energia, que variam de acordo com a hora do dia. Essa tarifa pode ser aplicada
a qualquer consumidor do grupo B (explicado mais adiante) que requisitar esse tipo de
tarifação.

Nos horários de ponta, quando a média nacional de consumo é maior, a tarifa é mais
cara que a convencional. Nos horários fora de ponta, a tarifa é reduzida. Nos horários
intermediários (entre os horários de ponta e fora de ponta), a tarifa está entre as duas
anteriores, mas acima da tarifa convencional.
Figura 16.4 – Gráfico ilustrativo da aplicação da tarifa branca em comparação com a tarifa
convencional. Fonte: www.aneel.com.br (acessado em 6 de abril de 2017)

A figura acima mostra os gráficos com a comparação entre as tarifas branca e


convencional. Neles pode-se perceber que durante os horários fora de ponta, a tarifa a
ser cobrada é menor que a convencional. Essa tarifa foi criada para incentivar o consumo
de energia em horários fora do pico de fornecimento, diminuindo a sobrecarga que as
concessionárias enfrentam nesses períodos.

Clique aqui e leia mais sobre a tarifa branca e decida se você, como consumidor final,
seria beneficiado com essa forma de tarifação.

Apesar das normas e padrões nacionais, cada estado é abastecido por uma
concessionária, com diferentes custos operacionais, além de impostos estaduais com
diferentes valores.

No caso da CEB, toda tarifa é composta por duas parcelas: a parcela A, que é composta
pelos custos considerados não-gerenciáveis, ou seja, controlados pela ANEEL, e a
parcela B, que são considerados gerenciáveis, ou seja, são administrados pela
concessionária, por exemplo, custos operacionais.

A CEB divide os consumidores em dois grupos diferentes, que possuem tarifação


própria. O primeiro é o grupo A, aplicado a grandes consumidores do setor elétrico,
geralmente com fornecimento em tensão primária (13,8 kV) que são ainda subdivididos
em horo-sazonal azul e horo-sazonal verde, que variam de acordo com os horários de
maior consumo.
O segundo grupo tarifário é o grupo B, destinados aos consumidores de baixa tensão,
que compreende a maior parte dos consumidores do Distrito Federal. Esse grupo é
subdividido em 4 subgrupos: B1 – classe residencial, B2 – classe rural, B3 – classes
industrial, comercial, serviço público e poder público, B4 – classe iluminação pública.

Para concluir assista à videoaula a seguir, sobre medição e tarifação de energia.

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