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Meu menino, quando foi que você cresceu?

Quando você percebeu a dor?

Aonde você encontrou o questionamento? A dúvida?

Como as coisas que não faziam sentido

Ganhou corpo e cor?

Quando as coisas que eram certas e a verdade absoluta

Tornou-se abstrata, irreal, impalpável?

Quando você se tornou esse homem,

Meu menino?

Eu me lembro dos teus medos,

Você lembra aquela vez

Que você ficou com medo

Da demora da sua mãe?

Que você achou que ficaria sozinho no mundo?

Eu lembro!

Parece que foi ontem

Que você tinha medo

De mutantes existirem

E alguém próximo ser um deles,

Que se parece com a Jean

E pudesse ler os seus pensamentos,

Não é atoa que você não gosta dela até hoje,

Não é só por ela ser sonsa,

Mas o perigo que ela seria para ti!

Você ama a mística

Pois se você tivesse os poderes dela

Você ia se esconder atrás do rosto mais bonito,


Você lembra-se da sua fantasia,

Ou desejo,

Posterior a conhecer a Mística?

Eu lembro!

Você tinha 5 anos,

E dormiu pedindo pra Deus

Te abençoar com os poderes dela,

Só assim você poderia

Se esconder atrás do rosto mais bonito do mundo,

E de preferencia branco!

Você lembra?

Eu lembro e dou risada

Da sua inocência

Em querer ter os poderes da Kitty e atravessar as paredes

Só assim não ia mais passar necessidade,

Você iria entrar no mercado, banco, em qualquer lugar

Sem ser notado...

Quando você perdeu essa inocência?

Será que te fez bem?

Quantos xingamentos e apelidos maldosos

Você carrega na memoria?

O seu corpo é todo marcado,

Talvez seja por isso

Que você tenha se apaixonado pelas tatuagens,

Você pode marcar sua pele

Com as marcas que você desejar,

Mas e as marcas da memoria?


Essas não podem ser cobertas

Ou apagadas,

Faz parte de quem você é!

Oh meu menino,

Tão medroso,

Tão covarde,

Teme pela própria vida,

Mas quase morreu,

Eu senti tanta dó de você

Acuado, com medo, desprotegido,

E gritando por socorro dentro do peito

Você se culpa por ser covarde. Eu sei!

E que culpa você tem da maldade do mundo?

Por ser parte dele,

Por ser malvado,

Por ter derrubado aquela menina

Na primeira série, em 2001,

Meramente pelo motivo

De todos da sala não gostarem dela

Por ela ter traços indígenas,

Você lembra-se dela?

Do rosto dela sem entender,

Do arranhão no braço dela?

Você se lembra?

Você se senti culpado até hoje,

E você realmente é culpado?

Preconceito de criança?
Era pra você ser aceito,

Era pra eles pararem de zuar você,

Eu sei meu menino,

Eu sei!

Mas o que fazer com essa culpa no seu peito?

Você quer pedir desculpas?

Eu sei!

Mas nem o nome dela você lembra

Pois a culpa que você sentiu no momento

Que fitou o rosto dela

O questionamento no olhar

Envergonhou-te e

Por muito tempo

Você tentou esquecer,

Acreditando naquele ditado

De quem bate esquece,

Mas você sabe que não é assim...

Eu lembro quando você percebeu

O seu corpo gordo,

Desengonçado,

Feio,

Dentro de roupas rasgadas...

É por isso que hoje

Você tem que sair sempre arrumado?

É sim!

Mas voltando sobre o seu corpo,

Gordo, preto, fedido, gay!


Você lembra quando te falaram isso?

Eu lembro,

Como o seu mundo caiu

Quando jogaram na sua cara

Em 2007,

Que você iria sofrer todos os preconceitos,

TODOS!

E você não estava pronto,

Você não estava pronto

Pra essa dura realidade,

Você era só um menino,

Um menino inocente,

Que acreditava que as coisas iriam mudar,

Um menino bom,

Eu lembro,

Mas eles te corromperam,

Te adoeceram,

Aqueles desgraçados!

Te zuaram tanto,

Te violentaram tanto,

Que você se culpou,

Você se culpou,

Você quis se matar

Por se sentir inferior...

Por se sentir um lixo...

Qual o motivo de te fazerem se sentir assim?

Você não tinha feito nada pra eles,


Você nem queria ser notado,

E por onde passava era xingado...

Humilhado,

Você foi muito humilhado

E isso te dói até hoje,

Eu sei!

Assustado, como eu sei tanto sobre você?

Eu lembro como você queria ser como eles,

Como queria ser bonito,

Ter grana,

Ter roupas bonitas...

Mas a culpa nunca foi sua,

A culpa não é sua!

Essas marcas não são culpa sua,

Você não pode se culpar!

Mas eu sei que a dor é maior

Que a consciência,

Eu sei!

Você lembra-se do primeiro racismo?

Você lembra da sua primeira violência homofobica sofrica, antes mesmo de saber o que era
sexualidade?

Você lembra da primeira rejeição?

Pode chorar, meu menino,

Pode chorar, eu sei que dói!

Eu me lembro de todas as vezes que você se sentiu

Sozinho, desprotegido, acuado, menosprezado...

Eu estava lá também!

Seu corpo tem muita história,


Muita memoria de dor,

Uma trilha profunda

Causada pelas tuas lágrimas,

Não pense que é frescura,

São suas dores!

Você tentou tanto se esconder,

Você sempre teve medo de ser,

De ser quem você é hoje,

Da sexualidade que você tem...

Quanta fantasia de se casar?

Uma mulher, uns filhos, e você...

Destoante!

Você sabe que é!

Você se lembra do primeiro garoto

Qual você beijou?

No parque da cidade?

Você se lembra do que vocês fizeram?

Você lembra-se do que você fez?

Mais uma culpa que você carrega no peito

Pelas tuas escolhas!

Mas quem não escolheria o que você escolheu?

Ainda mais nas condições que você estava?

Quem não escolheria?

QUEM?

De repente algum Deus,

Criador do universo,

Criador do mundo,
Criador de tudo

E que te ama, como assim?

Logo você um ser tão desprezível,

Que só era humilhado,

Tendo o Senhor dos céus e criador da terra

Te amando,

Quem em um momento horrível da vida

Não iria?

QUEM?

Eu não sei quem iria,

Mas eu sei que você foi,

E o que achou?

Tudo tem um preço, não é mesmo?

E o seu foi doloroso?

Eu sei que foi!

Mas quando Deus se tornou deus?

Quando você percebeu que poderia amar?

Amar alguém que nem você?

É tudo um grande eu

Que fala de dor,

É muita dor

Dentro do que sou,

Mas não é só isso,

Eu sou algo bom,

Algo belo,

Uma flor de lótus,

Que para ser belo


Precisou afundar na lama!

LDA,

Sou eu!

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