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FACULDADE PITÁGORAS DO MARANHÃO

CURSO DE PSICOLOGIA

THAÍS LORENA SILVA ARAÚJO

RELATÓRIO DE ESTÁGIO BÁSICO III

São Luís

2017
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THAÍS LORENA SILVA ARAÚJO

RELATÓRIO DE ESTÁGIO BÁSICO III

Relatório apresentado ao Curso de Psicologia da


Faculdade Pitágoras, para demonstrar as atividades de
estágio curricular obrigatório desenvolvido no Espaço
da Gente.

Supervisora: Prof.ª Marcela Lobão de Oliveira.

São Luís

2017
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IDENTIFICAÇÃO DO ESTAGIÁRIO

Estagiária Thaís Lorena Silva Araújo, inscrita no código 730907, acadêmica


do curso de Psicologia do 7º Período Matutino da turma 6799320141A, no segundo
semestre de 2017 da faculdade Pitágoras do Maranhão. A referida acadêmica
possui o seguinte e-mail: thaislorena.araujo@gmail.com e o respectivo número de
telefone para contato: (98) 98238-4090. Teve como campo de estágio a instituição
Espaço da Gente, sob supervisão técnica da Prof.ª Marcela Lobão. A data de início
do estágio corresponde ao dia 21 de outubro de 2017 e o termino no dia 22 de
dezembro de 2017. Jornada diária de 4 horas, durante os sábados 1 vez por
semana, totalizando 11 visitas. O estágio teve como carga horária total 80hs, sendo
estas divididas em 60hs em campo e 20rs de supervisão acadêmica.
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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 05
2 CARACTERIZAÇÃO DE CAMPO ........................................................................... 07
2.1 Contexto Histórico ................................................................................................. 07
2.2 Recursos Humanos ................................................................................................ 07
2.3 Aspectos Físicos .................................................................................................... 08
3 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS ............................................................................ 09
4 AVALIAÇÃO PESSOAL .......................................................................................... 15
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................... 16
REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 17
ANEXOS .................................................................................................................. 19
ANEXO A – FOTOS DAS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS .................................. 20
ANEXO B – ATIVIDADE DE ESTIMULAÇÃO COGNITIVA .................................... 24
ANEXO C – CARTA DE APRESENTAÇÃO ............................................................ 25
ANEXO D – TERMO DE COMPROMISSO.............................................................. 26
ANEXO E – PLANO DE ATIVIDADE DE ESTÁGIO ............................................... 27
ANEXO F – FREQUÊNCIA NO CAMPO DE ESTÁGIO .......................................... 29
ANEXO G – AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO DO ESTAGIÁRIO .......................... 30
ANEXO H – AVALIAÇÃO NO CAMPO DE ESTÁGIO ........................................... 31
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1 INTRODUÇÃO

O presente relatório consiste nos relatos das observações que sucederam


ao longo do período de estágio, na área de Psicologia da Saúde associado à Saúde
do Idoso, tendo como processo, no decorrer dessa temporada, o estudo do
desenvolvimento ao trabalho oferecido pela instituição Espaço da Gente, do ofício
em equipe dos multiprofissionais e das atividades desenvolvidas para a unidade de
saúde voltada aos idosos.
Ao tratar sobre as atribuições da psicologia da saúde, Guimarães, Grubits e
Freire (2007, p. 28) apontam que este campo consiste no conjunto de contribuições
educacionais, científicas e profissionais, específicos da psicologia, para a promoção
e manutenção da saúde, a prevenção e tratamento das doenças. Dessa forma faz
necessário evidenciar a importância da psicologia no investimento na humanização
dos acolhimentos na área de saúde, sobretudo ao atendimento para com os idosos
já que apresentam diversos motivos que trazem a pessoa idosa ao âmbito da saúde.
O envelhecimento é definido como um processo progressivo, no qual
ocorrem alterações biológicas, funcionais, psicológicas que com o passar do tempo
tendem a determinar uma acentuada perda da capacidade que o indivíduo possui de
se adaptar ao meio ambiente, resultando em uma maior fragilidade aumentando a
incidência de doenças que acabam por levá-lo a morte (LIMA; MURAI, 2005).
Nessa perspectiva, assim como toda e qualquer fase do desenvolvimento
humano, a velhice é uma fase que requer mudanças e adaptações, nas quais estão
presentes ganhos, perdas, potencialidades e limitações.
Diante disso, Mendes et al. (2005) ratifica que o envelhecimento é um
processo normal, representa uma fase da vida onde ocorrem mudanças físicas,
psicológicas e sociais. Tais transformações acontecem de forma particular em cada
indivíduo que envelhece. É um período em que o idoso faz uma análise de sua
própria existência e chega à conclusão que alcançou muitos objetivos, mas também
sofreu muitas perdas e a saúde representa uma delas.
Todavia observa-se a importância de registrar para o idoso a conquista pelo
papel atuante de protagonista de um envelhecimento saudável, visto que é
indispensável a sua participação como o principal favorecido nesse processo. Uma
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vez que o próprio idoso seja capaz de identificar suas potencialidades e suas
limitações, sendo assim, qualificado para idealizar e estruturar a sua vida.
Nesse sentido, é preciso que se estabeleça respeito pelo idoso,
reconhecendo-o enquanto ser humano que, se por vezes apresenta certa diminuição
de suas habilidades físicas e sensoriais, possui outras qualidades que podem ser
igualmente importantes (Del Prette, 1999).
Segundo Neri (1995), a psicologia do envelhecimento é hoje a área que se
dedica à investigação das alterações comportamentais que acompanham o gradual
declínio na funcionalidade dos vários domínios do comportamento psicológico, nos
anos mais avançados da vida adulta.
Levanta-se a hipótese de que essa seja a fase compreendida como um
período de auto avaliação e de significativas mudanças, específico por crises de
desenvolvimento que se apresentam tanto em mulheres quanto em homens.
Alterações como nas relações sociais, trabalho, família, sexualidade são abordados
e indicam necessidade um olhar e intervenção do profissional de psicologia.
Para além, o trabalho do psicólogo pode ajudar na reflexão grupal sobre a
aceitação e elaboração de novos papéis, dando significância a subjetividade, bem
com o regate e reconstrução de identidade, muitas vezes perdida, para estimular
uma postura ativa diante de sua vida. Logo, desmistificando o envelhecimento como
uma fase de “fim de vida”, um problema ou uma patologia.
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2 CARACTERIZAÇÃO DE CAMPO

2.1 Contexto Histórico

O Espaço da Gente é um complexo de gerenciamento de saúde voltado a


idosos e a pessoas em processo de envelhecimento, tem seu início desde outubro
de 2013, fornecendo serviços especializados a qualidade de vida à pessoa idosa, e
dispõe seu trabalho há três anos, em um novo espaço localizado no Calhau,
Avenida Borborema, acesso pela av. Colares Moreira e pela Avenida Avicência.
O centro desenvolve uma abordagem identificada como GENTE –
Gerenciamento do Envelhecimento Natural, Terapêuticas e Educação, classificando-
se como a promoção de serviços, estimulando a autonomia e fortalecendo as
funções, proporcionando independência a todos aqueles que almejam uma
longevidade bem sucedida.
Sob o despertar e a união das médicas geriatras Dra. Maria Zali Borges
Sousa San Lucas e Dra. Jacira do Nascimento Serra, surge uma sociedade com
profissionais de referência no cuidado de idosos e envelhecestes na cidade de São
Luís. A unidade proporciona atividades que visam cuidado, reabilitação, prevenção e
promoção de saúde física e mental. Além de oferecer educação continuada por meio
de cursos e palestras sobre o envelhecimento saudável.

2.2 Recursos Humanos

O serviço disponibiliza uma equipe multiprofissional composta por médicas


geriatras, fisioterapeutas, terapeuta ocupacional, psicólogas, professores de música,
artes e tecnologia, fonoaudióloga, arteterapeuta, enfermeiras, cuidadores, serviços
administrativos e serviços gerais.
Nessa perspectiva, o dispositivo apresenta programas especializados como o
espaço CONVIVE que é composto por uma equipe interdisciplinar para
acompanhamento individual, por meio de consultas médicas, avaliação
neuropsicológica, terapia ocupacional, nutrição, acupuntura, psicoterapia,
fonoaudiologia e fisioterapia.
Apresenta assim o programa de ACADEMIA DA MEMÓRIA projeto de
estimulação cognitiva, que abrange 4 tipos de grupos:
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1. Ginástica Cerebral: pacientes com demência instalada ou demência.


2. ECE (Estimulação Cognitiva Especializada): pacientes com demência
inicial ou lentificação cognitiva pelo envelhecimento.
3. Memorative I: pacientes com cognição preservada. Grupo inicial para
esse tipo de paciente;
4. Memorative II: pacientes com cognição preservada com mais 3 anos
no Programa. Dispõe de psicólogos, arteterapeuta, terapeuta
ocupacional, fonoaudiólogo e fisioterapia.
O espaço também apresenta o projeto RECANTO DA GENTE um centro
diurno onde o idoso encontra atividades interativas e de socialização em grupo
através de estimulação cognitiva, atividade física e atividade de criação. Proporciona
educadora física, fisioterapia, arteterapeuta, terapeuta ocupacional, fonoaudiólogo e
professor de artes.

2.3 Aspectos Físicos

O Espaço da Gente se encontra há três anos na atual localização informada


anteriormente, onde possui um ambiente bem localizado, amplo e que exerce todas
as necessidades do serviço. O centro dispõe de consultórios médicos, auditórios,
sala de fisioterapia, sala da terapia ocupacional, sala do recanto da gente, recepção,
sala de descanso, salas amplas para diversas atividades, banheiros adaptados,
piscina, sala de descanso, bosque com área verde para atividades ao ar livre.
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3 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS

O desenvolvimento do estágio foi realizado no complexo de gerenciamento de


saúde, o centro Espaço da Gente, a vivência ocorreu entre o período de 21 de
outubro a 22 de dezembro. Foram realizadas observações das atividades, visitas as
dependências do centro, conversas com profissionais, aplicação de atividades pelos
estagiários, dinâmicas em grupo e elaboração de projeto junto aos idosos.
O primeiro contato com o campo de estágio ocorreu com o grupo do Recanto
da Gente, turma com maior acessibilidade, devido à possibilidade de acompanhar
durante os sábados. Este programa proporciona atividades interativas e de
socialização em grupo, através de estimulação cognitiva, atividade física e atividade
de criação.
Observa-se que o incentivo às atividades de lazer e criação, provoca a
interação entre os idosos, onde permite a busca pela amizade e os laços sociais,
afastando o isolamento que é muito comum na terceira idade. É possível perceber
os efeitos que a união dos serviços prestados pelos profissionais vem para redução
dos deméritos do envelhecimento através da mobilização das habilidades, como o
reforço da memória, exercícios físicos e também a participação de trabalhos em
grupo que contribuem com o engajamento pessoal desse idoso.
Mesmo na velhice extrema é importante que as pessoas não percam o
interesse pelas alegrias da vida. É igualmente essencial que prossigam
desenvolvendo tarefas físicas e intelectuais e que a sociedade continue a se
beneficiar com sua eficiência (Barroso, 1999).
Diante dessa afirmativa, destaca-se a atividade de criação com a professora
de artes, onde persiste a transparência das personalidades, é possível observar
minuciosamente como cada idosa deixa flui um pouco de si em seu desempenho,
seja para confeccionar um boneco para o hallowen ou costurar as vestes do papai
Noel. Com o decorrer das atividades, as idosas buscam identificação e as emoções
se afloram junto às lembranças.
Segundo os autores Santana & Sena (2003), é nesse período que o idoso
muitas vezes sofre uma crise de identidade, que refletirá na sua autonomia, convívio
social e interferindo na relação familiar. O idoso deve compreender a necessidade
de se relacionar com o outro e com o mundo a fim de se reconstruir.
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Debert (1999) destaca que o idoso deve se ajudar, cabe a ele ainda a
responsabilidade pela sua vida, mudar e aceitar, se esforçar para receber o novo
também é sua obrigação.
Contribuindo com os autores supracitados Giubilei (1993, p.11) expressa seu
conceito sobre idoso: ele é aquele que vê no amanhã a continuidade do trabalho do
hoje, aquele que não fica à espera do descanso eterno, que vai à luta, que busca
preencher os espaços da vida, que se vê como elemento útil à sociedade. Enfim,
aquele que acredita e demonstra que tem experiências a serem relatadas e que,
acima de tudo, é ainda capaz de grandes realizações.
Dessa forma, nas atividades do Recanto da Gente, confirma o resgate
persistente pela autonomia e independência desse grupo, a maioria das idosas
possui cuidadoras a sua disposição, mas no momento dos exercícios com a
fisioterapeuta ou até mesmo com a artesã, percebe-se a satisfação das idosas por
executar e demonstrar habilidades ao seu desejo e no seu tempo.
Nota-se o empenho considerável no trabalho dos profissionais na busca da
educação desses idosos, não apenas uma ocupação com atividades recreativas,
mas exercem a conscientização que eles precisam de um espaço para se encontrar
e crescerem cada vez mais.
Tal como na aula de artes, toda e qualquer atividade proporciona conversas,
remetendo ás lembranças da juventude ou às histórias de família, elas acabam
compartilhando as suas vidas naquele momento para todos. Compreende-se que
esses momentos são importantes porque fornecem bem-estar e compreensão a
esses idosos, e demonstra que eles precisam de novas relações além da família,
inserindo-os em grupos e mantendo-os ativos em sociedade, ocasionando a
interação social, que é fundamental.
Sob outra perspectiva, apresenta-se o programa Academia da Memória que
trabalha com a estimulação cognitiva, no qual foi possível observar o grupo ECE –
Estimulação Cognitiva Cerebral, específico para pacientes com demência inicial ou
lentificação cognitiva pelo envelhecimento. Pretende preservar ou melhorar o
desempenho ou as funções cognitivas das pessoas, como a memória, a atenção, o
raciocínio, a capacidade de resolução de problemas, entre outras. Existe a
contribuição de diversos profissionais nesse grupo como psicólogos, arteterapeuta,
terapeuta ocupacional, fonoaudiólogo e fisioterapeuta.
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A estimulação cognitiva é um processo de mudança que visa estimular e, em


alguns casos, reabilitar as funções físicas, psicológicas e sociais do indivíduo. Nos
idosos, a estimulação cognitiva (EC) tem como objetivo ajudar pacientes e familiares
a conviver ou superar os déficits cognitivos e as limitações emocionais, ambientais e
sociais, proporcionando melhora na qualidade de vida, incluindo melhor interação
social (SUPERA, 2016).
Nessa perspectiva, observou-se o trabalho da terapeuta ocupacional, que faz
um resgate na estimulação com idosos, atuando na organização do seu cotidiano.
Utilizando atividades que os mantenha ativos a concentração, a sequência do
pensamento, a atenção e a capacidade de fazer escolhas.
Segundo Ferrari (1997) reverter o processo da doença ainda não é possível,
mas o fato do paciente realizar atividades, estimulando-o a usar suas capacidades
remanescentes e ajudando-o a mantê-las, é um trabalho de manutenção e
prevenção.
A terapeuta utilizou com o grupo ECE uma atividade com recortes de revistas,
onde as idosas tinham que procurar personagens e montar uma história com vilão,
herói, vítima e lugar. As idosas encontraram dificuldade na confecção da atividade,
mas não deixaram de tentar. Folheando as revistas, viram muitas imagens de
políticos, e elas os atribuíram ao papel de vilões em suas histórias, buscaram o viés
da politica para contar suas histórias, no papel de vítima o povo era o personagem
principal, para o herói buscaram imagens religiosas e personagens de quadrinhos e
quanto ao lugar, o escolhido foi o Brasil. Após a colagem, elas tinham que contar as
suas histórias e o que ficou destacado foi o atual cenário político do Brasil, mesmo
não narrando a atualidade corretamente, elas evidenciaram em seus contos a
dificuldade dos tempos de hoje.
Katz (2000) contribui afirmando que exercícios cerebrais feitos de maneira
rotineira apresentam efeitos positivos sobre a memória, semelhante ao que ocorre
com exercícios musculares realizados para manter a forma física, atividade cerebral
também deve ser realizada com frequência, sempre procurando estimular os
sentidos: olfato, paladar, tato, visão e audição bem como músicas, diferentes cores,
cheiros e texturas.
O autor ainda continua destacando, que esse tipo de exercício pode ser
denominado “Fitness Cerebral”, que é capacidade de se manter um estado
adequado da memória em forma. (Katz,2000)
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Dentro desse contexto, a psicóloga junto a seus estagiários aplicou uma


atividade com base na estimulação cognitiva com o grupo ECE. A atividade tinha
como objetivo trabalhar a atenção e memória. O seu destaque eram as frutas, era
necessário identificá-las nos desenhos apresentados e pintar seus nomes com a cor
da fruta. As idosas encontram dificuldade em realizar as atividades, algumas não
sabiam identificar determinadas frutas pelos desenhos como tomate, acerola, laranja
e uva. E o maior obstáculo para a conclusão da atividade eram as cores, identifica-
las se tornou uma tarefa difícil.
Mesmo com finalidade destacada para atenção e memória, algo que também
levou em consideração foram às emoções, as frutas alimentaram algumas
lembranças de quando eram crianças, da casa da vó, dos pés de frutas, de suas
nacionalidades e de amigos. Percebe-se que esses exercícios podem ser simples,
mas ser transformadores em bons momentos e prazeroso para o idoso e que o
processo de estimulação consiste em ativar, investigar, animar e encorajá-lo na
busca pela diminuição dos efeitos do próprio envelhecimento.
A estimulação cognitiva tem como precursora a orientação para a realidade,
primeiro método de intervenção cognitiva na demência. Com o objetivo de reduzir a
desorientação e confusão, pode ser realizada em um período de 24 horas ou em
forma de aulas em grupo, com duração de 30 minutos. Sua técnica é de natureza
informal e contínua, na qual se busca apresentar dados de realidade ao indivíduo
por meio de interações sociais (BOTTINO et al., 2002).
Para a conclusão das atividades em campo, foi dado início aos preparativos
do Natal, os estagiários foram divididos por grupos, e foi possível observar um grupo
da Academia da Memória, o Memorative II, específico para pacientes com cognição
preservada e com obtenção de mais de três anos no programa. Atuam na promoção
do envelhecimento ativo com a tentativa de preservar as capacidades e o potencial
do desenvolvimento do indivíduo.
No desenvolvimento das atividades do Natal, o Memorative II fora o grupo que
causou certo receio aos acadêmicos, em razão do termo que caracteriza o grupo no
espaço por “as brigonas”, criando certa estranheza e curiosidade em relação ao
grupo, porém se apresentou de forma surpreendente no decorrer das atividades,
tanto para as estagiárias, quanto para o grupo de idosas. Mostrando-se acolhedoras
e dispostas a compartilhar e trocar experiências e conhecimentos umas entre as
outras e com as acadêmicas de Psicologia.
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A proposta foi um concurso de presépio, onde havia duas modalidades: a


originalidade e modernidade. O grupo escolheu realizar as duas opções, porém no
inicio da atividade, as idosas demonstraram insatisfação e desmotivação para a
realização do projeto. Reclamaram que não iriam fazer o presépio vivo e que não
teriam outra atividade para apresentar. Mas apesar disso, com o decorrer das rodas
de conversas com as estagiárias, o ambiente foi mudando, as ideias foram
aparecendo e a animação tomou conta do grupo.
Algo muito presente nesse grupo é a competição que faz com que elas se
empenhem ainda mais na realização das atividades. Percebe-se que a competição
vem como um estimulante para a memória, trazendo benefícios à autonomia para
realização de suas atividades na vida diária.
A partir do momento em que o idoso para de tomar decisões, ele se acomoda
e, aos poucos, sua capacidade de escolha fica comprometida e é perceptível a
importância que elas transmitem em poder continuar decidindo por si, e oferecer isso
significa a preservação de sua autonomia.
Para a filosofia, Kant declarou que a autonomia é a capacidade que qualquer
pessoa tem de ditar leis para si mesmo, no entanto no momento de ditá-las não
toma como ponto de partida sua própria subjetividade, seus gostos, seus caprichos,
nem tão pouco os de sua comunidade por extensa que seja: adota como referência
o que poderia desejar para qualquer ser racional (Cortina, 2001).
Bellino (1997) ressalta que o enfrentamento de hoje é a ética, pois ela se
centra no respeito das escolhas autônomas dos indivíduos e tem como finalidade o
bem estar e a qualidade de vida.
A confecção do presépio aflorou a criatividade e o trabalho em grupo, elas
desenvolveram trocas de experiências e ajudaram uma as outras, o que
proporcionou um ambiente agradável para todos. Elas repartiram suas habilidades,
dividiram as tarefas, pediram opiniões inclusive das estagiárias.
Algo que o momento manifestou foram as emoções, onde foram
compartilhadas histórias sobre como era o Natal na infância, vieram a tona
lembranças de como comemoravam as festividades e principalmente a recordação
de pessoas queridas que já se foram, todas falam com muita tristeza sobre as suas
perdas e pontuam a diferença que é passar o natal sem essas pessoas. Uma idosa
expressou a sua tristeza da perda do marido, mesmo após sete anos sem ele,
afirmou o quanto é difícil passar as festividades do fim de ano, sozinha. Ela ainda
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conta como a sua vida mudou após sua partida, necessitou de cuidadoras em casa,
para ter companhia e não “abusar” dos filhos, demonstrando desânimo.
Esclarecendo essas situações em que a pessoa idosa está vulnerável a
conviver pode-se levar em consideração o pensamento de Beauvoir:

Embora a velhice seja uma época de balanço, de significação e


ressignificação da própria vida, é também um tempo em que o idoso
prepara-se para sua finitude, embora a morte seja um tema comumente
evitado (BEAUVOIR, 1990).

O tema morte, independente da faixa etária, ainda é um tabu, onde as


pessoas evitam falar do tema, revelando um paradoxo, já que existe uma grande
necessidade de ocultar e escamotear a morte, mas também a de se abrir espaços
para discussão do tema (KOVÁCS, 2003, 2008; KUBLER-ROSS, 2008; OLIVEIRA;
CALLIA, 2005).
De acordo com Doll (2006), a perda do parceiro foi em todos os tempos um
acontecimento considerado drástico, devido seu impacto na vida humana, afetando
a psique e a saúde das pessoas, bem como as relações sociais, tanto dentro da
família quanto em sociedade.
Além disso, segundo o mesmo autor, as repercussões da viuvez e os
comportamentos das pessoas enlutadas apresentam grandes diferenças que são,
em parte, explicáveis por características individuais tais como a sensibilidade,
vulnerabilidade e estrutura psicológica, porém, outras advêm da sociedade e da
cultura em que uma pessoa vive.
Para além desse episódio, as idosas desse grupo buscam a todo momento ter
uma vida agradável e mais que tudo, alegrar ao ambiente, contar piadas, ou algo
engraçado que viveram. Demonstram que existe uma tristeza pelas suas perdas,
mas não perdem a busca por novas histórias.
Observa-se que toda a manifestação para a confecção do presépio, trouxe
um anseio a mais pelo Natal, estimulando-as a fazerem planos para a festa natalina
em família e entre as amizades estabelecidas no espaço, o que despertou o inicio
das trocas de presentes espontâneas entre as idosas. Inclusive uma delas iria
reproduzir a atividade com os netos e toda a família, mostrando que o projeto tornou
possível um olhar de comunhão e harmonia.
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4 AVALIAÇÃO PESSOAL

A vivência no campo de estágio foi de suma importância para a aquisição de


novos conhecimentos, buscando extrair o máximo das experiências vividas para a
formação em psicologia, destacando o papel do psicólogo como mediador e
promotor de saúde e de compreensão.
Percebe-se na prática a relação da equipe interdisciplinar, os desafios, a
ética, que por sua vez é primordial para o bom desempenho profissional.
Observações e considerações que só vieram a acrescentar na formação acadêmica,
ocasionando impacto positivo, sobretudo nas construções subjetivas que se fez em
relação ao envelhecimento.
O complexo Espaço da Gente proporcionou experiências surpreendentes,
mostrando-se disposto a receber e amparar os estagiários, assim como a equipe de
profissionais prestativos a sanar suas dúvidas, buscando ajudar no decorrer das
experiências em campo. Assim como é perceptível o zelo com que tudo é proposto,
por isso, possuem funcionários dedicados a atender da melhor forma seus usuários.
Em aspectos de estrutura, o centro encontra-se bem localizado, apresenta suporte
para as atividades desenvolvidas pelo programa e infraestrutura ideal para o bom
uso dos idosos.
Propõe-se uma renovação quanto à visão sobre o idoso e a velhice, é preciso
que uma reeducação seja feita a eles como oportunidade de ação. Não é de hoje
que os idosos são vistos como pessoas que tem muito a ensinar aos mais novos,
porém, eles também têm muito a aprender. A educação para a terceira idade não é
mais voltada a um meio de assistencialismo, mas sim para fazer com que essas
pessoas entendam que, além de precisarem de atividades recreativas que ocupem o
seu tempo, elas também precisam de espaço para crescer cada vez mais.
O idoso precisa ser considerado como um sujeito capaz de desenvolver e
praticar determinadas atividades, infantilizar e torná-lo dependente de cuidados, não
contribui para a qualidade desse processo. Visto isso, considera-se necessário a
educação continuada de funcionários e do próprio idoso, quanto à funcionalidade de
seu papel de protagonista da própria vida, buscando ser um novo agente social em
seu grupo de convívio. Dessa forma, proporcionar um olhar diferenciado e
aprofundado, evidenciando a singularidade de cada um, o que torna crucial para
levar os idosos à reconstrução e ressignificação das suas vidas.
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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A experiência do estágio de Psicologia na área da Saúde do Idoso permitiu


adquirir muitos conhecimentos práticos que só vieram a acrescentar o repertório
acadêmico ao longo do curso de Psicologia. É relevante ressaltar a importância da
extensão de conhecimentos que nos foram ofertados, tanto na supervisão, quanto o
aprendizado majestoso vivenciado no complexo Espaço da Gente.
Cada momento foi vivenciado de forma positiva e todo o processo foi de
grande importância, pois é justamente o espaço que vai capacitar o acadêmico a
possuir uma postura crítica e reflexiva, constituindo um momento único para a sua
formação profissional. Proporcionando ao estudante sua inserção na prática
profissional e possibilitando entrar em contato com uma realidade concreta e
contraditória.
A experiência em campo contribuiu para a reconstrução e reavaliação da
visão sobre o envelhecimento, muitas vezes estereotipada e despertou a
responsabilidade social e profissional de desmistificar “o que é ser idoso”, buscando
formas de ressignificação da figura do idoso dentro do seu grupo social.
Caracterizam a terceira idade pela diminuição do espaço físico e também pela
redução das relações sociais, acreditam que envelhecer significa deixar de
desenvolver-se, adoecer e afastar-se de tudo e de todos limitando a sua participação
e gerando a restrição dos papéis sociais vivenciados ao longo da vida adulta.
Portanto, torna-se necessário, buscar medidas capazes de guiar as pessoas
idosas à exploração de novos papéis, que sejam aceitos e valorizados pelos grupos
e sociedade. Evidenciando que a velhice não é uma fase que deve ser renegada,
que existem possibilidades da pessoa idosa continuar ativa e de manter uma boa
qualidade de vida e que precisa ser compreendida e acima de tudo, respeitada.
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v. 14, n. 28, pp. 44 – 55, 2003.

SUPERA Ginástica para o Cérebro. Como acontece a estimulação cognitiva em


Idosos. 2016. Disponível em: <http://metodosupera.com.br/como-acontece-a-
estimulacao-cognitiva-em-idosos/>. Acesso em: 23 de dez. de 2017.
19

ANEXOS
20

ANEXO A – FOTOS DE ATIVIDADES DESENVOLVIDAS EM GRUPOS NO


ESPAÇO DA GENTE

FIGURA 1 FIGURA 2

Figura 1: Atividade de Arteterapia – Grupo Recanto da Gente – Pintura de


Enfeites Natalinos – Criação Manual
Figura 2: Atividade de Artes – Grupo Recanto da Gente – Reciclagem – Criação
de Enfeites Natalinos: Sinos de Natal

Figura 3: Atividade de Estimulação Cognitiva – Grupo Recanto da Gente


21

Figura 4: Atividade de Estimulação Cognitiva – Grupo Academia da Memória / ECE (Estimulação


Cognitiva Cerebral)

Figura 5: Atividades de Fim de Ano – Concurso de Presépios – Modalidade: Originalidade – Grupo


Memorative II
22

Figura 6: Atividades de Fim de Ano – Concurso de Presépios – Modalidade: Modernidade – Grupo


Memorative II

Figura 7: Atividades de Fim de Ano – Concurso de Presépios – Modalidade: Originalidade – Grupo


Memorative II – Apresentação da Conclusão do Presépio e do Grupo
23

Figura 8: Atividades de Fim de Ano – Concurso de Presépios – Modalidade: Modernidade– Grupo


Memorative II – Reunião para a Apresentação do Grupo no Concurso de Presépios

Figura 9: Atividades de Fim de Ano – Concurso de Presépios – Premiação do Concurso de


Presépios – Modalidades: Originalidade e Modernidade

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