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Tubarão

Por Joice Silva de Souza


Mestre em Ciências Biológicas (UFF, 2016)
Graduada em Biologia (UNIRIO, 2014)

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Retratados em inúmeras obras cinematográficas, dentre as quais destaca-se o clássico
Tubarão, os tubarões povoam o imaginário popular como predadores vorazes,
impiedosos e sanguinários. Tal imagem tornou-se um obstáculo para sua preservação,
apesar da extrema importância que estes animais apresentam para o equilíbrio da
comunidade oceânica.

Os tubarões e o homem
Em 25 de Dezembro de 1975, estreava nos cinemas um dos maiores clássicos de
suspense já produzidos em Hollywood: Tubarão (com título original em inglês, Jaws),
dirigido pelo renomado cineasta Steven Spielberg. De lá pra cá, várias obras
cinematográficas (mais de 50) foram produzidas utilizando estes animais como
protagonista. A semelhança entre estas? O terror imposto pelos tubarões, assassinos
impiedosos e vorazes, às suas vítimas. Tal cenário criou uma onda de terror associada à
estes peixes, a qual, aliada à ocorrência de alguns ataques, gerou uma repercussão
negativa que persiste até os dias atuais, dificultando a conservação destes animais.
Tubarão branco. Foto: Alexius Sutandio / Shutterstock.com

A falta de empatia e consciência ambiental por parte da população humana facilitou a


caça desenfreada dos tubarões (cerca de 100 milhões de exemplares por ano), incluindo
a prática cruel do shark finning. Esta técnica envolve a captura de tubarões para
extração de suas barbatanas, utilizadas na elaboração de sopas, enquanto estes animais
ainda estão vivos. Posteriormente, seus corpos são descartados na água levando o
tubarão ao afogamento por asfixia, já que este não consegue nadar para estimular a
circulação de água em suas brânquias. A prática do finning foi proibida nos Estados
Unidos no ano de 2000, país que também liderou a criação do Shark Conservation
Act em 2010. Entre as medidas descritas neste documento, pode-se citar a fiscalização
de barcos pesqueiros para o exame das carcaças, isto é, se houve mutilação dos
exemplares capturados (retirada das barbatanas).

Recentemente, com a conscientização sobre o estado atual das espécies de tubarão, estes
animais passaram a ser positivamente retratados em filmes infantis, sendo alvo também
de várias campanhas de proteção e iniciativas de ecoturismo (principalmente voltadas
para o mergulho) ao redor do mundo. Entretanto, medidas conservacionistas mais
eficazes ainda precisam ser adotadas a fim de evitar a extinção de várias espécies.

Principais características
Os tubarões pertencem à classe dos Chondrichthyes, formada por peixes que possuem
esqueleto cartilaginoso, mais leve e flexível que o ósseo. Estes animais respiram através
de uma série de fendas branquiais (geralmente entre 5-7) localizadas na lateral do corpo,
e representam um dos mais sofisticados predadores do reino animal. As escamas que
recobrem sua pele, por exemplo, não se assemelham às estruturas presentes em peixes
tradicionais, tratando-se de escamas placóides (ou dentículos dérmicos), as quais
apresentam formato similar ao de dentes, que se sobrepõem formando a pele destes
animais. Estas estruturas são constituídas por dentina e esmalte de alta resistência, e
auxiliam no desempenho hidrodinâmico através da redução de atrito com a água.
Tubarão-martelo. Foto: Martin Prochazkacz / Shutterstock.com

Os tubarões também apresentam múltiplas fileiras de dentes serrilhados, que são


trocados periodicamente, e desempenham um papel essencial para a obtenção de
alimento, assim como as ampolas de Lorenzini. Esta estrutura é formada por uma rede
de canais (i.e. poros) localizados no focinho destes peixes, que atuam como receptores
sensíveis à mudanças de temperatura, salinidade e pressão d’água, além de detectar
campos elétricos sutis, gerados por possíveis presas como peixese
alguns mamíferos marinhos. Este sistema sensorial conferiu ao grupo um extraordinário
poder olfatório, visto que algumas espécies de tubarões conseguem detectar suas presas
em uma proporção de 1 parte em 10 bilhões. Além de contribuir para a dieta dos
tubarões, as ampolas de Lorenzini também parecem influenciar sua reprodução: é
através desta estrutura que os machos conseguem identificar os feromônios das fêmeas,
localizando assim, possíveis parceiros sexuais. Estes animais apresentam fecundação
interna, que ocorre através da introdução do clásper (órgão sexual masculino) no
oviduto da fêmea, onde acontece a liberação do esperma. O desenvolvimento
embrionário pode ocorrer de forma interna ou externa: algumas espécies como o
tubarão-azul são vivíparas (i.e. embrião se desenvolve dentro da mãe, alimentando-se
pela placenta), enquanto outras como o tubarão-zebra consistem em espécies ovíparas
(i.e. embrião se desenvolve em ovos, fora do corpo materno).

Por fim, o temido tubarão-branco representa as espécies ovovivíparas, cujos ovos


eclodem dentro do corpo materno, que não apresenta nenhuma ligação com os filhotes
(i.e. placenta). Desta forma, a nutrição destes animais consiste na ingestão de ovos não-
fertilizados. O processo de digestão, por sua vez, é facilitado pela válvula em espiral
presente no intestino dos tubarões, a qual é responsável por retardar a passagem do
alimento consumido, aumentando a área de absorção do intestino.

Outra particularidade destes animais consiste no controle da flutuabilidade. A ausência


de bexiga natatória permite a livre movimentação dos tubarões entre a superfície e altas
profundidades, sendo seu grande e oleoso fígado, o principal órgão associado à sua
flutuação. As nadadeiras peitorais também auxiliam nesta atividade, desempenhando
papel similar às asas de um avião.

Importância
Estima-se que mais de 465 espécies de tubarão habitem os oceanos ao redor do mundo,
dentre as quais 88 encontram-se associadas à costa brasileira. Estes animais
desempenham um papel crucial para o equilíbrio do ecossistema marinho, visto que
atuam como predadores de topo, regulando toda a cadeia trófica; sua extinção
provocaria, inclusive, um poderoso efeito cascata nas teias alimentaresoceânicas, uma
vez que regulam as populações de presas, além de manter a saúde nos oceanos através
da ingestão de animais doentes, feridos e mortos (papel semelhante ao desempenhado
pelos urubus no ambiente terrestre). Apesar de persistirem há 150 milhões de anos,
sobrevivendo até mesmo ao fim da era dos dinossauros, os tubarões vêm enfrentando,
há pelo menos 25 anos, sua maior ameaça: a sobrepesca motivada pela ignorância
humana. Atualmente, mais de 20 espécies encontram-se listadas como ameaçadas de
extinção pela Lista Vermelha da IUCN.

Leia mais:

 Tubarão-martelo
 Tubarão-branco
 Tubarão-baleia

Referências bibliográficas:

American Museum of Natural History: Sharks and rays – Myth and


Reality. http://www.amnh.org/learn/pd/sharks_rays/rfl_myth/index.html

Animal Welfare Institute: Shark Conservation Act. https://awionline.org/content/shark-


conservation-act

Defenders of Wildlife: Factsheet Sharks. http://www.defenders.org/sharks/basic-facts


Enchanted Learning:
Sharks. http://www.enchantedlearning.com/subjects/sharks/anatomy/Repro.shtml

Sharks World. http://www.sharks-world.com/shark_hunting/

Tubarões no Brasil: Guia prático de identificação. Szpilman, M. (2004). Rio de Janeiro:


Mauad, 1, 160.

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