Guia prático do aluno 2018

Guia Prático do Aluno

2018

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 Guia prático do aluno 2018

GUIA PRÁTICO DO ALUNO 2018

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Guia prático do aluno 2018

Apresentação

Escrever não é uma tarefa fácil para a maioria dos estudantes e, em tempos de Enem e
vestibulares, essa dificuldade vem à tona, tornando-se uma constante em salas de aula e
plataformas de ensino. Diante disso, surgiu a ideia de planejar uma Oficina voltada para a
produção de textos, com informações objetivas e dicas pontuais para auxiliar o processo de
escrita dos alunos.

Diante da vasta quantidade de gêneros e de tipos textuais existentes, vimos a necessidade

de limitarmos o nosso trabalho, por isso, a Oficina de Redação se restringe ao estudo do
texto dissertativo-argumentativo exigido pelo Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM),
que se tornou porta de entrada para muitas instituições de ensino superior no país.

Pensando na objetividade e na pontualidade estabelecidas como metas da Oficina, iremos

tratar de aspectos fundamentais para a escrita de um bom texto, analisando a estrutura
textual que deve ser seguida, contemplando as exigências feitas, trazendo dicas e exemplos
de textos que atingiram excelentes notas.

Esperamos que todo esse processo montado auxilie no processo de produção de um texto
dissertativo-argumentativo e sirva para desmistificar a escrita, mostrando que essa pode e
deve ser algo simples, fácil e prático. Só é preciso colocar em ação alguns pontos.

Leia, aproveite o material que está sendo disponibilizado e boa sorte!

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1. COMPREENDENDO AS COMPETÊNCIAS
DO ENEM
Começar uma produção textual vai muito além de se colocar
diante de um papel com uma caneta na mão, o que não significa
que seja uma tarefa difícil. O ato de escrever está ligado à prática
e é assim que se alcança o aprimoramento. Todavia, esse ato de
praticar deve estar direcionado a um objetivo, ou seja, a prática
deve se dar com foco naquilo que se almeja. Isso significa que, se
o objetivo é alcançar uma excelente nota no Enem, a prática deve
estar direcionada para as exigências dessa prova.
Ao se pensar em um texto, é necessário ter em mente
que ele deverá se pautar em três pontos principais: as exigên-
cias da correção, a estrutura textual e o conteúdo. Isso signifi-
ca que a produção textual deverá se sustentar nesses três pi-
lares, os quais serão discutidos no decorrer do E-book.
Sobre as exigências da correção, é fundamental saber como
a banca irá avaliar o texto produzido, pois a escrita será direcio-
nada para os pontos que serão avaliados. Com isso, é possível po-
tencializar o desempenho e alcançar uma nota ainda maior. Além
disso, é fundamental que a questão referente à nota seja esclare-
cida, pois o aluno deve sempre priorizar aquilo que caracteriza as
pontuações mais elevadas, a fim de alcançá-las, o que não é um
processo complicado, uma vez que a prova de redação do Enem
apresenta um modelo de avaliação fixo.
A avaliação do texto é feita a partir de cinco competências,
sendo que cada uma subdivide-se em cinco notas que variam de
zero a 200, sendo que as duas notas mais elevadas são 160 e 200,
então, é em cima dessas notas que se deve focar a escrita.
A primeira competência a ser avaliada, a Competência 1,
diz respeito a "Demonstrar domínio da modalidade escrita
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formal da Língua Portuguesa". Essa é a competência que irá avaliar
a adequação à norma culta da língua, por isso, é muito importante ter
atenção aos desvios que são mais recorrentes. A partir disso, o pro-
cesso de reescrita dos textos é muito importante, uma vez que o aluno
conseguirá identificar os principais desvios e terá a oportunidade de
reescrever, na tentativa de eliminá-los, e isso se torna um processo de
aprendizagem.
Nessa competência, é importante manter longe do texto a in-
fluência da oralidade (sem marcas como 'aí', 'daí'), fazer boas es-
colhas vocabulares, ter atenção com concordância nominal e verbal,
ortografia, acentuação, pontuação, flexão nominal, flexão verbal,
regência e translineação, que é quando precisamos fazer uma divisão
silábica para mudar de linha.
As notas mais altas dentro dessa competência são caracteriza-
das assim:
160 pontos: Demonstra bom domínio da modalidade
escrita formal da Língua Portuguesa e de
escolha de registro, com poucos desvios
gramaticais e de convenções da escrita.
200 pontos: Demonstra excelente domínio da modali-
dade escrita formal da Língua Portuguesa e
de escolha de registro. Desvios gramaticais
ou de convenções da escrita serão aceitos so-
mente como excepcionalidade e quando não
caracterizarem reincidência.
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Portanto, para atingir notas altas na Competência 1, o texto deverá ter poucos ou nenhum desvio gramatical, por isso, é importante
estudar, principalmente, os pontos citados anteriormente. É necessário, ainda, que se tenha atenção especial em relação a essa com-
petência, pois um texto com boas ideias e bem argumentado pode ser prejudicado pelos desvios gramaticais.

A Competência 2 apresenta ‘Compreender a proposta de redação e aplicar conceitos das várias áreas de conhecimento para
desenvolver o tema, dentro dos limites estruturais do texto dissertativo-argumentativo em prosa’. Observe que essa competência
entra em dois pilares de sustentação do texto, a estrutura textual e o conteúdo. Nessa competência, o aluno será avaliado no que diz res-
peito à compreensão do tema, isto é, se ele atendeu ao que foi proposto, deverá mostrar o seu repertório sociocultural, que é a mobilização
de conceitos de outras áreas e, ainda, fazer tudo isso dentro da estrutura do texto dissertativo-argumentativo. São muitos aspectos en-
volvidos, sendo assim, é preciso focar na maneira com que as notas elevadas são caracterizadas:

160 pontos: Desenvolve o tema por meio de argumen-

tação consistente e apresenta bom domínio
do texto dissertativo-argumentativo, com
proposição, argumentação e conclusão.

200 pontos: Demonstra excelente domínio da modali-

dade escrita formal da Língua Portuguesa e
de escolha de registro. Desvios gramaticais
ou de convenções da escrita serão aceitos so-
mente como excepcionalidade e quando não
caracterizarem reincidência.

As notas altas nessa competência estão ligadas à argumentação consistente, ou seja, uma argumentação eficiente de acordo com o
tema, ao conhecimento da estrutura textual e à mobilização de conhecimentos de outras áreas. Por isso, é muito importante conhecer a
estrutura e praticá-la no processo de escrita, além de ler conteúdos variados.
A Competência 3 também está ligada ao pilar do conteúdo e diz ‘Selecionar, relacionar, organizar e interpretar informações,
fatos, opiniões e argumentos em defesa de um ponto de vista’. Essa competência foca na defesa do ponto de vista do texto, por isso,
os argumentos e os fatos deverão ser bem selecionados, uma vez que terão que defender a tese do autor, sempre na tentativa de convencer
o leitor.As notas mais elevadas são caracterizadas assim:
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160 pontos: Apresenta informações, fatos e opiniões rela-

cionados ao tema, de forma organizada, com
indícios de autoria, em defesa de um ponto
de vista.

200 pontos: Apresenta informações, fatos e opiniões rela-

cionados ao tema proposto, de forma consis-
tente e organizada, configurando autoria, em
defesa de um ponto de vista.

Na elaboração do texto, o foco deve ser a tese levantada e, a partir dela, deve-se selecionar os fatos e os argumentos que irão defendê-la.
Essa defesa deverá estar bem organizada, com os argumentos bem relacionados e interpretados, é preciso que haja uma progressão tex-
tual.

A Competência 4 traz 'Demonstrar conhecimento dos mecanismos linguísticos necessários para a construção da argumentação'.
Essa competência irá avaliar o encadeamento das ideias do texto, tudo precisa ficar muito bem interligado, todas as partes da redação
precisam estabelecer uma relação, ou seja, uma ideia precisa estar sempre relacionada às outras. Isso é feito a partir do uso dos recursos
coesivos, como preposições, conjunções, advérbios, locuções adverbiais. As notas mais altas são:

160 pontos: Articula as partes do texto com poucas inade-

quações e apresenta repertório diversificado
de recursos coesivos.

200 pontos: Articula bem as partes do texto e apresenta

repertório diversificado de recursos coesivos

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Para alcançar uma boa nota nessa competência, é preciso ter domínio do uso dos recursos coesivos, apresentando pouca ou nenhuma
inadequação, além de mostrar um bom repertório desses recursos, ou seja, evitar a repetição. É importante ressaltar que esses recursos
coesivos devem ser utilizados para ligar as ideias em um mesmo parágrafo e para ligar os parágrafos do texto, são esses recursos que dão
fluidez à produção textual.

Por fim, chegamos à Competência 5 que é ‘Elaborar proposta de intervenção para o problema abordado, respeitando os direitos hu-
manos’. Essa competência diz respeito à apresentação de soluções para o problema discutido no texto, soluções viáveis e detalhadas.
As notas mais altas são caracterizadas por:

160 pontos: Elabora bem proposta de intervenção relacio-

nada ao tema e articulada à discussão desen-
volvida no texto.

200 pontos: Elabora muito bem proposta de intervenção,

de forma detalhada, relacionada ao tema e
articulada à discussão desenvolvida no texto.

Para alcançar notas altas nessa competência, é preciso elaborar uma proposta de intervenção com medidas bem detalhadas, sempre
relacionada ao tema e à discussão apresentada. Se houve a discussão sobre um problema, é preciso apresentar uma solução.

Sendo assim, para atingir uma boa nota no Enem, é preciso produzir um texto que atenda à norma padrão de escrita, que apre-
sente idei as muito bem articuladas e amarradas, que esteja dentro da estrutura textual exigida e atenda à discussão proposta pelo
tema, os argumentos devem ser bem selecionados em defesa do ponto de vista. Além disso, deve apresentar proposta de inter-
venção detalhada e bem articulada à discussão.

Ainda em relação à correção, é importante salientar que um mesmo texto será corrigido por dois corretores diferentes e, mesmo que se
tenha o que caracteriza cada nota já definido, a correção não perde o seu caráter subjetivo e um mesmo texto pode ser entendido, com-
preendido e interpretado de maneiras diferentes, por isso, é muito importante ficar o mais próximo possível daquilo que define as notas
mais altas.
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2. CONHECENDO A ESTRUTURA DO TEXTO
DISSERTATIVO - ARGUMENTATIVO
O capítulo anterior apresentou as cinco competências que
são avaliadas no Enem e o que caracteriza as maiores notas em
cada uma delas. Ressaltou ainda o quão importante é conhecer
o processo de avaliação, pois, assim, é possível conseguir focar
naquilo que a banca espera e direcionar o texto para as notas mais
elevadas, já que o objetivo é tirar a maior nota possível. Em resu-
mo, é preciso escrever dentro daquilo que a banca espera.
A partir de tais explicações, foi possível perceber que es-
crever um texto vai muito além de colocar ideias em um papel. É
preciso passar por algumas etapas para iniciar o processo de es-
crita, além disso, é preciso conhecer o processo de avaliação, bem
como a função e a estrutura do texto exigidas pela prova. Não se
pode iniciar o processo de escrita sem se saber como será avalia-
do e sem conhecer a estrutura textual exigida, pois esses fatores
deverão direcionar a escrita. Isso significa que o texto deve ser es-
crito em determinados moldes, um molde estrutural e um molde
avaliativo.
Uma das principais diferenças da prova de redação do Enem
para as provas de vestibulares, que ocorriam há alguns anos e ain-
da ocorrem, além da avaliação a partir de cinco competências, é a
questão do gênero e do tipo textual exigido. No geral, os vestibu-
lares apresentavam duas opções de gêneros para que o aluno, que
deveria escolher uma e produzir o seu texto dentro das exigências
estruturais e da função, isso fazia com que os alunos tivessem a
necessidade de dominar diversos gêneros e tipos textuais para se
preparar para a prova. Com o Enem, esse processo ficou um pou-
co mais simples, pois, nessa avaliação, há sempre a exigência da
produção de um texto dissertativo-argumentativo, ou seja, em
todos os anos, é necessário escrever o mesmo tipo de texto.
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Guia prático do aluno 2018
Fazer uma prova quando já se sabe o que será exigido é muito
mais fácil e menos estressante, por isso, além de saber como se dará
o processo de avaliação do texto, é preciso entender e conhecer a es-
trutura do texto exigido e, conforme foi ressaltado anteriormente, a
Competência 2 avalia justamente esse enquadramento estrutural.
Dessa forma, é muito importante ter domínio e conhecimento da es-
trutura textual exigida. Conhecer a estrutura e as exigências é funda-
mental para que se atinja a função e o objetivo do texto, além disso a
estrutura textual é que irá garantir organização e objetividade daquilo
que se está produzindo.
Antes de compreender a estrutura do texto dissertativo-argu-
mentativo, é necessário lembrar que cada texto, cada gênero textu-
al ou tipo textual, apresenta uma função diferente. Se pensarmos em
uma receita culinária, por exemplo, veremos que a função dela é en-
sinar a preparar determinado prato, apresentando passo a passo aq-
uilo que precisa ser feito. Uma função diferente da de uma notícia, que
tem caráter informativo. Então, qual seria a função do texto disserta-
tivo-argumentativo?
O próprio nome já sugere, trata-se de dissertar de forma ar-
gumentativa. O grande objetivo é defender um ponto de vista, ou
seja, o estudante, ao produzir um texto dissertativo-argumentati-
vo, deverá levantar um ponto de vista, uma tese, e argumentar em
sua defesa. Sempre levando em consideração o convencimento do
leitor, isto é, a tese precisa ser muito bem defendida a ponto de que
o leitor seja convencido.
Sendo assim, o texto dissertativo-argumentativo prevê a dis-
cussão de um tema, de acordo com determinado ponto de vista, a par-
tir de argumentos e de fatos que possam comprovar e defender a tese
estabelecida. Toda essa discussão e argumentação deverá ocorrer se-
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gundo o molde estrutural exigido, que é composto por três par-
tes: introdução, desenvolvimento e conclusão.
1 A introdução corresponde ao primeiro parágrafo, é o mo-
mento em que o aluno deverá apresentar o assunto a ser dis-
cutido e estabelecer a tese que será defendida. É muito impor-
tante que o assunto fique muito bem apresentado, pois esse será
o contato inicial entre o leitor e o texto. Por isso, é muito impor-
tante contextualizá-lo bem, como se o leitor não soubesse nada
sobre ele. Além disso, este é o parágrafo que irá guiar o restante
da produção, pois além de apresentar o assunto, irá estabelecer
a tese que será defendida ao longo do texto. Sendo assim, essa
parte precisa de uma atenção muito especial no momento da es-
crita.
Começar o texto é, para a maioria dos alunos, o momento
mais complicado, mas há algumas estratégias para a construção
da introdução, as quais serão vistas nos próximos capítulos, que
representam algumas maneiras de se iniciar o texto dissertati-
vo-argumentativo. Mas é fundamental lembrar que, indepen-
dente da técnica ou estratégia utilizada, a introdução deverá
sempre contemplar esses dois pontos: apresentação do tema e
estabelecimento da tese.
2 Após o parágrafo de introdução do texto, inicia-se o
desenvolvimento, que é o momento de discussão e de argu-
mentação. Se no parágrafo de introdução apresenta-se o tema
e a tese, nos parágrafos seguintes, é preciso selecionar os ar-
gumentos e os fatos que irão defender o ponto de vista. Então,
os parágrafos que compõem o desenvolvimento do texto devem
conter a defesa do ponto de vista, por isso, esse é o momento de
argumentar, discutir, questionar, de mostrar o senso crítico. É impor-
tante ainda selecionar muito bem esses argumentos, pois não podem
ser muito extensos, uma vez que a produção textual deverá ser feita
em, no máximo, 30 linhas.
Todo o texto precisa ser produzido de maneira impessoal, ou
seja, embora defenda o ponto de vista do autor, é preciso que ele se
mantenha distante, por isso, aconselha-se escrever em terceira pes-
soa. Essa escolha da pessoa verbal deve ser mantida em todo o texto,
não se pode iniciar a produção textual em terceira pessoa do singular e
mudar para a primeira pessoa do plural. Se o texto foi iniciado em ter-
ceira pessoa do singular, mantenha isso até o final e nunca escreva em
primeira pessoa do singular, como ‘eu acho’, ‘eu acredito’. Portanto, o
mais aconselhável é optar pelo uso da terceira pessoa.
3 O último parágrafo do texto é o de conclusão, que é o
responsável pela finalização do texto. Nessa parte, é necessário
retomar o assunto e a tese, a fim de amarrar tudo o que foi exposto, e é
o momento de apresentar as propostas de intervenção, que são medi-
das que poderiam resolver o problema discutido.
Também há alguns aspectos que deverão ser levados em conta
nessa construção, os quais serão vistos mais adiante. Porém, é fun-
damental sabermos que essa parte é a de finalização, é o momento de
fechamento das ideias, por isso, não se pode apresentar novas ideias
para serem discutidas, nem novos argumentos.
Sendo assim, introdução, desenvolvimento e conclusão com-
põem a estrutura do texto dissertativo-argumentativo e essa ordem
precisa ser respeitada e o aluno deve dominá-la, para atingir os ob-
jetivos textuais e contemplar uma das exigências avaliativas da com-
petência 2. Dessa forma, novamente, ressalta-se a importância de se
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praticar a escrita. É necessário colocar em prática essa estrutura
e acostumar-se a ela, pois esse processo se tornará mais natural
e evitará qualquer problema estrutural que possa comprometer o
objetivo do texto e a nota final.
É válido ressaltar que a não obediência à estrutura do texto
dissertativo-argumentativo caracteriza nota zero na redação, ou
seja, não se pode escrever o texto em forma de receita, narrativa,
poema ou outros gêneros/tipos, o texto deve ser dissertativo-ar-
gumentativo, respeitando a estrutura composta por introdução,
em que apresentamos o tema e a tese; desenvolvimento, re-
sponsável pela argumentação e defesa do ponto de vista; e a con-
clusão, que faz o fechamento das ideias e apresenta a proposta de
intervenção.
3. A INTERPRETAÇÃO DO TEMA E A
LEITURA DOS TEXTOS DE APOIO COMO
PONTO DE PARTIDA PARA A ESCRITA
Observou-se, até então, a importância de se conhecer o
processo de avaliação da prova de redação do Enem, a qual é feita a
partir de cinco competências cujas notas variam de 0 a 200. Além
disso, foi visto também que não há como fazer uma prova de re-
dação sem conhecer a estrutura do texto solicitado, no caso do
Enem, o texto dissertativo-argumentativo. Por isso, mostrou-se
o que caracteriza cada uma das três partes dessa estrutura, intro-
dução, desenvolvimento e conclusão, cujo aprofundamento se
dará nos próximos capítulos, e aquilo que elas exigem.
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Guia prático do aluno 2018
Escrever é uma ação marcada por etapas e por estudo e, no dia
da prova, é fundamental ter domínio dos aspectos estudados até ago-
ra, principalmente para evitar o famoso ‘branco’. Muitos alunos têm
medo de não saber o que escrever no texto, porém a banca fornece três
coisas valiosas e que, muitas vezes, não recebem a atenção devida, o
que gera muitos problemas na nota: as instruções para a redação, os
textos de apoio e a proposta de redação. Por isso, é preciso entender a
função desses recursos que são disponibilizados, porque irão auxiliar
no processo de escrita, já que o texto a ser produzido deve ser dire-
cionado àquilo que é exposto na prova e ao que é exposto nesses três
elementos.
As instruções para a redação apresentam informações funda-
mentais e que auxiliam o candidato. Nessas instruções, a banca res-
salta que o rascunho deve ser feito no espaço correto, que o texto não
pode ultrapassar 30 linhas e precisa ser escrito à caneta e que, quando
copiado trechos dos textos de apoio, essas linhas serão ignoradas. Se a
cópia for integral, a nota será zero.
Por falar em nota zero, a banca também destaca o que pode
ocasionar isso à redação: texto com até sete linhas, fuga ao tema ou
fora do tipo dissertativo-argumentativo, presença de parte delib-
eradamente desconectada. Vale destacar que, no ano passado, em-
bora a prova ainda tenha feito referência ao desrespeito aos direitos
humanos como algo que provocava nota zero, uma liminar proibiu tal
ação. Portanto, desrespeitar os direitos humanos não causa mais nota
zero à produção textual.
Após essas instruções, a prova apresenta os textos motivadores que,
como o próprio nome já diz, servirão de apoio, de suporte para a escri-
ta e não poderão ser copiados. Algumas informações, como dados e ci-
tações, podem ser utilizadas no texto, mas sempre fazendo as devidas
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referências, pois cópia é plágio e plágio é crime. Além da questão jurídica, se houver a cópia integral dos textos de apoio, a redação será
zerada. Quando essa cópia é feita em alguns trechos, as linhas são desconsideradas.

Esses textos funcionarão como motivação para a escrita, são aqueles que irão dar um pontapé inicial no texto, eles irão apresentar al-
gumas informações que deverão induzir o aluno a escrever, ou seja, esses textos servem para motivar a escrita e contextualizar o assunto. No
Enem, esses textos tendem a ser curtos e objetivos, não apresentando discussões e focando-se muito mais em dados, devido, justamente, ao
fato de a banca querer ver a capacidade de interpretação e de argumentação do aluno. É importante ressaltar que, se o candidato ficar preso ao
que é exposto nos textos de apoio, ele não conseguirá atingir as notas mais altas na Competência 2, é preciso extrapolá-los.

Então, após a apresentação das instruções, a proposta traz os textos motivadores. Para entender essa composição, iremos utilizar o tema do
ano passado, que foi “Desafios para a formação educacional de surdos no Brasil”, o qual apresentou quatro textos motivadores:

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 Guia prático do aluno 2018

Vamos entender esses textos?

Texto II: Trata-se de um gráfico fornecido pelo Inep que mos-

tra o número de matrículas de surdos na educação básica entre os anos
de 2011 e 2016. A partir desses dados, o candidato poderia perceber o
decréscimo no número e deveria refletir: ‘Por que isso ocorre?’, ‘O que
há por trás desse cenário?’.

Texto III: É um anúncio publicado pelo Ministério Públi-

co do Trabalho (MPT), o qual retrata uma outra situação: um surdo,
pós-graduado, que questiona sua inserção no mercado de trabalho.

Texto IV: Trata-se de um texto que faz alusões históricas,
mostrando a inserção dos surdos na escola durante o Império brasile-
iro e a sanção da Lei 10.436, que reconhece a Língua Brasileira de Sinais
como segunda língua oficial. Esse texto nos faz refletir sobre a distân-
cia temporal entre a inserção do surdo e o reconhecimento da Libras.

Por último, a prova apresenta a proposta de redação, a qual
apresenta o enunciado-tema, que define sobre o que o candidato de-
verá escrever. Por isso, é necessário ler e interpretar. Uma dica que
pode ajudar bastante é destacar as palavras mais importantes, pois,
assim, todas as ideias do texto serão direcionadas a elas. Essa inter-
pretação é fundamental para evitar a fuga ao tema, que ocasiona nota
ZERO à redação. Isso ocorre quando o candidato fala de algo comple-
tamente diferente do que foi solicitado. Outro problema que ocorre
muito é o tangenciamento do tema, que é quando a discussão fica no
Texto I: Apresenta dois artigos da Lei 13.146 que trata do
plano mais amplo do assunto e não trata do eixo temático.
direito à educação, que prevê um sistema educacional inclusivo
em todos os níveis e aprendizado ao longo da vida, ressalta o pa-
É importante ressaltar que os temas são compostos a par-
pel do poder público, trata da oferta da educação bilíngue (Libras
tir de um assunto mais amplo e, dentro dele, se pega algo específico
como primeira língua) e trata da oferta do ensino de Libras, do
para construir a discussão, o eixo temático. Se pegarmos o tema em
Sistema de Braille e de recursos de tecnologia. Esse texto é funda-
questão, “Desafios para a formação educacional de surdos no Bra-
mental para fazer com que o candidato reflita se, de fato, o que é
sil”, veremos que há um tema mais amplo, que é a questão dos sur-
previsto em lei está sendo cumprido.
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Guia prático do aluno 2018
dos, mas não é sobre isso que o texto deve tratar. Há um recorte
temático caracterizado pelas seguintes palavras-chave: desafi-
os, formação educacional e surdos.
Então, além do conhecimento prévio que se deve ter, acer-
ca da avaliação e da estrutura textual, é preciso ter uma atenção
especial aos pontos que são expostos. Por isso, leia sempre com
atenção aquilo que está sendo solicitado, compreenda o tema,
destaque as palavras mais importantes, leia com atenção os tex-
tos de apoio, mas não copie, fique atento às instruções dadas,
pois esses passos são fundamentais para uma boa produção tex-
tual.
Foi visto até aqui, então, tudo o que a própria banca oferece
ao candidato: o processo de avaliação (todas as competências são
divulgadas e o que caracteriza cada nota), o texto exigido, sem-
pre o dissertativo-argumentativo, e os elementos que compõem
a proposta de redação, as instruções, os textos motivadores e o
enunciado-tema. É importante aproveitar e entender esses pon-
tos que são oferecidos, pois um bom texto, que irá garantir uma
boa nota, deve partir desses conhecimentos.
4. A IMPORTÂNCIA DE SE ELABORAR UM
PROJETO DE TEXTO
A banca de correção, conforme foi ressaltado anterior-
mente, apresenta pontos e elementos fundamentais para o pro-
cesso de escrita. Sendo assim, após ler atentamente a prova de
redação e suas orientações, é fundamental elaborar um projeto de tex-
to, ou seja, é preciso planejar a escrita antes de iniciá-la de fato.
Ao fazer a leitura do tema e dos textos de apoio, muitas ideias
podem surgir e é muito importante não perdê-las. Por isso, é preciso
anotá-las em tópicos, nada de períodos muito longos ou muito elab-
orados, pois, neste momento, é preciso ser objetivo e rápido.
A partir da leitura do tema e das anotações feitas, elabora-se o
projeto de texto. Inicialmente, é preciso pensar no parágrafo de intro-
dução e na tese que irá ser defendida, a qual, na maioria das vezes, já
estará presente nos tópicos anotados.
Selecionada a tese, pensa-se nos argumentos que irão de-
fendê-la, geralmente, dois. Com isso, retorna-se às anotações e ob-
serva-se se esses argumentos lá estão presentes. O importante é se-
lecionar aquilo que se tem domínio, ou seja, aquilo que irá conseguir
defender e explicar de forma eficiente. Se houver qualquer dúvida ou
insegurança, corte a ideia e parta para outra.
Para fechar o projeto de texto, é preciso pensar na conclusão e
na solução para o problema debatido, isto é, pensar na proposta de in-
tervenção. Para isso, liste os agentes que irão ser mobilizados e o que
precisa ser feito.
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Dessa forma, o projeto de texto deve ficar mais ou menos
assim definido:
Introdução/tese
Argumento 1
Argumento 2
Conclusão/soluções
Esse não é um modelo fixo de projeto de texto a ser seguido,
cada aluno pode desenvolver o seu, dentro de suas dificuldades e
necessidades. O importante é sempre ter em mente que esse pro-
jeto é fundamental para organizar as ideias e evitar eventuais es-
quecimentos.
É importante ressaltar que o projeto de texto, assim como
as anotações, deve ser feito de maneira objetiva, com frases cur-
tas, o que o diferencia do rascunho. O rascunho é a primeira versão
do texto e deve ser feito na folha indicada. Nesse caso, as ideias
presentes no projeto são desenvolvidas, a partir de períodos lon-
gos, constituindo os parágrafos.
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Guia prático do aluno 2018
O rascunho é muito importante para ver o texto como um todo,
analisar se a estrutura do texto dissertativo-argumentativo foi res-
peitada, se houve a defesa do ponto de vista, se todas as exigências
foram cumpridas e para fazer as mudanças necessárias antes de se
passar o texto para a folha oficial. Então, o rascunho também funcio-
na como um momento de correção do texto pelo próprio candidato,
em que ele mesmo irá conseguir identificar e eliminar os problemas
encontrados.
5. A CONSTRUÇÃO DOS PARÁGRAFOS
O rascunho, prévia do texto oficial, é o momento de se desen-
volver as ideias selecionadas (em tópicos) em parágrafos. Todavia,
há, por parte de muitos, uma grande dificuldade de se entender a
importância da divisão da produção textual em parágrafos. Normal-
mente, esse problema está ligado à noção que se tem: pensa-se que
o parágrafo é somente aquele recuo que se dá à margem esquerda,
porém, não é só isso.
Além desse recuo, a extensão do parágrafo também é muito
importante para a organização e compreensão das ideias. Parágrafos
longos tendem a ser confusos, o que prejudica todo o encadeamento
textual e a defesa do ponto de vista, por isso, é importante ter bastante
atenção na construção dos parágrafos, utilizando bem a pontuação e
os recursos coesivos, garantindo o bom entrelaçamento das ideias.
Todavia, o que muitas pessoas desconhecem é que os parágra-
fos apresentam uma estrutura que precisa ser respeitada. Tal estru-
tura está muito ligada à ideia que se tem de começo, meio e fim em
produções textuais. Sendo assim, os parágrafos devem ser construí-
dos dentro dessa lógica de introdução, desenvolvimento e conclusão.
Guia prático do aluno 2018
Os textos são divididos e organizados em forma de
parágrafos. Cada parágrafo deve apresentar uma ideia central.
Essa ideia principal corresponde ao tópico frasal que, normal-
mente, aparece já no início do parágrafo. Todavia, o parágrafo
não se restringe somente a essa ideia, é preciso desenvolvê-la e
promover um encerramento.
Portanto, o tópico frasal deve ser apresentado, desen-
volvido (esse desenvolvimento vai depender muito da estratégia
argumentativa escolhida) e concluído. Tal conclusão funciona
como o fechamento daquilo que foi exposto.
O tópico frasal pode aparecer no parágrafo de algumas
maneiras. Como:
1) Declaração (pode ser positiva ou negativa) – Exemplo:
“O avanço do uso de drogas, no Brasil, não é algo recente”.
2) Definição – Exemplo: “Droga é qualquer produto alu-
cinógeno que leva à dependência química”.
3) Contraste – Exemplo: “De um lado, os usuários que com-
pram as drogas e financiam o tráfico, do outro lado, os trafi-
cantes”.
Cada parágrafo deve apresentar uma ideia central, a qual
deve ser desenvolvida. Não se pode colocar várias ideias centrais
em um mesmo parágrafo, pois gera confusão. De maneira bem
objetiva, em um parágrafo:
1) A introdução do parágrafo consiste na apresentação do tópico
frasal;
2) O desenvolvimento é composto pelas ideias secundárias que
vão reforçar, explicar, fundamentar a ideia-núcleo;
3) A conclusão irá arrematar a introdução e o desenvolvimento.
No que diz respeito à quantidade de linhas para a construção de
cada parágrafo, não existe uma regra ou um número fixo, mas tam-
bém não se pode produzir um parágrafo extremamente longo. A prova
disponibiliza 30 linhas para a construção do texto, levando em con-
ta que se tem, normalmente, quatro parágrafos em cada produção
(1 parágrafo para a introdução, 2 para o desenvolvimento e 1 para a
conclusão) e descontando uma linha para o eventual título (o qual não
é obrigatório, mas conta como uma linha escrita), tem-se 29 linhas
para quatro parágrafos, o que dá uma média de 7 linhas para cada um.
6. ESTRATÉGIAS DE CONSTRUÇÃO DA
INTRODUÇÃO
Ter noção sobre o que um parágrafo deve conter é fundamental
para garantir a defesa de um ponto de vista e alcançar o objetivo do
texto. Porém, um ponto sempre causa medo e assusta os candidatos:
como iniciar o texto? Há algumas estratégias para essa construção, as
quais podem facilitar essa tarefa.
Para entender e conhecer essas estratégias, é preciso retomar
as exigências que esse primeiro parágrafo faz, sua função é apresen-
15
 Guia prático do aluno 2018

tar, contextualizar o assunto e estabelecer o ponto de vista que será defendido. Ele deve ser visto como o mais importante da produção
textual, pois é responsável pelo contato inicial entre leitor e autor, além de guiar todo o restante do texto, uma vez que apresenta a tese,
que será defendida no desenvolvimento e retomada na conclusão.

6.1 O uso de definição

A definição é um recurso muito utilizado no primeiro parágrafo. Começa-se fazendo uma definição do tema ou apresentan-
do um conceito.

Candidato: José Querino de Macedo Neto

Se o conceito censitário de publicidade entende o uso de recursos estilísticos da linguagem, a exemplo da metá-
fora e das frases de efeito, como atrativo na vendagem de produtos, a manipulação de instrumentos a serviço
da propaganda infantil produz efeitos que dão margem mais visível ao consumo desnecessário. Com base nisso,
estabelecem-se propostas de debate social acerca do limite de conteúdos designados a comerciais televisivos
que se dirigem a tal público.

6.2 Alusão histórica

Outra maneira de se iniciar o texto é a partir da retomada histórica ou alusão histórica. Para construir essa retomada, o can-
didato menciona determinado momento histórico e relaciona-o ao tema, apresentando ou justificando um fato, estabelecendo
um paralelo entre o que ocorria no passado e o que ocorre no presente.

Esse recurso exige muito cuidado, pois o momento citado tem que se relacionar diretamente com o tema, tem que ter al-
guma ligação com ele. Por isso, é importante ter domínio e conhecimento do período a ser citado. Além disso, é preciso citar mo-
mentos históricos específicos e relevantes e não construções amplas, como ‘Há muito tempo’.

16
Guia prático do aluno 2018

Candidato: Helário Azevedo e Silva Neto

O Período Colonial do Brasil, ao longo dos séculos XVI e XIX, foi marcado pela tentativa de converter os índios ao
catolicismo, em função do pensamento português de soberania. Embora date de séculos atrás, a intolerância
religiosa no país, em pleno século XXI, sugere as mesmas conotações de sua origem: imposições de dogmas e
violência. No entanto, a lenta mudança de mentalidade social e o receio de denunciar dificultam a resolução
dessa problemática, o que configura um grave problema social.

6.3 Flashes

Outra maneira de se iniciar o texto é a partir do uso de flashes, que consiste na apresentação do assunto através da con-
strução de imagens rápidas. Nessa maneira, o autor faz uma espécie de sequenciação de imagens que ajudam o leitor a com-
preender a problemática. Associa-se o uso dessas imagens à construção de um cenário.

Candidato: Helário Azevedo e Silva Neto

Saídas à noite. Bares. Direção embriagada. Acidentes. No Brasil, por muito tempo, essa sequência foi comum
e sem punições. Nos últimos anos, a implantação do controle de motoristas alcoolizados já trouxe resultados
positivos ao país – como uma considerável queda no número de acidentados. Entretanto, as opções de meio de
transporte coletivos são restritas e os cidadãos, então, recorrem às redes sociais que indicam o posicionamento
de tendas da Lei Seca e continuam, desse modo, a dirigir sob efeito do álcool.

6.4 Citação

Essa estratégia consiste no uso de ideias de outros sujeitos. Também é uma técnica que exige muito cuidado, pois tal ci-
tação deve estar diretamente ligada ao tema e deverá partir de pessoas ‘autorizadas’, pessoas cujos estudos estão ligados, rela-
cionados, ao assunto. Sempre fazendo as devidas referências.

Há duas maneiras de se fazer citação. A primeira é a citação direta, em que o candidato faz uso das palavras do autor assim
como foram proferidas/ditas, nesse caso, a citação deve vir entre aspas duplas.

17
 Guia prático do aluno 2018

Segundo Paulo Freire, “ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria pro-
dução ou a sua construção”.

Já a citação indireta é quando se faz uma paráfrase da citação, quando escrevemos com as nossas próprias palavras, mas
sempre citando a fonte. Nesse caso, não se usa aspas.

O processo de ensino, por parte dos professores, não deve ser visto como a simples transmissão de conhecimen-
to, uma vez que o ensinar deve possibilitar que o aluno construa e produza o seu próprio conhecimento, assim
como ressalta Paulo Freire.

Vamos ver um exemplo:

Candidata: Vanessa Soares Mendes

De acordo com Albert Camus, escritor argelino do século XX, se houver falhas na conciliação entre justiça e liber-
dade, haverá intempéries de amplo espectro. Nesse sentido, a intolerância religiosa no Brasil fere não somente
preceitos éticos e morais, mas também constitucionais estabelecidos pela Carta Magna do país. Dessa forma,
observa-se que a liberdade de crença nacional reflete um cenário desafiador seja a partir de reflexo histórico,
seja pelo descumprimento de cláusulas pétreas.

6.5 Declaração Inicial

Candidata: Laryssa Cavalcanti

O ser humano é social: necessita viver em comunidade e estabelecer relações interpessoais. Porém, embora intit-
ulado, sob a perspectiva aristotélica, político e naturalmente sociável, inúmeras de suas antiéticas práticas cor-
roboram o contrário. No que tange à questão religiosa no país, em contraposição à laicização do Estado, vigora
a intolerância no Brasil, a qual é resultado da consonância de um governo inobservante à Constituição Federal e
uma nação alienada ao extremo”.
18
Guia prático do aluno 2018

Essas são algumas estratégias e maneiras para se iniciar o parágrafo de introdução. Independente da técnica a ser uti-
lizada, é preciso ter em mente o estabelecimento da tese, que consiste na apresentação do ponto de vista que será defendido, é o
posicionamento do autor diante do tema.

Alguns temas exigem que esse posicionamento se dê de um lado ou de outro, como é o caso do tema disponível no site do
Projeto Redação:
‘O uso do celular em sala de aula: ferramenta de aprendizagem ou distração?’

Esse tema exige que o autor se posicione de um lado ou do outro e a tese deverá ir nessa direção. Todavia, a tendência do
Enem não é produzir temas que estabeleçam essa oposição, a tese deve estar ligada àquilo que você pretende apresentar como
explicação ou como uma solução.

Tema de 2015: ‘A persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira’

Nesse caso, a tese pode ser construída a partir das justificativas que o candidato dará a essa questão da persistência. Por
que a violência persiste? Quais os fatores que motivam isso?

Tema de 2016: ‘Caminhos para combater a intolerância religiosa no Brasil’

Nesse tema, a tese pode ser construída a partir da relação/apresentação dos caminhos para se combater esse problema.

Tema de 2017: ‘Desafios para a formação educacional de surdos no Brasil’

Com base nesse tema, a tese pode ser elaborada a partir da apresentação daquilo que se considera como desafio para a for-
mação educação de surdos em nosso país.

Portanto, para vencer o medo de se iniciar o texto, é fundamental conhecer algumas dessas estratégias, entender a função
desse parágrafo inicial e praticar, pois somente a prática traz confiança e domínio do texto dissertativo-argumentativo.

19

7. ESTRATÉGIAS ARGUMENTATIVAS: A CONSTRUÇÃO
DO DESENVOLVIMENTO DO TEXTO
Anteriormente, foram ressaltadas maneiras e estratégias para
se iniciar o texto dissertativo-argumentativo, isto é, formas de se pro-
duzir o parágrafo de introdução, o qual é responsável pela apresen-
tação do assunto e pelo estabelecimento da tese.
Após esse primeiro parágrafo, inicia-se o desenvolvimento do
texto, que consiste no momento da discussão. Se o primeiro parágrafo
apresenta o tema e o ponto de vista, os próximos dois ou três parágra-
fos serão responsáveis pela defesa dessa tese, ou seja, é o momento de
convencer o leitor acerca do ponto de vista sustentado. O convenci-
mento do leitor é algo que precisa ser sempre lembrado, pois o texto é
escrito para outra pessoa, a qual precisa ser convencida acerca daquilo
que está sendo discutindo.
Vale ressaltar que o texto dissertativo-argumentativo prevê a
argumentação, a discussão, a defesa de um ponto de vista. Isso sig-
nifica que não se deve ficar apenas na exposição dos fatos, é preciso
argumentar. Se ocorrer apenas a exposição, há, assim, outro tipo de
texto, o dissertativo-expositivo, o qual não é o exigido pelo Enem.
Outro ponto que merece atenção é a necessidade de se sele-
cionar muito bem os fatos e os argumentos que irão compor essa
parte do texto e que irão, de fato, defender a tese levantada. Essa
seleção requer cuidado, pois é muito recorrente o candidato apre-
sentar uma tese e defendê-la com argumentos contraditórios, ou
não defendê-la, e isso não pode acontecer.
20
Guia prático do aluno 2018
Além dessa preocupação com a seleção, é preciso ter
atenção com a organização da argumentação, os argumentos precisam
apresentar uma sequência lógica, precisam estar relacionados, artic-
ulados à tese, bem explicados e fundamentados. Isso é fundamental
para garantir uma boa nota, facilitar a compreensão de suas ideias e
alcançar a persuasão. Por isso, é importante selecionar os argumentos
previamente, fazer o planejamento textual e escrever com calma.
Para a melhor construção do desenvolvimento do texto, é pre-
ciso tomar cuidado com o ‘senso comum’. O senso comum está ligado
à maneira de pensar da maioria das pessoas, adquirido a partir de ex-
periências e vivências, as quais são reproduzidas. Não é que o senso
comum não possa aparecer no texto, mas é preciso tomar cuidado para
que a discussão não fique apenas pautada nele, uma vez que pode en-
fraquecer a discussão, além de ser algo que, por ser de conhecimento
de todos, é reproduzido pela maioria dos candidatos.
Sendo assim, deve-se priorizar o senso crítico, o qual reflete a
capacidade de questionar, de analisar, de criticar os fatos e está mais
ligado à questão da cientificidade, além de contribuir com a autoria. E
é esse tipo de argumentação crítica e fundamentada que se espera no
texto dissertativo-argumentativo.
 Guia prático do aluno 2018
Algumas estratégias podem ajudar nessa construção de argumentação consistente. Entre elas pode se destacar:
1) Exemplificação - A argumentação por
exemplificação se dará a partir da mobilização
de exemplos, e é importante optar por ex-
emplos reais. Com a utilização de exemplos,
o autor consegue reforçar, comprovar aquilo
que está defendendo.
2) Argumento de autoridade - A argu-
mentação é construída a partir do uso de ar-
gumento de autoridade, que consiste na ci-
tação de pessoas autorizadas a falar sobre o
assunto discutido. Lembrando que essas ci-
tações devem ser feitas de maneira direta ou
indireta, sempre fazendo as devidas referên-
cias. É preciso, ainda, tomar cuidado com o
uso excessivo desse recurso, pois o texto pode
acabar virando um espaço para reprodução e
releitura de ideias de outras pessoas, e a tese
levantada, a opinião do candidato pode ficar
em segundo plano.
3) Comprovação - A comprovação se dá pela
apresentação de dados estatísticos, pesqui-
sas, estudos, estatísticas, os quais consistem
em provas concretas. Esses recursos são
apresentados para provar, comprovar aquilo
que está sendo discutido e defendido. É muito
importante lembrar que, se for usar esse tipo
de informação, é preciso apresentar o órgão
responsável por sua elaboração, ou seja, sem-
pre cite a fonte. Lembre-se de que não se pode
forjar/inventar dados ou estudos.
4) Relação causa e consequência - Essa
é uma estratégia muito utilizada e consiste na
apresentação de fatos que são causa, ou seja,
aquilo que motiva e de fatos que são conse-
quência, aquilo que é ocasionado. As con-
sequências podem ser positivas ou negati-
vas, tudo vai depender do objetivo do texto.
As ideias apresentadas como causa devem
ter relações diretas com aquilo que desen-
cadeiam. É muito comum, alunos expres-
sarem uma falsa ou inexistente relação de
causa-consequência, por isso, é importante
refletir sobre essa relação.
5) Contraste - A argumentação pode ser
construída a partir da oposição entre dois la-
21

dos de um mesmo fato, nessa construção, normalmente se apre-
senta, por exemplo, o lado positivo e o lado negativo. Com esse
recurso, o aluno mostra que conhece bem o assunto e reconhece
aquilo que gera.
Há ainda outras estratégias para a construção da argumen-
tação, o importante é lembrar que, independente do recurso uti-
lizado, o importante é que a argumentação seja eficiente, deve
estar de acordo com o objetivo do texto, deve ser bem organiza-
da, crítica, fundamentada e acompanhada de uma boa discussão,
convencendo o leitor e não o deixando com dúvidas e, claro, deve
sempre estar de acordo com aquilo que está sendo exigido como
discussão.
8. A IMPORTÂNCIA DO REPERTÓRIO
SOCIOCULTURAL NA CONSTRUÇÃO DA
ARGUMENTAÇÃO
Outro ponto muito importante para o desenvolvimento
do tema e para a construção da argumentação é o repertório
sociocultural, o qual é avaliado na Competência 2, que diz:
Competência 2: Compreender a proposta de redação
e aplicar conceitos de diversas áreas do conhecimento para
desenvolver o tema, dentro dos limites estruturais do texto dis-
sertativo-argumentativo em prosa.
É importante destacar o uso da palavra ‘várias’, ou seja, é
preciso mostrar domínio de áreas diferentes e é esse domínio que
irá caracterizar a nota máxima nessa competência:
22
Guia prático do aluno 2018
Desenvolve o tema por meio de argumentação consistente,
a partir de um repertório sociocultural produtivo e excelente
domínio do texto dissertativo-argumentativo.
Sendo assim, a mobilização dessas várias áreas do conheci-
mento é o que se chama de repertório sociocultural, que precisa ser
produtivo, isso significa que as informações das diversas áreas do
conhecimento, selecionadas para compor o texto, não podem apenas
aparecer na produção textual. Elas precisam estar bem interligadas,
em consonância com o tema, com a discussão e com a tese.
Esses conhecimentos de outras áreas vão ser utilizados para
enriquecer o texto, mostrar a boa bagagem do candidato, o seu con-
hecimento sobre o assunto e vai fundamentar a discussão. Para que
isso ocorra, é preciso mobilizar informações econômicas, sociais, cul-
turais, históricas, filosóficas, sociológicas.
Para se adquirir esse conhecimento, é preciso que o candida-
to se mantenha bem informado, que leia sobre diversos assuntos, que
saiba o que acontece na atualidade, enfim, trata-se de uma bagagem
sociocultural que é construída ao longo do processo de formação, tra-
ta-se daquilo que se ouve, que se lê, que se discute.
Os próprios textos de apoio apresentam algumas informações,
dados, estudos, pesquisas, e o candidato pode fazer uso, porém é pre-
ciso extrapolar esses textos, ir além, mostrar outros conhecimentos,
não se pode ficar preso somente ao que a coletânea apresenta. Lem-
brando que não se pode copiar integralmente a coletânea, é preciso
apropriar-se dessas informações, interpretá-las, dar a elas novos
sentidos. Além disso, é preciso reforçar que, se o texto ficar pautado
nos textos motivadores, a nota na Competência 2 será prejudicada.
Guia prático do aluno 2018

De acordo com o que foi exposto anteriormente, o desenvolvi-

mento é o momento de discussão, de defesa do ponto de vista. Após
isso, apresenta-se a conclusão, que corresponde ao último parágrafo
da produção textual, é o momento de fechamento do texto e também
de apresentação da proposta de intervenção.

Assim como as outras etapas (introdução e desenvolvimento),

a conclusão também faz algumas exigências. São elas:

1) retomar o problema exposto;

2) apresentar a proposta de intervenção;
3) reafirmar a tese.

Sendo assim, para a elaboração desse último parágrafo do tex-

to, é preciso retomar o assunto discutido e reafirmar a tese. A tese
Por isso, é muito importante apresentar fatos atuais, con- é o ponto principal do texto, aparece na introdução, é defendida no
hecimentos de diversas disciplinas e áreas, usar obras literárias, desenvolvimento e deve ser retomada na conclusão.
produções cinematográficas, desde que tudo se encaixe com a
tese, que as devidas referências sejam feitas, que respeite o autor
e a área do conhecimento, que não cometa plágio e nem invente
informações.

Sendo assim, a discussão apresentada deve sempre ser

muito bem fundamentada, a partir do uso do repertório socio-
cultural, o que vai contribuir para a defesa do ponto de vista de
maneira eficiente.

9. COMO FINALIZAR O TEXTO DISSERTA-

TIVO-ARGUMENTATIVO E A CONSTRUÇÃO
DA PROPOSTA DE INTERVENÇÃO
23
 Guia prático do aluno 2018

Além dessas exigências, é importante salientar que concluir o texto vai muito além de apresentar construções como ‘É possível con-
cluir’, ‘Pode-se inferir’, ‘Conclui-se, então’. É importante se manter distante desse tipo de construção, uma vez que o último parágrafo já
indica que é o fechamento do texto, logo, não precisa que se tenha um reforço, pois fica redundante. Essa marcação de conclusão deve ser
feita a partir da organização de suas ideias e do uso de determinados recursos coesivos, aqueles de caráter conclusivo.

Como:

24
Guia prático do aluno 2018
É importante destacar um problema muito recorrente na
construção dessa parte final do texto que é a apresentação de
discussão. Muitos candidatos colocam na conclusão explicações,
argumentos, fazem novos levantamentos e questionamentos e
isso não pode acontecer. A conclusão não é o momento de argu-
mentar, é o momento de finalizar a discussão. Afinal, a discussão
ocorre no desenvolvimento do texto.
Outra exigência da prova de Redação do Enem é a apresen-
tação de proposta de intervenção. Essa construção, geralmente,
aparece no final do texto e é extremamente importante, visto
que a Competência 5 avalia justamente isso.
Essa proposta de intervenção consiste na apresentação de
soluções viáveis para o problema discutido. Considera-se como
soluções viáveis aquelas que são executáveis, que podem ser
desenvolvidas, realizadas, por isso, não se pode pensar em algo
impossível de se fazer ou muito longe da realidade vivida.
Além de essas soluções precisarem, necessariamente,
mostrar viabilidade, é preciso que os agentes sociais estejam
envolvidos. Os agentes sociais são aqueles que, de fato, podem
mudar a realidade, que podem exercer transformações na socie-
dade, como o Estado, a escola, a família, a mídia.
Além de apresentar o agente social responsável, é preciso
especificar o que precisa fazer, como fazer (é necessário deixar
bem claro quais ferramentas e dispositivos devem ser utilizados)
e ressaltar o efeito de tais medidas, isto é, com qual objetivo de-
vem ser desenvolvidas. No ano passado, o Manual de Redação do
Enem 2017 apresentou uma diferença em relação aos anos ante-
riores, uma vez que, agora, a banca exige um detalhamento, isto
é, uma explicação acerca da ação ou do modo de executá-la.
Para se entender melhor essa construção, vamos ver como um
candidato a apresentou em seu texto nota mil:
Candidato: Helário Azevedo e Silva Neto,
”Sendo assim, é indispensável a adoção de medidas capazes
de assegurar o respeito religioso e o exercício de denúncia.
Posto isso, cabe ao Ministério da Educação, em parceria com
o Ministério da Justiça, implementar aos livros didáticos de
História um plano de aula que relacione a aculturação dos
índios com a intolerância religiosa contemporânea, com o
fito de despertar o senso crítico nos alunos; e, além disso, pro-
mover palestras ministradas por defensores públicos acerca
da liberdade de expressão garantida pela lei para que o re-
speito às diferentes posições seja conquistado. Ademais, a
Polícia Civil deve criar uma ouvidoria anônima, tal como uma
delegacia especializada, de modo a incentivar denúncias em
prol do combate à problemática.”
Em sua conclusão, o aluno:
1) Retoma o que foi exposto no texto:
ressalta que é indispensável a adoção de medidas que asse-
gurem o respeito religioso e o exercício de denúncia;
2) Apresenta os agentes:
Ministério da Educação e Ministério da Justiça;
Polícia Civil;
25

3) O que fazer, como fazer e detalhamento:
implementar aos livros didáticos de História um plano de
aula que relacione a aculturação dos índios com a intol-
erância religiosa contemporânea;
promover palestras ministradas por defensores públicos
acerca da liberdade de expressão garantida pela lei;
deve criar uma ouvidoria anônima, tal como uma delegacia
especializada;
para que o respeito às diferentes posições seja conquistado;
com o fito de despertar o senso crítico nos alunos;
de modo a incentivar denúncias em prol do combate à
problemática.
É justamente esse tipo de construção que a banca quer ver,
quanto mais próximo ficar desse nível de detalhamento, mais
chances de se aproximar da nota máxima.
10. A QUESTÃO DA COESÃO TEXTUAL
O texto dissertativo-argumentativo, como foi visto du-
rante todo esse material, apresenta uma estrutura que deve ser
26
Guia prático do aluno 2018
respeitada, e cada uma dessas partes faz exigências. Todavia, é im-
portante que tudo isso esteja articulado, ou seja, todas as informações
precisam estar relacionadas e interligadas, uma vez que o texto é uma
unidade significativa.
Para estabelecer essas ligações, é preciso fazer uso de recursos
coesivos, sempre mostrando um bom repertório, isso garantirá um
texto coeso. Cabe, então, esclarecer aqui a diferença entre dois pontos
muito importantes na construção de um texto: coesão e coerência.
A coerência está relacionada às relações de sentido estabeleci-
das no próprio texto e até mesmo na relação entre aquele que escreve
e aquele que lê. Por isso, o texto precisa apresentar uma relação lógica
entre as ideias apresentadas.
Para que isso ocorra, o texto não deve fugir daquilo que o tema
exige, não se deve mudar de assunto no meio da escrita. Além disso,
é fundamental que os parágrafos apresentem pontos novos de dis-
cussão, ou seja, não podem ser repetitivos, redundantes, não podem
falar sobre a mesma coisa (lembre-se do tópico frasal, que precisa ser
diferente a cada parágrafo).
Outro aspecto que compromete muito a coerência do texto é a
contradição, isto é, não se pode dizer algo e, em seguida, dizer outra
coisa, algo oposto. Por exemplo, não se pode dizer que é a favor de algo
e, em seguida, dizer que é contra. Dessa forma, todas as ideias apre-
sentadas no texto precisam estar, de fato, relacionadas com o nosso
contexto sócio-histórico, pois elas precisam fazer sentido para quem
está lendo. Sendo assim, é necessário que o texto se afaste da repetição
de ideias, da contradição e que tenha uma organização lógica.
Já a coesão é a ligação entre as ideias apresentadas no texto.
Guia prático do aluno 2018

Elas precisam estar interligadas, garantindo a fluidez da produção textual e, consequentemente, garantindo a transmissão da
mensagem. Isso significa que as ideias dentro de um mesmo parágrafo precisam estar interligadas, assim como os próprios parágrafos,
que também precisam ter ligação.

Para se estabelecer essa ligação, pode-se destacar o uso de alguns recursos gramaticais, como preposição, conjunção, pronome
relativo, advérbio, locuções adverbiais.

As preposições podem ser de dois tipos: essenciais e acidentais. As essenciais são aquelas que sempre exercerão a função de prep-
osição. Enquanto as acidentais são palavras de outras classes gramaticais que podem exercer essa função de ligar termos. Além disso, há
as locuções prepositivas, que são formadas por duas ou mais palavras.

Essenciais Acidentais
Alguns exemplos: Alguns exemplos:

A - ANTE - APÓS - ATÉ - COM CONSOANTE - CONFORME - DURANTE

CONTRA - DE - DESDE - EM EXCETO - MEDIANTE - COMO - FORA
ENTRE - PARA - PER - PERANTE SEGUNDO
POR - SEM - SOB - SOBRE TRÁS
Exemplos:
Exemplos: Atuei como representante comercial por
vários anos.
Ela não vem à escola desde ontem.
Meu cachorro ficou ansioso durante o pas-
Viajei de avião.
seio.
Fomos à Bahia.
Montei o armário conforme a instrução.

27
 Guia prático do aluno 2018

Locuções prepositivas – duas ou mais Coordenativas – ligam as orações coordenadas (que não dependem sin-
palavras sendo a última uma preposição taticamente uma da outra)
essencial.

Alguns exemplos: Alguns exemplos:

ABAIXO DE - ALÉM DE - ACERCA DE ADITIVAS E, NEM, MAIS TAMBÉM, Eu gosto muito de ler e
BEM COMO, ETC viajar.
DE ACORDO COM - EM VEZ DE
JUNTO DE - PERTO DE - EM VEZ DE MAS, PORÉM, ENTRETANTO, Ela se esforçou muito,
ADVERSATIVAS
TODAVIA, CONTUDO, NO EN- mas não obteve um bom
AO LADO DE - DIANTE DE
TANTO, ETC resultado.

Exemplos:
ALTERNATIVAS OU...OU, ORA.. ORA, JÁ... JÁ, Ou ele sai daqui logo, ou
Ele agiu de acordo com sua vontade. QUER... QUER, ETC. irei embora.
Ele mora perto da sua casa.
Ele ficou nervoso diante da situação.
CONCLUSIVAS LOGO, PORTANTO, POR ISSO, Ele possui uma excelente
ASSIM, POR CONSEGUINTE, formação, portanto a
ETC. vaga é dele.
As conjunções também são palavras in-
variáveis, porém que ligam duas orações ou
dois termos semelhantes de uma mesma EXPLICATIVAS POIS, QUE, PORQUE, POR- Eles não foram ao
oração, os quais exercem a mesma função. Elas QUANTO, ETC. passeio, pois estavam
se dividem em coordenativas e subordinativas. doentes.

28
Guia prático do aluno 2018

Subordinativas – ligam as orações subordinadas (que possuem relação de

dependência)

Alguns exemplos:

INTEGRANTES QUE, SE Eu disse que ele não viria.

CAUSAIS VISTO QUE, QUE, PORQUE, Já que estava chovendo,

JÁ QUE, UMA VEZ QUE, POIS, a escola cancelou o pas-
PORQUE, ETC seio.

CONSECUTIVAS QUE (PRECEDIDO DE TÃO, Ele correu tanto que pas-

TANTO, TAL, TAMANHO), sou mal.
SEM QUE, DE MODO QUE, DE
FORMA QUE, ETC.

COMPARATIVAS ASSIM COMO, MAIS QUE, Ela cozinha como sua

MENOS QUE, COMO, TAL mãe
QUAL, QUE, DO QUE, ETC

CONFORMATIVAS CONFORME, SEGUNDO, CON- Conforme esclarecemos

SOANTE, ASSIM COMO, ETC na última aula, a prova
foi adiada

CONCESSIVAS POR MAIS QUE, AINDA QUE, Mesmo que tenha se es-
MESMO QUE, SE BEM QUE, forçado muito, não con-
EMBORA, ETC seguiu me agradar.

29
 Guia prático do aluno 2018

Destaca-se também, como re-

CONDICIONAIS CASO, SE, CONTANTO QUE,
SEM QUE, A MENOS QUE,
SALVO SE, ETC.
PROPORCIONAIS À MEDIDA QUE, À PRO-
PORÇÃO QUE, QUANTO MAIS,
QUANTO MENOS, ETC.
Se você for à festa, não
ganhará o seu presente.
À medida que ia cre-
scendo, tornava-se inde-
pendente.
curso coesivo, os pronomes relativos.
Esses pronomes vão sempre retomar
um nome que apareceu anteriormente
e são divididos em: variáveis e in-
variáveis.

FINAIS A FIM DE, PARA QUE, ETC A fim de atingir uma boa
nota, passou noites sem
dormir

TEMPORAIS QUANDO, SEMPRE QUE,

Depois que você foi em-
LOGO QUE, ENQUANTO, DE- bora, ela ficou muito
POIS QUE, ETC triste.

Pronomes relativos variáveis

Ex.: Esta é a blusa da qual falei.

Masculino Feminino
Ele comprou tudo quanto quis.
o qual, os quais a qual, as quais Esses são os alunos cujos pais vieram à reunião.

cujo, cujos cuja cujas

quanto, quantos quanta, quantas

(antecedido de tudo (antecedido de to-
todos) das)

30
Guia prático do aluno 2018

Pronomes relativos invariáveis

Ex.: Essa é a casa onde moro. (Onde é sempre para lugar)

ONDE QUE QUEM
Esta moça é a enfermeira de quem falei.

Os advérbios também exercem função coesiva. Essa classe gramatical é responsável pela modificação do verbo, do adjetivo e do
próprio advérbio, exprimindo circunstâncias. Eles podem indicar:

Lugar aqui, dentro, perto, debaixo, algures, ao lado, em volta, A minha professora
adentro, afora, hoje, etc mora aqui.

Tempo hoje, logo, depois, cedo, nunca, breve, já, sempre, de re- A turma da faculdade irá
pente, às vezes, etc. se reunir hoje.

Modo bem, mal, à vontade, aos poucos, depressa, frente a Após a discussão, ela
frente, calmamente, propositalmente, rapidamente, saiu lentamente.
lentamente, etc.

Afirmação certamente, sim, realmente, decerto, efetivamete, cer- Nós vimos, sim, o filme.
to,decididamente, etc.

Negação não, nem, jamais, de modo algum, nunca, etc. Não voltaremos mais a
esse restaurante

Intensidade muito, pouco, demais, bastante, mais, menos, tudo, Ela comeu muito.
nada, de todo, etc.

Dúvida Talvez, possivelmente, porventura, quiçá, acaso, etc. Talvez eu vá à festa hoje.

31
 Guia prático do aluno 2018

Exclusão apenas, exclusivamente, senão, somente, simples- Na hora do ocorrido, somente

mente,unicamente, só, etc. um aluno estava na sala.

Inclusão ainda, mesmo, inclusivamente, até, também. Até minha vó foi ao jogo.

Ordem ultimamente, primeiramente, depois. Primeiramente, quero agra-

decer a todos vocês.

É preciso mostrar sempre um excelente repertório desses recursos e, claro, saber usá-los nas situações corretas. Outro aspecto
muito importante é evitar a repetição de termos/palavras e, para isso, usa-se pronomes, sinônimos, hiperônimos, hipônimos.

Pronome

A menina é muito inteligente e se esforça muito. Por isso, essa menina irá passar na prova de vestibular.

A menina é muito inteligente e se esforça muito. Por isso, ela irá passar na prova de vestibular.

Sinônimos:

Os alunos tiveram um excelente desempenho durante os jogos e, como recompensa, ganharam uma
viagem. Os estudantes se divertiram muito.

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Hiperônimos – palavras de sentido mais amplo

Hipônimos – palavras de sentido mais específico.

Ex.: A instituição recebeu bonecas, carrinhos, bolas e Hiperônimos Hipônimos

petecas como doação. Esses brinquedos serão dados
às crianças carentes. Pássaros Papagaios, periquitos,
sabiás
João adora pássaros. Ele possui uma bela gaiola com
papagaios, periquitos e sabiás. Brinquedos Bonecas, carrinhos,
bolas e petecas

Esses recursos coesivos irão garantir a interligação das ideias apresentadas no texto, além de dar fluidez à produção textual.
É importante, então, mostrar domínio, conhecimento e bom repertório desses recursos.

11. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Esse material teve como objetivo esclarecer alguns pontos que podem ajudar na produção de um texto voltado para o Enem,
mostrando alguns caminhos que podem ser percorridos e algumas etapas pelas quais precisamos passar:

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Esperamos que tudo o que foi aqui exposto possa auxiliar o seu processo de escrita, tornando essa atividade algo mais fácil, objetivo,
direcionado, que possa trazer mudanças significativas em suas notas e que culmine na nota 1000 no Exame Nacional do Ensino Médio.

Aproveite bastante o material! Nós torcemos pelo seu sucesso e esperamos que você alcance o seu objetivo.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais: Língua Portuguesa. Ensino fundamental. Brasília, MEC/SEF, 1997.

BRASIL. A redação no Enem 2013: guia do participante. Brasília, INEP, 2013.

CURSANDO MEDICINA - Redação Enem nota 1000: veja exemplos de textos dissertativos argumentativos que tiraram nota máxima.
Disponível em: <https://cursandomedicina.wordpress.com/2015/06/14/redacao-enem-nota-1000-veja-exemplos-de-textos-disser-
tativos-argumentativos--que-tiraram-nota-maxima/> Acesso em 25 de abril de 2016.

GUIA DO ESTUDANTE. Estudante que tirou 1000 duas vezes na redação dá dicas para ir bem no Enem. Disponível em <http://guiadoestu-
dante.abril.com.br/vestibular-enem/estudante-tirou-1000-du-as-vezes-redacao-dicas-ir-bem-enem-932702.shtml> Acesso em 30
de abril de 2016.

INEP – Conteúdo das provas. Disponível em: <http://portal.inep.gov.br/web/enem/conteudo-das--provas> Acesso em 01 de maio de

2016.

INEP – Sobre o Enem. Disponível em: <http://portal.inep.gov.br/web/enem/sobre-o-enem> Acesso em 26 de abril de 2016.

MUNDO VESTIBULAR – Conheça as cinco competências avaliadas no Enem. Disponível em: <http://www.mundovestibular.com.br/
articles/128/1/CONHECA-AS-5-COMPETENCIAS-AVALIADAS--NO-ENEM/Paacutegina1.html> Acesso em 30 de abril de 2016.

MSL CURSOS - Enem 2014: leia exemplos redação nota 1000. Disponível em: < http://www.ma-teuslordelo.com.br/enem-2014-leia-ex-
emplos-redacao-nota-1000/> Acesso em 30 de abril de 2016.

PORTAL G1 - Leia redações do Enem que tiraram nota máxima no exame de 2014. Disponível em: <http://g1.globo.com/educacao/
enem/2015/noticia/2015/05/leia-redacoes-do-enem-que-tiraram-nota-maxima-no-exame-de-2014.html> Acesso em 26 de abril de
2016.

PORTAL G1 - Leia redações do Enem 2015 que tiraram nota máxima. <http://g1.globo.com/edu-cacao/noticia/leia-redacoes-do-en-
em-2015-que-tiraram-nota-maxima.ghtml> Acesso em 16 de junho de 2016.

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UOL EDUCAÇÃO – Confira exemplos de redações nota 1000 no Enem 2013. Disponível em: <http://educacao.uol.com.br/noti-
cias/2014/04/07/confira-exemplos-de-redacoes-nota-1000-do-e- nem-2013.htm> Acesso em 25 de abril de 2016.

REVISTA LÍNGUA PORTUGUESA - Entenda o que será avaliado na redação do Enem. Disponível em: <http://revistalingua.com.br/tex-
tos/blog-redacao/entenda-o-que-sera-avaliado-na-redacao-do-e-nem-330003-1.asp> Acesso em 30 de abril de 2016

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