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Nasce o respeito
informações práticas sobre seus direitos
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É permitida a reprodução parcial desta obra, desde que cola b oração
citada a fonte. Bruno Bastos
Izabela Cavalcanti Pereira
or ga ni zação
Assessoria Ministerial de Comunicação Social fotogra f i a
Projeto Humanização do Parto Mateus Sá
re v i s ão or tográ f i ca
Bruno Bastos
Jaques Cerqueira
p r odu ção e x e cu t i va
Evângela Azevedo de Andrade
p r oj e to grá f i co
Leonardo MR Dourado
Recife, 2015
A p re s e n tA ç ã o
O parto é um momento marcado pela importância especial uma experiência plena de respeito, cuidado e
da chegada de uma nova vida. Mais que um evento acolhimento.
médico, é um acontecimento repleto de emoções e
significados. O Ministério Público de Pernambuco está trabalhando
para divulgar as informações sobre a humanização do
Como atualmente a maioria dos partos acontece em parto e promover o respeito aos direitos de todas as
unidades de saúde, é necessário que a mulher, seus pessoas envolvidas neste momento. Mulheres e famílias
familiares e o bebê sejam recebidos nesses serviços com bem informadas: este é o primeiro passo para tornar a
dignidade, promovendo um ambiente acolhedor e uma humanização do parto uma realidade em todo o Estado.
atitude ética e solidária.
Esta cartilha apresenta os principais direitos relacionados
Nesse contexto, a humanização do parto é mais que à humanização do parto. Esperamos que seja mais um
uma escolha. É um direito conquistado para que todas instrumento de cidadania para promover o respeito e a
as mães e bebês sejam respeitados no pré-natal, no dignidade do parto e nascimento no Estado de Pernam-
parto e no pós-parto, fazendo desse momento tão buco.
p e rg u n tA s e re s p o s tA s
Gestante de risco habitual é aquela que não apresenta características ou situações que aumentam a probabilidade
dela e/ou do bebê desenvolverem alguma complicação na gravidez, parto e pós-parto. Dentre estas, tem-se: compli-
cações graves em gestações anteriores, presença de doenças cardíacas, diabetes, HIV/aids etc.
Quando a cesariana é
indicada?
Há uma preocupação de São indicações de
todo o sistema de saúde cesariana: descolamento
do País quanto ao elevado prematuro da placenta
número de operações ce- com feto vivo (fora do
sarianas sem a indicação período expulsivo); pro-
correta, o que aumenta lapso de cordão; quando
os riscos para a mulher o bebê está em posição
e o bebê. Atualmente, a transversal durante o tra-
maioria dos brasileiros já balho de parto; gestante
nasce por cesariana (52%), soropositiva para HIV; no
sendo que este número caso de ruptura de vasa
chega a 88% no sistema praevia ou ainda herpes
privado, enquanto que genital com lesão ativa
a OMS recomenda 15% no momento em que se
como índice seguro. Não inicia o trabalho de parto,
há justificativa clínica para dentre outros.
um número tão elevado.
A cesariana é um recurso Não são indicação de ce-
que salva vidas quando sariana: cordão enrolado,
necessária, porém, sem a bebê “grande” ou “pe-
indicação adequada, ex- queno demais”, idade da
põe mães e bebês a riscos gestante, seja adolescente
maiores do que no parto ou acima de 35 anos,
normal. A operação cesa- dentre outros.
riana se faz com indicação
médica por razão de risco
à saúde da gestante e/ou
do bebê.
Procedimentos não recomendados
Alguns procedimentos são realizados de forma rotineira nos partos, mas devem ser
evitados, de acordo com as orientações da OMS e do Ministério da Saúde:
Tricotomia: é a raspagem dos pelos pubianos. É consi- Soro com ocitocina para acelerar o trabalho de
derada desnecessária. parto: a ocitocina é um hormônio produzido natural-
Episiotomia (episio ou pique): corte no períneo mente pelo corpo da mulher para ajudar no trabalho do
(região entre a vagina e o ânus) feito com a intenção parto. É também conhecido como hormônio do amor,
de facilitar a saída do bebê; atualmente já se sabe que importante para a ligação entre mãe e bebê. O uso da
a episiotomia rotineira pode causar mais danos do que ocitocina artificial apenas para acelerar o parto, sem
benefícios. Por isso, seu uso deve ser limitado. uma indicação correta, não é adequado para a saúde da
mãe e do bebê, podendo trazer riscos desnecessários.
Enema: é a lavagem intestinal. É incômoda e constran-
gedora para muitas mulheres, seu uso não traz benefí- Posição da mulher deitada de barriga para cima du-
cios para o trabalho de parto. Não deve ser feita. rante o parto: é a posição mais desconfortável para a
mulher e prejudica o fluxo de sangue e oxigênio para o
Proibição de ingerir líquidos ou alimentos leves du- bebê, além de dificultar o trabalho de parto, aumentan-
rante o trabalho de parto: segundo a OMS, “o trabalho do a intensidade da dor durante as contrações e a du-
de parto requer enormes quantidades de energia. Como ração do trabalho de parto. As posições verticais, como
não se pode prever a sua duração, é preciso repor as ficar em pé, de cócoras, de quatro apoios ou deitada de
fontes de energia, a fim de garantir o bem-estar fetal lado facilitam o nascimento.
e materno”. Em uma gestante de risco habitual, com
pouca chance de precisar de anestesia geral, a ingestão Revisão rotineira, exploração do útero ou lavagem
de líquidos e alimentos leves deve ser permitida. rotineira do útero após o parto: podem causar infec-
ção, traumatismo e choque. Deve-se primeiramente
Manobra de Kristeller: é um empurrão dado na barriga examinar a placenta, para verificar se há alguma anor-
da mulher com o objetivo de levar o bebê para o canal malidade e só então, caso necessário, realizar a revisão
de parto. Esta prática pode ser perigosa para o útero e o do útero. Mais que isso, a mulher deve ser observada
bebê, não havendo evidências de sua utilidade. cuidadosamente na primeira hora após o parto, para
acompanhar a perda de sangue e a contração uterina.
tante e deve ser respeita-
A humanização deve
da. Imediatamente após
ocorrer tanto no parto
o parto deve acontecer
normal quanto na ope-
o “contato pele a pele”,
ração cesariana?
quando o bebê que nasce
Sim. A equipe que prestar bem é colocado no colo
a assistência junto à da mãe e permanece ali
mulher e sua família deve durante a primeira hora
levar em consideração de vida, momento para
diversos fatores, como a fortalecer o vínculo entre
saúde da mãe e do bebê mãe e bebê e estimular a
e os riscos envolvidos. amamentação. O cordão
O importante é que a umbilical só deverá ser
mulher seja esclarecida cortado quando parar de
pelo profissional de pulsar, para garantir que
saúde quanto aos riscos o bebê receba uma dose
existentes, possibilitando extra de oxigênio nos
uma conduta adequada primeiros momentos de
e segura. vida. Procedimentos de
rotina só deverão ser rea-
O bebê pode ficar lizados após este contato,
junto com a mãe após exceto se houver indica-
o parto? ção clínica e nos casos
de mãe HIV positivo ou
O alojamento conjunto
outra indicação médica
da mãe com o bebê é
com base em evidências
uma regra muito impor-
científicas.
Nascer no Brasil
A Pesquisa Nascer no Brasil revelou que muitas mulheres
não vêm tendo seus direitos respeitados no momento
do parto. Muitas até os desconhecem, dificultando a
identificação de situações de violação. O resultado da
pesquisa é um retrato da assistência ao parto praticada
70% das mulheres desejavam dar à luz
atualmente no Brasil e da necessidade de um esforço
conjunto para mudar essa realidade: por parto normal no início da gravidez
88%
Apenas 26,6% dos
26,6% bebês tiveram contato
pele a pele com a mãe
Direitos da gestante
O parto é um momento muito especial para a vida da segundo trimestre e três
mãe, do bebê e de toda a família. Quando os direitos no terceiro trimestre
do parto são respeitados, todos têm uma experiência da gestação. Não existe
prazerosa. alta no pré-natal, a mu-
lher deve ser atendida
Antes do parto: até o momento de seu
parto.
• Ter acesso ao teste de gravidez, com garantia de con-
fidencialidade, na unidade de saúde. • Ter ambiente confor-
tável para a espera,
• Realizar a primeira consulta pré-natal com até 120
e atendimento com
dias de gestação (4 meses).
orientação clara sobre
• Receber avaliação inicial imediata da saúde da mãe e sua condição e proce-
do bebê, para verificar se precisam de atendimento dimentos que serão
prioritário. realizados.
• Ter acesso a, no mínimo, seis consultas de pré-natal,
de preferência: uma no primeiro trimestre, duas no
Veja quais exames devem ser realizados no seu pré-natal
Glicemia de jejum Se der igual ou maior que 85 e/ou tiver alguém com diabete Na primeira consulta.
na família, deve fazer o Teste de Tolerância à Glicose (TTG), para Repetir na 30ª semana
verificar diabetes gestacional.
Organização das Nações Destaca, dentro dos Objetivos do Milênio, a necessidade de se alcançar: igualdade entre sexos e empode-
Unidas - ONU ramento da mulher; redução da mortalidade infantil; melhoria da saúde das gestantes.
Ressalta que a humanização do parto é condição primeira para o adequado acompanhamento à saúde da
Ministério da Saúde (Por- mulher e do bebê, compreendendo o dever das maternidades de receber com dignidade a mulher, seus
taria/GM 569 - 2000) Pro- familiares e o bebê, o que requer atitude ética e solidária por parte dos profissionais de saúde, a criação de
grama de Humanização um ambiente acolhedor e a adoção de medidas e procedimentos sabidamente benéficos para o acompa-
do Parto e Nascimento nhamento do parto e do nascimento, evitando práticas intervencionistas desnecessárias, que embora tra-
dicionalmente realizadas, não beneficiam a mulher nem o recém-nascido, e que com frequência acarretam
maiores riscos para ambos.
Considera que parto e nascimento são acontecimentos de cunho familiar, social, cultural e fisiológico,
Agência Nacional de Vi- fortalecendo o compromisso com os direitos de cidadania e garantindo o acesso às informações sobre
gilância Sanitária (Anvisa) saúde. Obriga todos os serviços de atenção à saúde da gestante a adotarem os preceitos de humanização
– RDC 36/2008 do parto, descrevendo detalhadamente as medidas necessárias para a adoção de boas práticas no atendi-
mento ao parto.
Dispõe que o direito à saúde alcança os direitos reprodutivos das mulheres e os direitos das crianças,
Lei 8.080/1990 abrangendo o direito de acesso a técnicas e serviços de saúde que proporcionem atendimento digno e
Direito à Saúde seguro, durante a gravidez e o nascimento, à mãe e ao bebê.
Quem orienta Principais diretrizes
Afirma que crianças e adolescentes têm direito à proteção à vida e à saúde, mediante a efetivação de
Estatuto da Criança e do políticas sociais que permitam o nascimento e o desenvolvimento sadio e harmonioso. Determina que os
Adolescente (ECA) estabelecimentos de saúde, públicos e particulares, são obrigados a manter o alojamento conjunto, ou
seja, possibilitar que o recém-nascido permaneça todo o tempo junto de sua mãe.
Ministério da Saúde – É uma rede, criada no SUS, que promove o direito ao planejamento da reprodução (escolha de quando se
Portaria 1.459/2011 (Rede quer ter filhos) e à atenção humanizada na gravidez, parto e pós-parto.
Cegonha)
Assegura que o bebê deverá ser colocado imediatamente no colo da mãe após o nascimento (o chamado
contato pele a pele), devendo permanecer durante a primeira hora de vida, para fortalecer o vínculo entre
Ministério da Saúde – mãe e bebê e estimular a amamentação. Assegura também que o cordão umbilical só deverá ser cortado
Portaria 371/2014 quando parar de pulsar, para garantir que o bebê receba uma dose extra de oxigênio nos primeiros
momentos de vida. Procedimentos de rotina só deverão ser realizados após este contato, exceto se houver
indicação clínica.
Agência Nacional de Dispõe sobre o direito de acesso à informação das beneficiárias aos percentuais de cirurgias cesáreas e de
Saúde Suplementar - partos normais, por operadora, por estabelecimento de saúde e por médico e sobre a utilização do parto-
Resolução 368/2015 grama, do cartão da gestante e da carta de informação à gestante no âmbito da saúde suplementar.
r e fe rê n c i A s
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