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Curso completo

Professora Sílvia Gelpke


Literatura
Humanismo
Não deixo povos gentios nem cristãos,
Chego quando por mim mesmo se espera,
Atalho mil pensamentos, todos vãos.
Petrarca

Contexto histórico
O Humanismo é um período de transição entre a Idade Média e o Renascimento,
compreendendo o final do séc. XV até início do séc. XVI, em que se observam tendências
que começam uma revolução na filosofia, na arte e nas ciências.
As navegações vieram alargar o horizonte do homem medieval, até então limitado
pelas cercanias dos feudos. Os perigos e os desafios enfrentados pelos navegantes
trouxeram ao homem a crença de que ele era capaz de enfrentar a natureza e o
desconhecido, contando apenas com sua força e coragem.
O homem começou a perceber a sua importância no mundo. O teocentrismo medieval
passou a ser contestado e surgiram novas formas de abordagem do Universo, movidas pela
racionalidade, que deram origem a uma nova concepção: o antropocentrismo, na qual o
homem, e não mais Deus, ocupava o centro do Universo.
Assim, esse período é marcado pela coexistência de duas concepções de mundo: a
teocêntrica e a antropocêntrica.

Arte literária do Humanismo em Portugal


Tem Início em 1434 quando Fernão Lopes foi nomeado cronista-mor do Reino. O
cronista, encarregado pela Corte de escrever a história oficial de Portugal, destacou-se pela
objetividade de seus relatos e sua visão do ser humano como agente de sua história.
As Crônicas históricas de Fernão Lopes eram notáveis pela técnica, pelo colorido da
narração e pela riqueza de detalhes, já revelando preocupação com os movimentos
populares. As principais obras de Fernão Lopes são:
 Crônica d’El-Rei D. Fernando

 Crônica d’El-Rei D. João I

 Crônica d’El-Rei D. Pedro

 A Crônica d’El-Rei D. Pedro é a mais conhecida de Fernão Lopes. O texto relata a paixão
arrebatadora do infante Pedro pela bela castelhana Inês de Castro.
Fragmento para análise
Crônica Del-Rei D. Pedro I (Capítulo XXXI) – em que narra a morte dos assassinos
de D. Inês.
“A Portugal foram trazidos Álvaro Gonçalves e Pero Coelho, e chegaram a Santarém
onde El-Rei D. Pedro estava, e El-Rei, com prazer de sua vinda, porém muito magoado por
que Diego Lopez fugira, os foi receber, e ódio cruel sem piedade lhes fez por sua mão torturar
querendo que lhe confessassem quais foram da morte de D. Inês culpados, e o que era que
seu pai tratava contra ele, quando andavam em desavença por ocasião da morte dela; e
nenhum deles respondeu a tais perguntas, coisas que a El-Rei agradasse; e El-Rei, com
queixume, dizem que deu uma chicotada no rosto de Pero Coelho, e ele saltou então contra
El-Rei, em desonestas e feias palavras, chamando-lhe traidor e perjuro, algoz, carniceiro
dos homens, e El- Rei, dizendo que lhe trouxessem cebola e vinagre para o coelho, enfadou-
se deles e mandou-os matar.
A maneira de sua morte, sendo contada em detalhes, seria mui estranha e crua de
contar, cá mandou tirar o coração pelos peitos a Pero Coelho e a Álvaro Gonçalves pelas
espáduas; e quais palavras ouve, e aquele que lhe tirava que tal ofício havia pouco em
costume seria bem dolorida coisa de ouvir, enfim mandou-os queimar, e tudo feito ante o
palácio real onde ele pousava, de modo que comendo olhava o que mandava fazer.
Muito perdeu El-Rei de sua boa fama por tal escambo como este, o qual foi tido em
Portugal e em Castela por mui grande mal, dizendo todos os bons que o ouviram que os reis
erravam muito indo contra a suas verdades, pois que estes cavaleiros estavam sobre
segurança abrigados em seus reinos.”
Lopes, Fernão. In. Fernão Lopes - Crônicas - Rio de Janeiro, Agir, 1968 p.23

A poesia palaciana
Entre o início do século XIV e o início do XV, não há registro de poesia, o entusiasmo
dos trovadores enfraqueceu, sendo apenas resgatado no fim do período humanista, graças
à publicação da obra O Cancioneiro Geral, em 1516, na qual Garcia de Resende reuniu perto
de mil poesias de 286 autores que tratam de temas diversos.
A poesia produzida nesse período é chamada poesia palaciana porque, ao contrário
da lírica trovadoresca, poucas eram acompanhadas por instrumentos musicais; eram
recitadas por poetas da Corte nos saraus dos palácios.

Características da poesia palaciana


 A poesia separa-se da música, ganha ritmo próprio.
 Uso dos versos metrificados de cinco ou de sete sílabas poéticas.
 Mais elaborada formalmente, com linguagem mais rica que a da poesia trovadoresca.
 Manteve os temas da lírica de tradição amorosa.
 A poesia revela a transição entre as duas concepções de mundo: teocêntrica e
antropocêntrica.
 Há o amor cortês e o amor carnal.
 As referências à religiosidade diminuem.
 O eu lírico está mais voltado para os seus estados de alma.

Texto para análise

Cantiga

Comigo me desavim:
Vejo-me em grande perigo!
Não posso viver comigo
Nem posso fugir de mim!
Ante que este mal tivesse
Da outra gente fugia:
Agora já fugiria
De mim se de mim pudesse!
Que cabo espero ou que fim
Deste cuidado que sigo,
Pois trago a mim comigo
Tamanho imigo de mim?

Sá de Miranda

O teatro no Humanismo

Gil Vicente é considerado o fundador do teatro português. Sua primeira peça, escrita em
castelhano, foi o Monólogo do vaqueiro ou o Auto da visitação, apresentado nos aposentos
da rainha D. Leonor, em 1502. A partir, daí, teve início sua vasta produção teatral, que, além
de autos, inclui comédias, tragicomédias, farsas e moralidades.
Na linha da tradição medieval, a maioria de seus textos se atém a temas populares,
religiosos e moralizantes, mas a presença de deuses antigos e a crítica social contundente
já anunciam o período renascentista.

O teatro vicentino

 satiriza o clero, a nobreza e o povo.


 retrata os valores populares e cristãos da vida medieval.
 critica, de forma contundente, a sociedade.
 apresenta temas de caráter universal.
 retrata tipos humanos: o papa, o clero, o rei, a mulher adúltera, a beata, o velho
inocente, judeus etc.
Principais obras

- Auto Pastoril Castelhano (1502)

- Auto da Visitação (1502)

- Auto dos Reis Magos (1503)

- Auto da Índia (1509)

- Auto da Sibila Cassandra (1513)

- Auto da Barca do Inferno (1516)

- Auto da Barca do Purgatório (1518)

- Auto da Barca da Glória (1519)

- Farsa de Inês Pereira (1523)

Fragmentos para análise (Auto da Barca do Inferno)


Fragmento I

Anjo – Eu não sei quem te cá traz...

Brísida – Peço-vo-lo de giolhos! (joelhos)


Cuidais que trago piolhos,
anjo de Deos, minha rosa?
Eu sô aquela preciosa
que dava as moças a molhos,
a que criava as meninas
pera os cónegos da Sé...
Passai-me, por vossa fé,
meu amor, minhas boninas, (margaridas)
olhos de perlinhas finas!
E eu som apostolada,
angelada e martelada,
e fiz cousas mui divinas.
Santa Úrsula nom converteu
tantas cachopas como eu (...)” (meninas, raparigas)

Fragmento II

SAPATEIRO - Hou da barca!


DIABO - Quem vem i?
Santo sapateiro honrado,
como vens tão carregado?...
SAPATEIRO - Mandaram-me vir assi...
E pera onde é a viagem?
DIABO - Pera o lago dos danados.
SAPATEIRO - Os que morrem confessados
onde têm sua passagem?
DIABO - Nom cures de mais linguagem!
Esta é a tua barca, esta!
SAPATEIRO - Renegaria eu da festa e da puta da barcagem!
Como poderá isso ser,
confessado e comungado?!...
DIABO - Tu morreste excomungado:
Nom o quiseste dizer.
Esperavas de viver,
calaste dous mil enganos...
Tu roubaste bem trint'anos
o povo com teu mester.
Embarca, eramá pera ti,
que há já muito que t'espero!
SAPATEIRO - Pois digo-te que nom quero!
DIABO - Que te pês, hás-de ir, si, si!
SAPATEIRO - Quantas missas eu ouvi,
nom me hão elas de prestar?
DIABO - Ouvir missa, então roubar,
é caminho per'aqui.
Gil Vicente
Desenvolvendo Competências
1. A questão refere-se ao texto a seguir.

“Não queiras ser tão senhora:


casa, filha, e aproveite;
não percas a ocasião.
Queres casar por prazer
No tempo de agora, Inês?
(...)
sempre eu ouvi dizer:
‘Ou seja sapo ou sapinho,
ou marido ou maridinho,
tenha o que houver posses
Este é o certo caminho.’ ”
(VICENTE, Gil. Farsa de Inês Pereira. São Paulo: SENAC, 1996. p. 82.)

Com base nessas palavras e nos conhecimentos sobre o Humanismo, é


correto afirmar:
a) O Humanismo procura retratar a realidade de forma ingênua, revelando
uma visão idealizada do mundo expressa pelo verso “casa, filha, e
aproveite”.
b) O fragmento citado trata o casamento como resultado de um
envolvimento amoroso pleno.
c) A leitura do fragmento confirma que o Humanismo, embora dirigido a
um público palaciano, adota alguns padrões do discurso popular, como se
observa nos quatro últimos versos.
d) O verso “Este é o certo caminho” indica o predomínio de uma visão
idílica e idealizada em grande parte do discurso humanista.
e) O olhar humanista, no fragmento citado, imprime à união conjugal uma
motivação sentimental. Tal postura suplanta o lirismo amoroso presente
em algumas cantigas trovadorescas.

2. Leia o texto abaixo para responder à questão.


(...)
Outras coisas que viu, mui numerosas,
Pedem tempo que o verso meu não dura,
Pois lá encontrou, guardadas e copiosas,
Mil coisas de que andamos à procura.
Só de loucura não viu muito ou pouco
Que ela não sai de nosso mundo louco.
Mostrou-se-lhe também o que era seu,
O tempo e as muitas obras que perdia,
(...)
Viu mais o que ninguém suplica ao céu,
Pois todos cremos tê-lo em demasia:
Digo o siso, montanha ali mais alta
Que as erguidas do mais que aqui nos falta.
ARIOSTO, Ludovico. Orlando Furioso. São Paulo: Atelier, 2002. p. 261.

O trecho acima, de um livro de 1516, narra parte de uma viagem imaginária à


Lua. Lá, o personagem encontra o que não há na Terra e não encontra o que aqui há
em excesso.
Pode-se identificar o caráter humanista do texto na
a) certeza, de origem cristã, de que a reza (suplicar ao céu) é a única forma de se
obter o que se busca.
b) constatação da pouca razão (siso) e da grande loucura existente entre os homens.
c) aceitação da limitada capacidade humana de fazer poesia (o verso meu não dura).
d) percepção do desleixo e da indiferença humanos (o tempo e as muitas obras que
perdia).
e) ambição dos homens em sua busca de bens (Mil coisas de que andamos à
procura).

3. Leia este fragmento da obra Auto da barca do inferno, de Gil Vicente.

DIABO: – Que cousa tão preciosa...


– Entrai, padre reverendo!
FRADE: – Para onde levais gente?
DIABO – Pera aquele fogo ardente que nom temestes vivendo.
FRADE – Juro a Deus que nom t'entendo! E este hábito no me val? A Berzebu
vos encomendo!
FRADE – Corpo de Deus consagrado! Pela fé de Jesu Cristo, que eu nom
posso entender isto! Eu hei-de ser condenado?!...
Um padre tão namorado e tanto dado à virtude? Assi Deus me dê saúde, que
eu estou maravilhado!
DIABO – Não curês de mais detença.Embarcai e partiremos: tomareis um par
de ramos.
FRADE – Nom ficou isso n'avença.
DIABO – Gentil padre mundanal,
DIABO – Pois dada está já a sentença!
PADRE – Para Deus! Essa seria ela! Não vai em tal caravela minha senhora
Florença. Como? Por ser namorado e folgar com üa mulher se há um frade de
perder,com tanto salmo rezado?!...
DIABO – Ora estás bem aviado!
FRADE – Mais estás bem corregido!
DIABO – Do voto padre marido, haveis de ser cá pingado... (...)

A obra Auto da barca do inferno foi escrita em 1517, momento em que irrompia na
Alemanha a Reforma Protestante de Lutero. Por essa razão as críticas contundentes aos
abusos do clero ficam tão visíveis no texto. Sobre a obra de Gil Vicente, esse grande cronista
dos costumes de sua época, assinale a alternativa incorreta.
a) Gil Vicente tem suas raízes na Idade Média, mas volta-se para o Renascimento, aliando
o humanismo religioso à atitude critica diante dos problemas sociais.
b) Variada na forma, a obra vicentina desvenda os costumes do século XVI, satirizando a
sociedade feudal sem perder o caráter moralista e a preocupação com a intervenção social.
c) Embora critique o clero, a nobreza e seu séquito ocioso, o teatro vicentino faz a exaltação
heroica dos reis, atitude comum na Idade Média.
d) Ao mesmo tempo que desenvolve a sátira social, a produção vicentina aponta para a
necessidade de reforma da Igreja, devido aos abusos do clero.
e) Trabalhando com uma verdadeira galeria de tipos, Gil Vicente adapta o uso da linguagem
coloquial ao estilo e à condição social de cada um deles.

4. (FUVEST-SP) Indique a afirmação correta sobre o Auto da Barca do Inferno, de


Gil Vicente:
a) A sátira é aqui demolidora e indiscriminada, não fazendo referência a qualquer
exemplo de valor positivo.
b) É complexa a crítica aos costumes da época, já que o autor primeiro a relativizar
a distinção entre Bem e o Mal.
c) É intricada a estruturação de suas cenas, que surpreendem o público com a
inesperado de cada situação.
d) O moralismo vicentino localiza os vícios, não nas instituições, mas nos indivíduos
que as fazem viciosas.
e) A ênfase desta sátira recai sobre as personagens populares mais ridicularizadas e
as mais severamente punidas.

5. (PUC-SP) O Auto da Barca do Inferno pertence ao movimento literário do


Humanismo, em Portugal, porque Gil Vicente:
a) critica a igreja pela venda indiscriminada de indulgências e pela vida desregrada
dos padres.
b) preocupa-se somente com a salvação do homem após a morte, sem se voltar para
os problemas sociais da época.
c) equilibra a concepção cristã da salvação após a morte com a visão crítica do
homem e da sociedade do seu tempo.
d) tem como única preocupação criticar o homem e as mazelas sociais do momento
histórico em que está inserido.
e) critica a Igreja, ao defender com entusiasmo os princípios reformistas
disseminados pela Reforma protestante.

6. (MACK-SP) Marque a alternativa incorreta a respeito do Humanismo:


a) época de transição entre a Idade Média e o Renascimento.
b) o teocentrismo cede lugar ao antropocentrismo.
c) Fernão Lopes é o grande cronista da época.
d) Garcia de Resende coletou as poesias da época, publicadas em 1516 com o
nome de Cancioneiro Geral.
e) A Farsa de Inês Pereira é a obra de Gil Vicente cujo assunto é religioso,
desprovido de crítica social.

Gabarito
1. C
2. B
3. C
4. D
5. C
6. E

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