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1. Histórico
Na era do absolutismo o Estado não possuía funções sociais. Existia uma verdadeira
dicotomia e a sociedade dividia-se entre classe dominante e classe trabalhadora, tendo
como base uma ordem hierárquica que desaguava em acentuada desigualdade
estabelecida pelo status através do nascimento. Em tal tipo de Estado, o poder era
concentrado em uma única pessoa, que o exercia de forma livre, incondicionada e
soberana, tendo sua vontade como lei, devendo ser obedecida por todos os cidadãos de
forma inquestionável.
Sendo assim, iniciou-se um papel intervencionista do Estado que visava atingir a seara
econômica. Estabeleceram-se, então, políticas econômicas protecionistas, visando o
melhoramento do mercado interno em face da concorrência estrangeira, o que também
favorecia a criação de monopólios estatais.
Adam Smith foi um grande expoente desse pensamento, e defendia que o Estado só
deveria atuar na economia quando a iniciativa privada não tivesse interesse em executar
determinada atividade ou quando se tornasse impossível a prestação do serviço em regime
concorrencial, sendo necessário, assim, a existência de um monopólio estatal. De acordo
com o mesmo, o governo possui apenas três funções:
Parafraseando Batista Jr. (2013, Internet) dentre os fatores que contribuíram para a
ineficiência estatal em oferecer as necessidades sociais estão: a multiplicação da
população; a falta de manutenção do padrão de eficiência dos serviços prestados
diretamente, sem o recebimento da devida contrapartida; o crescimento desmedido do
aparelho estatal, através da criação das empresas, esgotando a capacidade de
investimento, e ocasionando a deterioração do serviço público; e, por fim, o crescimento
das dívidas externas e internas.
No cenário brasileiro, o Estado cumpre uma função eminentemente social, ora garantindo
determinados serviços, ora fiscalizando atividades dos setores privados, sempre em nome
da coletividade. Ocorre que diversos países mostram empiricamente que quanto maior a
atuação estatal, pior é a qualidade dos serviços oferecidos, pois se tornam
demasiadamente burocráticos e de baixa qualidade, a desigualdade entre a sociedade
acaba por se tornar gritante, com um grande número de miseráveis. Pode-se dizer, assim,
que nações eminentemente estadistas mantêm-se estagnadas.
A ordem econômica ganhou relevante papel jurídico quando passou a constar nos textos
constitucionais, o que aconteceu pela primeira vez com a Constituição mexicana de 1917.
No cenário nacional, influenciada pela Constituição alemã de Weimar, a Carta Magna de
1934 elencou dispositivos sobre a ordem econômica, o que ocorreu também na Carta
Maior de 1988, que possui título próprio sobre o tema.
I - soberania nacional;
II - propriedade privada;
IV - livre concorrência;
V - defesa do consumidor;
Ocorre que os princípios elencados no art. 170 indicam uma ampla possibilidade de
intervenção estatal, o que levou alguns autores a falarem na existência de uma economia
mista. A ordem econômica nacional está:
Embora mencione a livre iniciativa, esta deverá priorizar os valores do trabalho humano
em relação aos demais valores da economia de mercado, ou seja, a liberdade de iniciativa
apenas será legítima quando atentar para o interesse da justiça social, e será ilegítima se
observar apenas o lucro e interesse pessoal (SILVA, 2010). Em outras palavras, a livre
iniciativa é “liberdade de desenvolvimento da empresa no quadro estabelecido pelo poder
público”. (OTTAVIANO apud SILVA, 2010, p. 794).
A livre concorrência, que figura como princípio da ordem econômica nacional (art. 170,
IV), é um desdobramento da livre iniciativa e encontra sua condicionante no art. 173, §
4º, que preceitua que a lei reprimirá o abuso do poder econômico que vise à dominação
dos mercados, à eliminação da concorrência e ao aumento arbitrário dos lucros.
Quanto à propriedade privada, o texto constitucional de 1988 positivou a união
indissociável entre a propriedade e a sua função social. Ao arrolar o direito de propriedade
dentre os direitos e garantias individuais fundamentais, logo em seguida agrega a função
social: “Art. 5°. [...] XXII – é garantido o direito de propriedade; XXIII – a propriedade
atenderá à sua função social”.
Esse caráter de inseparabilidade também é demonstrado no artigo 170 quando este elenca
a propriedade privada em seu inciso II para, logo após, no próximo inciso, frisar a função
social da propriedade. Acerca do princípio da função social da propriedade, Maria Helena
Diniz (2010, p. 108) alude:
Extrai-se, assim, que se agregou ao direito de propriedade, não mais delineado sob um
prisma unicamente privatista, o dever jurídico de agir em consonância ao interesse
coletivo. Desta forma, o direito subjetivo do proprietário privado encontra-se submetido
ao interesse comum, imprimindo-lhe o exercício de uma função social voltada ao
interesse coletivo. “Na atual ordem jurídico-constitucional, a função social é parte
integrante do conteúdo da propriedade privada”. (JELINEK, Internet).
A propriedade privada carrega um valor social tão forte que é passível de desapropriação
pelo Poder Público. Tal medida está prevista no artigo 5º, XXIV da Carta Maior, que
preceitua que “a lei estabelecerá o procedimento para desapropriação por necessidade ou
utilidade pública, ou por interesse social, mediante justa e prévia indenização em dinheiro,
ressalvados os casos previstos nesta Constituição”.
Corroborando nosso entendimento de que a ordem econômica possui cunho social e não
capitalista, encontra-se a ADI 319. O Ministro Moreira Alves, em seu voto na referida
ação direta de inconstitucionalidade, afirma que a Constituição não elegeu a livre
iniciativa da economia liberal clássica. Este inicia refutando um dos principais
pressupostos da economia liberal de que o empresário é livre para determinar o preço de
seus produtos. Diz o Ministro que “[...] a liberdade de iniciativa econômica abarca a
liberdade de determinação dos preços pelo empresário. Essa liberdade, no entanto, não é
absoluta [...]” (BRASIL, ADI 319, Internet). E continua afirmando:
O Ministro Marco Aurélio, em seu voto, aborda sobre as condicionantes que delimitam o
livre mercado, demonstrando a imensa interferência estatal no mercado, mitigando,
assim, a livre concorrência que proporciona a competitividade:
[...] Inibe (a lei) a iniciativa privada no que introduz desequilíbrio nas relações jurídicas
mantidas entre alunos ou pais de alunos e as escolas [...]. Interfere na livre concorrência
dos estabelecimentos de ensino, distanciando-se, assim, do mandamento constitucional
pertinente – inciso IV do artigo 170, introduz mecanismo de preços que coloca em plano
secundário a liberdade de mercado, acabando por forçar os prestadores dos serviços a
aceitá-lo, ainda que em prejuízo até mesmo da qualidade do ensino e do empreendimento
econômico, ante o evidente achatamento das mensalidades, com quebra, inclusive, da
natureza sinalagmática dos contratos firmados, compreendida nesta a comutatividade. A
não ser isto, a única alternativa é o abandono das atividades (BRASIL, ADI 319, Internet).
Também acerca das limitações do livre iniciativa e livre concorrência, o Ministro Celso
de Mello afirma que referidos princípios não são absolutos:
3. A extrafiscalidade tributária
A priori, o tributo foi idealizado para oferecer meios de se alcançar os fins sociais, tendo
em vista a necessidade de custeio para concretizar os anseios públicos. Neste sentido,
pode-se dizer que a função precípua dos tributos é a transferência de receitas para os
cofres públicos, objetivando pagar os gastos com serviços em prol da coletividade.
Nesse sentido, outros juristas endossam esse entendimento, como Paulo de Barros
Carvalho (p. 149, 1993), que ensina que a “forma de manejar elementos jurídicos usados
na configuração dos tributos, perseguindo objetivos alheios aos meramente
arrecadatórios, dá-se o nome de extrafiscalidade”. Para Sacha Calmon Navarro Coelho
(1999, p. 130), a “extrafiscalidade é a utilização dos tributos para fins outros que não os
da simples arrecadação de meios para o Estado”.
Assim sendo, a extrafiscalidade dos tributos tem o intuito de, a princípio, simplificar e/ou
diminuir os custos da administração, promover a equidade, corrigir desvios, compensar
gastos realizados pelos contribuintes com serviços não atendidos pelo governo,
compensar ações complementares às funções típicas de Estado desenvolvidas por
entidades civis, promover a equalização das rendas entre regiões; e/ou, incentivar
determinados setores da economia (FERREIRA, 2012, Internet).
Se alguém em resposta a pergunta “o que o Estado produz?” responder “nada”, terá razão
se estiver falando sobre a criação de novos produtos a preços acessíveis, sobre maneiras
de melhorar a qualidade de vida da população ou sobre a capacidade em gerir recursos
escassos.
O Estado produz inflação, corrupção, impostos sobre um produto para compensar a sua
incapacidade em gerir e prover determinados serviços para a população, cabides de
emprego e extensa burocracia, colocando sempre a culpa de seus males no livre mercado.
É interessante observar que mesmo lançando mão de todas as culpas para o livre mercado,
o Estado agradece sempre que uma empresa aumenta sua receita, visto que, desta forma,
o governo pode aumentar a quantidade de imposto arrecadado sobre aquela pessoa
jurídica. É nesse sentido que “a tributação constitui-se no desvio compulsório de recursos
do setor privado — empresas e cidadãos — para o setor público” (SOUZA, Internet).
O governo aumenta a tributação a medida que estende seu campo de atuação, o que
diminui no indivíduo a consciência de assumir suas próprias responsabilidades. Os gastos
realizados com o dinheiro arrecadado ocorrem de maneira indevida e imprudente,
interferindo diretamente no funcionamento do livre mercado.
O serviço que Estado de propõe a oferecer com a arrecadação de tributos é sempre aquém
do que deveria ser. Assim, o governo intervém no mercado, desestrutura-o, tolha a livre
concorrência e, ao final, não proporciona um serviço de qualidade à população. Apenas
os políticos, burocratas e beneficiários dos programas do governo são beneficiados.
Ubiratan Iorio de Souza (Internet), aclamado liberal e economista brasileiro, aponta que
Cabe pontuar que, tirar a força de alguém que produz e poderia, inexoravelmente, através
do livre mercado, melhorar a própria qualidade de vida é apenas mais um desarranjo
social criado pelo governo.
No entanto, para estas mesmas pessoas é ilegítimo que um empreendedor tente, através
de uma empresa, criar qualquer produto que tenha bom custo, tornando-o assim acessível
para a população de menor renda, pois, segundo eles, estaria visando apenas o aspecto do
lucro. Cabe lembrar que, o aumento de lucro de uma empresa e consequentemente sua
expansão gera, consequentemente, empregos (diretos e indiretos), além de capital para
aquecer a economia (o que também pode gerar mais empregos), e, por conseguinte, um
melhoramento da vida do trabalhador daquela determina empresa.
É nesse sentido que podemos afirmar que o poder de tributar traz consigo o poder de
destruir. Demasiada carga tributária enseja ao governo maior interferência na liberdade
dos indivíduos, obstrui o livre mercado, reduz a eficiência econômica, além de gerar
demasiados incentivos perniciosos, criando diversas formas de destruição.
É com o intuito de melhorar a vida do indivíduo que, pautado livre mercado, o liberalismo
faz contraposição ao cenário atual, delineando todos os seus aspectos tendo como base
doutrinária as liberdades individuais, com a finalidade de oferecer meios reais para o
alcance da felicidade.