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Boa tarde, gente!

Então, na aula de hoje, a gente vai seguir o mesmo roteiro sinalizada em nosso primeiro
encontro. Na primeira aula, a gente falou um pouquinho sobre a disciplina e como seriam as
avaliações e nossa metodologia. Hoje, a gente vai ter uma conversa preliminar sobre os
direitos humanos. É preliminar, porque pra que a gente tenha uma compreensão sobre uma
disciplina com esse tema, a gente precisa de um embasamento pra poder adentrar em outros
eixos que futuramente a gente vai discutir, como direitos culturais, territorialidades, políticas
de representação, etc.

Como a gente falou antes, a ideia da disciplina não é formar especialistas em direitos
humanos, e sim construir um espaço de debates que contemple o diálogo desse tema com
educação e cinema, sem que um se sobrassaia ao outro. Até porque nossa proposta de
disciplina é mostrar que falar de cinema implica falar de educação, que implica falar de direitos
humanos, que implica falar de cinema. Então, a gente mantém essa perspectiva de diálogo
temático pra entender de que maneira eles se relacionam no cotidiano e como eles
influenciam nosso modo de pensar, de ver o outro, de nos vermos, enfim.

Nesse primeiro momento, a gente resolveu aproveitar a deixa do filme exibido na primeira
aula pra fazer um link entre direitos humanos, movimentos sociais sociais e mídia.

Então vamos dividir essa discussão em três tópicos: no primeiro, a gente faz um panorama dos
direitos humanos, no segundo a gente aborda as políticas de resistência de movimentos sociais
e como eles são representados pela mídia e no terceiro a gente discute sobre a questão
intercultural nos direitos humanos.

Bom, gente, quando os direitos humanos são teorizados pelos pesquisadores


contemporâneos, é comum nesses textos a gente encontrar uma divisão de três gerações de
direitos humanos.

A primeira geração tem origem na Declaração Francesa dos Direitos do Homem e do cidadão e
na Constituição dos Estados Unidos. Essa primeira geração, na verdade, surge de um
descontentamento de pessoas com a realidade política, econômica e social da sua época. O
que isso quer dizer? Que esses direitos que foram conquistados colocavam limites a
arbitrariedades do estado. Alguns desses direitos são a liberdade de opinião, direito à
propriedade, à segurança, a resistência a formas de opressão, etc.

Na segunda geração dos direitos humanos, ocorre uma rearticulação de papél. Se antes, a
primeira geração de direitos humanos foi constituída para limitar a atuação do estado, a
segunda geração restitui a ele a função de intervir na concretização de direitos políticos e
direitos sociais. Por exemplo: trabalho, saúde e educação foram conquistados através de uma
série de lutas sociais e conquistas da classe operária no século XIX. E eles seriam tutelados pelo
estado, que atuaria para garantir que esses direitos chegassem aos cidadãos.

A terceira geração, por sua vez, corresponde a um período de internacionalização dos direitos
humanos. Esse processo ocorre no fim da segunda guerra. A terceira geração passa a entender
o homem como grupo. Por exemplo: questões como direito a paz, preservação do meio
ambiente, conservação do patrimônio histórico-cultural e direito à comunicação surgem como
prerrogativas que tentam compreender o sujeito a partir de uma dimensão coletiva, como
povo, família e nação. É justamente nesse momento que surge a percepção de que o estado
como único interventor já não é suficiente para consolidação desses direitos.
Mas exatamente por quê? Porque o modelo de representação que foi sedimentado desde a
ascensão da burguesia ao poder e consolidado pela política contemporânea já não possui
competência para impor limites a uma nova estrutura econômica e social que foi surgida com
o neoliberalismo. Basicamente, as responsabilidades sociais do estado desapareceram e o que
se formou foi um celeuma de desigualdades, precarização do trabalho e globalização da
pobreza. Desse modo, a participação mais ativa dos cidadãos, as reivindicações de grupos
,organizações e movimentos sociais surgem como forças políticas justamente porque há uma
descrença na ideia de que o estado possa garantir a consolidação dos direitos humanos.

A questão é que se existe uma linha de frente formada por grupos que tentam assegurar esses
direitos que o estado não pode garantir, existe um outro espaço de contraposição
materializado pela influência da mídia, que atua como o principal mediador com a sociedade.
Falando em termos mais claros, existe um aparelho que constrói narrativas, imagens e
discursos que difunde para o mundo, com o objetivo de assegurar a manutenção de
privilégios.

Por exemplo: Os meios de comunicação no Brasil, como os rádios e tevês, são concessões
públicas administradas por empresas privadas que, por meio do Ministério de Comunicações,
vencem um processo licitatório pra ter uma concessão. Nesse processo, existem uma série de
regras em relação a conteúdo e programação, com o objetivo de garantir que a diversidade e
pluralidade da sociedade brasileira seja representada. Mas na prática, os interesses privados
dos detentores de conglomerados midiáticos diariamente difundem notícias, produzem
entretenimento e transmitem conteúdos sem que essas políticas sejam obedecidas. Só pra dar
um exemplo: O Segundo Sol, nova novela da globo, se passa na Bahia, um estado cuja
população negra jé de 76%. Nenhum dos atores do núcleo principal é negro. Dos 26 atores
escalados pra novela, apenas 3 não são brancos.

A partir desses dados, é que a gente pode entender de que modo se estrutura a influência do
discurso midiático no imaginário coletivo brasileiro. Quando a gente acessa os comentários de
posts em redes sociais, a gente consegue ter uma dimensão da forte influência que a cultura
da mídia possui na construção das representações e de como elas estão enraizadas na
sociedade.

O caso do MST citado no artigo é bem emblemático nessa conjuntura. Lembro de uma matéria
publicada em 2015 na globo sobre uma invasão do MST numa multinacional de são paulo. O
objetivo da matéria era mostrar que os membros que invadiram a empresa destruíram anos de
projetos de pesquisa feitas com mudas de eucalipto, quando na verdade a invasão aconteceu
em protesto ao uso de transgênicos que iriam contaminar a florada e o mel de abelha que era
comercializado pelo grupo. Hoje em dia, o MST se recusa a dar entrevistas pra uma série de
jornais justamente pelo fato de que, mesmo apresentando documentos, justificativas e
explicações, as publicações sobre eles são tendenciosas.

No entanto, a compreensão da mídia como uma ferramenta maniqueísta precisa ser


problematizada. Primeiro, porque nenhum meio de comunicação age sozinho. Eles são
controlados por pessoas com interesses particulares. Segundo, porque ao mesmo tempo em
que existem formas de produção que constroem estereótipos e reforçar preconceitos,
também existem produções que tentam desconstruir esses estigmas que foram perpetuados
pelas mídias hegemônicas.
A gente costuma chamar essas produções de contranarrativas, justamente pelo fato de que
eles se opõem ao discurso da grande mídia e trazem uma releitura das representações de
grupos sociais oprimidos.

Mais qual a importância desse tipo de ação garantia do progresso dos direitos humanos? Está
na construção de um local de trocas que permita contemplar a multiplicidade de discursos que
não são ouvidos, e apresentar representações que tentem desconstruir os estigmas em torno
de pessoas, grupos e comunidades.

No debate mais recente que tem sido feito sobre os direitos humanos, o que tem sido
colocado em questão é justamente de que forma essas garantias que foram conseguidas ao
longo de séculos poderiam ser asseguradas na vida das pessoas. Mas o principal entrave nessa
problematização está no fato de que as duas visões que fundamentam os direitos humanos – a
universalista e a localista – não se permitem auto-crítica, e concebem, cada uma a seu modo,
um conceito de verdade engessado, que não tem qualquer validade prática para nenhum
indivíduo.

O principal desafio colocado em pauta na discussão contemporânea sobre os direitos humanos


é justamente entender que a construção da igualdade e as reverberações disso na vida das
pessoas não pode ser fruto de um discurso único, mas de trocas, da capacidade de ouvir e ser
ouvido e de uma concepção de transformação social que seja consensual e entenda que o
outro é parte fundamental no processo de garantia da igualdade entre as pessoas. Daí, a
importância da interculturalidade como vetor para esse debate: os direitos humanos só
poderão ser vistos como uma ferramenta a serviço da emancipação e do progresso se a sua
construção levar em conta a prerrogativa de que as pessoas e a cultura tem o direito de ser
iguais quando a diferença a inferioriza e ser diferente quando a igualdade as descaracteriza.

A gente vai exibir agora um documentário chamado Defensorxs, que foi realizado pelo Coletivo
Nigéria, e que faz um panorama bem bacana sobre a vida das pessoas que lutam em defesa
dos direitos humanos no Brasil.

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