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Anne McClintock Couro imperial RAGA, GRNERO F SEXUALIDADE NO EMBATE COLONIAL ‘raaDugno Plinio Dentaien ‘Unuversinae EsraDual bk CAMPINAS Reitor Pennanno Fensnina Corrs Coondenaor Geral ds Universidade ‘Encan Satvanont ne Decca (Conslho Elitoria, Pree Paso Faavenerns ‘Avets Pécona ~ Antay Ramos Moarso José A.R. Goteryo ~ Jost Roater0 Zax ‘Mawexso Knontt ~ Manco Axroxto Zac ‘Seot nano ~ Yano Bunt ston Comisso Bator da cole Gener Be Perinismos ‘Mani2a Connta (eso) ~ Apwiana Pisctrstit Its Jonnes~Jouio Assis Smioes ~ Maneazera Loves ‘Senoro Cannas ~ Yano Buriat Junlon 9. “Azibwwelwa” (no vamos embarcas) — Resisténcia cultural nas décadas desesperadas, ro, Adeus a0 paraiso futuro — Nacionalismo, género € raga. Pée-escito Oanjo do progresso. Lista de iustragoes Indice, 479 SH 569 7 $83 Introdugao Pés-colonialismo € 0 anjo do progresso H& muitos mapas de urn Iugae « muitashistérias de um repo. Jolie Federiekse RAGA, DINHEIRO E SEXUALIDADE Nas réGINAS iniciais do best-seller de Henry Rider Haggard, King Solomon's Mines (As minas do rei Salomao], descobrimos um mapa. O mapa, é 0 que nos dizem, é uma c6pia de outro que leva trés ingleses brancos as minas de diamante de Kukuanaland, em algum lugar do sul da Africa (Figura 14). O mapa original foi desenhado em 1590 por um mercador portugués, José da Silvestre, quando estava morrendo de fome 1no “seio” de uma montanha chamada Seios de Sheba. Riscado nos restos de um linho amarelo arrancado de sua roupa e inserito com uma “lasea de 0380" alimentada do proprio sangue do mereador,o mapa de Silvestre promete revelar a riqueza da cdmara do tesouro de Salomiio, mas leva com ele a tarefa obrigatéria de antes matar a “mae-bruxa’, Gagool. ‘Dessa forma, o mapa de Haggard junta em miniatura trés dos temas dominantes do imperialismo ocidental: a transmisstio do poder mas- culino branco através do controle das mulheres colonizadas; o surgimen- to de uma nova ordem global de conhecimento cultural; ¢ 0 comando imperial do capital mereantil — trés dos temas que circulam neste livro 1 Henry Rider Haggard, King Solomons Mies (Lomdees: Dent 8) 5 (Cours imperial Mouth of tress Figura 4A situa da ter Estyo do mapa da rota para ar mine dei Salona 6 Introdapae ~ Par-colonalioma¢ 0 anjo de progres que distingue o mapa de Haggard dos virios outros que omam as narrativas coloniais € que cle ¢ explicitamente sexual. A terra, que é também a fémea, éliteralmente mapeada em fiuidos corporais mascu: Tinos, ¢ a filica lasea de osso de Silvestre se torna o érgio através do qual ele lega o patriménio do capital excedente a seus herdeiros bran= 0s, investindo-os da autoridade ¢ poder adequados aos guardides do sagrado tesouro. Ao mesmo tempo, a heranga colonial masculina tem Ingar dentro de uma troca necessiria. A morte de Silvestre no mau (congelado) seio ¢ vingada,e a heranga patrilinear branca é assegurada apenas com a morte de Gagool, a “mae, velha mie” e “génio do mal da terra”. © mapa de Haggard, assim, alude a uma ordem oculta subja~ cente a modernidade industrial: a conquista da forga sexual e de traba- Tho das mulheres colonizadas, ‘O mapa também revela um paradoxo. De um lado, é um trecho es- ‘bogado do campo que os homens brancos devem atravessar para ass¢gu- raras riquezas das minas de diamantes. De outro, se 0 mapa for inverti~ do, revela de uma vez o diagrama do corpo feminino. O corpo esti esticado e truncado — as tinicas partes desenhadas sio as que denotam 1 sexualidade ferminina. Na narrativa, os viajantes cruzam © corpo a partir do sul, comegando perto da cabeca, representada pela “pora de ‘igua ruim’ encolhida — a sintaxe mutilada exibindo o lugar da inteli- géncia © da criatividade femininas como sendo o da degeneracio. No centro do mapa, esto os dois picos de montanhas chamadlos de Seios de ‘Sheba — dos quais as cordilhiras se estendem para os dois lados como Dragos sem mios. © comprimento do corpo esta inscrito pelo reto cami- ‘nho real da Estrada de Salomio, levando do limiar dos seios congelados até o umbigo Aoppie direto como uma seta ao monte piibico, Na narra- tiva, esse monte é chamado de “Trés Bruxas”e figurado por um trin~ gulo de colinas cobertas de “escuras urzes”, Esse escuro triingulo a0 mesmo tempo aponta para as entradas de duas passagens proibidas ¢ as ‘oculta: a “boca da caverna do tesouro” — a entrada vaginal & qual os 2 Hem,op. cits pp.74 84 Memon ctp- m8, ” Conreimperiat homens sao levados pela mie negra, Gagool —e ateis dela a fossa anal dda qual eventualmente os homens se arrastario com os diamantes, num situal de nascimento masculino que deixa morta a mae negra, Gagool No mapa, 08 genitais femininos so chamados de Tiés Bruxas. Se as ‘Tiés Bruxas assinalam a presenga de foreas femininas alternativas e de nogoes africanas alternativas de tempo e de conhecimento, Haggard se defende da ameaca de uma forga feminina ¢ africana resistente, nfo 86 dispondo violentamente da poderosa figura de mie na narrativa, mas também colocando ao lado das Trés Bruxas no mapa os quatro pontos cardeais: cone da “razo" ocidental, da agressio técnica do ocidente e da posse masculina e militarizada da terra. O logo da bissola reproduz a figura espalhada da mulher marcada pelos eixos da contengio global. Na escalada da mina, carregados com diamantes do tamanho de “ovos de pombas”, os brancos ingleses dao a luz trés ordens — a ordem reprodutioa masculina da monogamia patriaccal; a ordem econémica branca do capital minerador; ¢ a ordem politica global do império. Ao ‘mesmo tempo, tanto © mapa como a marrativa revelam que esses trés ordens nao slo distintas, mas assumem forma intima na relagio entre clas. Dessa maneira,a aventura do capital minerador reinventa o patriar- cado branco — na especifiea forma de classe inglesa do gentil homem de alta classe média — como herdeiro do “Progresso” imperial na chefia da "Familia do Homem'— uma familia que nio admite a mie mapa de Haggard abstrai o corpo feminino como uma geometria da sexualidade capturada sob a tecnologia da forrna imperial. Mas tam- bbém revela uma curiosa camera abicra, pois nenhuma leitura do mapa cst completa em si mesma: cada uma revela a sombria inversio repre~ sentada por sett outro lado reprimido. Se nos alinharmos com a auto- da pgina impressa, com os pontos da biissola colonial «© com os rotulos sangrentos, o mapa pode ser lido e o tesouto alcangade, ridade maser ‘mas a mulher colonizada esté de cabega para baixo. Se, ao contritio, invertemos o livro ¢ pusermos em pé o corpo da mulher, as palavras san- _gfentas em seu corpo — de fito a aventura colonial como um todo — se tornam incoerentes. No entanto, nenhuma versio existe sem a outa. Couro imperial se propde a explorar essa ligagao perigosa e contraditéria 8 Iuteedepis ~‘Pas-obiialtimn 0 anjo de brogreiie entre a forga imperial ¢ a anti-imperial; entre dinheiro e sexualidade; centre violencia e desejo; entre trabalho e resisténcia. GENERO, RAGA E CLASSE Categorias articuladas Passou-se um tempo até que percebemos que 0 nosso lugar era a propria casa da diferenga, © nfo a seguranga de qualquer diferenga paticuat Andre Lorde Comego com o mapa de Haggard porque ele oferece uma fantistica combinagao dos temas de género, raga e classe, que sio as preocupagdes que circulam neste livro. Gouro imperial oferece tréscriticas relacionadas. Sob muitos aspectos,o livo é uma disputa continuada com o projeto do imperialismo, o culto da domesticidade ¢ a invengio do progresso in- dustrial. © mapa de Haggard me intriga, ademais, porque oferece uma parbola em miniatura para um dos prineipios eentrais deste livro. Nos, capitulos que se seguem, argumento que raca, genero ¢ classe nifo sio\ Aistintos reinos da experiéncia, que existem em esplendido isolamento centre si; nem podem ser simplesmente encaixados retrospectivamente como pegas de um Lego. Nio, eles existem em selacio entre sie através dessa relagio — se sentido ¢ 0 tema triangular que anima os capitulos que se seguem: as relagdes intimas entre a forca imperial ea resistencia; entre 0 dinheiro e a sexualidade; entre raga e género. No mapa de Haggard, as minas de diamante sio simultaneamente 0 lugar da sexualidade feminina (reproducio por género), a fonte do te- souro (produglo econdmica) e o lugar da disputa imperial (diferenca racial). A filica lasca de osso de Silvestre nfo € apenas a ferramenta da inseminagio masculina ¢ do poder patsiarcal, mas também a insignia da despossessio racial. Aqui, entio, género nfo é s6 uma questi de sexua- Tidade, mas também uma questio de subordinagio do trabalho e pilha- ‘gem imperial; raga nfo € s6 uma questo de cor da pele, mas também ia que de modos contraditérios e em conflito. Nes- 9 (Cours imperiad uma questio de forga de trabalho, incubada pelo géneto. Apresso-me a acrescentar que nao quero implicar que esses dominios sio redutiveis ou. idénticos entre si; em ver disso, exstem em relagdes intimas, reciprocas contraditérias. Uma afirmasio central de Couro imperial ¢ que imperialismo nio é luma coisa que aconteceu em outro lugar — um fato desagradavel da histéria exterior & identidade ocidental, Ao contririo, o imperialismo ¢ 4 invengo da raga foram aspectos fundamentais da modernidade is dustrial ocidental, A invengio da raga nas metrépoles urbanas, que ex- ploro com mais detalhes abaixo, tornou-se central ndo s6 para a auto- \efinigao da classe média, mas também para o policiamento das “classes perigosas" a classe trabalhadora, os irlandeses, os judeus, as prostitutas, as feministas, os gays © as lésbicas, os criminosos, a turba militante, ¢ assim por diante. Ao mesmo tempo, o culto da domesticidade nao foi simplesmente uma ierelevincia trivial e passageira, propriamente per tencente a0 seino privado ¢ “natural” da familia, Mais que isso, argu ‘mento que o culto da domesticidade foi uma dimensio crucial, ainda que oculta, das identidades, tanto a masculina quanto a feminina — por cambiantes ¢ instiveis que fossem —, e clemento indispensivel tanto do mercado industrial quanto da empresa imperial, Nio € preciso dizer que se poderia pensar jf, agora, que os homens europeus foram os agentes mais diretos do império. E, no entanto, 0s tedricos do imperialismo e do pés-colonialismo sé6 raramente se dedica~ ram a explorar a dindmica de género do tema’. Ainda que fossem ho- ‘mens brancos os que comandavam os navios e portavam os rifles dos exéreitos coloniais, e que eram donos e supervisores das minas e planta- 4 Nem mesmo o imensamente importante influent Oriental de Edward Sait explo- 20 géner como categoria constitu do imperialism, Dx mesma fna avast ‘rua isa dos negros de Peter Fey, Staying Poser équase ra sre a mbes, sim comoa valioen asin da cultura popular gca de Paul Cio, Tere A No Blk inthe Union ack, Bard Sail, Orient (Nova Yor: Vintage, 19) eter Frye, Sty ing Poser Tie His of Black Pepe in Britain (Londres Pht Pres 8; Pl ile, ‘hse Ait No Blain the Union Jock he Call Pos of Rac and Nation (Lond Hutchinson, 19). Ineraduae ~ Péscoloniations eo anj de progretie g8cs com escravos, € que comandavam os fluxos globuis de capitais ¢ carimbavam as leis das burocracias imperiais; ainda que fossem homens brancos europeus os que, a0 final do século XIX, eram donos e gerentes de 83% da superficie da Terra, a relago crucial, mas oculta, entre género © imperialismo foi, até muito recentemente, desconhecida e desprezada como um fait accompli da natureza. Na illtima década, surgiram evidéncias que estabeleceram que ho- mens ¢ mulheres nfo experimentaram o imperialismo da mesma manei- 1. O imperialisino europeu foi, desde © comego, um encontro violento ‘com hierarquias preexistentes de poder que tomou forma no como um desdobramento de seu proprio destino, mas como interferéncia oportu- nista ¢ desordenada com outros regimes de poder. Tais enconteos, por sua vez, alteraram as trajet6rias do préprio imperialism. Dentro desse longo c conflituoso engajamento,a dinamica de género das culturas colo nizadas foi tao distorcida a ponto de alterar as formas irregulares que o {mperialismo assumiu em virias partes do mundo. ‘As mulheres colonizadas, antes da intrusio do dominio imperial, cram invariavelmente prejudicadas dentro de suas sociedades, em ma- neiras que davam ao reordenamento colonial de seu trabalho sexual ¢ ‘cconémico resultados muito diferentes dos que obtinham os homens colonizados. Como as escravas,trabalhadoras agricola, serventes do- ‘mésticas, macs, prostitutas e concubinas das vastas coldnias da Europa, as mulheres colonizadas tinham de negociar nao s6 os desequiltbrios em suas relagdes com seus préprios homens, mas também o barroco € vio~ Jento conjunto das regras e restrigées hierirquicas que estruturavam suas novas relagées com os homens ¢ as mulheres do império 45 Para uma senha abrangente, ver Ann Laura Stoler "Carnal Knowledge and Impesia Power: Gender, Race, and Morality in Colonial Ars, in Masta dh Leonardo (org), Gender and the Crastouds of Keeley: Fominist ntbrpelagy in the Patmadern Ent ‘Beckley: University of California Press, 390, pp st-400 6 Para andes regions histévieas do impacto do coloialismo sob as alee, ver ‘Mona Biienne€ Bleunor Leacock (ngs), Women and Celnization (Nava York: Praeger, 1980}; Dela Jaret Macauley, "Black Wess History, abalho apreentado + Wormers “History Conference, Londres jl, 199% Nancy Hain e Edna Bay (ong), Hen Goureimperiat ‘As mulheres coloniais também foram ambiguamente situadas den- tro desse provesso, Barradas dos corredores do poder formal, experi- ‘mentaram os privilégios © as contradigées sociais do imperialismo de ‘maneira muito diferente dos homens coloniais. Fossem elas embarcadas como condenadas ou recrutadas para a servidio doméstica ou sexual; tivessem elas servido discretamente ao poder como esposas dos ofciais coloniais, sustentando as fronteiras do império e gerando seus filhos ¢ fihas; tvessem elas ditigido escolas missionérias ou enfecmarias de hos- pitais em postos remotos, ou trabalhado nas lojas ou lavoutras de seus maridos, as mulheres coloniais no tomaram quaisquer das decisées econ6micas ou militares do império ¢ muito poucas delas colheram seus enormes Iueros. Leis do casamento, leis da propriedade, leis da terra e a intrativel violéncia da decisio masculina as aprisionavam em padrées de sgénero de desvantagem e frustracio. A vastae fraturada arquitetura do imperialismo era eivada de género e atravessada pelo fato de que os homens brancos faziam e executavam as leis e politicas de seu préprio interesse. Ainda assim, os prvilégios da raga com frequéncia colocavam as mulheres brancas em posigées de poder — ainda que emprestado — ‘lo 96 sobre as mulheres colonizadas, mas também sobre os homens colonizados. Como tais, as mulheres brancas no eram as infelizes pas- santes do império, mas as ciimplices ambiguas, tanto como colonizado~ +145 quanto como colonizadas, prvilegiadas e restringidas, fossem passi- vvas ou ativas’. Afri: Stuties oS an Beanie Change (Stanfond Stan Univesity ress 976), (Chesryl Walk (ong), omen and GendeinSourbera Afi to rng (Cape Towns Dvid Pip, 990); Hazel Cary, °On the Theshold of Wants Er, Lynching, Empie nd ‘Sexuality in Black Feminist Theory", Critica Ingury a1 98), pp. 3677, 7 Pars anilises regions hisiicas das mulheres coloiais er Helen Callaway, Goce Galore ond Empire: Eursean Women in Caonial Nigeria (Londres: Macrilan, 198); Jtckie Cock, Maids and Madan (Johannesburg: Ravn Pres, 1980); Jean Comaraffc John Comaro, "Christianity and Colonialism in South Afvica’,Amerion Exbnli 1y (4986), p. 1-5 Beveley Gael, "Colonial Wives: Villains ox Victims? in Hilary Cal- lan e Sisley Anlne (ong), Tie ncporated Wie (Lande Croom Helin, g8ye Irene Saverblt, Moog, Sm and Htc Gende lege and Class nln and Clo Pars (Princeton: Princeton University Pres, 1), Introdusse ~ Pas-colonaliomo¢ 9 anjo do pregrene Argumento ao longo deste livro que © imperialismo nao pode ser plenamente compreendido sem uma teotia do poder do género. O po- der do género nao foi a patina superficial do império, umn brilho eféme~ 10 sobre a meciinica mais decisiva da classe ou da raga. Mais que isso, a dindmica do género foi, desde o inicio, fandamental para assegurar € ‘manter 0 empreendimento imperial. Do meu ponto de vista, porém, 0 sgénero nao foi a tinica dindmica do imperialismo industrial, nem a do- rminante. Desde o final dos anos 1970, surgiu uma forte ¢ apaixonada critica feminista —em boa parte feita por mulheres de cor— que desa- fia certas feministas eurocéntricas que pretendem dar vor. uma femini- lidade essencial (em conflito universal com uma masculinidade essen- cial) e que priviegiam o género acima dos outros confitos, Havel Casby, por exemplo, fez. uma das primeiras crticas das femi~ nistas brancas que “escrevem sua ferstoria © a chamam de histéria das mulheres, mas ignoram nossas vidas negam suas relagées conosco” “Esse € 0 momento”, ela diz, “em que esto atuando dentro das relagdes do racismo € escrevendo Aistéria®, Nos Estados Unidos, de maneira semelhante, bell hooks argumenta, com forga ¢ influéncia, a favor do reconhecimento da diferenga racial e da diversidade entre as mulheres, ¢ também pela politica de aiangas?. Na Inglaterra, Valerie Amos ¢ Prat bbha Parmar, entre outras seguem Carby na acusagao as feministas bran- ‘eas segundo a qual elas compartilham “a amnésia dos historiadores brancos quando ignoram as maneiras fundamentais pelas quais as mu- Iheres brancas se beneficiaram da opressio dos negros”, 1 tea! Cay "Whit Wane Le! Bk Fein nh Hoof Sie hun Cerf Corny Car Seg) 2 Ep Sd Ba tnd ius ra ot in, 9) {ek i met Be rn Fn Loni: Pt e989) tS Ar Pn Pm, ‘Chagi lp! ein Rie [Oscs Shrb Ho econ te pete mm ac am Vo ‘Ser Pt npr eo iodo sine no, sw hunny Un Wegener Sagal De ‘Ser Pai ea yo (9p Kean Dn got Cok, Trot Sn te Chaocot e ey, prtray Mans aang enn ant occ ee Winger omen 3 pure imperial Argumento, ademais, que géncro nao é sindnimo de mulheres. Como diz Joan Scott: “Estudar as mulheres isoladamente perpetua a feeo de «que uma esfera, a experiencia de um sexo, tem pouco ou nada que ver com a do outro”. A diferenga de Catherine MacKinnon — para quem “a sexualidade esta para o feminismo como 0 trabalho esta para o mar- ‘xismo”—, argumento que o feminismo se refere tanto classe, no traba~ ( tho € ao dinheiro quanto ao sexo, De fato, um dos movimentos mais vvaliosos da teoria feminista recente foi sua insistncia na separagio entre sexualidade © género e o reconhecimento de que o género € um proble- ma tanto para a mascufinidade quanto para a feminilidade. Como diz Cora Kaplan, a atengao ao género como categoria privilegiada da andli- se tende a “representar a diferenga sexual como natural e fixa — uma feminilidade constante ¢ transistérica numa luta tornada libidinal com ‘uma masculinidade universal igualmente ‘dada. Michel Foucault argumenta que, no século XIX, a ideia de sexuali- dade dew uma unidade ficticiaa um conjanto de “elementos anatomicos, fungdes biolégicas, condutas, sensagies e prazeres"®. A unidade ficticia da sexualidade, diz ele, se tornou “um prinefpio causal, um significado ‘on Women in Alger", Feminit Stir 4 (8), pp. 8-107, € Gayatei Chakrsvor Spivak, “French Feminism in the Intemational Frame’ Jn Other Merl: Ena in {Cura Pav Nova Yosk: Methuen, 18) Ver também Spiral, Te PoC rit: Intervet Diaogns Sarah ares, or, (Nova Yor: Routledge, 990), © 0 rnimero especial sebre "Feminism and the Critique of Colonial Discourse, Inoptons _¥4 (988) Para uma ane mas geral das mulheres brancas eo radsmo, er Veon Wate, ‘Beyond be Pale: White Women, Racin and History (Londees: Verso 192) sn, Joan W. Soot, Gonder and he Palisa History (Nova York: Columbia Univesity Pes, 1988). 3. Como diz Denise Riley “ser una malber também €inconstantee io of rece um fundamento ontolgica". Denise Riley, “bw I that Name?" Remini and the Caegery of" Women” in Hictery (Basingstoke: Mactan, 198), pp 1-2. Para um erica importante do estenilismo de geeto de cag, ver Diana Fuss, Esentally Speaking Foninism, Notre and Difirene (Nove York: Routledge, 198). 22, Corn Kaplan, Soa Change: Ctr and Pm (Lond: Vers, py. Da mesma rmaneis, Scot observa: “O uso do ytnero sllenta um sistema intio de relagdes que podem inl sexo, mas nao ¢ dirtamentedetrminado peo vexo nem dietamente de ‘enminador da sewaidade.” Gender and he Politi of Hider, p32 13. Michel Foucault, History of Sewaty, tad, Richard Howard (Nova Yor: Vintage, 1980, vol 1)sp-23 24 Introdusao ~‘Pas-colonaliomo¢ o anja do progreso ‘onipresente, um segredo a ser descoberto em todo lugar: 0 sexo foi, as sim, capaz. de funcionar como um significante universal ¢ como um significado universal". Ao privilegiar a sexualidade, porém, Foucault esquece como uma elaborada analogia entre raga e género se tornou, como argumento no capitulo r, um tropo organizador para outras for- ‘Ao mesmo tempo, no vejo raga e etnia como sindnimos de negro ou colonizado, De fato, a primeira parte deste liv foi escrita em simpatia com o desafio obliquo de bell hooks: “uma mudanga de diregao que setia verdadeiramente descolada seria a produgao de um discurso sobre raga gue interrogasse a brancura". A invengio da brancura, aqui, no é a ‘norma invistvel, mas o problema a ser investigado | ‘Nio estou convencida, porém, de que a raga € um mero efeito de significantes flatuantes, nem pelasafirmagGes de que “deve existiralgu- ma esséncia que precede e/ou transcende o fato das condigdes objeti- vas", Estou aqui de acordo com o argumento eogente de Paul Gilroy, 4 Hemost. 93 1. bel hook, Traveling Theres Teveling Tess, rin (hp 165 26 Pars uma epost da Branca com ei, ver Catherine Hal, Wie Male and Mid Cl Esplnton in Piven and ity Cabri: ality Pres 95) 11. Nox Hai *Whot Zor Whe New Bic Roma, era of id sur Madr Langage Arvin 20, x G98), pp. as. Ve amb Toe. Jose, "Who the Cap FX Unconsciousness nd Uncnsconblenestin the Cita of Hows ton A. Bake and Heney Lan Gata New Litnary Hit 98) pp Daas ‘oles ern que borat nn quste ho Henry Luis Gates, (org) “Ra rng nd Dif (Chicge Unive of Chg Pe 3986 Cates 0), Black Litrato Litory Ty No Yorce Lanter: Met). Ver tren Cat, ian in Black Words Sis amd te “Rava” Sif Oxf: Oxtr rivet Pra 2387; Kram Archon Apia, “he Uneompleted Angren: Dabo andthe on of Rac" Crit ngiy 2 (985) pp. 2-7 Appiah, Br My Pat Hon he Phionply of GlarLoies Metncn 192 « Horse Spies, Mamas Baby P- pb Maj An Amc Grammar Be Disney gt) 6-95 No cn ‘eco btn ver Sart Hal Cole! Lent and Dino in otha Rater fod ng) ei Connie ond Dien (Lone: Lawrence and Wik tool pss Na mesa ee, ver a nie de Koera Mere dar nose po mer nd cm Wake thre enya Dentin eso Felipe Prt Pry Back Pini Te Pais of Artin’ Rathod ip c-6.Sore nome aera ver Pal Gi, Thre Ai Ne 35 Conve imperiot segundo o qual a polarizagio entre teorias essencialistas e antiessencia~ listas da identidade negra no ajuda mais”. Explorar a instabilidade historia do discurso sobre a raga — abragando, como ela fia no sécu- lo XIX, no s6 povos colonizados, mas também os irlandeses, prostitutas, judeus e assim por diante — de nenhuma maneira implica cair na verti~ gem da indecidibilidade. Questionar a nosao de que a raga é uma essén- cia fsa e transcendente, imutvel através dos tempos, no significa que “toda a conversa sobre ‘raga’ deve cessar”, nem que as invengdes barrocas da diferenga racial nlo tenham tido efeitos tangiveis ou terriveis®, Ao contritio,é precisamente a invensio de hierarquias histéricas que torna mais urgente a atengio a0 poder ¢ violencia socais Couro imperial se situa, assim, onde varios discursos — feminismo, smarxismo e psicanilise, entre cles — se misturam, convergem e diver- gem. Um cuidado permanente do liv é recusar a separasio clinica de psicanslise e histéria. Muitas vezes, a psicandlise foi relegada ao dos no (convencionalmente universal) doespago doméstico,privado,enquan- to-a politica e a economia foram relegadas 20 domfnio (convencional- ‘mente histérico) do mercado pablico. Argumento aqui que a quarentena disciplinar da psicandlise em relagio histéria correu paralela& prOpria modernidade imperil. Em lugar de me inclinar ante essa separagio coptarteoricamente por um lado on pelo outro, fago um apelo por uma | investigasZo renovadae transformada das relagSes no reconhecidas en- | tre a psicanilise e a histéria socioeconémica. Couro imperial tenta repensat a circulagio de nogdes que podem ser observadas entre a familia, a sexualidade ¢ a fantasia (o dominio teadi- cional da psicanilise) e as categorias trabalho, dinheiro e mercado (do~ ‘ino tradicional da istéria politica e econdmmica). Talvezseja adequa~ ‘Black in the Union Jc... Para van discuss dos problemas da raga come categoria, cum apeo i etnia como alternatva, wr Floya Anthis ¢ Nea Yovl-Davis,"Contex- tualizng Feminism: Gender, Bxhaic and Class Divisions", Reminie Review (L- vetn0, 198) Paul Giltoy, Te Black Attic Maternity and Deuble Comme (Cambidgs Harvard PUniversiy res 1993) px 19. Houston A. Bales, "Calibal Tile Play", Cri! Ingiry 1 (Outono 19807186 26 Intradnste ~‘Per-olonatiome¢ anja de progrene do que tal pesquisa tenha lugar como uma eritica da modernidade imperial, pois foi precisamente durante a era do alto imperialismo que a psicandlise ¢ a historia social divergiram. Como nao acredito que o imperialismo tenha sido onganizado em tor~ no de uma inica questo, quero evitar privilegiar uma categoria em relago 4s outras como tropo organizador. De fato, gasto mais tempo questio~ nando narrativas de génese que orientam o poder em torno de uma ‘inica cena origindria, Por outro lado, nfo quero incorrer num pluralis- imo liberal de lugar-comum que abraga generosamente 2 diversidade para melhor apagar os desequilibrios de poder que arbitram a diferenga. Certamente, uma das suposigées Fundadoras deste livro € que nenhuma categoria social existe em isolamento privilegiado; cada uma existe numa relago social com outras categorias, ainda que de modos desiguais ¢ contraditérios) Mas o poder raramente € atribuido por igual — diferen~ tes situagdes sociais sio sobredeterminadas pela rasa, pelo género, pela ‘lasse, ou por cada uma dessas categorias por sua vez. Acredito, contudo, que se pode dizer com seguranca que nenhuma categoria social deve permanecer invistvel em relago a uma andlise do império, CILADAS DO POS-COLONIAL Quase um século depois da publicagdo de As minas do rei Salomao, em rnovembro de 1992 — ano do triunfo do quinto centenirio dos Estados Unidos — uma exposicio pés-colonial chamada de Estado Hibrido es- ‘treou na Broadway. Para entrar na exposigio do Estado Hibrido, vocé entra na Passagem. Em lugar de uma galeria, vocé encontra uma an= ‘teciimara escura, onde uma palavra branca o convida a avangar: colonia smo, Para entrar no espago colonial, vocé passa por uma porta baixa, apenas para se encontrar encerrado noutro espago negro — uma lem- branga dos curadores, ainda que fuga, de Frantz Fanon:“O native é um ggunda palavra branca, pés-calonialiome, 0 convida, através dle uma porta ido, Mas a saida do colonialismo, parece, € avangar, Uma se- 0, Frantz Fanon The Wide ofthe Barth (Londres: Peng, 2963), p29 7 Conreimperit ligeiramente maior, ao préximo estigio da histéria, depois do qual vocé emerge, inteiramente ereto, no Estado Hibrido brilhantemente ilumina- doe barulhento, Estou menos fascinada pela exposigo em si do que pelo paradoxo entre aideia de historia que da forma a Passagem ¢ a ideia diferente de histéria que dé forma a exposicao do proprio Estado Hibrido. A expo- siglo celebra a *histéria paralels’ ‘A histriaparalelaaponta para a realidad de que no hé mais uma visio domi ‘ante (mainstream) da cultura atistica norte-ameticana, com diversas “otras” culruras menos importantes a sua volta. Exist, antes un histéria paralela que esti mudando nossa compreensio do nosso entendimento transcultural” E, no entanto, 0 compromisso da exposicio com a “histéria hibri- da” —o tempo miltiplo — é contraditado pela légica linear da Passa gem, “Lima breve rota para a liberdade”, que resulta na reencenagio de tum dos tropos mais tenazes do colonialismo, No discurso colonial, como na Passagem, o movimento no espago é andlogo a0 movimento no temn= po. A histéria se forma em duas diregdes opostas: o progresso da huma~ nidade, passando da privacdo encurvada para a diregio da ereta riziio iluminada. O outro movimento apresenta o reverso: 0 retrocesso para 0 que chamo de espago anaerOnieo (trope que analiso em maior detalhe adiante) da vida adulta masculina, branca, na dirego de uma degenera~ ‘40 negra primordial, geralmente encarnada nas mulheres. A Passagem ensaia essa ldgica temporal: progresso pelas portas ascendentes, da pré- histéria primitiva, privada de linguagem e de luz, através dos estigios épicos do colonialismo, pés-colonialismo ¢ hibridez ilaminada. Ao dei~ sar a exposisio, a historia € atravessada para tris. Como no discusso Jonial,o movimento para frente no espago ¢ para trés no tempo: da cons- cincia verbal ereta da liberdade hibrida — significada pelo coelho bbranco chamado “Free” (no to live) que vaga pela exposigio — através 2 Folheto da most, "The Hybrid State Exhibit", Exit Art, 578 Brondmay, Nove York Ge novarg der 399). 8 Introdupae —Pas-olonalioms¢ 0 anja de progres dos estigios histéricos de estatura decrescente até a trOpega zona sem linguagem do pré-colonial, da fala a0 silencio, da luz para a escurido, © paradoxo que estrutura a exposigao € intrigante, porque é um pa- sadoxo, sugieo, que dé forma ao termo “pés-colonialismo”. Bs mente interessada no termo, porque a ubiquidade quase ritualistiea das palavras “pés" na cultura corrente (pés-colonialisme, pés-modernismo, pés-estruturalismo, pés-guerra fria, pbs-marxismo, pos-apartbed, ps- sovidtico, pés-Ford, pés-feminismo, pés-nacional, pés-histéres ‘mo pés-contemporanco) assinala, acredito, uma crise notivel na ideia do progresso histérico linear. Charles Baudelaire chamou a ideia de progresso ¢ aperfeigoamento de “a grande ideia do século XX", Em 385s, ano da primeira exposicto imperial de Paris, Victor Hugo anunciava: “o progresso ¢ a pegada do préprio Deus”. Em muitos aspectos este livro se dedica a desafiar tan-| toa ideia de progresso quanto a de Familia do Homem,¢ simpatiza com| ‘Ainjungio de Walter Benjamin no sentido de “excluir qualquer trago de) ‘desenvolvimento’ da imagem da histéria” e de superar a “ideotogia do | progresso [...] em todos os seus aspectos™. Bos parte dos estudos pés-coloniais se coloca contra a ideia imperial do tempo linear. E, no entanto, © termo *pés-colonial”, assim como @ ‘exposigio, € assombrado pela propria figura do desenvolvimento linear que pretendia desmontar. Metaforicamente, 0 termo “pés-colonialismo” ‘marca a hist6ria como uma série de estgios ao longo de um memoravel caminho do “pré-colonial” ao “colonial”, 20 “pés-colonial” — um com= promisso espontiineo, ainda que negado, com o tempo linear € com ideia de desenvolvimento, Se uma tendéncia tedrica a vera literatura do “Terceiro Mundo” como se ela progredisse da “literatura de protesto” para a literatura de resistencia” para a “literatura nacional” foi eriticada por recolocar 0 tropo iluminista do progresso linear ¢ sequencial, 0 ter ‘mo “p6s-colonialismo” é questionsvel pela mesma razio. Metaforiea~ ou dupla- 25, Apu Susan Buck-Mors, he Diao ein: Waler Benen and the Anas Projet (Cambcidge: The MIT Pres, 1989p. 90. 25, Mem, op.8P.79. 29 Coureimperiat ‘mente pousado no limite entre 0 velho e 0 novo, o fim e 0 comeso, 0 termo anuncia o fim de uma cra do mundo apenas ao invocar 0 mesmis- simo tropo do progresso linear que animou essa era, Sea éearia pés-colonial procurou desafiar a grande marcha do histo- smo ocidental e scu séquito de binsios (eu/o outro, metrépole/col6- nla, centro/periferia etc.), 0 ermo “pés-colonialismo” de qualquer ma- neira reorienta o globo uma vez. mais em torno de uma tinica oposigée binéria: colonial/pés-colonial. Além disso, a teoria é assim deslocada do ix0 binatio do poder (colonizador/colonizado — em si mesmo pouco ‘nuangado, como no caso das mulheres) para o eixo binirio do tempo, um «ixo ainda menos produtivo de nuanga politica, porque nao distingue entre os beneficidrios do colonialismo (os antigos colonizadores) e as vitimas do eolonialismo (os antigos colonizados). A cena pés-colonial Acontece numa suspensio da histria, como se os eventos histéricos de- finitivos fossem anteriores ao nosso tempo e aio estivessemn acontecen- do agora. Se a teoria promete um descentramento da histéria na hibri- dez, no sincretismo, no tempo multidimensional e assim por diante, a singularidade do termo realiza um recentramento da hist6ria global em tomo da exclusiva rubrica do tempo europeu. O colonialismo volta a0 ‘momento de sua desaparigio. O prefixo "pds", ademais, reduz a cultura dos povos além do colonia- lismo ao tempo preposicional, O termo confere ao colonialismo o pres- Uigio da histéria propriamente dita; 0 colonialismo é 0 marcador deter ‘minante da histéria, Outras culturas compartilham apenas uma relagéo cronol6gica preposicional a uma era eurocéntrica que acabou (pés) ou que ainda nem comesou (pré), Em outras palavras,as miftiplas eulturas do mundo sio marcadas, nfo positivamente pelo que as distingue, mas por uma relacio retrospectiva subordinada em relacio ao tempo linear ‘curopeu. O termo também assinala uma relutineia em abandonar o privilégio de ver 0 mundo em termos de uma abstragio singular e a-histérica. Folheando a onda recente de artigos ¢ livros sobre o pés-cotonialismo, fico impressionada por quo raramente o termo é usado para denotar ‘multiplicidade, Prolifera 0 seguinte: “a condigio pés-colonial”, “a cena 30 Intrudupie ~ Pércoloniatome eo anj do progreie pés-colonial’, “o intelectual pés-colonial’, “o espago disciplinar emer ggente do pés-colonialismo”,"a situagdo pés-colonial”, “a pritica da pos colonialidade”, e a mais tediosa e genérica de todas: “e Outro p6s-colo nial”, Sara Suleri, por exemplo, se confessa cansada de ser tratada como ‘una “maquina de alteridade™ [Nato estou convencida de que uma das mais importantes areas emer gentes da investigagio intelectual ¢ politica esti mais bem servida ins crevendo @ histéria como uma tinica questio. Assim como a categoria “mulher” foi desacteditada como tapeagio universal pelo feminismo, in~ capaz que € de distinguir entre as virias historias ¢ os desequilibrios de poder entre as mulheres, também a categoria singular “pés-colonial” pode prontamente autorizar uma tendéncia pandptica a ver 0 globo através de abstragdes genéricas destituidas de nuanga politica’, O pano- rama que se descortina no horizonte se torna por isso tio expansivo que os desequilbrios internacionais de poder ficam eficientemente borra- dos. Categorias historicamente vazias como “o outro”, “o significante”, “o significado”, “o sujeito”, “0 falo",“o pés-colonial”, embora com influ- éncia académica ¢ valor profissional de mercado, correm o risco de elu- dir distingdes geopoliticas cruciais até a invisbilidade. Os autores do livro The Empire Writes Back, por exemplo, defendem 6 termo “literatura p6s-colonial” com trés argumentos: ele se centra na~ quela “telago que forneceu o impeto criativo e psicolgico mais impor- tante na escrita’; expressa as “razdes do agrupamento num passado co- ‘mum ¢ “faz-um aceno a visio de um futuro mais liberado ¢ positive" F, no entanto, a inscrigio da histéria em torn de uma tinica “continui~ dade de preocupagies" de um inico “passado comum’ corre o risco de uma negagio fetichista de cruciais distingdes internacionais que slo es- 24, Sara Sule, apd Appiah, My Futiers Howe. 7.53 25, Ver aeselene anise de Appiah das torbes do és-moderismo edo ps-eoloniali fem “The Postcolonial and the Postmodee’ in I My Fathers Howe. pp sas. Vee tambésn Ken Parkes, "Very Like a Whale: Postcolonial between Canoniciie and dics, Sa Identiti sx Primavers, 1995 26, Bill Ashe, Gareth Gifs Helen Tin, he Empie Write Back Teary ond Price fn Paseo Literatures (Londes: Rousedge 1989) 7.34. 3

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