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FUNDAÇÃO EDUCACIONAL UNIFICADA

CAMPOGRANDENSE (FEUC)
FACULDADES INTEGRADAS CAMPO-GRANDENSES (FIC)

LINGUÍSTICA:
FONÉTICA E FONOLOGIA

Profª Drª ARLENE DA FONSECA FIGUEIRA

2018.1
FUNDAÇÃO EDUCACIONAL UNIFICADA CAMPOGRANDENSE - FEUC
FACULDADES INTEGRADAS CAMPO-GRANDENSES – FIC

PLANO DE DISCIPLINA

CURSO: Letras DISCIPLINA: Linguística - Fonética e Fonologia


CARGA HORÁRIA: 30h/a PROFESSORA; Arlene da Fonseca Figueira

Objetivos:
Levar o discente do curso de Letras a conhecer os princípios teórico-práticos dos sistemas
fonético e fonológico da língua portuguesa para que esteja apto a aplicá-los ao processo
ensino-aprendizagem.

Ementa:
Fonética e Fonologia. Os princípios que norteiam a Fonética. Os princípios que norteiam a
Fonologia. Aparelho fonador. Classificação dos fonemas consonantais e vocálicos.
Sistemas de transcrição fonética. Unidades segmentais e suprassegmentais. Fonemas e
alofones. Traços distintivos. Processos fonológicos. Análise fonológica.

Metodologia:
Aulas expositivas com a participação dos alunos, exercícios práticos de análise lingüística a
partir da teoria apresentada em sala de aula, leitura e discussão da bibliografia sugerida;
práticas de transcrição e análise fonéticas e fonológicas do português, seminários e debates
.
Recursos auxiliares:
Quadro, material de consulta (livros, apostilas, sites da internet), material multimídia.
Avaliação de aprendizagem:
A avaliação do desempenho do aluno será feita por intermédio da realização de exercícios,
atividades em grupos (prova, seminário, exercícios e pesquisa de campo), provas
individuais, frequência(mínimo de 75%).

Bibliografia básica:
BISOL, Leda. (org.). Introdução a estudos de fonologia do português brasileiro. 4º ed.
Ver. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2005.
CALLOU, Dinah & LEITE, Yonne. Iniciação à fonética e à fonologia. 11 ed. Rio de Janeiro:
Zahar,2005.
SILVA, Thaïs Cristófaro. Fonética e fonologia do português – roteiro de estudos e guia de
exercícios. 4ª Ed.São Paulo: Contexto, 2008.

Bibliografia complementar:
CAGLIARI, Luiz Carlos. Análise fonológica – introdução à teoria e à prática. Campinas:
Mercado de Letras,2002.

CRYSTAL, David. Dicionário de linguística e fonética. Rio de Janeiro: Zahar,2000.

SILVEIRA, Célia Pagliuchi da . Uma pronúncia do português brasileiro. São Paulo:

2
Cortez,2008.

CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
I – Fonética 2- Fonologia
1.1-Apresentação do plano de disciplina. 2.1 Análise fonêmica
1.2-A dupla articulação da linguagem 2.1.2 Fonemas
1.2.1- Fonética e Fonologia 2.1.3 Alofones
1.2.2 Fonética 2.1.4 Variantes posicionais e variação livre
1.2.3 Noções de acústica 2.1.5 Distribuição complementar
1.2.4 Aparelho fonador 2.1.6 Par mínimo
1.2.5 Transcrição fonética 2.1.7 Par suspeito
1.2.6 Descrição dos segmentos consonantais 2.1.8 Contraste em ambiente idêntico
1.2.7 Descrição dos segmentos vocálicos 2.1.9 Contraste em ambiente análogo
1.2.8 Ditongo, sílaba e tonicidade 2.1.10 Neutralização e arquifonema
1.3 A importância dos estudos da fonética para o 2.1.11 Assimilação
professor de línguas 2.2 A importância dos estudos da fonologia para o
1.4 Fonética: questões metodológicas relativas professor de línguas
ao ensino-aprendizagem do português. 2.3 -Fonologia: questões metodológicas relativas
1a Avaliação ao ensino-aprendizagem do português.
2a Avaliação
2a chamada.
Prova Final.

SANGRANDO
(Luiz Gonzaga Junior)

Quando eu soltar a minha voz, por favor, entenda


Que palavra por palavra eis aqui uma pessoa se entregando
Coração na boca, peito aberto, vou sangrando
Só as lutas dessa nossa vida que eu estou cantando
Quando eu abrir minha garganta essa força tanta
Tudo que você ouvir, esteja certa que estarei vivendo
Veja o brilho nos meus olhos e o tremor nas minhas mãos
E o meu corpo tão suado, transbordando toda raça emoção
E se eu chorar e o sol molhar o meu sorriso
Não se espante, cante
Que o teu canto é minha força pra cantar
Quando eu soltar a minha voz, por favor, entenda
apenas o meu jeito de viver
O que é amar

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I – Fonética
1.1- Apresentação do plano de disciplina.
1.2- A dupla articulação da linguagem
1.2.1- Fonética e Fonologia
1.2.2- Fonética
1.2.3 - Noções de acústica
1.2.4 - Aparelho fonador
1.2.5 - Transcrição fonética
1.2.6 - Descrição dos segmentos consonantais
1.2.7- Descrição dos segmentos vocálicos
1.2.8- Ditongo, sílaba e tonicidade
1.5 -A importância dos estudos da fonética para o professor de línguas
1.6 - Fonética: questões metodológicas relativas ao ensino-aprendizagem do português.
1a Avaliação

A DUPLA ARTICULAÇÃO DA LINGUAGEM

LEITURA: MARTELOTA, Mário Eduardo. “Dupla articulação.” In: MARTELOTA, Mário


Eduardo (org.) Manual de lingüística. São Paulo: Contexto, 2008. p. 37-41

A NOÇÃO DE ARTICULAÇÃO
Para compreendermos o que é articulação, devemos lembrar que os termos “articulação” e
articulado derivam do diminutivo articulus do latim artus( que significa articulação dos ossos,
membros do corpo). Assim, articulado significa constituído de membros ou partes.
Afirmar que a linguagem humana é articulada significa dizer que os enunciados produzidos
em uma língua não se apresentam como um todo indivisível. Ao contrário; podem ser
desmembrados em partes menores, já que constituem o resultado da união de elementos,
que, por sua vez, podem ser encontrados em outros enunciados.
Vejamos o exemplo abaixo:

Os violinistas tocavam músicas clássicas. ►Essa sentença, como qualquer sentença


em qualquer língua, é divisível em unidades menores. Podemos dividi-la , por exemplo, em
cinco vocábulos:

Os/ violinistas/ tocavam/ músicas/ clássicas

Isso significa que, para formar sentenças como essas , o falante escolhe vocábulos que , no
contexto, tem efeito significativo desejado, articulando-os de acordo com as regras de
formação de sent6enças de sua língua. Cada um desses vocábulos constitui um elemento
autônomo, podendo vir a ocorre em outras sentenças , dependendo dos interesses
comunicativos.
Continuando a análise, podemos observar que esses vocábulos resultam da união de
unidades morfológicas, o que significa que a sentença pode ser dividida em elementos ainda
menores :
Os/ violinistas/ músicas/ clássicas

O/ø violinista/ø música/ø clássica/ø

Nos vocábulos acima, podemos observar a oposição entre a presença do elemento {-s} e a
sua ausência (marcada como símbolo {ø } ) . A retirada do morfema {-s} acarreta uma

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diferença no valor do vocábulo, que perde a marca de plural, passando para o singular. Isso
significa que o morfema {-s} é responsável pela expressão da noção de plural : por isso é
tradicionalmente chamado de desinência de número.
É claro que os vocábulos nem sempre se limitam ao radical e à desinência de número.
Violinista, música e clássica, por exemplo, podem dês divididos em elementos menores:
Violin/ ista músic/a clássic/a

Violin/o músic/o clássic/o

O elemento {–a}, que se liga ao radical da palavra música, é uma vogal temática. Já o
elemento {–a} - de clássica- indica o gênero feminino , por oposição a clássico, sendo,
normalmente, classificado como desinência de gênero. O elemento {–ista} indica “a pessoa
que pratica um ofício, uma ocupação”. Associados aos radicais {violin-}, {music-}, {clássic-},
o sufixo {–ista}, a vogal temática {–a} e a desinência {–a} constituem elementos que
compõem a estrutura morfológica de vocábulos da língua portuguesa.
O que ocorre com os nomes (substantivos e adjetivos) pode ocorrer com verbos, embora
no caso dos verbos , os elementos morfológicos sejam um pouco diferentes. Vejamos:

Tocava/m Na forma verbal tocavam, o elemento –m indica que o verbo está na terceira
Tocava/ ø pessoa do plural, o {–va} é uma marca de pretérito imperfeito do indicativo ( já
Toca /ø que a retirada desses s elementos implica a perda desse valores) e a vogal
Toc / o temática –a- indica que se trata de um verbo de primeira conjugação.

Todos esses elementos dão alguma informação acerca do sentido do vocábulo ou acerca
de sua estrutura gramatical. Esses elementos são chamados de morfemas. Levando em
conta os morfemas, a sentença ficaria dividida da seguinte maneira:
{O} {-s} / {violin-} {-ista-} {-s} / {toc-} {-a} {-va-} {-m} / {músic-} {-a-} {-s} / {clássic-} {-
a-} {-s}

Mas ainda podemos dividir essa sentença em elementos menores, chamados de fonemas.
Todas essas palavras podem ser divididas em unidades de base sonoras, como
demonstrado nas palavras abaixo:
Músicas: [m], [u], [z], [i], [k], [a], [ ʃ ]

Clássicas : [k], [l], [a], [s],[i], [k], [a], [ ʃ ]

Esses fonemas são unidades de natureza diferente dos morfemas, pois fazem parte da
estrutura fonológicas das línguas. São utilizados para formar o corpo sonoro do vocábulo e
possuem função distintiva, já que a torça de um pelo outro acarreta mudança de significado
(como, por exemplo, a troca de [k] por [m] na palavra tocavam: toavam x tomavam). É
importante compreender que [k] não é um morfema, porque não indica informação alguma
acerca do sentido ou da estrutura gramatical da palavra tocavam. Entretanto é um elemento
estrutural importante na medida em que é capaz de distinguir vocábulos.

Agora temos condição de entender por que se diz que a linguagem humana é
articulada: porque se manifesta através de sentenças resultantes da união de elementos
menores. E podemos,também, compreender o termo dupla articulação: existem dois
tipos diferentes de unidades mínimas( os morfemas e os fonemas). Os primeiros são
elementos significativos, porque dão alguma informação acerca da estrutura semântica ou
da estrutura gramatical do vocábulo. Os segundos são elementos não significativos, tendo
função distintiva.

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O fato de a linguagem humana apresentar dupla articulação é o que parece distingui-la de
outros tipos de comunicação animal, já que ela, e só ela, é duplamente articulada.

A dupla articulação ( André Martinet) é considerada um universal linguístico, pois todas
as línguas humanas conhecidas compartilham essa característica. Por dupla articulação
entende-se, portanto, a organização da linguagem em dois planos: plano da primeira
articulação (morfemas) e plano da segunda articulação(fonemas):
1ª articulação ou morfologia: constituída de elementos dotados de significado ou morfemas.
2ª articulação ou fonologia: constituída de elementos não dotados de significado ou
fonemas.
parei aqui
No plano da primeira articulação, uma seqüência fônica corresponde a certos conceitos
que se pretende comunicar. Essas unidades (monemas ou morfemas) se organizam ,
linearmente, permitindo ao falante, mediante a aplicação de regras, gerar e entender um
número ilimitado de enunciados .

As unidades da primeira articulação (unidades do sistema morfológico da língua) podem ser
utilizadas em diversas situações ( regularidade da linguagem = cada manifestação
lingüística tem uma significação permanente capaz de referir-se idêntica a si mesma
nas mesmas circunstâncias):

Ex.: Encontrei meu primo na rua.


Encontrei minha prima na esquina.
Encontramos nossas amigas no colégio.

Os morfemas são unidades significativas mínimas (contêm significante e significado


e não se dividem em signos menores) da estrutura da língua. Unidades significativas
mínimas são as que não podem mais ser analisadas no plano da primeira articulação, sem
que se lhes destrua ou altere profundamente o sentido.
Ex.: Cor é um morfema e, como tal, é dotado de significante e significado (se o
segmentarmos, obteremos fragmentos como co/r ou c/or, que não possuem significado).
Corzinha é passível de divisão:
{ cor-} - {-inh} {-a}  cada um desses segmentos fônicos tem um significado.

No plano da segunda articulação, unidades distintivas (distinção ou oposição de


significados) do sistema fonológico da língua , mas não significativas( = fonemas), se
combinam para formar unidades de nível superior, ou seja, significantes das unidades da
primeira articulação (morfemas), ou dos signos lingüísticos. Na Segunda articulação,
também podemos usar um mesmo fonema em diversas palavras.
Ex.: O vocábulo cor possui três dessas unidades. Diferencia-se de dor por apenas pela
troca de um fonema .
[‘ k o x ]
[‘ d o x ]

Ao se combinarem os sons /’k a z a/ com o significado casa, forma-se um signo


lingüístico (= unidade biplânica, arbitrária e articulada)

O signo é biplânico, porque é constituído de sons (significantes) e conteúdo (significado)
indissociáveis, é arbitrário porque não existe entre os dois planos uma relação inerente. A
associação entre ambos é casual e pertence à história da língua. O signo é articulado, por
se passível de análise ( segmentação) em unidades sucessivas no plano da expressão
e no plano do conteúdo.

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Concluindo: no plano da primeira articulação, o signo pode ser decomposto até as
unidades mínimas significativas – os morfemas; no plano da segunda articulação, até as
unidades mínimas distintivas- os fonemas.

A ECONOMIA DA ARTICULAÇÃO
Esse tipo de organização baseada em um sistema de dupla articulação, que caracteriza
todas as línguas do mundo, tem uma razão de ser; é aquela que melhor se adapta às
necessidades comunicativas humanas, permitindo que se transmitam mais informações com
menos esforço.
A questão da economia fica clara quando pensamos nos casos menos comuns em nossa
língua de formação de feminino por heteronímia. Ou seja, acasos como os de
homem/mulher, boi/vaca, entre outros, em que se tem um vocábulo para designar o
masculino e outro totalmente diferente para o feminino. Não é difícil perceber a pouca
praticidade desse processo.
O fator economia verifica-se não só no plano da primeira articulação, mas também no
plano da segunda articulação. Essa característica da linguagem humana permite ao falante,
pela combinação de um número relativamente pequeno de morfemas e especialmente
limitado de fonemas , gerar um número ilimitado de novas frases.

Exercícios

1- Apresente exemplos que comprovem que, embora todas as línguas sejam duplamente
articuladas, a articulação varia de uma língua para outra. Use os seus conhecimentos de
uma segunda língua.

2-Destaque da relação abaixo o(s) vocábulos(s) irredutível(eis) no plano da primeira


articulação:

amável – seres – caju – querer – pires – pôr

3-Prove, exemplificando com a frase abaixo, que a dupla articulação é um fator de economia
lingüística:

As garotas sapecas brincavam com umas bonecas sujas.

4-Defina a dupla articulação da linguagem, estabelecendo a distinção entre morfema e


fonema.

5- Assinale a alternativa incorreta:


(a) Articular , em linguagem, é a possibilidade de combinar elementos que se opõem (no
sistema) e contrastam (no discurso), em função da capacidade que o ser humano tem de
perceber identidades e diferenças.
(b) Na linguagem humana, a articulação se dá com unidades mínimas dotadas de
significados e unidades mínimas não dotadas de significado.
( c) A articulação em si já é um dos traços diferenciadores da língua humana.
(d ) Articular, em linguagem, se refere apenas aos movimentos que o parelho fonador é
capaz de exercitar.

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6-Numere a 2ª coluna de acordo com a 1ª:

(a) 1ª articulação ( ) Morfemas


(b) 2ª articulação ( ) Ideias
(c) Dupla articulação ( ) Fonemas
( ) Sons
( ) Fonologia e Morfologia

7-Tendo em mente os conceitos da 1ª e 2ª articulação, complete:

A) A ........................................... articulação é formada por uma série de unidades, cada uma


possuidora de uma forma vocal e de um sentido.

b) A ............................................. articulação é formada por elementos mínimos da língua,


cujo grau de significação zero.

c) Na ............................................ articulação, os elementos constitutivos são os fonemas.

d) Na .......................................... articulação, os elementos constitutivos são os monemas


ou morfemas.

8- Com base na afirmativa abaixo, discorra sobre a função da dupla articulação da língua.
“O sistema de dupla articulação, que caracteriza todas as línguas de todas as partes do
mundo, tem uma razão de ser: é aquela que melhor se adapta às necessidades
comunicativas humanas, permitindo que se transmita mais informação com menos esforço.”

FONÉTICA E FONOLOGIA

A distinção metodológica entre FONÉTICA e FONOLOGIA ocorre na primeira metade


do século XX, em decorrência sobretudo das idéias de Saussure ( 1916) , embora outros
autores , como Couternay (1895) e Jepersen (1904), já houvessem manifestado a respeito
dos valores lingüísticos distintivos dos elementos fônicos.

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FONÉTICA FONOLOGIA

1-Parte da Lingüística Geral que estuda os 1. Estuda os sons da fala do ponto de vista
sons da fala (FONES). Interessa-se pelos da função (FONEMAS) que eles possuem
sons da fala enquanto realidade física e dentro de um sistema lingüístico em
também pelos mecanismos de produção e particular.Tem por tarefa determinar entre o
recepção dos mesmos pelo organismo sons que ocorrem numa língua, quais são
humano. os fonemas e quais são os alofones
( variantes dos fonemas)

2. Aproxima-se das ciências físicas e 2. Atua num plano mais abstrato que a
biológicas. Ao analisar os sons como Fonética, pois dois ou mais sons diferentes
entidades físicas, utiliza métodos e podem ser variantes de um mesmo fonema,
conhecimentos da acústica; ao ou seja, um único fonema pode aparecer sob
descrever os processos de produção dos a forma de vários sons diferentes.
sons, faz em termos
anatômicos e fisiológicos; ao
descrever a percepção e a decodificação da
parte sonora da fala, usa conhecimentos da
Psicologia e da Neurofisiologia.

3. Estuda a substância do plano da 3. Estuda a forma do plano da expressão.


expressão das línguas naturais. Sons da Forma - seqüência fonológica provida de
fala . significação, estabelecendo uma relação
Substância- conjunto de traços necessários entre significante –a parte fônica e significado
para a produção e composição dos sons. - a representação que a parte fônica tem na
linguagem .

4. O termo Fonética é aplicado desde o 4. Os fundamentos da Fonologia (ou


século XIX para designar o estudo dos sons Fonêmica) se estabeleceram a partir do
da fala humana, examinando as suas século XX.
propriedades físicas independentemente do
seu papel lingüístico de construir
formas da língua.

Um som linguístico pode ser descrito sob os pontos de vista


da sua articulação( tarefa da Fonética)
da sua distribuição ( tarefa da Fonologia)
da sua função ( tarefa da Fonologia)

FONÉTICA

Os sons da fala constituem o principal veículo usado pelo homem para a transmissão de
mensagem. A fala independe da escrita e a antecede na história da evolução da
humanidade. Por isso, qualquer pessoa que trabalha com a língua deve ter um
conhecimento básico de fonética. As aplicações da Fonética em sentido amplo são inúmeras
na visa social e humana, no ensino e na reeducação da voz.

Fonética é a ciência que apresenta métodos para descrição , classificação e
transcrição dos sons da fala.

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PRINCIPAIS ÁREAS DE INTERESSE DA FONÉTICA :

1- Fonética Articulatória (ou Fisiologia)


Compreende o estudo da produção da fala do ponto de vista fisiológico e articulatório. Está
relacionada com a fisiologia humana. Procura descrever os sons do ponto de vista das
modificações que o ar expelido pelos pulmões sofre ao passar pelo aparelho fonador no ato
da fala. Por isso, é de fundamental importância, nesse ramo, a descrição do aparelho
fonador e da função de cada um de seus órgãos na produção dos sons da fala.
O conhecimento da fonética articulatória é um importante veículo para o professor de
línguas na medida em que lhe possibilita melhor captar e descrever para seus alunos as
diferenças entre a língua nativa e a língua alvo, solucionando com maior facilidade
problemas entre os dois sistemas no plano fônico.

2- Fonética Auditiva
É a parte da fonética que estuda os mecanismos de percepção dos sons da fala. Envolve
conhecimentos de anatomia, psicologia e neurofisiologia. Baseia-se nas impressões, nos
efeitos físicos que os sons provocam no ouvido do destinatário.
O estudo da percepção da fala, por sua vez, é fundamental para os profissionais que lidam
com patologias de fala como é o caso de fonoaudiólogos e neurologistas não só na
identificação e avaliação de desvios , como no desenvolvimento de novas terapias para o
tratamento dos pacientes.

3- Fonética Acústica
Estuda o som da fala como entidade física, ou seja, como uma onda sonora e procura
descrever esse fenômeno físico. É o método mais moderno entre todos os tipos de
descrição. Apóia-se nos registros de ondas sonoras feitos por aparelhos específicos
(quimógrofo, espectógrafo). Exige o conhecimento de Física e de articulação.
Os estudos em fonética acústica são de grande valia em todas as áreas nas quais se torna
necessário lidar com síntese da fala e reconhecimento de voz, como é o caso de veículos de
telecomunicação, como rádio, TV, telefonia, etc. São também vitais na identificação de voz
para fins de criminalística e no desenvolvimento de sistemas interacionais em ciência
computacional que façam uso da fala.

Há, ainda, muitas outras áreas para as quais a fonética contribui, tais como a tradução e
a interpretação, a dramaturgia, planejamento lingüístico educacional, educação indígena,
etc.
O foneticista competente, incumbido de conhecer melhor a linguagem falada, deve
adquirir experiência profunda no que ocorre no tato vocal, desenvolvendo habilidade para a
análise e descrição das posturas e movimentos dos órgãos que produzem os sons da fala e
interpretar acusticamente os dados da fala. Subentende-se que o foneticista deve ser apto a
reproduzir os fenômenos que está estudando, de modo a não chegar a conclusões falhas
sobre os dados que está analisando.

NOÇÕES DE ACÚSTICA

O som é um fenômeno físico. É uma onda que se propaga pelo ar a uma velocidade de
330m por segundo. Entretanto, nem toda onda desse tipo constitui para nós um som.
Chamamos de som às ondas que os nosso ouvidos podem captar e que são

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interpretadas pelo cérebro humano como sôo. Essas ondas variam entre 16 e 20000
vibrações por segundo.
A origem de uma onda sonora é a vibração de um corpo. A capacidade de vibrar
depende de características do corpo, como certo grau de flexibilidade, firmeza, etc. Para que
haja vibração, é necessário que uma certa energia, mecânica ou elétrica, seja aplicada ao
corpo. Nos instrumentos de sopro, é o ar que transmite energia ao corpo vibrante.
O aparelho fonador humano pode ser incluído entre os instrumentos de fole, como o
órgão e o acordeão: temos um fole, que são os nossos pulmões, temos condutos de
passagem do ar e um corpo vibrante(as cordas vocais) e temos também diversas caixas de
ressonância que amplificam e modificam o som.

O APARELHO FONADOR

1-Sistema Respiratório:
a) Pulmões, músculos pulmonares, tubos brônquios e traquéia.
b) O sistema respiratório encontra-se na parte inferior à glote ( cavidade infraglotal).
c) Função primária do sistema respiratório – produção de respiração.
d) Pulmões e caixa torácica (estruturas infraglotais) correspondem ao fole. Sua função é
fornecer a corrente de ar e iniciar o processo de produção dos sons.
e) Brônquios e traquéia – são condutos para a corrente de ar, levando-a para a laringe.

2-Sistema Fonatório:
a)Laringe – função primária é atuar como uma válvula que obstrui a entrada de comida nos
pulmões por meio do rebaixamento da epiglote. A epiglote é a parte com mobilidade que se
localiza entre a parte final da língua e acima da laringe.
b) Na laringe encontram-se músculos estriados que podem obstruir a passagem da corrente
de ar( as cordas vocais). As cordas vocais são corpos vibradores que produzem uma onda
sonora chamada voz.
O espaço decorrente da não obstrução dos músculos laríngeos é chamado de glote( espaço
entre as cordas vocais).

3-Sistema articulatório:
Faringe, língua, nariz, dentes e lábios.Estruturas que se encontram na parte superior à glote
( supraglotais).

Funções primárias: são várias as funções primárias desempenhadas por esses órgãos:
funções que se relacionam principalmente com o ato de comer (morder, mastigar, sentir o
paladar, cheirar, sugar, engolir).

Funções secundárias:
faringe, cavidade bucal e fossas nasais - funcionam como uma caixa de ressonância,
aumentando a intensidade e modificando o timbre.
 Órgão articuladores situados na cavidade bucal (língua, lábios, véu palatino e a úvula) –
são responsáveis pela articulação das diversas vogais e pela produção de ruído das
consoantes.

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EXERCÍCIOS

1) Estabeleça a distinção entre Fonética e Fonologia, apoiando sua resposta com exemplos.

2) Em que ramos se divide a Fonética ? Que estuda cada um deles?

3) Sinta a vibração das cordas vocais durante a emissão de sons sonoros. Coloque as
[pontas dos dedos sobre o pomo-de-adão e pronuncie vogais e consoantes sonoras
( a,e,i,o,u,z,j,v,b, d). Compare a sonora e a surda: z-s; j-ch; v-f; t-d; p-b.

4-Sinta a vibração nas fossas nasais durante a emissão de sons nasais. Coloque o indicador
e o polegar sobre o nariz. Pronuncie alternadamente: a- ã ; o – õ ; ba –ma ; da – na.

5-“A criança, no processo normal de aquisição da linguagem é, e deve ser um especialista


competente de todos o três ramos da fonética”( Jonh Lyons) . Explique.

6. O que comumente denominamos órgãos vocais ou órgão da fala não são essencialmente
órgãos da fala de maneira alguma. Explique.

7­Na palavra prato, notam­se 5 fonemas. O mesmo número de fonemas ocorre na palavra 
da seguinte alternativa:
a) Tatuar
b) Quando
c) Doutor
d) Ainda
e) Além 

8) Marque a única palavra que possui 7 fonemas:
a) cachaça
b) molhado
c) caderno
d) fachada
e) xícara

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TRANSCRIÇÃO FONÉTICA

SONS E LETRAS

Os homens, há mais de 5.000 anos, inventaram uma maneira de registrar em materiais


duráveis ( pedra, barro, estuque, pergaminho, papiro, papel) os sons efêmeros da fala.
Há dois tipos básicos de escrita: a ideográfica, que representa o significado do signo
lingüístico, ou seja, a idéia, ou o conceito, mas não diz nada sobre a pronúncia daquele
signo (hieróglifos egípcios e ideogramas chineses); a fonética, que usa os símbolos para
representar o significante do signo lingüístico. Pode ser silábica ou alfabética. Nas silábicas,
cada símbolo representa uma sílaba ( o japonês possui um sistema de escrita desse tipo).
Na alfabética, cada símbolo representa um fonema ( embora nem sempre perfeitamente).
A grafia de uma língua costuma ser fixada convencionalmente num sistema estrito a que
chamamos ortografia (ortho – correto), segundo critérios que variam de acordo com o tempo
e com os hábitos da sociedade que o estabelece.
É inadmissível para o especialista a confusão entre letra e som, ou letra e fonema. A
escrita é uma convenção , e não uma representação exata e científica dos fonemas de uma
língua. Portanto, deve-se tomar cuidado para não dizer coisas do tipo “A letra E é uma
vogal”, “Nós falamos errado, porque pronunciamos portu , fali ( em vez de [‘porto], [‘fale],
como se escreve”. A língua falada não pode se subordinar à língua escrita.
Na fala, as palavras não são pronunciadas da mesma maneira que as pronunciamos
isoladamente. Em português, por exemplo, as vogais átonas finais geralmente desaparecem
( se elidem) no encontro com uma vogal inicial igual átona de outra palavra ( de irmão é
pronunciada “dirmão”, cada acordo vira “cadacordo”).
Os alfabetos comuns não são meios adequados para representar graficamente com
precisão os sons da fala. Esses alfabetos surgiram geralmente há muitas centenas de anos
e não acompanharam integralmente as mudanças fonéticas e fonológicas ocorridas nas
línguas. Veja:

[s] [z]
letras letras
s sapo z zebra
ç laço x exame

ALFABETOS FONÉTICOS

Mesmo que um alfabeto retratasse o sistema sonoro atual de uma língua, esse alfabeto
não expressaria toda a gama de sons que ocorrem na fala. Eles, a rigor, não são fonéticos, e
sim, fonêmicos, pois o número de fonemas de uma língua é muito menor do que o de fones
ou de sons.
Os foneticistas, a partir do século passado, vêm aperfeiçoando sistemas de transcrição
fonética, ou alfabetos fonéticos, que permitem transcrever com minúcias as mais diversas
nuances de sons. Vários desses alfabetos foram criados, dos quais, dois são mais
difundidos entre nós: o da International Phonetic Association ( Associação Fonética
Internacional), ou IPA e o alfabeto proposto por Keneth Pike, linguista norte-americano.
Os alfabetos fonéticos partem do princípio da univocidade, isto é, comportam apenas uma
forma de interpretação. Assim, o símbolo [g], por exemplo, tem de ser lido com o valor que
tem na palavra gato, mesmo que venha antes de [e] ou [i]; o símbolo [e] sempre representa
a vogal fechada de vê, etc. Os alfabetos comuns apresentam correspondência multívoca
( um som é representado por diferentes formas).

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Transcrição Fonética
É uma técnica para representar graficamente, de modo consistente e inequívoco, os sons
da fala. É um meio de tornar a fala acessível a um estudo científico .Ao estudar os sons das
línguas naturais, o foneticista os submete à descrição, classificação e transcrição.Ex. casa –
[‘kaza]

DESCRIÇÃO DOS SEGMENTOS CONSONANTAIS

LEITURA: SILVA, Thaïs Cristófaro. Fonética e fonologia do português – roteiro de estudos


e guia de exercícios. São Paulo: Contexto, 1999. p. 24-48 buscar o livro

Todas as línguas naturais apresentam consoantes e vogais :



Segmento consonantal é o som produzido com algum tipo de obstrução nas cavidades
supraglotais ( obstrução total ou obstrução parcial da passagem de ar).

Segmento vocálico - a passagem de ar não é interrompida ( não há obstrução)

Os segmentos consonantais do português são produzidos com o mecanismo da corrente


de ar pulmonar (mecanismo utilizado no ato de respirar). São produzidos com corrente de
ar egressiva (o ar se dirige para forra dos pulmões e é expelido por meio da pressão
exercida pelos músculos do diafragma) .

Com relação ao traço surdo ou sonoro, é importante conhecemos qual o estado da glote
durante a produção do fone. O estado da glote é vozeado (ou sonoro), quando as cordas
vocais estiverem vibrando durante a produção de um determinado som ( os músculos que
formam a glote aproximam-se e ,devido a passagem de ar e da ação dos músculos ocorre a
vibração). O estado da glote é desvozeado ( ou surdo) quando não houver vibração das
cordas vocais - os músculos que formam a glote encontram –se completamente separados
de maneira que o ar passa livremente.

Para observarmos a oposição entre um segmento oral e um segmento nasal, devemos


nos concentrar na posição do véu palatino. A úvula localiza-se no fina do véu palatino ou
palato mole. Na produção de som oral, a úvula permanece levantada ( o ar não tem acesso
à cavidade nasal e não há ressonância nesta cavidade). Na produção de som nasal, a úvula
permanece abaixada e o ar penetra na cavidade nasal havendo a ressonância).

Maneira q o som é obstruido


MODO DE ARTICULAÇÃO DOS SONS CONSONANTAIS

O que é modo de articulação? O modo de articulação corresponde ao tipo de obstrução


da corrente de ar causada pelos articuladores. Com relação ao português, podemos
encontrar os seguintes tipos de obstrução das consoantes:

1- Oclusiva – Os articuladores produzem uma obstrução completa a passagem da corrente


de ar através da boca. O véu palatino está levantado e o ar que vem dos pulmões
encaminha-se para a cavidade bucal. Oclusivas são, portanto, consonantais orais: [p] , [b],
[t], [d], [k], [g]
Exemplos: pá= [‘pa] , bala= [‘bala], tapa= [‘tapa], data= [‘data], casa= [‘kaza], gata =[‘gata]

14
2 –Fricativa – Os articuladores se aproximam produzindo fricção quando ocorre a
passagem central da corrente de ar. A aproximação dos articuladores, entretanto, não chega
a causar obstrução completa e sim parcial, causando a que causa a fricção. [ s ], [ z ], [ f ],
[v], [ ʃ ] ,[ Ʒ ], [x]
Exemplos: sala = [‘sala], asa= [‘aza], faca=[‘faka], chá= [‘ ʃa], rato=[‘xatu]

3- Nasal –Os articuladores produzem uma obstrução completa da passagem de ar através


da boca. O véu palatino encontra-se abaixado e o ar que vem dos pulmões dirige-se às
cavidades nasal e oral. Nasais são consoantes idênticas às oclusivas, diferenciando-se
apenas quanto ao abaixamento do véu palatino para as nasais. [m], [n], [Ŋ] ou [ Ў]
Exemplos: mala= [‘mala], nata= [‘nata], manha= [‘mãЎã]

4 – Africada – Na fase inicial da produção de uma africada os articuladores produzem uma


obstrução completa da passagem de ar através da boca e o véu palatino encontra-se
levantado (como nas oclusivas). Na fase final dessa obstrução (quando dá a soltura da
oclusão) ocorre uma fricção decorrente da passagem central da corrente de ar(como nas
fricativas). A oclusiva e a fricativa que formam a consoante africada devem ter o mesmo
lugar de articulação, ou seja, são homorgânicas. [ t ʃ], [dƷ].

Exemplos do dialeto carioca: tia = [‘t ʃ ia] , dia= [‘dƷ ia]

5- Tepe – (ou vibrante simples) – O articulador ativo toca rapidamente o articulador passivo,
ocorrendo uma rápida obstrução da passagem da corrente de ar através da boca. [ Ր ]
Exemplos: cara= [‘ka Րa] , arara = [a’ՐaՐa]

6 - Vibrante (múltipla) – O articulador ativo toca algumas vezes o articulador passivo


causando vibração. Em alguns dialetos do português ocorre essa variante. [ ř ]
Exemplo do português europeu: carro = [‘k a ř u]

7 – Retroflexa – O palato duro é o articulador passivo e a ponta da língua é o articulador


ativo. O corre no dialeto caipira e no sotaque de norte-americano falando português. [ ɹ ]
Exemplo do dialeto caipira: carta = [ ‘ka ɹ ta]

8 – Lateral – O articulador ativo toca o articulador passivo e a corrente de ar é obstruída na


linha central do trato vocal. O ar será então expelido por ambos os lados dessa obstrução
tendo, portanto, uma saída lateral. [L], [ ľ ]
Exemplo: lata= [‘lata]
Português europeu: mal= [‘ma ľ ]

LUGAR DA ARTICULAÇÃO

O que é o lugar da articulação? O lugar da articulação corresponde aos articuladores


ativos e articuladores passivos envolvidos na produção dos segmentos consonantais.
Podem ser:

1-Labial ou Bilabial – O articulador ativo é o lábio inferior e como articulador passivo temos
o lábio superior.[p],[b], [m].

2- Labiodental – O articulador ativo é o lábio inferior e como articulador passivo temos os


dentes incisivos superiores. [f], [v].

3- Dental – O articulador ativo é o ápice ou a lâmina da língua e como articulador passivo


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temos os dentes incisivos superiores. [d], [s], [z]

4- Alveolar -O articulador ativo é o ápice ou a lâmina da língua e como articuladores


passivos temos os alvéolos. Consoantes alveolares diferem de consoantes dentais apenas
quanto ao articulador passivo. Em consoantes dentais temos como articulador passivo os
dentes superiores. Já nas consoantes alveolares temos os alvéolos como articulador
passivo.[d], [s], [z], [n], [L], [ t ]

5- Alveopalatal – (ou pós-alveolares)- O articulador ativo é a parte anterior da língua e o


articulador passivo é a parte medial do palato duro. [ ʃ ] ,[ Ʒ ] , [ t ʃ] , [ʤ]

6- Palatal – O articulador ativo é a parte média da língua e o articulador passivo é a parte


final do palato duro. [Ŋ], [ ľ ]
7- Velar – O articulador ativo é a parte posterior da língua e o articulador passivo é o véu
palatino ou palato mole. [k], [g], [ x ].

EXERCÍCIOS

1- Leia o poema abaixo, para responder às questões:

Jogo de bola a) Defina fonema a partir da oposição entre bela e bola (1ª
estrofe)
A bela bola
rola|:
a bela bola do Raul.

Bola amarela, b) No par bola e rola (5ª estrofe), qual o fenômeno responsável
a da Arabela. pela distinção de significado entre os dois vocábulos?

A do Raul,
Azul.

Rola a amarela c) Faça a transcrição fonética das palavras destacadas (use o


e pula a azul. dialeto carioca):

A bola é mole, “ Bola amarela,


é mole a rola. A de Arabela.”

A bola é bela,
é bela e pula. “É bela, rola e pula,
É mole, amarela , azul.”
É bela, rola e pula,
É mole, amarela , azul.

A de Raul é de Arabela,
e a de Arabela é de Raul.

(MEIRELES, Cecília. Ou d) Qual o efeito de sentido provocado pelo uso dos fonemas[b],
isto ou aquilo. 6ª ed. Rio [x] e
de Janeiro: Nova [m] no poema de Cecília Meireles?
Fronteira. P. 17)

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2) Tomando por base o dialeto carioca, sublinhe as palavras que
a) terminem por consoante fricativa : fãs, sol, for, paz, amam
b) contenham consoante palatal: meu, folha, azul, banha, mingau.
c) contenham oclusiva surda: furo, límpido, anjo, cujo, tira.
d)contenham um grupo de oclusiva+lateral: Flamengo, claro, atlético, platina.
e)contenham consoantes africadas: teto, tipo, ande, pizza, trinta.

3) Dê exemplo de palavra começada pelos seguintes sons, use a transcrição fonética


(dialeto carioca)
a) consoante oclusiva bilabial sonora:
b) consoante fricativa lábio-dental sonora:

4) Descreva a produção das consoantes que formam a palavra bicicleta.

5) Transcreva as seguintes palavras (dialeto carioca):

a) carinho f) dentista

b) palhaço g) atirado

c) arriscar h) melado

d) envelope i) lápis

e) ritmo j) lapiseira

6) Dê dois exemplos de palavras que tenham mais sons o que letras e outros dois exemplos
de palavras que sejam grafadas com mais letras do que som. Por exemplo, hotel tem cinco
letras (h-o-t-e-l) , mas apenas quatro fonemas.

7) Que características articulatórias os sons [ t] e [d] compartilham?

8) Transcreva foneticamente as palavras abaixo (dialeto carioca) e explique por que os sons,
representados ortograficamente pelas letras em destaque, são produzidos de maneira
diferente na emissão oral.

a) Casca b) asma

9) Escreva o símbolo fonético par cada uma das descrições articulatórias abaixo e dê um
17
exemplo de palavra que contenha esse som·

a) consoante nasal, palatal, sonora:


símbolo fonético: exemplo:

b) consoante oral, oclusiva, bilabial, surda:

símbolo fonético: exemplo:

10) Os órgãos fonadores de determinadas raças são fisicamente adaptados à produção de


certos sons mais do que os outros. Comente essa afirmação , concordando ou
discordando.

11) Complete os colchetes com o símbolo correspondente ao segmento consonantal


listado à direita:

[ } lateral palatal vozeada [ ] fricativa velar desvozeada

[ ] fricativa alveolar sonora [ ] oclusiva alveolar sonora

12) Faça a transcrição fonética das palavras abaixo (use o dialeto carioca):

a) jogador d) telefone

b)comida e) máquina

c) janela f) pneu

13) Que tipo de som é produzido na articulação livre?

14) Escreva ortograficamente as seguintes palavras do português, aqui transcritas


foneticamente:
a) [a x m a ‘d u Րa]
b) [ ‘t ã b o x]
c) [ o Ր i ‘z õ t ʃ i]

A DESCRIÇÃO DOS SEGMENTOS VOCÁLICOS

18
LEITURA: SILVA, Thaïs Cristófaro. Fonética e fonologia do português – roteiro de estudos
e guia de exercícios. São Paulo: Contexto, 1999. p.66- 100

Diferentemente dos segmentos consonantais, na produção de um segmento vocálico a


passagem da corrente de ar não é interrompida na linha central e, portanto, não há
obstrução ou fricção no trato vocal. Por isso os critérios para a classificação das vogais são
outros.
► Três parâmetros definem o tipo de vogal:

1º Critério da anterioridade da língua

Corresponde à posição do corpo da língua na dimensão horizontal durante a articulação do


segmento vocálico ( o avanço ou recuo da língua dentro da cavidade bucal ): vogais
anteriores, centrais e posteriores :
vogais anteriores [ i , e , Ɛ ],

vogal central [ a ]

vogais posteriores [ u, o , Ɔ ] .

2º Critério da altura da língua

Corresponde à dimensão vertical ocupada pela língua dentro da cavidade bucal – na


descrição do português devemos considerar quatro níveis de altura (alguns autores referem-
se à altura em termos de abertura e fechamento da boca):
alta = fechada [ i , u ]

média-alta = meio-fechada [ e, o ]

média-baixa = meio-aberta [ Ɛ ,Ɔ ]

baixa = aberta [ a ]

3º Critério do arredondamento dos lábios

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Corresponde à posição dos lábios. Quanto à posição dos lábios, as vogais são
arredondadas ou labializadas ou não-arredondadas ou não-labializadas.
vogais arredondadas [ Ɔ,o,u]
vogais não-arredondadas [ i, e, Ɛ , a ]

O SISTEMA VOCÁLICO DO PORTUGUÊS BRASILEIRO

As vogais orais em português podem ser tônicas , pretônicas ou postônicas.

VOGAIS TÔNICAS ORAIS


No português brasileiro, existem sete fonemas vocálicos depreendidos em sílaba
tônica ( contexto em que há maior estabilidade articulatória). O sistema vocálico organiza-se
de forma triangular, pelo fato de a vogal a não constituir dualidade opositiva, ocupando o
vértice mais baixo de um triângulo de base para cima.

i u

e o

Ɛ Ɔ

Este sistema completo de sete vogais só funciona em sílaba tônica.

A distribuição das vogais tônicas orais é homogênea em todas as variedades do PB.

Anteriores Central Posteriores


não-arreondadas não-arredondada Arredondadas
Alta i u

Média-alta e O

Média-baixa ε Ɔ

Baixa a

Ex. Japeri [Ʒ a p e’ Ր i ] , uva [ u ‘ v ə ]


20
você [ v o ‘ s e] , ovo [ ‘o v U ]

pé [ ‘ p ε ] , avó [ a’v Ɔ ]

cajá [ k a ‘Ʒ a ]

VOGAIS PRETÔNICAS ORAIS

Em posição átona não-final, mais especificamente em posição pretônica, desaparece a


oposição entre [ e ] x / [ Ɛ ] , [ o ] e [ Ɔ ] e o sistema reduz-se a cinco vogais.

Anterior Centrais Posterior


não-arredondadas não-arredondadas Arredondadas

Alta i u

Média- e o
alta
Média- (Ɛ) (ə) (Ɔ)
baixa
Baixa
a

As vogais [ i, e, o, u], quando pretônicas, são geralmente pronunciadas de maneira


idêntica em
qualquer variedade do PB. Contudo, em alguns dialetos ocorre [ e, o] pretônicos em palavras
como
d[e]dal , m[o]delo enquanto que em outros dialetos ocorre [ i, u] pretônicos nas mesma
palavras d[i]dal, m[u]delo. Há, ainda , a possibilidade de ocorrer [ Ɛ, Ɔ ] nestas mesmas
palavras: d[Ɛ]dal, m[Ɔ]delo. Esta variação ocorre entre as vogais [ Ɛ, Ɔ ] , [ e, o ] e [ i ,u ]
em posição pretônica. Esse fato marca, sobretudo, variação dialetal.
A pronúncia típica do a ortográfico pretônico é [a]. Em alguns dialetos – como , por
exemplo, o carioca – ocorre uma vogal central média-baixa [ə] : [ə b ə k ə ‘ ʃ i].

VOGAIS POSTÔNICAS FINAIS

Nas sílabas átonas, ocorre o que se convencionou chamar dentro da lingüística estrutural
européia, de neutralização, isto é, o processo pelo qual dois ou mais fonemas que se
opõem em determinado contexto deixam de fazê-lo em outro.

Quanto maior o grau de atonicidade, maior a possibilidade de ocorrer neutralização. Nas
sílabas átonas finais, de atonicidade máxima, desaparece a oposição entre as três vogais da
série anterior
[ i, e, Ɛ ] e as três da série posterior [ u , o , Ɔ ], ficando o sistema reduzido a três
vogais
[ ə , I, U ] . O /I/ representa toda a série anterior[ i, e, Ɛ ] e o [ U] a posterior[ u , o , Ɔ ] .
Ex. : face : fac/I/, passo pass/U/. arar[ ə ]

Vogais postônicas finais


Anteriores Centrais Posteriores
não-arredondadas não-arredondadas Arredondadas
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Alta (i) I U

Média-alta (e) ( o)

Média-baixa ə
Baixa
(a )

Em alguns poucos dialetos do PB, em posição postônica final ocorrem as vogais [i, e, a, o]
em palavras como : júri, jure, gota, mato. Contudo, para a maioria dos falantes as vogais
postônicas finais são distintas das vogais tônicas e pretônicas e são pronunciadas
como [ I, ə , U].

Observação: Normalmente, segmentos vocálicos são vozeados, isto é, durante a


sua produção as cordas vocais estão vibrando. Contudo, segmentos vocálicos
podem ser produzidos com propriedade secundária de desvozeamneto. Em
português, o desvozeamento de segmentos vocálicos geralmente ocorre em
vogais não acentuadas em final de palavras (como nos exemplo: pata, sapo,
bote).

INTERPRETAÇÃO DAS VOGAIS NASAIS

As vogais nasais são produzidas com o abaixamento do véu palatino permitindo que o ar
penetre na cavidade nasal. Um til [ã] colocado acima da vogal marca a nasalidade.

Vogais nasais
Anteriores Central Posteriores
não-arreondadas não-arreondada Arredondadas
Alta
Ĩ Ữ

Média
ĕ õ
Baixa
ã

Callou e Leite (Iniciação à fonética e à fonologia . 7 ed . Rio de Janeiro: Zahar, 2000, p 87-
88) cometam que a interpretação das vogais nasais em português tem sido sempre objeto
de discussão por parte dos lingüistas. Confrontando os pares
mata / manta lida / linda fuga / funga seda / senda boba / bomba

Resta-nos saber em que consiste a oposição existente entre as formas:


1) na presença em cada par de vogais diferentes (vogais orais vs vogais nasalizadas) ou
2) na presença no segundo elemento de cada par de um segmento fônico ausente no
primeiro ( vogal oral vs vogal oral + elemento consonântico nasal).
Na primeira hipótese, admitimos que as vogais nasais são entendidas como fonemas
distintos das respectivas vogais não-nasais, opondo-se a estas últimas pela qualidade de
nasalidade. Esta seria a solução concreta, proposta por alguns estruturalistas.
Na segunda hipótese, as vogais nasais são interpretadas como variantes não distintas das
22
suas correspondentes orais, resolvendo-se a questã0 em vogal seguida de arquifonema
consonântico. Essa é a posição de Mattoso Câmara.

Obs.: Joaquim Mattoso Câmara Júnior (Estrutura da língua portuguesa. 24 ed. Petrópolis,
Vozes , 1996) argumenta que as vogais nasais do português consistem na combinação de
uma vogal oral com um arquifonema nasal /N/. Para ele, a transcrição fonológica das nasais
não é feita com til, mas c é feita /aN/, /eN/, /iN/, /oN/ ou /uN/. Essa classificação representa a
não-aceitação de que existem em português vogais nasais, mas apenas vogais orais, que
podem estar seguidas de consoantes nasais posvocálicas.

Segundo essa interpretação teríamos em nossa língua um tipo de sílaba travada por um
elementos nasal, o arquifonema /N/ que se realizaria como [n] diante de consoante
alveolar [‘lênda], como [m] diante de consoante labial [‘kã mpu], como [n] diante de
consoante velar [sãngi].
A nasalidade da vogal m posição final, em geral ditongadas, é considerada uma
característica particular da língua portuguesa.

Nasalização vs nasalidade
Denominamos nasalização de vogais os casos em que uma vogal é obrigatoriamente
nasal em qualquer dialeto do português( lã [ ‘l ã ] , santa [ ‘ s ã tə ] } denominamos
nasalidade os casos em que a ocorrência das vogais nasais é opcional e marca
variação dialetal j[a]nela ou j[ã]nela (ocorre quando uma vogal tipicamente oral é seguida
por uma consoante nasal [m, n,]).

EXERCÍCIOS

1)Transcreva foneticamente os dados abaixo. Marque a vogal tônica com o símbolo [‘]
precedendo a sílaba acentuada. Lembre-se que a transcrição fonética deve estar entre
colchetes. (Use o dialeto carioca)

a) aqui b) acarajé
c) avô d) cadê

2) Transcreva foneticamente os exemplos e observe a ocorrência das vogais [ε, Ɔ ] e [e, o]


em posição pretônica.(Use o dialeto carioca)

a) terreno e) molíssimo
b) pedal f) moleza
c) terrinha g) seriamente
d) pezinho

3) Transcreva foneticamente os dados abaixo. Observe o comportamento das vogais nasais.


(Use o dialeto carioca)

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a) tonta
b) rã
c) mundo
d) ginga
e) sim

4) Nos exemplos que se seguem, a palavra a coluna da esquerda é um substantivo ou


adjetivo e a palavra da coluna da direita é uma forma verbal. Transcreva foneticamente estes
exemplos observando a vogal média que ocorre em posição tônica para os
substantivos/adjetivos e para as formas verbais.
a) o troco eu troco
b) o jogo eu jogo
c) o soco eu soco

5) Escreva o vocábulo resultante da(s) substiuição(ões) proposta(s):


a) TREVAS: a vogal anterior por uma vogal posterior:
b) ASSIM: o 2º fonema por uma consoante labiodental:
c) FRIO: a consoante fricativca por uma oclusiva:
d) DROGA: as duas consoantes oclusivas pelas respectivas homorgãnicas:

6. Considerando a forma como você produz os sons das palavras abaixo, selecione aquelas
que contêm o som indicado. Transcreva as palavras selecionadas, conforme a sua
pronúncia.
Siga o exemplo : consoante oclusiva : caneca- saci -poço - nasal

[ka‘n Ɛ kə] [ ‘p o s u]

a) consoante nasal: casa – maneca – sonho - tapete


b) consoante lateral: topete- televisivo - hora - telhado
c) consoante fricativa: sólido – achado- ralhar - asma
d) consoante oclusiva: metido - palito - ascensão - gema
e) consoante tepe: roda – enredo - caro - podre

7. Faça a transcrição fonética das palavras abaixo individualmente (uma separada da outra)
e identifique todos os sons que constam de suas pronúncias (use o seu falar como base).
a) Casais amantes
b) Xadrez violento
c) Escrever em gesso

24
8. Agora transcreva a pronúncia das palavras produzidas, considerando as palavras em
sequência.

Você observou que, em função das sequências de sons presentes nas elocuções, há uma
modificação dos sons produzidos.
Responda:

a) Que sons (fones) foram modificados?

b) Por que isso aconteceu?

DITONGO, SÍLABA E TONICIDADE

DITONGOS

São geralmente tratados como uma seqüência de segmentos. Um dos segmentos da


seqüência é interpretado como uma vogal e o outro é interpretado como semivocóide,
semicontóide, semivogal, vogal assilábica ou glide ( vogal sem proeminência acentual nos
ditongos).
Um ditongo é uma vogal que apresenta mudanças de qualidade continuamente
dentro de um percurso na área vocálica. As vogais que não apresentam mudança de
qualidade são chamadas monotongos.
O movimento articulatório de um ditongo difere do movimento articulatório de duas vogais
em seqüência, sobretudo quanto ao tempo ocupado na estrutura silábica e quanto à
mudança de qualidade vocálica. O par de palavras pais e país ilustra um ditongo. Durante a
articulação das duas vogais em seqüência, como em país, cada vogal ocorre em uma
sílaba distinta e cada vogal apresenta qualidade vocálica distinta. Neste caso, dizemos
que há um hiato. Já em ditongos, como na palavra pais, os segmentos vocálicos [a] e [i]
ocorrem na mesma sílaba e há uma mudança contínua e gradual entre as vogais em
questão.

CLASSIFICAÇÃO DAS SEMIVOGAIS (OU GLIDES OU VOGAIS ASSILÁBICAS)


Do ponto de vista fonético , o que caracteriza um segmento como vocálico ou consonantal
é o fato de haver ou não obstrução da passagem de ar pelo trato vocal. Segmentos
vocálicos apresentam a passagem livre da corrente de ar. Segmentos consonantais
apresentam obstrução ou fricção. Glides podem apresentar características fonéticas de
segmentos vocálicos ou consonantais. Em português, classificamos os glides como
segmentos vocálicos.
/y/ - semivogal anterior (palatal)
/W/ semivogal posterior (velar)

Ditongo crescente – é aquele em que a proeminência acentual ocorre na segunda vogal
(ódio);
Ditongo decrescente – é aquele em que a proeminência acentual ocorre na primeira vogal
(lei)
SÍLABA

25
A sílaba pode ser explicada em termos do mecanismo de corrente de ar pulmonar. Na
produção de mecanismos de corrente de ar pulmonar, o ar não é expelido dos pulmões com
uma pressão regular e constante. Os movimentos de contração e relaxamento dos músculos
respiratórios expelem sucessivamente pequenos jatos de ar. Cada contração e cada jato de
ar expelido dos pulmões constitui a base de uma sílaba. A sílaba é interpretada como um
movimento de força muscular que se intensifica atingindo um limite máximo, após o qual
ocorrerá a redução progressiva desta força.
Temos , portanto, três partes na estrutura da sílaba: uma parte que é obrigatória e
geralmente é preenchida por um segmento vocálico(núcleo de sílaba); duas partes
periféricas, opcionais e são preenchidas por segmentos consonantais. Quando esses
segmentos consonantais ocorrem, eles podem apresentar uma ou mais consoantes. Se a
sílaba apresentar apenas o segmento vocálico, este preencherá todas as partes da estrutura
silábica.A estrutura da sílaba depende desse centro ou ápice, e do possível aparecimento da
fase crescente, ou da fase decrescente, ou de uma e outra em volta dele, ou seja , nas suas
margens ou encostas.

CLASSIFICAÇÃO TIPOLÓGICA DA SÍLABA

Quando se olha para o conjunto de palavras das línguas, é possível perceber que elas
seguem determinados princípios organizacionais, e que estes princípios não são os mesmos
para todas as línguas.
De um modo geral, as línguas são regidas por regras fonotáticas que permitem ou não
determinados arranjos ou seqüências sonoras em uma sílaba. Logo, compreender as
restrições que operam em dada língua, permite compreender a organização não só da
sílaba , mas também das palavras.

Segundo a sua estrutura, as sílabas podem ser simples , complexas, abertas(ou livres) e
fechadas(ou travadas).
A sílaba simples está constituída apenas pelo núcleo, representado por um fonema
vocálico. A sílaba complexa é aquela cujo núcleo está precedido e/ou seguido por
consoante(s). Sílaba aberta é aquela que sempre termina em vogal, já a fechada é quando
termina em consoante(s). Exemplos de tipos de sílabas :
a) a.cor.do V.CVC.CV
b) pers.pec.ti.va CVCC.CVC. CV.CV
c) pra.ti.co CCV.CV.CV
d) a.gru.par V.CCV.CVC

TONICIDADE

Uma sílaba tônica ou acentuada é produzida com um pulso torácico reforçado. Portanto,
na produção de uma sílaba acentuada temos um jato de ar mais forte (em relação às sílabas
não-acentuadas ou átonas). A vogal acentuada é auditivamente percebida como tendo
duração mais longa e também como sendo pronunciada de maneira mais alta.
Vogais acentuadas ou tônicas carregam o acento mais forte ou acento primário e as vogais
não-acentuadas – átonas pretônicas ou postônicas – carregam acento secundário ou são
completamente isentas de acento.

EXERCÍCIOS

26
1) Transcreva os dados abaixo, observando os ditongos. (Use o dialeto carioca)

a) mãe f) Moscou
b) muito g) saudade
c) linguagem h) item
d) papéis i) judeu
e) câimbra

FONOLOGIA

LEITURA: SILVA, Thaïs Cristófaro. Fonética e fonologia do português – roteiro de estudos e


guia de exercícios. São Paulo: Contexto, 1999. p.117169.

UNIDADE II
2- Fonologia
2.1 Análise fonêmica
2.2 Fonemas
2.3 Alofones
2.4 Variantes posicionais e variação livre
2.5 Distribuição complementar
2.6 Par mínimo
2.7 Par suspeito
2.8 Contraste em ambiente idêntico
2.9 Contraste em ambiente análogo
2.10 Neutralização e arquifonema
2.11 Assimilação

Como já discutimos, Fonética e Fonologia são áreas da Lingüística que estudam os sons
das línguas .
A Fonética preocupa-se, principalmente, com a descrição dos fatos físicos que
caracterizam lingüisticamente os sons da fala. Descreve os sons da fala, dizendo quais
mecanismos e processos de produção de fala estão envolvidos em um determinado
segmento da cadeia sonora da fala.
A Fonologia, por sua vez, faz uma interpretação dos resultados apresentados pela
Fonética, em função dos sistemas de sons das línguas e dos modelos teóricos que existem
para descrevê-los. A Fonética é basicamente descritiva e a Fonologia, interpretativa. A
análise fonética baseia-se nos processos de percepção e de produção de sons, a análise
fonológica baseia-se no valor dos sons dentro de uma língua, isto é, na função lingüística
que eles desempenham no sistemas de sons da línguas.
Ex.: Em português, as vogais [a] e [ã] servem para distinguir o significado de certas
palavras da língua, como em
(1) Sá[Sá] e [sã], lá[la] e lã [lã]

As vogais [a] e [ã] são, foneticamente, diferentes e cada qual tem uma função própria
distintiva.
Porém, em certas palavras, como
(2) camada, pode ocorrer a vogal [a] ou [ã] , na primeira sílaba, sem que o significado da
palavra se altere.

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(k a’m a d a] ~ [ k ã’m a d a

Foneticamente, as vogais são as mesmas do caso anterior, mas a função que elas
desempenham no português varia, sendo distintiva de palavras num caso(1) e não distintiva
no outro (2).
Reconhecer que as ocorrências dessas vogais são idênticas é tarefa da Fonética.
Interpretar o seu valor dentro do sistema da língua é tarefa da Fonologia . Por essa
razão, embora a Fonética e a Fonologia tratem do mesmo objeto sonoro têm métodos e
técnicas diferentes, procurando resultados diferentes.
O fonema é uma unidade da língua e os fones são unidades da fala
Do ponto de vista da representação temos dois níveis: o fonético e o fonêmico. No plano
fonético, temos fones que transcrevemos entre colchetes[ ] .No plano fonêmico , temos o
fonema que transcrevemos entre barras transversais / / .

Fonologia é a parte da Lingüística que trata dos sons da fala em referência à


funções que eles exercem numa determinada língua, ao passo que a Fonética tem
como tarefa a investigação dos sons da fala de um ponto de vista puramente
fisiológico, físico e psicofísico.

Ao lado do termo Fonologia, encontramos designações equivalentes , como Fonemática,
Fonêmica e Fonética Funcional.
A Fonologia européia foi fundada em 1870 pelo polonês Baudoin de Courtenay, que
aplicou à descrição lingüística, pela primeira vez, o conceito de fonema como classe de
sons. Em 1904, Otto Jespersen também expõe o princípio da pertinência, isto é, o que
importante lingüisticamente são as diferenças que implicam mudança de significado. Mas o
corpo sistemático de princípios e métodos da Fonologia é elaborado pelo Círculo Lingüístico
de Praga, cujos principais expoentes são Trubetzkoy, Jakobson e Karcevsky. Esses
princípios foram apresentados pela primeira vez,no Congresso Intencional de Haia , em
1928. Nos Estados Unidos, E. Sapir, num trabalho publicado em 1925 , já afirmava que o
estudo dos elementos fonéticos, isoladamente, apesar de seu valor, pode obscurecer os
fatos essenciais da psicologia dos sons da fala.

ANÁLISE FONÊMICA

Por que são feitas análises fonêmicas?


Um dos objetivos da análise fonêmica é definir quais são os sons de uma língua que
têm valor distintivo (fonema, isto é, os sons que servem para distinguir palavras) e quais
os sons que sofrem variação (alofones)

Sons que estejam em oposição – por exemplo [f] e[v] em faca e vaca – são
caracterizados como unidades fonêmicas distintivas e são chamados de fonemas (unidade
mínima distintiva, opositiva de uma determinada língua.

Vamos conhecer os principais fenômenos detectados na análise fonêmica.

Fonema vs alofone

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Fonema é a unidade sonora que se distingue funcionalmente das outras unidades da
língua. Toda
língua possui um número restrito de sons cuja função é diferenciar o significado de uma
palavra em relação à outra. Os sons que exercem esse papel são chamados de fonemas e
ocorrem em seqüências lineares, combinando-se entre si de acordo com as regras
fonológicas de cada língua.
Temos na língua portuguesa 26 fonemas segmentais ( 19 consoantes e 7 vogais).
Possuímos, ainda, um fonema supra-segmetal, o acento, que na oé um segmento e sim uma
qualidade que se superpõe a certos segmentos. Formas como sábia, sabia e sabiá opõem-
se apenas pela posição do acento tônico

Alofone – Os traços distintivos de cada fonema são passíveis de alteração em função de


certas circunstâncias da enunciação. É o que se chama ALOFONE.

Resumindo:as diferentes realizações de um determinado fonema são denominadas


alofones.
Ex.: O fonema /a/ tem três realizações diferentes em português.
 Em sílabas tônicas ele é pronunciado como [a], ou seja, com a cavidade oral
apresentando seu grau máximo de abertura(pá, caso, ávido).
 Em sílabas átonas finais, o mesmo fonema /a/ se apresenta com um grau um pouco menor
de abertura [ ə ].
 Uma última realização do mesmo fonema [a] é a que encontramos quando ele é nasalizado
(b[ã]nana – pronúncia típica do nordeste).

Para chegarmos a uma conclusão sobre o estatuto desses sons dentro do sistema
fonológico do português, é importante observarmos que a troca de um pelo outro não
produzirá mudança de significado.

Há três possibilidades para ocorrência de um alofone:


(a) A primeira é o que chamamos de variação livre, isto e, a ocorrência de um ou de outro
som, em um ambiente comum , não modifica o sentido da palavra.
Ex. O /t/ pronunciado com a ponta da língua tocando os alvéolos em vez de a parte interna
da arcada dentária superior.
Camada – [ka’mada ] ou [kã’mada]

(b) A segunda depende da posição do fonema na enunciação , ou seja, é possível que a


contigüidade de outro fonema ou a sua posição na sílaba altere a articulação – variante
posicional.
Ex. O /t/ com uma articulação africada em tijolo pelo contato com /i/.

(c) A terceira ocorre por intenção comunicativa, enriquecendo a articulação de algum traço
habitual – variante estilística.
Ex. O /o/ da palavra gol pronunciado prolongadamente para indicar entusiasmo , emoção.

Operação de comutação
Para depreender os fonemas de uma língua, usamos a chamada operação de comutação ,
que consiste em substituir num vocábulo uma parte fônica por outra de maneira a obter um
outro vocábulo da língua.
Ex. bala ~mala ~fala ~vala

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O método de identificação de um fonema ou de um alofone é chamado de distribuição
complementar  um fone ocorre em determinados ambientes e outro fone ocorre nos
demais ambientes. Ex.: Nos falares do PB em que há uma palatalização do [d] diante de [i],
o /d/ pode ser realizado de duas maneiras: como [d] diante de tepe e diante de qualquer
vogal que não seja o [i]; ou como [ ʤ ] diante de [i].
Diante de qualquer consoante que não seja o tepe, ocorre a forma [ ʤ ], mas nesse
caso ocorre epêntese ou inserção de um [i] entre o [d] e a consoante seguinte. É o que
ocorre em admirar, que é pronunciada como se houvesse um [i] entre o [d] e o [m],
provocando a aplicação da regra de palatalização do [d] que passa [ ʤ ] . O resultado é,
portanto, a forma [ a ʤ I mi’rax].

A principal conclusão que devemos chegar é que onde ocorre [d] não ocorre [ ʤ ] e vice-
versa.
Podemos dizer, então, que esses dois fones ocorrem em distribuição
complementar.

Par mínimo vs par suspeito


O procedimento habitual de identificação de fonemas é buscar duas palavras com
significados diferentes cuja cadeia sonora seja idêntica. As duas palavras constituem um par
mínimo.
Pares mínimos são duas palavras ou morfemas que têm um ambiente comum , isto é, um
conjunto de sons iguais e uma diferença, representada pela troca de um único som por outro
em um mesmo lugar da cadeia da fala. Esses sons que se revezam são dois fonemas,
porque são a marcas que distinguem uma palavra de outra, atribuindo , a cada uma, um
significado próprioA.
Assim, em português, definimos /f/ e/v/ como fonemas distintos uma vez que o par mínimo
fava e vaca demonstram uma oposição fonêmica. Dizemos que o par mínimo faca e vaca
caracteriza os fonemas /f,v/ por contraste em ambiente idêntico.

Quando pares mínimos não são encontrados para um grupo de sons de uma língua,
podemos caracterizar os dois segmentos em questão como fonemas distintos pelo
contraste em ambiente análogo. Assim, duas palavras que ocorram em ambientes
similares podem caracterizar o contraste em ambiente análogo. Ex. sumir e zunir

Par suspeito representa um grupo de dois sons que apresentam características
semelhantes (sons foneticamente semelhantes- SFS) e devem ser caracterizados ou como
fonemas ou como alofones.
Ex. de sons foneticamente semelhantes: : um som vozeado e seu correspondente
desvozeado
[p] / [b]; [t] / [d]

Neutralização e Arquifonema
Certos sons que apresentam contraste fonêmico (isto é, são encontrados em pares
mínimos que caracterizam esses sons como fonemas) podem apresentar a perda de
contraste fonêmico em um ambiente específico.
Ex.: Temos em português a oposição fonêmica entre / s, z, ʃ , Ʒ /. Os pares mínimos
assa[ ‘a s a], asa[‘a’z’a], acha[ ‘a ʃ a] e haja [ ‘a Ʒ a ] caracterizam o contraste desses
fonemas em posição intervocálica, o mesmo ocorre em início de palavra seca, Zeca, checa,
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jeca. Note que caso haja a troca de um fonema pelo outro haverá mudança de significado da
palavra. Observe, contudo, que em posição final de sílaba, o contraste fonêmico entre esses
fonemas desaparece, isto é, em posição final de sílaba qualquer um dos segmentos [s, z, ʃ ,
Ʒ ] pode ocorrer sem causar prejuízo de significado.
Ex. Na palavra mês, o segmento pode se apresentar como [s] ou [ ʃ ]. Em mês bonito é
possível ocorrer [‘m’e’z’b’u’n’i’t’u] ou [‘ m e ʃ b u ‘n i tu].

O contraste fonêmico não é atestado em posição final de sílaba. Ocorre aí o
fenômeno da neutralização , isto é, desaparece o contraste fonêmico desses fonemas em
posição final de sílaba. . Para representarmos a consoante que ocorre no final dessas
sílabas - que corresponde a um desses segmentos sonoros [s, z, , ʃ , Ʒ ] utilizamos o
símbolo /S/ o qual representa um arquifonema. Portanto, um arquifonema expressa a
perda de contraste fonêmico , ou seja, a neutralização de um ou mais fonemas em
contexto específico.

Assimilação
Assimilação é um termo genérico que se refere a qualquer processo em que um som
adquire características ou traços de sons que o rodeiam.
Ex. esforço / e ʃ ’ f o x s u ] vesgo /’v e Ʒ g u/

EXERCÍCIOS

1)Explique o que se entende por ambiente análogo na análise fonêmica. Ilustre sua resposta
com exemplos.

2) Marque:
a) se I estiver certa;
b) b) se II estiver certa;
c) c) se III estiver certa;
d) se todas estiverem certas.

I – [ v] e [f] são fonemas distintos no português porque a substituição de um pelo outro, no


mesmo contexto, pode acarretar mudança de significado.

II – [f] e [v] são fonemas distintos no português porque são sons diferentes.

III – [f] e [v] são variantes de um mesmo fonema no português, porque quando ocorre
um nunca ocorre o outro no mesmo contexto.

3) Apresente características e dê exemplos de

a) fonemas:

b) alofones condicionados:

4) Em final de sílaba os sons [‘a s a], [‘a ʃ a] , [‘a z a] e [‘a Ʒ a ] apresentam comportamento
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idêntico ao constatado em posição intervocálica ? Descreva o fenômeno ocorrido e
apresente dados.

5) A oposição surdo vs sonoro é pertinente em português? Explique.

6- Transcreva foneticamente os dados abaixo, observando o vozeamento das consoantes


adjacentes em limite de sílaba:

a) cuspe c) festa

b) esbarrar d) vesga

7- Transcreva foneticamente dos dados abaixo, observando a nasalidade da vogais .

a) cama d) soneira

b) camareira e) cana

c) sono f) canavial

8- Complete o quadro com os sons foneticamente semelhantes do português:

As fricativas com ponto de articulação muito


próximos

As laterais entre si

9) Encontre exemplos de pares mínimos:

a) pato: d) mala:
b) cravo: e) chia:
c) soma: f) sono:

10) Transcreva os dados abaixo, observando a variação dos fonemas /t/ e /d/ no dialeto
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carioca:

a) ditado b)tarde

c) triste d) dedo

11) transcreva os dados abaixo, observando o arquifonema /R/ :

a) parto

b) amargo

c) marca

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ANEXOS

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