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ESTADO DE GOIÁS

SECRETARIA DE ESTADO DA SEGURANÇA PÚBLICA


CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS
ACADEMIA BOMBEIRO MILITAR – ABM
CURSO DE FORMAÇÃO DE OFICIAIS

LIMPEZA DA MÁSCARA DO EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO RESPIRATÓRIA


AUTÔNOMO

SÉRGIO DE OLIVEIRA JÚNIOR

GOIÂNIA

2014
SÉRGIO DE OLIVEIRA JÚNIOR

LIMPEZA DA MÁSCARA DO EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO RESPIRATÓRIA


AUTÔNOMO

Artigo Monográfico apresentado em


cumprimento às exigências para término do
Curso de Formação de Oficiais do Corpo de
Bombeiros Militar do Estado de Goiás sob
orientação do Cap QOS José Laerte Rodrigues
Da Silva Júnior e Co-orientação do 2° Ten
QOC Rogério da Silva Matos.

GOIÂNIA

2014
SÉRGIO DE OLIVEIRA JÚNIOR

LIMPEZA DE MÁSCARAS DE EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO RESPIRATÓRIO


AUTÔNOMO

Artigo Monográfico apresentado em


cumprimento às exigências para término do
Curso de Formação de Oficiais do Corpo de
Bombeiros Militar do Estado de Goiás sob
orientação do Capitão Laerte e Co-orientação
do 2° Tenente Rogério.

Avaliado em 13 / 06 / 2014.

APROVADO POR:

TC Roberto Machado Borges

Maj Carlos Borges dos Santos

Cap Antônio Carlos Moura

Goiânia
2014
Dedico essa conquista a minha esposa,
Jacqueline e minhas filhas Gabriela e
Antonella, qυе dе forma especial е
carinhosa mе deram força е coragem, mе
apoiando nоs momentos dе dificuldades.
AGRADECIMENTOS

A Deus por ter me dado saúde e força para superar as dificuldades, muitas vezes
colocada a prova durante o Curso de Formação de Oficias do Corpo de Bombeiro do
Estado de Goiás. Momentos difíceis em que foi necessário o apoio dos amigos e
familiares para a superação e conquista final.

Agradeço de forma especial a minha família. Minha esposa Jacqueline que me


apoiou nos momentos de incertezas e dificuldades passadas durante o curso de
formação, suportando minhas ausências e minhas angustias. Agradeço muito
minhas filhas Gabriela e Antonella, que mesmo sem entender puderam me dar força,
com aquele amor incondicional de “oi papai, cadê você, não te vi hoje”, me fazendo
superar todos os obstáculos e dificuldades advindas da profissão.

Е agradecer dе forma grandiosa meus pais, Sérgio е Marise, а quem еυ agradeço


todas os dias а minha existência. E que souberam me educar e ensinar com caráter
e sabedoria, para que me torna-se a pessoa que sou hoje.

Agradeço ao Corpo de Bombeiro Militar, na pessoa dos instrutores pelos


ensinamentos que serão levados por toda a vida. Com o suprassumo dos
ensinamentos de “Vidas Alheias e Riquezas Salvar”.

Ao meu orientador Capitão Laerte, pessoa admirada pela forma ética e profissional
de atender a todos. Pessoa a quem já conhecia e admirava desde quando foi meu
professor na graduação.

Aos meus amigos do curso de formação, pois sem a ajuda mutua não seria possível
esta conquista.
“Um homem pode ser tão grande quanto ele queira ser. Se você
acredita em si mesmo e tem coragem, determinação, dedicação,
iniciativa competitiva e se você está disposto a sacrificar as
pequenas coisas da vida e pagar o preço pelas coisas que valem a
pena, isso pode ser feito.”

(Dalai Lama)
RESUMO

O presente trabalho demonstra a necessidade de se realizar uma limpeza e


desinfecção das máscaras dos equipamentos de proteção respiratória após cada
uso. Como método de pesquisa, apurou-se através de questionários aplicados ao
cursos e estágios presentes na Academia Bombeiro Militar do Estado de Goiás. Com
os resultados dos questionários observou-se o modo que está sendo realizada e
como as guarnições se preocupam com o assunto. Foi realizada coleta de material
microbiológico das máscaras limpas pelas guarnições, utilizando o conhecimento
individual, pois mais da metade dos perguntados do Estado de Goiás nunca tiveram
instruções de desmontagem e limpeza das máscaras. Os resultados das culturas
microbiológicas demonstraram que as máscaras contém micro-organismos
patogênicos capazes de serem transmitidos através do uso coletivo das máscaras,
levando a contaminações cruzadas entre os militares que fizerem o uso
compartilhado da máscara. Como método de limpeza, foi utilizado métodos
recomendados pelos fabricantes e métodos dos manuais de bombeiros, conjugados
em um método de fácil aquisição e baixo custo para serem implementados pelas
guarnições do Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Goiás. Como forma de
auxilio aos militares foi proposto um manual de limpeza da máscara do equipamento
de proteção respiratória autônomo, com 10 passos a serem seguidos para uma
limpeza e desinfecção mais efetivas, diminuindo a contaminação cruzada de
doenças infecciosas, assegurando a biossegurança necessária dos militares das
guarnições.

Palavras chave: Equipamento de proteção respiratória, Limpeza, Máscara.


ABSTRACT

This study demonstrates the need to perform a cleaning and disinfection of masks of
respiratory protective equipment after each use. As a research method, it was found
through questionnaires applied to courses and training present at the Academy
Firefighter of the State of Goiás Military With the results of the questionnaires was
observed mode being performed and how the trimmings care about the subject.
Collecting material from microbiological clean masks the garrisons was performed
using individual knowledge, since more than half of the State of Goiás asked never
had the disassembly and cleaning of masks. The results of microbiological cultures
demonstrated that the masks contain pathogenic micro-organisms capable of being
transmitted through the collective use of masks, leading to cross-contamination in the
military who do the shared use of the mask. As cleaning method was used methods
recommended by the manufacturers and the manuals firefighters, combined in a
method of easy acquisition and low cost methods to be implemented by Trims Fire
Brigade of the State of Goiás As a way to aid the military was created a manual
cleaning mask autonomous respiratory protection equipment with 10 steps to be
followed for a more effective cleaning and disinfection, reducing cross-contamination
of infectious diseases, ensuring the necessary biosafety military trims.

Keywords: respiratory protection equipment, cleaning, mask.


LISTA DE ABREVIATURAS

ABM Academia Bombeiro Militar

BBM Batalhão Bombeiro Militar

CBMAP Corpo de Bombeiro Militar do Estado do Amapá

CBMDF Corpo de Bombeiro Militar do Distrito Federal

CBMGO Corpo de Bombeiro Militar do Estado de Goiás

CBMMS Corpo de Bombeiro Militar do Estado de Mato


Grosso do Sul

CBMMT Corpo de Bombeiro Militar do Estado de Mato


Grosso

EPI Equipamento de Proteção Individual

EPRA Equipamento de Proteção Respiratória Autônomo

IRVAS Infecções respiratórias das vias aéreas superiores

NR Norma Regulamentadora

OBM Organização Bombeiro Militar


SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 10

2. REVISÃO DE LITERATURA .......................................................................................... 13

2.1. Equipamentos de proteção respiratória .......................................................................... 13

2.2. Aparelho autônomo de ar respirável ............................................................................... 13

2.3. Máscara facial ..................................................................................................................... 15

2.4. Fomites................................................................................................................................. 16

2.5. Limpeza e Desinfecção das Máscaras do EPRA .......................................................... 17

3. MATERIAIS E MÉTODOS .............................................................................................. 20

3.1. Tipo de Pesquisa ................................................................................................................ 20

3.2. Local ..................................................................................................................................... 20

3.3. Método e produtos utilizados para realização de limpeza e desinfecção ................. 20

4. APRESENTAÇÃO E TRATAMENTO DE DADOS.......................................................... 22

5. RESULTADOS ............................................................................................................... 23

6. DISCUSSÃO ................................................................................................................... 27

7. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ......................................................................... 30

8. REFERÊNCIAS .............................................................................................................. 32

APÊNDICE 01 – Questionário Aplicado............................................................................ 35

APÊNDICE 02 – Manual de Limpeza da Máscara de EPRA ............................................. 36

ANEXO 1 – Cultura Microbiológica 7° BBM ..................................................................... 46

ANEXO 02 - Cultura Microbiológica ABM ........................................................................ 48

ANEXO 03 - Cultura Microbiológica 8° BBM .................................................................... 49


10

1. INTRODUÇÃO

As atividades de bombeiros apresentam uma diversificada gama de


variáveis, que apresentam aspectos e natureza singulares, relacionados a cada uma
das ocorrências que desafiam diariamente as habilidades e a competência dos
nossos profissionais.

Dentre a grande variedade de materiais que o Corpo de Bombeiros


dispõe para o atendimento de ocorrências, há um grupo muito importante cujo
objetivo é a proteção individual, além de evitar acidentes pessoais. Os equipamentos
de proteção individual (EPI) garantem ao bombeiro uma proteção, minimizando ou
eliminando os riscos desnecessários. É preciso que os militares tenham consciência
da obrigatoriedade do uso dos EPI, bem como do uso correto e atualizado dos
conhecimentos dos novos equipamentos e materiais especializados.

Segundo a norma regulamentadora (NR-06) do ministério do trabalho,


equipamentos de proteção individual (EPI), são:

Todo dispositivo ou produto, de uso individual utilizado pelo


trabalhador, destinado a proteção de riscos susceptíveis de ameaçar
a segurança e a saúde do trabalhador.

O uso do EPI não torna o bombeiro imune a todos os riscos, nem evita
que ele sofra algum acidente. Seu principal objetivo é evitar danos à integridade
física do usuário e minimizar as consequências dos acidentes. Isso significa que
mesmo utilizando devidamente o equipamento, o bombeiro deve resguardar-se e se
expor o mínimo necessário. Cada bombeiro deve ter consciência da obrigatoriedade
de seu uso, o que melhora a capacidade técnica operacional.

Segundo a norma regulamentadora NR-06 do ministério do trabalho:

Os equipamentos de proteção individual, de fabricação nacional ou


importados, só poderá ser posto à venda ou utilizado com a
indicação do Certificado de Aprovação- CA, expedido pelo órgão
nacional competente em matéria de segurança e saúde do trabalho
do Ministério do Trabalho e Emprego.
11

Os EPI’s devem ter boa resistência, serem práticos quanto à sua


utilização e devem possuir condições de fácil manutenção. O usuário do
equipamento de proteção individual deve atentar para a finalidade que o
equipamento foi concebido, respeitando seus limites. Para tanto, deve conhecer e
ter acesso às especificações técnicas que, além de fornecer maior conhecimento
quanto ao manuseio, finalidade e limites, permitem que o usuário atente para a
devida conservação, manutenção e guarda. Para a proteção do bombeiro no
atendimento de ocorrências com temperaturas elevadas, por estar sujeito aos efeitos
nocivos do calor, é necessário um conjunto de equipamentos de proteção individual
que protejam toda a sua superfície corporal. Neste entendimento, devem ser
utilizados os seguintes equipamentos: capacete, capuz, capa, luva, calça e bota.
Tão importante quanto às vestimentas para a superfície corporal, é a proteção para
o sistema respiratório.

Os bombeiros devem dispensar atenção especial aos aparelhos de


proteção respiratória. Isso porque os pulmões e as vias respiratórias são mais
vulneráveis às agressões ambientais do que qualquer outra área do corpo. É regra
fundamental que ninguém, no combate a incêndio, entre em uma edificação
saturada de fumaça, temperaturas elevadas e gases, sem estar com equipamento
de proteção respiratória. A não utilização deste equipamento pode não só causar
fracasso das operações como também trazer consequências sérias, inclusive a
morte.

Considerando as máscaras dos equipamentos de proteção


respiratórias como uma fonte de disseminação de doenças veiculadas pelas vias
respiratórias, é de suma importância para o corpo de bombeiros militar do Estado de
Goiás, garanta a proteção e a saúde dos seus militares.

Nesse sentido, há a necessidade de repensar e rever as práticas atuais


de manutenção e limpeza dos equipamentos de proteção respiratória, dando ênfase
principal a máscara dos equipamentos de proteção respiratória, pelo contato direto
com a pele e proximidade com as mucosas das vias respiratórias superiores, esses
podem funcionar como fomites na disseminação de doenças infecciosas.
12

Considerando as possíveis transmissões de doenças infecções


causadas pelo uso das máscaras dos EPRA sem a devida limpeza e desinfecção,
propõe utilizando recomendações do Ministério da Saúde e fabricantes de
equipamentos de proteção respiratória, métodos necessários de se realizar
adequadamente a limpeza e desinfecção das máscaras dos equipamentos de
proteção respiratória.

Quais métodos seriam eficazes e capazes de serem aplicados na


manutenção de primeiro escalão, realizada pelos usuários das máscaras após o uso
e que garantiria a mínima limpeza e desinfecção das máscaras dos EPRA nas
passagens de serviço?

Para responder essa questão, essa pesquisa pretende verificar a forma


dos métodos atuais de limpeza e desinfecção das máscaras do EPRA empregadas
pelas guarnições do Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Goiás, com realização
de análises microbiológicas das máscaras em uso para verificar a limpeza atual, e
como proposta criar um manual de limpeza simplificado para auxiliar os militares na
limpeza e desinfecção das máscaras após o uso. Utilizando coletânea das
recomendações dos fabricantes, com aplicação de métodos de limpeza com
detergente neutro e desinfecção com soluções desinfetantes de fácil acesso e baixo
custo, que não acarrete danos aos equipamentos.

A contribuição desta pesquisa visa propor meios de limpeza e


desinfecção utilizando recursos de fácil acesso e atualmente disponíveis nas
unidades do corpo de bombeiros para realizar a limpeza e desinfecção.
13

2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1. Equipamentos de proteção respiratória

Segundo a NBR 12543, é “Equipamento que visa a proteção do usuário


contra a inalação de ar contaminado ou de ar com deficiência de oxigênio”.

Segundo TORLONI (2002), os aparelhos de proteção respiratória


podem ser classificados em:
 Dependentes de Ar: São aqueles que dependem do oxigênio
local para que o usuário possa respirar. Estes equipamentos só
podem ser utilizados quando conhecemos a concentração do
oxigênio (que não podem ser inferior á 18% em volume ao nível
da mar) e dos contaminantes. São exemplos de equipamentos
dependentes: máscaras com filtros que recebe o nome de
respirador.

 Independentes de Ar: São aqueles que não dependem do ar


atmosférico local para fornecer o ar respirável para o usuário
continuar respirando. Este é o grupo de equipamentos adequado
para trabalhos em ambientes onde a concentração de
contaminantes é muito elevada ou quando existe no ambiente
em questão deficiência de oxigênio.

2.2. Aparelho autônomo de ar respirável

Os equipamentos de proteção respiratórios mais utilizados por


bombeiros são os aparelhos autônomos de ar respirável, também conhecido como
“conjuntos autônomos” (MTB 17, 2006).
14

Figura 01- Equipamento de Proteção Respiratória Autônomo

O aparelho autônomo de ar comprimido consiste de um cilindro


montado num suporte, fixado por meio de duas cintas metálicas de rápida abertura.
Caracteriza-se pela total mobilidade que fornece ao bombeiro, combinada com uma
razoável autonomia de tempo para a execução de atividades de combate a
incêndios, salvamento e atendimento de emergências químicas (MTB 17, 2006).

Ao abrir a válvula de alta pressão do cilindro, o ar que passa pela


mangueira flexível até a válvula de demanda, de onde é canalizado para um alarme
de baixa pressão e, por outra mangueira, até o manômetro. A vazão principal do ar
passa pela válvula de redutora de pressão até a válvula de demanda, a qual
automaticamente fornece a pressão positiva ao usuário, após a primeira inalação
(MTB 17, 2006).

A máscara facial, em que a válvula de demanda é conectada, abrange:


máscara interna, transmissor de voz (diafragma de voz) e válvula de exalação (MTB
17, 2006).
15

Ao inalar, o ar é fornecido pela válvula de demanda e entra na máscara


facial, invadindo a parte interna do visor (isto previne que ela fique embasada). Na
exalação o ar passa para o exterior, através de uma válvula de expurgo, com sentido
único de saída do ar (MTB 17, 2006).

2.3. Máscara facial

A máscara facial mais conhecida como máscara panorama ou


panorâmica é construída de uma estrutura de neprene ou silicone com um visor que
geralmente é de policarbonato, mas pode ser também em acrílico ou vidro laminado.
O visor em policarbonato possui alta resistência a impacto, mas pode ser danificado
se em contato com solventes e, ao contrário do visor em acrílico, não pode ser
polido para a remoção de ranhuras (MTB 17, 2006).

O visor em acrílico possui uma alta resistência à solventes, mas a


resistência a impactos é menor. O visor em vidro laminado é disponível para a
aplicação com trajes de proteção contra produtos perigosos (MTB 17, 2006).

A máscara é presa à cabeça do bombeiro, por meio de cinco tirantes


ajustáveis, que mantêm a máscara contra o rosto do usuário para impedir a entrada
indesejável contaminante, fumaça, pós ou outras substâncias indesejáveis (MTB 17,
2006).

A vedação da máscara é obtida por meio de um “anel”, que se ajusta


anatomicamente ao contorno de um rosto (MTB 17, 2006).

No interior da máscara “panorama” existe uma mascarilha que


direciona a passagem do ar através de duas válvulas unidirecionais. Assim o ar que
entra na máscara tem o fluxo na direção do visor, evitando o acúmulo de vapor
d’água e a existência de “espaços mortos” no interior da máscara facial, o que
provocaria verdadeiros “bolsões” de dióxido de carbono (MTB 17, 2006).

O ar expirado pelo bombeiro passa por uma válvula de exalação


também do tipo direcional, a qual se abre com uma pressão interna de 58 a 60
mmca (MTB 17, 2006).
16

Na parte frontal da máscara também se localiza o diafragma metálico


em aço inoxidável, que facilita a comunicação do usuário. Removendo um plugue
existente no compartimento deste diafragma, pode-se instalar um microfone
facilmente. O acondicionamento da máscara deve ser feito numa bolsa grande ou
saco plástico, de modo que o visor seja protegido (MTB 17, 2006).

É de suma importância o conhecimento do equipamento, a


identificação de suas partes, a inspeção de seu funcionamento e a limpeza e
desinfecção. O EPRA é um equipamento de proteção individual, mas atualmente no
Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Goiás, é um EPI de uso coletivo, pois o
mesmo é utilizado por diferentes pessoas, e com isso é necessário passar por
manutenção e limpeza adequada para manterem a integridade e a saúde dos
militares.

2.4. Fomites

As máscaras podem servir de fomites podendo causar disseminação


de doenças infecciosa, o que torna importante a realização de uma limpeza e
desinfecção efetivas (MFCB 13, 2006).

Fomite é uma superfície ou objeto inanimado, poroso ou não poroso,


capaz de ficar contaminada com microrganismos infecciosos
patogênicos, isto é, gérmenes capazes de causar doença, atuando
como veículo de transmissão de infecções. Os exemplos de fomites
são muito extensos, que incluem quase tudo com que contactamos
diariamente: roupa, brinquedos, maçanetas, corrimãos, mesas,
toalhas, roupa de cama, interruptores, teclados, comando de
televisão, entre muitos outros. (VALE et al, 2011).

Entre as infecções de maior relevância na utilização das máscaras são


as infecções respiratórias, infecções cutâneas e infecções entéricas. As infecções
respiratórias são muito frequentes, particularmente as infecções respiratórias das
vias aéreas superiores (IRVAS) – como constipações (rinofaringites), faringites,
sinusites, otites médias agudas – mas também laringites, bronquites infecciosas,
bronquiolites, broncopneumonias e pneumonias (VALE et al, 2011).

Os microrganismos patogênicos são capazes de sobreviverem horas e


até dias, nos equipamentos, conforme Kramer A.(2006).
17

Tabela 01: Sobrevivência microrganismos infecciosos patogênicos em


superfície secas inanimadas. (Kramer A, 2006)

2.5. Limpeza e Desinfecção das Máscaras do EPRA

A eliminação e/ou redução microbiana pode ser executada pelo


controle do crescimento, ou pela destruição dos organismos. Assim, temos a inibição
de crescimento e a esterilização. Os agentes que destroem ou matam as bactérias
são chamados de bactericidas e os que inibem o crescimento são os bacteriostáticos
(MADIGAN, 2008).

Ministério da Saúde (1994) considera descontaminação como sendo


processo de eliminação total ou parcial da carga microbiana de artigos e superfícies,
tornando-os aptos para o manuseio seguro. Este processo pode ser aplicado através
de limpeza, desinfecção e esterilização. Considera desinfecção como processo físico
ou químico capaz de eliminar os microrganismos patogênicos, exceto os
esporulados e esterilização como processo de destruição de todos os
microorganismos, inclusive os esporulados, a tal ponto que não seja mais possível
detectá-los através de testes microbiológicos padrão.
18

Conforme TORLONE (2002): “Os respiradores utilizados por uma só


pessoa deve ser limpo e higienizado regularmente. Os usados por mais de uma
pessoa devem estar limpos e higienizados após cada uso.

Segundo o Manual de Fundamentos do Corpo de Bombeiros do


CBMSP (2006), no índice de Proteção respiratória há a preocupação em orientar e
conscientizar aos usuários dos EPRA a necessidade de limpeza e desinfecção. Ele
considera a limpeza após o uso como sendo obrigatória. E orienta o seguinte:

Lavar a peça facial com detergente neutro e água, colocando-a para


secar em local fresco e ventilado e à sombra. Solventes, tais como
acetona, álcool e gasolina, não devem ser usados na higienização,
além dos materiais abrasivos que atacam o visor de acrílico e
corroem as partes de borracha. A higienização do restante do
equipamento é feita com um pano limpo e úmido ou uma escova
macia. O uso de um mesmo EPR sem a devida higienização,
possibilita o risco de contaminação por moléstias transmissíveis.
Após o uso, a máscara poderá conter suor, sangue, saliva, poeira,
fuligem, secreções e contaminantes diversos.

O Manual Técnico de Bombeiros do CBMSP(2006), MTB -17 trata dos


equipamentos de proteção individual e de proteção respiratória tratam a limpeza da
mascara da seguinte forma:

Após cada utilização, os aparelhos autônomos de ar respirável


devem ser limpos e higienizados.

Para a limpeza da máscaras facial o procedimento é o seguinte:

a) desmontar a peça facial, removendo o diafragma de voz,


membrana das válvulas, válvula de demanda e qualquer outro
componente recomendado pelo fabricante;

b) lavar a cobertura das vias respiratórias com solução aquosa de


detergente para limpeza normal a 43°C, ou com solução
recomendada pelo fabricante. Usar somente escova macia para
remover sujeira;

c) enxaguar com água morna limpa (no máximo 43°C) e


preferencialmente água corrente;

d) quando o detergente não contém agente desinfetante, os


componentes da máscara devem ficar por 2 minutos numa solução
de 50 ppm de cloro. Ela é obtida pela mistura de 1 ml de água
sanitária em 1 litro de água a 43°C;
19

e) enxaguar bem os componentes em água morna (43°C),


preferencialmente água corrente, e deixar a água escorrer. O
enxague evita dermatite pela ação do desinfetante e evita a
deteerioração da borracha;

f) os componentes devem ser secos manualmente com o auxílio de


um pano de algodão seco, que não solte fios;

g) montar novam,ente a peça facial e recolocar os componentes


desmontados e

h) verificar se todos os componentes estão funcionando


perfeitamente. Substituí-los, se necessário.

Segundo o fabricante MSA no seu manual da Máscara Autônoma MSA:

Após cada uso deve-se fazer a higienização do equipamento com


agentes apropriados (água morna e sabão neutro); e para evitar a
deteriorização de componentes de borracha,não utilizar álcool como
germicida, processos de secagem por aquecimento ou uso de
lubrificantes.

Segundo o manual do fabricante DRÄGER (2001), as máscaras


panorama devem:

Limpar a máscara depois de cada emprego. Para limpar peças de


borracha e de silicone não utilizar dissolventes como acetona, álcool
ou semelhantes. Limpar a máscara com água morna ao adicionar o
detergente universal e com um pano. Lavá-la cuidadosamente com
água corrente. Desinfecção: Desinfetar a máscara depois de cada
emprego.

O fabricante SCOTT (2007), no manual de manutenção especializada


das peças facial, indica:
As peças Faciais devem ser limpas com água potável e detergente
lava-louça neutro, com temperatura da água não superior a 43°C. E
para desinfecção utilizar uma solução de 2% de peróxido de
hidrogênio por 10 minutos de contato, após enxaguar com água e
deixar secar ao ar.
20

3. MATERIAIS E MÉTODOS

3.1. Tipo de Pesquisa

Trata-se de uma pesquisa aplicada na forma de questionários que


aborda a forma de limpeza realizada atualmente pelas guarnições do CBMGO, e
aproveitando militares pertencente a outros estados, estendeu-se a pesquisa para
apurar a forma de limpeza realizada nos Corpos de Bombeiros dos Estados de: Mato
Grosso do Sul, Mato Grosso, Amapá e Distrito Federal. Como parte experimental foi
realizada uma coleta de material para cultura microbiológica para identificações de
possíveis patógenos nas máscaras que eram consideradas limpas nas viaturas.

3.2. Local

O estudo foi realizado na Academia Bombeiro Militar do Estado de


Goiás realizando levantamentos de dados de limpeza utilizado atualmente por
militares do CBMGO, CBMMS, CMBAP, CBMMT e CBMDF. Parte experimental foi
realizada com coleta de materiais para realização de microbiologia através de swabs
estéreis nas máscaras do ABT da Academia Bombeiro Militar, ABT do 7° Batalhão
Bombeiro Militar, ABT E ABS do 8° Batalhão Bombeiro Militar. As amostras
coletadas foram processadas e cultivadas nos Laboratórios Hermes Pardini e
Osvaldo Cruz.

3.3. Método e produtos utilizados para realização de limpeza e


desinfecção

Optou-se na realização do estudo produtos que fosse de baixo custo e


fácil obtenção pelas organizações bombeiros militar. Como produto para realizar a
limpeza das máscaras foi utilizado detergente neutro, que é de fácil acesso e baixo
custo. Como produtos químicos de desinfecção utilizou-se hipoclorito de sódio (água
sanitária) e peróxido de hidrogênio (água oxigenada).
21

Os produtos escolhidos foram recomendados por representantes dos


fabricantes Scott e MSA, sendo indicado por não danificarem os componentes das
máscaras. O hipoclorito de sódio foi indicado na proporção de 0,005% (50ppm),
sendo 2,5ml de água sanitária (comercia 2%) para 1000ml de água (ANVISA, 2009),
aplicados por meio de borrifador aplicado na parte externa e interna deixando agir
por 2 minutos. Já o peróxido de hidrogênio (água oxigenada) foi recomendado na
proporção de 2%, sendo borrifado nas partes internas e externas e deixar agir por 10
minutos (SCOTT, 2007).

O Food and Drug Administration (FDA, 2001) “recomenda a utilização


de cloro líquido e o hipoclorito de sódio concentrações entre 50 a 200ppm, com
tempo de contato de 1 a 2 minutos em superfícies e equipamentos”. E segundo
MASTROENI (2006), “o Peróxido de hidrogênio popularmente conhecido como água
oxigenada, é bactericida, viruscida, tuberculicida, esporicida e fungicida”.

Como meio de abrasão e fricção para auxiliar a limpeza, optou-se na


utilização de gazes de algodão por não danificarem o visor das máscaras e serem
de fácil acesso por estarem presente nas bolsas de primeiro socorros presente nos
caminhões e unidade de resgate da corporação.

Como meios aplicadores, foi utilizado borrifadores plásticos. Foram


escolhidos por serem de fácil acesso e garantirem um isolamento adequado com
meio externo.

Figura 02- Materiais Utilizados


22

4. APRESENTAÇÃO E TRATAMENTO DE DADOS

Este trabalho utiliza o método de pesquisa quantitativo e qualitativa,


pois além de fazer as análises microbiológicas das máscaras dos EPRA, também
interpreta os dados obtidos através dos questionários aplicados para militares das
corporações do CBMGO (35 militares), CBMMS (9 militares), CBMMT(1 militar),
CBMAP(4 militares) e CBMDF (1 militar) , todos os questionados são bombeiros que
atuam operacionalmente nas guarnições, com o intuito de compreender, analisar e
comparar as respostas obtidas e procurar alternativas de limpeza e desinfecção dos
equipamentos a serem utilizados pelos bombeiros em ocorrências, bem como a
garantia de segurança à saúde daqueles que estão convivendo com o perigo
diariamente. Os dados estatísticos serão aplicados apenas ao CBMGO, CBMMS e
CBMAP, pois os estados de MT e DF possuíam apenas um militar e o estudo não
apresentaria variação estatística, mas serão citados no estudo.

O questionário foi aplicado a 50 militares, e compreendeu quatro


estados brasileiros e o Distrito Federal. Foi aplicada 10 questões com procedimentos
relativos à limpeza e desinfecção das máscaras dos equipamentos de proteção
respiratória autônomo (Apêndice 01). Os resultados obtidos na coleta de dados
através de questionários foram apresentados no texto e em gráficos, considerando-
se a frequência absoluta e relativa, usando o programa Microsoft Excel.

Foram realizadas coletas de material para cultura das máscaras que foi
realizada com swab em meio Stuart, meio de cultura para transporte e conservação,
e semeada em meios de cultura para crescimento e isolamento do tipo Agar sangue,
Mac Conkey, Manitol e Sabouraud.
23

5. RESULTADOS

A primeira pergunta foi se os militares observam antes do uso se as


máscaras estão limpas. Entre os militares do CBMGO 91% disseram observar se as
máscaras estão limpas; entre os militares do CBMMS 100% disseram observar se as
máscaras estão limpas; os militares CBMAP 67% disseram observar a limpeza da
máscara. O militar do CBMDF disse verificar a limpeza e o militar do CBMMT disse
não observar se a máscara esta limpa antes do uso.

O segundo questionamento foi sobre a realização da limpeza correta


das máscaras. Os militares do CBMGO 74% consideram ser limpas corretamente as
máscaras; Já 33 % dos militares do CBMMS acham que as máscaras são limpas
corretamente; enquanto nenhum militar do CBMAP considera ser limpa corretamente
as máscaras. Os militares do CBMDF e do CBMMT consideram não serem limpas
corretamente as máscaras.

A terceira pergunta se o militar realiza a limpeza da máscara após o


uso. Em resposta 17% dos militares do CBMGO disseram realizar limpeza após o
uso; já os militares do CBMMS 89% disseram realizar a limpeza após o uso; os
militares do CBMAP disseram 100% realizarem a limpeza após o uso. Os militares
do CBMDF disse não realizar a limpeza após o uso e o do CBMMT disse que realiza
a limpeza após o uso.

O quarto questionamento realizado foi se acha a limpeza realizada em


sua organização bombeiro militar efetiva na proteção do usuário. Esse
questionamento será apresentado apenas em relação aos militares do CBMGO, pois
a pesquisa nos demais estado não se pode avaliar várias OBM.
24

A quinta questão é referente aos produtos utilizados na limpeza das


máscaras. Essa questão foi realizada a junção dos resultados dos estados para
melhor representação dos diversos produtos utilizados na limpeza e desinfecção das
máscaras.
25

A sexta questão indaga se os militares já tiveram alguma instrução de


manutenção e limpeza da máscara do EPRA. Os militares do CBMGO, 74% nunca
tiveram intrução sobre manutenção e limpeza dá máscara do EPRA; os militares do
CBMMS 22% não tiveram instrução sobre limpeza da máscara; e 67% dos militares
do CBMAP não tiveram intrução sobre limpeza. O militar do CBMDF disse ter tido
intrução sobre limpeza e manutenção, já o militar do CBMMT disse que há no
interior um sargento que passa orientações sobre limpeza.

A sétima pergunta se os militares sabem dos riscos do mal


funcionamento e má limpeza das máscaras do EPRA. Nos militares do CBMGO
obteve-se que 46% não sabem dos riscos oasionados pelo mal funcionamento e má
limpeza; nos militares do CBMMS obteve-se que 11% não sabem dos riscos; e nos
militares do CBMAP 33% não sabem dos riscos. Já o militar do CBMDF e CBMMT
disseram ter conhecimento dos riscos.

Na oitava pergunta teve como objetivo verificar se os militares tem


receio de se contaminarem utilizando a máscara do EPRA. No relato dos militares do
CBMGO obteve-se que 86% tem receio de se contaminarem; já nos militares do
CBMMS 78% disseram ter receio e os militares do CBMAP 89% tem receio de se
contaminarem no uso do EPRA. O militar do CBMDF tem receio de se contaminar, e
o militar do CBMMT não tem receio na contaminação na utilização do EPRA.

A nona pergunta relatou algumas patologias transmissíveis, e


perguntou quais os militares achavam que poderiam ser adquiridas após o uso das
máscaras. O resultado foi compilado em conjunto de todos os estados.
26

Em relação a décima questão foi indagado se os militares achavam ser


importante ter instruções sobre manutenção e limpeza da máscara do EPRA. E
100% dos questionados disseram achar importante terem instruções sobre a
manutenção e limpeza da máscara do EPRA.

Os procedimentos de coleta de materiais na unidades do CBMGO, foi


para verificação de uma limpeza má executada e muitas vezes não realizada. As
culturas microbiológicas realizadas nas amostras coletadas no 7° BBM, verificou-se
a presença de Pseudomonas aeroginosa e Eschirichia coli (Anexo 01), ambas com
crescimento abundantes. Já as amostras coletadas na ABM apresentou
contaminação por Proteus mirabilis (Anexo 02) e nas máscaras do 8° BBM
apresentaram contaminadas por Klebsiella pneumoniae (Anexo 03).
27

6. DISCUSSÃO

Em análise aos resultados dos questionamentos aplicados com


militares que atuam nas diversas guarnições do CBMGO e outros corpos de
bombeiros do Brasil, que estão realizando cursos e estágios na ABM, foi possível
observar que grande parte dos militares se preocupa em observar se as máscaras
estão limpas antes do uso. E que 74% dos militares de Goiás acreditavam que as
máscaras são limpas corretamente, o que se contradiz com o fato de apenas 17%
dos militares do CBMGO disseram realizar a limpeza após o uso das máscaras e
que maior parte dos militares de Goiás consideram a limpeza realizada em sua OBM
como ineficiente (43%) e não realizada (8%).

Entre os produtos utilizados para realização da limpeza, 19% dos


militares da pesquisa utilizam como produto de desinfecção álcool, que é um
solvente orgânico e não recomendado pelos fabricantes, para realização da
desinfecção por danificar as peças e estruturas das máscaras. E nenhum militar
participante da pesquisa tinha o conhecimento da utilização do peróxido de
hidrogênio (água oxigenada) como forma de desinfecção. E apenas 8% utilizam
hipoclorito de sódio (água sanitária) como desinfetante.

A falta de instruções sobre manutenção e limpeza das máscaras do


EPRA foi relatada em sua grande maioria dos militares do CBMGO, demonstrando
que para que seja exigido um conhecimento o mesmo deve ser repassado
anteriormente. Esse desconhecimento foi observado nas unidades do CBMGO, no
qual foram realizadas as coletas microbiológicas, onde os militares das guarnições
que acompanharam a coleta de material relataram nunca terem visto o modo de
desmontagem das máscaras e modo de realização da limpeza.

Com isso parte dos militares desconhecem os riscos do mal


funcionamento e da má limpeza das máscaras do EPRA. Grande parte dos militares
têm receio de se contaminarem com o uso das máscaras.

Dentre as patologias perguntadas que seriam possíveis de serem


transmitidas pelas máscaras, todas apresentam possibilidades de serem
disseminadas através de fomites. O fato de a máscara muitas vezes estarem sendo
28

utilizada sem a devida limpeza ou mal limpas e desinfetadas pode acarretar na


contaminação cruzada entre os militares.

A realização das coletas de materiais para realização de culturas


microbiológicas foi com intuito de comprovação da presença de patógenos em
máscaras que eram consideradas limpas para o uso, nas viaturas. Em todas as
máscaras foram achados micro-organismos patogênicos: Pseudômonas aeruginosa,
Echerichia coli, Proteus mirabilis e Klebsiela pneumonia. Demonstrando a
ineficiência na limpeza e desinfecção realizada atualmente, o que pode levar a
transmissão via fomites, de doenças infecciosas devido à contaminação das
máscaras pelos militares.

Os patógenos encontrados nas máscaras são todos causadores de


infecções respiratórias. Estas infecções são classificadas basicamente em quadros
de traqueobronquite e pneumonia.

Segundo o manual Principais Síndromes Infecciosas da Agência


Nacional de Vigilância Sanitária: “Entre as pneumonias, aquelas associadas com
ventilação mecânica através de entubação orotraqueal ou traqueostomia, são as
mais frequentes“. E associando-se ao fato do EPRA ser um tipo de ventilação
mecânica, então pode ser veiculador de doenças.

Segundo estudo da National Nosocomial Infections Surveillance- NNIS:

De uma maneira geral os microrganismos podem alcançar o trato


respiratório pela aspiração de secreções da orofaringe, pela inalação
de aerossóis contendo bactérias, pela translocação de
microrganismos do trato gastrointestinal ou pela disseminação
hematogênica de um foco a distância.

E segundo pesquisa realizada pela NNIS os seguintes patógenos


isolados em 4.389 pneumonias em UTI nos Estados Unidos de 1992–97,
apresentam as seguintes porcentagens:
29

Fonte: NNIS, 2000.

Entre as bactérias encontradas em casos de pneumonias, a


Pseudomonas aeroginosa com 21%, a Klebsiella pneumoniae com 8% e a
Escherichia coli com 4 %, foram encontradas nas culturas microbiológicas das
máscaras dos EPRA do CBMGO. E contando que entre as bactérias isoladas nas
coletas realizadas nas máscaras foi encontrada a Klebsiella pneumoniae que
segundo Cotrin et al. (2012), é uma:

Bactérias multirresistentes. A resistência KPC ainda constitue uma


ameaça para os pacientes hospitalizados e para as instituições de
saúde, devido a dificuldade de identificação, tratamento e
consequentemente o alto índice de mortalidade.
30

7. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

Por meio deste estudo foi analisada as condições de uso e


manutenção das máscaras dos equipamentos de proteção respiratória autônomo.
Considerando os objetivos propostos, verificamos que os mesmos foram alcançados
uma vez que diagnosticamos as técnicas de assepsia e manutenção no que tange à
limpeza e desinfecção. Foram analisadas as normas da instituição e demais
literatura técnica que norteiam o uso e manutenção destes equipamentos e, além
disso, foi averiguada a eficácia das técnicas empregadas pelos militares na limpeza
e desinfecção das máscaras dos EPRA.

Pode-se constatar a necessidade de uma preocupação com a


biossegurança dos militares, conforme a avaliação do questionário quanto à
utilização das máscaras dos EPRA, de proteção individual, podemos notar que ainda
existe elevado número de militares que desconhecem a forma correta de realização
da limpeza e desinfecção das máscaras, assim com o a importância de uma limpeza
efetiva para garantir uma diminuição das transmissões cruzadas de infecções
transmissíveis através de fomites.

Pode-se constatar também a contaminação da máscara com


patógenos infecciosos e causadores de pneumonias e infecções hospitalares,
associadas a ventiladores mecânicos, o que pode ser aplicado aos EPRA. Entre as
bactérias encontradas, encontraram-se bactérias causadoras de pneumonias em
todas as máscaras o que pode acarretar ameaça a saúde dos militares, podendo
acarretar afastamentos do serviço e problemas sérios a saúde dos mesmos.

Como proposta final do trabalho, foi criado um manual de limpeza e


desinfecção das máscaras do EPRA (apêndice 02), seguindo recomendações de
fabricantes e manuais técnicos de bombeiros, para que sejam aplicadas após o uso
dos equipamentos, e como forma de auxilio aos militares do CBMGO na realização
de uma limpeza mais efetiva e uma desinfecção utilizando produtos de fácil acesso e
que garanta uma diminuição dos micro-organismos, diminuindo uma possível
transmissão cruzada entre usuários por meio das máscaras.
31

Este trabalho teve o intuito de apresentar mecanismos de limpeza e


desinfecção de fácil aplicação e fácil aquisição para que as guarnições do CBMGO
possam criar a cultura de realizar uma efetiva limpeza e desinfecção da máscara,
auxiliando na manutenção da biossegurança dos militares.

Como forma de evitar essa contaminação sugere que as máscaras dos


equipamentos de proteção respiratória sejam cauteladas individualmente para os
militares das guarnições operacionais, no molde do que já esta ocorrendo em
algumas unidades do CBMGO com os conjuntos de incêndio e capacete de
incêndio.

Sugere-se que nos cursos de formação do CBMGO seja abordado com


maior ênfase o tema biossegurança bem como as formas de limpeza e desinfecção
dos equipamentos de proteção respiratória e demonstrando os benefícios e
consequências de suas ações.
32

8. REFERÊNCIAS

ANVISA - Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Principais Síndromes


Infecciosas. Manual. 2004. Disponível em:
http://www.anvisa.gov.br/servicosaude/manuais/microbiologia/mod_1_2004.pdf.
Acesso em: 25 mai. 2014.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 12453: Equipamentos


de Proteção Respiratória – Terminologia. Rio de Janeiro, 1999.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 13716: Equipamento


de proteção respiratória -Máscara autônoma de ar comprimido com circuito aberto –
Terminologia. Rio de Janeiro, 1996.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 14724 Informação e


documentação – Trabalhos acadêmicos –Apresentação. Rio de Janeiro, 2002.

BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Cartilha de Proteção Respiratória


contra Agentes Biológicos para Trabalhadores de Saúde/Agência Nacional de
Vigilância Sanitária – Brasília: ANVISA, 2009.

BRASIL. Ministério da Saúde. Coordenação de Controle de Infecção Hospitalar.


Processamento de Artigos e Superfícies em Estabelecimentos de Saúde. -- 2. ed. --
Brasília,1994. 50 p.

CORPO DE BOMBEIROS DA POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE SÃO PAULO.


Coletânea de Manual Técnico de Bombeiros - Manual de Equipamentos de Proteção
Individual e Respiratória, v. 17,2006. p. 78.

CORPO DE BOMBEIROS DA POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE SÃO PAULO.


Manual de Fundamentos do Corpo de Bombeiros- Proteção Respiratória, v. 13,
2006. p. 318-319.
33

COTRIM, Érica Ribeiro; ROCHA,Roberta D. Rodrigues; FERREIRA,Mônica de F.


Ribeiro. KLEBSIELLA PNEUMONIAE CARBAPENEMASE – KPC em
enterobacteriaceae:o desafio das bactérias multirresistentes. PÓS EM REVISTA DO
CENTRO UNIVERSITÁRIO NEWTON PAIVA 1/2012 - EDIÇÃO 5 .

DRÄGER Safety AG & Co. KGaA. Panorama Nova. Germany. 7th edition - July
2001. Disponível em: http://www.draeger.com.

FOOD AND DRUG ADMINISTRATION. Analysis and Evaluation of Preventive


Control Measures for the Control and Reduction/Elimination of Microbial Hazards on
Fresh and Fresh-Cut Produce Table of Contents. Center for Food Safety and Applied
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KRAMER, A; SCHWEBKE, I; KAMPF , G. How long do nosocomial pathogens


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MADINGAN, Michel T.; MARTINKO, John M.; PARKER,Jack. Trad. KYAW, Cynthia
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MASTROENI, Marco Fabio. Biossegurança aplicada a laboratórios e serviços de


saúde. 2. ed. São Paulo: Atheneu, 2006. 338p.

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positiva. Berlim, Alemanha.

MSA. Home. Catálogo Brasil, Respiradores purificadores de ar. Disponível em <


http://www.msanet.com/brazilcatalog/catalog500422_pt_BR.html> Acesso em 05 jun.
2012.

Programa de Treinamento Especializado Scott. Módulo das Peças Faciais AV-3000


e AV-3000 SureSeal; Manual de Manutenção Especializada. Disponível mediante
pedido junto ao Suporte Técnico da Scott Health and Safety. E-mail:
techsupport.scotths.us@tycoint.com.

SCOTT® AIR-PAK® NxG7™- Aparelho de respiração autônomo (SCBA) com


demanda de pressão. Em conformidade com a norma NFPA-1981. 2007.
34

SILVA, Felipe Pires. A Importância da Utilização de Equipamentos de Proteção


Respiratória em Ocorrências Atendidas Pelos Bombeiros do CBMSC – Academia
Bombeiro Militar, Florianópolis, 2012.

TORLONI, Maurício. Programa de Proteção Respiratória: recomendações, seleção e


uso dos respiradores. 2002. Disponível em:
<http://unesp.br/costsa/mostra_arq_multi.php?arquivo=8298>. Acesso em: 05 mar.
2014.

VALE, Beatriz; DINIS, Alexandra. O papel das fomites na transmissão de doenças


infeciosas. Saúde Infantil, São Paulo, abr. 2011. p.23-27.
35

APÊNDICE 01 – Questionário Aplicado


PESQUISA SOBRE A FORMA DE LIMPEZA DA MÁSCARA DO EPRA

QUESTIONÁRIO A SER APLICADO PARA MEMBROS DA CORPORAÇÃO

Guarnição: ( )ABT ( )ABS ( )ASA

EPRA – Equipamento de Proteção Respitarória

1- Verifica antes de utilizar se a máscara do EPRA estava limpa?


( )Sim ( )Não
2- Acha que é realizada a limpeza correta da máscara?
( )Sim ( )Não
3- Você realiza a limpeza da máscara do EPRA após o uso?
( )Sim ( )Não
4- Acha a limpeza realizada na sua OBM efetiva para a proteção do usuário?
( )Eficiente ( )Razoável ( )Ineficiente ( ) Não é realizada
5- Quais produtos você utiliza para limpeza da máscara?(Pode marcar mais de um)
( )Água ( )Sabão em barra ( )Detergente neutro (
)Álcool ( )Água Sanitária ( )Água Oxigenada
Caso utilize outro, especificar: _________________________________.

6- Já teve alguma instrução de manutenção e limpeza da máscara do EPRA?


( )Sim ( )Não
7- Sabe dos riscos do mau funcionamento e má limpeza da mascará do EPRA?
( )Sim ( )Não
8- Tem receio de se contaminar utilizando a máscara do EPRA?
( )Sim ( )Não

9- Acha que pode adquirir algum problema de saúde após utilizar EPRA?
( )Gripe ( ) Infecção de Garganta
( )Conjuntivite ( )Dermatite (pele)
Outros:__________________________________________________.
10- Acha ser importante ter instrução sobre manutenção e limpeza da máscara do EPRA?
( )Sim ( )Não
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APÊNDICE 02 – Manual de Limpeza da Máscara de EPRA


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ANEXO 1 – Cultura Microbiológica 7° BBM


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ANEXO 02 - Cultura Microbiológica ABM


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ANEXO 03 - Cultura Microbiológica 8° BBM

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