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Reforma Trabalhista

Principais alterações ocorridas no Processo do Trabalho

1ª parte

1) Responsabilidade do sócio retirante (art. 10-A da CLT)

Ao compulsar os julgados que tratam sobre o tema, constata-se que o


limite temporal de responsabilidade do sócio retirante sempre gerou grandes
debates na seara processual trabalhista.

A discussão do instituto ora tratado possui grande relevância nos casos


em que se faz desnecessária a desconsideração da personalidade jurídica,
circunstância onde se busca superar, em um determinado caso concreto, a
personalidade jurídica de uma determinada pessoa para poder alcançar bens
de seu sócio, para fins de execução.

A título de esclarecimento, vale lembrar que no Processo do Trabalho é


utilizada a Teoria Menor da Desconsideração, nos termos do art. 28, parágrafo
5º, CDC, sendo, portanto, desnecessária a necessidade de existência de
fraude ou confusão patrimonial. Basta que a empresa não tenha bens para
arcar com a execução.

Acerca do tema, algumas indagações básicas merecem resposta:

a) Como fica a situação jurídica do sócio que se retira da sociedade


em relação aos créditos trabalhistas originados após sua retirada
da atividade empresarial?

Quanto aos créditos cujo fato gerador tenha ocorrido após a retirada do
sócio da atividade empresarial, a Reforma Trabalhista não traz nenhuma
novidade considerável, posto que, caso o ato tenha obedecido as formalidades
legais inerentes ao tema (averbação da alteração realizada no contrato social
no Registro de Empresas/Junta Comercial e ausência de fraude), o sócio que
efetivamente tenha deixado o quadro societário da empresa não responderá
por qualquer dívida trabalhista cujo fato gerador seja posterior à sua saída.

Vale aqui salientar, no que tange à formalidade de averbação do


contrato no registro competente após a retirada dos sócios que, caso não seja
respeitada tal formalidade, o documento não possui validade jurídica perante
terceiros, sendo oponível apenas aos sócios da época (possui validade jurídica
mas não é oponível a terceiros).

Quanto à fraude, caso seja esta constatada, a responsabilidade do


sócio passa a ser solidária, conforme entendimento que já era adotado por
nossos tribunais e agora restou sedimentado através da redação dada ao art.
10, parágrafo único da CLT, que assim dispõe:

“Art. 10-A, CLT. O sócio retirante responde subsidiariamente pelas obrigações


trabalhistas da sociedade relativas ao período em que figurou como sócio,
somente em ações ajuizadas até dois anos depois de averbada a modificação
do contrato, observada a seguinte ordem de preferência:

Parágrafo único: O sócio retirante responderá solidariamente com os demais


quando ficar comprovada fraude na alteração societária decorrente da
modificação do contrato.”

Como exemplo de fraude corriqueiramente verificada para fins


trabalhistas, cite-se a hipótese da substituição do sócio da empresa pelos
chamados “laranjas”, a fim de burlar eventual execução, situação em que,
apesar da alteração social promovida, permanece o controle de fato da
atividade empresarial pelo sócio retirante.

b) Como fica a responsabilidade do sócio retirante no que toca ao


período anterior à sua saída da sociedade?

Mesmo antes da reforma, observava-se já entendimento majoritário no


sentido de que o sócio retirante continuava respondendo, independentemente
da verificação de fraude, pelas verbas não pagas aos empregados cuja origem
tenha como fundamento em labor havido no período em que o dito sócio ainda
integrava o quadro societário da empresa bem como pelo período anterior à
sua admissão à sociedade.

Todavia, não havia consenso quanto ao limite temporal da referida


responsabilidade, tendo em vista disposições contidas no Código Civil vigente,
nos artigos 1.003, parágrafo único e 1.032, verbis:

“Art. 1.003. A cessão total ou parcial de quota, sem a correspondente


modificação do contrato social com o consentimento dos demais sócios, não
terá eficácia quanto a estes e à sociedade.

Parágrafo único. Até dois anos depois de averbada a modificação do contrato,


responde o cedente solidariamente com o cessionário, perante a sociedade e
terceiros, pelas obrigações que tinha como sócio”.

“Art. 1.032. A retirada, exclusão ou morte do sócio, não o exime, ou a seus


herdeiros, da responsabilidade pelas obrigações sociais anteriores, até dois
anos após averbada a resolução da sociedade; nem nos dois primeiros casos,
pelas posteriores e em igual prazo, enquanto não se requerer a averbação”.

Diante da existência de dispositivos legais, doutrinadores e tribunais


divergiam quanto à aplicação dos referidos dispositivos do Código Civil às
relações de trabalho.

Alguns sustentam a plena aplicação, sob o entendimento de que se trata


de norma compatível com o Direito do Trabalho, seus princípios e regras, como
se observa em julgado do Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região:

“Responsabilidade de ex-sócio. Artigos 1.003, parágrafo único, e 1.032 do


Código Civil. Dispositivos que definem o limite, no tempo, da responsabilidade
do sócio que se desliga da sociedade. A obrigação do ex-sócio não se
perpetua, pois, caso contrário, estaria comprometida a segurança dos negócios
e das pessoas. A responsabilidade do sócio não se estende para período em
que já não era mais sócio. E com a retirada - ou com a exclusão -, o ex-sócio
responde pelas tais obrigações (as que tinha enquanto sócio), até dois anos
depois da retirada ou da exclusão, ou da respectiva averbação. Agravo de
petição do executado a que se nega provimento” (11ª Turma, rel. Eduardo de
Azevedo Silva, Agravo de Petição em Embargos de Terceiro, Processo nº
1000418-12.2017.5.02.0072, d.p.27.06.2017).

No entanto, parte da doutrina e jurisprudência inclinava-se ao


entendimento no sentido da inaplicabilidade das referidas disposições, por
incompatíveis com o Direito do Trabalho (CLT, artigo 8º, parágrafo único), sob
o argumento de que o sócio retirante, por integrar a sociedade à ocasião do
trabalho que gerou o crédito ao empregado, experimentou benefícios com a
prestação dos aludidos serviços, a justificar a manutenção da sua
responsabilidade, mesmo após a sua retirada do quadro societário. Decisão do
TRT da 2ª Região traz, em sua objetiva ementa, teor que bem ilustra o que
aqui se afirma, a merecer transcrição:

“DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA. As disposições dos


artigos 1.003 e 1.032 do Código Civil não são aplicáveis ao Processo do
Trabalho, porque incompatíveis com as leis que regem o Direito do Trabalho,
nos termos do artigo 8o, parágrafo único, da CLT. Porém, entendo que, não
tendo a sócia agravante se beneficiado da mão de obra do autor, também não
pode ser responsabilizada pelos débitos que foram constituídos após a sua
saída. Agravo de petição a que se dá provimento” (2ª Turma, rel.Sonia Maria
Forster do Amaral, Processo nº 1000491-98.2016.5.02.0211, d.p.02.08.2017).

Também neste sentido, destaca Mauro Schiavi a existência da referida


corrente:

“Parte da jurisprudência se mostrava refratária à aplicação do art. 1.003 do CC


ao Processo do Trabalho, argumentando que a responsabilidade do sócio
retirante persiste para fins trabalhistas, mesmo depois de dois anos, pois se o
sócio retirante estava na sociedade à época da prestação de serviço e usufruiu
da mão de obra do trabalhador é justo que seu patrimônio responda pelos
débitos trabalhistas. Além disso, argumentam incompatibilidade com os
princípios protetor, da natureza alimentar e da irrenunciabilidade do crédito
trabalhista.” (A Reforma Trabalhista e o Processo do Trabalho. São Paulo:
LTr, 2017. p.127).
Além das correntes citadas supra, verificava-se diversas correntes
intermediárias, marcadas pelo vislumbrar condições para a aplicação dos ditos
artigos do Código Civil, limitadores da responsabilidade dos sócios retirantes.

Sepultando a divergência acima apontada, a Reforma Trabalhista insere


no corpo do texto celetista regra acerca do tema, em seu art. 10-A:

“Art. 10-A. O sócio retirante responde subsidiariamente pelas obrigações


trabalhistas da sociedade relativas ao período em que figurou como sócio,
somente em ações ajuizadas até dois anos depois de averbada a modificação
do contrato, observada a seguinte ordem de preferência:

I - a empresa devedora;

II - os sócios atuais; e

III - os sócios retirantes. “

Nos termos da lei, resta esclarecida a responsabilidade do sócio


retirante, que responderá subsidiariamente pelas obrigações trabalhistas da
sociedade empresária relativas ao período em que figurou como sócio, fixando-
se como prazo limite 2 (dois) anos a partir da retirada do sócio para
ajuizamento da reclamação trabalhista como marco temporal para fins de
responsabilidade do sócio retirante.

O fundamento adotado pela redação legal é aquele apresentado pela


segunda corrente, que leva em consideração o proveito econômico obtido pelo
sócio com a exploração da mão-de-obra do trabalhador (quem recebe o bônus
deve arcar com o ônus).

Todavia, o texto legal colocado em vigor pela Reforma Trabalhista


também estabelece uma ordem de preferência para que seja redirecionada a
execução ao sócio retirante:

Respeito à ordem de preferência: a) Primeiro são executados os bens da


empresa. b) Caso não sejam encontrados ou sejam insuficientes, redireciona-
se a execução para os vens dos sócios atuais. c) Por fim, caso também não
sejam encontrados bens ou sejam estes insuficientes, parte-se para a
execução dos sócios retirantes (já se desligaram da empresa), apenas pelo
período em que permaneceu como sócio.

c) Como fica o contrato de trabalho que permanece em vigor após a


retirada do sócio?

Conforme explanação já realizada acima, o sócio só é responsável pelos


débitos trabalhistas cujo fato gerador tenha se dado no período em que ainda
figurava como integrante da sociedade. Assim sendo, faz-se necessária a
apuração, dentro do processo de execução, dos haveres trabalhistas devidos
ao exequente no período em que o sócio retirante integrava a sociedade, não
respondendo por valores devidos em virtude da manutenção do vínculo após a
sua retirada.

d) Como fica a responsabilidade dos sócios que ingressam na


sociedade empresária após o desligamento de empregado?

Neste caso, não houve qualquer alteração introduzida pela já referida


Reforma Trabalhista. Tal situação é resolvida com base no art. 1.025 do
Código Civil que assim dispõe:

“Art. 1.025. O sócio, admitido em sociedade já constituída, não se exime das


dívidas sociais anteriores à admissão”

Assim sendo, o sócio admitido em sociedade anteriormente constituída


responde pelas dívidas que esta já possuir (adquire os bônus e os ônus da
condição de sócio).
2) Prescrição (art. 11 e 11-A, CLT)

Em que pese se tratar de instituto de Direito Material, por caracterizar-se


como hipótese prejudicial à análise do mérito será também abordada no
presente trabalho.

Para fins acadêmicos, tratarei primeiramente da prescrição propriamente


dita (art. 11 da CLT) e, na sequência, sobre as novidades legislativas
referentes a prescrição intercorrente (art. 11-A da CLT).

Quanto à prescrição, a alteração verificada no código trata acerca das


prestações de trato sucessivo decorrentes de alteração ou descumprimento do
pactuado (art. 11, parágrafo 2º da CLT) e de disposição expressa acerca da
interrupção do prazo de prescrição. Eis as alterações:

“Art. 11. A pretensão quanto a créditos resultantes das relações de trabalho


prescreve em cinco anos para os trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de
dois anos após a extinção do contrato de trabalho.

(...)

§ 2º Tratando-se de pretensão que envolva pedido de prestações sucessivas


decorrente de alteração ou descumprimento do pactuado, a prescrição é total,
exceto quando o direito à parcela esteja também assegurado por preceito de
lei.

§ 3o A interrupção da prescrição somente ocorrerá pelo ajuizamento de


reclamação trabalhista, mesmo que em juízo incompetente, ainda que venha a
ser extinta sem resolução do mérito, produzindo efeitos apenas em relação aos
pedidos idênticos.”

Referente às alterações expostas supra, a grande discussão paira


acerca da aplicação do chamado protesto judicial em âmbito trabalhista, em
virtude do texto legal expressamente vincular a interrupção da prescrição à
interposição de “reclamação trabalhista”.
O protesto judicial possui como fundamento o art. 202, II do Código Civil
e é uma medida preventiva que tem como finalidade conservar direitos, através
de manifestação formal contra atos que a parte considere prejudiciais a seus
interesses. Trata-se de medida jurídica, por meio da qual o credor cientifica o
devedor da sua intenção de interromper o fluxo prescricional para resguardar
situações jurídicas e conservar direito.

Apesar de encontrar fundamento legal no Código Civil, trata-se de


espécie compatível com o Processo do Trabalho. Nestes termos, Maurício
Godinho Delgado informa:

“O Direito Civil arrola diversas (…) causas interruptivas, algumas delas


plenamente aplicáveis ao Direito do Trabalho (art.172, CCB/1916; art. 202,
CCB/2002). Assim, ilustrativamente, a prescrição interrompe-se pelo protesto
judicial e pessoal feito ao devedor ou por qualquer ato judicial que o constitua
em mora (interpelações, notificações, medidas preventivas, etc.).

Em que pese a literalidade do texto legal posto em vigor com a reforma,


o entendimento de alguns doutrinadores é no sentido de que o termo
“reclamatória trabalhista” seja entendido em sua acepção ampla, abrangendo
portanto o protesto judicial como forma de interrupção do prazo prescricional.
Defendem, portanto, o afastamento de eventual interpretação restritiva do texto
legal, de modo a abranger também o protesto judicial.

Acerca do tema, lecionam Rodolfo Pamplona Filho e Leandro Fernandes


em sua obra Tratado da Prescrição Trabalhista: aspectos teóricos e práticos.
(São Paulo, LTr , 20178, p. 44):

“Admitir tal conclusão importaria, porém, em flagrante violação ao princípio da


proporcionalidade (na vertente da vedação à proteção insuficiente), pois seria
atribuído tratamento jurídico menos favorável ao credor de verba de natureza
alimentar (e diretamente vinculada à própria concretização da dignidade
humana) em relação ao credor comum.

Ademais, a prevalecer a interpretação literal do dispositivo, o Direito do


Trabalho será o único ramo do Direito em que o reconhecimento da obrigação
pelo devedor não produzirá qualquer efeito em relação à prescrição. Sob essa
ótica, a entrega aos credores de uma empresa de uma declaração de confissão
de dívida seria irrelevante para fins de contagem do prazo prescricional
exclusivamente em relação aos trabalhadores. A interpretação literal conduz,
no particular, a um resultado absurdo.”

Assim, com espeque no preceito da vedação à proteção insuficiente,


desdobramento da proporcionalidade, entendemos que o novo art. 11, § 3º da
CLT não deve ser interpretado como dispositivo veiculador de uma exclusão
das demais causas interruptivas previstas no ordenamento jurídico, que
prosseguem plenamente aplicáveis na seara trabalhista.”

Contudo, em pesquisa ao site do Tribunal Superior do Trabalho


(www.tst.jus.br), foi localizada proposta apresentada pelo Ministro João Oreste
Dalazen, Presidente da Comissão de Jurisprudência e Precendentes
Normativos àquela Colenda Corte para alteração de algumas Súmulas e
Orientações Jurisprudenciais, encontrando-se entre elas a Orientação
Jurisprudencial 392 da SBDI-1/TST, que trata acerca da matéria:

Orientação Jurisprudencial 392 da SBDI-1/TST (redação atual):

392. PRESCRIÇÃO. INTERRUPÇÃO. AJUIZAMENTO DE PROTESTO


JUDICIAL. MARCO INICIAL. (republicada em razão de erro material)
- Res. 209/2016, DEJT divulgado em 01, 02 e 03.06.2016

O protesto judicial é medida aplicável no processo do trabalho, por força


do art. 769 da CLT e do art. 15 do CPC de 2015. O ajuizamento da ação,
por si só, interrompe o prazo prescricional, em razão da inaplicabilidade
do § 2º doart. 240 do CPC de 2015 (§ 2º do art. 219 do CPC de 1973),
incompatível com o disposto no art. 841 da CLT.

Orientação Jurisprudencial 392 da SBDI-1/TST (redação sugerida):

PRESCRIÇÃO. INTERRUPÇÃO. A.TUIZAMENTO DE PROTESTO


JUDICIAL. MARCO INICIAL (alterada - incluido o item II em decorrência
da Lei n" 13.467/2017) - Até 10 de novembro de 2017, o protesto judicial
é medida aplicável no processo do trabalho, por força do art. 769 da CLT
e do art. 15 do CPC de 2015. O ajuizamento da ação, por si só,
interrompe o prazo prescricional, em razão da inaplicabilidade do § 2" do
art. 240 do CPC de 2015 (§ 2° do art. 219 do CPC de 1973),
incompatível com o disposto no art. 841 da CLT.

A partir de 11 de novembro de 2017, início de vigência da Lei n°


13.467/2017, o ajuizamento de protesto judicial não interrompe o prazo
prescricional. A interrupção da prescrição, desde então, somente com o
ajuizamento de reclamação trabalhista, mesmo que em juízo
incompetente, ainda que venha a ser extinta sem resolução do mérito,
produzindo efeitos apenas em relação aos pedidos idênticos. Incidência
do § 3° ao art. 11 da CLT, com a redação da Lei 13.467/2017.

A proposição de alteração encontra-se pendente de apreciação até a


presente data.

Outra indagação interessante acerca do tema é a seguinte: A reforma


resolve a questão da aplicação de ofício da prescrição no processo do
Trabalho?

Não. O artigo 11-A, CLT informa que pode ser declarada a requerimento
ou de ofício apenas a prescrição intercorrente (no curso da execução). No
mais, continua valendo o entendimento pacificado do TST de que não se aplica
de ofício a prescrição no processo do trabalho. Normas de Processo Civil que
prevejam a aplicação de dispositivo contra o direito do trabalhador não devem
ser aplicadas no processo do trabalho em razão de seu caráter tuitivo (tutelar).
Contudo, ressalva-se a existência de corrente minoritária entende que o crédito
trabalhista possui caráter patrimonial, sendo, por isso, possível aplicar a
prescrição de ofício.

Passando a tratar especificamente da prescrição intercorrente, já há


muito tempo permanece na esfera trabalhista grande discussão, tanto
doutrinária quanto jurisprudencial, acerca de sua no âmbito do Processo do
Trabalho.
Comprovando o grave dissenso que pairava sobre o tema em questão,
transcrevo abaixo Súmula editada pelo Tribunal Superior do Trabalho e pelo
Supremo Tribunal Federal acerca do tema:

“Súmula 327, STF - O Direito Trabalhista admite a prescrição intercorrente.”

“Súmula 114, TST - É inaplicável na Justiça do Trabalho a prescrição


intercorrente.”

Maurício Godinho Delgado em sua obra Curso de Direito do Trabalho


(2014, P. 289) conceitua prescrição intercorrente como sendo “a prescrição que
flui durante o desenrolar do processo. Proposta a ação, interrompe-se o prazo
prescritivo; logo a seguir, ele volta a correr, de seu início, podendo consumar-
se até mesmo antes que o processo termine”.

Acerca desta espécie prescricional, a Lei nº 13.467/2017 (Reforma


Trabalhista) acresceu o art. 11-A na Consolidação das Leis do Trabalho,
dispondo da seguinte forma:

“Art. 11-A. Ocorre a prescrição intercorrente no processo do trabalho no prazo


de dois anos.

§ 1º A fluência do prazo prescricional intercorrente inicia-se quando o


exequente deixa de cumprir determinação judicial no curso da execução.

§ 2º A declaração da prescrição intercorrente pode ser requerida ou declarada


de ofício em qualquer grau de jurisdição. (Red. L. 13.467/17).”

Conforme nos ensina a melhor doutrina, o prazo prescricional, que


enseja a perda do direito de ação sobre um determinado direito, é interrompido
pelo ajuizamento da ação. Após isso, caso seja paralisado o processo em
decorrência do não atendimento de alguma determinação judicial, por mais de
2 (dois) anos, opera-se a prescrição intercorrente.

Quanto à aplicação prática do instituto em questão, indaga-se: A


prescrição intercorrente se aplica no caso em que não forem encontrados bens
penhoráveis de propriedade do executado pelo exequente?
Este tema não foi solucionado com clareza pela reforma.

Não sendo encontrado o executado ou bens para penhora, suspende-se


a execução sem que a prescrição corra (L. fiscal 6.830/80, art. 40, em
apêndice, aplicável à execução trabalhista), mesmo que os autos tenham sido
arquivados, trata-se de arquivamento provisório do processo de execução,
como define o TST, Ato GCGJT 17/11 (desarquivamento é assegurado ao
credor e/ou ao juiz por ofício). Entretanto, se a suspensão não ocorreu por
ausência de bens para penhora, mas por descuido, opera-se a prescrição. Se
no momento do arquivamento tiver decorrido o prazo prescricional, deverá o
juiz de ofício decretar a prescrição após a oitiva das partes (L. 6.830/80, art. 40,
§ 4º c/c art. 10, NCPC). Quando o valor da execução for menor que o mínimo
fixado pelo Ministro da Fazenda, será dispensada a manifestação do ente
público (L. 6.830/80, art. 40, § 5º, incluído L. 11.960/09).

Partindo de tais pressupostos, conclui-se o seguinte: a aplicação da


prescrição intercorrente deve ser realizada em casos de não atendimento de
alguma determinada providência pelo exequente (apresentação de cálculos,
por exemplo).

Por fim, é importante salientar que para a aplicação de ofício da


prescrição intercorrente, nos termos da lei, deve ser observado o contraditório,
visto que, nos termos do art. 10, CPC (vedação à decisão surpresa), antes da
declaração de forma definitiva da prescrição intercorrente, devem ser intimadas
as partes.

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