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RESUMO
A produção de conteúdos jornalísticos convergentes faz parte do cotidiano das redações
dos grandes veículos de comunicação e na academia cabe aos laboratórios
experimentais suprir as necessidades e tendências para formação teórica e prática. Nesse
contexto, o presente trabalho tem como objetivo analisar o processo de convergência
para a publicação de conteúdos digitais produzidos por uma agência experimental em
jornalismo. Nesse sentido, buscou-se compreender sua rotina jornalística e descrever os
recursos e formatos utilizados para a produção das publicações digitais multimidiáticas.
INTRODUÇÃO
O jornalismo se apropria das tecnologias e inovações nas formas de
comunicação na intenção de se adaptar a uma nova maneira de comunicar, levando em
conta, entre outras coisas, os processos multidirecionais de comunicação, a
interatividade com o público e, principalmente, a linguagem hipermidiática. Para tal, o
jornalista precisa se mostrar cada vez mais completo no sentido de conhecer não apenas
o seu trabalho e como o fazer, mas também as ferramentas e artifícios os quais podem
ser usados para incrementar a sua matéria escrita. É necessário publicar
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Trabalho submetido ao XXIII Prêmio Expocom 2016, na categoria Jornalismo, modalidade JO07 - Produção em
Jornalismo Digital.
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Aluna líder do grupo e estudante do 6º. Semestre do Curso de Comunicação Social – Jornalismo, email:
wanessalugoe@gmail.com.
3
Professora do Curso de Comunicação Social da Universidade de Fortaleza (Unifor), email:
adrisantiago@gmail.com.
4
Estudante do 5º. Semestre do Curso de Comunicação Social – Jornalismo, email: claudiariello@gmail.com.
5
Professor do Curso de Comunicação Social da Unifor, email: eduardonfreire@unifor.br.
6
Estudante do 5º. Semestre do Curso de Comunicação Social – Jornalismo, email: jd.alcantara@hotmail.com.
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Orientadora do trabalho. Professora do Curso de Jornalismo, email: raikarenls@gmail.com.
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REFERENCIAL TEÓRICO
Blogs, ou blogues em português, podem ser definidos de várias maneiras, mas
um ponto em comum em todas as definições é que são um formato de publicação criado
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na web e para web, funcionando como ferramenta virtual de publicação digital. Além
disso o blogue tem uma série de características que o diferencia facilmente dentro da
internet, dentre elas uma das mais marcantes são as atualizações frequentes, feitas em
curtos intervalos de tempo. Para gerir essas atualizações, também chamadas de posts,
pode-se ter um ou mais autores e o conteúdo é variado.
Segundo Recuero (2003) os blogues são espaços pessoais e individuais. Por isso
– e pelas frequentes atualizações –, os blogues se apresentam de forma dinâmica e
utilizando uma linguagem próxima do seu público-alvo, podendo variar, portanto da
linguagem familiar à culta, dependendo do assunto principal do blog ou da publicação
específica já que o formato permite uma infinidade de assuntos e abordagens.
Também por essa abrangência, os blogues se apresentam em “categorias”
principais. Ainda de acordo com Recuero, os blogues podem ser 1) Diários; 2) De
Publicações; 3) Literários; 4) Clippings; e 5) Mistos.
O primeiro objetiva publicar fatos da vida pessoal do(s) autor(res), funcionando
como um diário virtual. O segundo visa trazer informações através do ponto de vista
do(s) autor(res) abrindo espaço para a discussão e o comentário. O terceiro é voltado
para a literatura em todos os âmbitos do assunto, desde a publicação de textos autorais
até análises de obras literárias. O quarto funciona como um filtro de informações, onde
o(s) autor(res) posta(m) links de outros endereços virtuais e faz(em) comentários sobre o
conteúdo encontrado. O último tipo são livres no sentido de pertencer a uma categoria,
misturam publicações pessoais do(s) autor(res) com informações de outros lugares, com
links, ou simplesmente publicam enunciados.
Além de tudo, as publicações ficam em ordem cronológica inversa, e essa é uma
das características mais marcantes desse formato. Os posts mais atuais empurram os
antigos para baixo, deixando os novos em destaque e as primeiras publicações embaixo
ou em páginas posteriores.
O termo página é o mais correto porque em certo momento da história de
evolução dos blogues, os posts viraram páginas independentes e acessíveis através de
um link próprio. Cada publicação ganhou mais autonomia e um endereço virtual só seu,
o que junto com outra ferramenta da Web – a caixa de comentários e respostas – trouxe
mais dinamicidade para os formatos da Web, e, principalmente para os blogues. A partir
dessa ferramenta de diálogos, pôde-se discutir sobre as implicações de alguma
publicação na própria página da publicação.
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Todas essas características deram ao formato blogue a popularidade que ele tem
hoje mas nem sempre foi assim. No começo da Web 2.0, quando os formatos da Web,
principalmente os sites passaram a ser feitos com um conteúdo mais dinâmico e as
páginas virtuais passaram a ter mais interatividade com as pessoas e a facilitar a relação
entre os usuários (Zago, 2008), começaram a aparecer os blogues.
A nomenclatura ficou por conta de Jorn Barger, que em 1997 disse que o novo
formato que aparecia era chamado weblog, mas dois anos mais tarde Peter Merholz
corrigiu o nome para wee-blog e com a popularização do formato, o nome passou a ser
apenas blog (Blood, 2000).
Segundo Malini (2008), no começo da era dos blogues, final dos anos de 1990,
início da Web 2.0 os blogues ficaram caracterizados inicialmente por usarem links:
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METODOLOGIA
O presente trabalho decidiu por se utilizar de três métodos de pesquisa:
qualitativa, observação participante e estudo de caso.
Trata-se de uma pesquisa qualitativa, pois investigou o fenômeno social que
ocorreu dentro do laboratório e agência experimental em Jornalismo durante o período
observado, tendo o próprio pesquisador como principal ferramenta de realização da
pesquisa. como asseguram Ludke e André (1986) que classificam a pesquisa
qualitativa:
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Com isso em mente, foi observada a transição natural pela qual o laboratório
passou, ao sair do formato mais convencional da produção jornalística (onde os
formatos impresso, blogue, fotojornalismo, etc., não, necessariamente, se integravam)
para a adaptação ao ritmo ditado pela atual globalização mundial, que exige uma maior
rapidez na produção da notícia e um maior nível de convergência das mídias para uma
boa absorção do consumidor e utilização na web.
Foi realizada observação participante, por se tratar de pesquisa realizada por
alunos da Universidade que atuam também como estagiários no local em questão. Os
pesquisadores acompanharam de perto e internamente o processo de adaptação pela
qual o laboratório passou, deixando de existir como Blog do Labjor e passando a atuar
por meio do atual Portal do NIC. A equipe de pesquisa, formada por três professores
orientadores, e três alunos, estagiários internos do laboratório, pôde observar com maior
propriedade e detalhamento o cotidiano do Núcleo se modificar e adaptar ao novo
formato. Para isso, a equipe contou com o depoimento de três outros estagiários que
estiveram presentes durante, especificamente, o momento de transição do laboratório de
práticas jornalísticas ao que pretende ser uma agência experimental de notícias. Dessa
forma, o método seguiu exatamente como definido por Gil (2010):
A observação participante, ou observação ativa, consiste na
participação real do conhecimento na vida da comunidade, do
grupo ou de uma situação determinada. Neste caso, o observador
assume, pelo menos até certo ponto, o papel de um membro do
grupo. Daí por que se pode definir observação participante como
a técnica pela qual se chega ao conhecimento da vida de um
grupo a partir do interior dele mesmo (GIL. p. 103, 2010).
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RESULTADOS
O projeto de convergência proposto por Araújo, Freire e Sales (2016), no
trabalho Projeto JornalismoNIC convergente: Uma proposta de ensino laboratorial, feito
no momento inicial de implantação da nova fase do Núcleo Integrado de Comunicação,
se mostra cada vez mais presente e palpável, já que, com a atualização da plataforma de
publicações, um novo portal foi hospedado em um endereço diferente. Apesar de os
formatos serem similares e ambos se enquadrarem nas características cronológicas e de
apresentação que se assemelham a um blog e possuírem o mesmo formato digital, as
mudanças no conteúdo, na forma de construção dos textos, e na imersão dos estagiários
durante o planejamento e a produção das matérias foram modificadas para melhor se
adaptar às novas práticas jornalísticas.
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Fonte: https://blogdolabjor.wordpress.com
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Fonte: http://portaldonic.com.br/jornalismo/
Esse diálogo com os outros grupos de trabalho do NIC também foi uma
mudança a se considerar, tendo em vista que o grupo de trabalho do web jornalismo
pôde dinamizar as suas produções com ajuda das outras equipes, como, por exemplo,
FotoNIC, RádioNIC, WebTV e Mídia Interativa, implantando nas matérias fotografias,
áudios, vídeos, ilustrações e infográficos para melhor explicar um assunto e/ou facilitar
o entendimento do leitor. Essas “parcerias” trouxeram um novo hábito para o
JornalismoNIC, o que modificou a rotina de trabalho e criou uma nova mentalidade nos
estagiários, tornando-os mais proativos, independentes, completos profissionalmente e
adaptáveis a produções em diferentes meios.
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Fonte: Ilustração
Em relação a isso, um repórter estagiário comentou, em entrevista, sobre essa
nova roupagem e a mudança do pensar jornalístico do Núcleo:
“Durante alguns anos, o Blog do Labjor manteve um layout antigo,
sem muitas tonalidades de cor, sem estruturas mais novas onde
ficassem mais acessíveis menus, vídeos, fotos, entre outros. A
mudança, organizada pelos professores gestores da época, buscou
transformar não só a "cara" do blog, mas o conteúdo também.
Aumentou-se o número de matérias a serem produzidas, as fotos não
seguiam mais um padrão de local para serem colocadas, algumas falas
ganhavam destaque em uma cor diferente do corpo do texto, matérias
possuíam infográfico, vídeos produzidos pela WebTV [...] entre
muitas outras mudanças. Na minha opinião, com certeza a
transformação do blog trouxe mais empenho, dedicação e
principalmente, experiência para quem participou do processo e para
quem participa hoje do portal.” (Entrevistado 1)
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gênero perfil geralmente tem um ou mais trechos sonoros com o próprio entrevistado
contando sua história, geralmente gravados e editados com ajuda da RádioNIC; um
novo passeio de barco em uma Área de Preservação Ambiental na cidade ganhou um
vídeo mostrando o trajeto e a paisagem encontrada, contando com a assinatura da
WebTV.
Essa transformação na forma de fazer e de pensar o jornalismo digital do NIC é
(lembrada) por um dos repórteres estagiários que viveu a mudança. Em entrevista, ele
observa que a migração para outro endereço eletrônico foi mais que puramente visual
ou por praticidade:
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Esse tipo de produto produzido pelo NIC propicia aos estudantes envolvidos
uma maior chance de competir por igual no mercado de trabalho, considerando-se que
deste modo desenvolvem melhor sua capacidade de multidisciplinaridade na prática,
como vem sendo exigido dos profissionais que atuam nos grandes órgãos de
comunicação. Esse pensamento é confirmado e compartilhado também pelos estagiários
que viveram o momento de transição do portal antigo para o novo:
“A vivência no NIC é muito importante, principalmente por estarmos
em um mundo onde o mercado de trabalho exige cada vez mais
experiência de pessoas com cada vez menos anos de vida.[...] O tempo
de estágio no Núcleo Integrado de Comunicação é uma ótima
oportunidade para "sentir um gosto do mercado", e como as redações
funcionam. Apesar do ritmo não ser o mesmo das grandes redações, a
experiência no NIC é extremamente válida, principalmente para
aqueles que nunca viveram o dia-a-dia de uma redação de um blog ou
de um jornal impresso. A mudança do Labjor para o Jornalismo NIC
foi um acontecimento muito importante. Os veículos de mídia
precisam estar em constante renovação, seguindo as tendências do
mercado. E essa mudança não foi diferente”. (Entrevistado 3)
CONSIDERAÇÕES
O “projeto” Último Lance mostra como o diálogo entre as células, a
convergência, a multimidialidade e o conhecimento de várias linguagens, por parte do
jornalista, é importante e engrandecedor, e, nesse sentido, o laboratório experimental em
jornalismo do NIC consegue ser eficiente oferecendo experiências cada vez mais
próximas da realidade do mercado, trabalhando uma redação integrada e utilizando
recursos e produtos das áreas de impresso, rádio, fotografia, mídias interativas e webtv.
Percebeu-se, com as práticas de convergência e multimidialidade, que os estudantes se
sentem mais preparados para serem inseridos no mercado de trabalho, ao vivenciar a
rotina e as atividades de uma redação jornalística integrada e multidisciplinar.
O formato de trabalho com foco na produção de jornalismo convergente teve
início em agosto de 2015, e acumulou um total de 405 matérias até maio deste ano. A
produtividade semanal tem em média quinze publicações e rendeu até maio deste ano
mais de 15 mil acessos. Nas redes sociais as matérias são publicadas diariamente e,
somente no Facebook, chegou-se a 248.228 alcances desde o lançamento do Portal.
Como proposta para possível prosseguimento da pesquisa, foi observado durante
o presente levantamento de natureza qualitativa, que a contribuição de uma pesquisa
quantitativa mostra-se interessante para melhor compreender a evolução do Portal de
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ARAÚJO A.S.; FREIRE E.N; SALES R.K.L. Projeto Jornalismo NIC convergente:
Uma proposta de ensino laboratorial. In: VII ENCONTRO DE PRÁTICAS
DOCENTES. Anais. Disponível em:
<http://uol.unifor.br/oul/conteudosite/?cdConteudo=6132767>. Acesso em 20 mai
2016.
GIL, Antonio Carlos. Métodos e Técnicas de Pesquisa Social. São Paulo, Editora
Atlas S.A. - 2010.
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<http://www.intercom.org.br/papers/regionais/sudeste2008/resumos/R9-0405-1.pdf>.
Acesso em: 11 jul 2016.
ZAGO, Gabriela da Silva. Dos Blogs aos Microblogs: Aspectos Históricos, Formatos e
Características. 2008. Disponível em: <http://www.bocc.ubi.pt/pag/zago-gabriela-dos-
blogs-aos-microblogs.pdf>. Acesso em 11 jul 2016.
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