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Livro: MOSCA João (2009): ECONOMICANDO. Maputo, Alcance Editores.

ISBN: RLINLD N.º 6048/RINLD/2009.


Capitulo: PRÁTICAS E DESAFIOS DO ENSINO SUPERIOR EM MOÇAMBIQUE

PRÁTICAS E DESAFIOS DO ENSINO SUPERIOR EM MOÇAMBIQUE1

1. Introdução

Foi com grande surpresa que recebi o convite para proferir a oração de sapiência
referente à abertura do ano lectivo de 2009 nesta Universidade. Surpresa por pensar que
merecem este honroso convite, personalidades com um amplo reconhecimento
científico, figuras de destaque e prestigio. Cidadãos com percursos, vivências e idade
que oferecem legitimidade aos discursos que valem pelo conteúdo e pelo orador.
Orações de sapiência onde a sabedoria significa virtuosismo e um consenso alargado.

Aceitei o honroso convite ciente de não ser a personalidade que esta jovem mas já
prestigiada Universidade mereceria para um acto deste significado e simbolismo.
Aceitei por conhecer um pouco a POLITÉCNICA e saber das preocupações sobre a
qualidade e das medidas para a construção de uma organização moderna, capaz de
oferecer serviços que contribuam para um Moçambique melhor. Agradeço aos senhores
Magnífico Reitor e Vice-Reitora o prestigioso convite.

Nesta apresentação apenas se aborda o ensino superior. Não se faz uma análise do
sistema educativo no seu conjunto, o que eventualmente forneceria uma visão mais
ampla e holística. Isolou-se o objecto para permitir uma análise mais profunda
considerando o tempo disponível. Por outro lado, alargar a análise para além dos limites
estritos do tema, pode dispersar o foco da comunicação e “exportar” responsabilidades
sobre o estado actual do ensino superior. Se os estudantes estão entre três e cinco anos
na Universidade e saem maus técnicos, então alguma responsabilidade recai no ensino
superior, por muita deficiente preparação que exista nos níveis anteriores de formação.

2. Contextualização

Abordo de forma breve alguns dos aspectos que me parecem mais pertinentes na
actualidade do ensino superior e seus desafios, num quadro das evoluções rápidas das
sociedades, simultaneamente mais globais e locais. Considera-se o contexto de uma
Nação em construção, plena de optimismos e desafios, com significativos avanços nos
últimos anos, mas também com desequilíbrios, como a pobreza e a riqueza, as
desigualdades sociais, a dependência e a soberania, um legado histórico cheio de
heroicidade mas também de zonas sombrias. Se este texto servir para algum debate e
reflexão, independentemente de se concordar, é positivo.

Dirijo-me à comunidade académica porque deles depende em parte a formação das


próximas gerações e de uma nação que merece sair dos postos mais baixos de entre os
países no que respeita à pobreza, dependência económica, baixa competitividade e
corrupção. Um país onde existem sistemas de poder que simultaneamente pretendem a
modernidade e transportam elementos que alimentam ciclos desvirtuosos. É sem dúvida

1
Este texto baseia-se na oração de sapiência proferida por ocasião da abertura do ano lectivo 2009 na
Universidade Politécnica, no dia 13 de Fevereiro. Ao texto da oração de sapiência, foram introduzidos
pequenas alterações de forma para adaptação à publicação em livro.
Livro: MOSCA João (2009): ECONOMICANDO. Maputo, Alcance Editores.
ISBN: RLINLD N.º 6048/RINLD/2009.
Capitulo: PRÁTICAS E DESAFIOS DO ENSINO SUPERIOR EM MOÇAMBIQUE

o ensino uma das principais forças de transformação do Homem e da sociedade. A


educação de qualidade é condição base para que os nossos netos não sejam pobres. Não
vou debruçar-me aqui sobre os diferentes componentes que formam a qualidade nem as
opções metodológicas da sua estimação. É controverso e difícil. Mas por outro lado,
fica fácil saber o que não é qualidade.

Vive-se num mundo contraditório e de mudanças ao ritmo do segundo. Guerra e paz.


Riqueza e pobreza que se multiplicam. Bem-estar e sofrimento que coabitam.
Democracias, ditaduras e democracias de fachada que se reforçam mutuamente. Crise e
progresso. Mais individualismo, com ou sem reforço de sistemas assistenciais. Um
mundo em que se requestionam em cada instante e de forma aparentemente inesperada,
paradigmas fundamentais dos sistemas políticos, da economia e até da vida. Sociedades
que se diversificam e enriquecem com cruzamentos raciais e étnicos, culturais e
religiosos, simultaneamente que se impõem guerras em relação às quais se manipula a
negação do confronto civilizacional. Cidadanias que querem alterar burocracias e
numenklaturas que impõem ideologias, culturas e mecanismos de reprodução de
poderes autocráticos e de acumulação concentrada e excluínte.

Um mundo em que os governos mandam e influenciam cada vez menos o


desenvolvimento devido à dominância do liberalismo e da sua componente económica,
a mão invisível, que se transforma em visível quando os escândalos financeiros
destapam máfias organizadas e se necessita do Estado para evitar o colapso das
economias. Fluxos financeiros inimagináveis circulam em cada instante sem que
alguém saiba o que se passa. As engenharias financeiras e especulativas, e o tráfego de
droga, do armamento e de pessoas, são os grandes negócios da nossa era em relação aos
quais os governos pouco podem. A guerra e o terrorismo ultrapassam os limites de
decisão e de intervenção dos estados. As organizações regionais exigem cada vez mais
espaços de soberania aos seus estados-membros. Os cidadãos vêm os domínios de
liberdade individual e até de intimidade, agredidos pelas ondas securitárias, porventura
necessárias. Vivemos na era dos problemas globais que exigem soluções transnacionais
e novos reordenamentos internacionais, mas também de elites patriotas e não
provincianas.

É nesta complexidade que se vive. É para estes dilemas que temos de estar preparados e
sobretudo, é para este mundo pleno de desafios e contradições que se preparam os
jovens. Um mundo competitivo que exige qualificação, competência, eficiência,
atitudes e capacidade de trabalho. Mas também honestidade e ética em contextos de
evoluções difusas nos seus valores e em mercados selvagens. Mentalidades abertas e
não prisioneiras a grupos de interesses de diversas naturezas. Cidadãos com referências
nas suas raízes culturais e também nas diversidades do mundo. É por sentir que a
Universidade POLITÈCNICA quer construir o pensamento aberto num clima de debate,
que aceitei o convite e faço esta intervenção, mesmo que saudavelmente não
consensual, isto porque espero ainda adquirir os consensos da sabedoria dos mais
idosos.

3. A formação

Gostemos ou não, ensino superior é formação de elites. E é necessário saber que elites
se quer e, portanto, que ensino se pretende. A formação deste homem novo ideal que
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sempre será velho, apenas é possível com sistemas educativos abertos e exigentes, em
que se desenvolvem capacidades técnicas e mentes críticas, intelectos irrequietos e
questionantes, consciências e atitudes activas de cidadania. Homens também capazes de
suportar os custos da dignidade, da honradez e da missão de servir mais do que se
servir. Ou, o contrário, queremos elites tecnicamente medíocres, cidadãos que buscam a
vida servindo-se de alinhamentos que reproduzem desigualdades com base em valores
que segmentam a sociedade por critérios proteccionistas e de justiça social duvidosa?
Ou, sendo optimista, tecnocratas eficientes, servidores acríticos e empregados ou
militantes “bem comportados”? Esta última opção é a preferência das burocracias
eficientes mas com falhas de democraticidade e de empregadores adversos à inovação e
à competitividade.

O estudante tem de ser exercitado a pensar, a duvidar sistematicamente e de forma


radical como nos ensinou Descartes com o seu cepticismo metodológico já passados
mais de três séculos e que hoje ainda persistimos na confusão dos conceitos de “crítico”
como método e “contra” como posicionamento ideológico ou político. O quadro
superior para além de um bom técnico terá de ter capacidade de análise e flexibilidade
de adaptação às mudanças rápidas, possuir habilidades para a sobrevivência em
ambientes competitivos muitas vezes hostis e aprender sempre.

Também por isso, para se ser licenciado, é necessário passar-se por vários crivos. Parece
justo que se alarguem as acessibilidades de entrada no ensino superior sem que isso
signifique facilidade de saída. Duvido que Moçambique necessite da massificação do
ensino superior nos próximos bastantes anos. Sociedades muito mais avançadas só
agora estão ensaiando esse objectivo. O nível de desenvolvimento das organizações e da
economia moçambicana, não requerem centenas de milhares de técnicos. Exigem sim,
de uma pirâmide de recursos humanos bem qualificados tecnicamente, com valências
alargadas que se especializarão no trabalho e com sucessivas acções de formação ao
longo da vida. Actualmente, a massificação leva os formados para o desemprego ou
para o desempenho de tarefas não concordantes com a formação, provocando desânimo,
insatisfação e investimentos não compensados. A quantidade não pode comprometer a
qualidade. Lamentavelmente, assiste-se a correntes demagógicas no ensino superior que
a perdurarem, trarão consequências não positivas para o país e para os nossos filhos.

4. Qualidade de ensino

A qualidade é um desafio constante mas que nem sempre está presente. Assistimos
actualmente à existência de ilhas empenhadas na construção da qualidade e,
simultaneamente, permitam-me a expressão, a dumbanenguização do ensino superior. A
multiplicação de escolas e de cursos que formam técnicos que embelezam as estatísticas
mas que a maioria reproduz a baixa produtividade e a ineficiência nas organizações e
exigem salários e regalias condizentes com um título, posição hierárquica ou estatuto
social.

Verifica-se a proliferação espacial de universidades, pequenas escolas e institutos


universitários pelo país. Com turbo docentes e muitas vezes não capacitados. Sem
instalações apropriadas, acervo bibliotecário, acesso à informação online, nem
laboratórios. O bom objectivo de fazer chegar escolas superiores às zonas menos
desenvolvidas, não deve ser à custa dos requisitos mínimos para que o ensino se possa
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realizar com qualidade. As universidades necessitam ter escala e massa crítica como
condição para o bom ensino e aprendizagem. Há pequenas cidades onde concorrem três
e quatro universidades e muitos cursos com poucos alunos, originando também
dificuldades financeiras. É necessário tomar medidas e elas competem ao Estado.

Por outro lado, faz parte da formação que os estudantes conheçam outras realidades que
não apenas aquelas onde se nasceu e cresceu. É desejável adquirirem-se referências e
vivências em ambientes diversos, no país e no estrangeiro, para que não tenhamos
técnicos superiores com mentes paroquiais.

Deste modo está-se configurando uma trajectória de sociedade e país com base em
rendimentos crescentemente negativos. Maus estudantes exigem pouco dos docentes e
vice-versa. Com aulas mal dadas a legitimidade de exigência é reduzida. As
universidades não são pressionadas para a contratação e formação do corpo docente,
alimentando a ilusão da rentabilidade com políticas de custos baixos. Pouca exigência
dos estudantes requer menos trabalho dos docentes, menos pesquisa, pouco domínio de
novas tecnologias etc. Um corpo docente sem prestigio não credibiliza as instituições
que encontrarão dificuldades de parecerias com universidades de referência em
condições semelhantes de permuta de interesses. Maus estudantes serão muito
provavelmente maus técnicos. O que copia será por certo um Homem que busca
objectivos sem olhar a meios. O que se habitua a “jeitchinhos” procurará no futuro
esquemas que nada terão que ver com a concorrência e competitividade. Estaremos
perante um ciclo em que mediocridade gerará mais mediocridade.

Simultaneamente, emigram milhares de estudantes na procura de ensino socialmente


apercebido como credível. São geralmente os filhos das classes de rendimento alto, uma
minoria social emergente que quer boa formação na certeza que estão reproduzindo,
legitimamente, a condição de classe da família e assegurando um futuro melhor para os
filhos. Este fenómeno está em prática e já existe a primeira geração de herdeiros que
assumem postos de responsabilidade e asseguram negócios com base na confiança por
familiaridade e em compromissos que não necessariamente os da competência,
experiência e mérito. Aceitamos que os filhos das classes de rendimento alto sejam
formados no exterior e os filhos dos pobres em Moçambique? Estes, serão no futuro
provavelmente piores técnicos; os primeiros acrescentarão à suposta melhor formação,
mais acessibilidades e oportunidades na vida. Se o ensino é uma forma de assegurar a
mobilidade social, pode ser também um meio de reprodução das desigualdades e
injustiças.

Estou a favor da formação no exterior sobretudo para a formação pós-graduada, mas


também para os estudantes excelentes e independentemente das possibilidades
económicas das famílias. A constituição de bolsas de excelência do Estado, das
universidades e da cooperação, parece ser uma possível solução. Existem bons casos
que necessitam ser expandidos e assumidos pelas instituições moçambicanas.

Não sou dos que afirmam, e são muitos, da impossibilidade de termos escolas de nível
elevado. Mas também acredito ser uma tarefa difícil e merecedora de paciência,
persistência, competência e muita sabedoria.
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As universidades privadas têm o imperativo da sobrevivência económica. Qualidade


significa custos altos. Necessita muitos alunos e propinas que nem sempre estão ao
alcance da maioria das famílias. Se a qualidade significa exigência e eventualmente
selectividade, a cultura dominante do facilitismo preferirá a procura de escolas com
essas práticas. Este raciocínio poderá levar-nos a dar razão àqueles que advogam a
impossibilidade de termos boas universidades. Exigência significa pedagogias que
impõem elevados ritmos de trabalho, esforços de rigor, sistemas de avaliação que
mantenham os estudantes em permanente actividade pedagógica, criação do brio, da
ética, do profissionalismo e, finalmente, sistemas de avaliação que afiram a
aprendizagem sem demagogias nem facilitismos.

Uma forma, certamente não a única de se conseguir o contrário, é conceber a qualidade


como um processo sempre inacabado, sendo inadiável começar ou dar continuidade.
Para o efeito arrisco algumas estratégias que resumiria nas seguintes:
• Formar e seleccionar o corpo docente, aumentando gradualmente a quantidade
de professores efectivamente em tempo integral. Incentivá-los de forma a
permanecerem na universidade e com condições para a formação e investigação,
exigindo resultados com regimes de avaliação e respectivas consequências
práticas, tanto para os de mérito como o contrário. Não é fácil porque existem
oportunidades fora das universidades economicamente mais aliciantes.
• Modernizar o ensino e a aprendizagem com recurso a pedagogias inovadoras, às
novas tecnologias, ofertas de formações complementares e sistemas de avaliação
cada vez mais exigentes.
• Internacionalizar as universidades com parceiros de prestígio seja na formação
pós-graduada, como na investigação e em serviços à comunidade.
• Oferecer actividades extracurriculares como por exemplo, seminários, debates e
actividades culturais e desportivas, de forma a contribuir para a conformação de
elementos de identidade que orgulhem a comunidade académica e criem o
espírito de escola. As associações de estudantes jogam um papel importante e é
por isso desejável que sejam apoiadas e possuam programas formativos,
culturais e de entretenimento que complementem a formação do Homem.
Associações também exigentes com a universidade, em defesa dos interesses
académicos dos estudantes.
• Existirem mecanismos de relacionamento com a sociedade, seja através da
extensão como por meio da organização de associações de antigos estudantes,
sem dúvida um dos principais vectores da imagem das universidades onde se
formaram e que muito podem contribuir para a construção da qualidade. As
universidades têm ainda a responsabilidade de oferecer aos seus antigos
estudantes, acções de formação para actualização, especialização e cursos de
pós-graduações.
• Manter relações formais e orgânicas com os pais e encarregados de educação,
fazendo-os participar na vida da escola e no acompanhamento pedagógico dos
estudantes, contribuindo para o estreitamento relacional entre as universidades e
a comunidade. Num outro ponto de vista, se são eles que pagam os estudos, eles
devem conhecer o produto que estão a pagar e está sendo consumido pelos seus
filhos.
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As universidades que fazem estes esforços e sei que a POLITÉCNICA é uma delas,
encontrarão grandes dificuldades a curto prazo. Primeiro, se a concorrência é
maioritariamente facilitista, ela poderá absorver a maioria dos estudantes que pensa
serem as propinas a factura de um título e não o pagamento do acesso à formação.
Aconteceria neste caso o que se chama a lei de bronze da moeda, em como a má expulsa
do mercado a boa moeda. Neste caso, as boas universidades seriam expulsas pelas más.

Parece-me porém uma estratégia a longo prazo de tiro nos próprios pés, porque a má
formação será detectada na vida profissional e as respectivas escolas identificadas como
formadoras de desempregados e incompetentes. A sociedade ganhará cada vez mais
consciência do que significa qualidade e quererá que os seus filhos assim sejam
formados. No futuro, os estudantes terão orgulho de afirmar terem frequentado escolas
exigentes e haverá também empregadores que preferem um técnico com notas baixas de
uma boa escola do que um graduado com média alta de uma universidade sem prestígio.
Este é um processo de longo prazo. A dúvida é saber se a maioria da nossa sociedade
está nesse caminho ou, se está em configuração uma sociedade assente no amiguismo,
em esquemas e militantismos, e não na meritocracia. Sinceramente, tenho as minhas
dúvidas.

5. Papel do Estado

O Estado tem a responsabilidade de evitar a massificação sem qualidade,


designadamente através da avaliação das instituições e aplicando incentivos às melhores
universidades e cursos, por exemplo, com bolsas aos estudantes cujas famílias possuam
menores possibilidades económicas, oferecendo taxas de juro bonificadas para os
investimentos, subsídios para a aquisição de meios pedagógicos, ou dando preferência
na atribuição de fundos para a investigação. Ao Estado compete a aplicação de políticas
e de medidas de qualificação das universidades e do ensino, com regulação, fiscalização
e avaliação realizada por equipas independentes, com habilitação para o efeito e
mediante critérios predefinidos. Os exemplos positivos devem ser premiados e
penalizados os casos contrários.

Mas a intervenção do Estado tem de respeitar o que se designa por autonomia científica
e pedagógica universitária. Deve-se estar atentos a possíveis dirigismos de natureza
autoritária e sobretudo vigilantes para a eventualidade de se pretender impor, mesmo
que dissimuladamente, padrões ideológicos como um dos pilares de reprodução dos
poderes e de modelos económicos e sociais de desenvolvimento.

Penso que as universidades deveriam ter mecanismos de autoavaliação, principalmente


com fins pedagógicos e de superação institucional e dos seus docentes e funcionários e
também para preparação das avaliações externas.

O ensino é um bem e um serviço público que merece o acompanhamento do Estado,


seja em relação às universidades privadas como às públicas. Na educação, como em
quase todos os sectores, o princípio da regulação automática dos mercados, parece já ter
produzido suficientes casos anómalos para não merecerem o estatuto de dogma.

Por isso, ao Estado compete possuir uma estratégia de educação e do ensino superior no
quadro do investimento do capital humano equilibrado entre diferentes níveis de
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formação e especialidades, e que esteja associado ao nosso nível de desenvolvimento


presente e futuro. Caros economistas, ao contrário do que se ensina e do que dizem os
manuais convencionais e que a maioria de nós reproduz, o que o mercado possui são
desequilíbrios que se procuram ajustar com sucessivas tentativas para se assegurar
algum equilíbrio instável, geralmente não optimizante, dando origem às chamadas
decisões possíveis ou menos más ou, em linguagem coloquial, as decisões sub-óptimas.
Na economia como em tudo, não há equilíbrios estáveis, decisões óptimas e
racionalidades estritamente económicas. É importante evitar ultra-liberalismos na
educação.

Também as universidades devem ter estratégias. Escolher-se em que áreas se deve criar
prioritariamente a qualidade de forma a gerar elementos de identidade qualitativa e uma
marca no sentido comercial do termo, que as prestigiem junto dos seus estudantes, no
seio do ensino superior e na sociedade. As estratégias das universidades podem ser
“pactuadas” no quadro de uma divisão social do trabalho entre as instituições. A
concorrência no ensino traz vantagens e desvantagens. É possível reduzir as
desvantagens.

O princípio da acessibilidade ao ensino superior e a prestação do serviço da educação


não tem porque ser apenas garantido pelo Estado. Foram já referidas anteriormente
algumas formas do Estado ser um parceiro impulsionador do ensino de qualidade no
sector privado.

6. Investigação

Na nossa sociedade já se fala algo sobre a investigação. Mas faz-se muito pouco. Falar é
bom, se constitui o primeiro passo do futuro de uma sociedade e de instituições que
promovam o empreendedorismo e a inovação.

As universidades, por definição, também são centros de produção de conhecimento e de


estudo das realidades. Mas a investigação não pode estar prisioneira de preconceitos ou
limitações de natureza política ou outras. Na investigação não se rejeitam hipóteses à
partida. Os investigadores devem ser independentes e sem constrangimentos ou
mecanismos de auto censura e, porque não, serem algo rebeldes e inconformados com
os stableshements instalados. Mas os financiadores têm objectivos e estratégias e delas
dependem os fundos para a investigação. É por isso utópico falar da independência
plena da investigação mas também, como referiu David Landes no célebre livro A
Riqueza e a Pobreza das Nações, foram as sociedades de pensamento mais aberto e
liberto, as que experimentaram percursos históricos de maior progresso, sendo o
contrário também verdadeiro. Este é um dilema que acompanha a maturidade das
sociedades e das democracias. Não menos preocupante que as crises económicas e
sociais são as crises das ideias.

O docente e o investigador têm a sua carreira na qual deveriam investir cientes das
especificidades das opções de vida que assumem, com certeza de protagonismos
discretos e sem dúvida com menores rendimentos económicos. Mas com motivações de
pertença a uma actividade que influencia fortemente o progresso dos povos e o bem-
estar das pessoas, beneficiando-se do rejuvenescimento constante resultante de contacto
permanente com os jovens. Em contextos onde o material comanda as mentes, o
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protagonismo e as oportunidades, enaltece-se os que se mantêm firmes na missão da


educação e da investigação. Infelizmente uma espécie que convém não deixar extinguir-
se.

Um académico é aquele que trabalha a maioria do tempo na escola e que para além de
docente, é sempre estudante, dedica-se e cria empatias com os alunos, participa nos
órgãos de gestão universitária, investiga, produz materiais científicos reconhecidos entre
os seus pares e pela sociedade, realiza extensão universitária, participa em congressos e
em reuniões científicas, é membro de organizações profissionais e pertence a redes de
conhecimento. O académico está sempre em formação e deve ter a ambição de chegar
ao topo de carreira, seja na obtenção dos graus como na categoria profissional.

É ainda aconselhável ir introduzindo nas universidades o modo de estar das academias


com as suas regras escritas e não escritas, mesmo aceitando aspectos que possam ser
considerados arcaicos, não ajustado às nossas tradições ou até portadores de relações
resultantes das hierarquias da carreira ou de simbolismos próprios. Mesmo que não se
concorde individualmente, como eu, é necessário aceitar essa importância para as
instituições.

Os profissionais devem ser algo corporativos e aclarar que a academia não é em part-
time, uma forma de aumentar rendimentos, acrescentar prestígio às imagens individuais,
ou um meio de alimentar vaidosíssimos “umbigais”. Escrevi recentemente num
semanário que “as profissões têm incompatibilidades. No caso da academia, sobretudo
nas áreas das ciências sociais, existem fortes conflitos com o exercício da actividade
política partidária activa, porque os riscos de limitação do pensamento e da escrita são
grandes. As disciplinas partidárias, por mais democracia interna que exista, impõem
discursos e posicionamentos. O negócio pode ser um obstáculo ao exercício pleno da
docência e investigação, devido às influências e interesses que inquinam opções
pedagógicas e de ensino”. Digo isto porque existe, não só em Moçambique, a ideia que
figuras públicas, sobretudo da política, reforçam o prestígio das universidades. Em
minha opinião, reforçam sim a visibilidade mediática o que é importante mas, salvo
excepções, duvido que contribuam para o prestígio entre os pares com tradição e
referência universitária.

Mas não se deve ser fechado. A POLITÈCNICA compreende a oportunidade da


contribuição daqueles que durante décadas demonstraram sapiência e desfrutam de
reconhecimento nacional e internacional. E por isso oferece à comunidade a
colaboração de alguns nomes de primeira linha da nossa vida política, económica e
cultural, através de eventos com objectivos precisos, pedagogicamente complementares
e no quadro da extensão universitária.

Sou ainda a favor do contributo de técnicos reconhecidos que trabalham fora das
universidades. Mas se estes são a maioria do corpo docente, então muito provavelmente
haverá debilidades pedagógicas. Esta é a realidade actual que importa ir reduzindo na
medida da formação de corpos docentes em tempo integral e na medida dos recursos
financeiros. Mas esta é uma opção com os riscos resultantes dos ciclos do número de
estudantes que procuram formação nas diversas áreas de conhecimento.
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É desejável que a pesquisa esteja coordenada com as estratégias do ensino integrando os


estudantes em equipas de trabalho, em que ambas se reforçam mutuamente na qualidade
da formação e no prestígio das escolas e dos investigadores. Investigação com
resultados, em matérias actuais e relevantes para a sociedade, são necessárias para o
progresso económico e o desenvolvimento integral dos cidadãos.

O Estado e as organizações moçambicanas não têm ainda o hábito de estabelecer


relações de parceria com as universidades e centros de investigação, e vice-versa.
Existem debilidades de ambas as partes. Os estudos, mesmo os críticos, quando de
qualidade e realizados honestamente, são importantes para a tomada de decisões.
Persiste na nossa sociedade a desconfiança pela diversidade de opiniões, pela
acessibilidade a certo tipo de conhecimento e de informação. Os chamados críticos e os
estudos não concordantes ou que destapam realidades incómodas, são tolerados e
eventualmente instrumentalizados para a legitimação da democracia, simultaneamente
que se procura limitar os seus campos de actuação e influência.

Investigação, ensino e extensão são faces de um mesmo poliedro com mais faces. Sem
estes pilares não estaremos perante universidades, mas sim de empresas que prestam um
serviço de educação com melhor ou pior qualidade. Por isso é importante que as
instituições de ensino superior possuam linhas de desenvolvimento de pesquisa numa
perspectiva de médio e longo prazo. Para além do prestígio e curriculum das
instituições, as pessoas e o capital social jogam um papel fundamental. Na prática,
quem realiza a investigação são as pessoas e as instituições fazem a cobertura formal,
dão o suporte logístico e financeiro, e capitalizam parte dos resultados e dos benefícios.

A formação pós graduada e a investigação são as formas de constituição do copo


docente, através de uma política activa de selecção dos melhores alunos, os que
demonstram perfil adequado, os mais responsáveis e dedicados. Esta política conhecida
como de in breeding, deveria ser da responsabilidade de todas as universidades e em seu
próprio interesse. Iniciando como monitores, os docentes vão construindo o seu
percurso consciente da opção profissional que assumiram, vão criando a cultura
académica acompanhados por um tutor formado e experiente. Considerando serem
opções de longo prazo, é fundamental precaver contratos de trabalho ajustados,
prevendo-se o não cumprimento e indemnizações pelo investimento institucional e
pessoal. Há certamente formulações jurídicas que prevejam situações concretas.

Uma vez mais é necessário abordar a questão económica. A investigação não produz
retornos financeiros e quando assim é, são de longo prazo e raramente compensadores.
Por isso esta área constitui o calcanhar de Aquiles das instituições privadas de ensino
superior em muitos países. Esta dificuldade pode ser superada em escolas de prestígio,
com alunos que pensam merecer a pena pagar propinas acima da média por se tratar um
investimento seguro. Só com prestígio entre os seus pares é que as equipas ganham
concursos de candidatura a projectos de investigação, estabelecem parcerias com
centros de mérito e integram-se em redes de conhecimento. Como diz um amigo meu,
íman pequeno não puxa ferro grande.

Em Moçambique, em algumas áreas, já existem técnicos com habilitações e experiência


para a constituição de equipas de mérito. Por razões diversas, as pessoas andam
dispersas, algumas ocupadas em actividades que nada têm a ver com a docência, menos
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com a investigação e por vezes sem relação com a formação e experiências adquiridas.
As escolas criam grupos que têm dificuldade de compartilhar em equipas de trabalho ou
cada um quer constituir a sua própria “quinta” e dela retirar os dividendos de
protagonismo ou de vantagens económicas e políticas. Mas também é verdade que não
existe o ambiente que estimule a convergência de interesses. Ou porque são as próprias
pessoas que, legitimamente, se têm de preocupar com o rendimento económico e o bem-
estar das suas famílias, desmultiplicando-se em várias ocupações. Há doutorados
formados em universidades de prestígio que regressaram ao país e não mereceram
qualquer acolhimento das instituições cuja área de actividade está relacionada com a
formação desses técnicos, alguns dos quais com méritos demonstrados em Moçambique
e no exterior. Compreender esta realidade leva possivelmente a conclusões pouco
simpáticas e que me reservo abordar neste momento.

7. Reformas

As universidades estão em processo de mudança de inspiração em Bolonha, no sentido


da convergência de um sistema educativo ao nível da SADC. Partimos de situações
desvantajosa relativamente a alguns países vizinhos e portanto, necessariamente com
possibilidades de benefícios e de desvantagens desiguais. Mas a integração é inevitável
e dela também se pode retirar vantagens. As reformas implicam mudanças fundamentais
nos paradigmas do ensino e da aprendizagem, na organização académica e na
internacionalização das universidades, em investimentos em infra-estruturas, na
regulamentação, etc. Necessita qualificação de docentes e investigadores.

Reformas é muito mais que reduzir o número de anos dos cursos e os tempos de
contacto do estudante com os docentes, transformar o número de horas em créditos,
redefinir os conteúdos e objectivos dos cursos.

O principal desafio não se limita ao ensino ou às universidades. As reformas no ensino


superior são um dos pilares da integração económica e eventualmente política a longo
prazo, onde prevalecerão sociedades e economias abertas e a competitividade será
transnacional. Por isso, através da standardização das matérias e a formação de técnicos
que conheçam os países, as línguas e as culturas, se amplia as opções de escolha dos
empregadores e a concorrência no mercado de trabalho. Cada vez mais os empresários
competem num espaço supranacional e talvez chegue o tempo em que os graduados
competirão com qualquer outro colega no espaço da SADC. Será legítimo que os
empresários escolham os melhores, independentemente da nacionalidade, porque
também o conceito de nacionalismo está em evolução.

Mobilidade dos estudantes significa que podem obter créditos em várias faculdades da
mesma universidade, em diferentes escolas e mesmo países. O estudante, orientado por
um tutor, tem uma quota relevante nas decisões das matérias em que se pretende formar.
Para o efeito, é imprescindível que existam acordos entre universidades, bolsas de
estudo, uniformização de conteúdos para permitir o sistema de equivalências.
Relativamente aos docentes, mobilidade representa a circulação de académicos entre
universidades por convite ou troca de professores e investigadores durante um certo
período ou simplesmente a possibilidade de concorrer a postos de trabalho em
diferentes países assinantes dos acordos.
Livro: MOSCA João (2009): ECONOMICANDO. Maputo, Alcance Editores.
ISBN: RLINLD N.º 6048/RINLD/2009.
Capitulo: PRÁTICAS E DESAFIOS DO ENSINO SUPERIOR EM MOÇAMBIQUE

As reformas na Europa são um processo controverso em que se debatem diferentes


condições de partida, capacidades de aplicação desiguais é até se debatem questões
culturais. Muitos recusam a uniformização de conteúdos e o critério da formação
essencialmente para dar competências que conduzem à formatação e manipulação do
conhecimento e onde a ideologia dominante se disfarça sob a designação de tecnocracia
e de pragmatismo. Não nos esqueçamos que as reformas fazem parte do processo geral
de globalização em que se reconfiguram relações de poder entre nações e forças à escala
mundial e que se está a adaptar o ensino para melhor servir os sistemas em mutação.
Para isso, se prepara um edifício da educação onde o saber fazer se sobrepõe ao saber e
ao conhecimento e onde a ética é substituída pelo tudo vale debaixo da capa da
competitividade.

Este debate não está ainda assumido na sociedade moçambicana e nas nossas
universidades. Importa internalizar a discussão nos seus aspectos de substância e não
apenas nos procedimentos processuais de natureza administrativa e legal, sem
preconceitos nem receios e muito menos decisões terminadas. A importação
mecanicista de modelos já deu suficientes maus resultados. Aprendamos pelo menos a
não repetir os erros e a saber o que não se deve fazer.

Com as reformas, o ensino centra-se no estudante. O docente deixará de ser


principalmente um transmissor de conhecimentos para ser fundamentalmente um
orientador de aquisição de saberes e competências. Implica que será o estudante quem
se deve preparar incluindo com escolhas próprias de uma parte das matérias da sua
formação, sendo a aprendizagem adquirida com trabalho autónomo, individual ou em
grupo. Necessita para o efeito dispor de materiais pedagógicos, saber utilizá-los, ter
capacidade e método de estudo, ser curioso, ter consciência da importância da
formação, etc. Os estudantes chegados à universidade possuem essas características?
Possuem mais ou menos que os estudantes dos países vizinhos?

E os professores? Estes, são o motor das reformas sendo ele próprio objecto das
mudanças. Urge formar os docentes para as novas pedagogias e saberes, sem esquecer
que foram os métodos que estamos a substituir os que tantos progressos científicos e do
bem-estar de parte da humanidade permitiram. O exemplo da acção de formação
pedagógica havida esta semana na POLITÉCNICA é um exemplo. Mas o essencial,
caros colegas, é o trabalho e o esforço individual.

Se perguntarmos numa sala de aula sobre o que os estudantes pretendem depois da


graduação, poucos dirão que ambicionam ser empresários. A maioria quer um emprego
e preferentemente no Estado. E se numa turma com estudantes que já trabalham
questionarmos sobre casos concretos da nossa sociedade, poucos omitem opiniões.
Estas posições deve-nos fazer pensar, não só sobre o ensino superior como acerca da
democracia e de aspectos culturais em relação às quais o ensino não está alheio.
Reformas passa também por transformar mentalidades e influenciar a evolução cultural.
As reformas devem ainda significar a formação de pessoas positivamente ambiciosas,
lutadoras, empreendedoras e arriscadas, cidadãos intransigentes das liberdades
individuais.
Livro: MOSCA João (2009): ECONOMICANDO. Maputo, Alcance Editores.
ISBN: RLINLD N.º 6048/RINLD/2009.
Capitulo: PRÁTICAS E DESAFIOS DO ENSINO SUPERIOR EM MOÇAMBIQUE

Os aspectos referidos estão relacionados com o desenvolvimento económico e social.


Não nos esqueçamos que somos uma nação com mais de 60% de pobres absolutos, com
uma elevada percentagem de analfabetismo funcional, onde a maioria dos cidadãos têm
referências localizadas, com uma iletracia académica quase total e onde os hábitos de
estudo e de leitura são muito baixos. Os conceitos de eficiência, de racionalidade, as
relações sociais, o acesso à informação, etc., são em Moçambique muito diferentes
daqueles que predominam nas sociedades de onde partiram as filosofias, os objectivos e
os passos desta reforma no ensino superior.

Sou a favor da introdução das reformas mas é necessário acautelar os ritmos e sobretudo
prepararmo-nos todos: Estado, universidades, docentes, estudantes, funcionários e
sobretudo, estarmos consciente sobre o que as reformas significam realmente. É preciso
debatê-las e prepararmo-nos, para que da sua aplicação não resulte em pior ensino e em
menos eficiência e competitividade do país.

8. Fim

Termino desejando aos responsáveis desta universidade folgo de longo curso e por
vezes de águas profundas, para esta dura e nobre tarefa. Estou certo que a
POLITÉCNICA ganhará estes desafios. A toda a comunidade académica lanço o
desafio para que neste ano lectivo que se inicia, cada um seja melhor docente, estudante
ou funcionário.

Para terminar, se fosse jornalista necessitaria colocar um título nesta intervenção. Como
não o sou nem é o momento, coloco no fim esta frase: contribuamos em 2009 para a
construção de um ensino superior aberto às ideias e às realidades, de qualidade e
prestígio, formando técnicos competentes, cidadãos do mundo orgulhosos das suas
identidades e que pautem as condutas profissionais e de cidadania com base no mérito e
na ética.

Assim, contribuiremos para um Moçambique de paz, tolerância, progresso e mais


igualdade. Saúde e muitas felicidades.

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