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Resumo
O objetivo deste artigo é apresentar detalhadamente todas as etapas de elaboração e
redação de um projeto de pesquisa qualitativa em psicologia: Introdução, fundamentação teórica e
metodologia. Com base em autores que se aprofundaram no estudo da metodologia, em geral, e
da metodologia qualitativa, em particular, apresentam-se sugestões para levantar e organizar os
conteúdos teóricos e para planejar os procedimentos metodológicos para coleta e análise de
dados. Como complemento, expõem-se sucintamente três métodos de análise de dados
qualitativos: análise de conteúdo (Bardin, 1991), psicológico fenomenológico (Giorgi, 1988a,
1988b) e interpretativo (Erickson, 1986, 1989).
Palavras-chave: pesquisa em psicologia, metodologia de pesquisa, análise qualitativa de dados.
Abstract
The purpose of the present paper is to present in detail all the phases of designing, and
writing a psychological qualitative research project: Introduction, theoretical framework and
methodology. Based on the presumptions of authors who have studied in depth, methodology, in
general, and qualitative methodology, in particular, suggestions are presented both in order to
select and organize the theoretical contents and to plan the methodological procedures for data
collection and analysis. As a complement, three qualitative data analysis methods are briefly
introduced: content analysis (Bardin, 1991), psychological phenomenological method ( Giorgi,
1988a, 1988b) interpretative method (Erickson, 1986;1989).
Key words: psychological research; qualitative methodology; qualitative data analysis.
APRESENTAÇÃO
A execução de um projeto de pesquisa em psicologia freqüentemente constitui por si só
um problema que se torna ainda maior quando se trata de empregar metodologia qualitativa
porque há muito menos literatura disponível em português2 acerca dessa metodologia de pesquisa
do que acerca da metodologia quantitativa. O objetivo do presente artigo é contribuir para diminuir
essa carência, apresentando uma sugestão prática, ilustrada com inúmeros exemplos, de como
proceder para executar o planejamento de uma pesquisa qualitativa em psicologia.
Um projeto de pesquisa é “um plano de envolvimento em investigação sistemática para
obter melhor compreensão do fenômeno” e deve ser capaz de demonstrar que: l) a pesquisa vale
1
Professora do Instituto de Psicologia da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. Doutora em Educação
pela Faculdade de Educação da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul.
2
Constituem alguns exemplos de exceção a essa regra, os livros de Haguette (1990); Lüdke e André ( 1986); Martins e
Bicudo (1989) e um artigo de Alves (1991).
Como se faz um projeto de pesquisa qualitativa 2
INTRODUÇÃO DE UM PROJETO
Objetivos:
Os objetivos do estudo devem ser formulados de forma clara e precisa com verbos no
infinitivo. É importante que o significado do verbo não seja ambíguo ou passível de diferentes
interpretações O objetivo da pesquisa antropológica de Ward (1989, p. 3), citada acima, foi:
“estudar as relações complexas entre mudança social, modernização e a pressão arterial alta que
leva a ataques cardíacos”.
Obviamente os objetivos de um estudo estão relacionados com seu problema ou questões,
mas não se confundem necessariamente com os mesmos. Por exemplo, se o problema for:
Quais as características de um tratamento psicoterápico bem sucedido? Um objetivo pode ser:
Colher subsídios para a aplicação prática em psicoterapias. Outro pode ser: Verificar quais os
fatores relacionados com o sucesso de um tratamento psicoterápico. Freqüentemente os
objetivos são divididos em geral (gerais) e específicos. Os objetivos gerais são mais abstratos,
“definem de modo geral o que se pretende alcançar com a realização da pesquisa” (Richardson et
al., 1989, p. 23). Os objetivos específicos são mais concretos, dizem respeito ao que se deve
observar nos fenômenos reais para atingir os objetivos gerais. Lakatos e Marconi (1991, p.116)
apresentam em um projeto, cujo tema é “Aspirações dos trabalhadores”, o seguinte exemplo de
objetivo geral: “verificar os motivos específicos extrínsecos e intrínsecos que influem e/ou
determinam as aspirações dos trabalhadores em relação à natureza organizacional e social da
Como se faz um projeto de pesquisa qualitativa 4
Justificativa
Ainda na introdução cabe explicar a relevância científica, psicológica, social, etc. do
estudo. Ward (1989, p. 3), por exemplo, em sua já mencionada pesquisa antropológica, explora,
entre outras coisas, o fato de que as pesquisas têm mostrado que “estilos de vida,
hereditariedade e muitos fatores nos modos como as populações ocidentais vivem ou pensam ou
sentem influenciam sua saúde.” Lakatos e Marconi (1991, p.116), na pesquisa sobre “aspirações
dos trabalhadores”, destacam, entre outros fatores, a importância dos incentivos adequados para
o aumento da produtividade e para o “desenvolvimento harmonioso das relações interpessoais no
âmbito da organização” (p.117).
Questões de pesquisa
O que determina a metodologia a ser empregada na pesquisa é o problema que se
deseja investigar, não é a cosmovisão de quem pesquisa (ainda que, obviamente, a mesma possa
influenciar a escolha do tipo de problema). Portanto, o delineamento 3 do estudo deve ser
determinado pela questão que ele se propõe responder. Costumava-se falar de uma “guerra de
paradigmas” (Gage, 1989), em que a uma metodologia quantitativa, de cunho positivista, se
opunha uma metodologia qualitativa, de cunho humanista. Um dos motivos dessa crença
provavelmente advinha do fato de que as modalidades de pesquisa qualitativa chamadas de
participante e ação (veja, por exemplo, Brandão, 1988; Haguette, 1990) são trabalhos de campo
voltados tradicionalmente para o estudo dos problemas das minorias (de gênero, de classe e
raciais), ao passo que a pesquisa quantitativa tem uma longa tradição de estudos experimentais
realizados em laboratório. Atualmente essa “guerra” parece acabada e mesmo a crença que havia
em certos círculos de que a metodologia qualitativa é inferior ou “menos científica” (o que quer
que isso queira dizer), tende a desaparecer. Prova disso é o fato de que, na convenção anual da
American Psychological Association em 1993, um debate sobre o tema levou à conclusão de que
“todas as pessoas que escrevem hoje sobre metolodogia reconhecem que há um papel para
ambos os métodos, quantitativo e qualitativo,” na ciência (Adler,1993, p.16).
De modo geral e esquemático, pode-se dizer que problemas que são formulados com
como, qual, o quê, por quê prestam-se sobremaneira à investigação através do método
qualitativo. Por outro lado, problemas que são formulados estabelecendo relações entre variáveis,
especialmente os que requerem resposta sim ou não (ainda que não apenas esses), aqueles
3
Delineamento do estudo diz respeito ao planejamento de todos os procedimentos para executá-lo (Bogdan e Biklen,
1992).
Como se faz um projeto de pesquisa qualitativa 5
reler incessantemente. Com isso, não só se alinhava o capítulo da fundamentação teórica como
acaba-se por vislumbrar o modo de questionar o tema, até por que muitas vezes essas questões
já são sugeridas em pesquisas alheias.
Mas onde procurar questões que norteiem a pesquisa quando nem sequer o tema está
definido? Fontes de temas de pesquisa, conforme Smith (1993), são: a) Outras pesquisas,
interesses pessoais e problemas em geral; b) Anomalias, paradoxos, contradições e conflitos; c)
Campos novos ainda inexplorados sobre o qual há pouca ou nenhuma literatura; d) Áreas em
conflito, como aquelas em que há teorias em choque; e) Questões definidas com pouca precisão,
tais como "dificuldade de aprendizagem", "em risco", etc. Qual é‚ por exemplo, o exato sentido de
afirmar que uma criança tem "dificuldade de aprendizagem"? O que significa realmente estar "em
risco"? Problemas práticos também constituem quase sempre ótimas fontes de sugestões para
questões de pesquisa. Por ex.: o exame vestibular como forma de admissão à universidade. O
que é problemático para as pessoas aqui? O que as pessoas pensam disso?
Marshall e Rossman (1989, p.28) dizem que "na pesquisa qualitativa questões e problemas
para a pesquisa advêm de observações no mundo real, dilemas e questões. Elas não são
formuladas como hipóteses são derivadas da teoria. Antes, tomam a forma de indagações de
amplo alcance." Não se deve, segundo elas, subestimar o papel da intuição no processo de
pesquisa qualitativa. O insight criativo tem um papel preponderante na mesma. O(a)
pesquisador(a) percebe que lhe surgem questões mais profundas de pesquisa, quando se permite
"ruminar" as idéias e quando respeita a capacidade da mente para reorganizar e reconstruir. As
autoras apresentam diversos exemplos (que podem ser usados como “modelos” básicos ou
“moldes”) de como formular problemas na metodologia qualitativa de pesquisa:
. Por que este programa está funcionando bem nesta escola e não nas outras? O
que há de especial em relação às pessoas? Ao plano? Ao apoio? Ao contexto?
. Quais são as várias técnicas usadas pelos grupos lobistas no sentido de influenciar
as políticas educacionais? Quais dessas técnicas são percebidas como mais
eficientes? Como elas variam de acordo com a questão em debate? Como os
lobistas aprendem essas técnicas?
. Como os neurocirurgiões aprendem a lidar com o fato de que têm a vida das
pessoas em suas mãos e de que muitos de seus pacientes acabam morrendo?
. O que acontece com mulheres que ingressam em cursos de pós-graduação? Qual
é a trajetória de suas carreiras?
. Como é a vida do motorista de caminhão que percorre longas distâncias?
É importante enfatizar mais uma vez que é o problema de pesquisa que determina o
delineamento e não o contrário. Não se deve jamais tomar a decisão de fazer um estudo
qualitativo e, em função dessa decisão, procurar um problema de pesquisa. Algumas pessoas,
conforme Marshall e Rossman (1989, p.42), aparentemente o fazem baseadas na convicção,
errônea cabe frisar, de que é mais fácil fazer pesquisa qualitativa do que pesquisa quantitativa.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Revisão de literatura
Como se faz um projeto de pesquisa qualitativa 7
extremamente prática, permitindo o resgate rápido - hoje como daqui a 20, 30 anos ou mais - do
conhecimento que foi apropriado.
São vários os modelos de fichas existentes: de conteúdo, de resumo, de citações, etc.
Considero que não é necessário buscar classificar as fichas, mas simplesmente fazê-las do modo
como parecer mais útil, mais informativo possível e de acordo com a finalidade a que se
propõem, nunca esquecendo de organizar o cabeçalho de acordo com as normas técnicas 5. Duas
das inúmeras vantagens do emprego da ficha deveriam bastar para convencer as pessoas
renitentes a empregá-las:
Referências bibliográficas+-/++: Só quem nunca fez um trabalho sem método ignora
quão difícil se torna organizar esta seção quando decorreram semanas ou meses (para não dizer
anos) entre o momento em que se trabalhou um texto, no início do planejamento da pesquisa, e o
momento em que se vai organizar a relação das referências bibliográficas. Ao contrário, se as
leituras tiverem sido arquivadas em fichas, quando se chega ao fim do trabalho, tem-se a
satisfação de constatar que a seção está totalmente pronta, bastando tão-somente copiar os
cabeçalhos das fichas em rigorosa ordem alfabética.
Produção do texto: Freqüentemente o(a) estudante vai à hemeroteca e faz um
levantamento de artigos sobre o tema de sua pesquisa e, uma vez tendo localizado-os, apressa-se
em fazer xerox dos mesmos. O inconveniente dessa prática, como bem observa Eco (1989), é
que lhe parece que o trabalho está concluído, quando de fato está mal iniciado. O estudo e a
leitura desse material todo é postergado até o momento de produzir o texto e quando vem a fazê-
lo dificilmente deixará de apresentar uma visão superficial desses artigos, baseada em frases
sublinhadas ao acaso aqui e ali. Bem mais racional é aproveitar o tempo despendido em
providenciar as cópias de xerox, estudando os artigos na própria hemeroteca e transcrevendo
para fichas o conhecimento recém adquirido. No momento em que for produzir um texto com
essas fichas, além de que já estarão elaboradas com suas próprias palavras (mesmo que
intercaladas com citações literais mais ou menos longas) ser-lhe-á bem mais fácil resgatar todo o
conhecimento de que se apropriou se necessitar expandir seu conteúdo. O mesmo vale para os
livros. Como dificilmente poderá adquirir todos os de que necessita para um determinado
trabalho, terá de se submeter às limitações do sistema de empréstimo das bibliotecas (e quantas
vezes exatamente o livro de que precisa não está disponível no momento certo), e às limitações de
não poder sublinhar trechos de livros que não lhe pertencem e tampouco fazer anotações nos
mesmos.
Um exemplo de ficha (“funcional”, neste caso, para justificar a opção pela metodologia
qualitativa):
1989.
O autor apresenta um estudo realizado com seis professoras de pré-
escola e justifica a opção pelo emprego do método qualitativo de pesquisa
no capítulo inicial do livro. Alguns de seus pontos de vista: "O objetivo da
etnografia não é, portanto, predição mas compreensão." (p.14) A força da
etnografia é a descrição e sua fraqueza é a profecia. A leitura de um
estudo de caso, do mesmo modo que a leitura de um romance, pode
oferecer ao leitor valiosos insights sobre padrões assim como sobre
idiossincrasias e particularidades, mas o que se lê não é necessariamente
generalizável. Pode haver insight e exemplo sem previsão. Como o
lingüista que pode escrever uma gramática, se falar somente com uma ou
duas pessoas mas não pode prever quantas pessoas de fato - se é que
outras pessoas além das duas - falam aquela linguagem, o etnógrafo pode
perceber padrões, mas não pode generalizar a partir dos mesmos. “Nesse
sentido, as conclusões são generalizáveis existencialmente, mas não
estatisticamente. Para o positivista isso representa uma séria falha, para o
etnógrafo afirma uma determinada visão de mundo”. (p.14)
Quadro conceitual
METODOLOGIA
Método
É importante distinguir metodologia de método. Método é a justificativa para o tipo de
procedimento (quantitativo ou qualitativo) empregado na pesquisa, a teoria do método; ao passo
que metodologia é o conjunto de procedimentos empregado na realização do estudo. Ao
Como se faz um projeto de pesquisa qualitativa 10
Procedimentos metodológicos
A seção da metodologia é redigida com linguagem essencialmente no futuro, pois inclui a
explicação de todos os procedimentos que se supõe serão necessários para a execução da
pesquisa, entre os quais se destacam:
- Delineamento da pesquisa: Deve ser claramente exposto o planejamento do estudo.
- Unidades de estudo. A unidade de estudo é uma característica tanto do delineamento
da pesquisa qualitativa quanto do delineamento da quantitativa; quando se pensa no tamanho ou
complexidade do fenômeno em estudo, percebe-se que se pode optar por um grande ou pequeno
enfoque do fenômeno; pode-se usar uma lente de pequena ou grande angular; no caso da grande
angular, perdem-se os detalhes, mas tem-se uma visão do todo e vice-versa. Por exemplo: em um
estudo de enfermeiras trabalhando na enfermaria de bebês ou no hospital e interagindo com todas
as outras pessoas, diferentes unidades de estudo poderiam ser: a interação com os bebês, alguma
outra forma de interação, a enfermaria, o hospital como um todo, as interações em frente do
elevador, etc. Outro exemplo: Identificar dificuldades de aprendizagem ou o processo de
identificação.
- Local: o próximo passo é falar sobre o local onde será feita a coleta de dados. Como foi
ou será selecionado? Como será obtido acesso a ele? No caso de já ter sido selecionado, deve-
se fazer uma descrição do mesmo. Também é necessário justificar a escolha: Como se espera
responder a questão da pesquisa ali? Quanto tempo se pretende permanecer no local coletando
dados? Essas coisas ajudam quem avalia o projeto a decidir se o estudo é plausível.
- Hipóteses de trabalho: O que se pode esperar se o estudo for realizado? Essas
hipóteses são diferentes das hipóteses da pesquisa quantitativa no sentido de que são hipóteses
orientadoras e não hipóteses estatisticamente testáveis. Segundo Marshall e Rossman (1989,
p.44), as hipóteses norteadoras na pesquisa qualitativa são "apenas ferramentas" que podem ser
descartadas quando o pesquisador ou pesquisadora entra em trabalho de campo e encontra
padrões de fenômenos mais interessantes. Essas hipóteses representam algumas direções
Como se faz um projeto de pesquisa qualitativa 11
possíveis que a pesquisa pode tomar, mas quem realiza a pesquisa mantém a liberdade de fazer
outras descobertas e de seguir outras direções.
- Seleção de participantes: Como será feita a seleção de participantes do estudo? Quais
os documentos de acesso? Há possibilidade de ter acesso a informantes? Como se pretende
lidar com as pessoas que possuem a "chave" de acesso ao trabalho de campo?
- Procedimentos para coleta e registro de dados: Roteiros e/ou protocolos de
entrevistas e observações. Como serão manipulados, armazenados e recuperados os dados? A
observação participante e a entrevista de profundidade são os instrumentos mais comuns da
pesquisa qualitativa e que melhor apresentam suas características (Bogdan e Biklen,1992, p.2).
O grau de participação na observação varia bastante no decorrer da pesquisa, mas é
sempre importante evitar a participação excessiva que pode levar ao que, na antropologia é
conhecido por "going native" (Gold, apud Bogdan e Biklen, 1992, p.88), ou seja, acabar por se
tornar um membro "nato" do grupo pesquisado, o que resulta em tal grau de envolvimento com os
sujeitos que as intenções originais do estudo acabam por se perder.
Quanto à entrevista, parte da observação participante e é “uma das mais poderosas
técnicas da metodologia qualitativa” (McCracken,1991, p.7). Através dela é possível compreender
“a importância da linguagem e das histórias na vida de uma pessoa como meios para seu
conhecimento e sua compreensão” (Seidman, 1991, p. xiv). A entrevista “provê acesso ao
contexto do comportamento da pessoa e, desse modo, fornece [...] um modo de compreender o
significado desse comportamento” (Seidman, 1991, p.4).
- Procedimentos complementares: Como assegurar a verdade das inferências? Como
proceder nas questões éticas relativas a participantes? Quando se dará por encerrada a tarefa de
coletar dados? Uma tentação muito grande para quem faz pesquisa qualitativa é permanecer no
campo coletando dados indefinidamente, não só para adiar a penosa tarefa de análise como
também porque há uma tendência grande de “apego” aos participantes do estudo nesse tipo de
metodologia. Bogdan e Biklen (1992) sugerem que a coleta seja dada por concluída quando se
atingir o “ponto de saturação de dados”(p.68), ou seja, o ponto em que as informações obtidas no
trabalho de campo começarem a repetir-se persistentemente tornando-se redundantes.
- Plano para análise de dados: Qual o método de análise de dados que se pretende
empregar? Como se aplica esse método? Não é bastante mencionar o método de análise de
dados que será empregado no estudo; é necessário que se saiba realmente empregá-lo e que se
o demonstre com uma explicação clara. Portanto, seja qual for o método que se planeja empregar,
cabe estudá-lo a fundo e experimentar empregá-lo de antemão.
Ao contrário da metodologia quantitativa que possui uma coleção de sofisticadas
técnicas estatísticas para realizar análise de dados, “os métodos para analisar qualitativamente os
dados são rudimentares” (Strauss, 1991, p.1). Miles e Huberman (1984; 1994) e Huberman e
Miles (1994) que se dizem pertencentes a um “soft-nosed logical positivism” 6 por se
6
Em tradução livre, algo como “positivismo lógico atenuado”.
Como se faz um projeto de pesquisa qualitativa 12
considerarem “positivistas lógicos que tentam atenuar as limitações dessa abordagem” (1984, p.
19), procuram desenvolver um método de análise de dados qualitativos tão sistemático e
metódico quanto o quantitativo. Segundo Strauss (1991, p. 55), suas sugestões e regras para
realizar a codificação de dados qualitativos é muito útil. O método como um todo parece
extremamente complexo e difícil de aplicar, mas fica aqui a sugestão para quem desejar inovar. Na
conclusão deste artigo apresento, como complemento, um adendo sobre os três métodos mais
comumente empregados na análise de dados basicamente descritivos: análise de conteúdo
(Bardin, 1991); análise psicológica fenomenológica (Giorgi, 1988a; 1988b); análise interpretativa
(Erickson, 1986; 1989).
CRONOGRAMA
O Cronograma do projeto de pesquisa é o plano de distribuição das diferentes etapas de
sua execução em períodos de tempos verdadeiros. Serve a diferentes propósitos: permite
verificar se o pesquisador ou pesquisadora tem conhecimento consistente acerca das diferentes
etapas que deverá percorrer para executar a pesquisa que planejou e do período de tempo que
deverá despender ao fazê-lo. Serve também para organizar e distribuir racionalmente em suas
etapas o tempo disponível para a execução da pesquisa. Mesmo quando não há exigência
de cronograma, todo o pesquisador ou pesquisadora deveria fazê-lo para seu uso próprio e - o
que é mais importante - segui-lo com o maior rigor possível. É por falta de cronograma que
muitas pesquisas estendem-se indefinidamente ao longo de meses e meses de indefinição. Ora é
a revisão de literatura que se prolonga ad infinitum, ora é a resistência para dar por encerrada a
atividade de coleta de dados, ora é a procrastinação do início da análise por se ter bem
consciência de que exigirá grande esforço físico e mental. O cronograma evita que se caia
nessas armadilhas. Um exemplo de cronograma:
ORÇAMENTO
As agências financiadoras de projetos de pesquisa exigem que os mesmos sejam
acompanhados de orçamento que constitui um planejamento de valores necessários para
Como se faz um projeto de pesquisa qualitativa 13
ADENDO:
Análise de conteúdo
Segundo Bardin (1991), análise de conteúdo é um tipo de análise que se situa entre a
quantitativa e a qualitativa e que pode ser definida como:
"um conjunto de técnicas de análise das comunicações visando obter, por
procedimentos sistemáticos e objetivos do conteúdo das mensagens, indicadores
(quantitativos ou não) que permitam a inferência de conhecimentos relativos às
condições de produção/recepção (variáveis inferidas) destas mensagens.” (p.42).
Os objetivos desse modelo de análise são: a) ultrapassar a incerteza: O que eu julgo ver
na mensagem está mesmo lá e essa minha visão pode ser compartilhada por outras pessoas? b)
enriquecer a leitura: Se um olhar imediato é fecundo, uma leitura mais atenta não será mais
esclarecedora? Isso é feito através da descoberta de conteúdos e de estruturas que confirmam
ou não o que se procura demonstrar ou pelo esclarecimento de elementos de significações
suscetíveis de conduzir a uma descrição de mecanismos dos quais não tínhamos compreensão a
priori.
A análise de categorias é o método de análise de conteúdo mais difundido e empregado;
foi cronologicamente o primeiro. Consiste em "tomar em consideração a totalidade de um texto,
passando-o pelo crivo da classificação e do recenseamento, segundo a freqüência de presença
(ou de ausência) de itens de sentido." (Bardin, 1991, p.36).
"É o método das categorias, espécie de gavetas ou rubricas significativas que
permitem a classificação dos elementos de significação constitutivas da
mensagem. É, portanto, um método taxionômico bem concebido para [...] introduzir
uma ordem segundo certos critérios na desordem aparente." (p.37)
óbvio que não posso colocar na mesma gaveta meias brancas e vermelhas. “Um sistema de
categorias é válido se puder ser aplicado com precisão ao conjunto da informação e se for
produtivo no plano das inferências” (Bardin, 1991, p. 55).
Para que a análise de categorias seja válida, há regras para a fragmentação do texto que
determinam que as categorias devem ser: Homogêneas, não se misturam coisas diferentes;
exaustivas, devem esgotar todo o texto; exclusivas, um mesmo elemento de conteúdo não pode
ser classificado em duas ou mais categorias diferentes; objetivas, pessoas diferentes devem
chegar às mesmas categorias; adequadas ou pertinentes, devem estar adaptadas ao conteúdo e
ao objetivo da análise.
Em seu livro, Bardin (1991) expõe exaustivamente o método e as diversas técnicas de
análise de conteúdo. A apresentação que acabo de fazer apenas fornece uma idéia esquemática
do método. O leitor ou leitora que se interesse em empregá-lo pode encontrar na obra inúmeros
exemplos e detalhadas explicações de como aplicar as diferentes técnicas.
uma descrição consistente com a estrutura psicológica do acontecimento. Nessa síntese todas as
unidades de significado devem ser levadas em consideração.
Situações específicas, quando são desejáveis, podem ser obtidas com a descrição de um
único sujeito. Na etapa final da análise, a descrição específica da estrutura situada permanece
mais fiel ao sujeito concreto de uma situação específica, ao passo que a descrição geral da
estrutura situada procura afastar-se do específico para comunicar o significado mais geral do
fenômeno. Esse último passo, conforme Giorgi (1988a), é bastante difícil porque, ao contrário do
que ocorre na pesquisa tradicional em que há convenções para os procedimentos, nesta forma de
análise há a possibilidade de expressar os achados de diferentes modos.
Apresento a seguir um exemplo traduzido de Giorgi (1988b, p. 57-60) em que o autor
inicia, ao contrário do que propõe acima, a transformação do discurso ingênuo do sujeito já na
fase de discriminação das unidades de significado:
Descrição ingênua focalizando uma experiência de aprendizagem:
Entrevistador: Descreva para mim uma situação na qual você aprendeu
alguma coisa.
Sujeito: Sabe, eu deixei meu restaurante no centro e vim pra cá. Tudo que
eu queria era uma pequena lanchonete. Só o que eu precisava para o meu
restaurante e pensei que estava livre de todos os meus problemas. Agora,
porém, depois de ontem à noite, não sei se conseguirei continuar.
Entrevistador: O que aconteceu? Pensei que as coisas estavam indo bem
para você.
Sujeito. E estavam. Isto é, pensei que estavam até ontem à noite. Aprendi
tanto ontem à noite e agora não sei o que farei.
Entrevistador: O que você descobriu?
Sujeito: Aprendi sobre essas moças (garçonetes). Ontem à noite, com neve
e tudo essa multidão de jovens veio ao bar. O lugar estava lotado e os negócios
estavam ótimos. Aí percebi que as meninas estavam roubando. Devemos ter
preparado centenas de hambúrgueres e quando fui ver as notas, poucos
fregueses haviam pago por eles. As meninas deram aos amigos todos esses
sanduíches e só anotaram um refrigerante ou um cafezinho. Isso devia estar
acontecendo há meses. Na noite passada eu as peguei em flagrante. Eu nem
soube o que fazer. Senti vontade de bater nelas. Depois tive vontade de chorar
por causa de todo o meu trabalho duro tentando fazer a coisa deslanchar.
Aprendi que após todos esses meses essas meninas não têm respeito por mim.
Também descobri que não dão a mínima pra seu emprego. Então eu as despedi.
Elas não estão nem aí. Só se preocupam em conseguir encontros para as
sextas-feiras e passar meus sanduíches de graça. No meu restaurante do centro
era diferente. As meninas queriam trabalhar. Elas precisavam do emprego para
manter suas famílias. Esses jovens de hoje não ligam a mínima pra nada. Não
sei quanto dinheiro eu perdi. Que tolo tenho sido. Tenho sido realmente burro.
Aprendi na noite passada que erro estúpido estava cometendo. Agora sei que
simplesmente não consigo lidar com jovens. Mal pude suportar vir aqui hoje de
manhã. Falei com elas essa manhã e elas só riram e falaram às minhas costas.
Agora que sei tudo isso, não sei o que fazer. Creio que comecei tudo errado.
Acho que preciso contratar gente nova e começar tudo de novo. Desta vez eu
vou ser duro no começo. Todos vão saber, desde o começo, quem é o chefe.
Não teremos os mesmos problemas. Desta vez vão me respeitar. Aprendi
ontem à noite que não se pode dirigir um restaurante a menos que se seja
respeitado.
Pesquisador: Como foi que você aprendeu tudo isso ontem à noite?
Como se faz um projeto de pesquisa qualitativa 16
Sujeito: Não sei. Acho que estava observando mais do que usualmente e eu
sabia que tínhamos vendido muitos hambúrgueres. Eu observei e escutei essas
meninas. Se eu tivesse permanecido cego a tudo isso muito mais tempo, elas
teriam fugido com o restaurante todo. Eu fui confiante demais e queria ser
amigo delas. Isso não funciona - não se pode ser amigo e chefe. Não se pode
dirigir um restaurante sem respeito. Não, senhor, o velho Harry não será
enganado novamente.
Análise qualitativa
1 S deixou o restaurante do centro e veio 1. S. revela que seu projeto pessoal evoluiu
para cá (um novo lugar). S queria somente com a experiência, o que o faz perguntar-se
uma pequena lanchonete. Somente o que se conseguirá manter seu projeto.
precisava para sua aposentadoria e
imaginava que estaria livre de todos os
problemas. Agora, após o que aconteceu
na noite anterior, S se pergunta se
conseguirá continuar.
2. As coisas estavam indo bem para S até a 2. S presumiu que seu projeto pessoal
noite anterior. S aprendeu muito na noite estava sendo realizado tranqüilamente, mas
passada e agora não sabe o que fazer. S devido a um conhecimento novo relativo a
aprendeu algo sobre as garçonetes. pessoas que são necessárias para a
continuação do projeto ele agora não sabe o
que fazer7.
7
Por questões de limitações de espaço, não é possível apresentar aqui todas as dez unidades de significado extraídas
pelo autor da descrição ingênua do sujeito e sua transformação em linguagem psicológica.
Como se faz um projeto de pesquisa qualitativa 17
Como se vê, o método é extremamente trabalhoso, exigindo que sejam redigidas inúmeras
vezes as diferentes transformações a que é submetido o “discurso ingênuo” e quando se pensa
que uma entrevista gravada de 90 minutos resulta, após sua transcrição, em um mínimo de 30
páginas datilografadas, pode-se calcular o tempo que será necessário para analisar as entrevistas
de oito ou dez participantes. A única possibilidade de abreviar um pouco a tarefa, é fazer a
discriminação de unidades de significado (2º passo do método) diretamente no texto com um
travessão acompanhado do respectivo número da unidade. Na apresentação final da análise
aparecerão apenas as duas últimas etapas (descrições específica e geral) as quais eventualmente
serão ilustradas pelas verbalizações do sujeito.
Análise intepretativa
Este método de análise de dados descritivos proposto por Frederick Erickson (1986, 1989)
é muito adequado não só para analisar entrevistas como observações. Resumidamente é
constituído pela execução das seguintes etapas: 1ª Formulação de asserções, principalmente
através de indução; 2ª Revisão do corpus de dados para testar e tornar a testar as asserções em
face da evidência, isto é, para estabelecer o que Erickson (1986, p. 146), chama "evidentiary
warrant" (garantia de evidência das asserções) através de um profundo e minucioso exame do
corpus de dados a fim de confirmar ou negar as asserções e, conseqüentemente, checar sua
validade; 3ª Reformulação das asserções sempre que isso se tornar necessário.
Como se faz um projeto de pesquisa qualitativa 18
importante notar que esse tipo de análise indutiva exige que se tenha um número substancial de
circunstâncias análogas para fazer as comparações.
Na redação da análise, Erickson (1986; 1989) diz que os elementos essenciais são os
mesmos da análise de dados propriamente dita: As ações sociais são relatadas como vinhetas ou
citações diretas das notas de campo; os tópicos de entrevistas são relatados em comentário
interpretativo que acompanha as porções de narrativa analítica apresentada. São três os
elementos essenciais do relatório dos resultados: descrição particular, descrição geral e
comentário interpretativo.
1º A descrição particular é o âmago de um relatório de pesquisa. Ela assegura e garante as
asserções. Ela é sempre ilustrada pela vinheta narrativa, um recurso que provê retrato vívido de
como se deu um acontecimento da vida real, o qual persuade a pessoa que lê o relatório "de que
as coisas estavam no campo conforme o autor ou autora afirma que estavam" (Erickson, 1986,
p.150).
2º A descrição geral tem por função estabelecer a possibilidade de generalização dos
achados. Tendo apresentado uma circunstância particular, é necessário mostrar quão típica ou
atípica ela é, onde ela se encaixa na distribuição geral de acontecimentos do corpus de dados.
Segundo Erickson (1986), o insucesso em demonstrar esses padrões de distribuição - de mostrar
generalização dentro do corpus - é talvez o maior defeito da maioria dos relatórios de pesquisa.
A vinheta mostra que um determinado padrão de relação social pode ocorrer no campo;
mas simplesmente relatar uma vinheta vívida e rica não demonstra a validade das asserções
relativas à significância do evento. Isso, conforme Erickson (1986), só pode ser feito: a)
apresentando situações análogas, isto é, ligando os eventos chave a outros como ele ou
diferentes dele; b) relatando essas situações interligadas sob a forma de vinheta; c) mostrando
em forma resumida a distribuição geral de situações no corpus de dados.
Os dados da descrição geral podem ser relatados sinopticamente, ou seja, de modo que
possam ser visualizados de uma só vez. As tabelas que mostram as freqüências simples e as
distribuições são um bom recurso para isso e de modo geral constituem aqui uma tabulação de
avaliações qualitativas com o emprego de escalas nominais. Pode-se também usar estatística
descritiva na apresentação desses dados. A análise, na realidade, já está feita; a tabela apenas
relata o resultado da análise em forma sinóptica. A manipulação dos dados sob a forma de
sofisticadas técnicas de estatística inferencial não é em geral necessária e tampouco apropriada.
3º O comentário interpretativo emoldura a descrição geral e particular. Apresenta-se sob
três formas: interpretação precedendo e seguindo uma instância de descrição particular no texto,
discussão teórica que indica a significância mais geral dos padrões identificados nos eventos
relatados e uma narração das mudanças que ocorreram no ponto de vista do autor ou autora no
decorrer da pesquisa.
Não basta identificar e redigir uma vinheta crucial (o que é relativamente fácil), é
necessário também (o que é mais difícil), "provar analiticamente a significância dos detalhes
Como se faz um projeto de pesquisa qualitativa 21
concretos relatados e das várias camadas de significado contidas na narrativa" (Erickson, 1986,
p.152), ou seja, comentar os detalhes das narrativas apresentadas usando prosa expositiva
elaborada para emoldurar os conteúdos delas.
Alternar a especificidade extrema da vinheta com a generalidade do comentário
interpretativo é uma tarefa bastante complexa na redação de um relatório de pesquisa uma vez
que é necessário, muitas vezes no espaço de parágrafos subseqüentes, discorrer de forma muito
Um exemplo de como aplicar o método de Erickson (1986; 1989) é o trecho que apresento
a seguir da pesquisa que realizei em uma creche brasileira e em uma creche norte-americana
Como bem observa Elkind (1989, p. 134), “o grande problema com a maioria
dos programas elaborados para ensinar habilidades à criança pequena” é que
também lhe ensinam normas segundo as quais para ela conseguir a aceitação e
o sentimento de pertença indispensáveis para seu desenvolvimento emocional
saudável, precisa comprá-los “ao preço de cega conformidade”.
Interna externa
1989.
“Quando o paradigma positivista, que transita mais ou menos
confortavelmente no mundo inanimado de coisas e objetos, é transportado
intacto para o mundo dos seres humanos, criamos brechas intransponíveis
e problemas insolúveis. Falar de pessoas é exatamente falar de sujeitos e
falar de sujeitos é falar de mentes e intenções, emoções e valores.
Subjetividade não é um palavrão quando os objetos de estudo são sujeitos
humanos”. (p.16) Ainda que as pessoas sejam cortadas, dissecadas,
despidas, selecionadas, numeradas, medidas, quantificadas serão sempre
sujeitos e jamais coisas.
Por exemplo: Compreender a experiência de vida na terceira idade - é menos claro do que:
Verificar a trajetória de vida de pessoas que se encontram na terceira idade.
A justificativa do estudo acima, por exemplo, é conhecer outras culturas, explora o aspecto da
necessidade de a psicologia buscar conhecimentos que a habilitem mais e melhor a ensinar à
sociedade como lidar com seus velhos.
Qual é a função do projeto de pesquisa? Uma função do projeto de pesquisa é convencer o
"público de poder" de que a pesquisadora ou pesquisador tem a mente aberta e de que será capaz
de estudar o problema de modo a não causar constrangimentos (Smith, 1993). No caso de
dissertações de mestrado e teses de doutorado são os membros dos departamentos das
universidades que julgam os méritos de um projeto. Como têm responsabilidade pela qualidade
desses trabalhos e pela reputação de suas unidades acadêmicas, precisam estar convencidos da
lógica do projeto. No caso de monografias e trabalhos de conclusão de curso de graduação, é o
supervisor ou supervisora quem avalia se o projeto apresenta viabilidade, pertinência, coerência,
consistência e relevância.
Marshall e Rossman (1989, p.43) sugerem que a proposta seja elaborada na seguinte
“ordem lógica”: 1) introdução; 2) justificativa; 3) revisão da literatura pertinente; 4) formulação do
problema, questões de pesquisa ou foco do estudo; 5) delineamento da pesquisa.
1) Política. Uma proposta de pesquisa bem sucedida é um ato político no qual as
circunstâncias foram adequadamente manejadas; 2) Persuasão. O projeto precisa ter a
capacidade de persuadir. É necessário que o público de poder fique completamente convencido da
sinceridade do pesquisador ou pesquisadora. Também as pessoas que possuem as "chaves" aos
locais e às pessoas decisivas precisam acreditar nessa sinceridade. Não obstante é óbvio que
eventualmente a cosmovisão influencia a escolha do tipo de problema que a pessoa deseja
investigar.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Como se faz um projeto de pesquisa qualitativa 26
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