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Direito Civil
Carreiras Jurídicas
CERS
2015
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SUMÁRIO
1. LEI INTRODUÇÃO ÁS NORMAS DO DIREITO BRASILEIRO............................. 4
1.1 Noções Gerais ............................................................................................................. 4
1.2 Funções da Lei de Introdução .................................................................................. 4
2. INTRODUÇÃO AO DIREITO CIVIL ......................................................................... 10
2.1 Evolução do Direito Civil ............................................................................................. 10
2.2 O Direito Civil-Constitucional (A constitucionalização do Direito Civil)................ 11
2.3 Atividade interpretativa a partir da CF/88 ................................................................ 11
2.4 Constitucionalização e publicização ........................................................................... 12
2.5 Fim da summa divisio .................................................................................................... 12
2.6 Movimento de repersonalização do Direito Civil ....................................................... 12
2.7 O Código Civil de 2002 ................................................................................................. 12
2.8 A incidência direta dos direitos fundamentais nas relações privadas - Eficácia
horizontal dos direitos fundamentais ................................................................................ 12
2.9 A aplicação direta dos direitos sociais nas relações privadas - Eficácia horizontal
dos direitos sociais ............................................................................................................... 13
2.10 A incidência direta dos tratados e convenções internacionais no âmbito das
relações privadas - O controle de convencionalidade do Direito Civil .......................... 13
2.11 A interpretação das normas do Direito Civil (normas gerais) e a possibilidade de
diálogo das fontes ................................................................................................................ 14
2.12 Interpretação do Direito Civil: regras e princípios ................................................. 14
3. DIREITOS DA PERSONALIDADE............................................................................. 16
3.1 Noções conceituais ......................................................................................................... 16
3.2 A cláusula geral de proteção da personalidade (não taxatividade dos direitos da
personalidade) ..................................................................................................................... 17
3.3 Direitos da personalidade versus liberdades públicas ............................................... 18
3.4 Momento aquisitivo dos direitos da personalidade.................................................... 18
3.5 Momento extintivo dos direitos da personalidade ..................................................... 19
3.6 Fontes dos direitos da personalidade .......................................................................... 21
3.7 Os direitos da personalidade e a pessoa jurídica ....................................................... 21
3.8 Possibilidade de colisão entre os direitos da personalidade e a liberdade de
comunicação social .............................................................................................................. 21
3.9 Características dos direitos da personalidade ............................................................ 22
3.10 Proteção Jurídica ........................................................................................................ 23
4. PESSOA NATURAL........................................................................................................ 30
4.1 Introdução ....................................................................................................................... 30
4.2 Inicio da Pessoa Natural.................................................................................................. 30
4.3 Capacidade Civil ............................................................................................................. 32
4.4 Cessação da incapacidade e emancipação .................................................................. 34
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Portanto, o objeto de estudo da lei de introdução não tem nada a ver com o Código Civil ou
com o Direito Civil. Na verdade a Lei de Introdução tem como objeto as normas, ou seja, é
um código sobre a estrutura das normas, e por isso tem aplicação universal, abrangendo todos
os ramos do direito brasileiro.
Por esse motivo, foi editado a Lei nº 12.376, de 2010, que modificou a nomenclatura data ao
Decreto-lei.657/42 de Lei de Introdução ao Código Civil para Lei de Introdução às normas do
Direito Brasileiro.
O momento existencial de uma norma é caracterizado pela promulgação. Mas a lei só passa a
produzir efeitos com a publicação.
Art. 1o da LINDB “Salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o país
quarenta e cinco dias depois de oficialmente publicada. § 1o Nos Estados, estrangeiros, a
obrigatoriedade da lei brasileira, quando admitida, se inicia três meses depois de
oficialmente publicada. § 2o (Revogado pela Lei nº 12.036, de 2009). § 3o Se, antes de entrar
a lei em vigor, ocorrer nova publicação de seu texto, destinada a correção, o prazo deste
artigo e dos parágrafos anteriores começará a correr da nova publicação. § 4o As correções
a texto de lei já em vigor consideram-se lei nova”.
A Lei Complementar 95/98 ponderou que quando uma lei entra em vigor, as pessoas têm o
dever e a obrigação de obedece-la, no entanto, é razoável dizer que: para que as pessoas
tomem conhecimento é preciso um tempo.
Art. 8º da Lei Complementar 95/98 “A vigência da lei será indicada de forma expressa e de
modo a contemplar prazo razoável para que dela se tenha amplo conhecimento, reservada a
cláusula (entra em vigor na data de sua publicação) para as leis de pequena repercussão. §
1º A contagem do prazo para entrada em vigor das leis que estabeleçam período de vacância
far-se-á com a inclusão da data da publicação e do último dia do prazo, entrando em vigor
no dia subsequente à sua consumação integral. § 2º As leis que estabeleçam período de
vacância deverão utilizar a cláusula (esta lei entra em vigor após decorridos (o número de)
dias de sua publicação oficial)”.
Exemplo: Uma Lei foi publicada no dia 10 de Março, na qual ficou estabelecido que ela
possui uma “vacatio legis” de cinco dias. Essa lei entrara em vigor no dia 15.
Apesar do art. 8, §3º da Lei Complementar 95/98 prever que o prazo de “vacatio legis” deve
ser estabelecido em dias, por diversas vezes o legislador estabelece em meses ou ano. Se isso
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ocorrer, deve ser utilizado o art. 132 do CC/02 como critério para realizar a contagem de
prazo.
O art. 1, § 3º da LINDB estabelece que, se, antes de entrar a lei em vigor, ocorrer nova
publicação de seu texto, destinada a correção, o prazo de vacatio legis começará a correr da
nova publicação para a parte do texto que foi modificado.
Art. 2o da LINDB “Não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a
modifique ou revogue. § 1o A lei posterior revoga a anterior quando expressamente o
declare, quando seja com ela incompatível ou quando regule inteiramente a matéria de que
tratava a lei anterior. § 2o A lei nova, que estabeleça disposições gerais ou especiais a par
das já existentes, não revoga nem modifica a lei anterior. § 3o Salvo disposição em
contrário, a lei revogada não se restaura por ter a lei revogadora perdido a vigência”.
Art. 2o da LINDB estabelece o princípio da continuidade das normas, de acordo com esse
princípio uma lei entrando em vigor ela somente será revogada (expressamente ou
tacitamente) com o advento de uma lei posterior, que discipline o tema de forma distinta. Vale
lembrar que os costumes não tem o condão de revogar lei.
Segundo o art. 9 da Lei Complementar 95/98 a revogação de uma lei deve ser
preferencialmente expressa, mas é óbvio que a revogação também pode ser tácita, quando
regular totalmente a matéria ou quando for incompatível. A revogação expressa ou tácita pode
ser total (ab rogação) ou parcial (derrogação).
No ordenamento jurídico brasileiro não é admitido a repristinação das normas. Isso significa
que a revogação da lei revogadora não reestabelece os efeitos da lei revogada.
Art. 2, § 3o da LINDB “Salvo disposição em contrário, a lei revogada não se restaura por ter
a lei revogadora perdido a vigência”.
Exemplo: Lei “A” é revogada pela Lei “B” que é revogada pela Lei “C”.
Observação: A simples revogação da Lei “B” não restaura os efeitos da Lei “A”.
Art. 3o da LINDB “Ninguém se escusa de cumprir a lei, alegando que não a conhece”.
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Portanto, ninguém pode alegar o desconhecimento de uma lei para furta-se de sua aplicação, é
a proibição da alegação do erro de direito, que trata-se de uma presunção de que todos tem o
conhecimento da lei.
Atenção: Somente as normas jurídicas que possuem preceitos dispositivos (salvo disposição
em contrario) podem ser revogadas pelas partes.
Art. 4o da LINDB “Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a
analogia, os costumes e os princípios gerais de direito”.
Analogia “legis”: trata-se de uma comparação realizada com uma hipótese disciplinada
por uma lei;
Atenção: a utilização dos costumes “secundum lege” caracteriza mera aplicação da lei, que
não pode ser considerado como um método de integração.
Costumes “praeter legem”: é aquele costume que não está previsto em lei e que não é
contrario ao ordenamento jurídico.
Princípios gerais/informativos: esses princípios que não possuem força normativa, mas
servem para auxiliar na colmatação.
Segundo o Direito Romano os princípios gerais são: “não lesar a ninguém, viver
honestamente e dar a cada um o que é seu”.
Atenção: Excepcionalmente os juízes podem decidir uma lide com base na equidade, que é a
ciência do justo/virtuoso, ou seja, é aquilo que se tem como ideal de justiça. Porém esse ideal
de justiça é muito subjetivo, devendo o juiz somente se fazer uso dela quando o ordenamento
jurídico permitir.
D- Interpretação das Normas: tem a finalidade de adequar a norma jurídica os fins sociais
estabelecidos por ela.
Art. 5 da LINDB “Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se dirige e
às exigências do bem comum”.
Art. 819 do CC/02 “A fiança dar-se-á por escrito, e não admite interpretação extensiva”.
Súmula 214 do STJ “O fiador na locação não responde por obrigações resultantes de
aditamento ao qual não anuiu”.
Art. 6 da LINDB “A Lei em vigor terá efeito imediato e geral, respeitados o ato jurídico
perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada. § 1º Reputa-se ato jurídico perfeito o já
consumado segundo a lei vigente ao tempo em que se efetuou. § 2º Consideram-se adquiridos
assim os direitos que o seu titular, ou alguém por ele, possa exercer, como aqueles cujo
começo do exercício tenha termo pré-fixo, ou condição pré-estabelecida inalterável, a
arbítrio de outrem. § 3º Chama-se coisa julgada ou caso julgado a decisão judicial de que já
não caiba recurso”.
No tempo, a lei, uma vez em vigor, alcançara os fatos pendentes e futuros, não retroagindo
para alcançar os fatos pretéritos. O art. 6 da LINDB consagra o princípio da irretroatividade
das leis.
No entanto por expressa previsão legal, uma lei pode produzir efeitos retroativos se houver
expressa disposição. Sendo que está retroação não pode alcançar o ato jurídico perfeito (que é
aqueles ato cujo que já está exaurido), o direito adquirido (que é aquele direito que já se
incorporou ao patrimônio do titular) e a coisa julgada (que é a qualidade que reveste os efeitos
de uma decisão judicial, contra a qual não cabe mais recurso).
Observação: O STF entendeu que não há direito adquirido a regime jurídico funcional e que
não há direito adquirido em fase do Poder Constituinte Originário ou Derivado, como por
exemplo, o regime de aposentadoria dos funcionários públicos.
O Conflito intertemporal é típico das relações jurídicas continuativas, ou seja, das relações
jurídicas de trato sucessivo, como por exemplo, o casamento e os contratos.
Esse conflito é solucionado pelo art. 2.035 do CC/02, onde a existência e a validade de um
negócio jurídico se submetem a norma do tempo de sua celebração, sendo que a eficácia a
norma atual em vigor.
Art. 2.035 do CC/02 “A validade dos negócios e demais atos jurídicos, constituídos antes da
entrada em vigor deste Código, obedece ao disposto nas leis anteriores, referidas no art.
2.045, mas os seus efeitos, produzidos após a vigência deste Código, aos preceitos dele se
subordinam, salvo se houver sido prevista pelas partes determinada forma de execução.
Parágrafo único. Nenhuma convenção prevalecerá se contrariar preceitos de ordem pública,
tais como os estabelecidos por este Código para assegurar a função social da propriedade e
dos contratos”.
Art. 7o da LINDB “A lei do país em que domiciliada a pessoa determina as regras sobre o
começo e o fim da personalidade, o nome, a capacidade e os direitos de família”.
O art. 7o da LINDB adota no que tange a aplicação da norma no espaço adota a teoria da
territorialidade mitigada ou moderada “no território brasileiro aplica-se a lei brasileira”.
No entanto, excepcionalmente a lei brasileira poderá ser aplicada quando existir norma
estrangeira permitindo ou na hipótese de incidência da lei de registros públicos.
Exemplo: Se uma pessoa é casada no exterior, no Brasil ela também será considerada casada,
sendo que a lei que rege esse casamento será a do lugar onde essa pessoa é domiciliada.
Na hipótese da existência de bens imóveis, deve ser aplicada a lei de onde o imóvel tiver
situado;
Os bens móveis que a pessoa traz consigo e penhor são regidos pela lei do domicilio;
Observação: Para que possa ser utilizado uma decisão judicial estrangeira no Brasil, ela deve
ser homologada pelo STJ, o qual deve verificar a existência de compatibilidade com o
ordenamento jurídico interno e o cumprimento das formalidades legais.
Segundo a súmula 420 do STF “Não se homologa sentença proferida no estrangeiro sem
prova do trânsito em julgado”.
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O Direito Civil foi estruturado no Direito Romano da Antiguidade, sendo que nesta etapa da
história o Direito era estrutura em dois ramos: Direito Civil e Direito Penal.
Portanto, tudo que era de Direito Civil não poderia ser classificado como Direito Penal.
Em 1804 foi editado o Código Civil Francês (após a Revolução Francesa). Esse código era
estruturado nos ideais de liberdade, igualdade e solidariedade. Esse código trouxe ao
ordenamento jurídico francês a distinção entre Direito Público (supremacia do interesse
público sobre o particular) e o Direito Privado (autonomia privada), garantindo aos
particulares o direito de propriedade privada e garantido o direito de contratar livremente.
Portanto, o Código Civil Francês de 1804 teve como principal objetivo preservar a autonomia
privada.
Em 1896 surgiu o Segundo Código Civil Alemão. Na consolidação é uma técnica legislativa
que tem a finalidade de sistematizar uma matéria com normas já existentes.
Na codificação é uma técnica legislativa, onde é editava uma norma para sistematizar uma
matéria. Por isso toda codificação é valorativa.
O Código Civil Frances de 1804 e o Código Civil Alemão tinham como valores o
patrimonialismo e o individualismo.
A ideia de propriedade somente surgiu com o advento do Código Civil Frances. Por outro
lado o “pacta sub servanda” estabeleceu que o contrato faz leis entre as partes.
O Art.179 da Constituição de 1824 estabeleceu o prazo de um ano para que fosse editado
Código Penal e o Código Civil.
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O primeiro Código Civil começou a ser elaborado em 1855 por Augusto Teixeira de Freitas,
no entanto, o projeto somente foi concluído em 1862. Esse projeto foi arquivado.
Em abril de 1899 Clóvis Beviláqua foi contratado para elaborar um novo projeto, o qual foi
apresentado em outubro de 1899, e posteriormente, foi aprovado somente em 1916.
E- Código Civil de 1916 e a estrutura do Direito Civil: parte geral e parte especial:
O Código Civil de 1916, que foi elaborado por Clóvis Beviláqua, influenciado pelo Código
Civil francês de 1804 e pelo Código Alemão de 1896. Portanto o Direito Civil naquela época
era orientado pelo patrimonialismo e pelo individualismo.
Nas décadas de 1940 e 1950, surgiram diversas situações fáticas que não estavam
disciplinadas no Código Civil de 1916, o que proporcionou o surgimento de diversas normas
jurídicas, como por exemplo, o Código de Águas, Lei de Condomínios, Estatuto da Mulher
Casada, Lei de Registros Públicos etc.
Nesta época, o Código Civil de 1916 ela utilizado como uma ferramenta destinada a orientar
os outros microssistemas (Código de Águas, Lei de Condomínios, Estatuto da Mulher Casada,
Lei Registros Públicos etc.), sendo que o Código Civil não conseguia resolver todos os
problemas, pois era obsoleto.
O contrato, a propriedade, a família; são temas que sempre foram interpretados com o código
civil, agora passaram a ser interpretadas conforme a CF/88.
Portanto, o Direito Civil deve ser interpretado atualmente com os valores estabelecidos pela
CF/88.
A doutrina entende que o sistema jurídico brasileiro tem como base de fundamento a
dignidade da pessoa humana (liberdade, igualdade e solidariedade social).
Diante das mudanças de paradigmas que tem ocorrido com a constitucionalização do direito
civil se faz desnecessária a divisão do Direito em ramos do Direito Público e Privado.
O que significa Direito Civil Mínimo? Significa que o Estado somente deve intervir nas
relações privadas para garantir os direitos e garantias fundamentais.
Socialidade: significa que o Direito Civil teve se atentar para a fundação social que o
Direito possui, como por exemplo, a função social da propriedade.
2.8 A incidência direta dos direitos fundamentais nas relações privadas - Eficácia
horizontal dos direitos fundamentais
13
O STF entendeu no RE 201.819/RJ que toda e qualquer relação privada precisa respeitar os
direitos e garantias fundamentais.
Exemplo: o Art. 1.337 do CC/02 estabelece que se um condômino deixar de cumprir com
suas obrigações reiteradamente ele poderá ser responsabilizado. No Entanto, para que isso
ocorra os direitos e garantias fundamentais do condômino deverão ser respeitos (garantias do
contraditório e da ampla defesa, “indubio pro reo” etc.
Art. 1337 do CC/02 “O condômino, ou possuidor, que não cumpre reiteradamente com os
seus deveres perante o condomínio poderá, por deliberação de três quartos dos condôminos
restantes, ser constrangido a pagar multa correspondente até ao quíntuplo do valor atribuído
à contribuição para as despesas condominiais, conforme a gravidade das faltas e a
reiteração, independentemente das perdas e danos que se apurem”.
2.9 A aplicação direta dos direitos sociais nas relações privadas - Eficácia horizontal dos
direitos sociais
A doutrina entende que se os direitos fundamentais possuem uma eficácia horizontal, ou seja,
os direitos sociais também são aplicados nas relações privadas regidas pelo Direito Civil
(aplicação direta dos Direitos Sociais).
Súmula 302 do STJ “É abusiva a cláusula contratual de plano de saúde que limita no tempo
a internação hospitalar do segurado”.
2.10 A incidência direta dos tratados e convenções internacionais no âmbito das relações
privadas - O controle de convencionalidade do Direito Civil
O STF entendeu que os Tratados Internacionais que versam sobre direitos humanos e que
forem aprovados na forma de emendas constitucionais (requisito formal) são equiparados a
emendas constitucionais.
Art. 5, § 3º da CF/88 “Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que
forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos
votos dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais”.
O STF entendeu que na hipótese de conflito de tratados internacionais que não versam sobre
direitos humanos (requisito material) deverá prevalecer a norma especial interna (STJ/REsp.
169.000/RJ). Neste REsP o STJ entendeu que deve ser aplicado o Código do Consumidor em
detrimento do Pacto de Varsóvia relativo ao transporte de cargas aéreo, pois a norma interna
estabelece que o dano deve ser ressarcido integralmente.
Observação: Acredito que nesta hipótese somente prevaleceu à norma interna porque é mais
benéfica do que a prevista no tratado. Pois o sujeito pleiteou uma indenização contra a
administração de um aeroporto brasileiro em razão de suas malas terem sido extraviadas.
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O STF entendeu que os tratados e convenções internacionais que versam sobre direitos
humanos, que não foram aprovados na forma do art. 5, § 3º da CF/88 possuem eficácia
supralegal em relação às normas do Direito Civil (STF/RE 466.343/SP).
Súmula Vinculante STF 25: “é ilícita a prisão civil de depositário infiel, qualquer que seja a
modalidade do depósito”.
As normas de Direito Civil são gerais e são afastadas em detrimento das normas especiais. A
professora Cláudia Lima Marques entende que existe a possibilidade da aplicação da lei geral
em detrimento da especial, em razão da lei geral ser mais benéfica (mais protetiva para o
sujeito de direito que se pretenda proteger). Como por exemplo, o Direito do Trabalho e o
Direito do Consumidor.
Nesta hipótese excepcionalmente ocorre à prevalência da norma geral sobre a norma especial.
Art. 445, §1º do CC/02 “Quando o vício, por sua natureza, só puder ser conhecido mais
tarde, o prazo contar-se-á do momento em que dele tiver ciência, até o prazo máximo de
cento e oitenta dias, em se tratando de bens móveis; e de um ano, para os imóveis”.
Art. 26 do CDC “O direito de reclamar pelos vícios aparentes ou de fácil constatação caduca
em: I - trinta dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de produtos não duráveis; II -
noventa dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de produtos duráveis. § 1° Inicia-se a
contagem do prazo decadencial a partir da entrega efetiva do produto ou do término da
execução dos serviços. § 2° Obstam a decadência: I - a reclamação comprovadamente
formulada pelo consumidor perante o fornecedor de produtos e serviços até a resposta
negativa correspondente, que deve ser transmitida de forma inequívoca; II - (Vetado). III - a
instauração de inquérito civil, até seu encerramento. § 3° Tratando-se de vício oculto, o
prazo decadencial inicia-se no momento em que ficar evidenciado o defeito”.
Segundo Canotilho, norma jurídica é igual (norma princípio + norma regra). Princípios e
normas são regras que obrigam e vinculam.
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Exemplo: Artigo 422 e 448 do CC/02 “a questão da boa-fé objetiva como princípio geral”.
Sempre que uma norma regra e compatível com a constituição e formalmente editada ela será
aplicada, a não ser que os fundamentos que motivaram a sua edição não estejam presentes.
O STF e o STJ já utilizaram esse critério para solucionarem algumas situações, porem não
utilizaram essa nomenclatura. No REsp 799.431/MG – STJ (reprovação de aluno com nota
7.955 ao invés da nota mínima – 8.0). No RE AgRegRecl. 3034/PB – STF (sequestro de
verbas públicas).
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3. DIREITOS DA PERSONALIDADE
O ente despersonalizado, apesar de não ter personalidade, pratica atos da vida civil, por
exemplo, o condomínio contrata pessoas, pode ser parte no processo e recolhe tributos.
O conceito de personalidade atrelado à ideia de que ter personalidade é uma aptidão para
praticar atos da vida civil e incoerente.
Com o advento do CC/02, o conceito de personalidade passou a ter outro sentido. Para o
CC/02 “toda pessoa para o direito tem personalidade jurídica”.
A personalidade jurídica constitui uma proteção básica fundamental, que decorre dos direitos
da personalidade.
Capacidade jurídica é a aptidão para pratica dos atos da vida civil. Portanto o condômino
edilício possui capacidade jurídica.
Observação: Todo aquele que possui personalidade tem capacidade, mas aquele que tem
capacidade pode não ter personalidade. Pois os entes despersonalizados tem capacidade sem
ter personalidade.
Quando se vislumbra uma relação de Direito Público a dignidade é afirmada pelo viés dos
Direitos Fundamentais de Direitos Sociais, os quais asseguram a dignidade em uma relação de
Direitos Público.
Já nas relações de Direito Privado, a dignidade da pessoa humana é assegurada pelos Direitos
da Personalidade.
Os direitos da personalidade não são taxativos, porque estão ancorados em uma cláusula geral
de proteção.
A cláusula geral de proteção (direito geral de projetação) é o fundamento para a criação do rol
exemplificativo. Sendo que os direitos da personalidade no Brasil estão assegurados em uma
cláusula geral de proteção (art. 1, inciso III da CF/88). Portanto a dignidade humana é
fundamento da proteção da personalidade jurídica.
A dignidade não pode ser conceituada cientificamente, porém, ela pode ser identifica em um
conjunto de situações, é isso que caracteriza o conteúdo mínimo.
Os direitos da personalidade constituem tudo aquilo que individuo precisa para ter vida digna
nas relações privadas, no entanto não se pode deixar de notar que em diversas situações o
exercício de um direito da personalidade fica submetido a uma conduta estatal, ou seja, para
que o titular exerça o seu direito da personalidade e preciso que o estado pratique uma
conduta, toda vez que for exigido uma conduta estatal para o exercício de um direito se tem a
existência de uma liberdade pública.
Atenção: Não esqueça que o momento aquisitivo dos direitos da personalidade nada tem a
ver com as teorias explicativas do nascituro.
Sob o ponto de vista clássico, a concepção ocorre com o prendimento do embrião nas paredes
do útero, ou seja, a concepção decorre da nidação. Portando no sistema jurídico brasileiro os
direitos da personalidade são adquiridos com a concepção uterina.
No REsp 1.120.676/SC o STJ entendeu que é direito dos pais de receber indenização por
danos pessoais causados pela morte culposa do nascituro ocasionada por erro médico.
O STF entendeu na ADIn 3510/DF que os embriões congelados não possuem personalidade
jurídica. Porem, podem ser titulares de direitos patrimoniais, ficando condicionados ao
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nascimento com vida, como por exemplo, o direito de herança (art. 1798 do CC/02). Portanto
o STF entendeu nesta ADIn que o Art. 5o da Lei 11.105/05 é constitucional.
Exceção: Vale ressaltar que a Lei de Alimentos Gravídicos (Lei 11.804/08) permite que
nascituro seja titular de direitos patrimonial
Vale ressaltar que direitos da personalidade se extinguem com a morte de seu detentor.
Porém, mesmo após a morte, essa proteção gera efeitos:
Sucessão processual:
Exemplo: Uma pessoa sofreu um dano e se tiver promovida à devida ação reparatória,
ocorrera à sucessão processual durante curso da ação.
Atenção: Nesta hipótese ocorre a sucessão processual do espólio ou dos sucessores (art. 43
do CPC).
Art. 110 do CPC “Ocorrendo a morte de qualquer das partes, dar-se-á a sucessão pelo seu
espólio ou pelos seus sucessores, observado o disposto no art. 313, §§ 1o e 2o.”
Art. 313, I do CPC “Suspende-se o processo: pela morte ou pela perda da capacidade
processual de qualquer das partes, de seu representante legal ou de seu procurador”.
Art. 313, § 1o do CPC “Na hipótese do inciso I, o juiz suspenderá o processo, nos termos
do art. 689”.
Art. 313, § 2o do CPC “Não ajuizada ação de habilitação, ao tomar conhecimento da morte,
o juiz determinará a suspensão do processo e observará o seguinte: I - falecido o réu,
ordenará a intimação do autor para que promova a citação do respectivo espólio, de quem
for o sucessor ou, se for o caso, dos herdeiros, no prazo que designar, de no mínimo dois e no
máximo seis meses; II - falecido o autor e sendo transmissível o direito em litígio,
determinará a intimação de seu espólio, de quem for o sucessor ou, se for o caso, dos
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herdeiros, pelos meios de divulgação que reputar mais adequados, para que manifestem
interesse na sucessão processual e promovam a respectiva habilitação no prazo designado,
sob pena de extinção do processo sem resolução de mérito”.
Exemplo: Ana teve sua honra lesada por João, porem ela vem a falecer sem promover a ação.
Atenção: Nesta hipótese seus sucessores podem exigir a reparação dos danos (art. 943 do
CC/02), desde que não tenha ocorrido a prescrição. A transmissão do direito de exigir
reparação à indenização se dará com o prazo prescricional fluindo.
Exemplo: Praticado um dano praticado contra uma pessoa falecida ocasiona dano indireto aos
seus familiares vivos.
Art. 12, § Único do CC/02 “Em se tratando de morto, terá legitimação para requerer a
medida prevista neste artigo o cônjuge (ou companheiro) sobrevivente, ou qualquer parente
em linha reta, ou colateral até o quarto grau”.
Atenção: Aos lesados indiretos não é utilizado à ordem sucessória de direitos, podendo cada
um ajuizar a devida ação de reparação de danos, devendo cada um provar a extensão de seu
dano sofrido.
No que diz respeito ao direito de imagem o art. 20, § Único do CC/02 disciplina que o direito
de imagem não abrange os herdeiros colaterais.
Art. 20, § Único do CC/02 “Em se tratando de morto ou de ausente, são partes legítimas para
requerer essa proteção o cônjuge, os ascendentes ou os descendentes”.
O STJ entendeu no REsp 86.109/SP que “A utilização da imagem da pessoa, com fins
econômicos, sem a sua autorização ou do sucessor, constitui locupletamento indevido, a
ensejar a devida reparação”.
De onde os direitos da personalidade surgem? A maioria dos autores entendem que a fonte
dos direitos da personalidade é a do jusnaturalismo, pois os direitos da personalidade
decorrem da vida, da própria condição humana.
No entanto outra parcela da doutrina entende que os direitos da personalidade não possuem
um caráter universal, mas sim positivista cultural, pois se trata de um avanço cultural do
homem e não natural.
Segundo o enunciado 286 da IV Jornada de Direito Civil: “Os direitos da personalidade são
direitos inerentes e essenciais à pessoa humana, decorrentes de sua dignidade, não sendo as
pessoas jurídicas titulares de tais direitos”.
Vale ressaltar que os direitos da personalidade trazem consigo atributo de elasticidade, este
atributo faz com que a proteção que decorre dos direitos da personalidade seja estendida as
pessoas jurídicas.
Art. 52 do CC: “Aplica-se às pessoas jurídicas, no que couber, a proteção dos direitos da
personalidade”.
Súmula 221 do STJ: “São civilmente responsáveis pelo ressarcimento de dano, decorrente de
publicação pela imprensa, tanto o autor do escrito quanto o proprietário do veículo de
divulgação".
Súmula 281 do STJ: “A indenização por dano moral não está sujeita à tarifação prevista na
Lei de Imprensa”.
Direito ao esquecimento?
O referido enunciado foi redigito sob a justificativa de que “os danos provocados pelas novas
tecnologias de informação vêm-se acumulando nos dias atuais. O direito ao esquecimento
tem sua origem histórica no campo das condenações criminais. Surge como parcela
importante do direito do ex-detento à ressocialização. Não atribui a ninguém o direito de
apagar fatos ou reescrever a própria história, mas apenas assegura a possibilidade de
discutir o uso que é dado aos fatos pretéritos, mais especificamente o modo e a finalidade
com que são lembrados”.
O STJ entendeu no REsp 1.335.153-RJ “A exibição não autorizada de uma única imagem da
vítima de crime amplamente noticiado à época dos fatos não gera, por si só, direito de
compensação por danos morais aos seus familiares”.
Pessoa pública possui direitos da personalidade? No entanto por conta de seu oficio ou
profissão as pessoas públicas sofrem uma modificação ou relativização dos direitos da
personalidade. Na medida em que em o exercício de função/profissão exige uma
exteriorização de sua personalidade. Portanto os direitos da personalidade pública sobrem
uma mitigação, assim como as pessoas que os acompanham.
Art. 11, Código Civil: “Com exceção dos casos previstos em lei, os direitos da personalidade
são intransmissíveis e irrenunciáveis, não podendo o seu exercício sofrer limitação
voluntária”.
23
Enunciado 139 da III Jornada de Direito Civil: “Os direitos da personalidade podem sofrer
limitações, ainda que não especificamente previstas em lei, não podendo ser exercidos com
abuso de direito de seu titular, contrariamente à boa-fé objetiva e aos bons costumes”.
Observação: A Lei 9.610/98 disciplina que o prazo de cessão de imagens é de cincos anos,
podendo ser renovável.
Absolutos no sentido de que são oponíveis com feito “erga omnes” (contra todos);
Extrapatrimoniais;
Com o advento do CC/02 a proteção jurídica passou a ser baseada no binômio tutela
preventiva/reparatória (sem prejuízo de ser reparatória). A tutela indenizatória encontra
fundamento no art. 12 do CC/02.
24
Art. 12 do CC/02 “Pode-se exigir que cesse a ameaça, ou a lesão, a direito da personalidade,
e reclamar perdas e danos, sem prejuízo de outras sanções previstas em lei”.
Sob o ponto de vista processual essa proteção se da por meio de tutela especifica, que é a
solução dada para um determinado caso concreto (artigos 498, 536, e 537 do NCPC e art. 84
do CDC).
Art. 498 do NCPC “Na ação que tenha por objeto a entrega de coisa, o juiz, ao conceder a
tutela específica, fixará o prazo para o cumprimento da obrigação. Parágrafo único.
Tratando-se de entrega de coisa determinada pelo gênero e pela quantidade, o autor
individualizá-la-á na petição inicial, se lhe couber a escolha, ou, se a escolha couber ao réu,
este a entregará individualizada, no prazo fixado pelo juiz”.
Art. 536 do NCPC “No cumprimento de sentença que reconheça a exigibilidade de obrigação
de fazer ou de não fazer, o juiz poderá, de ofício ou a requerimento, para a efetivação da
tutela específica ou a obtenção de tutela pelo resultado prático equivalente, determinar as
medidas necessárias à satisfação do exequente.§ 1o Para atender ao disposto no caput, o juiz
poderá determinar, entre outras medidas, a imposição de multa, a busca e apreensão, a
remoção de pessoas e coisas, o desfazimento de obras e o impedimento de atividade nociva,
podendo, caso necessário, requisitar o auxílio de força policial. § 2o O mandado de busca e
apreensão de pessoas e coisas será cumprido por 2 (dois) oficiais de justiça, observando-se o
disposto no art. 846, §§ 1o a 4o, se houver necessidade de arrombamento. § 3o O executado
incidirá nas penas de litigância de má-fé quando injustificadamente descumprir a ordem
judicial, sem prejuízo de sua responsabilização por crime de desobediência. § 4o No
cumprimento de sentença que reconheça a exigibilidade de obrigação de fazer ou de não
fazer, aplica-se o art. 525, no que couber. § 5o O disposto neste artigo aplica-se, no que
couber, ao cumprimento de sentença que reconheça deveres de fazer e de não fazer de
natureza não obrigacional”.
Art. 537 do NCPC “A multa independe de requerimento da parte e poderá ser aplicada na
fase de conhecimento, em tutela provisória ou na sentença, ou na fase de execução, desde que
seja suficiente e compatível com a obrigação e que se determine prazo razoável para
cumprimento do preceito. § 1o O juiz poderá, de ofício ou a requerimento, modificar o valor
ou a periodicidade da multa vincenda ou excluí-la, caso verifique que: I - se tornou
insuficiente ou excessiva; II - o obrigado demonstrou cumprimento parcial superveniente da
obrigação ou justa causa para o descumprimento. § 2o O valor da multa será devido ao
exequente”.
A- A tutela preventiva: se da por meio de tutela específica, que nada mais e do que solução
adequada para um caso especifico. Portanto existem diversas formas de tutela especifica, não
se resumindo a uma única hipótese.
Tutela inibitória;
Tutela sub-rogatória;
Tutela de eliminação do dano.
Enunciado 140 da IV Jornada de Direito Civil: “A primeira parte do art. 12 do Código Civil
refere-se às técnicas de tutela específica, aplicáveis de ofício, enunciadas nos artigos (498,
536 e 537 do Novo) Código de Processo Civil, devendo ser interpretada com resultado
extensivo”.
O SFT entendeu na Adin 4.815 que é possível sim a publicação de biografia não autorizada.
Porém não cabe a concessão de tutela especifica em razão da falta de autorização, desde que
não viole os direitos da personalidade. É importante destacar que o autor do escrito e o
proprietário do veículo de divulgação podem ser responsabilizados pelos danos ocasionados.
Súmula 221 do STJ “São civilmente responsáveis pelo ressarcimento de dano, decorrente de
publicação pela imprensa, tanto o autor do escrito quanto o proprietário do veículo de
divulgação”.
Art. 5, X da CF/88 “são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das
pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua
violação”.
Súmula 37 do STJ “São cumuláveis as indenizações por dano material e dano moral
oriundos do mesmo fato”.
Súmula 387 do STJ “É lícita a cumulação das indenizações de dano estético e dano moral”.
Súmula 403 do STJ “Independe de prova do prejuízo a indenização pela publicação não
autorizada de imagem de pessoa com fins econômicos ou comerciais”.
Atenção: A cada bem jurídico personalíssimo violado corresponderá uma indenização. O Juiz
não pode condenar de oficio os danos morais. Exemplo, na hipótese da existência de dano
moral e dano estético.
O dano moral difuso ou coletivo é assegurado pela Art. 1º da Lei 7.347/85 e pelo art. 6º,
inciso VI do CDC.
Art. 1º da Lei 7.347/85 (Ação Civil Pública) “Regem-se pelas disposições desta Lei, sem
prejuízo da ação popular, as ações de responsabilidade por danos morais e patrimoniais
26
Art. 6º, VI do CDC “São direitos básicos do consumidor: efetiva prevenção e reparação de
danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos e difusos”.
Art. 13 do CC/02 “Salvo por exigência médica, é defeso o ato de disposição do próprio
corpo, quando importar diminuição permanente da integridade física, ou contrariar os bons
costumes. Parágrafo único. O ato previsto neste artigo será admitido para fins de
transplante, na forma estabelecida em lei especial”.
O titular pode dispor do próprio corpo quando não gerar diminuição permanente da
integridade física;
Havendo diminuição permanente da integridade física do próprio corpo, somente poderá ser
realizada por necessidade médica.
Atenção: Segundo o STJ a caracterização do dano estético se da mesmo que as sequelas não
sejam permanentes.
Súmula 387 do STJ “É lícita à cumulação das indenizações de dano estético e dano moral”.
Atenção: O ato de disposição pelo titular e a exigência segundo a Lei 9.434/97 somente pode
ser realizada com a anuência dos familiares, após o óbito.
A posição majoritária entende que a lei de transplante e especial, por essa razão ela prevalece
sobre o art. 14 do CC/02. Portanto a extração de órgãos humanos depende de autorização dos
familiares.
prevalece sobre a vontade dos familiares, portanto, a aplicação do art. 4º da Lei n. 9.434/97
ficou restrita à hipótese de silêncio do potencial doador”.
Art. 15 do CC/02 “Ninguém pode ser constrangido a submeter-se, com risco de vida, a
tratamento médico ou a intervenção cirúrgica”.
O titular do direito não está obrigado a se submeter a tratamento paliativo que não tenha uma
certeza de êxito, que se baseia na ideia de que a pessoa deve ter uma morte digna nas
hipóteses em que o tratamento de uma doença não possa obter êxito.
Atenção: Uma pessoa somente será internada compulsoriamente para tratamento de saúde nas
hipóteses de saúde pública.
Existe corrente minoritária que defende que em respeito às crenças religiosas é exigência
tanto legal, quando social a aqueles que professam a fé das Testemunhas de Jeová, receber
sangue, próprio ou de terceiros, fere preceito religioso e implica desonra, na medida em que
viola o mandamento divido, e por isso caracteriza motivo justificado para impedir a realização
de procedimento medico que envolva a transfusão de sangue de paciência absolutamente
capaz.
F- Direito ao nome:
Art. 16 do CC/02 “Toda pessoa tem direito ao nome, nele compreendidos o prenome e o
sobrenome”.
Art. 17 do CC/02 “O nome da pessoa não pode ser empregado por outrem em publicações ou
representações que a exponham ao desprezo público, ainda quando não haja intenção
difamatória”.
Art. 18 do CC/02 “Sem autorização, não se pode usar o nome alheio em propaganda
comercial”.
Art. 19 do CC/02 “O pseudônimo adotado para atividades lícitas goza da proteção que se dá
ao nome”.
Observação: O pseudônimo é o nome que uma pessoa utiliza para fins profissionais. O nome
hipocorístico (alcunha) é o apelido que uma pessoa possui para fins profissionais e pessoais,
como por exemplo, Pelé, Lula.
28
No Brasil o Art. 57 da Lei de Registros Públicos disciplina que no primeiro ano, após ter
adquirido a maioridade civil (18 aos 19 anos) o interessado poderá modificar o seu nome.
O nome gera registro público, e por isso pode ser controlado pelo oficial de registro, quando o
nome indicado pelos genitores da criança expõe a criança ao ridículo. A recusa em registrar o
nome e as possibilidades decorrentes da instauração do procedimento de administrativo de
dúvida previsto nos artigos 198 e 203 da Lei de Registros Públicos. Vale ressaltar dessa
decisão administrativa cabe apelação (art. 198 a 203 da Lei de Registros Públicos).
Atenção: O nome hipocorístico pode substituir o prenome ou ser incluído no nome do titular
de um direito (art. 58 da Lei de Registros Públicos).
O nome pode ser modificado após o transcurso do prazo previsto no art. 58 da Lei de
Registros Públicos nas hipóteses previstas em lei, como por exemplo, o casamento, a
separação, lei de proteção das testemunhas etc.
O art. 20 do CC/02 disciplina que se a imagem não tiver finalidade comercial ou não violar o
direito à honra não caracterizara violação aos direitos da personalidade. No entanto, o STJ
entende que a simples divulgação de imagem sem autorização caracteriza violão.
Atenção: Nem toda informação privada é íntima, mas toda informação intima é privada. No
entanto, o próprio titular pode relativizar o seu direito a privacidade, quando autorizar.
4. PESSOA NATURAL
4.1 Introdução
Pessoa Natural é a pessoa física, ou seja, um ente de existência visível. Para o CC/02 pessoa
natural é a pessoa humana, ou seja, e o ente dotado de estrutura biopsicológica, a qual possui
personalidade jurídica, também é titular de direitos da personalidade.
Toda pessoa natural dispõe de personalidade jurídica, ter personalidade jurídica, significar ser
titular de direitos da personalidade.
Tanto a inseminação artificial como a fertilização in vitro podem ser classificadas como:
homologa (material genético do próprio casal) e heteróloga (material genético de terceiro).
Art. 2o do CC/02 “A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a
lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro”.
Personalidade formal: diz respeito aos direitos extrapatrimoniais e que são adquiridos
desde a concepção, como por exemplo, o direito a vida;
Personalidade material: diz respeito aos direitos patrimoniais, ficam sob uma condição
suspensiva, esperando que ocorra o nascimento com vida.
Atenção: Se alguém violar a imagem do nascituro, o nascituro representado por sua mãe
poderá pleitear a devida ação reparatória (Danos Morais), porem a execução dessa ação
somente ocorre com o nascimento com vida do nascituro.
Atenção: O STF entendeu na ADIn 3510/DF que pela não aplicação dos direitos do
nascituro ao embrião laboratorial. Nesta ADIn o STF entendeu que após decorrido o período
de 3 anos o material genético poderá ser descartado, podendo ser utilizado para fins de
pesquisas com células tronco.
Observação: Vale ressaltar que na ADPF 54 o STF entendeu que existe a possibilidade de
realizar o aborto do feto anencefálico.
O STJ entendeu no REsp 1.120.676 que os genitores de um nascituro podem pleitear uma
indenização pela morte do nascituro.
Atenção: A doutrina moderna estrangeira atualmente entende que a gestante ainda poderá ser
responsabilizada civilmente em decorrência de pratica de condutas prejudiciais ao nascituro
durante a gestão (morte culposa). Já existe precedentes no Canada e na França.
32
Atenção: Toda pessoa que tem capacidade tem personalidade, mas nem toda pessoa que tem
personalidade tem capacidade.
Capacidade de direito/gozo: e a possibilidade de ser titular dos atos civis, como por
exemplo, é a possibilidade de se envolver em relações patrimoniais. Portanto uma criança
de cinco anos dispõe de capacidade de direito, pois ela pode receber uma herança ou
ainda, uma doação.
Atenção: Portanto a pessoa que dispõe da capacidade de direito e a capacidade de fato possui
a capacidade plena. Capacidade jurídica não se confunde com os direitos da personalidade.
B- Legitimação: é um requisito especifico exigido das pessoas capazes para prática de atos
específicos, desde que esteja previsto em lei. Segundo Orlando Gomes a legitimação é um
plus na capacidade (é um requisito extra).
Exemplos: A venda de um bem imóvel de um casal somente pode ser realizada quando
ambos consentirem com a realização do negócio jurídico. Os pais de um menor que recebeu
um bem imóvel como doação de seu avô somente podem vender esse bem com autorização
judicial.
Art. 3º, CC/02 “São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil: I
- os menores de dezesseis anos”.
vontade; IV - os pródigos. Parágrafo único. A capacidade dos indígenas será regulada por
legislação especial”.
Segundo o § do único art. 4 do CC/02 “A capacidade dos índios será regulada por legislação
especial”.
O Estatuto do Índio disciplina que o índio “silvícola” será considerado absolutamente incapaz
se não integrado a sociedade, devendo ser representado extra juridicamente pela FUNAI.
Sendo que a defesa da coletividade indígena deve ser representada pelo Ministério Público
Federal.
O art. 28, §6º do ECA estabelece que na hipótese de colocação de criança ou adolescente
indígena em família substituta deve ser respeitado à sua identidade social e cultural.
Art. 928 do CC/02 “O incapaz responde pelos prejuízos que causar, se as pessoas por ele
responsáveis não tiverem obrigação de fazê-lo ou não dispuserem de meios suficientes.
Parágrafo único. A indenização prevista neste artigo, que deverá ser equitativa, não terá
lugar”.
O Art. 928 do CC/02 estabelece que a responsabilidade civil do menor incapaz é subsidiária e
condicional.
Subsidiaria: se “as pessoas por ele responsáveis não tiverem obrigação de fazê-lo;”.
Critério psíquico: é uma casa subjetiva, o CC/02 determina que competira ao juiz, por
meio do procedimento de interdição.
O STJ entendeu que se um incapaz um ato jurídico, este será considerado invalido (nulo na
hipótese de absolutamente incapaz ou anulável na hipótese de incapacidade relativa).
34
No entanto se o negócio for realizado com um terceiro de boa-fé, e se a realização do ato não
ocasionar prejuízo patrimonial ao incapaz o ato será considerado válido.
A- Cessação da Incapacidade:
Art. 5o do CC/02 “A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a pessoa fica
habilitada à prática de todos os atos da vida civil”.
Cessão da incapacidade em razão do critério psíquico: deverá ser realizada por meio
de uma decisão judicial, após a realização de uma perícia médica. O NCPC e o Estatuto da
Pessoa com Deficiência modificam o procedimento de curatela.
Atenção: A incapacidade cessa quando cessada a causa que lhe deu origem.
Art. 5º, § único do CC/02 “Cessará, para os menores, a incapacidade: I - pela concessão dos
pais, ou de um deles na falta do outro, mediante instrumento público, independentemente de
homologação judicial, ou por sentença do juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver dezesseis anos
completos; II - pelo casamento; III - pelo exercício de emprego público efetivo; IV - pela
colação de grau em curso de ensino superior; V - pelo estabelecimento civil ou comercial, ou
pela existência de relação de emprego, desde que, em função deles, o menor com dezesseis
anos completos tenha economia própria”.
Emancipação voluntária: decorre de um ato praticado pelos pais do menor, realizado por
meio de uma escritura pública, registrada no cartório em que o menor nasceu.
Segundo o Enunciado 41 da Jornada de Direito Civil “a única hipótese em que poderá haver
responsabilidade solidária do menor de 18 anos com seus pais é ter sido emancipado nos
termos do art. 5º, parágrafo único, inc. I, do novo Código Civil”.
Emancipação judicial: decorre de um ato praticado pelo juiz, quando existir conflito de
interesses entre os pais do menor ou na falta de um deles a requerimento do tutor.
Casamento;
Art. 1.520 do CC/02 “Excepcionalmente, será permitido o casamento de quem ainda não
alcançou a idade núbil (art. 1517), em caso de gravidez”.
Atenção: Uma vez cessada a incapacidade por meio da emancipação ela não poderá ser
restabelecida, pois a emancipação é um instituto intermitente.
A- Legitimidade:
O art. 747 do NCPC revogou o art. 1.768 do CC/02. Embora, a própria pessoa tem
legitimidade para requerer.
Art. 747 do NCPC “A interdição pode ser promovida: I - pelo cônjuge ou companheiro; II -
pelos parentes ou tutores; III - pelo representante da entidade em que se encontra abrigado o
interditando; IV - pelo Ministério Público. Parágrafo único. A legitimidade deverá ser
comprovada por documentação que acompanhe a petição inicial”.
Art. 1.769, inciso I do CC/02 “O Ministério Público somente promoverá o processo que
define os termos da curatela: nos casos de deficiência mental ou intelectual”.
B- Petição Inicial:
Art. 1.180 do CPC “Na petição inicial, o interessado provará a sua legitimidade,
especificará os fatos que revelam a anomalia psíquica e assinalará a incapacidade do
interditando para reger a sua pessoa e administrar os seus bens”.
C- Entrevista preliminar:
Art. 751 do NCPC “O interditando será citado para, em dia designado, comparecer perante
o juiz, que o entrevistará minuciosamente acerca de sua vida, negócios, bens, vontades,
preferências e laços familiares e afetivos e sobre o que mais lhe parecer necessário para
convencimento quanto à sua capacidade para praticar atos da vida civil, devendo ser
reduzidas a termo as perguntas e respostas. § 1o Não podendo o interditando deslocar-se, o
juiz o ouvirá no local onde estiver. § 2o A entrevista poderá ser acompanhada por
especialista. § 3o Durante a entrevista, é assegurado o emprego de recursos tecnológicos
36
D- Resposta do interditando:
Segundo o art. 752 do NCPC o curatelando tem o prazo de 15 dias contado da entrevista para
impugnar a curatela. O interditando poderá constituir advogado, e, caso não o faça, deverá ser
nomeado curador especial. No entanto, seu cônjuge, companheiro ou qualquer parente
sucessível poderá intervir no processo como assistente.
E- Perícia Médica:
Art. 753 no NCPC “Decorrido o prazo previsto no art. 752, o juiz determinará a produção de
prova pericial para avaliação da capacidade do interditando para praticar atos da vida civil.
§ 1o A perícia pode ser realizada por equipe composta por expertos com formação
multidisciplinar. § 2o O laudo pericial indicará especificadamente, se for o caso, os atos para
os quais haverá necessidade de curatela”.
Art. 1.771 do CC/02 “Antes de se pronunciar acerca dos termos da curatela, o juiz, que
deverá ser assistido por equipe multidisciplinar, entrevistará pessoalmente o interditando”.
F- Sentença:
Art. 755 do NCPC “Na sentença que decretar a interdição, o juiz: I - nomeará curador, que
poderá ser o requerente da interdição, e fixará os limites da curatela, segundo o estado e o
desenvolvimento mental do interdito; II - considerará as características pessoais do interdito,
observando suas potencialidades, habilidades, vontades e preferências. § 1o A curatela deve
ser atribuída a quem melhor possa atender aos interesses do curatelado. § 2o Havendo, ao
tempo da interdição, pessoa incapaz sob a guarda e a responsabilidade do interdito, o juiz
atribuirá a curatela a quem melhor puder atender aos interesses do interdito e do incapaz.§
3o A sentença de interdição será inscrita no registro de pessoas naturais e imediatamente
publicada na rede mundial de computadores, no sítio do tribunal a que estiver vinculado o
juízo e na plataforma de editais do Conselho Nacional de Justiça, onde permanecerá por 6
(seis) meses, na imprensa local, uma vez, e no órgão oficial, por três vezes, com intervalo de
dez dias, constando do edital os nomes do interdito e do curador, a causa da interdição, os
limites da curatela e, não sendo total a interdição, os atos que o interdito poderá praticar
autonomamente”.
G- Levantamento da interdição:
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Art. 756 o NCP “Levantar-se-á a curatela quando cessar a causa que a determinou. § 1o O
pedido de levantamento da curatela poderá ser feito pelo interdito, pelo curador ou pelo
Ministério Público e será apensado aos autos da interdição. § 2o O juiz nomeará perito ou
equipe multidisciplinar para proceder ao exame do interdito e designará audiência de
instrução e julgamento após a apresentação do laudo. § 3o Acolhido o pedido, o juiz
decretará o levantamento da interdição e determinará a publicação da sentença, após o
trânsito em julgado, na forma do art. 755, § 3o, ou, não sendo possível, na imprensa local e
no órgão oficial, por três vezes, com intervalo de dez dias, seguindo-se a averbação no
registro de pessoas naturais. § 4o A interdição poderá ser levantada parcialmente quando
demonstrada a capacidade do interdito para praticar alguns atos da vida civil”.
I- Atos praticados antes da interdição: os atos podem ser considerados nulos ou anulados.
No entanto o STJ atualmente tem entendido que se o ato for praticado por um terceiro de boa-
fé, não gerando prejuízo ao incapaz, o ato deverá ser preservado.
Art. 1.873-A do CC/02 “A tomada de decisão apoiada é o processo pelo qual a pessoa com
deficiência elege pelo menos duas pessoas idôneas, com as quais mantenha vínculos e que
gozem de sua confiança, para prestar-lhe apoio na tomada de decisão sobre atos da vida
civil, fornecendo-lhes os elementos e informações necessários para que possa exercer sua
capacidade. § 1o Para formular pedido de tomada de decisão apoiada, a pessoa com
deficiência e os apoiadores devem apresentar termo em que constem os limites do apoio a ser
oferecido e os compromissos dos apoiadores, inclusive o prazo de vigência do acordo e o
respeito à vontade, aos direitos e aos interesses da pessoa que devem apoiar. § 2o O pedido
de tomada de decisão apoiada será requerido pela pessoa a ser apoiada, com indicação
expressa das pessoas aptas a prestarem o apoio previsto no caput deste artigo. § 3o Antes de
se pronunciar sobre o pedido de tomada de decisão apoiada, o juiz, assistido por equipe
multidisciplinar, após oitiva do Ministério Público, ouvirá pessoalmente o requerente e as
pessoas que lhe prestarão apoio. § 4o A decisão tomada por pessoa apoiada terá validade e
efeitos sobre terceiros, sem restrições, desde que esteja inserida nos limites do apoio
acordado. § 5o Terceiro com quem a pessoa apoiada mantenha relação negocial pode
solicitar que os apoiadores contra assinem o contrato ou acordo, especificando, por escrito,
sua função em relação ao apoiado. § 6o Em caso de negócio jurídico que possa trazer risco
ou prejuízo relevante, havendo divergência de opiniões entre a pessoa apoiada e um dos
apoiadores, deverá o juiz, ouvido o Ministério Público, decidir sobre a questão. § 7o Se o
apoiador agir com negligência, exercer pressão indevida ou não adimplir as obrigações
assumidas, poderá a pessoa apoiada ou qualquer pessoa apresentar denúncia ao Ministério
Público ou ao juiz. § 8o Se procedente a denúncia, o juiz destituirá o apoiador e nomeará,
ouvida a pessoa apoiada e se for de seu interesse, outra pessoa para prestação de apoio. §
9o A pessoa apoiada pode, a qualquer tempo, solicitar o término de acordo firmado em
processo de tomada de decisão apoiada. § 10. O apoiador pode solicitar ao juiz a exclusão
de sua participação do processo de tomada de decisão apoiada, sendo seu desligamento
38
Art. 3º da Lei 9.434/97 “A retirada post mortem de tecidos, órgãos ou partes do corpo
humano destinados a transplante ou tratamento deverá ser precedida de diagnóstico de morte
encefálica, constatada e registrada por dois médicos não participantes das equipes de
remoção e transplante, mediante a utilização de critérios clínicos e tecnológicos definidos
por resolução do Conselho Federal de Medicina. § 1º Os prontuários médicos, contendo os
resultados ou os laudos dos exames referentes aos diagnósticos de morte encefálica e cópias
dos documentos de que tratam os arts. 2º, parágrafo único; 4º e seus parágrafos; 5º; 7º; 9º,
§§ 2º, 4º, 6º e 8º, e 10, quando couber, e detalhando os atos cirúrgicos relativos aos
transplantes e enxertos, serão mantidos nos arquivos das instituições referidas no art. 2º por
um período mínimo de cinco anos. § 2º Às instituições referidas no art. 2º enviarão
anualmente um relatório contendo os nomes dos pacientes receptores ao órgão gestor
estadual do Sistema único de Saúde. § 3º Será admitida a presença de médico de confiança
da família do falecido no ato da comprovação e atestação da morte encefálica”.
B- Efeitos da morte:
C- Espécies de morte:
I- Real: decorre de uma declaração médica (atestado de óbito), devendo ser registrado no
Cartório de Registro Geral.
Art. 7o do CC/02 “Pode ser declarada a morte presumida, sem decretação de ausência: I - se
for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida; II - se alguém,
desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, não for encontrado até dois anos após o
término da guerra. Parágrafo único. A declaração da morte presumida, nesses casos,
somente poderá ser requerida depois de esgotadas as buscas e averiguações, devendo a
sentença fixar a data provável do falecimento”.
Art. 88 da Lei 6.015/77 “Poderão os Juízes togados admitir justificação para o assento de
óbito de pessoas desaparecidas em naufrágio, inundação, incêndio, terremoto ou qualquer
outra catástrofe, quando estiver provada a sua presença no local do desastre e não for
possível encontrar-se o cadáver para exame. Parágrafo único. Será também admitida a
justificação no caso de desaparecimento em campanha, provados a impossibilidade de ter
39
sido feito o registro nos termos do artigo 85 e os fatos que convençam da ocorrência do
óbito”.
Exemplo: Sujeito que estava nadando em um rio. Algumas pessoas viram o individuo se
afogando, porém o corpo não foi encontrado.
Atenção: Vale lembrar que o instituto da comoriência admite a morte real e a morte
presumida sem ausência.
III- Morte presumida por ausência: é a presunção de que uma pessoa que “sumiu” está
morta.
O procedimento de jurisdição voluntária da morte presumida por ausência é trifásico (possui três
fases).
Art. 26 do CC/02 “Decorrido um ano da arrecadação dos bens do ausente, ou, se ele deixou
representante ou procurador, em se passando três anos, poderão os interessados requerer
que se declare a ausência e se abra provisoriamente a sucessão”.
Art. 30 do CC/02 “Os herdeiros, para se imitirem na posse dos bens do ausente, darão
garantias da restituição deles, mediante penhores ou hipotecas equivalentes aos quinhões
respectivos. § 1o Aquele que tiver direito à posse provisória, mas não puder prestar a
garantia exigida neste artigo, será excluído, mantendo-se os bens que lhe deviam caber sob a
administração do curador, ou de outro herdeiro designado pelo juiz, e que preste essa
garantia. § 2o Os ascendentes, os descendentes e o cônjuge, uma vez provada a sua qualidade
de herdeiros, poderão, independentemente de garantia, entrar na posse dos bens do ausente”.
40
Art. 31 do CC/02 “Os imóveis do ausente só se poderão alienar, não sendo por
desapropriação, ou hipotecar, quando o ordene o juiz, para lhes evitar a ruína”.
Art. 34 do CC/02 “O excluído, segundo o art. 30, da posse provisória poderá, justificando
falta de meios, requerer lhe seja entregue metade dos rendimentos do quinhão que lhe
tocaria”.
Art. 35 do CC/02 “Se durante a posse provisória se provar a época exata do falecimento do
ausente, considerar-se-á, nessa data, aberta a sucessão em favor dos herdeiros, que o eram
àquele tempo”.
Art. 37 do CC/02 “Dez anos depois de passada em julgado a sentença que concede a
abertura da sucessão provisória, poderão os interessados requerer a sucessão definitiva e o
levantamento das cauções prestadas”.
Art. 39 do CC/02 “Regressando o ausente nos dez anos seguintes à abertura da sucessão
definitiva, ou algum de seus descendentes ou ascendentes, aquele ou estes haverão só os bens
existentes no estado em que se acharem, os sub-rogados em seu lugar, ou o preço que os
herdeiros e demais interessados houverem recebido pelos bens alienados depois daquele
tempo. Parágrafo único. Se, nos dez anos a que se refere este artigo, o ausente não regressar,
e nenhum interessado promover a sucessão definitiva, os bens arrecadados passarão ao
domínio do Município ou do Distrito Federal, se localizados nas respectivas circunscrições,
incorporando-se ao domínio da União, quando situados em território federal”.
Atenção: O art. 1.571 do CC/02 prevê que a declaração de ausência ocasiona a dissolução do
casamento do ausente. Prevalece o entendimento de a dissolução do casamente ocorre com a decisão
de terminou a abertura da sucessão definitiva.
41
Art. 8o do CC/02 “Se dois ou mais indivíduos falecerem na mesma ocasião, não se podendo
averiguar se algum dos comorientes precedeu aos outros, presumir-se-ão simultaneamente
mortos”.
Atenção: As pessoas que falecerem na hipótese de comoriência não transmitem direitos entre
si.
42
5. PESSOAS JURÍDICAS
Para compreendermos esse tema, precisamos lembrar que um dos paradigmas do CC/02, que
são a sociabilidade, eticidade e operabilidade.
A sociabilidade indica que todo e qualquer instituto de Direito Civil teve ser interpretado de
acordo com a sua função social, de modo que a propriedade, a família e o contratado devem
ser interpretados de acordo com a sua função social.
O Desembargador Ênio Santarelli Zuliani TJ-SP entendeu na Apelação Civil. 102.023-4/3 que
“o sistema jurídico autoriza a dissolução, para o bem comum, de associação de torcedores
que, perdendo a ideologia primitiva (incentivo a uma equipe esportiva), transformou-se em
instituição organizada para a difusão do pânico e terror em espetáculos esportivos, uma
ilicitude que compromete o esforço do direito em manter o equilíbrio de forças para o
exercício da cidadania digna (CF, art. 1º, III, e 217). Incidência do art. 21, III, do CC/16
para selar o fim do ciclo existencial do Grêmio Gaviões da Fiel Torcida”.
Por mais vontade que tenha vontade o ser humano sozinho não conseguirá obter êxito em
todas as atividades que deseja. Vale lembrar, que o ser humano é um ser gregário e social que
necessita viver em sociedade. Pessoa Jurídica é a soma de esforços humanos ou a destinação
de um patrimônio com uma finalidade especifica e constituída na forma da lei.
Para que uma pessoa jurídica se caracterize e necessário a presença de três requisição, que
são: a reunião de esforços humanos ou destinação de uma patrimônio, finalidade especifica e
constituída na forma da lei.
O registro da pessoa jurídica proporciona o seu surgimento, que lhe conferi autonomia.
A pessoa jurídica não tem direitos da personalidade, mas dispõe da proteção que deles
decorrem, porta de um atributo de elasticidade, naquilo que a sua falta de estrutura
biopsicologia permitir exercer.
Art. 52 do CC/02 “Aplica-se às pessoas jurídicas, no que couber, a proteção dos direitos da
personalidade”.
43
Portanto a pessoa jurídica goza do direito de proteção do nome, direito autoral, honra
objetiva.
Súmula 227 do STJ “A pessoa jurídica pode sofrer dano moral”.
Através dessa teoria, fixa-se a ideia de que realizado o registo a pessoa adquiri autonomia
(patrimônio e personalidade própria e independente de seus membros). Portanto, o registro é o
marco existencial.
No que tange aos entes despersonalizados, que são grupos humanos ou destinações de
patrimônio com finalidade especifica, mas que não foram constituídos na forma da lei. Porque
o seus membros não quiseram ou porque o sistema jurídico vedou.
Exemplos: Sociedade de fato, condomínio edilício, massa falida, herança jacente e vacante
etc.
A- Quando à nacionalidade:
Nacionais;
Estrangeiras.
Art. 42 do CC/02 “São pessoas jurídicas de direito público externo os Estados estrangeiros e
todas as pessoas que forem regidas pelo direito internacional público”.
Art. 43 do CC/02 “As pessoas jurídicas de direito público interno são civilmente
responsáveis por atos dos seus agentes que nessa qualidade causem danos a terceiros,
ressalvado direito regressivo contra os causadores do dano, se houver, por parte destes,
culpa ou dolo”.
O STJ entende que no que diz respeito à prestação do serviço público os bens das sociedades
de economia mista e das empresas públicas serão objetivas.
Enunciado 473 da 5º Jornada de Direito Civil “A imagem, o nome ou a voz não podem ser
utilizados para a integralização do capital da EIRELI”.
Atenção: Nada impede que a EIRELI goze dos mesmos direitos da empresas de pequeno
porte.
Art. 55 do CC/02 “Os associados devem ter iguais direitos, mas o estatuto poderá instituir
categorias com vantagens especiais”.
Art. 58 do CC/02 “Nenhum associado poderá ser impedido de exercer direito ou função que
lhe tenha sido legitimamente conferido, a não ser nos casos e pela forma previstos na lei ou
no estatuto”.
fins idênticos ou semelhantes. § 1o Por cláusula do estatuto ou, no seu silêncio, por
deliberação dos associados, podem estes, antes da destinação do remanescente referida neste
artigo, receber em restituição, atualizado o respectivo valor, as contribuições que tiverem
prestado ao patrimônio da associação.§ 2o Não existindo no Município, no Estado, no
Distrito Federal ou no Território, em que a associação tiver sede, instituição nas condições
indicadas neste artigo, o que remanescer do seu patrimônio se devolverá à Fazenda do
Estado, do Distrito Federal ou da União”.
Art. 62 do CC/02 “Para criar uma fundação, o seu instituidor fará, por escritura pública ou
testamento, dotação especial de bens livres, especificando o fim a que se destina, e
declarando, se quiser, a maneira de administrá-la. Parágrafo único. A fundação somente
poderá constituir-se para fins religiosos, morais, culturais ou de assistência”.
1º Fase - Instituição Fundacional: ela deve ser criada por instrumento público ou por
testamento, sendo o ato de constituição deve indicar os bens que estão disponíveis para a
execução do fim desejado pelo “instituidor” de modo idôneo. Esse patrimônio não pode
violar a herança legitima e não pode comprometer a sua própria subsistência (art. 548 e 549
do CC/02).
Art. 63 do CC/02 “Quando insuficientes para constituir a fundação, os bens a ela destinados
serão, se de outro modo não dispuser o instituidor, incorporados em outra fundação que se
proponha a fim igual ou semelhante”.
Art. 64 do CC/02 “Constituída a fundação por negócio jurídico entre vivos, o instituidor é
obrigado a transferir-lhe a propriedade, ou outro direito real, sobre os bens dotados, e, se
não o fizer, serão registrados, em nome dela, por mandado judicial”.
2º Fase – Elaboração do Estatuto: O Estatuto da Fundação pode ser realizado pelo próprio
instituidor ou por um terceiro (elaboração indireta ou fiduciária), que verá elaborar o estatuto
no prazo estabelecido pelo instituído, na falta de estipulação de prazo, será de 180 dias. Se o
terceiro não elaboração o estatuto, o Ministério Público será o responsável pela elaboração,
devendo nesta hipótese o magistrado aprovar o Estatuto.
3º Fase – Aprovação:
Art. 66 do CC/02 “Velará pelas fundações o Ministério Público do Estado onde situadas.§
1o Se funcionarem no Distrito Federal, ou em Território, caberá o encargo ao Ministério
Público Federal. § 2o Se estenderem a atividade por mais de um Estado, caberá o encargo,
em cada um deles, ao respectivo Ministério Público”.
O STF entendeu na ADIN nº 2.794-8 que as fundações no âmbito do Distrito Federal devem
ser fiscalizadas pelo Ministério Público do DF e não pelo Ministério Público Federal, como
prescreve o art. 66, §1º do CC/02.
4º Fase - Registro: o estatuto da fundação deve ser registrado no Cartório Civil de Pessoas
Jurídicas.
o Alteração estatutária:
Art. 67 do CC/02 “Para que se possa alterar o estatuto da fundação é mister que a reforma: I
- seja deliberada por dois terços dos competentes para gerir e representar a fundação; II -
não contrarie ou desvirtue o fim desta; III - seja aprovada pelo órgão do Ministério Público,
e, caso este a denegue, poderá o juiz supri-la, a requerimento do interessado”.
Art. 68 do CC/02“Quando a alteração não houver sido aprovada por votação unânime, os
administradores da fundação, ao submeterem o estatuto ao órgão do Ministério Público,
requererão que se dê ciência à minoria vencida para impugná-la, se quiser, em dez dias”.
o Questões polêmicas:
Fundação pode ser sócia de uma pessoa jurídica com finalidade lucrativa? Sim, desde
que o lucro que ela receba seja investido na sua finalidade.
A teoria da aparência é muito utilizada no Direito Civil em razão da boa-fé de terceiro. Essa
teoria tem a finalidade de proporcionar a juridicização (tornar jurídico) de uma situação fática
que desperta a boa-fé de terceiro.
No âmbito das pessoas jurídicas a jurisprudência tem entendido que a teoria da aparência deve
ser aplicada amplamente, visando assegurar a boa-fé de terceiro.
O STJ entendeu no RHC 24.239/ES deve existir a demonstração do dolo através da presença
simultânea do sócio da empresa no polo passivo da demanda penal.
O STJ entendeu ainda no AgRgHC 244.050/PE que não pode ser impetrado habeas corpos objetiva
trancar ação penal contra pessoa jurídica que tenha praticado crime ambiental, mas sim mandado de
segurança.
B- Responsabilidade Civil:
Responsabilidade Civil da Pessoa Jurídica de Direito Público: Segundo o art. 37, §6º
da CF/88 as pessoas jurídicas de direito privada serão responsabilizadadas subjetivamente,
assim como as pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviços públicos no
que tange as condutas comissivas.
Atenção: Excepcionalmente o STF entende que as pessoas jurídicas de direito público podem
ser responsabilizadas objetivamente, como por exemplo, na hipótese de assassinato de
presidio cometido em uma rebelião (ocasionada por outro preso).
O STJ entendeu no REsp. 448.471/MG que a simples prática de atos ultra vires (excesso de mandato
ou poder) pelo sócio não justifica, por si só, a desconsideração, mas viola a boa-fé objetiva e gera
responsabilidade da empresa.
Atenção: A CLT prevê que os sócios serão responsabilizados pessoalmente pelas dividas
decorrentes de dividas trabalhistas. O CTN também prevê a responsabilização pessoal dos
sócios pelas dividas tributárias.
Art. 50 do CC/02 “Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de
finalidade, ou pela confusão patrimonial, pode o juiz decidir, a requerimento da parte, ou do
Ministério Público quando lhe couber intervir no processo, que os efeitos de certas e
determinadas relações de obrigações sejam estendidos aos bens particulares dos
administradores ou sócios da pessoa jurídica”.
A desconsideração deve ser requerida durante o processo de execução e não pode ser decretada de
ofício.
50
6. FATO JURÍDICO
O conceito de fato jurídico não difere de um acontecimento qualquer, ou seja, fato jurídico é um
acontecimento qualquer que interessa ao sistema jurídico. No entanto, os acontecimentos que
interessam para o sistema jurídico, são aqueles que podem gerar efeitos jurídicos.
Segundo Caio Mario fato jurídico “são acontecimentos em virtude dos quais começam, se
modificam ou se extinguem as relações jurídicas”.
Segundo Pontes de Miranda fato jurídico “são os fatos, ou complexos de fatos, sobre os quais
incidiu a regra jurídica; portanto, o fato de que dimana, agora, ou talvez mais tarde, talvez
condicionalmente, ou talvez nunca dimane eficácia jurídica”.
O fato jurídico possui três diferentes dimensões, as quais são: existência, validade e eficácia.
A norma jurídica incidiu sobre um acontecimento previsto (existência), mas ele precisa se
compatibilizar com a lei (validade) e só então ele se torna eficaz.
Plano de Existência: trata-se do plano do ser, ou seja, do plano ontológico (do ser), que se faz
necessário à presença de pressupostos (suposições prévias) para aquele fenômeno jurídico;
Plano de Validade: é caracterizado pela presença de requisitos, ou seja, é o plano que obedece as
exigências previstas na lei;
Plano de Eficácia: é caracterizado pela presença dos fatos, ou seja, tem a finalidade de controlar
os efeitos potenciais.
Observação: O plano da existência é estrutural (erro, dolo, fraude, estado de perigo), o plano da
validade (é essencial) e o plano da eficácia e acidental (condição, termo e encargo). Esses planos do
mundo jurídico são utilizados em todos os ramos do Direito.
Se o fato jurídico não existir ele não será valido e não será eficaz. Mas existindo ele pode não ser
válido. No entanto, um fato existente poderá ser também eficaz, sem ter validade por conta de
expressa previsão legal ou de uma decisão judicial.
Exemplo: Casamento realizado entre irmãos que não tinham conhecimento da relação de parentesco.
Atenção: Os acontecimentos que emanam da natureza não são submetidos ao plano de validade (pois
dependeria das exigências previstas em lei). Portanto os fatos da natureza possuem existência e
eficácia.
Fatos ajurídicos: são aqueles que não podem gerar efeitos jurídicos.
Fatos jurídicos lícitos: são aqueles, cujos potenciais efeitos são conforme o direito;
Fatos jurídicos lícitos: são aqueles, cujos potenciais estão em desconformidade com
direito.
Atos Jurídicos:
o Atos jurídicos “stricto sensu”: são os atos que produzem efeitos previstos em lei;
Atenção: Alguns autores ainda classificam os atos jurídicos “stricto sensu” em uma subdivisão, que
são atos jurídicos voluntários (que é aquele que vem da vontade, cujos efeitos são desejados) e
involuntários (deriva de uma conduta humana, cujos efeitos não são desejados).
Observação: Pontes de Miranda entende que se os efeitos não são desejados, não há a caracterização
de ato jurídico, mas ato fato (que é uma conduta humana, que produz efeitos que não são desejados).
o Negócio Jurídico: que é aquele ato praticado pelo homem, o qual escolhe os efeitos que serão
produzidos (vontade criativa).
Fatos Jurídicos “stricto sensu”: são aqueles atos que emanam da natureza (caso fortuito e
força maior).
6.4 Características
B- Fato jurídico em sento estrito: é aquele cujo suporte fático tenha se originado da
natureza;
Fato jurídico em sentido estrito ordinário: são as hipóteses que estão previstas;
Exemplos: Chuva.
Exemplos:
C- Ato jurídico em sentido estrito: é aquele que é praticado por uma conduta humana e que
gera efeitos previstos nas normas jurídicas.
Art. 185, CC: “Aos atos jurídicos lícitos, que não sejam negócios jurídicos, aplicam-se, no
que couber, as disposições do Título anterior”.
D- Ato-fato jurídico: é uma categoria criada por Pontes de Miranda é aquele acontecimento
que decorre de uma conduta humana, cujos efeitos não são pretendidos/queridos.
E- Negócio jurídico:
O CC/02 adotou teoria da autonomia priva, pois deve ser respeitada a função social do
contrato e a boa-fé objetiva.
Regra Interpretativas:
Art. 113 do CC/02 “Os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé e os
usos do lugar de sua celebração”.
Negócios formais:
Art. 108 do CC/02 “Não dispondo a lei em contrário, a escritura pública é essencial à
validade dos negócios jurídicos que visem à constituição, transferência, modificação ou
renúncia de direitos reais sobre imóveis de valor superior a trinta vezes o maior salário
mínimo vigente no País”.
Art. 109 do CC/02 “No negócio jurídico celebrado com a cláusula de não valer sem
instrumento público, este é da substância do ato”.
Negócios com reserva mental: é o proposito obscuro de não cumprir com aquilo que está
sendo estipulado.
53
Art. 110 do CC/02 “A manifestação de vontade subsiste ainda que o seu autor haja feito a
reserva mental de não querer o que manifestou, salvo se dela o destinatário tinha
conhecimento”.
Atenção: Se a reserva mental é desconhecida pela parte contraria, o negócio será considerado
valido é o contrato será resolvido por perda e danos se o contratante viver a sofrer algum
dano. Mas se a reserva mental é conhecida pela outra parte, caracteriza simulação (negócio
nulo).
Art. 112 do CC/02 “Nas declarações de vontade se atenderá mais à intenção nelas
consubstanciada do que ao sentido literal da linguagem”.
Atenção: Estes negócios precisam ser interpretados de forma restritiva, como por exemplo a
súmula 214 do STJ “O fiador na locação não responde por obrigações resultantes de
aditamento ao qual não anuiu”.
Art. 117 do CC/02 “Salvo se o permitir a lei ou o representado, é anulável o negócio jurídico
que o representante, no seu interesse ou por conta de outrem, celebrar consigo mesmo.
Parágrafo único. Para esse efeito, tem-se como celebrado pelo representante o negócio
realizado por aquele em quem os poderes houverem sido subestabelecidos”.
Plano da Existência e seus pressupostos: diz respeito agente que praticou o ato, objeto,
forma e vontade externada.
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Plano da Validade e seus requisitos: Agente capaz, objeto lícito, possível, determinado
ou determinável, forma prescrita ou não defesa em lei e vontade externada livre e
desembaraçada.
Art. 104 do CC/02 “A validade do negócio jurídico requer: I - agente capaz; II - objeto lícito,
possível, determinado ou determinável; III - forma prescrita ou não defesa em lei”.
Atenção: Vale observar que os requisitos devem ser observados obrigatoriamente e que o
plano da validade é uma qualificação do plano da existência.
A- Regime jurídico das invalidades: A invalidade do negócio jurídico pode ser absoluta
(nula) ou relativa (anulabilidade). O sistema de invalidade são estabelecido e regidos pela lei
(princípio da legalidade).
Nulidade:
Art. 166 do CC/02 “É nulo o negócio jurídico quando: I - celebrado por pessoa
absolutamente incapaz; II - for ilícito, impossível ou indeterminável o seu objeto; III - o
motivo determinante, comum a ambas as partes, for ilícito; IV - não revestir a forma
prescrita em lei; V - for preterida alguma solenidade que a lei considere essencial para a sua
validade; VI - tiver por objetivo fraudar lei imperativa; VII - a lei taxativamente o declarar
nulo, ou proibir-lhe a prática, sem cominar sanção”.
Art. 167 do CC/02 “É nulo o negócio jurídico simulado, mas subsistirá o que se dissimulou,
se válido for na substância e na forma. § 1o Haverá simulação nos negócios jurídicos
quando: I - aparentarem conferir ou transmitir direitos a pessoas diversas daquelas às quais
realmente se conferem, ou transmitem; II - contiverem declaração, confissão, condição ou
cláusula não verdadeira; III - os instrumentos particulares forem antedatados, ou pós-
55
Negócio Simulado: é aquele negócio jurídico no qual se declara uma vontade, sem a
intenção de produzir efeitos. Portanto, há um desajuste entre a vontade externada e a
verdadeira intenção das partes.
Exemplo: João doa um veículo para o irmão de sua concubina Joana, posteriormente, o
veículo é transferido para Joana. Sendo que o art. 550 do CC/02 proíbe a doação entre o
cônjuge adultero e a sua cumplice.
Art. 550 do CC/02“A doação do cônjuge adúltero ao seu cúmplice pode ser anulada pelo
outro cônjuge, ou por seus herdeiros necessários, até dois anos depois de dissolvida a
sociedade conjugal”.
Anulabilidade:
Art. 171 do CC/02 “Além dos casos expressamente declarados na lei, é anulável o negócio
jurídico: I - por incapacidade relativa do agente; II - por vício resultante de erro, dolo,
coação, estado de perigo, lesão ou fraude contra credores”.
Prazos genéricos:
Art. 178 do CC/02 “É de quatro anos o prazo de decadência para pleitear-se a anulação do
negócio jurídico, contado: I - no caso de coação, do dia em que ela cessar; II - no de erro,
dolo, fraude contra credores, estado de perigo ou lesão, do dia em que se realizou o negócio
jurídico; III - no de atos de incapazes, do dia em que cessar a incapacidade”.
Ratificação:
Art. 172, CC/02 “O negócio anulável pode ser confirmado pelas partes, salvo direito de
terceiro”.
Redução parcial:
Art. 184 do CC/02 “Respeitada a intenção das partes, a invalidade parcial de um negócio
jurídico não o prejudicará na parte válida, se esta for separável; a invalidade da obrigação
principal implica a das obrigações acessórias, mas a destas não induz a da obrigação
principal”.
Conversão substancial:
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Art. 170 do CC/02 “Se, porém, o negócio jurídico nulo contiver os requisitos de outro,
subsistirá este quando o fim a que visavam as partes permitir supor que o teriam querido, se
houvessem previsto a nulidade”.”
Sumula 302 do STJ “É abusiva a cláusula contratual de plano de saúde que limita no tempo
a internação hospitalar do segurado”.
Enunciado 12 da 1º Jornada de Direito Civil “Na sistemática do art. 138, é irrelevante ser ou
não escusável o erro, porque o dispositivo adota o princípio da confiança”.
Art. 140 do CC/02 “O falso motivo só vicia a declaração de vontade quando expresso como
razão determinante”.
Art. 141 do CC/02 “A transmissão errônea da vontade por meios interpostos é anulável nos
mesmos casos em que o é a declaração direta”.
Art. 142 do CC/02 “O erro de indicação da pessoa ou da coisa, a que se referir a declaração
de vontade, não viciará o negócio quando, por seu contexto e pelas circunstâncias, se puder
identificar a coisa ou pessoa cogitada”.
Art. 144 do CC/02 “O erro não prejudica a validade do negócio jurídico quando a pessoa, a
quem a manifestação de vontade se dirige, se oferecer para executá-la na conformidade da
vontade real do manifestante”.
Dolo: se o dolo é substancia e real ele pode ocasionar a anulação do negócio. Portanto
sempre deve existir a vontade de ocasionar um dano à outra parte.
Art. 145 do CC/02 “São os negócios jurídicos anuláveis por dolo, quando este for a sua
causa”.
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Art. 146 do CC/02 “O dolo acidental só obriga à satisfação das perdas e danos, e é acidental
quando, a seu despeito, o negócio seria realizado, embora por outro modo”.
Art. 147 do CC/02 “Nos negócios jurídicos bilaterais, o silêncio intencional de uma das
partes a respeito de fato ou qualidade que a outra parte haja ignorado, constitui omissão
dolosa, provando-se que sem ela o negócio não se teria celebrado”.
Atenção: Dolo negativo ou reticência decorre da pratica de uma omissão. Uma faz partes
omite uma dado que deveria ter informado a outra.
Art. 148 do CC/02 “Pode também ser anulado o negócio jurídico por dolo de terceiro, se a
parte a quem aproveite dele tivesse ou devesse ter conhecimento; em caso contrário, ainda
que subsista o negócio jurídico, o terceiro responderá por todas as perdas e danos da parte a
quem ludibriou”.
Art. 149 do CC/02 “O dolo do representante legal de uma das partes só obriga o
representado a responder civilmente até a importância do proveito que teve; se, porém, o
dolo for do representante convencional, o representado responderá solidariamente com ele
por perdas e danos”.
Art. 150 do CC/02 “Se ambas as partes procederem com dolo, nenhuma pode alegá-lo para
anular o negócio, ou reclamar indenização”.
Art. 152 do CC/02 “No apreciar a coação, ter-se-ão em conta o sexo, a idade, a condição, a
saúde, o temperamento do paciente e todas as demais circunstâncias que possam influir na
gravidade dela”.
Art. 154 do CC/02 “Vicia o negócio jurídico a coação exercida por terceiro, se dela tivesse
ou devesse ter conhecimento a parte a que aproveite, e esta responderá solidariamente com
aquele por perdas e danos”.
Art. 155 do CC/02 “Subsistirá o negócio jurídico, se a coação decorrer de terceiro, sem que
a parte a que aproveite dela tivesse ou devesse ter conhecimento; mas o autor da coação
responderá por todas as perdas e danos que houver causado ao coacto”.
Art. 157 do CC/02 “Ocorre a lesão quando uma pessoa, sob premente necessidade, ou por
inexperiência, se obriga a prestação manifestamente desproporcional ao valor da prestação
oposta. § 1º Aprecia-se a desproporção das prestações segundo os valores vigentes ao tempo
em que foi celebrado o negócio jurídico. § 2º Não se decretará a anulação do negócio, se for
oferecido suplemento suficiente, ou se a parte favorecida concordar com a redução do
proveito”.
Art. 156 do CC/02 “Configura-se o estado de perigo quando alguém, premido da necessidade
de salvar-se, ou a pessoa de sua família, de grave dano conhecido pela outra parte, assume
obrigação excessivamente onerosa. Parágrafo único. Tratando-se de pessoa não pertencente
à família do declarante, o juiz decidirá segundo as circunstâncias”.
Art. 158 do CC/02 “Os negócios de transmissão gratuita de bens ou remissão de dívida, se os
praticar o devedor já insolvente, ou por eles reduzido à insolvência, ainda quando o ignore,
poderão ser anulados pelos credores quirografários, como lesivos dos seus direitos”.
Súmula 195 do STJ “Em embargos de terceiro não se anula ato jurídico, por fraude contra
credores”.
Conceito clássico de ato ilícito e as suas potenciais consequências jurídicas: Ato ilícito
é um ato antijurídico, ou seja, é o ato, cujos efeitos potenciais são contrários ao
ordenamento jurídico.
Art. 186 do CC/02 “Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou
imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete
ato ilícito”.
Atenção: O CC/02 adotou no art. 186 a teoria do ato ilícito subjetivo (negligência,
imprudência e imperícia).
Conduta;
Culpa;
Violação da Norma Jurídica;
Dano.
Atenção: O efeito jurídico para a pratica de um ilícito civil está previsto na própria norma
violada. Mas nem toda a pratica de um ato ilícito gera responsabilidade civil. Vale observar
que a pratica de um ato que gere reponsabilidade jurídica pode não ser decorrente da pratica
de um ato ilícito.
Efeitos do ilícito civil: a pratica de um ilícito civil pode gerar consequências indenizante
(responsabilidade civil), caducificante (caducidade = perda ou limitação de direitos),
invalidante ( nulidade ou anulabilidade), autorizantes (autorização) etc.
Art. 188 do CC/02 “Não constituem atos ilícitos: I - os praticados em legítima defesa ou no
exercício regular de um direito reconhecido; II - a deterioração ou destruição da coisa
alheia, ou a lesão a pessoa, a fim de remover perigo iminente. Parágrafo único. No caso do
inciso II, o ato será legítimo somente quando as circunstâncias o tornarem absolutamente
necessário, não excedendo os limites do indispensável para a remoção do perigo”.
Art. 929 do CC/02 “Se a pessoa lesada, ou o dono da coisa, no caso do inciso II do art. 188,
não forem culpados do perigo, assistir-lhes-á direito à indenização do prejuízo que
sofreram”.
Exemplo: Sujeito estrava trafegando em uma avenida e um sujeito estava perambulando pela
rua bêbado, para salvar a vida no sujeito, ele se jogo no muro de uma residência. O condutor
do veículo é obrigado a indenizar o proprietário da residência, porem é garantido o direito de
regresso em desfavor do bêbado.
Art. 930 do CC/02 “No caso do inciso II do art. 188, se o perigo ocorrer por culpa de
terceiro, contra este terá o autor do dano ação regressiva para haver a importância que
tiver ressarcido ao lesado. Parágrafo único. A mesma ação competirá contra aquele em
defesa de quem se causou o dano (art. 188, inciso I)”.
Art. 188 do CC/02 “Não constituem atos ilícitos: I - os praticados em legítima defesa ou no
exercício regular de um direito reconhecido; II - a deterioração ou destruição da coisa
alheia, ou a lesão a pessoa, a fim de remover perigo iminente. Parágrafo único. No caso do
inciso II, o ato será legítimo somente quando as circunstâncias o tornarem absolutamente
necessário, não excedendo os limites do indispensável para a remoção do perigo”.
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O STJ entendeu no REsp.789.883/MG “Embora a lei declare que o ato praticado em estado
de necessidade seja lícito, não libera quem o pratica de reparar o prejuízo que
causou, podendo ajuizar ação regressiva posteriormente para se ressarcir das despesas
efetuadas”.
C- Abuso de Direito: O art. 187 do CC/02 adota a teoria do ato ilícito objetivo, que deriva da
pratica de um ato com a violação da boa-fé objetiva, da função social, abuso econômico e dos
bons costumes. Trata-se de um abuso do direito por comissão ou por omissão.
Art. 187 do CC/02 “Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo,
excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou
pelos bons costumes”.
Atenção: O ato ilícito subjetivo é a violação culposa de uma norma, portanto ele “nasce” no
campo na ilicitude e “morre ilícito”. Diferentemente do abuso de direito, que nasce no campo
da licitude, mas se torna ilícito pelo exercício abusivo (irregular) no exercício econômico ou
social.
Exemplo: Uma garota com 16 anos resolve fazer uma viagem no exterior. No entanto, seus
pais são separados, para viajar ela precisa de autorização de ambos os pais. No entanto, um
dos genitores nega a autorização para viajar como forma de penalizar a sua ex.
Observação: A teoria do abuso de direito pode ser aplicada em todas as subáreas do Direito
Civil.
A primeira conduta desperta uma justa expectativa de que o segundo ato não seria praticado.
Portanto a pratica do segundo ato viola a confiança despertada pela pratica da primeira
conduta.
Atenção: Para que fique caracteriza o abuso de direito para essa teoria, cada ato praticado
deve ser analisado isoladamente.
Exemplo: “A” reside em Salvador e “B” reside em Cuiabá, sendo que “A” possui uma divida
com “B”, que deve ser paga em 24 parcelas. No entanto, “B” recebeu 20 parcelas em Salvador
e passa a exigir que o pagamento seja realizado em Cuiabá.
Art. 330 do CC/02 “O pagamento reiteradamente feito em outro local faz presumir renúncia
do credor relativamente ao previsto no contrato”.
Art. 588 do CC/02 “O mútuo feito a pessoa menor, sem prévia autorização daquele sob cuja
guarda estiver, não pode ser reavido nem do mutuário, nem de seus fiadores”.
Enunciado da 3º Jornada de Direito Civil “O princípio da boa-fé objetiva deve levar o credor
a evitar o agravamento do próprio prejuízo”.
Súmula 309 do STJ “O débito alimentar que autoriza a prisão civil do alimentante é o que
compreende as três prestações anteriores ao ajuizamento da execução e as que se vencerem
no curso do processo”.
Exemplo: João e Carlos firmaram contrato de locação de imóvel comercial. O primeiro era o
proprietário e o segundo o inquilino. O contrato seria de 36 meses. No 18º mês, Carlos
notificou João de que estava deixando o imóvel, mas continuaria pagando o aluguel até que
João achasse outro inquilino. Firmaram um termo de compromisso, no qual João não cobraria
qualquer multa contratual. Carlos estava certo de que o imóvel seria locado imediatamente,
por conta da excelente localização, e, por isso, negociou esta solução. A questão é que João,
passados quatro meses, tranquilo por estar recebendo o aluguel de qualquer jeito, ainda não
tinha tomado providências efetivas para alugar o imóvel.
Observação: João, numa posição de vantagem, deixou de tomar providências efetivas para
minorar o prejuízo de Carlos, que, de boa-fé, propôs uma saída conciliatória, para não pagar a
multa contratual por antecipação da entrega do imóvel, o que caracteriza uma violação do
princípio da boa-fé objetiva.
Art. 395 do CC/02 “Responde o devedor pelos prejuízos a que sua mora der causa, mais
juros, atualização dos valores monetários segundo índices oficiais regularmente
estabelecidos, e honorários de advogado”.
Exemplos: uma empresa contra uma empresa de publicidade para realizar a colocação de out-
door’s, porem a empresa instala os out-door’s em pontos de difícil visualização.
7. PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA
7.1 O tempo e o Direito
Art. 198 do CC/02 “Também não corre a prescrição: I - contra os incapazes de que trata
o art. 3o;II - contra os ausentes do País em serviço público da União, dos Estados ou dos
Municípios; III - contra os que se acharem servindo nas Forças Armadas, em tempo de
guerra.”
Art. 199 do CC/02 “Não corre igualmente a prescrição: I - pendendo condição suspensiva; II
- não estando vencido o prazo; III - pendendo ação de evicção”.
Atenção: O art. 1.240-A do CC/02 faz previsão da usucapião familiar que também é
conhecido como usucapião por abando de lar ou “pro familiae”. Trata-se de uma usucapião
de meação.
Art. 1.240-A do CC/02 “Aquele que exercer, por 2 (dois) anos ininterruptamente e sem
oposição, posse direta, com exclusividade, sobre imóvel urbano de até 250m² (duzentos e
cinquenta metros quadrados) cuja propriedade divida com ex-cônjuge ou ex-companheiro
que abandonou o lar, utilizando-o para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o
domínio integral, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural. § 1º O
direito previsto no caput não será reconhecido ao mesmo possuidor mais de uma vez”.
Direitos subjetivos: são aqueles que conferem ao seu titular a prerrogativa de exigir um
comportamento.
Direito subjetivo absoluto: é o direito que pode ser oponível a todos “erga omnes”.
Atenção: Se o comportamento exigido pelo titular não for cumprido, surge para o titular a
pretensão de exigir o cumprimento.
Direitos potetativos: são aqueles direitos que conferem ao seu titular o poder de fazer
produzir efeitos pela sua simples manifestação de vontade. Enquanto um direito subjetivo
confere ao titular a pretensão de exigir o comportamento se ele não for realizado
voluntariamente, o direito potetativo não há espaço para o descumprimento, pois só
depende do titular.
Decadência: é a perda de um direito que não foi exercido no tempo previsto na norma
jurídica (correlação com os direitos potestativos com prazos na norma).
Atenção: Nos processos cautelares o juiz somente deve julgar decidindo o mérito, quando for
verificada a existência de prescrição ou decadência.
Art. 810 do CPC “O indeferimento da medida não obsta a que a parte intente a ação, nem
influi no julgamento desta, salvo se o juiz, no procedimento cautelar, acolher a alegação de
decadência ou de prescrição do direito do autor”.
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B- Características da prescrição:
Art. 191 do CC/02 “A renúncia da prescrição pode ser expressa ou tácita, e só valerá, sendo
feita, sem prejuízo de terceiro, depois que a prescrição se consumar; tácita é a renúncia
quando se presume de fatos do interessado, incompatíveis com a prescrição”.
Art. 192 do CC/02 “Os prazos de prescrição não podem ser alterados por acordo das
partes”.
Atenção: Apesar dos prazos prescricionais serem de interesse particular eles não podem ser
alterados pelas partes, porque caracterizaria uma renuncia antecipada, o que ocasionaria um
prejuízo a uma das partes.
Art. 189 do CC/02 “Violado o direito, nasce para o titular a pretensão, a qual se extingue,
pela prescrição, nos prazos a que aludem os arts. 205 e 206”.
Atenção: Segundo a Teoria da Actio Nata os prazos decadenciais e prescricionais devem ser
contados a partir do momento em que o titular toma conhecimento da violação. O Código de
Defesa do Consumidor adota expressamente essa teoria nos artigos 26 e 27.
Atenção: O STJ atualmente tem entendido que a teoria da actio nata deve ser aplicada no
campo do direito público e no privado.
Atenção: A prescrição somente pode ser discutida em sede recurso extraordinária e de revista
se houver um prequestionamento (debater e ter resposta), que é um pressuposto especifico
para esses recursos.
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O STJ entendeu no AgRg no REsp 733.655/PR que “o efeito translativo do recurso especial,
no qual é possível a análise de questão de ordem pública em sede de recurso especial ainda
que ausente o prequestionamento, somente se verifica após a abertura da instância especial”.
O STJ entendeu no AgRg nos EREsp 999.342 SP que “na instância extraordinária, as
questões de ordem pública apenas podem ser conhecidas, caso atendido o requisito do
prequestionamento”.
Atenção: Portanto, a admissibilidade do efeito translativo nos recursos não é uma matéria
pacifica dentro dos tribunais.
Os prazos prescricionais são relativos a direitos patrimoniais, e por isso são de interesse
privado (porque são de direito subjetivo patrimonial), sendo admitida a realização da
suspensão e interrupção.
Interrupção: o prazo é paralisado, no entanto ele começa a ser contado desde o inicio.
Causas suspensivas:
Art. 198 do CC/02 “Também não corre a prescrição: I - contra os incapazes de que trata
o art. 3o;II - contra os ausentes do País em serviço público da União, dos Estados ou dos
Municípios; III - contra os que se acharem servindo nas Forças Armadas, em tempo de
guerra.”
Art. 199 do CC/02 “Não corre igualmente a prescrição: I - pendendo condição suspensiva; II
- não estando vencido o prazo; III - pendendo ação de evicção”.
Súmula 106 do STJ “proposta a ação no prazo fixado para o seu exercício, a demora na
citação, por motivos inerentes ao mecanismo da justiça, não justifica o acolhimento da
arguição de prescrição ou decadência”.
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A regra “contra non valentem agere non currit praescriptio” trata-se da possibilidade da
suspensão/interrupção da prescrição por caso fortuito ou força maior, quando o titular não
pode atuar, como por exemplo na hipótese da superveniência de um acidente vascular
cerebral.
o Causas suspensivas: a retomada da contagem do prazo deve ser realizada a partir da dada
em que cessar a causa que originou;
o Causas interruptivas judiciais: a retomada da contagem deve ser realizada com a prática
do último ato do processo (coisa julgada);
Conhecimento de ofício pelo juiz: O juiz pode reconhecer de ofício a prescrição nos
termos do art. 219, §5º do CPC.
O STJ entende que “o 4º do art. 40 da Lei 6.830/80 autoriza que o juízo da execução decrete,
de ofício, a prescrição intercorrente, caso verifique que da decisão que ordenou o
arquivamento tenha decorrido o prazo prescricional. O preceito legal referido exige, apenas,
a prévia oitiva da Fazenda Pública, não impondo que na intimação haja especificação sobre
eventual reconhecimento da prescrição”.
A- Noções conceituais: é a perda de um direito que não foi exercido no tempo previsto na
norma jurídica (correlação com os direitos potestativos com prazos na norma).
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B- Características:
Impossibilidade de renúncia;
Prazos de ordem pública, e por isso não existe a possibilidade de serem modificados;
A decadência pode ser alegada em qualquer momento;
Em regra, os prazos decadenciais não pode ser interrompidos;
C- Espécies de decadência:
Art. 211 do CC/02 “Se a decadência for convencional, a parte a quem aproveita pode alegá-
la em qualquer grau de jurisdição, mas o juiz não pode suprir a alegação”.
Atenção: A decadência convencional admite renuncia, porem não pode ser reconhecido de
ofício. No entanto, o art. 446 do CC/02 prevê que enquanto estiver pendente o prazo
prescricional previsto em contrato não começara a fluir a decadência legal.
Art. 446 do CC/02 “Não correrão os prazos do artigo antecedente na constância de cláusula
de garantia; mas o adquirente deve denunciar o defeito ao alienante nos trinta dias seguintes
ao seu descobrimento, sob pena de decadência”.
Prescrição Decadência
Os prazos são de ordem pública e não podem Os prazos são de ordem pública,
ser alterados pelas partes; insuscetíveis de alteração pelas partes, exceto
quando se tratar de decadência convencional
A prescrição pode ser alegada em qualquer (estabelecida contratualmente);
grau de jurisdição, salvo na hipótese de
incidência de efeito translativo de recursos; A decadência pode ser alegada em qualquer
grau de jurisdição, salvo na hipótese de
Admissibilidade de suspensão e de incidência de efeito translativo de recursos;
interrupção de prazos;
Em regra a decadência não pode ser suspensa
Existe a possibilidade de ser reconhecida de e também não pode ser sofrer interrupção.
ofício pelo juiz. Exceção: art. 208 do CC/02 e artigos 26 e 27
do CDC ou quando caracterizar a incidência
da decadência convencional (contratual).
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Ações constitutivas: se submetem aos prazos decadenciais, quando existir previsão legal
(se não tiver prazo, ela não se extingue);
Art. 179 do CC/02 ”Quando a lei dispuser que determinado ato é anulável, sem estabelecer
prazo para pleitear-se a anulação, será este de dois anos, a contar da data da conclusão do
ato”.
Art. 205 do CC/02 “A prescrição ocorre em dez anos, quando a lei não lhe haja fixado prazo
menor”.
Exceção:
Art. 745 do CC/02 “Em caso de informação inexata ou falsa descrição no documento a que
se refere o artigo antecedente, será o transportador indenizado pelo prejuízo que sofrer,
devendo a ação respectiva ser ajuizada no prazo de cento e vinte dias, a contar daquele ato,
sob pena de decadência”.