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Resumo
O BIM, Building Information Modeling, é um processo cada vez mais utilizado para projetar e
gerenciar novas edificações trazendo inúmeros benefícios a todo seu ciclo de vida. Na etapa
de projeto, a incompatibilidades entre as diferentes disciplinas complementares é um grande
problema enfrentado pelos projetistas, pois gera desperdícios, retrabalhos e atrasos no
cronograma das obras. Este trabalho mostra como o Revit®, um software baseado no
conceito BIM, pode auxiliar no processo de compatibilização de projetos complementares.
Através da simples sobreposição dos projetos arquitetônico, estrutural e hidrossanitário, foi
possível identificar diversas interferências, levantar custos adicionais, mostrar assim o alto
potencial da ferramenta e justificar o seu uso.
Introdução
A indústria da Arquitetura, Engenharia e Construção (AEC) passa atualmente por um
processo evolutivo que engloba não só as fases de execução de obras em si, mas
principalmente as etapas de planejamento e desenvolvimento de projetos. Além da busca por
novas tecnologias de execução e novos materiais, as incorporadoras e clientes buscam
projetos otimizados e precisos a fim de minimizar as falhas e incompatibilidades, as quais
vezes são detectadas apenas durante a fase de construção.
Segundo Campestrini et. al (2015), após a aprovação da viabilidade de um
empreendimento, inicia-se o desenvolvimento dos projetos envolvendo diferentes
profissionais responsáveis pelas diferentes disciplinas envolvidas (arquitetura, estruturas,
elétrico, hidrossanitário). Nesta etapa, geralmente, acontecem inúmeras reuniões para
compatibilização dos projetos, as quais consomem tempo e geram retrabalho para os
projetistas de todas as áreas. Além disso, a crescente complexidade dos edifícios requer um
processo de comunicação, colaboração e coordenação mais sofisticado. Para melhorar a
eficiência desse processo é necessário a construção de um modelo único onde exista
Material e métodos
A execução deste trabalho se baseou na identificação e levantamento de custos
ocasionados por incompatibilidades geométricas e erros de projetos multidisciplinares através
da plataforma BIM, com o auxílio do software Revit® da Autodesk, com a licença estudantil.
A escolha do software se deu pelo prévio conhecimento por parte do autor e pela facilidade
de se encontrar templates, bibliotecas e outros conteúdos já desenvolvidos.
O projeto definido como objeto de estudo foi o de um bloco de salas de aula de uma
universidade construído na cidade de Rio Verde/GO, conforme Figura 1, com 5.154,76 m² e
3 pavimentos. Para a análise, considerou-se apenas o pavimento térreo da edificação, com
área total de 1.803,44 m², sendo este o mais afetado pelas interferências devido
incompatibilidades dos projetos, e apenas as disciplinas de arquitetura, hidrossanitário e
estrutural. Por falta de bibliotecas de objetos paramétricos desenvolvidos para o mercado
nacional, voltados ao projeto elétrico, o mesmo foi desconsiderado nesta análise.
Resultados e discussão
Durante o processo de compatibilização diversos conflitos geométricos foram
encontrados. Mesmo sem o auxílio de um software específico para detecção de interferências
(clash detection), a simples sobreposição de projetos se mostrou eficaz devido a vantagem
da visualização 3D instantânea dos elementos durante a modelagem.
Uma das incompatibilidades encontradas foi entre os projetos arquitetônico e estrutural.
As janelas das salas especificadas no arquitetônico eram de 1,5 metros de largura por 1,70
metros de altura com um peitoril de 1,4 metros, ou seja, a altura do piso ao topo da janela era
de 3,10 metros, como mostram as Figuras 2 e 3.
Desta maneira, restaram apenas 0,53 metro para a viga superior que, segundo o projeto
estrutural, tem 0,80 metro. Ao lançar a janela no modelo BIM, imediatamente identificou-se a
incompatibilidade como mostra a Figura 4.
De acordo com o engenheiro responsável pela execução da obra, este conflito foi
descoberto após a execução da estrutura, durante a elevação da alvenaria de vedação. Esse
serviço precisou ser interrompido até que uma solução fosse apresentada, gerando atrasos e
retrabalhos.
TOTAL R$ 9.603,64
Fonte: Autoria própria, 2017.
Conclusões
Como já esperado, os projetos arquitetônico, estrutural e hidrossanitário não
compatibilizados geraram muitas interferências geométricas, e o uso da plataforma BIM,
através do software Revit®, se mostrou eficiente já que, a partir da simples sobreposição dos
modelos, pode-se identificar diversos erros. As incompatibilidades encontradas, se analisadas
isoladamente, podem não parecer graves, mas o acúmulo de situações gerou atrasos no
cronograma, desperdício de materiais e retrabalho que somam a importância de R$ 9.603,64,
detalhada na Tabela 1. Lembrando que a análise foi feita apenas para o pavimento térreo e
de maneira simplificada, sem a detecção de interferências baseadas em regras e normas.
Desta forma, acredita-se que os benefícios da compatibilização são diretamente proporcionais
a complexidade da edificação.
Os projetos desenvolvidos em CAD geraram incoerências consideráveis que passaram
despercebidas pelos profissionais durante a etapa de projeto, comprovando assim que foram
identificadas apenas no ato de execução da obra. Os projetos passaram por análises de
viabilidade, cronograma e orçamentação sem que fossem previstos os gastos e os retrabalhos
aqui identificados.
A tecnologia BIM é abrangente e vai além da compatibilização projetos. A sua adoção
é trabalhosa e demanda uma reestruturação de diversos departamentos da empresa, desde
o técnico, compras e até mesmo da equipe de obra. É necessária a contratação de
profissionais especializados além do treinamento da equipe como um todo. Todos esses
fatores levam a um alto custo de implantação, além da difícil adaptação aos novos processos,
mas a execução deste trabalho nos possibilita afirmar que os benefícios gerados pela
plataforma BIM, tanto para a construtora como para os clientes, justificam seu preço.
Agradecimentos
Agradeço ao Engenheiro Civil Antônio Carlos P. de Oliveira Filho pelo auxílio e apoio
técnico durante a execução deste trabalho.
Referências
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foco da informação. 1. ed. Curitiba, PR, 2015. 19 p.
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