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Este texto motivado pelo trabalho “Cartografias dos quintais”, que reconhece
dos rastros de tempos anteriores dentro deixados espaço urbano, investiga uma lógica
híbrida rural/urbana que constrói o urbano com processos subjetivos depositados no
espaço. À partir disso, abre-se um caminho para repensar as relações rurais/ urbanas
para além das diferenças e dicotomias espaciais e do meio.
Para tanto, o trabalho se apóia nas figuras dos quintais como exemplo desses
espaços de um tempo rural inserido na malha da cidade atual, investigando suas redes
de relações, suas potências de construções espaciais mais subjetivas com o espaço -
remetendo à um tempo e espaço da transitoriedade, numa experiência de
desestabilização entre tais territórios. Essa experiência, acredita-se despertar uma
potência de ampliação dos recursos compositivos do espaço - de ativação à uma
condição corporal mais sensível ao urbano e, também tangendo a construção de
experiências mais presentes aos componentes formadores do espaço. Sobretudo, uma
ponte de revisão da relação campo-cidade e o lugar do Arquiteto e Urbanista na
construção da experiência estética na cidade.
Introdução
Ferreira Gullar
O modo como o sujeito lida com seu meio, determina não só suas relações
interpessoais, como também a maneira como ele desenvolve sua subjetividade e a
deposita no espaço. Este trabalho portanto, toma dois viéses principais: um de
1
Para
um
histórico
acerca
das
relações
campo
e
cidade
ver:
MONTE-‐MÓR,
R.L.
O
que
o
Urbano,
no
Mundo
Contemporâneo.
jul./dez.
2006.
Revista
Paranaense
de
Desenvolvimento,
2
Subjetividade
é
o
íntimo
do
ser
humano
composto
por
emoções,
sentimentos
e
representações.
Da
psicanálise,
é
um
perfil
formado
por
modos
de
ser
no
mundo
-‐
de
agir,
de
pensar,
de
gostar
-‐
que
se
forma
interiormente,
com
os
significados
que
se
dá,
e
exteriormente,
com
as
representações
do
mundo.
Esse
perfil
é
constantemente
mutável
numa
lógica
não-‐linear,
passando
por
diversas
construções
de
ideias,
afetos
e
universos
–
uma
constante
mistura
de
significados
e
representações
(ROLNIK,
2006).
Este
termo
revela-‐
se
importante
para
o
presente
trabalho
pois
é
a
subjetividade
construída
que
permeia
as
relações
dos
sujeitos
com
os
espaços,
objetos
e
tempo.
aproximar-se empiricamente de espaços com rastros de ruralidades na cidade, como
cartografou-se quintais e ao que eles produzem de experiência espacial, hábitos de
seus usufruidores e produtos na cidade à partir de apropriações muito específicas no
espaço urbano.
Com o poder de mutação da cidade por suas periferias que se estendem a tal
ponto que seus limites possam ficar incompreensíveis, a cidade que avança, incorpora
em si diversos espaços, habitantes e naturezas; diferentes urbanidades mescladas
umas às outras – todas envoltas por um certo poder da cidade em tomar para si e
pasteurizar o que ela encontra. A cidade, como um organismo vivo se enche de
movimento, trazendo para si uma complexidade vital, fator esse.
distinções
entre
campo
e
cidade”
(MONTE-‐MÓR,
2010.p.
13).
Em
Urbanização
Extensiva
e
economia
dos
setores
populares.In.:
ArteCidade
–
PUC-‐SP.
Disponível
em:
<http://www4.pucsp.br/artecidade/mg_es/textos/urbanizacao.pdf>
5
Para
Zourabichvili
(2004)
devir
é
um
estado
de
instabilidade,
de
um
evento
em
potência
sempre
em
movimento.
Algo
a
tornar-‐se
à
transformer-‐se
por
eventos
no
espaço.
métodos de reconhecimento urbano que visualize relações além das obejtuais, mas de
forças e tensões presentes no espaço que agenciam6 a experiência corpo/espaço.
Por fim, concordando com Jane Jacobs (1961), existe um poder de expansão e
homogeinização da cidade através do pensamento urbano. No entanto, nas situações
urbanas, mesmo as mais racionais, existem eventos de apropriação expontâneas dos
usufruidores e espaços residuais da cidade que pode ser visto pelos rastros de
apropriações - além dos movimentos programados como os bares, restaurantes nas
calçadas e pedestres, que a autora aponta como “vigilante” e “vivo” do urbano – pois,
os rastros desses eventos são a instabilidade e indefinição do espaço urbano que
surgem expontâneamente como superação e crítica aos modelos elencados e racionais
de tratar formas e desenhos Arquitetônicos e Urbanos.
6
Para
Zourabichvili
(2004:9)
agenciamentos,
termo
da
teoria
de
Gilles
Deleuze,
traduz
as
multiplicidades
e
misturas
das
tensões
de
contato
de
um
movimento
com
os
elementos
da
experiência
de
feitura,
também
heterogêneos.
Dessa
forma,
são
aqui
entendidas
como
linhas
de
fuga
para
realidades
outras
que
(des)territorializam
ou
seja,
das
inúmeras
interpelações
que
a
experiência
urbana
anuncia.
Nesse trabalho, focou-se em rastros de ruralidade na cidade à fim de
desenvolver uma atualização das noções e atribuições do Urbanismo e da Arquitetura
acerca da relação campo/cidade, tentando não reduzir a simples dialéticas, se não o
contrário: do arquiteto e do urbanista de trabalhar com possibilidades de naturezas e
ruralidades da cidade atual.
LINK – P.41 do “Cartografia dos quintais”
GLOSSÁRIO – INTERTEXTUALIDADES/SABIÁ/RASTRO/SUBJETIVIDADE/
MEMÓRIA/ESQUECIMENTO
Tomado dessa forma, por hábitos e padrões urbanos ele é acometido a uma
possível incapacidade de acessar as nuances de uma subjetividade rural, devido aos
rompimentos de mudanças territoriais8 e de rupturas com símbolos importantes para a
construção desse sujeito - o que pode evidenciar um poder da cidade de sobrepor uma
homogeinização às características híbridas e diversas. Nesse sentido, as imagens e
discursos que chegavam aos espectadores da época, é da ordem de um campo
deformado e em processo de superação social rumo à urbanização. Essa figuração
atribuída ao campo exclui possibilidades evidentes de contato e relação com as
referências rurais e de poder à essa condição diversa e mesclada das experiências no
espaço.
Se o Jeca Tatu, aqui tratado como revelação dessa relação rural e urbana por
ser um dos representantes mais difundidos da cultura caipira no Brasil, é visto na
atualidade como algo cômico e superado, onde então vivem as memórias ativas do
universo rural?
No Brasil, tais “ilhas de ruralidade” podem ser ora mais evidentes, variando
com a densidade e costumes do urbano em questão. Acredita-se que as ruralidades nas
cidades brasileiras estão presentes como espaços e mesmo hábitos e que são
perpetuadas por uma sociedade com fundamentos rurais mas também, podem ser
vestígios rurais deixados pelo urbanismo extensivo e desmedido que discutiu-se
posteriormente, de um agente de planejamento desmedido que deixa nós na cidade
como espaços de diversas urbanidades em si. Como não só rurais/urbanos, mas
também entre áreas verdes isoladas na cidade e entre áreas construídas, entre bordas
da cidade onde não se andençou ou mesmo em praças e centros que marcam traços de
apropriações expontâneas face à racionalização da urbanização ao movimento vivo da
cidade.
Os quintais, espaços externos à casa mas interiores à vida urbana, são tomados
como ilustradores desses produtos de uma urbanização que deixa no corpo da cidade
rastros de ambientes anteriores. Vistos num primeiro momento, são lugares formados
por forte memória natural e antrópica, assim marcados por faunas e floras ali latentes,
juntamente com traços de movimentação humana como hortas e fragmentos de
materiais – fomando um meio mesclado e híbrido de relações dentro do espaço
urbano com elementos variados constituintes desse espaços que comunicam e
interrelacionam na cidade atual a fim da construção de uma experiência urbana
próxima às referências formadoras do espaço.
10
Equilíbrio
dos
Antagonismo
é
a
tese
defendida
por
Freyre
em
Casa-‐grande
&
Senzala
no
qual
entendia
esse
sistema
de
espaço
que
continha
senhor
de
engenho
e
escravo
num
só
espaço,
como
a
garantia
garantia
da
unidade
e
da
força
da
sociedade
brasileira
na
época.
Para
ele,
entender
as
condições
políticas
e
sócio-‐econômicas
do
brasil
seria
reotmar
à
investigações
acerca
dessa
estrutura.
Para
o
desenvolvimento
posterior
à
tese
de
Casa-‐
grande
&
Senzala
ver:
FREYRE,
G.Sobrados
&
Mucambos.
16a
edição,
São
Paulo;
2006.
No período colonial, os quintais suportavam toda a dinâmica interna da casa,
desde criação dos alimentos com as privadas criações de animais e as pequenas
plantações. Os quintais também eram locais onde habitavam a mão-de-obra da casa
grande e por onde passavam os escravos para exercer suas atividades e irem à
caminho da senzala. O quintal nessa época era o meio de interrelação entre casa
grande e senzala, interação essa que acontecia de variadas formas.
Para o presente trabalho seguimos nas noções espaciais dos quintais e o que
possivelmente contribuiram para habitar cidade e vida privada no Brasil e como eles
reverberam na atualidade.
Movida por essas forças naturais e antrópicas, a malha urbana de São João del
Rei se forma de maneira muito particular quando se analisa a heterogeneidade dos
espaços: marcados pelos contrastes e limites entre casa próximas às betas, as
ocupações urbanas fechando parcelas de pequenas fazendas, ou mesmo as áreas de
preservaçao das duas serras (Lenheiros e São José) que circundam a cidade.
Particularidades poucas vezes, consideradas em estudos do planejamento urbano e,
nas leis patrimoniais federais que apegam "miudezas" patrimoniais como maçanetas e
portais.
GLOSSÁRIO – QUINTAL/PROCESSO/NATUREZAS
DOMESTICADAS/COMIDA/TÉCNICAS/SUBJETIVDADE
Vô Juquinha, por sua vez, gera impacto quantativamente menor mas, o que
torna sua aproximação do espaço urbano importante como processo subjetivo se trata
da sua habilidade de apropriar de espaços e lotes vagos na cidade, negociando com
donos desses locais nos arredores de sua vizinhança. Curiosamente, ele nao tem um
quintal em sua própria casa mas à medida que ele vê um espaço vago na sua
vizinhança, ele negocia com o dono o uso para plantio e produção de comida à partir
desse pedaço de terra, retribuindo posteriormente com presentes de. Durante esse ano
de pesquisa, ele pôde produzir à todo tempo base alimentar mais diversa à toda sua
família e, como “sempre sobra algo” ele compartilha e troca sua produção com
vizinhos – à partir desse lógica, ele desenha uma rede de relações afetivas,
econômicas e de nutrição dentro do espaço urbano.
Assumindo que essas relações podem tocar vastas questões acerca do espaço
urbano expande-se aqui o conceito de rural/urbano, enquanto meios opostos por
condições espaciais e de organização de elementos para uma noção de meios
interligados por redes de saberes; espaços e trocas interpessoais indicando também
uma necessidade de urbanismo e arquitetura que tratem e envolvam os eventos no
espaço urbano, as experiências resultantes deles e, às quais articulações eles levam – à
medida que essa rede cresce, ela se torna uma ferramenta para pensar políticas
urbanas efetivamente integradas com a apropriação das pessoas e com os diversos
espaços da cidade.
Buscou-se durante esse viés prático mostrar como o arquiteto e urbanista pode
transbordar essas forças reminescentes e de resistência no espaço, elaborando além de
atividades de jardineiro, projetos arquitetônicos e planos de gestão como formas de
dar mais vida a esse quintal. Movimentando esse quintal e empoderando-o, articulou-
se também, juntamente a Secretaria de Agricultura da cidade, idas a encontros sobre
saúde alimentar e prevenção de doenças com hortaliças orgânicas como a 6ª
Conferência Estadual de Segurança Alimentar e Nutricional Sustentável de Minas
Gerais, organizada pelo Conselho Estadual de Segurança Alimentar (CONSEA-MG).
Nesse ponto, é possível prever um efeito de transbordamento das redes de relações
interpessoais e afetivas com esse quintal, expandindo-o, dando-o outra escala além
daquela inicial: o quintal passa de micro a ter impactos em macro escala.
Espera-se também que este trabalho contribua a compreender e ir de encontro
ao que há de mais complexo nessas situações de nós e rastros do urbanismo
brasileiro. Se em alguns outros países, com suas hortas urbanas, high line parks e
promenades plantées há uma força de envolvimento social com as questões desses
espaços e, incorporação à cidade, a situação do agricultor urbano ou rural e dos
habitantes desses locais no Brasil é grave: condenada à marginalização e
ridicularização, lançando-os à desigualdade social. O agricultor, o jardineiro, o
rudimentar e seus espaços de criação são banidos e colocados à parte e, uma vez nesse
estado, eles não produzem vida para seu meio e não há poder para habitar a cidade.
Voltando à discussao exposta por Guatelli, esse trato com o urbano que se
investiga aqui chega nos processos subjetivos como forma de trabalhar a relação dos
eventos expontâneos com o espaço – à fim de pensar para a escola de Arquitetura e
Urbanismo uma atuação além da racionalidade excessiva da disciplina. É necessario
encarar como eventos dentro da cidade, dessas apropriaçoes como espaços já
produzidos, que acontecem autonomamente no urbano e, que faz com que o
arquiteto/urbanista/designer atue coagindo com esses eventos – o trabalho aqui
presente faz uso desses eventos para dicutirmos por fim uma experiência possivel à
partir desses processos.
Dos quintais, traços subjetivos – experiência espacial rudimentar
(de)formadora da cidade
Pois tal experiência insulada e próxima do que vive é muito cara para a
Arquitetura e o Urbanismo, sempre atentos à vida nos espaços, e, ela demonstra que
há uma presença co-produtora à atuaçao do planejador urbano no espaço urbano. No
entanto, há na figura do jardinier, uma diferença fundamental aos movimentos
subjetivos com o espaço; pois ele, ao guiar o movimento ecológico do jardim
interrompe um aprofundamento corpóreo-espacial e constrói um outro fluxo de
sentido e direcionamento do movimento do jardim, dessa forma mais matemática.
Essa sua última ação, denota um sujeito mais racional e menos entregue ao jardim; o
contrário de se ocupar com a intensidade da entrega e à simples continuidade da vida
do jardim, se sentindo como parte integrante desse espaço e percebendo as alterações
que aquele espaço traz ao seu corpo.
Ora, se é que é possível preservar o movimento em arquitetura e urbanismo,
isso não pode ser justificativa para congelá-lo uma vez que o movimento do espaço e
suas experiências são, em si, mutantes. A fim de conseguir perceber o corpo que se
move e produz espaços Costa (2007) sugere uma “desorientação possível a partir de
tal fragmentação de lógicas e sentidos espaço-temporais” (ibid.p.81) - colocando a
arquitetura num outro campo de trabalho não somente tectônico e racional, mas atento
às imaterialidades e ressignificações de lógicas cambiantes e transformadoras do
ambiente.
GLOSSÁRIO – QUIETUDE/LEMBRANÇA/ESQUECIMENTO/RESPIRAÇÃO
Ao decidir tratar espaços reminescentes na cidade e mapear as vivências dos
locais que fomentaram a pesquisa, constata-se que os quintais são intrínsecos ao
contexto da vida urbana, de uma vida social e contrutores de experiência no espaço.
Esse corpo que habita os entre espaços e os quintais e, sedimenta na cidade alguns de
seus processos subjetivos produzindo (des)significações traz para a discussão da
experiência espacial, traços já percebidos por Guateli como “emancipaçao dos sentido
pressupostos como da concentraçao de possibilidades, jamais conduzindo a um
encerramento” (GUATELLI, 2012.p.59), ou seja, de uma necessidade que o próprio
autor fala de não finalizar a discussão do espaço em dualidades cheias de sentido e
simplificadora das dinâmicas complexas do espaço.
Ainda o mesmo autor, desenvolve à partir da teoria de Derrida que uma pausa
na produção de sentido e sim, da necessidade de nos “livrarmos de certas coisas como
condição para um enrriquecimento da consciência e, consequentemente da própria
coisa” (ibid. p. 60) – que entende-se aqui como o trabalho em design que não trata de
produzir razões e discursos cheios de sentido à partir dos eventos urbanos mas, que
sobretudo de articular e colocar em jogo os fenômenos presentes ao espaço ou
melhor, que perceba as potências de criação dos eventos e lógicas preexistentes no
espaço.
GLOSSÁRIO – PRESENÇA/RUDIMENTAR/ECOLOGIAS/COMIDA/QUIETUDE/
O além-do-ser que provém daquilo que parece não mais estar lá,
seja como presença quase ausente (desativada), “invisível”, ou
como movimento de contaminação suplementar - e consequente
superação daquilo que parece ser da “natureza” ou próprio de algo
– do objeto e/ou territorial, a hibridização. (GUATELLI,
2012.p.65)
GLOSSÁRIO – PRESENÇA/RUDIMENTAR/TÉCNICAS/ECOLOGIAS
Veja por favor se essa terra está numa temperatura boa para
plantio de hortaliças, em 26°C? Não sabe sem termômetro? É
só enterrar o dedo no solo e com muita atenção sentir a
diferença dos 0,5° ou do 1°C para o corpo. Se a terra queimar
seu dedo ela não está boa, se resfriá-lo pode plantar. Livro de
“Cartografias dos quintais”. São João del-Rei, 25/08/2015.
Importa é que o quintal ou outras possibilidades de espaços, remontam uma
experiência mais próxima ao corpo numa relação nada apática ao espaço, se não, um
estado de intensa atenção ao que os sentidos aguçados percebem do ambiente em
diferentes instâncias de percepção - não mais pautada na lógica da dialética
sujeito/objeto, mas de dar nome e atribuir valor a uma relação que nos fazem sentir
vivos, sensíveis e presentes com espaço .
Dessa forma, é muito importante operar o trabalho em design que opere com
eventos e estruturas do espaço de potência associativa e capacidade de se hibridizar
com outros sistemas, como a potência dos rastros. Num exercício de espaço,
concordando com Guatelli (2012) de ser com (ibid.p72) que produza arquiteturas que
toque o sujeito à experiência de se auto-revelar no mundo, de constatar e
experimentar a proximidade com as coisas do mundo. E, sobretudo como fazer
arquitetônico, de articular espaço com experiência e às redes presentes, é um caminho
de reativação da sensação corpórea e da dimensão espacial da existência.
Ainda Jacobs (1972, p.26) fala da agricultura como uma lógica e produto
urbano transportados para o campo e como saída à essas demandas crescentes de
comida e sobrevivência – atraindo para as bordas da cidade, locais mais próximos às
práticas agrárias, alguns povoados e habitações. A agricultura como um produto da
cidade também contribuiu para a evolução das técnicas de sobrevivência e produção
de alimento, resultando até em possibilidade de tartar a produçaão da comida no
espaço urbano, como investiga a agroecologia urbana.
16
Disponível
em
https://www.fao.org.br/download/PA20142015CB.pdf
.
Acesso
em
Agosto
2015.
17
A
participação
do
trabalho
The
quintais
network,
em
parceria
com
Thiago
Ferreira
na
I
European
Conference
on
Understanding
Food
Design
lança
como
o
planejamento
urbano
e
Arquitetura
entende
comida
como
ferramenta
de
planejamento
urbano
para
trabalhar
evidente relaçao desse trabalho com essas questões, discorre-se nesse momento sobre
um desses transbordamentos à partir dos quintais.
LINK – P.40, P.72, P.82
GLOSSÁRIO – RASTRO/ECOLOGIA/COMIDA/RECEITA/SUBJETIVIDADE
A agricultura como produto urbano como, lançado por Jane Jacobs, não pode
justificar à péssima qualidade de distribuiçao e nutritiva dos alimentos – se o urbano
influencia na produçao agricula com suas tecnologias de produçao, hoje viu-se que
nao funciona para além de alimentos ricos em agrotóxico e de produçao com grande
imapcto ambiental. Dessa forma, pensar os meios de produçao (nao so de estocagem)
de comida no urbano reverte lógicas como a do campo, cria novos paradigmas e
abrem para novas perspectivas como a de uma comida mais saudável:
Sua cidade, seu campo, sua comida; adverte-se. Em espaços urbanos cada vez
mais impessoais e sem a dimensão corpórea, não se surpreende em perceber no
urbano certa amnésia, da capacidade do nosso corpo em sentir, construir, plantar,
consumir o que deseja, ser dono da sua própria comida, fazê-la e estabelecendo outras
maneiras de estar no espaço. De fato essa é a porte de um complexo problema. No
entanto, uma cidade híbrida rural/urbano, heterogênea nos seus desnhos de natureza e
urbanidade, é uma possível garantia de uma nutrição mais completa e diversa -
necessário um novo ambiente com mais estímulos sensíveis, com mais texturas, com
mais naturezas e vida. Lembram também que com esse corpo é possível resistir à
decadência de modos improdutivos de vida que esgotam o meio, os recursos e as
experiências múltiplas.
Lefébvre (1969), por sua vez, atesta que só é possível uma reconcialiação com
a natureza a partir de um movimento de ressignificação do campo e de tomada de
práticas agrárias. E, por isso, acredita-se que dentre os vários movimentos urbanos
possíveis, pensar a comida ou, food design abre um caminho para pensar a produçao
de espaço à partir desses meios pessoais de moldar e apropriar do espaço à partir da
comida. Ela evidencia potencialidades de uso, produção apropriação de espaço além
da cidade e o poder de impactar em ações na escala do corpo.
- CLÉMENT, Gilles; Jardins, paysage et génie naturel. In.: “Les Leços inaugurales
dans la collection Collège de France”. Collège de France: Librairie Arthème Fayard,
2012.
- FREYRE, Gilberto. Casa-grande & Senzala. 51a edição, São Paulo; 2003.
- JACOBS, Jane; Morte e Vida de Grandes Cidades. 2a Edição. São Paulo: Martins
Fontes, 2009;
- SANT’ANNA, Denise B. De; Entre a pele e a Paisagem. Proj. História, São Paulo,
(23), nov.2001. In.: Natureza e poder – FAPESP. p.193-207.