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O nome de ISRAEL

na estela do faraó MERENPTAH

0 problema, que abordamos, relaciona-se com o mais antigo


texto extra-bíblico em que, com muita probabilidade, aparece o
nome de Israel. Por conseguinte, este estudo leva-nos à problemá-
tica das origens de Israel, à sua etnogénese, mas que, aqui, não
podemos abarcar em toda a sua dimensão. De resto, já em tempos,
com mais extensão e profundidade, nos ocupámos desta questão,
que tanto tem agitado os estudiosos da Bíblia e sobretudo das
origens de I s r a e l D a d o o interesse que o tema reveste para os estu-
diosos da Bíblia, queremos oferecer este pequeno estudo como
singela homenagem ao caro amigo e antigo companheiro dos estu-
dos de arqueologia bíblica na Terra Santa, nos longínquos mas
apaixonantes anos de 1961-62, quando, apesar de tudo, por aquelas
terras ainda se podia viajar e estudar com tranquilidade. O estudo
da Sagrada Escritura estava, então, na crista da onda dos estudos
teológicos superiores da Igreja Católica e ir fazê-lo à Terra Santa
constituía um privilégio e uma apreciada mais valia de qualidade
científica.

1 - O conhecimento do mundo da Bíblia. Começando a reunir


textos, escritos possivelmente desde o século X a.C., a Bíblia só
ganhou forma muito mais tarde, de tal modo que a compilação final
não ultrapassa o século III antes de Jesus Cristo, ou seja da «Era

1
Geraldo J . A. Coelho D I A S , Hebreus e Filisteus na terra de Canaã. Nos pródro-
mos da questão palestiniana, 2 Volumes, Porto, Faculdade de Letras, 1994. É a nossa
tese de Doutoramento em História da Antiguidade, que apenas se encontra poli-
copiada.

XXXV (2005) DIDASKALIA 23-22


24 DIDASKALIA

Comum» (EC), no dizer da tradição judaica. A quase totalidade dos


textos é anónima, pois a Bíblia nasce na vida e da vida dum povo
crente. O seu estudo é, por isso mesmo, fascinante e mostra-nos que
ela tem de ser lida com empatia, senão mesmo com simpatia. Como
quer que seja, ali se reflecte a visão dum mundo que vai do Egipto à
Mesopotâmia (o território da Meia Lua fértil), por onde perpassam
os impérios egípcio, assírio e babilonense, com a história do povo
hebreu instalado naquilo que se chamava Canaã e, depois, se
chamou Israel/Judeia, e Palestina, a Terra Santa. Há narrativas
mitológicas e históricas, que, por vezes, é difícil destrinçar; abun-
dam perspectivas geográficas nem sempre bem caracterizadas ou
definidas e muitas leis que, no fundo, constituíam quase património
comum dos povos da zona.
Os documentos extra-bíblicos, que confirmam narrativas e
histórias da Bíblia, só, há pouco, a Arqueologia no-los começou a
revelar. A leitura e interpretação da Bíblia, como a de qualquer lite-
ratura antiga, pré-clássica, é, consequentemente, árdua e problemá-
tica p a r a o leitor ocidental e moderno. O mundo bíblico, do ponto
de vista cultural e monumental, é muito inferior ao do Egipto ou ao
das grandes civilizações da Mesopotâmia, embora apresente com
esses territórios e respectivos povos u m sistema de vasos comuni-
cantes, de tal modo que temos, constantemente, de recorrer a
narrativas semelhantes e a factos paralelos. De facto, trata-se dum
mundo bastante diferente do ocidental em termos geopolíticos e de
mentalidade. A leitura e hermenêutica da Bíblia exigem, por isso,
conhecimentos de história, de línguas e de géneros literários, e não
são acessíveis a qualquer um, por mais que a todos os crentes se
aconselhe a sua leitura n u m a tradução coerente e bem anotada.
A razão é que, de facto, a Bíblia pode dar azo a leituras fundamenta-
listas, esotéricas ou racionalistas, que, por sua vez, levam a conclu-
sões muito mais imaginativas que reais e fazem daquilo que deveria
ser a história da salvação u m a fonte de efabulações esotéricas.
Hoje, cada vez mais os cientistas estão contra a opinião historicista
tradicional, de que, em certa medida, Roland de Vaux, OP, nos dava
a síntese histórica 2 .
Neste sentido, há que virar constantemente o nosso óculo de
leitura para a cultura do Egipto e da Mesopotâmia, porque é lá que

2
Rolland DE VAUX, OP, Histoire ancienne d'Israël, I, Paris, J. Gabalda et C.'1'
Éditeurs, 1 9 7 1 . Cf. André LEMAIRE, «Recherches actuelles sur les origines de l'Ancien
Israel », lournal Asiatique, 270, 1982, 5-24.
O NOME DE ISRAEL NA ESTELA DO FARAÓ MERENPTAH 25

se encontram as potências e as culturas a que a Bíblia faz referência


ao n a r r a r a história do Povo de Deus. Não partilhamos, evidente-
mente, de forma alguma, a opinião do alemão Delitzsch 3 que,
perante o acumular de documentação arqueológica, cada vez mais
conhecida e convincente, afirmava, de forma peremptória, a equa-
ção «BIBEL-BABEL», como se, na Bíblia, tudo viesse de Babilónia,
embora reconheçamos que há ali algo de verdade. No caso que nos
ocupa, porém, vamos voltar-nos para o Egipto.

II - A Bíblia e o Egipto. Segundo a narrativa do livro do Êxodo


(1-15) e toda a tradição hebraica posterior, é do Egipto que parte o
povo hebraico para a arrancada da instalação na terra prometida
de Canaã. Foi, de facto, a partir do livro do Êxodo que se estabeleceu
a convicção de que o povo hebraico saiu do Egipto para se instalar
na terra de Canaã, o «Pa-Kena'an» dos textos egípcios antigos. Mas
o texto do Êxodo é o resultado literário duma redacção que acumu-
lou tradições ou textos pré-literários, que um redactor tardio conca-
tenou e a que deu forma historicizante. Curioso, porém, é constatar
que os textos egípcios dos tempos faraónicos, tidos como contempo-
râneos dos acontecimentos do Êxodo, nada contam a respeito de
Israel ou dos judeus e nada dizem sobre José e a estadia dos hebreus
no Egipto. Quando muito, com a afirmação da opressão dos hebreus
no Egipto, o livro do Êxodo, sempre ele, tem uma vaga referência
à zona do Delta (Goshen), onde os hebreus se teriam instalado, e à
construção das cidades armazéns de Pitom e Ramsés (Ex. 1,11).
E sobre esses dados que a tradição bíblica posterior vai insistir. Ora
Pitom ou melhor Per-Atom (Casa de Atom) e Per-Ramsés teriam
sido cidades de armazenamento m a n d a d a s construir no tempo do
faraó Ramsés II (1290-1224 a.C.), o faraó dominante, megalómano
mas emblemático da XIX dinastia egípcia.
A descida de José e seus irmãos ao Egipto poderia, quando
muito, compreender-se e aceitar-se, historicamente, com o domínio
dos Hyksos, nome que traduz o egípcio HK3W H3SWT (= Chefes
dos países estrangeiros), povos de origem semítica, que, n u m a
daquelas ondas migratórias do II milénio antes de Cristo, conse-
guiram estabelecer-se no Baixo Egipto ou Delta do Nilo, entre os

3
Friedrich D E L I T Z S C H , Babel und Bibel, Leipzig, 1902. Em 1921, a edição
atingiu 63.000 exemplares.
26 DIDASKALIA

séculos XVII-XVI (1650-1550) a.C. 4 . Formaram ali a XV e XVI


dinastias, com capital em Tãnis, a Soan bíblica (Nm. 13,22; Is. 119,
11; Sl. 78,12), actual Tell el-Dab'a no Delta. Ao serem expulsos,
teriam arrastado consigo a primeira leva de hebreus, que lograram
estabelecer-se ou sedentarizar-se em Canaã, conforme a moderna
análise literária dos textos bíblicos permite deduzir. Ficou célebre a
batalha de Charuhen (Tell el-Far'ah, no sul de Canaã, entre Amósis
e os Hyksos, cerca de 1550 a.C., e é ela que vai facilitar a penetração
do Egipto em Canaã 5 . Contudo, a interpretação científica da histó-
ria bíblica do Êxodo hebraico do Egipto para Canaã continua em
aberto 6 e toda a pesquisa arqueológica ainda não permitiu a sua
confirmação como acontecimento historicamente verificado 1 .

I I I - O faraó MERENPTAH do Egipto (1224-1204 a.C.) e


ISRAEL. Merenptah foi o décimo terceiro filho de Ramsés II
(1224-1204 a.C.) e o seu sucessor no trono do Egipto faraónico 8 .
A sua nomenclatura real é complexa MERENPTAH HETEP
HERMAET BAENRÉ-MERI NETJERU {«Aquele que ama Ptah,
aquele que satisfaz Maet, Ba de Re-amado dos deuses») e a sua crono-
logia ainda é discutida (1224-1209 a.C.). Todavia, a respeito dele, a
arqueologia descobriu diversos documentos, sobretudo esteias, que
permitem situá-lo com relativa precisão no tempo e no contexto do
Médio Oriente. Todos os documentos celebram as suas lutas e vitó-
rias sobre os chamados «Povos do mar», que, por terra e mar, pre-
tendiam invadir o Egipto: Estela do 11.° ano, estela do 8.° ano e
estela do 5.° ano. Esta, do 5.° ano do seu reinado, é a mais famosa,
exactamente por os epigrafistas lerem nela o nome de ISRAEL;
ainda que com hesitações. Por isso, com alguma razão a classificam
como a Estela de Israel, ou da Vitória (1217 a.C.).

4
Luís Manuel ARAÚJO (Dir.), Dicionário do Antigo Egipto, Lisboa, Editorial
Caminho, 2001.
5
Geraldo J. A. Coelho DIAS, «Penetração do Egipto em Canaã», Cadmo, n.° 10,
Lisboa, 2001.
6
Sayed SALAMA, Mosè e L'Esodo alla luce delle fonli sacre e deU'egittologia, con
la collaborazzione di Maria Luz Mangado Alonso, Nápoles, Grafite Editrice, 1999
(tradução do espanhol).
7
Israel F I N K E L S T E I N e Neil A S H E R S I L B E R M A N , La Bible dévoilée. Les nouvelles
révélations de l'archéologie, Paris, Bayard, 2002; E.-M. LAPERROUSAZ (Dir.), La proto-
histoire de Israel, Paris, Les Éditions du Cerf, 1990.
8
Luis Manuel de Araújo (Dir.), Dicionário do antigo Egipto, Lisboa, Caminho,
2001, 562.
O NOME DE ISRAEL NA ESTELA DO FARAÓ MERENPTAH 27

A ESTELA DE ISRAEL, encontrada por W. M. Flinders Petrie,


em 1896, na necrópole de Tebas, Egipto, está depositada no Museu
do Cairo (CG, 34025) e é, na verdade, u m bloco de basalto negro
reusado, porque tem no reverso uma inscrição mais antiga do faraó
Amenhotep III ou Amenófis (1402-1364 a.C.). A estela mede 3,180 x
l,650m, e tem 28 linhas escritas. Ao alto, n u m a espécie de lúnula
artística, aparece um simbólico relevo duplicado representando o
faraó Merenptah a receber do deus Amon a espada curva, símbolo
da força e da vitória, e como que apadrinhado pela deusa Mut, mãe
de Khonsu. E a tríade divina de Tebas, protectora dos faraós da 19. a
dinastia. Depois, na parte epigráfica, vem o texto hieroglífico de 28
linhas, texto de carácter épico, poético e laudatório, a exaltar o êxito
guerreiro do faraó, e de que damos, pela primeira vez em portu-
guês, a tradução completa em apêndice. Os dados mais importantes
para o caso são os da linha 26-29, onde precisamente o nome de
Israel, já coçado pelos dedos dos guias e turistas (linha 27), aparece
enquadrado com outros nomes de terras conhecidas de Canaã.

«Os príncipes estão prostrados, dizendo: "Paz!"


Entre os Nove Arcos, nenhum levanta a cabeça.
Tehenu está desolado; Hatti está em paz;
Cannã está saqueado com todas as desgraças;
Asheqelon está exilado; Guezer está prisioneiro;
Yanoam está no estado daquilo que não existe;
Israel está devastado, sem semente;
Huru tornou-se uma viúva para o Egipto!
Todas as terras em conjunto estão em paz;
Toda aquela que estava irrequieta foi dominada».

Deve ter-se, porém, em consideração que o nome de Israel,


de que se fala, não é ainda u m a entidade geopolítica, mas, com
certeza, um grupo de gente sem terra definida, à procura de poder
sedentarizar-se e instalar-se na região. Na verdade, o determinativo
para Israel, que aparece na linha 27, anteposto ao nome, translite-
rado em ISIRAIR, é o do homem e da mulher, sentados, indicativo
de povo ou clã ainda não sedentarizado, ao contrário do que se veri-
28 DIDASKALIA

fica com os outros nomes citados, que são determinados pelo sím-
bolo de povo estrangeiro ou cidade defendida. Sublinhe-se, por-
tanto, que o nome de Israel, apesar da escrita ainda um pouco con-
fusa, aparece pela primeira vez na história e em documento egípcio,
muito antes de aparecer em escrita hebraica, sendo certo que nem
antes nem depois aparece nos textos egípcios.
O poema desta estela, no seu todo, é uma hipérbole poética,
uma encomiasta apologia assente na pretensa vitória sobre os povos
que pretendiam invadir o Egipto, associando-se a vitória sobre os
líbios e os «Povos do Mar». Há quem ponha em causa a historici-
dade da c a m p a n h a asiática de Merenptah, mas ela é confirmada
pelo título de «dominador de Guezer», que lhe atribui a inscrição de
A d a m a h 9 . Apesar de problemas, não se tem contestado a leitura e
identificação dos topónimos, tal como foram propostos por Spiegel-
berg, logo em 1896, e aceites na versão de Pritchard no ANET.
Em 1986, Frank Yurco fez uma revelação sensacional a propó-
sito de Merenptah 10. Em Karnak, no paramento do muro exterior
oeste, na c h a m a d a «Cour de la Cachette», ele identificou cenas de
batalhas sobrepostas. E r a m atribuídas a Ramsés II e ao rei hitita
Hattusilis III, a quando da batalha de Qadesh (1275 a.C.), junto ao
rio Orontes, pois estão juntos do respectivo tratado de paz. Todavia,
o arqueólogo Yurco pretende provar que, de facto, se referem ao
faraó Merenptah, e tudo isso porque os cartuchos ou carteias origi-
nais com o nome do faraó Merenptah tinham sido re-usados e
engessados com os dos faraós Amenméses (1204-1200 a.C.) e Seti II
(1200-1194 a.C.). Yurco identifica, então, as várias cenas do muro.
A l. a com a tomada da cidade de Ashqelon, cujo nome é bem visível
e legível, enquanto a 2. a e 3. a estão sem nome, porque as respectivas
pedras desapareceram; também a 4. a está sem nome e a batalha
trava-se n u m descampado, com o carro do faraó a investir sobre os
inimigos, que fogem em tumultuosa debandada. Partindo da identi-
ficação de Ashqelon, Yurco concluía que as quatro cenas são a ilus-
tração plástica da Estela de Merenptah ou de Israel no que se refere
à campanha asiática do 5.° ano (1217 a.C.) do dito faraó.

9
James B . P R I T C H A R D (Ed.), The Ancient Near Eastern Texts relating to the Old
Testament (ANET), 3. a ed., Princeton, Princeton University Press, 1969, 258-259.
10
Frank J . Y U R C O , «3.200-Year-Old Picture of Israelites Found in Egypt»,
Biblical Archaeology Review, XVI, 5, 1990, 20-38, artigo que, naturalmente, não
deixou de provocar polémica. Na penúltima linha, ao centro, está posto em evidência
o nome de Israel, lido da direita para a esquerda.
O NOME DE ISRAEL NA ESTELA DO FARAÓ MERENPTAH 29

A ser legítima e válida a aproximação dos relevos da «Cour de


la Couchette» à Estela de Israel, estaríamos perante um documento
de veras curioso e importante para a identificação e caracterização
dos «israelitas», vestidos de roupas longas, à semelhança dos habi-
tantes das cidades cananeias, e não como nómadas, os famosos
Shasu, que também aparecem nas cenas 5.°, 7. a , 8. a .
Tudo isto nos levará a concluir, com a tradição exegética, que
Ramsés II (1289-1224 a.C.) poderia ter sido o faraó da opressão dos
hebreus no Egipto, segundo o Livro do Êxodo, e seu filho Merenptah
o faraó da perseguição. Como quer que seja, vê-se a importância
que, hoje, existe em articular as narrativas bíblicas e os achados
arqueológicos.

APÊNDICE DOCUMENTAL

Estela do 5.° Ano de Merenptah


- Estela da Vitória//Estela de Israel -

«Ano 5.°, terceiro mês da terceira estação, dia 3, sob a majes-


tade de Hórus: Touro poderoso, rejubilando na Verdade: o Rei do
Alto e Baixo: Ba-en-Re-Meri-AMON; o filho de Re: MER-en-PTAH-
Hetep-Hir-MAAT. A glorificação da força e exaltação do braço forte
de Horus: Touro poderoso que derrota os Nove Arcos, cujo nome é
dado à eternidade para sempre. O relato das suas vitórias em todas
as terras para fazer com que todas as terras em conjunto saibam e
para permitir que seja visto o mérito nos seus feitos de valor: o Rei
do Alto e baixo Egipto: Ba-en-Re-Meri-AMON; Filho de Re: MER-
en-PTAH-Hetep-Hir-MAAT; o Touro, senhor da força, que mata os
seus inimigos, indulgente no campo do valor quando a sua con-
quista foi executada:

O sol descobrindo a nuvem que se deteve sobre o Egipto


E permitindo ao Egipto ver os raios do disco solar;
removendo a montanha de metal do pescoço do povo,
de modo a permitir a respiração ao povo que estivera lá
encerrado;
Pacificando o coração de Mênfis acerca dos seus inimigos
E fazendo Ta-tenen rejubilar sobre esses rebeldes contra ele;
30 DIDASKALIA

Abrindo as portas de Mênfis que tinham sido trancadas


e deixando os seus templos receberem o seu alimento:
O Rei do Alto e Baixo Egipto: Ba-en-RE-Meri-Amon; o Filho
de RE: MER-en-PTAH Hetep-Hir-MAAT;
O único restaurando a coragem de centenas de milhares,
pois a respiração entra pelas suas narinas quando o vêem;
Penetrando na terra de TEMEH durante a sua vida,
e lançando um terror eterno no coração dos Meshuesh.
Ele faz voltar para trás Rebu, que tinha esmagado o Egipto,
com os corações apavorados por causa do Egipto.

A sua guarda avançada abandonou a retaguarda. As suas


pernas não p a r a r a m de correr. Os seus arqueiros abandonaram os
arcos. O coração dos soldados de infantaria ficou enfraquecido por
causa das viagens. Deitados no chão, eles desprenderam os odres,
desamarraram as mochilas e puseram-nas de lado.
O miserável inimigo, príncipe de Rebu, desapareceu sozinho
na profundidade da noite. Não tinham penas na cabeça; os seus pés
estavam descalços. As suas mulheres foram capturadas diante dos
seus olhos. Os pães p a r a sua provisão foram apreendidos; ele não
tinha água no odre p a r a o manter vivo. A face dos seus irmãos
estava ameaçadora p a r a o matar; entre os seus comandantes cada
um lutava com seus companheiros. As suas tendas foram queima-
das, feitas em cinza. Todos os seus alimentos ficaram para alimento
das tropas. Ele alcançou o seu país, e ficou de luto. Todos os sobre-
viventes na sua terra estavam ofendidos (para) o receber: «O prín-
cipe (a quem) o penacho da má fortuna se opôs!», diziam-lhe todos
os que pertenciam à sua cidade.

«Ele está em poder dos deuses, senhores de Mênfis;


O Senhor do Egipto faz do seu nome uma praga: -
«MEREY» é o detestado de Mênfis.
Ele e todo o filho da sua família até à eternidade.
Ba-en-Re Meri- AMON irá em perseguição dos seus filhos;
MER-en-PTAH Hetep-Hir-MAAT foi-lhe dado como uma fatalidade».
O NOME DE ISRAEL NA ESTELA DO FARAÓ MERENPTAH 31

Ele tornou-se como um provérbio para Rebu;


Uma geração anuncia à outra as suas vitórias: -
«Nunca houve para nós tempo igual (desde os dias) de RE!»
É isto que diz qualquer ancião falando com seu filho.

Ai de Rebu! Eles deixaram de viver à agradável maneira


daquele que passeia nos campos. O seu caminhar é limitado a um só
dia. Os Tehenu são consumidos n u m só ano, pois SETH virou as
costas ao seu chefe; as suas instalações são abandonadas por causa
dele. Não há trabalho de transporte de cestos nestes dias. E vanta-
joso esconder-se, porque se está seguro na caverna. O grande
Senhor do Egipto é poderoso; a vitória pertence-lhe. Quem pode
combater, sabendo que os seus passos estão sem impedimento?
Insensato e inconsciente é aquele que tem de se haver com ele!
Aquele que atravessa as suas fronteiras não sabe o que é p a r a si o
dia de amanhã.

«Quanto ao Egipto», dizem eles, «desde (o tempo de) os deuses


(ele tem sido), a única filha de Re, e seu filho é aquele que está no
trono de Shu. Nenhum coração ganhou fama por atacar o seu povo,
porque o olhar de todos os deuses persegue aquele que o cobiça, e
ele é que conseguirá o fim de todos os seus inimigos». Assim dizem
aqueles que observam as estrelas e que conhecem todos os mágicos
feitiços olhando para os ventos. «Uma grande maravilha aconteceu
no Egipto! Aquele que o atacava foi entregue nas mãos como u m
prisioneiro vivo, devido aos conselhos do rei divino, justo contra os
seus inimigos na presença de Re».

Merey é aquele que faz coisas más e subversivas contra todos


os deuses que estão em Mênfis. E aquele com quem houve litígio em
Heliópolis, e Enêade considerou-o culpado por causa dos seus
crimes. O Senhor de tudo disse: «Dai o braço forte ao meu filho,
o de coração recto, o misericordioso e bondoso, Ba-en-Re Meri-
AMON, o que é solícito para com Mênfis, que responde (a favor de)
Heliópolis, abrindo as cidades que tinham sido fechadas, p a r a que
ele pudesse libertar muitos que tinham sido presos em todos os
distritos, para que pudesse fazer dádivas aos templos, para que
pudesse fazer que se trouxesse incenso diante do deus, para que
pudesse fazer com que os grandes possuíssem a sua propriedade
32 DIDASKALIA

(de novo), para que pudesse fazer com que os pobres regressassem
às suas cidades.».

Assim falam os senhores de Heliópolis acerca do seu filho,


MER-en-PTAH Hetep-Hir-MAAT: «Dai-lhe uma vida longa como
a de Re, para que possa responder (a favor de) aquele que está a
sofrer por causa de qualquer país. O Egipto foi-lhe dado para ser
a porção daquele que o representa, para ele para sempre, de modo
que possa proteger o seu povo. Olhai, enquanto se vive no tempo
daquele que é poderoso, o sopro da vida vem imediatamente.
O valente, que faz com que os bens corram para o homem recto, -
não há fraude que retenha o seu despojo. Aquele que recolhe a
gordura da preversidade e a força de outros não (terá) filhos».
Assim falam eles.

Merey, o miserável, ignorante inimigo de Rebu, veio atacar os


«Muros do Soberano», o filho de seu senhor ergueu-se em lugar dele,
o Rei do Alto e Baixo Egipto: Ba-en-RE Meri-AMON; o filho de RE:
MER-en-PTAH Hetep-Her-MAAT. PTAH disse acerca do inimigo de
Rebu: «Juntai todos os seus crimes, postos sobre a sua cabeça.
Entregai-o às mãos de MER-en-PTAH Hetep-Hir-MAAT para que
ele o faça vomitar o que engoliu, como um crocodilo. Agora, olhai, o
veloz vence o veloz; o Senhor, consciente da sua força, armar-lhe-á
o braço. E AMON que o a m a r r a com a sua mão de modo que possa
ser entregue ao seu KA em Hermonthis; o Rei do Alto e Baixo Egipto:
Ba-en-RE Meri-AMON; o Filho de Re: MER-en-PTAH Hetep-Hir-
MAAT».

Grande alegria se levantou no Egipto;


júbilo surgiu nas cidades do Egipto.
Fala-se das vitórias
que MER-en-PTAH Hetep-Hir-MAAT obteve em Tehenu:
«Como é digno de amor o soberano vitorioso!
Como é exaltado o rei entre os deuses!
Como é afortunado o senhor do comando!
Ah! como é agradável sentar-se quando há uma conversa amena!»
O NOME DE ISRAEL NA ESTELA DO FARAÓ MERENPTAH 33

Pode-se andar com passo desimpedido pelo caminho, porque


não há nenhum receio no coração do povo. Os fortes são deixados a
si próprios, os poços (permanecem) abertos, acessíveis aos mensa-
geiros. Os parapeitos da muralha estão tranquilos ao sol até que os
seus vigias acordem. Ao Madjoi estão escondidos enquanto dormem;
os Nau e os Tekten estão nos prados como é do seu desejo. O gado
do campo anda à solta, a vaguear sem pastores, atravessando mesmo
a cheia da corrente. Não irrompe um grito na noite: «Alto! Olhai,
vem alguém com fala de estrangeiros!», (mas) a gente vai e vem can-
tando. Não há pranto de pessoas como quando há luto. Povoam-se,
do novo, as cidades. O que granjeia a sua colheita comê-la-á. RE
voltou-se de novo para o Egipto. Nasceu, como quem está predesti-
nado para ser o seu protector, o Rei do Alto e Baixo Egipto: Ba-en-
RE Meri-AMON; O Filho de RE: Mer-en-PTAH Hetep-HIr-MAAT.

Os príncipes estão prostrados, dizendo: «Paz!»


Entre os Nove Arcos, nenhum levanta a cabeça.
Tehenu está desolado; Hatti está em paz;
Cannã está saqueado com todas as desgraças;
Asheqelon está exilado; Guezer está prisioneiro;
Yanoam está no estado daquilo que não existe;
Israel está devastado, sem semente;
Huru tornou-se uma viúva para o Egipto!
Todas as terras em conjunto estão em paz;
Toda aquela que estava irrequieta foi dominada
pelo Rei do Alto e Baixo Egipto: Ba-en-RE Meri AMON,
o Filho de RE:
MER-en-PTAH Hetep-Hir-MAAT, a quem seja dada vida
como RE todos os dias»!

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