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Direito Internacional Público & Direito Internacional Privado

2. Tratados Internacionais

1. Conceito

Tratado é o acordo internacional celebrado por escrito entre dois


ou mais Estados ou entre Estados e Organizações Internacionais,
regidos pelo Direito Internacional, quer conste de um instrumento
único, quer de dois ou mais instrumentos conexos, qualquer que seja
sua denominação específica.

Trata-se da principal fonte de direito internacional porque


representa a vontade dos Estados ou das Organizações Internacionais,
em um determinado momento, que aceitam regular uma relação
jurídica por meio de uma norma comum entre si.

2. Nomenclatura

É comum encontrarmos a expressão tratados internacionais. A


própria Constituição Federal usa a expressão repetidas vezes (art. 5º, §
2º; art. 109). A expressão não é incorreta, mas inapropriada. Todo
tratado é internacional. Tratado internacional é a priori um
pleonasmo. É mais apropriado usar apenas o termo tratado.1

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VARELLA, Marcelo D. Direito Internacional Público. São Paulo: Saraiva, 2009, p. 21.
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A categoria tratado tem um conceito amplo. É um gênero que


aceita diversas espécies. As espécies mais comuns são convenções,
acordos, convênios, pactos, ajustes, protocolos, etc. O termo tratado,
mais usual, não difere tecnicamente dos demais. Dentre outras
nomenclaturas, destacamos:

• Tratado: utilizado para os acordos solenes, como os tratados


de paz, celebrados entre Estados. Exemplo: o Tratado de Paz
de Versalhes, de 1919, que encerrou a Primeira Guerra
Mundial; o Tratado de Paz entre Jordânia e Israel.

• Convenção: tem caráter mais amplo, cria normas gerais. Ex.:


Convenção sobre a Diversidade Biológica e a Convenção das
Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, ambas adotadas
no Rio de Janeiro, em 1992.

• Declaração: é um tratado que cria princípios gerais, mas não


gera compromissos para os sujeitos de direito internacional.
Exemplo: Declaração do Rio de Janeiro sobre Florestas, etc.

• Ato: é um tratado que cria regras de direito; mas não


produzem efeitos jurídicos obrigatórios, mas apenas morais.
Exemplo: Ato Geral de Berlim de 1865.

• Carta ou Pacto: pode ser tanto um tratado solene, que cria


uma Organização Internacional e define seus atributos,

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composição e objetivos. Exemplo: Pacto das Nações, que


criou a Liga das Nações, após a Primeira Guerra Mundial; a
Carta da Organização das Nações Unidas.

• Estatuto: tratado que cria Organização Internacional, e,


também, estabelece normas gerais, critérios de
funcionamento, etc. Exemplo: Estatuto da Corte Internacional
de Justiça.

• Protocolo: É um tratado que regula outro tratado mais geral,


como uma convenção, ou que altera determinado ponto de um
tratado anterior. Exemplo: Protocolo de Cartagena sobre o
Comercio de Organismos Vivos Modificados, que
regulamenta a Convenção sobre a Diversidade Biológica.
Pode ser encontrado nas seguintes situações:

• Protocolo de assinatura: esclarece sobre a


interpretação das partes sobre termos do próprio tratado
e cuja ratificação é operada junto com o tratado
principal.

• Protocolo opcional a um tratado: estabelece direitos


adicionais, que podem estar vinculados a outras
obrigações. O documento pode ser formulado
concomitantemente ao tratado principal, mas sua
ratificação é independente. Ex: Protocolo Opcional ao
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Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos, de


1966.

• Protocolo no contexto de uma Convenção-Quadro:


regulamenta as normas de uma convenção, com o
objetivo de criar obrigações especificas. Ex.: enquanto a
Convenção das Nações Unidas sobre as Mudanças
Climáticas indica a necessidade de encontrar
mecanismos para reduzir o problema do aquecimento
global, o Protocolo de Kyoto regula o mecanismo de
desenvolvimento limpo.

• Protocolo de emenda: altera determinados pontos do


tratado principal. Ex.: Protocolo de emenda ao Acordo
TRIPS da OMC, sobre acesso a medicamentos em casos
de doenças graves.

• Acordo: muitas vezes utiliza-se a expressão de forma


genérica (acordo entre Estados). O mais comum é para
tratados de cunho econômico, financeiro, comercial e
cultural. Ex.: os acordos constitutivos da Organização
Mundial do Comércio, etc.

• Concordata: tratados de cunho religioso, entre Estados ou


mesmo entre Estados e a Santa Sé.

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• Compromisso: tratados pelo qual os sujeitos de direito


internacional aceitam submeter-se a uma arbitragem.

• Convênio: tratado em matéria cultural ou de transporte.

• Contrato: tratado entre Estados, pelo qual um Estado se


submete à lei de outro em determinado assunto.

• Troca de notas: Em geral, são tratados de natureza


administrativa, que cuidam de procedimentos burocráticos
entre dois Estados.

• Gentlemen’s agreements” ou “memorandum of


understandig” (MOU): acordos de cavalheiros
regulamentados por normas morais, com finalidade de fixar
“programas de ação política”. Não tem caráter oficial.

3. Classificação dos tratados

As classificações mais usuais de ordem formal são:

• em função do número de partes: bilaterais (dois Estados)


ou multilaterais (mais de dois Estados);

• à qualidade das partes: entre Estados ou entre Estados e


Organizações Internacionais;

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• quanto ao procedimento, os tratados podem se classificar


em: solenes (ou em devida forma) e acordos de forma
simplificada.

Tratados solenes (ou em devida forma) apresentam o seguinte


rito: negociação; assinatura ou adoção; aprovação legislativa estatal; e
ratificação ou adesão.

Acordos em forma simplificada, acordos executivos ou


executive agreements são os tratados concluídos pelo chefe do Poder
Executivo, de forma direta, sem aprovação parlamentar.

Quanto ao critério material, os tratados podem se classificar em:

• tratados-contrato: versam sobre matéria de interesse


específico dos Estados ou organizações internacionais
acordantes. (Ex.: cessão territorial);

• tratados-norma ou tratados-leis: definem normas


gerais que disciplinam direitos e deveres entre os
sujeitos de DI participantes;

• tratados-constituição: constitutivos de organismos


internacionais. Ex.: ONU, OIT, OEA, etc.

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Quanto à função: podem ser constitutivos de Organizações


Internacionais ou de organismos desprovidos de personalidade
jurídica. Ex.: Carta da ONU, e outros.

Quanto à possibilidade de adesão: abertos ou fechados,


conforme possuam ou não clausula de adesão;

Quanto à execução no espaço territorial ou apenas parte dele:


total ou parcial;

Quanto à execução no tempo: pode ser transitório, em que se


origina uma situação jurídica estática, objetiva e definitiva (ex.: cessão
de territórios), ou permanente, em que a relação é dinâmica, se
protrai no tempo, seja a termo ou com prazo indefinido (ex.: tratado de
cooperação).

Quanto à possibilidade de descumprimento: mutáveis, os


tratados multilaterais que não exigem necessariamente a participação
de todos os membros para sua execução; ou imutáveis, aqueles em
que o descumprimento por qualquer das partes é considerado violação,
com conseqüências para todas as partes indistintamente.

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4. Requisitos de validade

A validade dos tratados está condicionada a quatro requisitos


essenciais:

1. Capacidade das partes – todo Estado tem capacidade para


concluir tratados – art. 6º da Convenção de Viena (1969); A aptidão
das Organizações Internacionais está expressa no art. 6º da Convenção
de Viena sobre o Direito dos Tratados entre Estados e Organizações
Internacionais (1986).

2. Habilitação dos agentes signatários – consiste na concessão


de plenos poderes aos representantes dos entes internacionais
(plenipotenciários) para negociar e concluir tratados. A Convenção de
Viena, 1986, art. 2º, alínea c, assim define plenos poderes:

“Plenos poderes significa um documento expedido pela


autoridade competente de um Estado ou pelo órgão
competente de uma organização internacional e pelo qual
são designadas uma ou várias pessoas para representar o
Estado ou a organização internacional (...) em obrigar-se
por um tratado ou para praticar qualquer outro ato
relativo a um tratado”.

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Podem negociar ou concluir tratados: os chefes de Estados,


chefes de governo, ministros das Relações Exteriores, chefes de
missões permanentes, etc.; os secretários-gerais e secretários-
gerais adjuntos, como representantes das organizações
internacionais, etc.

Os chefes de Estado e os chefes de governo dispõem de


representatividade originaria, estão dispensados da apresentação do
instrumento de plenos poderes; os demais, representantes dos Estados
ou organizações internacionais possuem representatividade derivada,
i.e., prescindem da apresentação da carta de plenos poderes.

As delegações nacionais são utilizadas para representar Estados


durante a negociação. O chefe da delegação é o plenipotenciário,
enquanto os delegados, assessores e suplentes são assistentes.

Os secretários-gerais e secretários-gerais adjuntos, os


representantes das organizações internacionais, estão dispensados da
apresentação do instrumento.

3. Consentimento mútuo: é a aquiescência dos sujeitos de DI


aos termos acordados e se expressa por meio da assinatura dos
signatários.

A ratificação é o ato unilateral com que o sujeito internacional


signatário de um tratado, exprime definitivamente, sua vontade de
obrigar-se.
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A manifestação volitiva dos entes participantes de um tratado


deve estar isenta de qualquer espécie de vicio do consentimento. A
Convenção de Viena (1968/1986) prevê a possibilidade de ocorrência
dos seguintes vícios: erro, dolo, corrupção e coação do
representante de um Estado e coação de um Estado pela ameaça
ou emprego de força.

O erro ocorre quanto o sujeito de DI consente com um tratado,


supondo que determinada situação ou fato existia no momento em que
o tratado foi concluído, e este era a base principal de seu
consentimento. O erro pode também ser de terceiro, que tinha o poder
para tomar determinada decisão. O erro deve ser de fato e não de
direito.2

O dolo é o vicio do consentimento gerado pela conduta


fraudulenta, que cria uma situação fictícia para conduzir o Estado
ou Organização Internacional a manifestar sua vontade em
desacordo com a realidade. Ao contrário do erro, há no dolo a
intenção do negociador em simular uma situação. Pode ocorrer por
ação ou omissão, porque, se o representante do Estado conhece a
situação falsa, mas a omite, trata-se de dolo e não de erro.3

A coação ocorre quando o representante é obrigado


comprometer o Estado ou Organização Internacional, seja por pressão

2
VARELLA, Marcelo D. Direito Internacional Público. São Paulo: Saraiva, 2009, p. 86
3
VARELLA, Ibidem, p. 87
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psicológica, seja pelo uso da violência ou grave ameaça. A coerção e a


coação são causas de nulidade do tratado.

A corrupção ocorre quando a manifestação da vontade do


representante do Estado ou da Organização Internacional foi motivada
por vantagem pessoal direta ou indireta, oferecida pela outra parte ou
por particular.

Tanto no erro, no dolo, como na coação, somente a parte


prejudicada pode manifestar-se com o objetivo de solicitar a nulidade
do tratado.4

4. Objeto lícito e possível

O objeto capaz de validar um tratado deve ser licito, possível,


moral e estar em consonância com as normas imperativas de Direito
Internacional geral (jus cogens).

5. Efeitos

O início da vigência dos tratados na ordem internacional e na


ordem interna de cada Estado impõe a sua execução e a consequente
produção de efeitos sobre os pactuantes. Em regra, os tratados
produzem efeitos entre as partes, porém, há situações em que incidem
efeitos sobre terceiros e criam direitos ou obrigações.

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• Efeito difuso: decorre de situações jurídicas objetivas que


atingem todos os demais Estados. Ex. questões territoriais, a
modificação da linha limítrofe de separação entre Estados.

• Efeito aparente – Cláusula de nação mais favorecida: caso


em que determinado terceiro sofre conseqüências diretas de
um tratado – por força do disposto em tratado em anterior,
que vincule a uma das partes.

• Previsão convencional de direitos para terceiros – art. 36


da Convenção de Viena (1969). O consentimento presume-se
até manifestação em contrário, a menos que o tratado
disponha diversamente.

• Previsão convencional de obrigações para terceiros – art.


35 da Convenção de Viena (1969). “Uma obrigação nasce
para um terceiro Estado de uma disposição de um tratado se
as partes no tratado tiverem a intenção de criar a obrigação
dessa disposição e o terceiro Estado aceitar expressamente,
por escrito, essa obrigação.”5

4
VARELLA, Ibidem, p. 88
5
BREGALDA, Gustavo. Direito Internacional Público e Direito Internacional Privado. São Paulo: Atlas, 2007,
p. 26.
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6. Ratificação. Adesão

A ratificação, bem como a aprovação, a aceitação, é ato


internacional pelo qual um Estado estabelece no plano internacional a
sua anuência e sujeição aos termos do tratado.

A ratificação ocorre quando o pais signatário participou do


processo de elaboração do tratado, diferentemente da adesão,
ocorrente quando o país signatário não tenha participado do processo
de feitura do tratado, aderindo a ele posteriormente.

7. Promulgação

Certifica a existência válida e executoriedade no âmbito de


competência do Estado ou organização internacional participante.

8. Registro e publicação

Leva ao conhecimento da população a existência e a


executoriedade do tratado, já atestadas por meio da promulgação.
Segundo o art. 81 da Convenção de Viena (1969) e o art. 102 da Carta
das Nações Unidas, os tratados, após o inicio de sua vigência, devem
ser remetidos à Secretaria das Nações Unidas para registro ou
classificação, inscrição e publicação.
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9. Aplicabilidade e interpretação dos tratados

Quanto a aplicação e interpretação dos tratados, as regras a


serem seguidas são:

• Pacta sunt servanda – todo tratado em vigor obriga as partes


e deve ser cumprido de boa-fé;

• A regra geral é a de que o mais recente prevalece sobre o


anterior quando as partes contratantes são as mesmas nos
dois tratados;

• Quando os dois tratados não tem como contratantes os


mesmos Estados:

a) entre um Estado-parte em ambos os tratados e um


Estado-parte somente no tratado mais recente se aplica o
mais recente;

b) entre um Estado-parte em ambos os tratados e um


Estado-parte somente no tratado anterior se aplica o
anterior.

• Entre os Estados-parte nos dois tratados só se aplica o


anterior no que ele não for incompatível com o novo tratado.

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10. Vigência

O tratado passa a ter vigência a partir da data da ratificação. A


partir da vigência, o cumprimento dos tratados ocorre de forma
natural, gerando apenas efeito entre as partes.

11. Incorporação dos tratados ao ordenamento jurídico


brasileiro

Os tratados têm tratamento de Lei Ordinária Federal (art. 102,


III, b, e art. 105, III, a, CF) - teoria paritária para a incorporação,
podendo ser derrogados por lei posterior.

12. Extinção dos tratados

• pela execução total do objeto;

• por ab-rogação: quando as partes pretendem a extinção do


tratado;

• por denúncia: ato pelo qual o Estado manifesta sua vontade


de deixar de ser parte do tratado;

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• por renúncia: quando o tratado beneficia exclusivamente uma


parte;

• por mudanças circunstanciais: por impossibilidade de


execução ou quando houver mudança das circunstancias que
levaram ao firmamento do tratado;

• por motivo de guerra entre os pactuantes;

• por prescrição liberatória: por falta de execução do tratado


por certo lapso temporal;

• pela inexecução de uma das partes contratantes: é a rescisão


do acordo internacional quando uma das partes violar ou não
cumprir com sua obrigação.

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