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Manual de Análise da Viabilidade Econômica de Projetos de Investimento (MAVEPI): Abordagem Determinística – Prof. Dr. José Donizetti de Lima. Página 2
PREFÁCIO
O $V€ é o aplicativo mais empregado na avaliação de ativos (projetos) industriais e agropecuários,
os quais estão relatados nas pesquisas publicadas em: Lima et al. (2016), Ferro et al. (2016), Artuzo et
al. (2016), Torrico et al. (2016), Daros et al. (2017), Lizot et al. (2017), Gularte et al. (2017), Lima et al.
(2017a), Lima et al. (2017b), Sieminkoski et al. (2017), Bernardi et al. (2017), Sieminkoski et al. (2017),
Shius et al. (2018) e Lima et al. (2018), por exemplo. Além disso, podem ser encontrados vários
trabalhos de conclusão de curso de graduação (Facco e Vieira, 2012; Martinazzo, 2014; Silveira, 2014;
Villa, 2016; Maidana, 2017 e Machado, 2017), pós-graduação latu-sensu (Daros, 2016; Artuzo, 2016;
Fracalossi Junior, 2016 e Kichel, 2016), dissertações de mestrado (Gularte, 2016; Goffi, 2016 e
Dvojatzki, 2017) e tese de doutorado (Rodrigues, 2018).
Nesses estudos, foram aplicados a Metodologia Multi-índice Ampliada (MMIA) de forma
determinística, de acordo com a proposta por Lima et al. (2015) e/ou a MMIA sob a abordagem
estocástica via Análise de Cenários – AC (Artuzo et al., 2017) ou Simulação de Monte Carlo – SMC
(Lima et al, 2017b). Contudo, a versão mais recente do $V€ permite também a aplicação da Teoria
das Opções Reais (TOR) na AI em ativos reais com o uso do modelo de Black & Scholes (1973) e do
modelo binomial de Cox, Ross & Rubinstein (1979).
Dessa forma, espera-se que essa publicação auxilie para que o $V€ se consolide como um recurso
referencial na AI em ativos (projetos) independe do porte e do ramo de atuação da empresa
proponente do empreendimento. A reprodução para fins didáticos é permitida observando-se a
citação completa do documento. Vale ressaltar que os textos entre aspas não são de minha autoria e,
por isso, são apresentados nesse formato.
A tela inicial solicita o que o usuário deseja fazer, ou seja, a escolha do módulo adequado às
especificidades (ou características/peculiaridades) do Projeto de Investimento (PI) em estudo. Após
selecionar o módulo, a próxima tela exige a inserção dos dados do projeto. Terminado esse processo,
basta clicar em executar. O $V€ apresentará um relatório com o desempenho econômico
esperado para o PI em análise. O manual do aplicativo também está disponível na tela do aplicativo.
AVISO IMPORTANTE: Todas as bases de dados (publicações) do e-book estão no seguinte endereço
eletrônico: http://pb.utfpr.edu.br/savepi/recusosdidaticos/.
É permitida a reprodução total ou parcial deste manual, desde que citada a fonte!
Boa leitura e excelentes práticas!
O autor.
Manual de Análise da Viabilidade Econômica de Projetos de Investimento (MAVEPI): Abordagem Determinística – Prof. Dr. José Donizetti de Lima. Página 3
ANÁLISE DA VIABILIDADE ECONÔMICA DE PROJETOS DE INVESTIMENTO (AVEPI) POR MEIO DA
METODOLOGIA MULTI-ÍNDICE (MMI) PROPOSTA POR SOUZA E CLEMENTE (2009) E AMPLIADA POR
LIMA ET AL. (2015), DENOMINADA MMIA – FERRAMENTA DE ANÁLISE, UTILIZANDO O APLICATIVO
COMPUTACIONAL WEB $V€(Lima et al., 2017b)
Lima et al. (2015) e Lima et al. (2017) ampliaram os Indicadores de Viabilidade Econômica de Projetos
de Investimento (IVEPIs) da Metodologia Multi-índice (MMI) proposta por Souza e Clemente (2009).
Segundo Lima et al. (2015), a expansão da MMI, denominada MMIA, refere-se a incorporação de
índices para melhorar a percepção dos riscos por meio da Análise de Sensibilidade (AS) sobre a Taxa
Mínima de Atratividade (TMA), os custos e as receitas. Contudo, atualmente, à essa expansão
denomina-se Limites de Elasticidade (LEs) e Valores-Limite (VLs), mantendo-se o objetivo de
melhorar a percepção dos riscos.
Atualmente essa metodologia está implementada em um aplicativo Web desenvolvido em linguagem
PHP, denominado $V€ – Sistema de Análise da Viabilidade Econômica de Projetos de
Investimento, visando principalmente: (i) contribuir com o aprendizado sobre a análise econômica de
projetos de investimento em ativos reais e, capacitando recursos humanos por meio de ambiente
virtual de aprendizagem (autoestudo); (ii) transferir conhecimento científico e tecnológico para a
sociedade; e (iii) facilitar o processo de avaliação da viabilidade econômica de um PI em ativos reais.
Segundo Lima et al. (2015) para avaliar de forma adequada/consistente a viabilidade econômica de
um PI é preciso examinar em profundidade as dimensões riscos e retorno associadas ao desempenho
esperado do PI. Além disso, é de fundamental importância promover uma Análise de Sensibilidade
(AS) nos principais fatores intervenientes no desempenho econômico do PI em estudo (TMA, custos e
receitas, por exemplo). O objetivo da AS é aprofundar a percepção dos riscos que está sujeito o PI.
Além do exposto, segundo esses autores é preciso construir o diagrama do Fluxo de Caixa (FC), o
gráfico bidimensional: Valor Presente Líquido (VPLs) versus TMAs, elaborar um relatório ponderando
os riscos e retornos associados ao PI e emitir um parecer conclusivo.
Lima et al. (2015) contribuíram para esse tema ao organizar, amparado pela literatura, os principais
indicadores de retorno e riscos associados ao PI e propor índices para a AS, os quais determinam a
variação máxima para a TMA, para os custos estimados e para as receitas esperadas para o IP em
análise, antes da ocorrência da inviabilidade econômica. Se o PI for inviável economicamente, esses
índices mostram o que precisa ocorrer para o PI tornar-se viável, sob a ótica econômica.
A Figura a seguir ilustra a tela inicial, apresentado os módulos do $V€.
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O CONCEITO E ORIGEM DA ENGENHARIA ECONÔMICA (EE)
Ampliado a partir do texto de Lúcia Regina Assumpção Montanhini (2008) - UFPR
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Ao longo de 130 anos a Engenharia Econômica (EE) foi sendo aprimorada e aplicada em inúmeras
outras áreas além da engenharia. Contudo, esta terminologia foi conservada pelo fato de que grande
parte dos problemas de alocação de recursos depende de informações técnicas e em geral de
decisões que são tomadas por engenheiros ou por administradores que agem com base nas
recomendações dos engenheiros.
“Na área de Engenharia Econômica, destacam-se os trabalhos de Eugene L. Grant, Halbert P. Gillete e
John C. L. Fish que propuseram métodos e técnicas para custeio, avaliação de investimentos,
aplicações de Matemática Financeira e Economia dos equipamentos. Isso ocorreu principalmente nos
Estados Unidos na primeira metade do século XX. Outra importante vertente que completa as raízes
da Engenharia de Produção é a Pesquisa Operacional que se consolidou durante a Segunda Guerra
Mundial, na Grã-Bretanha e nos Estados Unidos. Inicialmente o desenvolvimento de técnicas e
métodos da Pesquisa Operacional foi para fins militares, como a alocação eficiente de recursos
escassos para várias operações militares. Contudo, após o término da Segunda Guerra Mundial, esses
métodos e técnicas passaram a ser aplicados com êxito no mundo dos negócios”. Fonte: Martins,
MeIlo e Turrioni (2014).
Curiosidade: “A denominação Engenharia de Produção é específica no Brasil. Existem diferentes
denominações ao redor do mundo. Em muitos países, a Engenharia de Produção é conhecida como
Engenharia Industrial (do inglês, Industrial Engineering) ou Engenharia Industrial e de Sistemas (do
inglês, Industrial & Systems Engineering). Esta última denominação é mais contemporânea nos
Estados Unidos. A denominação Engenharia Industrial é utilizada em poucos cursos de graduação no
Brasil”. Fonte: Martins, MeIlo e Turrioni (2014).
http://pb.utfpr.edu.br/savepi/cadastrar.php
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INTRODUÇÃO – ESTADO DA ARTE
Adaptado/ampliado a partir de Nogas et al. (2011)
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Teoria das Opções Reais (TOR)
Segundo Nogas et al. (2011), a Teoria de Opções Reais (TOR) contesta a MC por não incluir no FC
projetado algumas opções que são inerentes a alguns tipos de investimentos, tais como: adiar,
abandonar, expandir e/ou reformular. Nos extremos, estão a opção de abandonar quando os
cenários pessimistas persistem e de expandir quando os cenários otimistas se apresentam.
A hipótese básica é que o grupo gestor de Projetos de Investimento (PIs) tem opções e que ao
exercê-las o VPL do projeto melhor expressa a agregação de valor gerada pelo investimento. Na TOR
esse VPL é denominado VPL com flexibilidade (VPLCOM FLEXIBILIDADE). A diferença entre este VPLCOM
FLEXIBILIDADE e o VPL do MC é denominada valor da opção gerencial (NOGAS et al., 2011).
Copeland e Antikarov (2001) assim sintetizam a abordagem de análise de investimentos via opções
reais: (i) calcular o VPLSEM FLEXIBILIDADE; (ii) utilizar a Simulação de Monte Carlo (SMC) para captar as
incertezas de demanda, de preço, de custo e respectivas taxas de crescimento; (iii) calcular a
volatilidade do projeto que é dado pelo desvio-padrão da evolução do Valor Presente; (iv) usar a
volatilidade para estimar os fatores ascendentes (up) e descendentes (down) para construir a árvore
de eventos; (v) inserir as flexibilidades gerenciais; e (vi) calcular o VPL COM FLEXIBILIDADE e determinar o
valor da opção.
Embora a Teoria de Opções Reais (TOR) insira mais realismo ao Fluxo de Caixa (FC) do projeto e ao
processo de gestão de Projetos de investimento (PIs) ainda persiste o fato da taxa de desconto ser
composta pela taxa livre de risco e mais um prêmio pelo risco. O critério de análise é praticamente o
mesmo do MC, isto é, VPL > 0.
“Talvez uma barreira para a utilização da Teoria das Opções Reais (TOR) seja a falta de um método
padronizado para aplicar-se a toda e qualquer análise de investimento (Santos e Pamplona, 2002)”.
Segundo Santos e Pamplona (2002), “a Teoria das Opções Reais (TOR) está em estágio de
desenvolvimento e consolidação”.
Dentre os vários autores da Teoria das Opções Reais (TOR) destacam-se as obras de Dixty e Pindyck
(1994), Lopes (2001), Copeland e Antikarov (2001), Minardi (2004) e Brasil et al. (2007).
Metodologia Multi-índice (MMI) de Análise de Investimentos
A MMI consiste em, a partir do Fluxo de Caixa Descontado (FCD) e da análise do contexto, gerar dois
conjuntos de indicadores. O primeiro conjunto composto pelos indicadores: Valor Presente Líquido
(VPL), Valor Presente Líquido Anualizado (VPLA), Índice Benefício/Custo (IBC) e Retorno Adicional do
Investimento (ROIA), objetiva melhorar a percepção do retorno. O segundo conjunto composto por
indicadores medidos em uma escala entre zero (ausência de risco) e um (risco máximo) objetiva
melhorar a percepção do risco do projeto. Esse conjunto é composto pelo Índice TMA/TIR, Índice
Payback/N, Grau de Comprometimento da Receita (GCR), Risco de Gestão e Risco do Negócio (Kreuz
et al., 2004; Souza e Clemente, 2009; Nogas et al., 2011; Rasoto et al., 2012; Lima et al., 2013; Lima et
al., 2015).
Na MMI é sugerido que a TMA seja representada pelo retorno da aplicação do capital de
investimento em títulos de baixo risco e compatíveis com o perfil do investidor. Assim, nessa
metodologia o risco não é incorporado como um spread sobre a taxa de desconto e, portanto, deve
ser analisado de forma separada por meio de outros indicadores derivados da Análise SWOT, PEST, 5
Forças de PORTER e também pela estrutura de custos que se instala com a decisão de investimento.
A hipótese subjacente na MMI é que o risco de projetos é multidimensional e somente empresas
com larga experiência em projetos podem expressar o risco por meio de um spread sobre a taxa de
desconto (TMA). Para empresas com pouca tradição e para projetos novos ou com características
muito diferentes dos tradicionais a avaliação do risco é muito mais complexa e de difícil redução a
um único valor: o spread.
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Assim, na MMI o critério de decisão VPL > 0 apenas indica que o projeto deve continuar sendo
analisado. Além disso, é necessário ainda avaliar se o retorno percebido representado pelo Retorno
Adicional decorrente do Investimento (ROIA) é suficiente para compensar a percepção de risco. Essa
metodologia força o decisor a um confronto entre as percepções de retorno e de riscos (Souza e
Clemente, 2009).
Comparação entre as metodologias: MC, TOR e MMI
Quanto ao retorno de um Projeto de Investimento (PI) as 3 (três) metodologias apresentam
indicadores diferentes. Na Metodologia Clássica (MC) o retorno é medido pela TIR (Equação 1), na
Teoria das Opções Reais (TOR) é medido pela Taxa de Retorno (Equação 2) e na Metodologia Multi-
índice (MMI) é medido pelo ROIA (Equação 3).
N FC j
(1 TIR )
j 0
j
0 (1)
VP FC1
TR ln 1 (2)
VP0
VP do Fluxo de Benefícios
ROIA N 1 (3)
VP do Fluxo de Investimentos
O que distingue uma metodologia da outra, portanto, são os critérios de aceitação relativos ao
projeto em análise.
Na MC, é suficiente que o VPL seja superior a zero (VPL > 0), ou então que a TIR seja maior do que
a TMA (TIR > TMA) para que o projeto seja considerado bom para investir, como mostra a Equação
1. Observa-se que sempre que VPL > 0 então TIR > TMA.
Na TOR, a aprovação de um PI ocorre quando o VPL expandido é superior a zero, como se observa
na Equação 2.
Na MMI, entretanto, o fato de se ter um VPL ou VPLA, superior a zero, ou ainda o IBC superior à
unidade (IBC > 1), indicam apenas que a análise do Projeto de Investimento (PI) deve continuar.
Posteriormente, o ROIA deve ser confrontado com os indicadores de percepção de risco para se
fazer a melhor avaliação (Souza e Clemente, 2009), além das análises das relações entre a TMA e a
TIR e entre Payback e N.
A MMI, portanto, considera um conjunto de indicadores para se chegar a uma avaliação mais
apurada/adequada/consistente de um PI.
Taxa Mínima de Atratividade ou Custo do Capital (ou de Oportunidade) ou Taxa de Desconto (TMA)
Na MMI a TMA é a melhor taxa, com baixo grau de risco, disponível para aplicação do capital em
análise. Essa taxa é representada pela remuneração dos títulos de baixo risco (CDBs, RDBs e fundos
mútuos, por exemplo) e deve ser compatível com o perfil do investidor. Dessa forma, a rentabilidade
obtida (ROIA) considerará como ganho apenas o excedente sobre aquilo que já se tem, isto é, o que
será obtido além da aplicação do capital à TMA (Nogas et al., 2011).
Indicadores de Viabilidade da MMI
O tratamento teórico dos indicadores utilizados, bem como as fórmulas de cálculo, estão disponíveis
em vários textos, como em Souza e Clemente (2009), Casarotto Filho e Kopittke (2010) e Rasoto et al.
(2012), por exemplo, e, por essa razão, serão apresentados de forma direta, isto é, apenas as
fórmulas matemáticas. Nos exemplos ilustrativos são discutidas a interpretação e a limitação de cada
um.
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N FC j
VP (1)
j 1 (1 TMA) j
N FC j
VPL | FC0 | (2)
j 1 (1 TMA)
j
| FC0 | VPL
IBC (4)
| FC0 |
N FC j
Payback min{ j} tal que | FC0 | e FC k 0, para j 1 k N (8)
j 1 (1 TMA)
j
A classificação dos indicadores de viabilidade econômica, em risco ou retorno, seguiu a metodologia
proposta por Souza e Clemente (2009). Estes autores argumentam que a rentabilidade do projeto é
melhor representada pelo indicador ROIA (Retorno adicional decorrente do Investimento realizado)
que tem a vantagem de eliminar o efeito cruzado da TMA. Além disso, argumentam que, para fluxos
de caixa construídos como o valor médio ou mais provável para os custos e receitas, a avaliação do
risco seja analisada após a geração dos indicadores de retorno.
Dado que tanto a TMA como a TIR dependem de fatores sistêmicos e conjunturais, é plausível que se
interpretem as mesmas como variáveis aleatórias. Dessa forma, Souza e Clemente (2009)
argumentam que o risco econômico de um PI (probabilidade de se ganhar mais aplicando na TMA do
que no PI) pode ser medido pela probabilidade da TIR ser menor do que a TMA, quando as
distribuições de probabilidade das mesmas forem conhecidas. Contudo, mesmo não se conhecendo
as distribuições de probabilidades, pode-se interpretar a proximidade da TIR em relação a TMA como
uma medida de risco. Por essa razão a TIR, ao contrário da metodologia tradicional de análise de
projetos, é classificada como indicador de risco (Souza e Clemente, 2009).
Na metodologia de Souza e Clemente (2009) o Payback também é interpretado como um indicador
de risco. Ao relacionar o Payback com a vida útil do projeto (N) melhora-se a percepção do risco
(escala de 0 a 1) quanto à recuperação do capital investido.
Sugere-se, também, que se utilize a opinião de especialistas (Método Delphi) para inferir dois outros
tipos de risco: Risco de Gestão e Risco de Negócio. O Risco de Gestão está associado ao grau de
sucesso em empreendimentos similares, a competência técnica em produção e comercialização
(incluindo-se aí a motivação para a inovação) e a saúde financeira do grupo em análise. O Risco de
Negócio está associado a fatores não controláveis que afetam os negócios tais como o surgimento de
barreiras alfandegárias, aspectos sanitários, grau de concorrência, barreiras de entrada, tendências
da economia e do setor de atividade (Souza e Clemente, 2009).
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A Figura a seguir apresenta um Framework, adaptado de Souza e Clemente (2009), para a Análise da
Viabilidade Econômica de Projetos de Investimento (AVEPI) utilizando a Metodologia Multi-índice
Ampliada (MMIA).
Figura – Breve comparativo entre a Metodologia Clássica (MC) e a Metodologia Multi-índice (MMI) de análise de investimentos em ativos reais
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A Figura a seguir ilustra o modelo matemático dos índices propostos por Lima et al. (2015) para
promover uma Análise de Sensibilidade (AS).
ÍNDICES INTERPRETAÇÃO (SE VIÁVEL)
Aumento máximo admitido à TMA utilizada antes de inviabilizar o
TIR
%TMAmáx 1 projeto de investimento (PI) em estudo. Os demais parâmetros
TMA (Custos e Receitas, por exemplo) são mantidos constantes.
Aumento máximo nos Custos estimados antes de inviabilizar o PI em
%Cmáx IBC 1 estudo. Os demais parâmetros (TMA e Receitas, por exemplo) são
mantidos constantes.
Redução máxima nas Receitas esperadas antes de inviabilizar o PI
1
%R máx 1 em estudo. Os demais parâmetros (TMA e Custos, por exemplo) são
IBC mantidos constantes.
Aumento máximo nos Custos estimados e redução máxima nas
λ
Δ%(Cmáx R máx ) α Receitas esperadas, de forma concomitantemente, antes de
λ inviabilizar o PI em estudo. Os demais parâmetros são mantidos
constantes.
Aumento máximo na TMA utilizada e nos Custos estimados, de
Δ%(TMA máx Cmáx ) forma concomitantemente, antes de inviabilizar o PI em estudo. Os
demais parâmetros são mantidos constantes.
“O indicador proposto apresenta as seguintes vantagens: (i) incorpora uma avaliação individual de
risco dos projetos; (ii) não trabalha com suposições de distribuições de probabilidades; (iii) pode ser
obtido com os dados disponíveis do Fluxo de Caixa (FC); e (iv) a avaliação é feita em mais de uma
dimensão. Como desvantagem há a escolha arbitrária do aumento percentual praticado.”
Afinal, o que é Duration e para que serve? Nelson Yoshimoto (2005) – Finder Treinamento
“É o prazo médio de um Fluxo de Caixa (FC), considerando-se o custo de oportunidade do dinheiro
no tempo”.
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Duration como medida de risco em projetos de investimentos. JORGE HARRY HARZER. Pontifícia
Universidade Católica do Paraná. XVI SEMEAD - Seminários em Administração. outubro de 2013. ISSN
2177-3866. harzer@catolicasc.org.br.
Segundo esse autor: “Duration é o prazo médio ponderado de recuperação de um fluxo de
recebimentos futuros de caixa descontado a valor presente, no qual cada período de realização dos
fluxos futuros é ponderado pelo seu respectivo valor presente em relação ao total dos
recebimentos.” Sua fórmula de cálculo é apresentada na equação a seguir:
Na qual:
CFt = fluxo de caixa a ser recebido a cada t unidades de tempo à partir de t = 1;
n = tempo de maturidade do projeto;
r = taxa de desconto.
Rodrigues e Rozenfeld (2015) no texto intitulado “Sistematização dos Métodos de Avaliação
Econômica para o Planejamento e Desenvolvimento de Projetos” fruto da dissertação de mestrado
em Engenharia de Produção (USP) desenvolvida pela primeira autora sob a orientação do segundo
autor classifica os métodos de avaliação de investimentos em três categorias: (i) Métodos principais
(MP): métodos para a avaliação de investimentos; (ii) Métodos de apoio (MA): métodos que apoiam
a aplicação dos MPs e; (iii) Métodos complementares (MC): métodos que pode ser aplicados
conjuntamente com os de avaliação de investimento para definir um portfólio de projetos. Observe a
Figura a seguir
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Figura – Classificação dos métodos de avaliação de investimentos
Segundo Rodrigues e Rozenfeld (2015), “de forma clássica, os métodos de avaliação de investimentos
se subdividem em três categorias principais, os métodos tradicionais, os métodos probabilísticos e os
modelos de precificação de opções. Os métodos tradicionais baseiam-se em fluxos de caixa
descontados, a partir do qual são estimados resultados econômicos, traduzidos na forma de
indicadores financeiros, como o Valor Presente Líquido (VPL), a Taxa Interna de Retorno (TIR), o
Payback e o Retorno Sobre Investimento (ROI – Return On Investment)”.
Ainda, segundo esses autores, “os métodos probabilísticos compreendem os métodos de árvores de
decisão, o valor comercial esperado e a análise de cenários. O valor comercial esperado é um tipo
de aplicação da árvore de decisão. Os modelos de precificações de opções compreendem as opções
reais e as opções financeiras. As opções financeiras utilizam do modelo Black-Scholes. As opções
reais utilizam o método binomial, para construir uma árvore de eventos do valor do projeto, e
também usam uma abordagem estratégica, conhecida como “options thinking” e “options pricing”.
As opções reais podem ser aplicadas tanto para apoiar a flexibilidade gerencial na tomada de
decisões em projetos, como para apoiar as decisões referentes a design de engenharia”.
Na classificação proposta por esses autores, “os métodos tradicionais e as opções reais são
considerados os principais para o processo de desenvolvimento de produtos (PDP), uma vez que os
métodos probabilísticos apoiam a utilização de alguns dos métodos tradicionais. A Simulação de
Monte Carlo (SMC) e a análise de sensibilidade também apoiam os principais, como, por exemplo, a
utilização do VPL. Os métodos complementares, tradicionalmente utilizados para a priorização e
seleção de projetos podem ser utilizados para complementar a avaliação econômica no contexto do
desenvolvimento de produtos”.
Segundos esses autores, “essa classificação foi feita por meio do levantamento dos métodos e do
estabelecimento de uma relação entre eles”. Dessa forma, foi criada uma matriz de relacionamento
dos métodos de avaliação de investimentos apropriados para o PDP. Para mais detalhes sobre o
tema, consulte a dissertação que trata da Sistematização e análise da avaliação econômica de
projetos de desenvolvimento de produtos e serviços.
Métodos de avaliação econômica de investimentos
O quadro a seguir apresenta uma revisão de alguns estudos que investigaram o uso dos principais
indicadores de viabilidade econômica de projetos de investimento.
Fonte: KLIEMANN NETO, Francisco José. Engenharia Econômica e Análise Multicriterial. Notas de aulas. Departamento
de Engenharia de Produção e Transportes. Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção e Transporte.
Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS. 2011.
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PRÁTICAS DE ORÇAMENTO DE CAPITAL (Paula de Souza, 2014)
https://repositorio.ufsc.br/bitstream/handle/123456789/128739/331227.pdf?sequence=1
Como mostrado no Quadro anterior, diversos estudos objetivaram verificar a utilização de práticas
orçamentárias em organizações. Para embasar o conceito teórico, Souza (2014), disserta-se sobre as
práticas em análise de investimentos, definição da taxa de desconto e análise de risco, conforme
ilustra a Figura a seguir.
Segundo Souza (2014): “Os gestores das empresas brasileiras afirmaram utilizar preponderantemente
o Período de Payback, seguido do Valor Presente Líquido (VPL) e da Taxa Interna de Retorno (TIR).
Com menor frequência, empregam as Opções Reais e a Taxa Interna de Retorno Modificada (TIRM).”
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REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Nesta seção é feita uma síntese da literatura relacionada ao tema “Avaliação de Investimentos”. O
objetivo dessa seção é apresentar e descrever o mapa conceitual da sistematização dos principais
métodos de avaliação de investimentos.
Avaliação de investimentos
“O estudo de avaliação de investimentos se refere basicamente às decisões de aplicações de capital
em projetos que prometem retornos por vários períodos consecutivos (Assaf Neto, 1992). A avaliação
econômica (Rebelatto, 2004; Ulrich e Eppinger, 2011) de “Projetos de investimento representam
desembolsos com vistas a um fluxo de benefícios futuros, durante um determinado horizonte de
planejamento, reforçando a importância da avaliação econômica (Melnick, 1981; Buarque, 1991;
Assaf Neto, 1992; Rebelatto, 2004; Securato, 2009)”. Segundo Rodrigues (2014): “o termo avaliação
econômica é comumente utilizado para se referir à avaliação de projetos de investimento”. Outros
autores utilizam o termo análise econômica, principalmente na área agrária.
Segundo Rodrigues e Rozenfeld (2013), existem muitos métodos de avaliação de investimentos que
podem ser aplicados para auxiliar na tomada de decisão. Observe a Figura a seguir. Esses autores
complementam: “sabe-se que cada método de avaliação de investimentos demanda informações e
conhecimentos, que podem não estar disponíveis no momento que se deseja tomar a decisão ou
podem ser imprecisos”.
Nesse sentido, o $AVE permite ao usuário escolher qual abordagem adotar e quais métodos e
indicadores/índices incorporar na avaliação de seu projeto de investimento.
Figura – Mapa conceitual da sistematização dos métodos e das ferramentas
Fonte: RODRIGUES, K. F. C.; ROZENFELD, H. Seleção e aplicação de métodos de avaliação de investimento na gestão de
o
portfólio de projetos de desenvolvimento de produtos e serviços. In: 9 Congresso Brasileiro de Gestão de
Desenvolvimento (CBGDP). 2013. Natal. Anais do 9º CBGDP, 2013.
Cada empresa tem maturidade diferente para selecionar e aplicar o método que seja adequado ao
seu contexto (Rodrigues e Rozenfeld, 2013). Por isso, no $AVE o usuário escolhe quais abordagens
e métodos quer incorporar em suas análises.
“Na literatura não há relatos de um modelo para guiar a empresa na seleção e aplicação de
métodos de avaliação de investimentos” (Rodrigues e Rozenfeld, 2013). Assim, espera-se que a
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MMAI implementada no $AVE possa contribuir com a literatura por apresentar uma sistematização
dos principais métodos de avaliação de investimentos e a proposta de pesquisa futura de agrupar os
métodos de avaliação de investimentos de forma que permita a empresa escolher o mais adequado
para o projeto que deseja avaliar conforme o conhecimento que tenha disponível (FERRAMENTA
FLEXÍVEL).
“No entanto, a seleção de um método de avaliação de investimentos é ainda é um tema a ser
explorado, pois não foram encontrados trabalhos que tratam deste tema. Espera-se, também, que as
empresas possam empregar os resultados do trabalho para a sua orientação na escolha dos
métodos”. (Rodrigues e Rozenfeld, 2013).
Conceito de Juros: (i) pagamento pela oportunidade de dispor de um capital em determinado
período do tempo; (ii) custo do capital ou custo do dinheiro (Kliemann Neto, 2011).
Questão principal: Quais alternativas de investimento devem ser escolhidas dentre as várias opções
existentes em uma empresa?
Na avaliação de alternativas de investimento, deverão ser levados em conta: (i) critérios econômicos:
rentabilidade dos investimentos; (ii) critérios financeiros: disponibilidade de recursos; e (iii) critérios
imponderáveis: segurança, status, beleza, localização, facilidade de manutenção, meio ambiente,
qualidade, entre outros (Casarotto Filho e Kopittke, 2010; Kliemann Neto, 2011; Rasoto et al., 2012).
Segundo Kliemann Neto (2011):
Fatores de Produção Fatores de Remuneração
Trabalho Salário
Terra Aluguel
Capital Juros
INCERTEZA E ANÁLISE DE SENSIBILIDADE
Adaptado/formatado/ampliado/implementado a partir de Souza e Clemente (2009)
Outra simplificação da análise até aqui desenvolvida refere-se à forma como os valores são
apropriados. Todos os valores entraram na análise como se fossem certos e exatos, ou seja, como se
tivesse absoluta segurança a respeito de seus verdadeiros valores. É claro, entretanto, que muito
raramente esse é o caso. Quase sempre as informações sobre os custos dos equipamentos em uso são
incompletas e raramente pode-se contar com informações completas e confiáveis sobre alternativas
de aquisição de novos equipamentos e de reformas ou recondicionamentos nos equipamentos já
disponíveis.
Isso torna necessário que a análise seja realizada, admitindo-se variações para mais ou para menos
nos valores considerados, o que se denomina Análise de Sensibilidade. Dessa forma, para cada
alternativa, pode-se combinar as variações que lhe seriam favoráveis, obtendo uma hipótese otimista,
e as variações desfavoráveis, resultando em uma hipótese pessimista. Esse procedimento já auxilia
muito, porque permite avaliar se uma decisão seria mantida em qualquer hipótese, ou se tornar-se-ia
em um cenário favorável. De qualquer forma, observa-se que quase todas as empresas apresentam
grandes deficiências relativas ao acompanhamento e ao controle dos custos dos equipamentos,
máquinas e instalações. À medida que a cultura atual do feeling for substituída por informações
efetivas, decisões mais bem embasadas tornar-se-ão possíveis.
Manual de Análise da Viabilidade Econômica de Projetos de Investimento (MAVEPI): Abordagem Determinística – Prof. Dr. José Donizetti de Lima. Página 19
DIFICULDADES NA ANÁLISE DE INVESTIMENTOS
Adaptado/formatado/ampliado/implementado a partir de Souza e Clemente (2009)
Fonte: Foto do quadro pintado por Salvador Dali intitulado “A Persistência da Memória”
Parafraseando: O tempo passa depressa. Passam depressa, o tempo e o dinheiro. O valor do dinheiro
ao longo de uma escala de tempo. Na verdade, esse é o fundamento principal da Análise Econômica
de Projetos de Investimento. O tempo é um protagonista. Confuso? Continue a leitura...
Manual de Análise da Viabilidade Econômica de Projetos de Investimento (MAVEPI): Abordagem Determinística – Prof. Dr. José Donizetti de Lima. Página 21
Manual de Análise da Viabilidade Econômica de Projetos de Investimento (MAVEPI): Abordagem Determinística – Prof. Dr. José Donizetti de Lima. Página 22
EXEMPLO ILUSTRATIVO 01
Para ilustrar a utilização da Metodologia Multi-índice Ampliada (MMIA) via Sistema de Análise da
Viabilidade Econômica de Projetos de Investimento ($V€), utilizaremos um Projeto de
Investimento (PI) da empresa i9 always & Cia. Ltda. Essa empresa está estudando a implantação de
um PI que requer um Investimento Inicial (FC0) da ordem de R$ 100.000,00 (custos de aquisição,
transporte, instalação e aporte inicial de capital de giro, por exemplo). O horizonte de planejamento
ou de análise ou vida útil (N) é de 10 anos. A expectativa é que a implantação desse PI gere um
superávit de R$ 30.000,00 por ano, resultante do Fluxo de Caixa (FC), o qual é a diferença entre as
Receitas esperadas (Rj) e os Custos totais estimados (Cj), para os próximos 10 anos. O Valor Residual
ou de Revenda (VR) está estimado em 10% do valor de aquisição (FC0). A Taxa Mínima de
Atratividade (TMA) da organização está estimada em torno de 14,25% ao ano (valor atual da
remuneração dos títulos públicos: taxa SELIC). Nesse contexto, pede-se para analisar a viabilidade
econômica desse empreendimento por intermédio da MMIA via $V€.
Valor do investimento inicial: R$ 100.000,00.
Vida útil do projeto: 10 anos.
Valor residual do PI: R$ 10.000,00.
Fluxo de caixa anual: R$ 30.000,00.
Figura – Diagrama do Fluxo de Caixa para o PI em estudo
Taxa Mínima de Atratividade: 14,25% ao
ano.
Resolução via aplicativo web $V€ (2017): Resultados e Discussão
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Figura – Input, Fluxo de Caixa e Demonstrativo de Cálculo do Payback Descontado
VP VP ≥ |FC0| R$ 157.607,60
Payback Payback ≤ N 5
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Δ% TMA Quanto > a tolerância Melhor 93,85
Figura – Indicadores da Metodologia Multi-índice Ampliada – MMIA (Lima et al., 2015; Lima, 2018)
Payback/N - 50,00 -
RISCOS
TMA/TIR - 51,59 -
Δ% TMA - 93,85 -
Δ% FCj - 36,55 -
Escala proposta < 0% 0% a 20% 20% a 40% 40% a 60% 60% a 80% 80% a 100% > 100%
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Fonte: Elaborada pelos autores no Sistema de Análise de Viabilidade Econômica de Projetos de Investimento – $V€ (2017).
Figura – Limites de Elasticidade (Lima, 2018)
Relatório:
Análise da dimensão Retorno: O Projeto de Investimento (PI) em estudo necessita de um
investimento inicial de R$ 100.000,00. Espera-se que esse investimento retorne (ou gere ou adicione
ou produza ou acumule) R$ 157.607,60 (VP). Isso implica em um retorno líquido total (VPL) de cerca
de R$ 57.607,60 em 10 anos, equivalente a R$ 11.152,12 por ano (VPLA). Vale ressaltar que esse
ganho sempre é o adicional ao oportunizado pelo mercado (TMA). Para esse PI, a cada unidade
monetária investida, há a expectativa de retorno de 1,5761. Isso é equivalente a um ganho de 4,65%
ao ano além da TMA (14,25%). O retorno fica melhor expresso pelo índice ROIA/TMA (Souza e
Clemente, 2009), cujo valor obtido é de 32,66%. Isso permite classificar (ou categorizar ou enquadrar)
o investimento como retorno de grau (ou nível) baixo-médio (20% a 40%), segundo a escala proposta
por Lima (2017).
Análise da dimensão Riscos: No tocante a dimensão riscos, o PI em estudo apresenta retorno do
investimento em aproximadamente 5 anos. O índice Payback/N é de 50%, ou seja, o PI tem que ser
promissor em pelo menos 50% da vida estimada para se pagar. Por outro lado, o índice TMA/TIR
resultou em 51,59%, representando a razão entre o percentual oferecido pelo mercado e o
rendimento esperado PI. Isso permite categorizar o investimento como risco de nível (ou grau) médio
(40% a 60%), segundo a escala proposta por Lima (2017). Observa-se que os riscos se encontram um
nível (ou grau) acima do retorno, algo indesejável em se tratando de um PI.
Análise de Elasticidades: Para o PI em estudo, a TMA admite uma variação máxima de 93,85% antes
de torná-lo economicamente inviável, sendo o valor-limite igual a 27,62% (TIR). Por outro lado, o
investimento inicial suporta um acréscimo de até 57,61%, sendo o valor-limite igual a R$ 157.607,60
(VP). Já o Fluxo de Caixa (FC) permite uma redução máxima 36,55%, sendo o valor-limite igual a R$
19.035,00. A exceção é para o último período em que o valor-limite é de R$ 25.380,00, devido a
presença do Valor Residual (VR). Esses valores melhoram a percepção dos riscos associados à
implantação do PI em estudo. Além disso, esses valores podem ser utilizados nas etapas/fases de
monitoramento e controle do projeto, se o PI for aprovado e implantado.
Emissão do parecer conclusivo: Com base nos dados fornecidos pelo usuário, nos resultados
apresentados (Quadros de indicadores e gráficos) e na análise da expectativa do retorno, das
estimativas de riscos envolvidos, dos limites de elasticidade (e valores-limite) das principais variáveis
intervenientes no desempenho econômico do PI, do confronto entre retorno e riscos e do espectro
de validade da decisão, recomenda-se a implementação do PI em estudo. Além disso, sinaliza-se uma
especial atenção no processo de monitoramento e controle do projeto para a variável “Fluxo de
Caixa” que se apresenta como a mais sensível para a manutenção da viabilidade econômica do PI em
estudo.
Nota: IBC1 = (|FC0| + VPL) / |FC0| Considera apenas o custo da implantação; IBC2 = VP(B) / VP(C)
Considera todos os desembolsos (implantação, operação e manutenção); IL = Índice de Liquidez.
TRANSMISSÃO X CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO
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Exemplo ilustrativo 02
O desempenho econômico-financeiro esperado para um Projeto de Investimento (PI) em fase de
estudo preliminar está representado no diagrama do Fluxo de Caixa (FC) a seguir. Nesse contexto,
utilize a Metodologia Multi-índice proposta por Souza e Clemente (2009) e ampliada por Lima et al.
(2015), denominada MMIA, via aplicativo web $V€ para analisar a viabilidade econômica desse PI.
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Dimensão Indicador Resultado Esperado (se viável) Valor esperado
VP VP ≥ |FC0| 68.163,39
Emissão do parecer conclusivo: De acordo com os dados fornecidos pelo usuário e com base
nos resultados apresentados e discutidos anteriormente não se recomenda a implantação do PI em
estudo.·.
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EXEMPLO ILUSTRATIVO 03
(Questão adaptada de Souza e Clemente, 2009, p.105) A gerência de uma empresa do setor
agropecuário está considerando a possibilidade de instalar uma nova máquina. A proposta de
investimento envolve desembolso inicial de aproximadamente R$ 100.000,00, objetivando uma
redução de custo da ordem de R$ 2.000,00 por mês, durante os próximos 84 meses. Estima-se um
valor residual da ordem de R$ 2.500,00. Comente sobre a atratividade do projeto, se a Taxa Mínima
de Atratividade (TMA) da empresa está estimada em 0,80% ao mês. Represente graficamente o
comportamento do VPL em função da taxa. Nesse contexto, utilize a Metodologia Multi-índice
proposta por Souza e Clemente (2009) e ampliada por Lima et al. (2015), denominada MMIA, via
aplicativo web $V€ para analisar a viabilidade econômica desse PI.
Resolução via aplicativo web $V€
O Diagrama do Fluxo de Caixa (DFC) correspondente a esse Projeto de Investimento (PI) é ilustrado
pela Figura a seguir.
Os dados do PI fornecidos ao aplicativo Web $V€estão na Figura a seguir. Essa Figura também
destaca parcialmente o FC projetado, com detalhamento do processo de descapitalização e do
cálculo do Payback.
...
Figura 1 – Input do $V€, Fluxo de Caixa Parcial e Diagrama do Fluxo de Caixa do PI em estudo
Manual de Análise da Viabilidade Econômica de Projetos de Investimento (MAVEPI): Abordagem Determinística – Prof. Dr. José Donizetti de Lima. Página 30
A seguir é apresentado o Diagrama do Fluxo de Caixa (DFC) fornecido pelo $V€para o PI em
estudo.
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A Figura 3 apresenta o confronto entre o retorno esperado e os riscos associados ao
empreendimento em avaliação.
CATEGORIA ÍNDICE OBS.: BAIXO BAIXO-MÉDIO MÉDIO MÉDIO-ALTO ALTO OBS.:
Payback/N - 77,38 -
RISCOS
TMA/TIR - 58,11 -
Δ% TMA - 72,09 -
Δ% FC0 - 23,27 -
Δ% CTj - - - - - - -
Δ% RTj - - - - - - -
Escala proposta < 0% 0% a 20% 20% a 40% 40% a 60% 60% a 80% 80% a 100% > 100%
Fonte: Elaborado por Lima (2017) a partir de Souza e Clemente (2009) e Lima et al. (2015).
Na Figura 4 (gráfico da relação VPLs x TMAs) é exposto o espectro de validade da decisão, isto é,
variações no VPL em função de alterações na taxa de desconto (TMA) evidenciando a distância entre
a TMA e a TIR como percepção do risco do empreendimento por eventuais mudanças no cenário
econômico (Souza e Clemente, 2009; Casarotto Filho e Kopittke, 2010; Rasoto et al., 2012; Lima et al.,
2013; Lima et al., 2015). Destaca-se também a TMA e a TIR, sendo essa última, por definição, o local
que intercepta/corta/toca o eixo horizontal (eixo das abscissas). Assim, a distânca entre a TMA e a
TIR pode ser utilizada como uma medida de risco. Comentários adicionais sobre esse gráfico podem
ser encontrados em Souza e Clemente (2009).
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EXEMPLO ILUSTRATIVO 04
O desempenho econômico-financeiro esperado para um Projeto de Investimento (PI) em fase de
estudo preliminar está representado no diagrama do Fluxo de Caixa (FC) a seguir. Nesse contexto,
utilize a Metodologia Multi-índice proposta por Souza e Clemente (2009) e ampliada por Lima et al.
(2015), denominada MMIA, via aplicativo web $V€ para analisar a viabilidade econômica desse PI.
Figura 1 – Input do $V€, Fluxo de Caixa Parcial e Diagrama do Fluxo de Caixa do PI em estudo
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Dimensão Indicador Resultado Esperado (se viável) Valor esperado
VP VP ≥ |FC0| 93.481,90
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Figura 4 – Espectro de Validade da Decisão (Souza e Clemente, 2009)
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EXEMPLO ILUSTRATIVO 05
Uma empresa do setor de agronegócio está estudando a implementação de um Projeto de
Investimento (PI) que requer um Investimento Inicial (FC0) na ordem de R$ 100.000,00 (custos de
aquisição, transporte, instalação e aporte inicial de capital de giro, por exemplo). O horizonte de
planejamento ou de análise (N) é de 10 anos. A expectativa é que a implementação desse projeto de
investimento gere um superávit de R$ 20.000,00 por ano, resultante do Fluxo de Caixa (FC) que é a
diferença entre as Receitas esperadas (Rj) e os Custos totais estimados (Cj), para os próximos 10 anos.
O Valor de Revenda (VR) está estimado em 10% do valor de aquisição. A Taxa Mínima de Atratividade
(TMA) da organização está estimada em torno de 11% ao ano (valor atual da remuneração dos títulos
públicos: taxa SELIC). Nesse contexto, pede-se para analisar a viabilidade econômica desse
empreendimento por intermédio da Metodologia Multi-índice Ampliada (MMIA) via $V€.
Resolução:
DADOS DO PROJETO (input)
TMA 11,00% Taxa Mínima de Atratividade ou Taxa de juros (desconto) por período.
N 10 Horizonte de planejamento ou horizonte de análise ou tempo/horizonte de vida.
FC0 -R$ 100.000,00 Investimento inicial: aquisição, transporte, instalações e aporte inicial de capital de giro.
FCj R$ 20.000,00 Fluxo de caixa esperado para cada período = Receitas esperadas - Custos estimados.
Vr R$ 10.000,00 Valor residual ou valor de revenda.
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DIMENSÃO INDICADOR RESULTADO ESPERADO (se viável) VALOR OBTIDO ANÁLISE PRELIMINAR
Var. TMA () Quanto > a tolerância Melhor 42,92% Continue analisando o projeto
Var. Custos () Quanto > a tolerância Melhor 21,31% Continue analisando o projeto
Elasticidade
Var. Receitas () Quanto > a tolerância Melhor 17,56% Continue analisando o projeto
Limites
de
Var. C e R () Quanto > a tolerância Melhor 9,63% Continue analisando o projeto
Var. TMA e C () Quanto > a tolerância Melhor 14,24% Continue analisando o projeto
Var. TMA e R () Quanto > a tolerância Melhor 12,46% Continue analisando o projeto
Var. C e R e TMA () Quanto > a tolerância Melhor 7,86% Continue analisando o projeto
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ÍNDICE VALOR INTERPRETAÇÃO (SE VIÁVEL)
TIR 42,92% Aumento máximo admitido à TMA utilizada antes de inviabilizar o
%TMAmáx 1 projeto de investimento (PI) em estudo. Os demais parâmetros (Custos
TMA
e Receitas, por exemplo) são mantidos constantes.
21,31% Aumento máximo nos Custos estimados antes de inviabilizar o PI em
%Cmáx IBC 1 estudo. Os demais parâmetros (TMA e Receitas, por exemplo) são
mantidos constantes.
1 17,56% Redução máxima nas Receitas esperadas antes de inviabilizar o PI em
%Rmáx 1 estudo. Os demais parâmetros (TMA e Custos, por exemplo) são
IBC
mantidos constantes.
%(CmáxRmáx) = 9,63% Aumento máximo nos Custos estimados e redução máxima nas Receitas
esperadas, de forma concomitantemente, antes de inviabilizar o PI em
estudo. Os demais parâmetros são mantidos constantes.
%(TMAmáxCmáx) = 14,24% Aumento máximo na TMA utilizada e nos Custos estimados, de forma
concomitantemente, antes de inviabilizar o PI em estudo. Os demais
parâmetros são mantidos constantes.
%(TMAmáxRmáx) = 12,46% Aumento máximo na TMA utilizada e redução máxima nas Receitas
esperadas, de forma concomitantemente, antes de inviabilizar o PI em
estudo. Os demais parâmetros são mantidos constantes.
%(TMAmáxCmáxRmáx) = 7,86% Aumento máximo na TMA utilizada, nos Custos estimados e redução
máxima nas Receitas esperadas, de forma concomitantemente, antes de
inviabilizar o PI em estudo. Os demais parâmetros são mantidos
constantes.
Manual de Análise da Viabilidade Econômica de Projetos de Investimento (MAVEPI): Abordagem Determinística – Prof. Dr. José Donizetti de Lima. Página 39
TMA Payback
0% 5,00
1% 5,15
2% 5,32
3% 5,50
4% 5,69
5% 5,90
6% 6,12
7% 6,37
8% 6,64
9% 6,94
10% 7,27
11% 7,65
12% 8,09
13% 8,59
14% 9,19
15% 9,92
16% 10,84
17% 12,08
18% 13,91
19% 17,22
20% 180,71
Atividade proposta (hora de praticar): Refaça esse exemplo no aplicativo web $V€
Atividade proposta (hora de praticar): Faça as Atividades Práticas Supervisionadas (APS)
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EXEMPLO ILUSTRATIVO 06
O desempenho econômico-financeiro esperado para um Projeto de Investimento (PI) em fase de
estudo preliminar está representado no diagrama do Fluxo de Caixa (FC) a seguir. Nesse contexto,
utilize a Metodologia Multi-índice proposta por Souza e Clemente (2009) e ampliada por Lima et al.
(2015), denominada MMIA, via aplicativo web $V€ para analisar a viabilidade econômica desse PI.
Manual de Análise da Viabilidade Econômica de Projetos de Investimento (MAVEPI): Abordagem Determinística – Prof. Dr. José Donizetti de Lima. Página 41
Figura – Diagrama do Fluxo de Caixa
VP VP ≥ |FC0| 113.004,46
Payback Payback ≤ N 9
Riscos TIR (%) TIR ≥ TMA 15,10
(Souza e Clemente, 2009)
Índice Payback/N (%) Índice Payback/N ≤ 100% 90,00
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Δ% TMA e RTj Quanto > a tolerância Melhor 5,91
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Figura – Espectro de validade da decisão (Souza e Clemente, 2009)
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EXEMPLO ILUSTRATIVO 07
Adaptado e ampliado a partir de Rasoto et al. (2012)
Para ilustrar a utilização dos vários indicadores de Análise da Viabilidade Econômica de Projetos
Investimentos (AVEPI), apresentados anteriormente, usaremos o seguinte Projeto de Investimento
(PI) que designaremos por Projeto i9. Valor do investimento inicial (FC0): R$ 100.000,00. Vida útil (N):
10 anos. Valor residual (VR): zero. Entradas anuais de caixa (Rj): R$ 30.000,00. Saídas anuais de caixa
(Cj): R$ 10.000,00. O Fluxo de Caixa (FC) correspondente a esse Projeto de Investimento (PI) é o
seguinte:
O Diagrama do Fluxo de Caixa correspondente a esse projeto é ilustrado pela Figura a seguir. Os
cálculos necessários para a aplicação da Metodologia Multi-índice Ampliada (MMIA) no Fluxo de
Caixa projetado foram realizados no MS-Excel:
Manual de Análise da Viabilidade Econômica de Projetos de Investimento (MAVEPI): Abordagem Determinística – Prof. Dr. José Donizetti de Lima. Página 45
Quadro – Síntese dos indicadores de viabilidade econômica: retorno, risco e análise de sensibilidade
Para o cálculo do IBC, separou-se os custos e as receitas de cada período contido no horizonte de
planejamento do projeto de inovação. Essa estratégia acarretou alterações tanto no ROIA quanto no
ROI. Para os demais indicadores, utilizou-se o valor líquido de cada período, pois regularmente
ocorreram entradas e saídas de recursos.
De acordo com os valores obtidos na data de análise, é necessário investir R$ 156.502,23. Esse
desembolso gera benefícios na ordem R$ 169.506,69. O VPL indica a riqueza proporcionada pelo
projeto, a qual corresponde ao valor de R$ 13.004,46, isto é, equivalente a R$ 2.301,58 por ano.
A cada unidade monetária investida no projeto estima-se o retorno de 1,08 unidade. Isso implica um
ROIA de 0,8% além da TMA (12%), isto é, 6,68% acima do ganho do mercado.
Projetos como esse, cujo payback se aproxima do fim de sua vida econômica, em geral, apresentam
alto grau de risco (90%). Da mesma forma, a proximidade entre a TMA e TIR é um indicativo de
elevado grau de risco do empreendimento (79,48%).
Por outro lado, no Gráfico a seguir é exposto o espectro de validade da decisão (variações no VPL em
função da variação na taxa de desconto: TMAs), evidenciando a distância entre TMA e TIR como
percepção do risco do empreendimento por eventuais mudanças no cenário econômico.
Manual de Análise da Viabilidade Econômica de Projetos de Investimento (MAVEPI): Abordagem Determinística – Prof. Dr. José Donizetti de Lima. Página 46
Figuras – Diagramas e Fluxos de caixas do projeto em análise
Manual de Análise da Viabilidade Econômica de Projetos de Investimento (MAVEPI): Abordagem Determinística – Prof. Dr. José Donizetti de Lima. Página 47
Uma Análise de Sensibilidade para Projetos Viáveis:
Índice %TMAmáx: aumento máximo admitida à TMA antes de tornar o projeto de investimento
inviável do ponto de vista econômica.
Índice %Cmáx: aumento máximo admitido nos custos totais antes de tornar o projeto de
investimento inviável do ponto de vista econômica.
Índice %Rmáx: redução máxima admitida nas receitas totais antes de tornar o projeto de
investimento inviável do ponto de vista econômica.
Manual de Análise da Viabilidade Econômica de Projetos de Investimento (MAVEPI): Abordagem Determinística – Prof. Dr. José Donizetti de Lima. Página 48
Índice %(Cmáx Rmáx): variação máxima admitida de forma simultânea nos custos totais
(aumento) e nas receitas totais brutas (redução) antes de tornar o projeto de investimento inviável
do ponto de vista econômica.
Técnica de Análise de Sensibilidade (TAS) na avaliação econômica do projeto em estudo
Objetivo da AS: considerar a incerteza associada a evolução temporal da linha de base do projeto.
1) O aumento máximo admitido à TMA, antes de tornar o projeto de investimento inviável do ponto
de vista econômica, é de 25,83%.
2) O aumento máximo admitido nos custos, antes de tornar o projeto de investimento inviável do
ponto de vista econômica, é de 8,31%.
3) A redução máxima admitida nas receitas, antes de tornar o projeto de investimento inviável do
ponto de vista econômica, é de 7,68%.
4) A variação máxima admitida nos custos e receitas, antes de tornar o projeto de investimento
inviável do ponto de vista econômica, é de 3,99%.
5) A avaliação dos resultados da análise de sensibilidade permitiu identificar que o projeto é mais
sensível para a variável receita.
Da análise dos resultados da análise de sensibilidade depreende-se que o projeto é mais sensível para
a redução nas Receitas, apesar da diferença ser pequena.
Em síntese, o PI em análise apresenta baixo retorno e alto risco. Portanto, do ponto de vista
econômico, não é recomendável investir no projeto. Contudo, nessa análise não foram contemplados
(ou considerados ou incorporados) os fatores não quantificáveis monetariamente, o que poderia
mudar a recomendação
Da análise dos resultados da análise de sensibilidade depreende-se que o projeto é mais sensível para
a redução nas Receitas, apesar da diferença ser pequena... Veja o próximo slide.
Recomendações:
Como visto, neste capítulo a metodologia apresentada para a AEP emprega dois grupos de
indicadores. Composto pelo VP, VPL, VPLA, IBC (ou IL), ROIA, ROIA/TMA e ROI (ou TIRM), o primeiro
grupo é usado para avaliar a percepção de retorno. Já o segundo, formado pelos indicadores TIR,
payback, TMA/TIR, TMA/ROI, payback/N, objetiva avaliar o risco do projeto. Por fim, foi proposto
uma análise de sensibilidade para verificar o espectro de validade da decisão.
A classificação dos indicadores de viabilidade econômica (retorno ou risco) seguiu de perto a
metodologia proposta por Souza e Clemente (2009), Lima (2010) e Rasoto et al. (2012), os quais
afirmam que o ROIA melhor representa a rentabilidade do projeto, além de ter como vantagem
eliminar o efeito cruzado da TMA.
Cabe ainda considerar que a análise de sensibilidade deve ser feita após a geração dos indicadores de
retorno no caso de fluxos de caixa elaborados com o valor médio ou o mais provável para os custos e
receitas.
Os eventos qualitativos, não quantificáveis monetariamente, também devem ser especificados
para que os gestores detenham subsídios complementares para a tomada de decisões.
Em certos casos, a alternativa econômica apontada pelos dados quantitativos pode não ser a
melhor solução (TAHA, 1996).
Além disso, pressupõe-se um acompanhamento sistemático (mês a mês ou ano a ano, por exemplo)
para verificar se o projeto implementado alcançará o retorno esperado.
Manual de Análise da Viabilidade Econômica de Projetos de Investimento (MAVEPI): Abordagem Determinística – Prof. Dr. José Donizetti de Lima. Página 49
Devido a questão de espaço e escopo, neste capítulo, não foram discutidos, os seguintes temas da
Análise Econômica de Projetos (AEP): efeitos do imposto de renda, efeitos da fonte de financiamento,
depreciação, múltiplas alternativas de investimentos, risco e incerteza, análise de substituição de
equipamentos e estratégia empresarial. Estes temas podem ser encontrados em Souza e Clemente
(2009), Motta et al. (2009) e Casarotto Filho e Kopittke (2010).
Referências comentadas:
Souza e Clemente (2009): Este livro aborda técnicas de análise de investimentos, efeitos do imposto
de renda, efeitos da fonte de financiamento, múltiplas alternativas de investimentos, risco e
incerteza e análise de substituição de equipamentos.
MOTTA et al. (2009): O livro “Engenharia Econômica e Finanças” fruto da parceria entre a Associação
Brasileira de Engenharia de Produção (ABEPRO) e a editora Campus-Elsevier tem um escopo mais
amplo do que o nosso curso/disciplina. Aborda desde o estudo de problemas ligados a análise de
investimentos até aspectos de micro e macroeconomia, de utilização de demonstrativos financeiros
para análises econômicas, de finanças e mesmo de empreendedorismo. Desta forma, é passível de
ser utilizado pelos gestores no estudo dos projetos tradicionais e/ou de inovação.
CASAROTTO FILHO E KOPITTKE (2010): Este livro aborda Matemática Financeira como ciência básica,
Engenharia Econômica como técnica, além de Tomada de Decisão e Estratégia Empresarial.
A Metodologia Multi-índice proposta por Souza e Clemente (2009), se diferencia das demais (MC e
TOR, por exemplo) por não usar o conceito de prêmio pelo risco e por defender a ideia de que risco é
multidimensional e, portanto, deve ser analisado por um conjunto de índices. Um dos indicadores
utilizado nessa metodologia é o da relação entre a Taxa de Mínima Atratividade (TMA) e a Taxa
Interna de Retorno (TIR). Esse índice é utilizado como proxy da probabilidade de se obter melhor
retorno no mercado de títulos conservadores do que no projeto em si. Nesse sentido, o objetivo do
trabalho de Nogas et al. (2011) é propor uma contribuição à Metodologia Multi-índice para o caso em
que tanto a TMA como a TIR sejam variáveis aleatórias independentes e normalmente distribuídas.
Para tanto, Nogas et al. (2011) retomam os conceitos e premissas relacionados ao Método Clássico
(MC), Teoria das Opções Reais (TOR) e a Metodologia Multi-índice (MM) para decisão de
investimentos em ativos reais. Além disso, abordam os pressupostos e hipóteses assumidas para se
proceder à simulação, assim como a conceituação das ferramentas de análise utilizadas – medidas
descritivas e regressão múltipla. Por fim, apresentam os resultados da simulação e da análise de
regressão.
SUGESTÃO DE ATIVIDADE COMPLEMENTAR (hora de praticar): Leitura crítica de artigos
LIMA, J.D. de; SCHEITT, L.C.; BOSCHI, T.F.; SILVA, N.J.; MEIRA, A.A.; DIAS, G.H. Uma proposta de ajuste no cálculo do
payback de projetos de investimentos financiados. Custos e @gronegócio Online, v. 9, p. 162-180, 2013.
LIMA, J.D. de; TRENTIN, M.G.; OLIVEIRA, G.A.; BATISTUS, D.R.; SETTI, D. A systematic approach for the analysis of the
economic viability of investment projects. Int. J. Engineering Management and Economics. v.5, n. 1/2. a.3. p. 19-34.
2015.
LUCHTEMBERG, I.C.; LIMA, J.D. de; TRENTIN, M.G.; OLIVEIRA, G.A. Viabilidade Técnica e Econômica da Verticalização na
Produção de Válvula Reguladora de Pressão para Panelas de Pressão em Indústria de Artefatos de Alumínio. In:
Maturidade e desafios da Engenharia de Produção: Competitividade das empresas, condições de trabalho, meio
ambiente. XXX Encontro Nacional de Engenharia de Produção – ENEGEP. São Carlos – SP, 2010.
LUCHTEMBERG et al. (2010): Este trabalho teve por objetivo analisar a viabilidade técnica e
econômica da verticalização na produção de válvula reguladora de pressão para panelas de pressão
de uso doméstico. A pesquisa teve como base a NBR 11.823 que regulamenta o setor de panelas de
pressão, literaturas de produção, custos e análise econômica para a decisão final quanto à
verticalização da produção ou continuar adquirindo este componente de empresas parceiras. Os
resultados apresentaram viabilidade e baixo risco, demonstrando ser atraente produzir internamente
as válvulas reguladoras de pressão da empresa estudada.
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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
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ESTUDO DE CASO 1 – VERTICALIZAÇÃO DA PRODUÇÃO
Adaptado, comentado, ampliado e revisado a partir do artigo de Luchtemberg et al. (2010) publicado no ENEGEP
LUCHTEMBERG, I.C.; LIMA, J.D. de; TRENTIN, M.G.; OLIVEIRA, G.A. Viabilidade Técnica e Econômica
da Verticalização na Produção de Válvula Reguladora de Pressão para Panelas de Pressão em
Indústria de Artefatos de Alumínio. In: Maturidade e desafios da Engenharia de Produção:
Competitividade das empresas, condições de trabalho, meio ambiente. XXX Encontro Nacional de
Engenharia de Produção – ENEGEP. São Carlos – SP, 2010.
Resumo: Este trabalho teve por objetivo analisar a viabilidade técnica e econômica da verticalização
da produção de válvula reguladora de pressão para panelas de pressão de uso doméstico. A pesquisa
teve como base a NBR 11823 que regulamenta o setor de panelas de pressão, literaturas de
produção, custos e análises financeiras para a decisão final quanto à verticalização da produção ou
continuar adquirindo este componente de empresas terceiras. Optou-se pela utilização do alumínio
no corpo da válvula devido ao conhecimento técnico na fundição e laminação deste minério pela
empresa onde foi desenvolvido o estudo, diferenciando-se dos demais fabricantes que utilizam a liga
Zamac, produto com grande alternância de valores devido a sua a baixa oferta no mercado. A ênfase
foi dada no retorno financeiro da atividade de forma que venha minimizar o custo de produção. Este
componente representa 5,5% do custo do produto. Para a análise da viabilidade econômica foram
utilizados os indicadores de rentabilidade (VPL, VPLA, IBC e ROIA) e dois indicadores de risco (TIR e
Payback). Os resultados apresentaram viabilidade e baixo risco, demonstrando ser atraente produzir
internamente as válvulas reguladoras de pressão da empresa estudada.
Palavras-chave: Viabilidade técnica-econômica, verticalização da produção, utensílios de alumínio,
panelas de pressão
1. Introdução
A panela de pressão foi desenvolvida pelo físico francês Denis Papin em 1861 construída em ferro. Na
sequência, há 100 anos os americanos desenvolveram a panela de pressão em alumínio. A panela de
pressão inventada por Denis faz com que a temperatura da água em seu interior ultrapasse os 100 °C,
atingindo temperaturas próximas a 120 °C. Logo, consegue-se uma redução no tempo de cozimento
dos alimentos e uma economia de aproximadamente 20% da fonte de energia (Estevão, 2008).
Estima-se, segundo dados do sindicato da indústria de metais não ferrosos do estado de São Paulo
(SIAMFESP), que há um consumo médio mensal de 1,2 milhões de unidades de panelas de pressão de
uso doméstico no mercado brasileiro. O IBGE estima que existam 47,7 milhões de residências no
Brasil. Por outro lado, segundo o SIAMFESP 96% dos lares brasileiros possuem panelas de pressão, o
que justifica o volume consumido mensalmente desse produto (IBGE, 1997).
As empresas modernas e preocupadas com as mudanças globais da economia necessitam
desenvolver novos produtos e melhoria contínua da produtividade para minimizar custos e
maximizar recursos para que estejam sempre entre os parâmetros de competitividade que o
mercado global exige.
No mercado de panelas de pressão uma das estratégias possíveis que se apresenta é a verticalização,
devido ao volume consumido e ao baixo custo final do produto. Em função da concorrência acirrada
entre os fabricantes de utensílios domésticos em alumínio faz-se necessário a verticalização para
tornar-se ainda mais competitivo no mercado.
O objetivo deste trabalho é verificar a viabilidade técnica e econômica da produção interna da válvula
reguladora de pressão para panela de pressão em contraponto a comprar este componente. Assim,
busca-se apurar a viabilidade técnica e econômica da produção interna deste componente, segundo
uma visão de verticalização da produção, tendo em vista que este item representa 5,5% do custo do
produto na empresa estudada. Este custo representa o terceiro mais representativo da estrutura de
custo do produto, dos quais os dois primeiros, o bojo e a tampa, já são produzidos pela empresa.
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2. Revisão de Literatura
A revisão de literatura permeará por três assuntos/áreas. Primeiro, como se trata de desenvolver um
produto será abordado o processo de desenvolvimento de produto (PDP). Na sequência a questão da
verticalização e por fim índices para análise de viabilidade econômica, necessários para alcançar o
objetivo final deste artigo.
2. 1 O Processo de Desenvolvimento de Produto (PDP)
Segundo Corrêa e Gianesi (1993), a perda do poder de competitividade de empresas brasileiras deve-
se em grande parte a obsolescência das práticas gerenciais e tecnológicas aplicadas aos seus sistemas
produtivos, tendo sua origem atribuída a cinco pontos básicos, a saber: (i) deficiência nas medidas de
desempenho; (ii) negligencia com considerações tecnológicas; (iii) especialização excessiva das
funções de produção sem a devida integração; e (iv) perda de foco dos negócios;
Para efetuar um planejamento estratégico de desenvolvimento de produto, a empresa deve
entender o limite de suas forças e habilidades no relacionamento com o meio ambiente, de maneira
a criar vantagens competitivas em relação à concorrência, aproveitando-se de todas as situações que
se apresentam cenários favoráveis. Desta forma, planejar estrategicamente consiste em gerar
condições para que as empresas possam decidir rapidamente perante oportunidades e ameaças,
otimizando suas vantagens competitivas em relação ao ambiente de concorrência onde atuam,
garantindo sua perpetuação no tempo (Tubino, 1997).
De acordo com Csillag (1985), alguns pontos importantes sobre a fase de obtenção de informação e
levantamento de dados são: informações técnicas, custos industriais e análise de mercado. As
informações precisam estar atualizadas para o bom planejamento e execução do projeto.
Rozenfeld et al. (2006) consideram que: “um dos fatores bem conhecidos sobre o processo de
desenvolvimento de produto é que o grau de incerteza no início deste processo é bem elevado,
diminuindo com o tempo, mas é justamente no início que se seleciona a maior quantidade de
soluções construtivas”.
Back (1983) registra que, os processos de decisão não asseguram o sucesso de um projeto. No
entanto, considerando que a maioria das decisões tomadas tendo como base informações limitadas
ou incertas reforçam o fracasso do projeto. Seguindo uma morfologia de projeto bem definida
minimizam-se os riscos.
Paiva (2009) inserem os conceitos de arquitetura de produtos. Existem dois tipos básicos de
arquitetura de produto: integral e modular. Em uma arquitetura modular, os elementos funcionais
associam-se diretamente aos elementos físicos, ao passo que em uma arquitetura integral, a
associação dos elementos funcionais é muito mais complexa e indireta entre os componentes físicos.
Além disso, a arquitetura modular pode ser classificada em slot, bus e seccional. As classificações slot,
bus e seccional, referem-se à maneira física como os módulos de um mesmo produto são
interfaceados física ou eletronicamente entre si. Não há arquitetura ideal de produto. Todavia, a
mesma deve estar em sintonia com os objetivos estratégicos da empresa.
Para Martins e Laugeni (2001) todo produto deve ter três características principais: (i) funcional: o
produto deve ser de fácil utilização, considerar os aspectos ergonômicos envolvidos, ter estética,
comandos auto-explicativos, ser compatível com as preocupações ambientais; (i) manufaturável: o
produto deve apoiar-se em tecnologias conhecidas e ter desenvolvimento por intermédio de equipes
de áreas multidisciplinares no produto, no sentido de simplificar a sua fabricação; e (iii) vendável:
deve agradar ao cliente e ser adequado às premissas de comercialização. Se esta última condição não
for atendida de nada adiantaram os esforços anteriores.
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2.2 Verticalização da Produção
A estratégia que prevê que a empresa produzirá internamente, ou pelo menos tentará produzir foi
predominante no início do século, quando as grandes empresas praticamente produziam tudo o que
usavam nos produtos finais (Silva, 2002). É definida como uma estratégia em que a empresa “faz
tudo”. Esta verticalização era decorrente da preocupação em manter o controle sobre as tecnologias
de processo, de produtos e negócios (segredos industriais). Porém, o elevado número de atividades
realizado internamente acarretou problemas gerenciais devido ao aumento do porte das empresas e
atividades não ligadas diretamente ao negócio principal, com consequências para a perda da
eficiência e o aumento do custo de produção.
A horizontalização passou a ser uma opção para a manutenção da competitividade das empresas
(Moro, 2007). Os conglomerados industriais WEG e Faber Castell, por exemplo, mantém em suas
políticas a verticalização total de suas atividades para poderem permanecer competitivas no mercado
mundial. Líderes absolutas no ramo de suas atividades, utilizam-se da estratégia de verticalização
como âncora para permanecerem com preços competitivos no mercado que atuam (Silva, 2002).
De acordo com Porter (1986), a integração vertical é a combinação de vários processos de produção,
distribuição, vendas ou outros processos tecnologicamente distintos dentro de uma mesma empresa.
Outra definição aponta para o fato de uma empresa agregar diversas fases de sua cadeia produtiva,
aumentando assim o número de produtos ou processos intermediários para uso próprio.
Segundo Vasconcellos (2002), a partir do momento em que uma empresa começa a desempenhar
fases ou atividades de seu processo que anteriormente eram feitas por seus fornecedores, diz-se que
essa empresa está se integrando para trás. Por outro lado, quando a empresa se desloca em direção
de seus clientes, tem-se então a integração para frente.
Para Porter (1986), a maioria das decisões entre “comprar ou fazer” ainda está calcada em questões
exclusivamente financeiras e não deveria, pois, a decisão de se integrar verticalmente é muito mais
ampla e deve ir além das simples análises de custos e investimentos necessários. A magnitude e a
relevância dos benefícios e custos da integração vertical devem considerar questões estratégicas,
que envolvem a questão econômica tanto em termos diretos quanto indiretos por meio da sua
importância na organização.
Segundo Garfinkel (2002), as empresas devem levar em conta a tecnologia na hora da tomada de
decisão de verticalizar, não podendo perdê-la de vista ao longo do percurso dessa decisão. Tomando
a decisão de se integrar, ela deverá criar mecanismos internos, isto é, departamentos capazes de
serem auto-suficientes, disponibilizando recursos para a criação e gerência do seu conhecimento
tecnológico para toda a empresa.
2.3 Principais Indicadores de Análise de Viabilidade
Para a análise da viabilidade econômica e financeira de um projeto pode se utilizar a metodologia
multi-índice proposta por Souza e Clemente (2009), que procura se embasar o processo decisório
quanto à aceitação ou rejeição de um projeto através da utilização de vários indicadores, onde os
principais são: de retorno (VP, VPL, VPLA, IBC e ROIA) e de risco (TIR, TMA/TIR, Payback e
Payback/N). De acordo com esses autores destacam-se:
TMA: Taxa Mínima de Atratividade é a melhor taxa com baixo risco, disponível para aplicação
do capital em análise. A decisão de investir sempre terá pelo menos duas alternativas para
serem avaliadas: investir no projeto ou na TMA;
VPL: Valor Presente Líquido é o resultado da concentração de todos os valores de um fluxo de
caixa, descontados para a data “zero” (presente) usando-se como taxa de desconto a TMA.
Representa em valores monetários de hoje, a diferença entre recebimentos e os pagamentos
de todo o projeto;
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VPLA: Valor Presente Líquido Anualizado tem o mesmo significado do VPL, porém
interpretado por período (ano, por exemplo). Em suma, é o excesso de caixa por período. É
um indicador muito utilizado para analisar projetos com horizontes de planejamento longos;
IBC: Índice Benefício Custo representa para todo o horizonte de planejamento (N), o ganho
por unidade capital investido no projeto após expurgado o efeito da TMA;
ROIA: Retorno Adicional Sobre Investimento representa a melhor estimativa de rentabilidade,
já expurgado o efeito da TMA, do projeto em análise. É análogo ao percentual do EVA (valor
econômico agregado – Economic Value Added);
TIR: Taxa Interna de Retorno é a taxa que anula o VPL de um fluxo de caixa. Representa um
limite para a variabilidade da TMA;
Payback ajustado ou corrigido é o período de tempo necessário à recuperação do(s)
investimento(s). Representa o tempo necessário para que os benefícios do projeto recuperem
o valor investido. Pode ser interpretado como uma medida de risco do projeto, e será
descapitalizado utilizando-se a TMA.
3. Metodologia
O presente trabalho de pesquisa baseia-se em um estudo de caso buscando investigar e explorar o
referido tema por intermédio de coleta de dados e informações que satisfaça os interesses e
objetivos do estudo. A metodologia proposta tem como base a coleta de informações através de
livros, artigos, pesquisa de campo e sites da internet relacionados ao tema da pesquisa.
No desenvolvimento de novos produtos, os departamentos de pesquisa e desenvolvimento (P&D),
engenharia e produção necessitam ter o foco na utilidade de tal produto. Entretanto, na situação
estudada, trata-se de uma reengenharia na produção de uma válvula reguladora para panelas de
pressão, o objetivo é simples: produzir este componente similar aos disponíveis no mercado com
custos inferiores aos praticados atualmente no mercado. A justificativa para tal procedimento
encontra respaldo no fato do consumo atual de aproximadamente 300.000 unidades mensais,
adquiridas atualmente no mercado.
Este trabalho foi desenvolvido seguindo com reengenharia da produção, pesquisa de materiais
alternativos, domínio da tecnologia de produção, desenvolvimento de máquinas e verificação da
viabilidade econômica por meio da metodologia multi-índice proposta por Souza e Clemente (2009).
As etapas técnicas do planejamento e desenvolvimento de produto (PDP) da empresa estão
sintetizadas na Figura 1. Para isso, utilizaram-se de informações coletadas em livros, internet, artigos
publicados, tabelas e dados coletados na empresa que trouxeram informações necessárias para a
configuração da estrutura apresentada.
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4. Resultados e Discussão
4.1 A Empresa
O estudo de caso foi desenvolvido em uma empresa localizada no Sudoeste do estado do
Paraná/Brasil. Essa empresa iniciou suas atividades produtivas em 1998. A filial, na qual foi
desenvolvido o estudo, iniciou suas atividades com panelas de pressão no ano de 2001, e atualmente
conta com um quadro de 200 funcionários e uma produção mensal de 300.000 unidades.
4.2 Resultados
Os dados foram obtidos através de pesquisa teórica, junto a fornecedores de matérias-primas, com
setores da administração da empresa e uma pesquisa de mercado envolvendo os aspectos de
produção e recursos utilizados para fabricar a válvula reguladora de pressão.
A decisão de produzir uma válvula reguladora de pressão depende de alguns fatores como, a
possibilidade de utilizar materiais alternativos, percentual de representação na estrutura do produto,
e aspecto de custos. O levantamento de informações antes da tomada de decisão é de extrema
importância.
Existem duas empresas que produzem a válvula reguladora de pressão no Brasil e utilizam como
matéria-prima o Zamac. As mesmas produzem este item artesanalmente. Devido ao volume
consumido deste item pela empresa estudada, despertou-se o interesse em produzir este item
internamente em alumínio, pois a mesma detém o conhecimento (know-how) na fundição deste
minério.
A válvula foi internamente desenvolvida com base no item 4.3 da NBR 11823 (2008). A seguir serão
apresentados os principais resultados encontrados na empresa em estudo.
Os resultados aqui descritos foram pesquisados em empresas do ramo, na própria organização com
levantamento das informações como o custo dos materiais, valores gastos nas pesquisas, valores
com o pessoal de desenvolvimento das máquinas e equipamentos, custo dos materiais de consumo,
custo com pessoal para operações, pesquisa da vida útil das máquinas e equipamentos, por exemplo.
4.2.1 Investimentos do projeto
Atualmente a organização em questão tem uma produção média mensal de 300.000 unidades e o
estudo foi desenvolvido para esta produção podendo chegar até o máximo de 400.000 unidades.
Acima desta quantidade o projeto deverá ser novamente revisto tendo em vista que deverá ser feito
novos investimentos e a viabilidade do projeto poderá sofrer alterações. A Tabela 1 apresenta os
valores referentes ao investimento inicial para início do projeto de verticalização da produção.
Item Descrição Valor
1 Pesquisas e Projetos R$ 25.000,00
2 Execução dos Projetos R$ 35.000,00
3 Injetora de Alumínio R$ 450.000,00
4 Ferramenta para injeção com 16 cavidades R$ 110.000,00
5 Prensa excêntrica 25 toneladas R$ 25.000,00
6 Ferramenta para estampagem da arruela R$ 18.000,00
7 Máquina para fazer rosca na arruela R$ 25.000,00
8 Máquina para montagem dos componentes R$ 45.000,00
Total R$ 733.000,00
Tabela 1 – Investimento inicial em pesquisas, projetos, máquinas, ferramentas e execução
Manual de Análise da Viabilidade Econômica de Projetos de Investimento (MAVEPI): Abordagem Determinística – Prof. Dr. José Donizetti de Lima. Página 58
4.2.2 Custos de produção
Nesta etapa serão apresentados os custos com matéria-prima e mão de obra para a montagem da
válvula reguladora de pressão. Os valores descritos têm como fonte o praticado atualmente pela
organização no seu processo e o qual será aplicado neste projeto para estudo da viabilidade da
verticalização da produção desta válvula reguladora de pressão. Os principais custos encontram-se
nas Tabelas 2 e 3.
Item Descrição Unidade Quantidade Valor Custo unitário
1 Corpo da válvula kg 0,029 R$ 5,50 R$ 0,16
2 Capa plástica un 1 R$ 0,06 R$ 0,06
3 Arruela un 0,003 R$ 5,50 R$ 0,02
Tabela 2 – Custo da matéria prima (MP)
Item Descrição Unidade Quantidade Valor Valor total Custo unitário
1 Injeção do corpo h 220 R$ 9,00 R$ 1.980,00 R$ 0,007
2 Serviço arruela h 220 R$ 4,23 R$ 931,00 R$ 0,003
3 Montagem h 220 R$ 4,23 R$ 931,00 R$ 0,003
Tabela 3 – Custo de Custo de mão de obra direta (MOD)
Somando os valores das Tabelas 2, 3 e 4 tem-se que o valor unitário total de R$ 0,268 para produzir
internamente a válvula reguladora.
4.2.3 Comparativo
O comparativo de valores entre comprar a válvula reguladora de pressão de terceiros ou produzir
internamente verticalizando a produção inicia por uma confrontação simples entre os dois valores. O
valor praticado atualmente no mercado pelos fornecedores deste produto é de R$ 0,469, contra a
estimativa de custo interna apresentada na seção anterior (R$ 0,268). A diferença entre os valores,
aproximadamente R$ 0,201 é base do estudo para a viabilidade da verticalização da produção pela
organização, delineado a seguir.
4.2.4 Viabilidade Econômica
Nesta etapa serão apresentados os resultados dos indicadores econômicos: de retorno (VP, VPL,
VPLA, IBC e ROIA) e de risco (TIR, TMA/TIR, Payback e Payback/N). Os cálculos foram realizados com
auxílio da planilha eletrônica MS-Excel. A Figura 2 representa o fluxo de caixa do projeto para um
período estimado 120 meses, que apresenta a diferença do valor unitário entre produzir, menos o
valor praticado no mercado, multiplicado pelo consumo médio (300.000 unidades), o que representa
R$ 60.300,00. Por outro lado, a Tabela 5 apresenta os indicadores econômicos (TMA = 0,80% ao
mês).
Manual de Análise da Viabilidade Econômica de Projetos de Investimento (MAVEPI): Abordagem Determinística – Prof. Dr. José Donizetti de Lima. Página 59
Figura 2 – Fluxo de caixa mensal de produzir internamente a válvula
Indicador Valor Decisão preliminar
VP R$ 4.674.993,33 Não analisável
VPL R$ 3.941.993,33 Projeto viável
VPLA R$ 51.224,49 Projeto viável
IBC 6,3779 Projeto viável
ROIA 1,56% Projeto viável
TIR 8,23% Projeto viável
Payback 13 Projeto viável
Índice TMA/TIR 9,73% Projeto viável
Índice Payback /N 10,83% Projeto viável
Tabela 5 – Indicadores de viabilidade econômica
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ATIVIDADE PRÁTICA SUPERVISIONADA (APS) – QUESTÕES DE REVISÃO CONCEITUAL
Atividade individual. Entrega on-line: xy/zt/201w
Introdução ao estudo de Viabilidade Econômica de Projetos de Investimento – Análise de 1 projeto
Atividade complementar: Faça uma análise crítica do artigo de Luchtemberg et al. (2010),
identificando oportunidades de melhoria e implementando-as, na medida do possível.
Etapas:
1ª) Ler o artigo.
2ª) Refazer os cálculos no $V€.
3ª) Identificar oportunidades de melhoria e descrevê-las.
4ª) Implementar, se possível, o que foi apontado na etapa anterior.
5ª) Apresentar sugestões para trabalhos futuros (pense em algo complementar).
Para tanto: Leia o artigo. Construa o Fluxo de Caixa. Elabore o diagrama do Fluxo de Caixa. Calcule os
indicadores/índices de retorno, de riscos e LEs e VLs. Verifique o espectro de validade da decisão:
gráfico VPLs x TMAs e de LEs. Elaborar um relatório com os resultados encontrados e emitir um
parecer conclusivo. UTILIZAR O ROTEIRO DO EXEMPLO ILUSTRATIVO 1.
Dica: Siga o roteiro de resolução do exemplo ilustrativo 1. Em suma, analisar a viabilidade econômica
do Projeto de Investimento (PI) descrito no estudo de Luchtemberg et al. (2010), utilizando a
Metodologia Multi-índice Ampliada (MMIA) via Sistema de Análise da Viabilidade Econômica de
Projetos de Investimentos ($V€).
RELATÓRIO: VEJA O EXEMPLO ILUSTRATIVO – SIGA O ROTEIRO
Análise da dimensão Retorno: falar dos indicadores VPL, VPLA, IBC, ROIA e do índice ROIA/TMA e
fazer a classificação segundo a escala proposta por Lima (2017).
Análise da dimensão Riscos: falar dos índices Payback/N e TMA/TIR e fazer a classificação segundo a
escala proposta por Lima (2017).
Análise dos Limites de Elasticidade (LEs) e dos Valores-Limite (VLs): falar de forma conjunta dos LEs
(%) e VLs.
Emissão do parecer conclusivo: veja exemplo ilustrativo 01.
Referência: LUCHTEMBERG, I. C.; LIMA, J. D. de; TRENTIN, M. G.; OLIVEIRA, G. A. Viabilidade Técnica
e Econômica da Verticalização na Produção de Válvula Reguladora de Pressão para Panelas de
Pressão em Indústria de Artefatos de Alumínio. In: Maturidade e desafios da Engenharia de
Produção: Competitividade das empresas, condições de trabalho, meio ambiente. XXX Encontro
Nacional de Engenharia de Produção – ENEGEP. São Carlos – SP, 2010. Disponível em:
<http://www.abepro.org.br/biblioteca/enegep2010_TN_STP_115_752_15094.pdf>. Acesso em: out.
2016.
Luchtemberg et al. (2010): Este trabalho teve por objetivo analisar a viabilidade técnica e econômica
da verticalização na produção de válvula reguladora de pressão para panelas de pressão de uso
doméstico. A pesquisa teve como base a NBR 11.823 que regulamenta o setor de panelas de pressão,
literaturas de produção, custos e análise econômica para a decisão final quanto à verticalização da
produção ou continuar adquirindo este componente de empresas parceiras. Os resultados
apresentaram viabilidade econômica e baixo risco, demonstrando ser atraente produzir
internamente as válvulas reguladoras de pressão da empresa estudada.
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GABARITO PARCIAL:
1ª) Oportunidade de melhoria identificada e implementada: Incorporação dos Limites de
Elasticidade (LEs) e Valores-Limite (VLs) e o confronto entre o retorno esperado e os riscos
associados na análise do mérito econômico do PI em estudo.
Para ilustrar a utilização da Metodologia Multi-índice Ampliada (MMIA) via Sistema de Análise da
Viabilidade Econômica de Projetos de Investimento ($V€), utilizaremos um Projeto de
Investimento (PI) da empresa Artefatos Alumínios, localizada no Sudoeste do Paraná, a qual produz
panela de pressão. Essa empresa está estudando a implantação de um PI que requer um
Investimento Inicial (FC0) da ordem de R$ 733.000,00 (custos de aquisição e de desenvolvimento de
máquinas e produtos, por exemplo). O horizonte de análise (N) é de 120 meses. A expectativa é que a
implantação desse PI gere um superávit de R$ 60.300,00 por mês, resultante do Fluxo de Caixa (FC), o
qual é a diferença entre as Receitas esperadas (Rj) e os Custos totais estimados (Cj), para os próximos
120 meses. O Valor Residual ou de Revenda (VR) está estimado em 90.000,00 (FC0). A Taxa Mínima
de Atratividade (TMA) da organização está estimada em torno de 0,8% ao mês. Nesse contexto,
pede-se para analisar a viabilidade econômica desse empreendimento por intermédio da MMIA via
$AVEPI (Texto adaptado/formatado/ampliado a partir da APS de João Guilherme Zati Ribeiro –
acadêmico 9º Engenharia Mecânica/2017).
SÍNTESE:
Valor do investimento inicial: R$ 733.000,00.
Vida útil do projeto: 120 meses.
Valor residual do PI: R$ 90.000,00.
Fluxo de caixa anual: R$ 60.300,00.
Taxa Mínima de Atratividade: 0,8% ao mês.
Manual de Análise da Viabilidade Econômica de Projetos de Investimento (MAVEPI): Abordagem Determinística – Prof. Dr. José Donizetti de Lima. Página 65
percentual pago pelo mercado e o rendimento que está sendo esperado PI, caracterizando o projeto
como baixo risco (0% a 20%), segundo a proposta por Lima (2017).
Análise dos Limites de Elasticidade (LEs): A TMA admite uma variação de 928,24% antes de torná-lo
economicamente inviável, sendo o valor máximo igual a 9,28% ao mês (TIR). O investimento inicial
poderá sofrer um acréscimo de no máximo 537,79%, calculando um valor máximo de R$
4.674.992,33 (VP). O Fluxo de Caixa permite a máxima redução de 84,32%, sendo o valor máximo de
R$ 9.454,54. Esses valores melhoram a percepção dos riscos que estão associados a implantação do
PI. Além disso, esses valores podem ser empregados nas etapas iniciais e controle do projeto, se o PI
for confirmado e implementado.
Além disso, podemos visualizar o espectro de validade de decisão (Figura a seguir), o qual demonstra
que, quanto maior a taxa de desconto, encontra-se mais dificuldades na implantação do projeto.
Manual de Análise da Viabilidade Econômica de Projetos de Investimento (MAVEPI): Abordagem Determinística – Prof. Dr. José Donizetti de Lima. Página 67
3ª Oportunidade de melhoria identificada e implementada:
Qj = 300.000 unidades
PVuj = R$ 0,469
CVuj = R$ 0,268
Manual de Análise da Viabilidade Econômica de Projetos de Investimento (MAVEPI): Abordagem Determinística – Prof. Dr. José Donizetti de Lima. Página 68
ESTUDO DE CASO 2 – IMPLANTAÇÃO DE ATIVIDADE AGROPECUÁRIA
Adaptado, comentado, ampliado e revisado a partir do artigo de Girotto, Oliveira e Lima (2016) publicado no ENEGEP
XXXVI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
Contribuições da Engenharia de Produção para Melhores Práticas de Gestão e Modernização do Brasil
João Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016.
ESTUDO DE VIABILIDADE ECONÔMICA DA PRODUÇÃO DE NOZ-PECÃ EM PEQUENAS PROPRIEDADES RURAIS
Resumo: Este artigo tem por objetivo analisar as expectativas de retorno e os riscos associados à
cultura de noz-pecã em uma pequena propriedade rural, no município de Francisco Beltrão, Sudoeste
do estado do Paraná. Detalham-se os investimentos, as despesas incorridas, a rentabilidade e os
riscos inerentes a esta atividade tendo-se por base a produção de noz-pecã em 960 nogueiras. A
metodologia utilizada, baseada em pesquisa de campo com entrevistas e coleta de dados,
possibilitou a construção do fluxo de caixa descontado para um horizonte de 15 anos e avaliar dois
conjuntos de indicadores. O primeiro conjunto (VPL, VPLA, IBC e ROIA) objetiva melhorar a percepção
do retorno. O segundo conjunto (índice TMA/TIR e índice Payback/N), busca mensurar os riscos do
empreendimento. Os indicadores foram calculados utilizando o sistema $V€. A análise dos
resultados sinaliza para uma rentabilidade expressiva e riscos moderados, sendo recomendado a sua
implantação.
Palavras-chaves: noz-pecã, viabilidade econômica, Metodologia Multi-índice, $V€
1. Introdução
O cultivo de plantas frutíferas está em ascensão no Brasil, principalmente entre os pequenos
produtores rurais que buscam uma nova alternativa de renda. O país é um dos três maiores
produtores mundiais de frutas, com uma produção que supera os 40,0 milhões de toneladas, e gera
6,0 milhões de empregos diretos (SEAB, 2015). Dentre as várias opções de árvores frutíferas se
encontra a nogueira-pecã, muito visada no Sul do país em decorrência do clima temperado, que
favorece o seu desenvolvimento e produção.
Como fonte de renda alternativa e de fácil manejo a nogueira já ganhou um espaço significativo,
principalmente nos campos do Rio Grande do Sul, destacando-se o município de Anta Gorda. O
mercado, considerado promissor, aliado aos benefícios à saúde, à fácil adequação com outras
culturas, como por exemplo, a ovinocultura, bovinoculturas, sombreamento de aviários e animais, e
os preços esperados para comercialização da fruta, tornam atraentes o seu cultivo (FRONZA;
POLETTO; HAMANN, 2013).
Tantos benefícios atrelados a nogueira despertou o interesse de muitos agricultores, como alguns
pequenos produtores agrícolas do Sudoeste do estado do Paraná, que buscaram informações sobre o
plantio, manutenção e colheita da noz, por meio de visitas técnicas nas propriedades no Rio Grande
do Sul, através de pesquisas na internet, e, há alguns anos passaram a investir nessa cultura com
expectativa de renda futura.
O perfil desses produtores é formado principalmente por proprietários de pequenas propriedades
rurais, e com baixa tecnologia integrada. Estes optaram pelo sistema silvipastoril, no qual intercalam
a cultura agrícola, florestal e pecuária, amenizando o risco de mercado e tendo uma rentabilidade
por área de modo sustentável.
O retorno financeiro esperado com o cultivo da noz-pecã é de longo prazo. Como forma de incentivo,
alguns bancos, como por exemplo, o Banco do Brasil, possuem uma linha credito especifica para
reflorestamento, no qual se enquadra o plantio de plantas frutíferas, que é o caso da nogueira, com
Manual de Análise da Viabilidade Econômica de Projetos de Investimento (MAVEPI): Abordagem Determinística – Prof. Dr. José Donizetti de Lima. Página 69
taxas de juros de 2% ao ano, e longos prazos para pagamentos, com carência que pode chegar até 8
anos, variando de acordo com o banco financiador.
Por se tratar de uma cultura permanente pouco conhecida, destaca-se a importância de uma análise
de investimento, atrelada a uma projeção de Fluxo de Caixa (FC), apresentando a rentabilidade do
investimento, mensurando os riscos da atividade e auxiliando na tomada de decisão, contribuindo
para a segurança dos agricultores que investem ou pretendem investir na cultura de noz-pecã.
Diante disso, o presente trabalho tem por objetivo analisar a viabilidade de investimento na cultura
de noz-pecã, por meio de dois conjuntos de indicadores, de retorno e de riscos, em uma propriedade,
no município de Francisco Beltrão, Sudoeste do estado do Paraná.
2. Referencial Teórico
2.1 Análise de investimento
Antes de qualquer iniciativa prática, um investimento deve ser estudado e projetado. Por meio de
técnicas de análise de investimentos busca uma solução eficaz para uma decisão rentável com
conhecimento do grau de risco envolvido. Para tanto, é necessário o domínio de determinados
indicadores para estruturar um modelo que proporcione resultados potencializados (MOTTA;
CALÔBA, 2002).
A análise de um projeto de investimento inicia-se com a coleta de dados em relação à estimativa do
investimento inicial, bem como a projeção dos custos de produção, expectativas de retorno e riscos
associados ao projeto. Em seguida é necessário fazer o levantamento dos custos da manutenção do
projeto, e por fim, a previsão da receita (RASOTO et al., 2012).
Os indicadores de retorno e risco proporcionam informações importantes para tomada de decisões, é
o que ocorre, por exemplo, no estudo realizado por Kreuz, Souza e Clemente (2008), no qual
analisaram os custos de produção e suas expectativas de retorno e riscos associados ao agronegócio
do mel na região do Planalto Norte Catarinense. Por meio da análise dos indicadores de retorno e de
riscos puderam concluir a baixa rentabilidade e o risco elevado, decorrente de questões de mercado
e riscos associados à atividade.
Uma abordagem de análise de investimento muito utilizada para medir o retorno e os riscos é a
Metodologia Multi-índice (MMI), que, a partir do FC descontado avalia dois conjuntos de indicadores.
O primeiro conjunto formado pelos indicadores de retorno, Valor Presente Líquido (VPL), Valor
Presente Líquido Anualizado (VPLA), Índice Benefício/Custo (IBC) e Retorno Adicional do
Investimento (ROIA). O segundo conjunto é formado pelos indicadores de riscos, índice TMA/TIR,
índice Payback/N, Payback e TIR (RASOTO et al., 2012; LIMA et al., 2015).
A MMI permite ao investidor, por meio dos resultados de cada indicador, visualizar se o investimento
é relevante ou não, podendo compará-lo com outros projetos de investimento. Deter-se de
informações é muito importante para tomada de decisão no mundo dos negócios, e se atribui sua
aplicação também aos negócios rurais. A procura por dados é essencial para que sejam
transformados em informações e a partir disto, organizá-los e processá-los a fim de tomar a melhor
decisão possível (ARTUZO et al., 2015).
Para avaliar a viabilidade econômica de um projeto de investimento é preciso definir a Taxa Mínima
de Atratividade (TMA), sendo essa a melhor aplicação disponível desde que associada a um baixo
nível de risco (SOUZA e CLEMENTE, 2008). A TMA pode ser definida como a taxa de desconto
resultante de uma política estabelecida pelos gestores da empresa (RASOTO et al., 2012; LIMA et al.,
2013; LIMA et al., 2015) ou ser composta pela taxa de juros da empresa no mercado acrescida da
incerteza dos valores do FC (CASAROTTO FILHO e KOPITTKE, 2010; CORREIA NETO, 2015).
Cada projeto de investimento tem a sua peculiaridade, é o que ocorre com os investimentos no
agronegócio, desde se investir em culturas temporárias, como o milho e soja, ou permanentes, como
Manual de Análise da Viabilidade Econômica de Projetos de Investimento (MAVEPI): Abordagem Determinística – Prof. Dr. José Donizetti de Lima. Página 70
o eucalipto e a nogueira-pecã. É preciso analisar o tempo de retorno, o valor investido, os riscos
atrelados a cada cultura. Investir na nogueira-pecã se tornou atrativo nos últimos anos, devido ao
valor comercial da noz, e incentivos de financiamentos com baixas taxas de juro e longo prazo para
pagamento, e isso desperta o interesse em saber o retorno e os riscos dessa atividade.
O fomento no cultivo da nogueira-pecã ocorre principalmente pela busca de fonte de geração de
renda para produtores e empresários. Muitos profissionais liberais buscam uma renda extra para a
sua aposentadoria, visto que a nogueira necessita de 15 a 18 anos para estabilizar a produção e pode
mantê-la por mais de cem anos (FRONZA; POLETTO; HAMANN, 2013).
2.2 Cultura da nogueira-pecã
A nogueira-pecã (Carya illinoensis), é uma cultura pouco explorada no Brasil, com maior produção na
região Sul do país, por ser uma espécie típica de clima temperado. Possui valor comercial elevado,
tendo em vista que suas nozes são de ótima qualidade, consumidas in natura ou em forma de
confeitos (TOMAZELLI et al., 2013).
O cultivo da nogueira-pecã requer algumas exigências. Para ela produzir nozes com a maturação
completa é necessário, no mínimo, de 180 a 200 dias. O seu desenvolvimento adequado, durante o
período de crescimento vegetativo, é alcançado com temperaturas entre 24 ºC e 30 ºC, com uma
pequena variação entre as temperaturas noturna e diurna (RASEIRA, 1990).
As nogueiras necessitam de 400 horas de frio em uma temperatura igual ou inferior a 7,2 ºC, o que
auxilia na quebra da dormência das plantas, se adaptando bem ao inverno dos estados do Sul do
Brasil (RASEIRA, 1990).
Nas décadas de 60 e 70 houve uma rápida expansão da cultura da nogueira-pecã em decorrência de
incentivos governamentais. A Lei 5.106/66, regulamentada pelo Decreto 59.615/66 permitiu que
projetos para florestamento e reflorestamento utilizassem algumas espécies frutíferas. Entretanto,
houve um desestimulo da cultura, em decorrência das poucas pesquisas, resultando em pomares
abandonados (FRONZA; POLETTO; HAMANN, 2013).
Atualmente, a pecanicultura voltou a ter visibilidade no mercado produtivo, em virtude do
investimento de empresas privadas na produção de mudas e no auxílio técnico na implantação dos
pomares, ao elevado valor agregado das nozes, a diversidade nas pequenas propriedades agrícolas
para sua manutenção e as pesquisas científicas recentes nessa área de interesse (ROVANI;
WOLLMANN; MONTEIRO, 2015).
A produção de noz-pecã está presente em vários países, como o México, que é considerado o
segundo maior produtor mundial. Outros países também estão entrando nesse mercado mundial,
como exemplo, Brasil, Uruguai e Argentina. O Brasil há alguns anos vem recebendo estímulos de
investidores para a sua produção (FRONZA; POLETTO; HAMANN, 2013).
Dos três estados do Sul, o Rio Grande do Sul é o estado que mais produz noz-pecã. Os principais
municípios produtores desse estado são Cachoeira do Sul, Rio Pardo e Anta Gorda. Os estados de
Santa Catarina e Paraná implantaram recentemente pomares comerciais cultivados com variedades
melhoradas (FRONZA; POLETTO; HAMANN, 2013).
Estima-se que exista no estado do Rio Grande do Sul uma área plantada de 10 mil hectares e 3 mil
produtores, com os mais diversos tamanhos de pomares. É comum pequenas propriedades
cultivarem a nogueira como cultura complementar a produção de soja, leite, tabaco ou arroz. Em
contraste com a produção em pequenas propriedades, já existem cultivos comerciais com mais de 20
hectares, onde foram enraizadas mudas enxertadas de variedades melhoradas (FRONZA; POLETTO;
HAMANN, 2013).
Algumas empresas gaúchas produzem mudas de qualidade e prestam serviço técnico aos produtores
que pretendem instalar seu pomar. O incentivo a essa atividade pelo poder público está na concessão
Manual de Análise da Viabilidade Econômica de Projetos de Investimento (MAVEPI): Abordagem Determinística – Prof. Dr. José Donizetti de Lima. Página 71
de financiamentos contemplados no Programa de Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAF)
juntamente com a estratégia do desenvolvimento regional sustentável (ROVANI; WOLLMANN;
MONTEIRO, 2015).
Alguns bancos possuem uma linha de crédito especifica para reflorestamento, destinadas a pequenos
e médios produtores, no qual se enquadra o cultivo de algumas plantas frutíferas como a nogueira-
pecã. O financiamento tem prazo de 12 anos para pagamento, com a taxa de juros 2% ao ano e
carência de 8 a 10 anos, tempo necessário para que as plantas tenham uma produção comercial.
Além de incentivos financeiros com longos prazos para pagamento, a noz-pecã apresenta um
mercado promissor no exterior, onde os principais consumidores são a União Européia
(principalmente a Alemanha, Itália, Espanha França), China, Japão, Coréia e Turquia, ocasionando na
exportação de uma margem considerável da produção interna (FRONZA; POLETTO; HAMANN, 2013).
3. Metodologia
O estudo de viabilidade de investimento na cultura de noz-pecã foi conduzido considerando a
Metodologia Multi-índice (MMI) de Análise de Investimentos. Essa metodologia consiste em dar
suporte para a aceitação ou rejeição de um determinado projeto com base na análise de diversos
indicadores de viabilidade (SOUZA e CLEMENTE, 2008; LIMA et al., 2015).
A MMI baseada no FC descontado, objetiva analisar dois conjuntos de indicadores. O primeiro
conjunto composto pelos indicadores Valor Presente (VP), Valor Presente Líquido (VPL), Valor
Presente Líquido Anualizado (VPLA), Índice Benefício/Custo (IBC), Retorno Adicional do Investimento
(ROIA), Retorno sobre o investimento (ROI), busca compreender o retorno sobre o investimento. O
segundo conjunto composto pela TIR, índice TMA/TIR, Payback/N e índice TMA/ROI, objetiva
compreender os riscos sobre o investimento (SOUZA e CLEMENTE, 2008; RASOTO et al., 2012).
Para realização desse estudo seguiram-se os seguintes passos: (i) contato por telefone com alguns
produtores de noz-pecã da região Sudoeste do Paraná; (ii) seleção de uma propriedade para a
realização do projeto de investimento; (iii) levantamento de custos de implantação e custos e
receitas anuais com o produtor escolhido; (iv) projeção do FC; (v) cálculo dos indicadores de retorno
e riscos e elaboração dos gráficos da MMI por meio do Sistema de Análise de Viabilidade Econômica
de Projetos de Investimentos ($V€); e (vi) análise dos resultados gerados.
Para a composição dos custos foram consideradas gastos com mão de obra, mudas, preparação de
solo, correção de solo, plantio, replantio, combate as pragas, colheita, entre outros. Dessa forma,
foram considerados todos os gastos envolvidos para o plantio, manutenção e colheita. De posse dos
custos e das receitas, gerou-se o FC, considerando um horizonte de planejamento (vida útil) de 15
anos. O período do FC foi estimado considerando que a muda plantada estava com três anos, e até o
final do fluxo, ela vai estar em processo de estabilização da produção, entre 15 a 18 anos, e podendo
mantê-la até 100 anos (FRONZA; POLETTO; HAMANN, 2013).
4. Resultados e discussão
Conforme descrito na introdução, esse trabalho tem por objetivo analisar a viabilidade de
investimento na cultura de noz-pecã, por meio de dois conjuntos de indicadores, de retorno e de
riscos, em uma propriedade, no município de Francisco Beltrão, Sudoeste do estado do Paraná.
A propriedade dispõe de uma área de 9,6 hectares e cultiva 960 pés de nogueira-pecã. Nos quatro
primeiros anos o produtor intercalou a plantação da nogueira com a cultura de soja e a partir do
quinto ano com a criação de vaca de leite, devido à nogueira estar maior e iniciando seu período
produtivo, o que facilita a colheita com o auxílio de equipamentos sem danificar a atividade
secundária.
A análise dos indicadores de retorno e riscos inicia-se com a coleta de informações (despesas e
receitas) com o produtor, para a projeção do FC da produção de noz-pecã (Tabela 1). O estudo foi
Manual de Análise da Viabilidade Econômica de Projetos de Investimento (MAVEPI): Abordagem Determinística – Prof. Dr. José Donizetti de Lima. Página 72
desenvolvido considerando as despesas e receitas totais dos 960 pés da nogueira-pecã, em um
horizonte de 15 anos. Para a realização do projeto houve a necessidade de investimento inicial de
45.950,00 reais. O valor residual é igual à zero, pois se trata de cultura permanente, e não tem um
valor de revenda previsível.
Observa-se na Tabela 1, que nos quatro primeiros anos não houve receita. Isso ocorre porque esse é
o período de tempo necessário para a nogueira se tornar produtiva, considerando que a muda já
estava com 3 anos quando foi plantada no período 1. Considerou-se no projeto uma produção de 4
kg/planta no ano 5 (início da produção) e 65 kg/planta no 15º ano, período de estabilização. De
acordo com o produtor rural, o valor de venda da noz-pecã apresentou uma variação nos períodos de
6,00 a 12,00 R$/kg de noz com casca (preços médios anuais líquidos recebidos pelos agricultores).
A TMA utilizada no projeto é de 8,21%, essa taxa baseou-se na remuneração dos depósitos da
poupança, fornecida pelo Banco Central do Brasil (2016). A TMA foi escolhida considerando que o
investidor é um pequeno produtor rural e não tem acesso a taxas mais competitivas.
Para gerar os indicadores de rentabilidade e riscos foram aplicadas as informações coletadas no
sistema $V€, módulo: Abordagem Determinística. Os resultados gerados são apresentados no
Quadro 1.
Tabela 1 – Fluxo de Caixa
Manual de Análise da Viabilidade Econômica de Projetos de Investimento (MAVEPI): Abordagem Determinística – Prof. Dr. José Donizetti de Lima. Página 73
Quadro 1. Indicadores da MMI
Dimensão Indicador Resultado Esperado (se viável) Valor Esperado
VP (em R$) VP ≥ |FC0| 1.404.299,97
VPL (em R$) VPL ≥ 0 1.358.349,97
VPLA (em R$) VPLA ≥ 0 160.736,10
*
IBC1 ou IL IBC1 ≥ 1 30,5615
ROIA (%) ROIA ≥ 0 25,61
Índice ROIA/TMA (%) Índice ROIA/TMA ≥ 0 311,89
Retorno ROI ou TIRM (%) ROI ≥ TMA 35,92
VPL(B) (em R$) ---- 1.546.080,34
VPL(C) (em R$) ---- 187.730,37
**
IBC2 IBC2 ≥ 1 8,2356
ROIA2 (%) ROIA2 ≥ 0 15,09
Índice ROIA2/TMA (%) Índice ROIA2/TMA ≥ 0 183,83
ROI2 (%) ROI2 ≥ TMA 24,54
Payback (em anos) Payback ≤ N 8
TIR (%) TIR ≥ TMA 41,18
Riscos
Índice Payback/N (%) Índice Payback/N ≤ 100% 53,33
Índice TMA/TIR (%) Índice TMA/TIR ≤ 100% 19,94
*IBC1 = (|FC0| + VPL) / |FC0|: Considera apenas o custo da implantação.
**IBC2 = VP(B) / VP(C): Considera todos os desembolsos (implantação, operação e manutenção).
Fonte: Elaborada pelos autores no $V€ (2016).
Manual de Análise da Viabilidade Econômica de Projetos de Investimento (MAVEPI): Abordagem Determinística – Prof. Dr. José Donizetti de Lima. Página 74
O ROIA, obtido a partir do IBC, corresponde ao ganho real (%), além da TMA (SOUZA e Clemente,
2008; RASOTO et al., 2012). O ROIA2 está estimado em 15,09% ao ano além do que se teria obtido se
o capital tivesse sido aplicado na poupança a 8,21% ao ano. Aqui, fica evidente que a rentabilidade
desse investimento é expressiva e, pode-se pensar que esse nível de rentabilidade funcione como
estimulo a novos entrantes.
4.1.3. Índice TMA/TIR
A TIR define um limite para a variação da TMA. O risco de o projeto proporcionar um retorno menor
do que a aplicação na poupança do capital investido à TMA aumenta à medida que essa se aproxima
da TIR (RASOTO et al., 2012; LIMA et al., 2013). Enquanto a TMA (8,21% ao ano) permanecer inferior
a TIR (41,18% ao ano), as expectativas são de que haja mais ganho em investir-se no projeto do que
deixar o capital aplicado à TMA (Figura 1). Assim, a distância entre a TIR e a TMA pode representar
um risco do projeto (SOUZA e CLEMENTE, 2008). Contudo, o risco é melhor avaliado pelo índice
TMA/TIR, sendo de 19,94% sinaliza para um baixo risco financeiro para esse investimento.
Figura 1 - Espectro de validade da decisão
Manual de Análise da Viabilidade Econômica de Projetos de Investimento (MAVEPI): Abordagem Determinística – Prof. Dr. José Donizetti de Lima. Página 75
5. Conclusão
O presente estudo objetivou analisar a viabilidade de investimento na cultura de noz-pecã, por meio
de dois conjuntos de indicadores, de retorno e de riscos, em uma propriedade, no município de
Francisco Beltrão, Sudoeste do estado do Paraná. Para isso, utilizou-se da Metodologia Multi-índice
(MMI), implementada no Sistema de Análise de Viabilidade Econômica de Projetos de Investimentos
($V€), resultando em indicadores que permitiram verificar a viabilidade do projeto.
Os indicadores de riscos e rentabilidade gerados apresentaram-se satisfatórios para o investimento
na cultura de noz-pecã. O índice TMA/TIR (19,94%) e o ROIA, estimado em 15,09% ao ano (além da
TMA), sinalizam para um risco financeiro baixo e evidenciam que a rentabilidade do projeto é
expressiva, o que torna o seu investimento viável sob a ótica econômica. Já o Payback de 8 anos para
a recuperação do capital investido ocorre porque a nogueira-pecã não produz e não gera receita nos
primeiros anos. No entanto, o índice Payback/N apresentou 53,33% de não recuperação do capital
investido, o que é um risco considerado médio.
Diante das análises, conclui-se a viabilidade do projeto de investimento na cultura de noz-pecã na
propriedade estudada. Pode-se pensar que o nível de rentabilidade e o baixo risco da atividade
funcionem como estimulo a novos entrantes. Entretanto, é importante destacar que o fator
climático, clima temperado, é essencial para o sucesso do investimento, o que diz respeito à
produtividade da nogueira.
Como sugestão para trabalhos futuros, sugere-se usar o módulo de abordagem estocástica via
Simulação de Monte Carlo (SMC) no sistema $V€. Dessa forma, pode se avaliar o risco
incorporando flutuações de mercado, em especial na TMA e no valor de revenda do produto.
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