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Introdução
A distinção básica entre o reino animal e o reino vegetal consiste na habilidade daqueles
pertencentes ao primeiro grupo de interagir com o meio ambiente e com os demais seres vivos.
Os dois reinos têm em comum a habilidade de tirar proveito do ambiente que nos cerca para efeito
de nutrição e, consequentemente, da própria subsistência.
Essa diferenciação entre os seres vivos pode ser creditada à existência, nos animais, de células
diferenciadas do ponto de vista de processos físicos associados à eletricidade. Estas células são
denominadas neurônios. Nelas pode ocorrer um movimento de cargas elétricas (íons), dando lugar
a perturbações locais do potencial elétrico, que se propagam pelo corpo indo até o cérebro.
Essas perturbações elétricas - os sinais elétricos - levam e trazem informações, na maioria das vezes
de forma autônoma, sem nossa intervenção.
O fato é que a principal distinção entre animais e vegetais reside em fenômenos associados
inteira e exclusivamente à eletricidade. O corpo humano depende da eletricidade de forma essencial.
E disso nem sempre nos damos conta. Somos, literalmente, movidos, orientados, mantidos e con-
duzidos pela eletricidade.
O coração é um bom exemplo de órgão que funciona com base na eletricidade. A cada batida
ele se polariza e, em seguida, despolariza. Isso permite fazer um diagnóstico do coração com
base nesse fato. Despolarizar e polarizar referem-se a alterações na distribuição de cargas elétricas
existentes no meio extracelular bem como no meio intracelular. O coração bate como resultado do
movimento de correntes elétricas que alteram a diferença de potencial em regiões localizadas no
interior e no exterior de células de forma regular. Vivemos por conta da atividade elétrica do coração.
Figura 1
Eletromagnetismo » Sinais Elétricos no Corpo Humano 2
Neste capítulo, abordaremos a questão dos sinais elétricos que são gerados, propagados,
modificados e processados pelo nosso corpo, mais precisamente, que se propagam pelas ricas e
complexas redes neurais.
Essas funcionalidades, associadas à interatividade no sentido mais amplo possível, tornam-se
possíveis graças a um complexo sistema nervoso, cuja função é cuidar de cada uma das várias
etapas pelas quais passam os sinais elétricos.
Definimos, matematicamente, sinal como uma função do tempo:
x(t) ( 1 )
Figura 2
Os sinais de interesse são aqueles gerados por dispositivos (como os dínamos que geram uma
tensão nos seus terminais) e são processados por sistemas. Um circuito elétrico pode ser pensado
num sistema.
Um sistema associa a cada sinal de entrada um sinal de saída.
A energia que se pode extrair de um sinal é proporcional à integral:
+∞
∫ x ( t ) dt
2
E= ( 2 )
−∞
Figura 6 Figura 5
A distribuição desigual de íons é mantida, por exemplo, por meio de uma proteína específica
localizada entre a dupla camada lipídica. Ela atua como se fosse uma bomba que bombeia o sódio
para fora da célula e, no sentido inverso, bombeia potássio para o seu interior. Essa bomba de
sódio-potássio mantém a baixa concentração de sódio no interior da célula (cerca de 10 vezes
menor que no exterior), enquanto também mantém a alta concentração intracelular de potássio
(cerca de 20 vezes maior que no exterior). A bomba sódio/potássio gera corrente elétrica de
natureza iônica. Outras proteínas formam poros que controlam o acesso ao interior da molécula.
Eletromagnetismo » Sinais Elétricos no Corpo Humano 5
Figura 7 Figura 8
Existem dois tipos de canais iônicos. Os canais dependentes de voltagem deixam fluir sódio e
potássio. Existem também os canais de cálcio.
A concentração de cálcio no exterior de uma célula em repouso é cerca de 10.000 vezes maior
que a concentração no interior da célula. Assim, quando os canais se abrem, o cálcio tende a entrar.
As células se comunicam por meio de dois mecanismos: um mecanismo direto, no qual a comu-
nicação se dá por meio de junções comunicantes que ligam uma célula diretamente a outra; ou um
mecanismo indireto. No segundo caso, a comunicação é modulada por moléculas que se ligam a
receptores. No primeiro caso, moléculas pequenas passam de uma célula para outra.
Conquanto todas as células se comuniquem, transferindo o que poderíamos denominar dados
entre si, e a partir deles realizar tarefas, o fato é que os neurônios são as células especializadas
no que diz respeito à informação. As informações são recebidas e transmitidas por meio dessas
unidades básicas.
É importante observar que toda comunicação celular se dá por meio da Membrana Plasmática,
e um desses mecanismos consiste na alteração, via abertura e fechamento de canais iônicos, do
potencial elétrico da membrana.
Eletromagnetismo » Sinais Elétricos no Corpo Humano 6
Os axônios variam muito de tamanho. Alguns, como os cones (células nas retinas especializadas
em captar luz) têm alguns micrômetros de comprimento. Outros podem chegar a um metro.
Figura 11
Os receptores (ou transdutores) são dispositivos especializados na detecção de alguma forma
de energia e transformá-la em energia elétrica. Por exemplo, temos receptores que são especiali-
zados na transformação da energia mecânica em energia eletromagnética. Os transdutores têm,
em suas membranas plasmáticas, algumas proteínas dotadas da capacidade de absorver, de modo
seletivo, uma forma de energia e transformá-la em um potencial bioelétrico. Geram assim um tipo
de sinal elétrico.
Os mecanorreceptores são sensíveis a estímulos mecânicos quer sejam eles contínuos,
vibratórios ou oscilatórios.
Os quimiorreceptores são sensíveis a estímulos químicos, ou seja, a reações especificas de certas
substâncias com as quais entram em contato. Os fotorreceptores são sensíveis a estímulos
luminosos e, geralmente, estão ligados à modalidade visual. Os termorreceptores são aqueles que
são sensíveis a variações da temperatura. São variações próximas de valores da temperatura do
corpo humano que, como no caso dos mamíferos em geral, se situa em torno de 37 graus Celsius.
Eletromagnetismo » Sinais Elétricos no Corpo Humano 9
Figura 12 Figura 13
Os receptores sensoriais têm funções específicas em relação à detecção e conversão das várias
formas de energia em impulsos elétricos.
Figura 14 Figura 15
O mecanismo da transdução pode ser extremamente complexo. Por exemplo, ele não está ainda
muito claro no caso dos cones. No entanto, ele é bem entendido no caso dos bastonetes e com
isso podemos exemplificar a complexidade da operação dos receptores. O processo da transdução
começa com a absorção de um fóton (ou radiação eletromagnética) por parte de uma molécula
denominada 11cis-retinal. Ela fica ligada a uma cadeia polipeptídica denominada opsina
(veja Figura 000). Ao absorver o fóton, ela faz uso dessa energia eletromagnética para mudar a
distribuição espacial dos átomos na molécula. Ou seja, ela se transforma na mesma molécula, mas
com uma distribuição espacial diferente. Essa “nova” molécula tem o nome de 11 trans-retinal.
Esse é o início de todo o processo. A seguir, a molécula energizada desliga-se da opsina e cai na
região interna da célula. Quando nessa região ela induz alguns eventos de natureza molecular.
Tais eventos irão provocar, em última analise, o fechamento de canais de cálcio, gerando, portanto,
uma polarização do receptor, ou seja, gerando um sinal elétrico - o potencial receptor.
Eletromagnetismo » Sinais Elétricos no Corpo Humano 11
Figura 16
A cóclea é o órgão receptor do sistema auditivo. As células receptoras desse sistema são células
ciliadas, que se movimentam ao sabor das vibrações das ondas sonoras que entram nos ouvidos.
Os seres humanos dispõem de apenas 16.000 dessas células, número esse incrivelmente baixo.
Cada célula ciliada da cóclea dos mamíferos é provida de uma centena de estereocílios
organizados em 3 fiadas de tamanhos crescentes (veja Figura 000).
O deslocamento dos cílios em sentido externo (da esquerda para a direita da Figura 000) abre
os canais deixando entrar o potássio (K+), ou seja, é uma abertura de natureza mecânica, acionada
pelo movimento. Essa entrada de íons positivos despolariza a célula ciliada. O fechamento dos
canais catiônicos ocorre antes de o cílio retornar à sua posição original. Essas células viabilizam a
transformação de energia mecânica em energja elétrica.
Figura 18
Eletromagnetismo » Sinais Elétricos no Corpo Humano 13
Como no caso da transdução, a codificação passa por processamento de sinais nas junções
entre neurônios ou células. O fato é que, na retina, é produzido o primeiro sinal, na primeira
camada, enquanto a codificação é, finalmente, implementada na sexta camada. A retina pode ser
pensada como uma fábrica de sinais convertidos em potenciais de ação.
Figura 21: As principais correntes iônicas e canais que geram as várias fases do potencial de
ação na célula cardíaca.
Fase 0: As forças químicas e eletrostáticas em conjunto favorecem a entrada de Na4 na célula
através dos canais rápidos para Na+, gerando a fase de ascensão.
Fase 1: As forças químicas e eletrostáticas favorecem o efluxo de K+ pelos canais i10, gerando a
repolarização precoce e parcial.
Fase 2: Durante o platô, o influxo resultante de Ca2+ através dos canais para Ca2+ é balanceado
pelo efluxo de K+ através dos canais iK, ik1 e i10.
Fase 3: As forças químicas que favorecem a saída de K+ pelos canais iK, ik1 e i10 predominam
sobre as forças eletrostáticas que favorecem a entrada de K+ por esses mesmos canais.
Fase 4: As forças químicas que favorecem a saída de K+ através dos canais iK e iK1 excedem muito
discretamente as forças eletrostáticas que favorecem o influxo de K+ por esses mesmos canais. Figura 22: O sistema de condução cardíaco.
Eletromagnetismo » Sinais Elétricos no Corpo Humano 16
Estímulos externos são capazes de abrir os canais, gerando uma corrente iônica. No caso do
coração, existe uma abertura cíclica de vários canais (veja Figura 000). Cada abertura se reflete na
forma do potencial de ação gerado. Os canais ficam abertos por um lapso de tempo muito pequeno.
Em seguida, fecham-se de novo. No caso do coração, a duração é de aproximadamente de
0,3 segundos. Como consequência, o potencial da membrana se altera durante um lapso de tempo
muito curto, gerando um potencial denominado potencial de ação. Depois desse curto lapso de tempo,
restaura-se a situação original e o potencial da membrana volta a assumir o valor do potencial de
repouso. Assim, a abertura de canais iônicos produz uma mudança local no potencial da membrana
(veja Figura 000), causando a propagação de um sinal elétrico para outros pontos da membrana.
Assim, em algum ponto do axônio, gera-se uma perturbação, uma alteração na diferença
de potencial de repouso. A perturbação de origem mecânica, elétrica ou química, faz com que
os canais de sódio da membrana se abram. Com isso, os íons de sódio entram na célula através
dos canais abertos. As cargas positivas que se movem alteram o potencial de repouso da cé-
lula. Ele fica um pouco menos negativo (a isso se dá o nome de despolarizar a célula). Quando
a despolarização atinge um determinado limite, mais canais de sódio se abrem. Essa
entrada acarreta uma inversão do sinal do potencial elétrico. O potencial atinge valores
positivos de 35-40 mv. Ao atingir esse valor, os canais de sódio ficam desativados. A partir desse
estágio, os canais de potássio se abrem, deixando passar, rumo ao exterior da célula, os íons de
Figura 24
potássio até atingir o valor do potencial de repouso da célula. Os canais de potássio agora se
fecham. A rigor, de acordo com a Figura 000, o potencial elétrico ultrapassa ligeiramente o valor
do potencial de repouso da célula. O valor de equilíbrio do potencial é restabelecido pela bomba
sódio/potássio Na/K.
O tempo decorrido entre a polarização e a despolarização é menor do que alguns milésimos de
segundo. Viajam ao longo dos axônios com velocidades no intervalo de 1–100 metros por segundo.
Os neurônios operam de forma distinta em relação à taxa de emissão dos potenciais de ação.
Alguns emitem sinais elétricos a taxas constantes de 10–100 potenciais de ação por segundo.
Outros permanecem sem atividade durante a maior parte do tempo; emitem ocasionalmente,
produzindo, no entanto, um grande número de potenciais de ação.
O potencial de ação se propaga sob uma forma que muito se assemelha à propagação de ondas
num meio elástico. Cada potencial de ação gerado influencia as partes contíguas, gerando
novos potenciais de ação, fazendo com que uma perturbação iniciada num determinado ponto se
propague como se fosse uma onda, ou seja, ela utiliza o axônio apenas como um suporte para se
propagar, deixando-o inalterado depois da passagem (veja Figura 000).
Muitas vezes, a excitação de uma célula advém do fechamento de um canal, de cálcio, por exemplo.
Um neurônio é capaz de disparar centenas de potenciais de ação a cada segundo. Os intervalos
de tempo entre disparos sucessivos servem como um código de comunicação. Figura 25
Eletromagnetismo » Sinais Elétricos no Corpo Humano 18
Um neurônio pode ter até alguns milhares de conexões sinápticas, transformando a rede neural
em algo extremamente complexo.
As sinapses transferem os sinais de um neurônio para outro. No entanto, essa não é a sua única
função. Nela ocorre um novo processamento dos sinais elétricos. Alguns receptores neurais são
excitatórios, ou seja, eles aumentam a taxa de potenciais de ação que chegam à célula-alvo. Outras
são inibitórias. Por isso, queremos dizer que eles reduzem a taxa dos potenciais de ação. Outros
ainda conseguem modular essa taxa. A taxa com que os potenciais de ação atingem o cérebro é,
sem dúvida, um dado precioso para ele.
Na sinapse, a membrana plasmática do neurônio que envia o sinal (o neurônio pré-sináptico)
fica praticamente em contato com a membrana plasmática da célula-alvo (geralmente, um dendrito
de outro neurônio).
Existem dois tipos básicos de sinapse: as químicas e as elétricas. Na primeira, a energia elétrica é
convertida em energia química, ou seja, a energia elétrica do sinal é utilizada para desacoplar uma
substância química que se encontra ligada e para colocá-la em movimento. Ao atingir o alvo, ocorre
o processo inverso.
Nas sinapses químicas, o neurônio pré-sináptico envia uma substância química denominada
neurotransmissora. As sinapses químicas são microchips biológicos fundamentais, pois elas são as
unidades processadoras da informação. Essa forma de transmissão química é majoritária nos seres
humanos. Numa sinapse química, a substância transmitida gera novos potenciais de ação. Assim, a
partir dos terminais do axônio, os sinais são transportados ou, na maioria das vezes, transformados.
Eletromagnetismo » Sinais Elétricos no Corpo Humano 20
Figura 30
Na sinapse elétrica (ou junções comunicantes), as membranas plasmáticas são conectadas por
meio de canais iônicos que se justapõem. Por esses canais podemos ter a passagem de corrente
elétrica, fazendo com que as alterações na voltagem da célula pré-sináptica induzam alterações
na célula pós-sináptica. As sinapses elétricas transferem correntes iônicas ou pequenas moléculas
entre as células acopladas.
A propagação dos sinais e o seu processamento nas sinapses funcionam como pequenos
circuitos. Um neurônio recebe cerca de 10.000 conexões sinápticas, o que nos leva a concluir que o
sistema nervoso comporta aproximadamente 1015 circuitos neurais.
O número de potenciais de ação disparados pelos neurônios da medula espinhal (de onde se
origina o comando dos músculos dos braços, por exemplo) depende da ação requerida do mesmo.
No caso da contração muito rápida do músculo do braço, num momento crítico, o número de
potenciais de ação cresce.
Alguns axônios são muito compridos; por exemplo, no caso do cérebro , alguns deles têm mais
de 100 mil quilômetros de comprimento. O papel ou a função do cérebro é controlar as ações
dos animais para fazê-lo extrair informações suficientes, informações essas obtidas dos órgãos do
sentido, para trabalhar e refinar as ações. Com poucas exceções cada neurônio no cérebro produz Figura 31: Neuritos de duas células conectadas
por uma junção gap. Um aumento mostrando
o mesmo neurotransmissor químico ou combinação de neurotransmissores; assim, o neurônio canais denominados conexons, cada um composto
pode ser inteiramente caracterizado pelo neurotransmissor que ele produz. Neurônios são por seis subunidades protéicas conexianas, as
quais unem citoplasmas de duas células. Íons e
sensoriais; são classificados como neurônios que são responsáveis por converter estímulos pequenas moléculas podem passar em ambas
externos do ambiente em estímulos internos. as direções através destes canais.
Eletromagnetismo » Sinais Elétricos no Corpo Humano 21
O Sistema Nervoso
Grosso modo, a função do sistema nervoso é lidar com sinais elétricos de várias naturezas
e extrair deles as informações essenciais para a vida. Sinais elétricos são dados. Um conjunto
deles fornece alguma informação. Que informações são trazida pelos sinais só o cérebro consegue
entender. Mais do que isso, o cérebro trabalha com as informações. Consegue classificar, arma-
zenar, trazer de volta quando bem entender, estabelecer relações entre informações e decidir em
função delas. Na maioria das vezes, a decisão do cérebro ocorre de forma autônoma. Mal colocamos
a mão no fogo e o cérebro já decidiu que é o momento de tirar a mão. Não só isso, já deu a ordem
para tirá-la do fogo.
Os sinais, por outro lado, são impulsos bioelétricos. Só tomamos conhecimento daquilo que
pode ser convertido em algo que o sistema nervoso possa reconhecer. E ele só reconhece os sinais
sob a forma de impulsos elétricos específicos. Com isso, nossa informação sobre o mundo que nos
cerca é bastante limitada. Por exemplo, só percebemos uma parte do espectro eletromagnético.
Passa despercebido quase todo o espectro como, por exemplo, os raios X, as ondas de rádio e
assim por diante.
Eletromagnetismo » Sinais Elétricos no Corpo Humano 22
O fato é que percebemos pouco do mundo que nos cerca. Curiosamente, isso é mais do que
suficiente. Percebemos apenas aquilo que é vital.
Isso é feito em várias etapas. Primeiramente, são gerados os sinais nas extremidades do sistema.
Esses primeiros sinais provêm das interfaces com o meio externo. São as primeiras informações.
A seguir, eles são transformados em sinais (os potenciais de ação) capazes de se propagar pelos
axônios. Informações mais úteis para o cérebro trabalhar com elas são obtidas na última etapa de
transformação desses sinais. Ela ocorre nas sinapses. A principal, e última, etapa é o processamento
dessas informações. E disso cuida o cérebro.
O sistema nervoso é composto de cerca de 100 bilhões de neurônios.
Por meio do sistema nervoso conseguimos receber, processar, armazenar, integrar e transmitir,
via transmissões sinápticas, informações. A partir delas, ou mesmo na ausência delas, o cérebro
humano é capaz de gerar informações.
Considera-se que o cérebro é constituído de dois sistemas: o sistema nervoso central e o sistema
nervoso periférico.
O sistema nervoso periférico é composto por fibras nervosas, cuja função é o transporte de
sinais entre o sistema nervoso central e as demais partes do organismo.
O sistema nervoso central processa as informações, toma decisões e envia ordens. Ele é
composto pela medula espinhal e o encéfalo, o qual é dividido em três partes: o cérebro, o cerebelo
e o bulbo.
Figura 33 Figura 34
Eletromagnetismo » Sinais Elétricos no Corpo Humano 23
Elas são classificadas em dois tipos: aferentes e eferentes. As fibras aferentes transmitem as
informações provenientes de estímulos sensoriais e viscerais ao sistema nervoso central, ao passo
que as eferentes enviam sinais do sistema nervoso central para os músculos e as glândulas.
O Cérebro
O cérebro é, sem a menor dúvida, a estrutura biológica
mais complexa que conhecemos. Ele pode ser pensado como a
CPU do sistema nervoso. E isso vale para todos os vertebrados
bem como para uma parte dos invertebrados.
No cérebro todo, o número de neurônios é muito próximo
do número de gliócitos. A distribuição, no entanto, não é unifor-
me. No córtex cerebral, por exemplo, os gliócitos excedem os
neurônios numa razão muito próxima de 4 para 1.
Os axônios preenchem a maior parte do espaço do cérebro, ou seja, a
atividade elétrica é intensa bem como o processamento das informações.
O cérebro é extremamente complexo. Por exemplo, o córtex cerebral
contém cerca de 30 bilhões de neurônios. Cada neurônio está ligado a 10 mil
conexões sinápticas. Assim, cada milímetro cúbico do córtex cerebral
contém cerca de 1 bilhão de sinapses; os neurônios se comunicam
Figura 35
uns com os outros por meio de fibras protoplasmáticas conhecidas
como axônios.
O cérebro pode ser dividido em regiões. Cada região é especializada num tipo de processamento,
ou seja, cada região é especializada numa função. Hoje é possível visualizar essas estruturas
cerebrais dos seres humanos. Isto é representado na Figura 000. Assim, diferentes regiões são
especializadas para executar diferentes funções.
Eletromagnetismo » Sinais Elétricos no Corpo Humano 24
Botões
Indica pop-ups com mais informações. Ajuda (retorna a esta página).
Bons estudos!
Eletromagnetismo » Sinais Elétricos no Corpo Humano 25
Créditos
Este ebook foi produzido pelo Centro de Ensino e Pesquisa Aplicada (CEPA), Instituto de Física da Universidade de São Paulo (USP).
Projeto Gráfico e Editoração Eletrônica: Daniella de Romero Pecora, Leandro de Oliveira e Priscila Pesce Lopes de Oliveira.