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PODER JUDICIÁRIO

JUSTIÇA FEDERAL
SEÇÃO JUDICIÁRIA DO RIO DE JANEIRO
3ª VARA FEDERAL CRIMINAL
JFRJ
Processo nº 0022781- 56.2014.4.02.5101 ( 2014.51.01.022781 -4) Fls 1434

Autor: MINISTERIO PUBLICO FEDERAL E O UTRO.

Réu: PAULO ROBERTO BUARQ UE CARNEIRO E OUTROS

SENTENÇA TIPO EMBARGOS DE DECLARACAO

Vistos etc.

I - Relatório.

Fls. 3485/3868 - Sentença, registrada sob o

nº000229/2017, conforme certidão de fls. 3869.

Fls. 3999/4000v - Dispositivo da sentença de

fls. 3485/38888, publicado no Diário Eletrônico da

Justiça Federal da 2ª Região, para intimação do

assistente de acusação e das DD.. Defesas, conforme

certidão de publicação de fl. 4010.

Fl.3888 - Intimação da ofendida e assistente de

acusação (PETROBRÁS) em 10/01/2018.

Fl.3891 – ciência da intimação de fl.3888, por

parte da assistente de acusação.

Intimação pessoal dos réus: fl. 3897 –

Intimação do réu JORGE LUIZ ZELADA em 17/01/2018; fls.

3895/3896 – Intimação do réu RENATO DE SOUZA DUQUE em

12/01/2018; fls. 3886/3886v - Intimação do réu PEDRO JOSÉ

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BARUSCO FILHO em 21/12/2017; fls. 3993/3993v - intimação

do réu JÚLIO FAERMAN em 22/01/2018; fls. 3994/3395 -

intimação do réu LUÍS EDUARDO CAMPOS BARBOSA DA SILVA em JFRJ


Fls 1435
26/01/2018; e fl.3997 – certidão negativa de intimação do

réu PAULO ROBERTO BUARQUE CARNEIRO.

Intimação do Ministério Público Federal (fls.

3871).

Fls. 3901/3985 – Embargos de declaração opostos

por JÚLIO FAERMAN, em atenção à sentença de fls.

3485/3888, alegando uma série de omissões, contradições e

obscuridades, cujo aclaramento requer; recurso instruído

com documentos (fls. 3986/3989).

Fls. 4001/4005 – Embargos de Declaração opostos

pelo réu LUÍS EDUARDO CAMPOS BARBOSA DA SILVA em face da

sentença de fls. 3485/3868, alegando que o ato padeceria

de uma situação de omissão.

Fls. 3871 – Apelação do Ministério Público, em

face da sentença de fls. 3485/3868

Fls. 3887 – Apelação de PEDRO JOSÉ BARUSCO

FILHO, em face da mesma sentença.

Fls. 4015 – Apelação de JORGE LUIZ ZELADA,

insurgindo-se contra aquele ato sentencial.

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Fls. 4018/419 – Pedido manejado pelo réu PAULO

ROBERTO BUARQUE CARNEIRO, postulando recorrer da sentença

em tela, pelos motivos então alinhavados. JFRJ


Fls 1436
Este é o breve relatório. Passo a decidir.

II - FUNDAMENTAÇÃO

Tratarei, de início, dos embargos de declaração

manejados pelos acusados JÚLIO FAERMAN (fls. 3901/3985) e

LUÍS EDUARDO CAMPOS BARBOSA DA SILVA (fls. 4001/4005), na

ordem de seu encartamento, pois que prejudiciais aos

demais recursos, e, em seguida e em sendo o caso,

apreciarei as apelações já ofertadas; alfim serão

externados os pertinentes comandos judiciais, em resposta

às manifestações das partes.

II.1. – EMBARGOS DE DECLARAÇÃO

Deixo ressaltado, contudo e antes de mais nada,

que os embargos de declaração serão apreciados de

imediato, sendo desnecessária prévia intervenção

ministerial ou dos demais réus, tendo em vista que a

norma regente da espécie recursal (art. 382 do CPP) não

prevê o contraditório, bem como em atenção à vislumbrada

ausência de eficácia infringente, nos aclaratórios

manejados.

Outrossim, assento que os embargos são

tempestivos, pelo que serão conhecidos.

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Além disso, necessário externar as premissas

jurídicas que iluminarão a apreciação; como cediço, os

embargos de declaração, em sede processual penal, são JFRJ


Fls 1437
espécie recursal que tem como Órgão Judicante ad quem o

próprio Juízo que prolatou a decisão recorrida, e,

adicionalmente – e aqui o tema mais importante -,

ostentam âmbito meritório recursal limitado à correção de

defeitos decisórios, em rol legalmente previsto e de

natureza taxativa (numerus clausus).

Assim, e tendo em vista que, em sede

sentencial, a rediscussão do julgado está remetida à

apelação (art. 593 do CPP), a acolhibilidade dos embargos

de declaração fica restrita a situações em que se

verifique um dos vícios de embargabilidade: obscuridade,

ambiguidade, contradição ou omissão (art. 392 do CPP).

A rigor, os três primeiros – obscuridade,

ambiguidade e contradição – impedem a adequada

compreensão do ato decisório – seja em seus fundamentos,

seja em seu comando -, dificultando que a parte possa

decidir como se comportar diante dele, e, mesmo optando

por dele recorrer a Instâncias Superiores, que argumentos

aduzir, de maneira a que possa convencê-las da erronia do

quanto externado pelo Órgão a quo.

Enquanto, em caso de obscuridade, o julgado não

é, de plano, perceptível naquilo que expõe, quando há

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ambiguidade, algum pedaço seu pode ser compreendido de

mais de uma forma, e, em situações de contradição, um

trecho decisório contradiz o outro; em todas as JFRJ


Fls 1438
hipóteses, como visto, prejudicada resta a compreensão do

quanto exposto pelo Julgador.

Já a omissão acarreta, via de regra, a ausência

de manifestação do prolator a respeito de algum argumento

aduzido por alguma parte, que entende ela poderia ter

influenciado a decisão, para que tivesse outro teor.

Fácil perceber como em ambos os casos –

obscuridade, ambiguidade e contradição, de um lado, e

omissão, de outro – os embargos de declaração estão a

resguardar o âmbito material da garantia constitucional

da ampla defesa (art. 5º, LV, da CR/88), que resta

sobremaneira comprometida, quando verificado um dos

vícios de embargabilidade mencionados.

Como corolário da caracterização taxativa das

hipóteses de embargabilidade, exsurge cristalina a

inviabilidade do manejo do recurso em cogitação para

promover a mera rediscussão do quanto julgado.

Neste sentido, confira-se o magistério

jurisprudencial emanado do E. Tribunal Regional Federal

da 2ª Região:

PROCESSUAL PENAL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO

EM APELAÇÃO CRIMINAL. RECONHECIMENTO, DE

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OFÍCIO, DA EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE PELA

PRESCRIÇÃO DE UM DOS CRIMES PELOS QUAIS

O EMBARGANTE RESTOU CONDENADO. ALEGAÇÕES


JFRJ
DE OMISSÕES E OBSCURIDADE. AUSÊNCIA DE Fls 1439
QUAISQUER DOS VÍCIOS ENUMERADOS NO ART.

619 DO CPP. RECURSO DESPROVIDO. I -

Reconhecida, de ofício, a extinção da

punibilidade pela ocorrência da

prescrição da pretensão punitiva

estatal, na modalidade retroativa (art.

107, IV c/c artigos 109, V e 110 § 1º,

todos do Código Penal), quanto ao crime

previsto no art. 334, § 1º, "c", do CP,

tendo em vista já decorrido lapso

temporal superior a 4 (quatro) anos

entre o recebimento da denúncia

(03/04/2012 - fl. 24) e a prolação do

acórdão condenatório (14/02/2017 - fl.

942), restando prejudicado o mérito

recursal relativamente ao crime em

questão, nos termos da Súmula nº 241 do

extinto TFR. II - Quanto ao crime

remanescente (art. 19, parágrafo único,

da Lei nº 7.492/86), constata-se a

inexistência de quaisquer dos vícios

enumerados no art. 619 do CPP no v.

acórdão embargado, sendo certo que o

recurso ora manejado não se presta à

rediscussão da matéria já decidida,

ainda que para prequestioná-la com

escopo de viabilizar as vias especial e

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extraordinária. III - Fixado o regime

inicial aberto para o cumprimento da

pena privativa de liberdade aplicada,


JFRJ
nos termos do disposto no art. 33, § 2º, Fls 1440
"c", do Código Penal, que é substituída

por duas penas restritivas de direito

(prestação de serviços à comunidade e

prestação pecuniária) a serem

determinadas pelo Juízo da Execução. IV

- Embargos declaratórios a que se NEGA

PROVIMENTO. (AP 00034783620124025001, 2ª

Turma Especializada, Rel. Des. Fed.

Messod Azulay Neto, J. 21/06/2017)

Apenas uma situação, ao lado do rol taxativo de

hipóteses de embargabilidade, autoriza a alteração

sentencial, diante de aclaratórios: a verificação, pelo

Magistrado, de erro material na confecção do ato

guerreado.

No mesmo sentido, os ensinamentos ministrados

pela E. Corte Regional Federal da 2ª Região:

PENAL - EMBARGOS DE DECLARAÇÃO DO

MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL - ART. 168-

A, DO CP - APROPRIAÇÃO INDÉBITA

PREVIDENCIÁRIA - PRINCÍPIO DA

INSIGNIFICÂNCIA - EQUÍVOCO NO VALOR

MENCIONADO NO VOTO - VALOR ORIGINÁRIO

QUANDO DA INSCRIÇÃO EM DÍVIDA ATIVA --

APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA

INSIGNIFICÂNCIA MANTIDO - EMBARGOS DE

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DECLARAÇÃO PROVIDOS PARA SANAR ERRO

MATERIAL, SEM EFEITOS INFRINGENTES. I-

Embargos de Declaração do Ministério


JFRJ
Público Federal alegando que o acórdão, Fls 1441
equivocadamente, consignou que o crédito

tributário era de R$ 7.868,76, quando na

realidade era de R$10.957,89. O Parquet

ressalta que a pretendida retificação

não acarreta efeitos infringentes,

porque o STF perfilha a tese de que o

limite para a configuração do tipo penal

é de R$20.000,00, apesar de o STJ

entender que o parâmetro deve ser o de

R$10.000,00. II- Com efeito, o crédito

originário, estabelecido à época da

constituição definitiva, em 21/3/2006,

era de R$10.957,89 (fls.58). O voto

mencionou o valor de R$ 7.868,76, que,

na realidade se refere ao valor

residual, remanescente e atualizado do

crédito, após o pagamento de parte da

dívida, pelos réus, que aderiram ao

programa de parcelamento (fls. 299 e

315) III - A retificação não acarreta

efeitos infringentes; assim, a decisão

do Colegiado, sobre a aplicação do

princípio da insignificância, se mantém,

tendo em vista que perfilhou a tese

adotada pelo STF que entende que a

configuração do tipo penal deve

respeitar o limite do débito de R$

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20.000,00. IV- Portanto, corrijo o erro

material, consignando que o valor a ser

considerado para a aplicação do


JFRJ
princípio da insignificância é o de Fls 1442
R$10.957,89, valor originário no momento

da constituição definitiva do crédito e

não R$ 7.868,76 (valor residual). V-

Embargos de Declaração do Parquet

providos para sanar erro material.

(00011167520054025108, 2ª Turma

Especializada, Rel. Des. Fed. Messod

Azulay Neto, J. 14/12/2016)

Afora as hipóteses de embargabilidade e a

verificação de erro material, por conseguinte, a

rediscussão do julgado é remetida à apelação (art. 593 do

CPP).

Conseguintemente, ainda que a parte alcunhe os

fundamentos agitados de “obscuridade”, “ambiguidade”,

“contradição” ou “omissão”, mas esteja, em realidade,

externando pretensão de rediscussão do quanto julgado, o

resultado da apreciação dos aclaratórios será,

naturalmente, seu inacolhimento.

Expostas as balizas da aferição a ser

empreendida, passo à análise dos embargos de declaração

dos acusados JÚLIO FAERMAN e LUÍS EDUARDO CAMPOS BARBOSA

DA SILVA, separadamente, para melhor clareza.

II.1.1. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO DE JÚLIO FAERMAN

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Tendo em conta que muitas foram as alegações de

vícios embargáveis manejados pelo réu, empreendo sua

apreciação também de forma separada. JFRJ


Fls 1443
II.1.1.1. VÍCIOS PERTINENTES AO DELITO DE

CORRUPÇÃO ATIVA

Principio, segundo a ordem argumentativa

traçada pelo próprio embargante, por aqueles supostos

vícios relacionados aos delitos de corrupção ativa pelos

quais foi condenado.

II.1.1.1.1. OBSCURIDADE – VALORAÇÃO PROVA –

INTERROGATÓRIO DO CORRÉU PEDRO JOSÉ BARUSCO FILHO – ITENS

2.2..1.2.3/2.2.1.2.4. E 2.2.1.3.3./2.2.1.3.4.

O embargante articulou, em síntese, que, por

ocasião da fundamentação sentencial lançada nos itens

“2.2.1.2.3./2.2.1.2.4.” e “2.2.1.3.3./2.2.1.3.4.”, o

Juízo teria valorado, como indicativa da prática

delitual, determinada parcela do quanto dito, em sede de

interrogatório judicial, por PEDRO JOSÉ BARUSCO FILHO.

Nesta parcela, teria dito aquele corréu que

teriam relação os valores por ele recebidos com

determinadas contratações da PETROBRÁS junto ao Grupo

SBM; no entanto, nas mesmas declarações, o corréu em

questão teria deixado “expresso que não havia conexão com

qualquer ato de ofício praticado” (fls. 3903).

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O Juízo teria, contudo, optado “por afastar a

valoração desse conteúdo, antes sopesado, sob o argumento

de que teriam sido identificadas falhas no contrato que JFRJ


Fls 1444
beneficiariam a SBM”, fato que não teria “relação

necessária com eventual violação funcional do Sr. PEDRO

JOSÉ BARUSCO FILHO” (fls. 3903); requereu fosse aclarada

a “valoração parcial do aludido depoimento” (fls. 3904).

De plano, percebe-se não haver qualquer

obscuridade – que, como visto, somente desponta quando

incompreensível o julgado, total ou parcialmente -, dado

que o embargante bem entendeu o quanto exposto, mas crê

que a valoração judicial foi equivocada, pois que, a seu

sentir, determinado trecho dos dizeres do corréu imporia

a que se chegasse a conclusão distinta daquela abraçada

pelo Juízo.

Em outras palavras, busca rediscutir o julgado,

o que é inadmissível, em sede de aclaratórios; seja como

for, o exame dos trechos sentenciais tidos por obscuros,

data maxima venia, bem expõe não ser essa a realidade;

vejamos.

Analisando os tópicos sentenciais mencionados,

verifico que se encontram em fls. 3533v./3543v.

(2.2.1.2.3/2.2.1.2.4) e fls. 3564v./3575

(2.2.1.3.3/2.2.1.3.4.).

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No item 2.2.1.2.3., foi apreciada a relação

entre, de um lado, os valores pagos por JÚLIO FAERMAN – e

aferidos positivamente nos itens 2.2.1.2.1. (fls. JFRJ


Fls 1445
3532/3532v.) e 2.2.1.2.2. (fls. 3532v./3533v.) – a PAULO

ROBERTO BUARQUE CARNEIRO e PEDRO JOSÉ BARUSCO FILHO e, de

outro, a contratação, pela PETROBRÁS junto ao Grupo SBM,

pertinente à embarcação FPSO ESPADARTE/CIDADE DE

ANCHIETA.

Analisando o item sentencial em questão,

exsurge que concluiu o Juízo positivamente, no sentido da

conexão cogitada, em função das seguintes razões: (a) os

percipientes dos valores eram empregados da PETROBRÁS, ao

tempo dos pagamentos, como admitido por todos; (b) as

declarações do embargante – como pagador – e dos

percipientes foram uníssonas no sentido do

dimensionamento da paga como fração, - 0,25% (zero

vírgula vinte e cinco por cento) - do preço contratual

pago, por sua vez, pela PETROBRÁS ao Grupo SBM, em função

da relação mantida e condizente com a embarcação FPSO

ESPADARTE/CIDADE DE ANCHIETA; (c) os pagamentos feitos

por JÚLIO FAERMAN a PAULO ROBERTO BUARQUE CARNEIRO e

PEDRO JOSÉ BARUSCO FILHO perduraram ao longo da vigência

do avença, o que foi aferido à luz da documentação

contratual adunada aos autos, em cotejo com o período de

percepção dos montantes; (e) PEDRO JOSÉ BARUSCO FILHO e

PAULO ROBERTO BUARQUE CARNEIRO ocupavam – segundo prova

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oral e documental examinada – posições, na estrutura

organizacional da PETROBRÁS, diretamente relacionadas com

a contratação da embarcação FPSO ESPADARTE/CIDADE DE JFRJ


Fls 1446
ANCHIETA.

Já no item sentencial 2.2.1.2.4., o Juízo

examinou se teria restado comprovado algum favorecimento

ao Grupo SBM, que pudesse ser tido como contrapartida aos

pagamentos feitos por JÚLIO FAERMAN a PAULO ROBERTO

BUARQUE CARNEIRO e PEDRO JOSÉ BARUSCO FILHO, cuja relação

com a contratação da embarcação FPSO ESPADARTE/CIDADE DE

ANCHIETA havia sido positivamente aferida no item

anterior.

Concluiu, em primeiro lugar, que houve

favorecimento ao Grupo SBM, com base nas seguintes

razões: (a) conforme lançado em relatório de auditoria da

lavra da Controladoria-Geral da União, o prazo para

entrega de propostas por interessados, no âmbito da

licitação que precedeu a contratação pertinente ao FPSO

ESPADARTE/CIDADE DE ANCHIETA, foi fixado de forma

excessivamente exígua, e, diante de pedidos de vários dos

licitantes, no sentido de se promover dilação prazal,

esta foi concedida, mas em patamar muito aquém ao quanto

pedido, o mesmo se concluindo quando confrontada a

dilação com o praticado em diversos outros certames, com

objetos semelhantes; (b) ainda no relatório da

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Controladoria-Geral da União, foi afastada a

possibilidade de que a dilação prazal, tal como

autorizada, tenha sido resultado de circunstâncias do JFRJ


Fls 1447
certame ou da contratação; (c) a dilação prazal, tal como

deferida, beneficiou sobremaneira o Grupo SBM, em função

de ser o único, naquele momento, com sede operativa em

território brasileiro, em detrimento dos demais

interessados; (d) as dificuldades ostentadas pelos demais

interessados eram de expresso conhecimento de quem

decidiu pela dilação prazal, pois que o tema foi exposto

por licitantes; (e) a dilação prazal, tal como

autorizada, ao passo que beneficiou o Grupo SBM, reduziu

a competitividade do certame, ferindo princípios

constitucionais regentes das contratações de entes da

Administração; (f) o favorecimento observado é fato

objetivo, derivado das circunstâncias de operação do

Grupo SBM, distintas das pertinentes aos concorrentes, e

não é afastada por considerações quanto à parcela de

mercado detida pelo grupo empresarial ou pela qualidade

de seus produtos, e nem equivale a dizer que, de outra

forma, o grupo empresarial não teria se sagrado vencedor

do certame.

Em seguida, entendeu o Juízo que o

favorecimento observado foi causado pelos pagamentos

feitos a PAULO ROBERTO BUARQUE CARNEIRO e PEDRO JOSÉ

BARUSCO FILHO, tendo sido obra destes dois corréus, pelos

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seguintes motivos: (a) em princípio, segundo a observação

do id quod plerumque accidit, pagamentos a funcionários

públicos não costumam ser atos desinteressados; (b) tendo JFRJ


Fls 1448
havido favorecimento ao grupo empresarial comercialmente

representado pelo pagador das vantagens, e tendo sido

aferida positivamente a relação entre estes valores e a

contratação, é isto poderoso indício de que vantagens e

favorecimento foram igualmente relacionados, como causa e

efeito; (c) esta compreensão restou fortalecida pela

constatação de que PAULO ROBERTO BUARQUE CARNEIRO

integrava o órgão que decidiu pela dilação prazal

favorecedora do Grupo SBM, no qual, por sua reconhecida

expertise na tecnologia empregada na contratação,

ostentava posição de ascendência técnica sobre os demais

integrantes do colegiado decisor; (e) a colegialidade não

foi tida por impeditiva à consideração da atuação de

PAULO ROBERTO BUARQUE CARNEIRO como determinante na

produção do favorecimento, pois que, além de sua

ascendência técnica sobre os demais, a vontade do órgão –

que favoreceu o Grupo SBM – foi formada, ao menos

parcialmente, pela contribuição do recebedor de

vantagens; (f) não foi produzida qualquer prova de que

PAULO ROBERTO BUARQUE CARNEIRO se tivesse posicionado, no

colegiado decisor, em contrário à dilação prazal que

favoreceu o grupo representado comercialmente por JÚLIO

FAERMAN, que lhe pagou valores em conexão à contratação.

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No que disse com PEDRO JOSÉ BARUSCO FILHO, o

Juízo entendeu comprovada a ligação entre os valores por

ele recebidos, sua atuação e o favorecimento ao Grupo SBM JFRJ


Fls 1449
pelos seguintes fundamentos, além dos dois primeiros

expostos no parágrafo anterior: (a) PEDRO JOSÉ BARUSCO

FILHO ocupava posição gerencial no órgão da paraestatal

diretamente interessado na contratação em tela, e que

havia postulado aos órgãos diretivos da companhia sua

realização; (b) segundo suas palavras, então transcritas,

PEDRO JOSÉ BARUSCO FILHO se havia empenhado, no exercício

de sua posição ascendente técnica e hierarquicamente

sobre os integrantes do órgão decisor, no sentido de que

se sagrasse vencedor o Grupo SBM.

Foram, então, abordadas e afastadas diversas

objeções defensivas a estas convicções (fls.

3541/3543v.), que restaram mantidas.

A seguir, no item 2.2.1.2.5 (fls. 3543v./3544),

o Juízo, fundamentadamente, entendeu que os montantes

pagos por JÚLIO FAERMAN a PAULO ROBERTO BUARQUE CARNEIRO

e PEDRO JOSÉ BARUSCO FILHO ostentavam a natureza de

vantagens indevidas, e que o favorecimento verificado era

resultado direto do acerto que ligava pagador e

recebedores; concluiu ainda o Juízo que o acerto não era

para que se produzisse tão somente o favorecimento

cogitado – o único efetivamente comprovado -, mas que era

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genérico, no sentido de que os recebedores favorecessem,

onde e quando possível, o Grupo SBM, e, em troca, lhe

seriam franqueados valores, em proporção ao preço JFRJ


Fls 1450
contratual pago pela PETROBRÁS ao Grupo SBM.

Diante desta miríade de elementos, o

embargante, maxima venia concessa, pinça determinado

trecho dos dizeres de PEDRO JOSÉ BARUSCO FILHO e deseja

que o Juízo aclare o porquê de ter concluído em sentido

diverso do quanto por ele pretendido; ora, a conclusão

está embasada em todos os elementos citados, e nos demais

que se encontram lançados na fundamentação sentencial.

Fácil é ver que, como já dito, não há

aclaramento necessário: o réu entende que o Juízo andou

mal, ao julgar os fatos, e crê que o trecho em questão

desconstituiria todos os demais fundamentos expendidos;

ocorre que esta pretensão não é viavelmente articulável

em sede de embargos de declaração, devendo ser levada,

por via de apelação, à Instância Superior, para que seja

aferido o acerto ou desacerto sentencial, pelo que,

quanto ao ponto, os embargos serão desprovidos.

No que diz com os itens 2.2.1.3.3./2.2.1.3.4.,

o mesmo se passa; vejamos.

No item 2.2.1.3.3. (fls. 3564v./3567v.), foi

apreciada a relação entre, de um lado, os valores pagos

por JÚLIO FAERMAN – e aferidos positivamente nos itens

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2.2.1.3.1. (fls. 3563v.) e 2.2.1.3.2. (fls.

3563v./3564v.) – a PAULO ROBERTO BUARQUE CARNEIRO e PEDRO

JOSÉ BARUSCO FILHO e, de outro, a contratação, pela JFRJ


Fls 1451
PETROBRÁS junto ao Grupo SBM, pertinente à embarcação

FPSO BRASIL.

Analisando o item sentencial em questão,

exsurge que concluiu o Juízo positivamente, no sentido da

conexão cogitada, em função das seguintes razões: (a) os

percipientes dos valores eram empregados da PETROBRÁS, ao

tempo dos pagamentos, como admitido por todos; (b) as

declarações do embargante – como pagador – e dos

percipientes foram uníssonas no sentido do

dimensionamento da paga como fração, - 0,25% (zero

vírgula vinte e cinco por cento) - do preço contratual

pago, por sua vez, pela PETROBRÁS ao Grupo SBM, em função

da relação mantida e condizente com a embarcação FPSO

BRASIL; (c) os pagamentos feitos por JÚLIO FAERMAN a

PAULO ROBERTO BUARQUE CARNEIRO e PEDRO JOSÉ BARUSCO FILHO

perduraram ao longo da vigência da avença, o que foi

aferido à luz da documentação contratual adunada aos

autos, em cotejo com o período de percepção dos

montantes; (e) PEDRO JOSÉ BARUSCO FILHO e PAULO ROBERTO

BUARQUE CARNEIRO ocupavam – segundo prova oral e

documental examinada – posições, na estrutura

organizacional da PETROBRÁS, diretamente relacionadas com

a contratação da embarcação FPSO BRASIL.

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Já no item sentencial 2.2.1.3.4., o Juízo

examinou se teria restado comprovado algum favorecimento

ao Grupo SBM, que pudesse ser tido como contrapartida aos JFRJ
Fls 1452
pagamentos feitos por JÚLIO FAERMAN a PAULO ROBERTO

BUARQUE CARNEIRO e PEDRO JOSÉ BARUSCO FILHO.

Concluiu, em primeiro lugar, que houve

favorecimento ao Grupo SBM, com base nas seguintes

razões: (a) conforme lançado em relatório de auditoria da

lavra da Controladoria-Geral da União, a contratação,

efetivada sob procedimento de dispensa de certame

licitatório prévio, contemplou a realização de ausculta

mercadológica para atendimento às formalidades legalmente

exigíveis quanto à compatibilidade do preço a ser

pactuado com o praticado no mercado; (b) nesta consulta

aos agentes do mercado, restou dimensionado prazo

excessivamente exíguo para manifestação de eventuais

interessados, e que foi mantido, mesmo diante de

protestos de alguns deles; (c) a fixação prazal, a

contemplar a exiguidade exposta, beneficiou sobremaneira

o Grupo SBM, em função de ser o único, naquele momento,

com sede operativa em território brasileiro e que detinha

experiência em contratações semelhantes anteriores –

FPSOs II e ESPADARTE/CIDADE DE ANCHIETA -, em detrimento

dos demais eventuais interessados; (d) a situação da

necessidade da contratação não era motivo para a

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exiguidade do prazo, tendo em vista que sua firmatura

somente se deu cerca de dois meses mais tarde, tendo sido

plenamente possível que se dilatasse o prazo de JFRJ


Fls 1453
propostas, o que garantiria mais ampla representatividade

ao procedimento de ausculta, e anularia o favorecimento;

(d) as dificuldades ostentadas pelos demais interessados,

em função da mencionada exiguiidade, eram de expresso

conhecimento de quem decidiu pela fixação prazal, pois

que o tema foi exposto por interessados; (e) a fixação

prazal, tal como posta, ao passo que beneficiou o Grupo

SBM, reduziu a representatividade do procedimento de

consulta aos agentes do mercado, ferindo princípios

constitucionais regentes das contratações de entes da

Administração; (f) o favorecimento observado é fato

objetivo, derivado das circunstâncias de operação do

Grupo SBM, distintas das pertinentes aos concorrentes, e

não é afastada por considerações quanto à parcela de

mercado detida pelo grupo empresarial ou pela qualidade

de seus produtos, e nem equivale a dizer que, de outra

forma, o grupo empresarial não teria logrado se fazer

contratado; (g) os fatos envolvendo a contratação do FPSO

BRASIL são de todo semelhantes àqueles pertinentes à

contratação do FPSO ESPADARTE/CIDADE DE ANCHIETA, em que

houve pagamentos e favorecimento correlato, tal como

examinado em item sentencial próprio.

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Em seguida, entendeu o Juízo que o

favorecimento observado foi causado pelos pagamentos

feitos a PAULO ROBERTO BUARQUE CARNEIRO e PEDRO JOSÉ JFRJ


Fls 1454
BARUSCO FILHO, tendo sido obra destes dois corréus, pelos

seguintes motivos: (a) em princípio, segundo a observação

do id quod plerumque accidit, pagamentos a funcionários

públicos não costumam ser atos desinteressados; (b) tendo

havido favorecimento ao grupo empresarial comercialmente

representado pelo pagador das vantagens, e tendo sido

aferida positivamente a relação entre estes valores e a

contratação, é isto poderoso indício de que vantagens e

favorecimento foram igualmente relacionados, como causa e

efeito; (c) esta compreensão restou fortalecida pela

constatação de que PAULO ROBERTO BUARQUE CARNEIRO

integrava o órgão que decidiu pela fixação prazal

favorecedora do Grupo SBM, no qual, por sua reconhecida

expertise na tecnologia empregada na contratação,

ostentava posição de ascendência técnica sobre os demais

integrantes do colegiado decisor; (e) a colegialidade não

foi tida por impeditiva à consideração da atuação de

PAULO ROBERTO BUARQUE CARNEIRO como determinante na

produção do favorecimento, pois que, além de sua

ascendência técnica sobre os demais, a vontade do órgão –

que favoreceu o Grupo SBM – foi formada, ao menos

parcialmente, pela contribuição do recebedor das

vantagens; (f) não foi produzida qualquer prova de que

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PAULO ROBERTO BUARQUE CARNEIRO se tivesse posicionado, no

colegiado decisor, em contrário à fixação prazal que

favoreceu o grupo representado comercialmente por JÚLIO JFRJ


Fls 1455
FAERMAN, que lhe pagou valores em conexão à contratação;

(g) a existência de eventuais outros corresponsáveis não

afastaria a contribuição de PAULO ROBERTO BUARQUE

CARNEIRO na formação dos resultados examinados.

No que disse com PEDRO JOSÉ BARUSCO FILHO, o

Juízo entendeu comprovada a ligação entre os valores por

ele recebidos, sua atuação e o favorecimento ao Grupo SBM

pelos seguintes fundamentos, além dos dois primeiros

agitados no parágrafo anterior: (a) PEDRO JOSÉ BARUSCO

FILHO ocupava posição gerencial no órgão da paraestatal

diretamente interessado na contratação em tela, e que

havia postulado aos órgãos diretivos da companhia sua

realização; (b) segundo suas palavras, então transcritas,

PEDRO JOSÉ BARUSCO FILHO exercia posição ascendente

técnica e hierarquicamente sobre os integrantes do órgão

decisor, tida como determinante para a formação do

contrato, tendo sido por ele iniciado o projeto e

“concluído pela sua equipe” (fls. 3572).

Foram, então, abordadas e afastadas diversas

objeções defensivas a estas convicções (fls. 3572/3575),

que restaram mantidas.

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A seguir, no item 2.2.1.3.5 (fls. 3575/3580v.),

o Juízo, fundamentadamente, entendeu que os montantes

pagos por JÚLIO FAERMAN a PAULO ROBERTO BUARQUE CARNEIRO JFRJ


Fls 1456
e PEDRO JOSÉ BARUSCO FILHO ostentavam a natureza de

vantagens indevidas, e que o favorecimento verificado era

resultado direto do acerto que ligava pagador e

recebedores; concluiu ainda o Juízo que o acerto não era

para que se produzisse tão somente o favorecimento em

questão – o único efetivamente comprovado -, mas que era

genérico, no sentido de que os recebedores favorecessem,

onde e quando possível, o Grupo SBM, e, em troca, lhes

seriam franqueados valores, em proporção ao preço

contratual pago pela PETROBRÁS ao Grupo SBM.

Diante desta miríade de elementos, o

embargante, maxima venia concessa, pinça determinado

trecho dos dizeres de PEDRO JOSÉ BARUSCO FILHO e deseja

que o Juízo aclare o porquê de ter concluído em sentido

diverso ao quanto por ele pretendido; ora, a conclusão

está embasada em todos os elementos citados, e nos demais

que se encontram lançados na fundamentação sentencial.

Fácil é ver que, como já dito, não há

aclaramento necessário: o réu entende que o Juízo andou

mal, ao julgar os fatos, e crê que o trecho em questão

desconstituiria todos os demais fundamentos expendidos;

ocorre que esta pretensão não é viavelmente articulável

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em sede de embargos de declaração, devendo ser levada,

por via de apelação, à Instância Superior, para que seja

aferido o acerto ou desacerto sentencial, pelo que, JFRJ


Fls 1457
quanto ao ponto, os embargos serão desprovidos.

II.1.1.1.2. OBSCURIDADE – VALORAÇÃO PROVA –

CARGA PROBANTE – CONCLUSÕES DA CONTROLADORIA-GERAL DA

UNIÃO – ITEM 2.2.1.3.4.

Alegou o embargante que, em determinado trecho

de documento lavrado pela Controladoria-Geral da União,

em que se teria embasado o Juízo para a conclusão de que

teria havido favorecimento ao Grupo SBM em contrapartida

a pagamentos efetuados por JÚLIO FAERMAN a PEDRO JOSÉ

BARUSCO FILHO e PAULO ROBERTO BUARQUE CARNEIRO, o órgão

teria dito que, apesar de ter identificado determinada

falha na condução de procedimento de consulta ao mercado,

prévio à contratação do FPSO BRASIL, não teria

considerado violada a higidez do quanto feito pela

PETROBRÁS; asseverou que isto conflitaria com a postura

judicial, na apreciação do tema, que teria tido por

inidôneo o quanto realizado pela paraestatal, tendo ainda

o Juízo manifestado discordância das conclusões da

Controladoria-Geral da União por entender que o órgão não

teria tido “informações sobre os pagamentos posteriores

recebidos pelo funcionários”.

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Julgou o embargante que “o eventual

conhecimento de pagamentos efetuados aos funcionários, em

momento posterior à conclusão do certame, não conduz JFRJ


Fls 1458
necessariamente à vinculação entre eles e a falha de

procedimento identificada pela CGU. Afinal, na própria r.

sentença, em inúmeros casos, restou reconhecida a

ocorrência de pagamentos sem vinculação a qualquer

contrapartida.” (fls. 3906).

Pediu o aclaramento da “valoração parcial”

(fls. 3907) do quanto exposto no documento da lavra da

Controladoria-Geral da União.

Maxima venia concessa ao Brilhante Defensor,

logo se vê não se estar diante de verdadeira hipótese de

obscuridade – em que haveria incompreensão -: resta

claro, da argumentação tecida, que o embargante, em

realidade, discorda do critério de julgamento e o reputa

equivocado; em suas palavras (fls. 3906): “o eventual

conhecimento de pagamentos efetuados aos funcionários, em

momento posterior à conclusão do certame, não conduz

necessariamente à vinculação entre eles e a falha de

procedimento identificada pela CGU.”; em outras palavras:

discordando do julgamento – nos termos das críticas

expostas -, deseja vê-lo revisto, não se estando, assim,

diante de verdadeira obscuridade.

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De outro norte, fácil é perceber que foram

expostos suficientemente os critérios do Juízo, para

atingimento das conclusões esposadas; vejamos. JFRJ


Fls 1459
No item 2.2.1.3.4. (fls. 3567v./3575), como

visto no tópico decisório anterior, o Juízo examinou se

teria restado comprovado algum favorecimento ao Grupo

SBM, que pudesse ser tido como contrapartida aos

pagamentos feitos por JÚLIO FAERMAN a PAULO ROBERTO

BUARQUE CARNEIRO e PEDRO JOSÉ BARUSCO FILHO.

Concluiu, em primeiro lugar, que houve

favorecimento ao Grupo SBM, com base nas seguintes

razões: (a) conforme lançado em relatório de auditoria da

lavra da Controladoria-Geral da União, a contratação,

efetivada sob procedimento de dispensa de certame

licitatório prévio, contemplou a realização de ausculta

mercadológica para atendimento às formalidades legalmente

exigíveis quanto à compatibilidade do preço a ser

pactuado com as contratações normalmente empreendidas no

âmbito do mercado; (b) nesta consulta aos agentes do

mercado, restou dimensionado prazo excessivamente exíguo

para manifestação de eventuais interessados, e que foi

mantido, mesmo diante de protestos de alguns deles; (c) a

fixação prazal, a contemplar a exiguidade exposta,

beneficiou sobremaneira o Grupo SBM, em função de ser o

único, naquele momento, com sede operativa em território

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brasileiro e que detinha experiência em contratações

semelhantes anteriores – FPSOs II e ESPADARTE/CIDADE DE

ANCHIETA -, em detrimento dos demais interessados; (d) a JFRJ


Fls 1460
situação da necessidade da contratação não era motivo

para a exiguidade do prazo, tendo em vista que sua

firmatura somente se deu cerca de dois meses mais tarde,

tendo sido plenamente possível que se dilatasse o prazo

de propostas, o que garantiria mais ampla competitividade

ao procedimento de ausculta, e anularia o favorecimento;

(d) as dificuldades ostentadas pelos demais interessados

eram de expresso conhecimento de quem decidiu pela

fixação prazal, pois que o tema foi exposto por

interessados; (e) a fixação prazal, tal como posta, ao

passo que beneficiou o Grupo SBM, reduziu a

representatividade do procedimento de ausculta, ferindo

princípios constitucionais regentes das contratações de

entes da Administração; (f) o favorecimento observado é

fato objetivo, derivado das circunstâncias de operação do

Grupo SBM, distintas das pertinentes aos concorrentes, e

não é afastada por considerações quanto à parcela de

mercado detida pelo grupo empresarial ou pela qualidade

de seus produtos, e nem equivale a dizer que, de outra

forma, o grupo empresarial não teria logrado se fazer

contratado; (g) os fatos envolvendo a contratação do FPSO

BRASIL são de todo semelhantes àqueles pertinentes à

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contratação do FPSO ESPADARTE/CIDADE DE ANCHIETA, em que

houve pagamentos e favorecimento correlato.

JFRJ
Em seguida, entendeu o Juízo que o
Fls 1461
favorecimento observado foi causado pelos pagamentos

feitos a PAULO ROBERTO BUARQUE CARNEIRO e PEDRO JOSÉ

BARUSCO FILHO, tendo sido obra destes dois corréus, pelos

seguintes motivos: (a) em princípio, segundo a observação

do id quod plerumque accidit, pagamentos a funcionários

públicos não costumam ser atos desinteressados; (b) tendo

havido favorecimento ao grupo empresarial comercialmente

representado pelo pagador das vantagens, e tendo sido

aferida positivamente a relação entre estes valores e a

contratação, é isto poderoso indício de que vantagens e

favorecimento foram igualmente relacionados, como causa e

efeito; (c) esta compreensão restou fortalecida pela

constatação de que PAULO ROBERTO BUARQUE CARNEIRO

integrava o órgão que decidiu pela fixação prazal

favorecedora do Grupo SBM, no qual, por sua reconhecida

expertise na tecnologia empregada na contratação,

ostentava posição de ascendência técnica sobre os demais

integrantes do colegiado decisor; (e) a colegialidade não

foi tida por impeditiva à consideração da atuação de

PAULO ROBERTO BUARQUE CARNEIRO como determinante na

produção do favorecimento, pois que, além de sua

ascendência técnica sobre os demais, a vontade do órgão –

que favoreceu o Grupo SBM – foi formada, ao menos

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parcialmente, pela contribuição do recebedor das

vantagens; (f) não foi produzida qualquer prova de que

PAULO ROBERTO BUARQUE CARNEIRO se tivesse posicionado, no JFRJ


Fls 1462
colegiado decisor, em contrário à fixação prazal que

favoreceu o grupo representado comercialmente por JÚLIO

FAERMAN, que lhe pagou valores em conexão à contratação;

(g) a existência de eventuais outros corresponsáveis não

afastaria a contribuição de PAULO ROBERTO BUARQUE

CARNEIRO na formação dos resultados examinados.

No que disse com PEDRO JOSÉ BARUSCO FILHO, o

Juízo entendeu comprovada a ligação entre os valores por

ele recebidos, sua atuação e o favorecimento ao Grupo SBM

pelos seguintes fundamentos, além dos dois primeiros

objeto do parágrafo anterior: (a) PEDRO JOSÉ BARUSCO

FILHO ocupava posição gerencial no órgão da paraestatal

diretamente interessado na contratação em tela, e que

havia postulado aos órgãos diretivos da companhia sua

realização; (b) segundo suas palavras, então transcritas,

PEDRO JOSÉ BARUSCO FILHO exercia posição ascendente

técnica e hierarquicamente sobre os integrantes do órgão

decisor, tida como determinante para a formação do

contrato, tendo sido por ele iniciado o projeto e

“concluído pela sua equipe” (fls. 3572).

Esta apreciação se inseriu em um contexto

completado pelo quanto apurado no item 2.2.1.3.5. (fls.

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3575/3580v.), em que, como também exposto no item

anterior, o Juízo, fundamentadamente, entendeu que os

montantes pagos por JÚLIO FAERMAN a PAULO ROBERTO BUARQUE JFRJ


Fls 1463
CARNEIRO e PEDRO JOSÉ BARUSCO FILHO ostentavam a natureza

de vantagens indevidas, e que o favorecimento verificado

era resultado direto do acerto que ligava pagador e

recebedores; concluiu ainda o Juízo que o acerto não era

para que se produzisse tão somente o favorecimento em

questão – o único efetivamente comprovado -, mas que era

genérico, no sentido de que os recebedores favorecessem,

onde e quando possível, o Grupo SBM, e, em troca, lhes

seriam franqueados valores, em proporção ao preço

contratual pago pela PETROBRÁS ao Grupo SBM.

Posto o contexto em que inserido o trecho

mencionado pelo embargante, resta claro que o Juízo, ao

mencionar pedaço de documento da lavra da Controladoria-

Geral da União em que se disse o órgão desprovido de

elementos que indicassem a inidoneidade do procedimento

de ausculta mercadológica, esposou conclusão diversa não

apenas porque houve pagamentos a PEDRO JOSÉ BARUSCO FILHO

e PAULO ROBERTO BUARQUE CARNEIRO, mas pela consideração

das circunstâncias do favorecimento realizado, pela sua

intensidade, pela admitida relação entre pagamentos e

contratação, pelas posições ocupadas por ambos, tudo,

assim, a formar uma torrente de elementos a assinalar que

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pagamentos e favorecimento estavam inextricavelmente

ligados, como causa e efeito.

JFRJ
Além disso, e como visto no item 2.2.1.3.5., a
Fls 1464
circunstância de serem os pagamentos posteriores à

delimitação prazal – no âmbito da consulta ao mercado,

empreendida previamente à contratação direta - foi tida

por desimportante, tendo em vista que o acerto era de

fornecimento genérico, pelos percipientes dos valores,

empregados da PETROBRÁS, de benefícios inespecíficos ao

Grupo SBM no âmbito da contratação, tendo sido o

favorecimento relacionado com a ausculta mercadológica o

único identificado e comprovado, mas não representava a

inteireza do acordo, que, de outro modo, perdurou ao

longo da vigência contratual e em função do qual foram

acertados outros favorecimentos, que, no entanto, não

teve o Juízo por comprovados, tendo, de outro lado, sido

mantidos os pagamentos enquanto vigente o contrato.

De mais a mais, não é verdadeiro, cum permissa,

que a sentença tenha tido por “reconhecida a ocorrência

de pagamentos sem vinculação a qualquer contrapartida”

(fls. 3906); em alguns casos nos quais o Juízo entendeu

comprovados atos de corrupção, nos quais, em que pese a

alegação ministerial de ter havido contrapartida, dos

funcionários públicos - por meio de distorção de suas

atuações funcionais em prol dos representados

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comercialmente pelos pagadores de vantagens -, julgou-se

incomprovadas tais contrapartidas; e, em outros casos,

não chegaram a ser imputadas contrapartidas por JFRJ


Fls 1465
efetivamente ocorrentes.

Isto, entretanto, não desnatura o acordo:

valores prometidos e pagos em troca de favorecimentos aos

comercialmente representados pelos pagadores de

vantagens.

É o que sucedeu no caso das contratações

referentes ao FPSO MARLIM SUL – tal como apreciado nos

itens 2.2.1.4.3./2.2.1.4.4. (fls. 3597/3602v.) -, às

monoboias da PRA-1 – como elucidado nos itens

2.2.1.6.4./2.2.1.6.5. (fls. 3647/3653) – e à construção,

aquisição e operação da embarcação FPSO P-57 – como visto

nos itens 2.2.1.8.3/2.2.1.8.4. (fls. 3696v./3702v.).

O único caso em que o Juízo entendeu que não

havia contrapartidas acordadas foi justamente aquele em

que se teve por incomprovado ato de corrupção da parte da

embargante, diante de quadro de dúvida objetiva quanto à

possibilidade de que, junto de LUÍS EDUARDO CAMPOS

BARBOSA DA SILVA, tenha sido alvo de conduta extorsiva da

parte de PEDRO JOSÉ BARUSCO FILHO, e cuja ordem

possivelmente teria partido de determinado grupo político

que, à época, controlava a cúpula da Administração

Federal: o episódio envolvendo pedido de numerário

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indicado como destinado à cobertura de gastos eleitorais

do PARTIDO DOS TRABALHADORES, no ano de 2010 – item

2.2.1.10 (fls. 3741/3755). JFRJ


Fls 1466
Reafirmo, portanto, a conclusão já exposta

linhas acima: as razões do convencimento foram

devidamente apresentadas, ao entender o Juízo pela

ocorrência de contrapartida, da parte de PAULO ROBERTO

BUARQUE CARNEIRO e PEDRO JOSÉ BARUSCO FILHO e

relativamente aos valores de vantagens indevidas que lhes

foram pagos por JÚLIO FAERMAN, com vinculação à

contratação do FPSO BRASIL e que representou

favorecimento indevido ao Grupo SBM, no âmbito de

procedimentos prévios à pactuação da avença.

Conseguintemente, quanto ao ponto em apreço, os

embargos serão desprovidos.

II.1.11..3. CONTRADIÇÃO – FUNDAMENTAÇÃO E PROVA

EMBASADORA – “SUBVERSÃO” DE DECLARAÇÕES DE PEDRO JOSÉ

BARUSCO FILHO – ITENS 2.2.1.2.4., 2.2.1.3.4. E 2.2.1.7.4.

O embargante argumentou que o Juízo - na

exposição da ancoragem de seu convencimento, ao concluir

pela existência de liame entre pagamentos por ele feitos

a PEDRO JOSÉ BARUSCO FILHO e atuação positiva deste no

sentido de beneficiar o grupo empresarial pelo embargante

representado - teria empregado determinados trechos de

dizeres do próprio PEDRO JOSÉ BARUSCO FILHO; contudo, a

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seu sentir, “os textos citados (...) não condizem com a

acepção que lhes é atribuída” (fls. 3912), pois que PEDRO

JOSÉ BARUSCO FILHO teria apresentado declarações no JFRJ


Fls 1467
sentido de que “teria favorecido a SBM” “motivado pela

capacidade técnica da empresa, jamais por qualquer

pagamento” (fls. 3912); requereu, em consequência, o

aclaramento da “contradição entre os trechos mencionados

da r. sentença” (fls. 3912).

De plano, ao se analisar a argumentação, data

maxima venia, percebe-se cristalina a discordância com o

critério de julgamento, pois que entende o embargante que

os trechos transcritos dos dizeres de PEDRO JOSÉ BARUSCO

FILHO não teriam o teor exposto pelo Juízo; em outras

palavras, entende o embargante que o Juízo valorou

equivocadamente a prova, e, portanto, julga que o

resultado da apreciação deveria ser outro.

Não há contradição – que ocorreria se dois

trechos da fundamentação contivessem argumentação ou

conclusões em sentidos opostos e mutuamente excludentes -

, pois não há incompreensão do julgado, pela simples

constatação de que a discordância – tal como externada,

em realidade, pelo embargante – pressupõe conhecimento e

apreensão do objeto de análise – in casu, o julgado

recorrido.

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Afinal, não é possível discordar daquilo que

não se compreende.

JFRJ
A única contradição existente – e isto já se
Fls 1468
depreende do próprio título do pertinente tópico recursal

“II.3” (fls. 3907) – é entre a apreciação judicial

sentencial, empreendida nos itens mencionados, e aquela

que o embargante entende seria adequada; tout court,

portanto, já deveriam ser inacolhidos os aclaratórios;

mas há mais.

No item 2.2.1.2.4. (fls. 3536v./3543v.), foi

apreciada a existência de favorecimento ao Grupo SBM,

como contrapartida aos pagamentos feitos por JÚLIO

FAERMAN a PAULO ROBERTO BUARQUE CARNEIRO e PEDRO JOSÉ

BARUSCO FILHO, em conexão à contratação da embarcação

FPSO ESPADARTE/CIDADE DE ANCHIETA; foi externada

conclusão, em primeiro lugar, de que houve favorecimento

ao Grupo SBM, com base nas seguintes razões: (a) conforme

lançado em relatório de auditoria da lavra da

Controladoria-Geral da União, o prazo para entrega de

propostas por interessados, no âmbito da licitação que

precedeu a contratação pertinente ao FPSO

ESPADARTE/CIDADE DE ANCHIETA, foi fixado de forma

excessivamente exígua, e, diante de pedidos de vários dos

licitantes, no sentido de se promover dilação prazal,

esta foi concedida, mas em patamar muito aquém do quanto

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pedido, e mesmo do quanto praticado em diversos outros

certames, com objetos semelhantes; (b) ainda no relatório

da Controladoria-Geral da União, foi afastada a JFRJ


Fls 1469
possibilidade de que a dilação prazal, tal como

autorizada, tenha sido resultado de circunstâncias do

certame ou da contratação; (c) a dilação prazal, tal como

deferida, beneficiou sobremaneira o Grupo SBM, em função

de ser, naquele momento, o único interessado com sede

operativa em território brasileiro, em detrimento dos

demais licitantes; (d) as dificuldades ostentadas pelos

demais interessados eram de expresso conhecimento de quem

decidiu pela dilação prazal, pois que o tema foi exposto

por licitantes; (e) a dilação prazal, tal como

autorizada, ao passo que beneficiou o Grupo SBM, reduziu

a competitividade do certame, ferindo princípios

constitucionais regentes das contratações de entes da

Administração; (f) o favorecimento observado é fato

objetivo, derivado das circunstâncias de operação do

Grupo SBM, distintas das pertinentes aos concorrentes, e

não é afastada por considerações quanto à parcela de

mercado detida pelo grupo empresarial ou pela qualidade

de seus produtos, e nem equivale a dizer que, de outra

forma, o grupo empresarial não teria se sagrado vencedor

do certame.

Em seguida, entendeu o Juízo que o

favorecimento observado foi causado pelos pagamentos

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feitos a PAULO ROBERTO BUARQUE CARNEIRO e PEDRO JOSÉ

BARUSCO FILHO, tendo sido obra destes dois corréus, pelos

seguintes motivos: (a) em princípio, segundo a observação JFRJ


Fls 1470
do id quod plerumque accidit, pagamentos a funcionários

públicos não costumam ser atos desinteressados; (b) tendo

havido favorecimento ao grupo empresarial comercialmente

representado pelo pagador das vantagens, e tendo sido

aferida positivamente a relação entre estes valores e a

contratação, é isto poderoso indício de que vantagens e

favorecimento foram igualmente relacionados, como causa e

efeito; (c) esta compreensão restou fortalecida pela

constatação de que PAULO ROBERTO BUARQUE CARNEIRO

integrava o órgão que decidiu pela dilação prazal

favorecedora do Grupo SBM, no qual, por sua reconhecida

expertise na tecnologia empregada na contratação,

ostentava posição de ascendência técnica sobre os demais

integrantes do colegiado decisor; (e) a colegialidade não

foi tida por impeditiva à consideração da atuação de

PAULO ROBERTO BUARQUE CARNEIRO como determinante na

produção do favorecimento, pois que, além de sua

ascendência técnica sobre os demais, a vontade do órgão –

que favoreceu o Grupo SBM – foi formada, ao menos

parcialmente, pela contribuição do recebedor das

vantagens; (f) não foi produzida qualquer prova de que

PAULO ROBERTO BUARQUE CARNEIRO se tivesse posicionado, no

colegiado decisor, em contrário à dilação prazal que

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favoreceu o grupo representado comercialmente por JÚLIO

FAERMAN, que lhe pagou valores em conexão à contratação.

No que disse com PEDRO JOSÉ BARUSCO FILHO, o JFRJ


Fls 1471
Juízo entendeu comprovada a ligação entre os valores por

ele recebidos, sua atuação e o favorecimento ao Grupo SBM

pelos seguintes fundamentos, além dos dois primeiros

fundamentos lançados no parágrafo anterior: (a) PEDRO

JOSÉ BARUSCO FILHO ocupava posição gerencial no órgão da

paraestatal diretamente interessado na contratação em

tela, e que havia postulado aos órgãos diretivos da

companhia sua realização; (b) segundo suas palavras,

então transcritas, PEDRO JOSÉ BARUSCO FILHO se havia

empenhado, no exercício de sua posição ascendente técnica

e hierarquicamente sobre os integrantes do órgão decisor,

no sentido de que se sagrasse vencedor o Grupo SBM.

Especificamente quanto aos dizeres de PEDRO

JOSÉ BARUSCO FILHO, foi tido pelo Juízo que, apesar de

certa obliquidade, houve admissão de favorecimento; note-

se que, no trecho transcrito pelo próprio embargante, em

seu recurso (fls. 3907/3908), após as parcelas

sublinhadas pela D. Defesa, foi dito textualmente por

PEDRO JOSÉ BARUSCO FILHO – em parcela de seu relato

também transcrita pelo Juízo na fundamentação vergastada

(fls. 3540) -:

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“Então, não é porque, vamos dizer, que

eu receberia vantagem indevida ou porque

eu poderia receber vantagem indevida que


JFRJ
eu estava apoiando, porque se não é um Fls 1472
tiro no próprio peito, a gente defender

uma solução técnica, uma solução que é

ruim para a companhia, aí a gente tem

vida curta, porque o projeto... A gente

está fazendo uma coisa errada. Então,

quer dizer, para nós até era fácil de

defender a SBM, porque realmente ela era

a melhor alternativa, tinha excelência

na execução dos trabalhos, então era

muito fácil defender a SBM, e, ao mesmo

tempo, teria, vamos dizer, a vantagem

indevida, era por ser uma confluência

para nós de coisas boas, estávamos

defendendo a opção certa para a

companhia e também, ao final, a gente

poderia ter uma participação na comissão

do representante, né?”

Note-se que, em que pese a obliquidade dos

dizeres, a parcela acima apontada foi tida pelo Juízo

como condizente com o restante da apreciação empreendida

no item 2.2.1.2.4., indicando, irretorquivelmente e em

atenção à globalidade dos elementos de convicção, que a

motivação do agir de PEDRO JOSÉ BARUSCO FILHO, assim como

havia sido com PAULO ROBERTO BUARQUE CARNEIRO, foi a

promessa e posteriores recebimentos de vantagens

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indevidas franqueadas por JÚLIO FAERMAN, representante

comercial do grupo empresarial favorecido.

JFRJ
Se, contudo, o embargante crê que as parcelas
Fls 1473
por ele ressaltadas dos dizeres de PEDRO JOSÉ BARUSCO

FILHO desfazem as conclusões judiciais, deve manejar o

recurso próprio, para que a Instância Superior avalie o

acerto ou desacerto do ato sentencial, não havendo,

contudo, como se acolher sua pretensão de rediscutir o

julgado por meio da oposição de embargos de declaração.

Já no item 2.2.1.3.4. (fls. 3567v./3575) –

também objeto deste tópico recursal -, como visto no item

decisório anterior, o Juízo examinou se teria restado

comprovado algum favorecimento ao Grupo SBM, que pudesse

ser tido como contrapartida aos pagamentos feitos por

JÚLIO FAERMAN a PAULO ROBERTO BUARQUE CARNEIRO e PEDRO

JOSÉ BARUSCO FILHO, em conexão à contratação da

embarcação FPSO BRASIL.

Concluiu, em primeiro lugar, que houve

favorecimento ao Grupo SBM, com base nas seguintes

razões: (a) conforme lançado em relatório de auditoria da

lavra da Controladoria-Geral da União, a contratação,

efetivada sob procedimento de dispensa de certame

licitatório prévio, contemplou a realização de ausculta

mercadológica para atendimento às formalidades legalmente

exigíveis quanto à compatibilidade do preço a ser

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pactuado com o quanto praticado em contratações

semelhantes, naquele segmento mercadológico; (b) nesta

consulta aos agentes do mercado, restou dimensionado JFRJ


Fls 1474
prazo excessivamente exíguo para manifestação de

eventuais interessados, e que foi mantido, mesmo diante

de protestos de alguns deles; (c) a fixação prazal, a

contemplar a exiguidade exposta, beneficiou sobremaneira

o Grupo SBM, em função de ser o único, naquele momento,

com sede operativa em território brasileiro e que detinha

experiência em contratações semelhantes anteriores –

FPSOs II e ESPADARTE/CIDADE DE ANCHIETA -, em detrimento

dos demais interessados; (d) a situação da necessidade da

contratação não era motivo para a exiguidade do prazo,

tendo em vista que sua firmatura somente se deu cerca de

dois meses mais tarde, tendo sido plenamente possível que

se dilatasse o prazo de propostas, o que garantiria mais

ampla competitividade ao procedimento de ausculta, e

anularia o favorecimento; (d) as dificuldades ostentadas

pelos demais interessados eram de expresso conhecimento

de quem decidiu pela fixação prazal, pois que o tema foi

exposto por respondentes do chamamento; (e) a fixação

prazal, tal como posta, ao passo que beneficiou o Grupo

SBM, reduziu a representatividade mercadológica do

procedimento de ausculta, ferindo princípios

constitucionais regentes das contratações de entes da

Administração; (f) o favorecimento observado é fato

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objetivo, derivado das circunstâncias de operação do

Grupo SBM, distintas das pertinentes aos concorrentes, e

não é afastada por considerações quanto à parcela de JFRJ


Fls 1475
mercado detida pelo grupo empresarial ou pela qualidade

de seus produtos, e nem equivale a dizer que, de outra

forma, o grupo empresarial não teria logrado se fazer

contratado; (g) os fatos envolvendo a contratação do FPSO

BRASIL são de todo semelhantes àqueles pertinentes à

contratação do FPSO ESPADARTE/CIDADE DE ANCHIETA, em que

houve pagamentos e favorecimento correlato.

Em seguida, entendeu o Juízo que o

favorecimento observado foi causado pelos pagamentos

feitos a PAULO ROBERTO BUARQUE CARNEIRO e PEDRO JOSÉ

BARUSCO FILHO, tendo sido obra destes dois corréus, pelos

seguintes motivos: (a) em princípio, segundo a observação

do id quod plerumque accidit, pagamentos a funcionários

públicos não costumam ser atos desinteressados; (b) tendo

havido favorecimento ao grupo empresarial comercialmente

representado pelo pagador das vantagens, e tendo sido

aferida positivamente a relação entre estes valores e a

contratação, é isto poderoso indício de que vantagens e

favorecimento foram igualmente relacionados, como causa e

efeito; (c) esta compreensão restou fortalecida pela

constatação de que PAULO ROBERTO BUARQUE CARNEIRO

integrava o órgão que decidiu pela fixação prazal

favorecedora do Grupo SBM, no qual, por sua reconhecida

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expertise na tecnologia empregada na contratação,

ostentava posição de ascendência técnica sobre os demais

integrantes do colegiado decisor; (e) a colegialidade não JFRJ


Fls 1476
foi tida por impeditiva à consideração da atuação de

PAULO ROBERTO BUARQUE CARNEIRO como determinante na

produção do favorecimento, pois que, além de sua

ascendência técnica sobre os demais, a vontade do órgão –

que favoreceu o Grupo SBM – foi formada, ao menos

parcialmente, pela contribuição do recebedor de

vantagens; (f) não foi produzida qualquer prova de que

PAULO ROBERTO BUARQUE CARNEIRO se tivesse posicionado, no

colegiado decisor, em contrário à fixação prazal que

favoreceu o grupo representado comercialmente por JÚLIO

FAERMAN, que lhe pagou valores em conexão à contratação;

(g) a existência de eventuais outros corresponsáveis não

afastaria a contribuição de PAULO ROBERTO BUARQUE

CARNEIRO na formação dos resultados examinados.

No que disse com PEDRO JOSÉ BARUSCO FILHO, o

Juízo entendeu comprovada a ligação entre os valores por

ele recebidos, sua atuação e o favorecimento ao Grupo SBM

pelos seguintes fundamentos, além dos dois primeiros

objeto do parágrafo anterior: (a) PEDRO JOSÉ BARUSCO

FILHO ocupava posição gerencial no órgão da paraestatal

diretamente interessado na contratação em tela, e que

havia postulado aos órgãos diretivos da companhia sua

realização; (b) segundo suas palavras, então transcritas,

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PEDRO JOSÉ BARUSCO FILHO manejava posição ascendente

técnica e hierarquicamente sobre os integrantes do órgão

decisor, que foi tida como determinante para a formação JFRJ


Fls 1477
do contrato, tendo sido por ele iniciado o projeto e

“concluído pela sua equipe” (fls. 3572).

Esta apreciação se inseriu em um contexto

completado pelo quanto apurado no item 2.2.1.3.5. (fls.

3575/3580v.), em que, como também exposto no item

anterior, o Juízo, fundamentadamente, entendeu que os

montantes pagos por JÚLIO FAERMAN a PAULO ROBERTO BUARQUE

CARNEIRO e PEDRO JOSÉ BARUSCO FILHO ostentavam a natureza

de vantagens indevidas, e que o favorecimento verificado

era resultado direto do acerto que ligava pagador e

recebedores; concluiu ainda o Juízo que o acerto não era

para que se produzisse tão somente o favorecimento

cogitado – o único efetivamente comprovado -, mas que era

genérico, no sentido de que os recebedores favorecessem,

onde e quando possível, o Grupo SBM, e, em troca, lhes

seriam franqueados valores, em proporção ao preço

contratual pago pela PETROBRÁS ao Grupo SBM.

Fácil é ver que as palavras de PEDRO JOSÉ

BARUSCO FILHO – considerada e notada certa obliquidade -

foram apenas um dos elementos que embasaram as conclusões

judiciais, tendo sido empreendida a análise do substrato

probante em sua globalidade.

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O embargante crê que os trechos do relato por

ele destacados (fls. 3909/3910) desfariam toda a

argumentação acima arrolada; se é assim, aqui também, JFRJ


Fls 1478
deve manejar o recurso próprio, apto a provocar a

Instância Superior a apreciar o acerto ou desacerto

sentencial, não o podendo pretender através do manejo de

embargos de declaração, em que alegada inexistente

contradição.

Já no tópico 2.2.1.7.4 (fls. 3671/3674v.), foi

apreciada a ocorrência de favorecimento ao Grupo SBM, em

conexão à contratação do turret da embarcação P-53, tendo

sido externada conclusão positiva, com fundamento nas

seguintes razões: (a) conforme dizeres extrajudiciais de

PEDRO JOSÉ BARUSCO FILHO, este admitiu que se envolveu no

certame, “lutando pela vitória da SBM no contrato” (fls.

3671); em harmonia, foi apresentado o teor do quanto dito

por PEDRO JOSÉ BARUSCO FILHO, quando judicialmente

interrogado e expôs que repassou indevidamente

informações ao Grupo SBM, no curso do certame, acerca da

proposta de concorrentes, para que se sagrasse vencedor;

(c) a alegação de JÚLIO FAERMAN e de LUÍS EDUARDO CAMPOS

BARBOSA DA SILVA, no sentido de que o repasse de

informações nada teria tido de clandestino, ou de

violador das normas regentes, foi devidamente rechaçada,

eis que desfez as condições de assimetria informacional

entre ente licitante e interessados, que é pressuposto da

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condução do certame e contribui para o atingimento de

contratação vantajosa, sob pena de incidência do chamado

“efeito âncora”, tendo ainda sido tido por certo que a JFRJ
Fls 1479
clandestinidade do repasse de informações resultou do

relato de PEDRO JOSÉ BARUSCO FILHO; (d) com as

informações indevidamente repassadas por PEDRO JOSÉ

BARUSCO FILHO, postura que este não teve em relação a

outros concorrentes, o Grupo SBM esteve em posição

privilegiada para melhorar sua proposta e sagrar-se

vencedor; (e) esta posição de privilégio, advinda de

informações não detidas por outros, é constatação de

cunho objetivo, indiferente à qualidade dos produtos ou

serviços do Grupo SBM, seus preços, posição mercadológica

ou predicados outros, nem equivale a dizer que, acaso

inexistente o sobredito favorecimento, não teria o grupo

empresarial aptidão para vencer licitações da paraestatal

brasileira.

Na sequência, o Juízo expôs as razões de

entender que o favorecimento foi resultado dos pagamentos

acordados com PEDRO JOSÉ BARUSCO FILHO, eis que por ele

mesmo admitido.

Quanto aos trechos de suas palavras sublinhadas

pelo embargante (fls. 3911/3912), maxima venia concessa,

não desfazem estas considerações; importante salientar

que, aqui também, há certa obliquidade nas palavras de

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PEDRO JOSÉ BARUSCO FILHO, que parece achar que os

predicados do Grupo SBM afastariam a ilicitude de seu

agir, ao favorecê-lo em um contexto de recebimento de JFRJ


Fls 1480
vantagens indevidas, o que, contudo, não pode prosperar.

Seja como for, após os trechos sublinhados pelo

embargante, há outro que bem exemplifica esta crença de

PEDRO JOSÉ BARUSCO FILHO, mas que bem indica a relação

entre a paga e o favorecimento admitido, ainda que creia

o então interrogado não ter sido o montante por ele

recebido o fator determinante para a vitória no certame

(fls. 3671v.):

“Então, é o que eu digo, foi uma

oportunidade que a gente teve de

defender uma posição técnica que a gente

acreditava ser melhor e também tinha a

questão indevida, mas o preço, o valor

do contrato, foi, ao final das contas,

essa que foi a informação, falou: não

vamos fechar se não for mais baixo. Quer

dizer, houve uma passagem de informação

de um lado para o outro, para a SBM

compor um preço que fosse o mais

barato.”

Note-se que, em que pese a obliquidade dos

dizeres, a parcela acima apontada foi tida pelo Juízo

como condizente com o restante da apreciação empreendida

no item 2.2.1.7.4., indicando, irretorquivelmente e tudo

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em seu conjunto, que a motivação do agir de PEDRO JOSÉ

BARUSCO FILHO foi a promessa e posteriores recebimentos

de vantagens indevidas franqueadas por JÚLIO FAERMAN, JFRJ


Fls 1481
representante comercial do grupo empresarial favorecido.

Se, contudo, o embargante crê que as parcelas

por ele sublinhadas dos dizeres de PEDRO JOSÉ BARUSCO

FILHO desfazem as conclusões judiciais, deve manejar o

recurso próprio, para que a Instância Superior avalie o

acerto ou desacerto do ato sentencial, não havendo,

contudo, como se acolher sua pretensão de rediscutir o

julgado por meio da oposição de embargos de declaração.

Conseguintemente, quanto ao ponto em apreço, os

embargos serão desprovidos.

II.1.1.1.4. OBSCURIDADE – TRATAMENTO DE

ELEMENTOS DE PROVA – PARÂMETROS DE VALORAÇÃO DE DADOS

PRODUZIDOS PELA CONTROLADORIA-GERAL DA UNIÃO E PELA

PETROBRÁS – ITENS 2.2.1.2.4., 2.2.1.3.4. E 2.2.1.5.3.

O embargante afirmou que o Juízo teria, nos

tópicos acima indicados, utilizado conclusões esposadas

pela Controladoria-Geral da União, no sentido da

existência de irregularidades em certames realizados pela

PETROBRÁS, valorando positivamente os achados sob a

fundamentação de que sua apreensão não demandaria

expertise técnica; articulou que, na sequência, ao

refutar conclusões de órgão de apuração, constituído no

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âmbito interno da paraestatal, o Juízo o teria feito sob

fundamento de que este último não deteria expertise

investigatória ou poderes próprios de órgãos JFRJ


Fls 1482
persecutórios.

Aduziu o embargante que, se os dados

identificados pela Controladoria-Geral da União não

exigiriam expertise técnica – quando bastaria “a leiga

análise de documentos” -, “não se ostenta compreensível,

com todo respeito, a razão pela qual a Comissão Interna

de Apuração, órgão fiscalizador da Petrobrás e

especializado na matéria investigada, seria incapacitado

de alcançar conclusões idôneas. É de se ressaltar que a

CGU não detém os aludidos poderes investigatórios, não

obstante esta característica não tenha sido sopesada”

(fls. 3915).

Pediu fosse “aclarado o fundamento para a

ausência de valoração sobre as conclusões alcançadas pela

Comissão de Apuração Interna da Petrobrás” (fls. 3915).

Maxima venia concessa, aqui também se percebe

que não há, em realidade, qualquer obscuridade – que,

como já dito múltiplas vezes, pressupõe incompreensão do

ato guerreado -, mas apenas discordância do critério

decisório adotado; em outras palavras: o embargante

entende que foi inadequada a valoração judicial das

conclusões esposadas pela Controladoria-Geral da União,

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sob o fundamento de desnecessidade de conhecimento acerca

do mercado de óleo e gás, concomitantemente à compreensão

externada pelo Juízo, de que a Comissão de Apuração JFRJ


Fls 1483
constituída pela PETROBRÁS não detinha expertise

investigatória ou poderes mais amplos de apuração, e, por

isso, não detectou as ilicitudes aferidas no ato

guerreado.

Sua alegação de que a situação “não se ostenta

compreensível” busca recobrir sua discordância, cum

permissa, travestindo-a de hipótese de embargabilidade, o

que, contudo, não pode prosperar, dado o regime

restritivo dos aclaratórios, quadro, por si só,

condutível ao inacolhimento do recurso manejado.

De mais a mais, as conclusões judiciais – e os

fundamentos em que se assentam – são perfeitamente

compreensíveis, não havendo qualquer obscuridade, como

passo a expor.

No item 2.2.1.2.4. (fls. 3536v./3543v.), o

Juízo examinou se teria restado comprovado algum

favorecimento ao Grupo SBM, que pudesse ser tido como

contrapartida aos pagamentos feitos por JÚLIO FAERMAN a

PAULO ROBERTO BUARQUE CARNEIRO e PEDRO JOSÉ BARUSCO

FILHO, correlatamente à contratação da embarcação FPSO

ESPADARTE/CIDADE DE ANCHIETA.

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Concluiu, em primeiro lugar, que houve

favorecimento ao Grupo SBM, com base nas seguintes

razões: (a) conforme lançado em relatório de auditoria da JFRJ


Fls 1484
lavra da Controladoria-Geral da União, o prazo para

entrega de propostas por interessados, no âmbito da

licitação que precedeu a contratação pertinente ao FPSO

ESPADARTE/CIDADE DE ANCHIETA, foi fixado de forma

excessivamente exígua, e, diante de pedidos de vários dos

licitantes, no sentido de se promover dilação prazal,

esta foi concedida, mas em patamar muito aquém do quanto

pedido, e mesmo em relação ao praticado em diversos

outros certames, com objetos semelhantes; (b) ainda no

relatório da Controladoria-Geral da União foi afastada a

possibilidade de que a dilação prazal, tal como

autorizada, tenha sido resultado de circunstâncias do

certame ou da contratação; (c) a dilação prazal, tal como

deferida, beneficiou sobremaneira o Grupo SBM, em função

de ser o único, naquele momento, com sede operativa em

território brasileiro, em detrimento dos demais eventuais

interessados; (d) as dificuldades ostentadas pelos demais

interessados eram de expresso conhecimento de quem

decidiu pela dilação prazal, pois que o tema foi exposto

por licitantes; (e) a dilação prazal, tal como

autorizada, ao passo que beneficiou o Grupo SBM, reduziu

a competitividade do certame, ferindo princípios

constitucionais regentes das contratações de entes da

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Administração; (f) o favorecimento observado é fato

objetivo, derivado das circunstâncias de operação do

Grupo SBM, distintas das pertinentes aos concorrentes, e JFRJ


Fls 1485
não é afastado por considerações quanto à parcela de

mercado detida pelo grupo empresarial ou pela qualidade

de seus produtos, e nem equivale a dizer que, de outra

forma, o grupo empresarial não teria se sagrado vencedor

do certame.

Em seguida, entendeu o Juízo que o

favorecimento observado foi causado pelos pagamentos

feitos a PAULO ROBERTO BUARQUE CARNEIRO e PEDRO JOSÉ

BARUSCO FILHO, tendo sido obra destes dois corréus, pelos

seguintes motivos: (a) em princípio, segundo a observação

do id quod plerumque accidit, pagamentos a funcionários

públicos não costumam ser atos desinteressados; (b) tendo

havido favorecimento ao grupo empresarial comercialmente

representado pelo pagador das vantagens, e tendo sido

aferida positivamente a relação entre estes valores e a

contratação, é isto poderoso indício de que vantagens e

favorecimento foram igualmente relacionados, como causa e

efeito; (c) esta compreensão restou fortalecida pela

constatação de que PAULO ROBERTO BUARQUE CARNEIRO

integrava o órgão que decidiu pela dilação prazal

favorecedora do Grupo SBM, no qual, por sua reconhecida

expertise na tecnologia empregada na contratação,

ostentava posição de ascendência técnica sobre os demais

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integrantes do colegiado decisor; (e) a colegialidade não

foi tida por impeditiva à consideração da atuação de

PAULO ROBERTO BUARQUE CARNEIRO como determinante na JFRJ


Fls 1486
produção do favorecimento, pois que, além de sua

ascendência técnica sobre os demais, a vontade do órgão –

que favoreceu o Grupo SBM – foi formada, ao menos

parcialmente, pela contribuição do recebedor das

vantagens; (f) não foi produzida qualquer prova de que

PAULO ROBERTO BUARQUE CARNEIRO se tivesse posicionado, no

colegiado decisor, em contrário à dilação prazal que

favoreceu o grupo representado comercialmente por JÚLIO

FAERMAN, que lhe pagou valores em conexão à contratação.

No que disse com PEDRO JOSÉ BARUSCO FILHO, o

Juízo entendeu comprovada a ligação entre os valores por

ele recebidos, sua atuação e o favorecimento ao Grupo SBM

pelos seguintes fundamentos, além dos dois primeiros

expostos no parágrafo anterior: (a) PEDRO JOSÉ BARUSCO

FILHO ocupava posição gerencial no órgão da paraestatal

diretamente interessado na contratação em tela, e que

havia postulado aos órgãos diretivos da companhia sua

realização; (b) segundo suas palavras, então transcritas,

PEDRO JOSÉ BARUSCO FILHO se havia empenhado, no exercício

de sua posição ascendente técnica e hierarquicamente

sobre os integrantes do órgão decisor, no sentido de que

se sagrasse vencedor o Grupo SBM.

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Foram, então, abordadas e afastadas diversas

objeções defensivas a estas convicções (fls.

3541/3543v.), que restaram mantidas; dentre estas JFRJ


Fls 1487
alegações, estava a de que os trabalhos da Controladoria-

Geral da União tratariam “de situação hipotética

(futurologia), suscitada por membros que não possuem

expertise no mercado de óleo e gás.” (fls. 3184),

deduzida por algumas vezes, nos memoriais do embargante.

O Juízo, então (fls. 3541/3541v.), após

externar convicção de que o favorecimento detectado –

dilação prazal insuficiente a assegurar a competitividade

do certame, em proveito do Grupo SBM e em correlato

prejuízo de todos os demais licitantes – era fato

objetivo, fez consignar (fls. 3451v.) que “não há

qualquer necessidade de que se goze de expertise sobre o

mercado de óleo e gás para se detectar que, no âmbito de

uma licitação, foi promovida limitação prazal, o que,

aliado a outras circunstâncias, reduziu o caráter

competitivo do certame, em benefício de determinado

interessado, que, alfim, restou vencedor e contratado”.

A seguir, o Juízo apreciou outra alegação

deduzida pelas DD. Defesas de JÚLIO FAERMAN e PAULO

ROBERTO BUARQUE CARNEIRO: no sentido de que as

testemunhas ouvidas, ao longo da instrução criminal,

teriam sido categóricas em afastar a ocorrência de

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quaisquer irregularidades nas licitações tratadas na ação

penal – dentre as quais aquela condizente com a

contratação da embarcação FPSO ESPADARTE/CIDADE DE JFRJ


Fls 1488
ANCHIETA.

Ao fazê-lo (fls. 3541v./3543), o Juízo concluiu

que esta exoneração não era extraível dos relatos

testemunhais colhidos em Juízo: alguns – Maurício da

Justa Albano Aratanha e Marco Antônio Madalena -, por não

terem tido qualquer contato com a contratação então em

apreciação – pertinente ao FPSO ESPADARTE/CIDADE DE

ANCHIETA – e outros, membros da Comissão Interna de

Apuração da PETROBRÁS – Nilton Antônio de Almeida Maia e

Pedro Aramis de Lima Arruda -, porque prestaram relatos

que não afastavam as conclusões judiciais.

Quanto a estes dois últimos, o Juízo verificou,

com base em seus expressos dizeres, que integraram

Comissão Interna de Apuração da PETROBRÁS “inicialmente

instaurada para aferição do conteúdo de certa informação

divulgada via internet, de que empregados da PETROBRÁS

teriam recebido propinas, mas que, no âmbito das

limitações inerentes a um labor como este, interno à

sociedade de economia mista, não teria sido detectada

qualquer irregularidade” (fls. 3542).

A seguir, o Juízo, após transcrever trechos

pertinentes dos depoimentos, entendeu que a conclusão da

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comissão – que apurou pagamento e recebimento de

propinas, ao contrário da Controladoria-Geral da União,

que empreendeu auditoria de procedimentos licitatórios e JFRJ


Fls 1489
contratos -, no sentido de não terem sido identificadas

irregularidades, se justificava porque: (a) o órgão

apurador não dispunha de expertise de investigação – e

não quanto ao mercado de óleo e gás, considerada

desnecessária para o atingimento das conclusões esposadas

pela Controladoria-Geral da União, em sua auditoria de

procedimentos licitatórios e contratos – nem poderes de

apuração afetos aos encarregados da persecutio criminis

in iudicio; (b) não dispunham os membros da comissão da

informação de que JÚLIO FAERMAN, representante comercial

do grupo empresarial favorecido com a dilação prazal

antes identificada, havia pago vantagens indevidas a

PAULO ROBERTO BUARQUE CARNEIRO e PEDRO JOSÉ BARUSCO

FILHO, ocupantes de posições, na estrutura da

paraestatal, diretamente relacionadas com a licitação e

sua subsequente contratação; (b) se a dilação prazal

insuficiente, por si só, não seria indicativo cabal de

ilicitude, esta circunstância, conectada aos pagamentos

apontados no item anterior, adquire significado de firme

assinalamento da ilicitude em apreciação.

O Juízo ainda consignou que, mesmo não tendo

sido identificadas irregularidades, a Comissão Interna de

Apuração detectou estranhezas, indicativas de ilicitudes:

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(a) pagamentos de comissões, pelo grupo empresarial, a

JÚLIO FAERMAN por meio do emprego de contas registradas

em nome de sociedades offshore, no exterior, e com as JFRJ


Fls 1490
quais não possuía contratos; e (b) posse, por parte do

grupo empresarial, de documentos internos sigilosos da

PETROBRÁS.

Aferiu ainda que, segundo os depoimentos dos

integrantes do órgão de apuração, em função de tal

quadro, foram os achados remetidos justamente aos órgãos

de controle – Ministério Público Federal e Controladoria-

Geral da União -, para aprofundamento das apurações por

quem detinha, alfim, capacidade para tal.

Estão assim, suficientemente expostas as

conclusões judiciais e seus fundamentos, em que pese a

respeitável discordância do embargante que, no entanto,

deve ser veiculada pelo instrumento recursal próprio, não

merecendo, quanto ao ponto, acolhimento os aclaratórios

manejados.

Já no item 2.2.1.3.4. (fls. 3567v./3575) –

também objeto deste tópico recursal -, como visto

anteriormente, o Juízo examinou se teria restado

comprovado algum favorecimento ao Grupo SBM, que pudesse

ser tido como contrapartida aos pagamentos feitos por

JÚLIO FAERMAN a PAULO ROBERTO BUARQUE CARNEIRO e PEDRO

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JOSÉ BARUSCO FILHO, em relação à contratação da

embarcação FPSO BRASIL.

JFRJ
Concluiu, em primeiro lugar, que houve Fls 1491

favorecimento ao Grupo SBM, com base nas seguintes

razões: (a) conforme lançado em relatório de auditoria da

lavra da Controladoria-Geral da União, a contratação,

efetivada sob procedimento de dispensa de certame

licitatório prévio, contemplou a realização de ausculta

mercadológica para atendimento às formalidades legalmente

exigíveis quanto à compatibilidade do preço a ser

pactuado com o quanto verificado em contratações deste

segmento de atividade; (b) nesta consulta aos agentes do

mercado, restou dimensionado prazo excessivamente exíguo

para manifestação de eventuais interessados, e que foi

mantido, mesmo diante de protestos de agentes de mercado;

(c) a fixação prazal, a contemplar a exiguidade exposta,

beneficiou sobremaneira o Grupo SBM, em função de ser o

único, naquele momento, com sede operativa em território

brasileiro e que detinha experiência em contratações

semelhantes anteriores – FPSOs II e ESPADARTE/CIDADE DE

ANCHIETA -, tudo em detrimento dos demais interessados,

reduzindo a abertura da ausculta e violando princípios

constitucionais reitores da atuação estatal, em sede de

contratações da Administração; (d) a situação da

necessidade da contratação não era motivo para a

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exiguidade do prazo, tendo em vista que sua firmatura

somente se deu cerca de dois meses mais tarde, tendo sido

plenamente possível que se dilatasse o prazo de JFRJ


Fls 1492
propostas, o que garantiria mais ampla representatividade

ao procedimento, e anularia o favorecimento; (d) as

dificuldades ostentadas pelos demais agentes eram de

expresso conhecimento de quem decidiu pela fixação

prazal, pois que o tema foi exposto por interessados, ao

postularem dilação; (e) o favorecimento observado é fato

objetivo, derivado das circunstâncias de operação do

Grupo SBM, distintas das pertinentes aos concorrentes, e

não é afastada por considerações quanto à parcela de

mercado detida pelo grupo empresarial ou pela qualidade

de seus produtos, e nem equivale a dizer que, de outra

forma, o grupo empresarial não teria logrado se fazer

contratado; (f) os fatos envolvendo a contratação do FPSO

BRASIL são de todo semelhantes àqueles pertinentes à

contratação do FPSO ESPADARTE/CIDADE DE ANCHIETA, em que

houve pagamentos e favorecimento correlato.

Em seguida, entendeu o Juízo que o

favorecimento observado foi causado pelos pagamentos

feitos a PAULO ROBERTO BUARQUE CARNEIRO e PEDRO JOSÉ

BARUSCO FILHO, tendo sido obra destes dois corréus, pelos

seguintes motivos: (a) em princípio, segundo a observação

do id quod plerumque accidit, pagamentos a funcionários

públicos não costumam ser atos desinteressados; (b) tendo

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havido favorecimento ao grupo empresarial comercialmente

representado pelo pagador das vantagens, e tendo sido

aferida positivamente a relação entre estes valores e a JFRJ


Fls 1493
contratação, é isto poderoso indício de que vantagens e

favorecimento foram igualmente relacionados, como causa e

efeito; (c) esta compreensão restou fortalecida pela

constatação de que PAULO ROBERTO BUARQUE CARNEIRO

integrava o órgão que decidiu pela fixação prazal

favorecedora do Grupo SBM, no qual, por sua reconhecida

expertise na tecnologia empregada na contratação,

ostentava posição de ascendência técnica sobre os demais

integrantes do colegiado decisor; (e) a colegialidade não

foi tida por impeditiva à consideração da atuação de

PAULO ROBERTO BUARQUE CARNEIRO como determinante na

produção do favorecimento, pois que, além de sua

ascendência técnica sobre os demais, a vontade do órgão –

que favoreceu o Grupo SBM – foi formada, ao menos

parcialmente, pela contribuição do recebedor das

vantagens; (f) não foi produzida qualquer prova de que

PAULO ROBERTO BUARQUE CARNEIRO se tivesse posicionado, no

colegiado decisor, em contrário à fixação prazal que

favoreceu o grupo representado comercialmente por JÚLIO

FAERMAN, que lhe pagou valores em conexão à contratação;

(g) a existência de eventuais outros corresponsáveis não

afastaria a contribuição de PAULO ROBERTO BUARQUE

CARNEIRO na formação dos resultados examinados.

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No que disse com PEDRO JOSÉ BARUSCO FILHO, o

Juízo entendeu comprovada a ligação entre os valores por

ele recebidos, sua atuação e o favorecimento ao Grupo SBM JFRJ


Fls 1494
pelos seguintes fundamentos, além dos dois primeiros

expostos no parágrafo anterior: (a) PEDRO JOSÉ BARUSCO

FILHO ocupava posição gerencial no órgão da paraestatal

diretamente interessado na contratação em tela, e que

havia postulado aos órgãos diretivos da companhia sua

realização; (b) segundo suas palavras, então transcritas,

PEDRO JOSÉ BARUSCO FILHO manejava posição ascendente

técnica e hierarquicamente sobre os integrantes do órgão

decisor, que foi tida como determinante para a formação

do contrato, tendo sido por ele iniciado o projeto e

“concluído pela sua equipe” (fls. 3572).

Na sequência, o Juízo apreciou objeções

defensivas às conclusões então lançadas (fls. 3572/3575),

dentre as quais a asserção, ventilada pela D. Defesa do

embargante, quando de seus memoriais, no sentido de que

os trabalhos de auditoria da Controladoria-Geral da União

tratariam “de situação hipotética (futurologia),

suscitada por membros que não possuem expertise no

mercado de óleo e gás.” (fls. 3184), deduzida por algumas

vezes.

O Juízo, então (fls. 3572/3573), após externar

convicção de que o favorecimento detectado – dilação

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prazal insuficiente a assegurar a representatividade do

procedimento de ausculta, em proveito do Grupo SBM e em

correlato prejuízo de todos os demais interessados – era JFRJ


Fls 1495
fato objetivo, fez consignar (fls. 3572v.) que “não há

qualquer necessidade de que se goze de expertise sobre o

mercado de óleo e gás para se detectar que, no âmbito de

uma consulta ao mercado, foi promovida fixação e

manutenção de prazo extremamente exíguo para acudimento,

o que, aliado a outras circunstâncias, reduziu

sobremaneira o espectro de representatividade da ausculta

mercadológica, em benefício de determinado interessado,

que, alfim, restou contratado”.

A seguir, o Juízo apreciou outra alegação

deduzida pelas DD. Defesas de JÚLIO FAERMAN e PAULO

ROBERTO BUARQUE CARNEIRO: no sentido de que as

testemunhas ouvidas, ao longo da instrução criminal,

teriam sido categóricas em afastar a ocorrência de

quaisquer irregularidades nas licitações tratadas na ação

penal, incluindo-se o caso da consulta prévia à

contratação da embarcação FPSO BRASIL.

Ao fazê-lo (fls. 3573/3574v.), o Juízo concluiu

que esta exoneração não era extraível dos relatos

testemunhais colhidos em Juízo: alguns – Maurício da

Justa Albano Aratanha e Marco Antônio Madalena -, por não

terem tido qualquer contato com a contratação então em

Assinado eletronicamente. Certificação digital pertencente a VITOR BARBOSA VALPUESTA.


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apreciação – pertinente ao FPSO BRASIL – e outros,

membros da Comissão Interna de Apuração da PETROBRÁS –

Nilton Antônio de Almeida Maia e Pedro Aramis de Lima JFRJ


Fls 1496
Arruda -, porque prestaram relatos que não afastavam as

conclusões judiciais.

Quanto a estes dois últimos, o Juízo verificou,

com base em seus expressos dizeres, que integraram

Comissão Interna de Apuração da PETROBRÁS “inicialmente

instaurada para aferição do conteúdo de certa informação

divulgada via internet, de que empregados da PETROBRÁS

teriam recebido propinas, mas que, no âmbito das

limitações inerentes a um labor como este, interno à

sociedade de economia mista, não teria sido detectada

qualquer irregularidade” (fls. 3573/3573v.).

A seguir, o Juízo, após transcrever trechos

pertinentes dos depoimentos, entendeu que a conclusão da

comissão – que apurava pagamento e recebimento de

propinas, ao contrário da Controladoria-Geral da União,

ao empreender auditoria de procedimentos prévios e

contratos -, no sentido de não terem sido identificadas

irregularidades, se justificava porque: (a) o órgão

apurador não dispunha de expertise de investigação – e

não quanto ao mercado de óleo e gás, considerada

desnecessária para o atingimento das conclusões esposadas

pela Controladoria-Geral da União – nem poderes de

Assinado eletronicamente. Certificação digital pertencente a VITOR BARBOSA VALPUESTA.


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apuração afetos aos encarregados da persecutio criminis

in iudicio; (b) tampouco dispunham seus membros da

informação de que JÚLIO FAERMAN, representante comercial JFRJ


Fls 1497
do grupo empresarial favorecido com a dilação prazal

antes identificada, havia pago vantagens indevidas a

PAULO ROBERTO BUARQUE CARNEIRO e PEDRO JOSÉ BARUSCO

FILHO, ocupantes de posições, na estrutura da

paraestatal, diretamente relacionadas com a contratação e

os seus procedimentos prévios; (b) se a dilação prazal

insuficiente, por si só, não seria elemento cabalmente

comprobatório da ilicitude, esta circunstância, conectada

aos pagamentos apontados no item anterior, adquire

significado de firme assinalamento do malfeito em

apreciação.

O Juízo ainda consignou que, mesmo não tendo

sido identificadas irregularidades, a Comissão Interna de

Apuração detectou estranhezas, indicativas de ilicitudes:

(a) pagamentos de comissões, pelo grupo empresarial, a

JÚLIO FAERMAN por meio do emprego de contas registradas

em nome de sociedades offshore, no exterior, e com as

quais não possuía contratos; e (b) posse, por parte do

grupo empresarial, de documentos internos sigilosos da

PETROBRÁS.

Aferiu ainda que, segundo os depoimentos dos

integrantes do órgão de apuração, em função de tal

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quadro, foram os achados remetidos jutamente aos órgãos

de controle – Ministério Público Federal e Controladoria-

Geral da União -, para aprofundamento das apurações por JFRJ


Fls 1498
quem detinha, alfim, capacidade para tal.

Estão assim, suficientemente expostas as

conclusões judiciais e seus fundamentos, em que pese a

respeitável discordância do embargante que, no entanto,

deve ser veiculada pelo instrumento recursal próprio, não

merecendo, quanto ao ponto, acolhimento os aclaratórios

manejados.

Por fim, no item 2.2.1.5.3. (fls. 3616/3625),

após entender incomprovado o primeiro alegado

favorecimento ao Grupo SBM – formação inadequada de

parcela da remuneração devida em função da contratação da

embarcação FPSO CAPIXABA – externou o Juízo convicção no

sentido de que havia sido comprovada uma segunda forma de

favorecimento ao Grupo SBM, relativamente à contratação

em questão: incremento, por meio de aditivo contratual,

da expressão econômica da avença em extrapolação ao

limite legal.

O Juízo entendeu dessa forma pelas seguintes

razões: (a) conforme auditoria empreendida pela

Controladoria-Geral da União, foi constatado que a

PETROBRÁS, após a contratação da embarcação FPSO

CAPIXABA, necessitou empregá-la em atividades extrativas

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de hidrocarbonetos em outro local, o que demandou

adaptações e adequação da remuneração do contratado, o

Grupo SBM; (b) a alteração quantitativa do objeto JFRJ


Fls 1499
contratado se sujeitava a limitações de cunho legal, de

vinte e cinco por cento do montante original, em

atendimento a postulados constitucionais aplicáveis, e

não podia tê-las extrapolado; (c) a readequação

remuneratória empreendida pela PETROBRÁS incrementou a

expressão econômica do contrato em mais de duzentos e

cinquenta por cento; (d) houve extrapolação dos limites

legais, cujas razões apresentadas à Controladoria-Geral

da União foram improcedentes; (e) a extrapolação da

limitação é constatação de cunho objetivo-jurídico, e não

é desfeita por considerações quanto aos predicados do

Grupo SBM; (f) a sobredita extrapolação representou

favorecimento ao Grupo SBM, na medida em que incrementou

seu volume de negócios, sem necessidade de ressubmissão

da contratação a certame licitatório, sob as condições

posteriores e precedida de rescisão contratual, o que foi

tido pelo Juízo como a solução legalmente prescrita para

o caso da necessidade de readequação da atividade

extrativa, com emprego de embarcação em local diverso do

originalmente contratado, em função dso reflexos

financeiros de tal possibilidade.

A seguir, o Juízo externou convicção no sentido

de que o favorecimento identificado foi obra de PAULO

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ROBERTO BUARQUE CARNEIRO – que, como visto no item

2.2.1.5.1. (fls. 3614/3614v.), recebeu valores de JÚLIO

FAERMAN, os quais, como examinado no item 2.2.1.5.2. JFRJ


Fls 1500
(fls. 3614v./3616), tiveram relação direta com a

contratação do FPSO CAPIXABA -, como contrapartida pelos

valores que lhe foram franqueados, pelos seguintes

fundamentos: (a) pagamentos a funcionários públicos não

costumam ser atos desinteressados; (b) tendo havido

pagamentos da parte de JÚLIO FAERMAN ao empregado da

PETROBRÁS PAULO ROBERTO BUARQUE CARNEIRO, e, por outro

lado, tendo havido favorecimento da parte da PETROBRÁS ao

Grupo SBM, comercialmente representado por JÚLIO FAERMAN,

é isto poderoso indício no sentido de que uma e outra

coisa estavam ligadas, como causa e efeito; (c) os

documentos pertinentes à contratação indicam que PAULO

ROBERTO BUARQUE CARNEIRO integrou o órgão que negociou o

aditivo em que verificada a enorme extrapolação do limite

legal, em favorecimento ao Grupo SBM; (d) a extrapolação

era em patamar de tal monta grosseiro, que não há como se

tê-la por não tendo sido intencional; (e) a colegialidade

do órgão condutor das negociações, e que o fez em

extrapolação aos limites legais, não foi tida por

impeditiva da consideração de ter materializado a

contrapartida de PAULO ROBERTO BUARQUE CARNEIRO a JÚLIO

FAERMAN, seja porque a vontade do órgão era composta

também da vontade do primeiro, seja pela ascendência

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técnica que este ali exercia, seja ainda porque nada foi

produzido no sentido de que se tenha PAULO ROBERTO

BUARQUE CARNEIRO oposto à extrapolação multi referida; JFRJ


Fls 1501
(f) quando dos fatos envolvendo o FPSO CAPIXABA,

detectou-se que PAULO ROBERTO BUARQUE CARNEIRO já era

remunerado ilicitamente por JÚLIO FAERMAN havia muitos

anos e havia produzido contrapartidas ilícitas,

comprovadamente, ao menos nas contratações dos FPSOs

ESPADARTE/CIDADE DE ANCHIETA e BRASIL.

A seguir, foram abordadas objeções defensivas a

tais conclusões (fls. 3622v./3625), dentre as quais a de

que os trabalhos de auditoria da Controladoria-Geral da

União tratariam “de situação hipotética (futurologia),

suscitada por membros que não possuem expertise no

mercado de óleo e gás.” (fls. 3184), deduzida por algumas

vezes, nos memoriais do embargante.

O Juízo, então (fls. 3622v./3623), após

externar convicção de que o favorecimento detectado –

negociação e posterior firmatura de aditamento contratual

que incrementou a expressão econômica da avença em

extrapolação grosseira dos limites legalmente postos –

era fato objetivo, fez consignar (fls. 3623) que “não há

qualquer necessidade de que se goze de expertise sobre o

mercado de óleo e gás para se detectar que, em sede de

aditamento contratual precedido de processo de

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negociação, foi a avença repactuada em patamares

econômicos muito superiores ao original, e em franca

superação dos limites legalmente autorizados, à luz da JFRJ


Fls 1502
normação aplicável”.

A seguir, o Juízo apreciou outra alegação

deduzida pelas DD. Defesas de JÚLIO FAERMAN e PAULO

ROBERTO BUARQUE CARNEIRO: no sentido de que as

testemunhas ouvidas, ao longo da instrução criminal,

teriam sido categóricas em afastar a ocorrência de

quaisquer irregularidades nas licitações tratadas na ação

penal, incluindo-se o caso da embarcação FPSO CAPIXABA.

Ao fazê-lo (fls. 3623v./3625), o Juízo concluiu

que esta exoneração não era extraível dos relatos

testemunhais colhidos em Juízo: Marco Antônio Madalena

não teve qualquer qualquer contato com a contratação

então em apreciação – pertinente ao FPSO CAPIXABA -,

enquanto Maurício Albano da Justa Aratanha, apesar de ter

tido contato com a Comissão de Negociação de Contrato do

FPSO CAPIXABA, dela não participou quando da repactuação

em que ocorreu o favorecimento verificado; os demais,

membros da Comissão Interna de Apuração da PETROBRÁS –

Nilton Antônio de Almeida Maia e Pedro Aramis de Lima

Arruda -, prestaram relatos que não afastavam as

conclusões judiciais.

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Quanto a estes dois últimos, o Juízo verificou,

com base em seus expressos dizeres, que integraram

Comissão Interna de Apuração da PETROBRÁS “inicialmente JFRJ


Fls 1503
instaurada para aferição do conteúdo de certa informação

divulgada via internet, de que empregados da PETROBRÁS

teriam recebido propinas, mas que, no âmbito das

limitações inerentes a um labor como este, interno à

sociedade de economia mista, não teria sido detectada

qualquer irregularidade” (fls. 3624).

A seguir, o Juízo, após transcrever trechos

pertinentes dos depoimentos, entendeu que a conclusão da

comissão – que apurava pagamento e recebimento de

propina, ao contrário da Controladoria-Geral da União, ao

empreender auditoria de procedimentos prévios e contratos

-, no sentido de não terem sido identificadas

irregularidades, se justificava porque: (a) o órgão

apurador não dispunha de expertise de investigação – e

não quanto ao mercado de óleo e gás, considerada

desnecessária para o atingimento das conclusões esposadas

pela Controladoria-Geral da União – nem poderes de

apuração afetos aos encarregados da persecutio criminis

in iudicio; (b) não dispunham seus membros da informação

de que JÚLIO FAERMAN, representante comercial do grupo

empresarial favorecido com a negociação da repactuação em

extrapolação aos limites legais, antes identificada,

havia pago vantagens indevidas a PAULO ROBERTO BUARQUE

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CARNEIRO, ocupante de posição, na estrutura da

paraestatal, diretamente relacionada com a contratação

ilegalmente repactuada; (b) se a repactuação em JFRJ


Fls 1504
extrapolação aos limites legais, por si só, não seria

elemento cabalmente comprobatório do malfeito cogitado,

esta circunstância, conectada aos pagamentos apontados no

item anterior, adquire significado de seu firme

assinalamento.

O Juízo ainda consignou que, mesmo não tendo

sido identificadas irregularidades, a Comissão Interna de

Apuração detectou estranhezas, indicativas de ilicitudes:

(a) pagamentos de comissões, pelo grupo empresarial, a

JÚLIO FAERMAN por meio do emprego de contas registradas

em nome de sociedades offshore, no exterior, e com as

quais não o grupo possuía contratos; e (b) posse, por

parte do grupo empresarial, de documentos internos

sigilosos da PETROBRÁS.

Aferiu ainda que, segundo os depoimentos dos

integrantes do órgão de apuração, em função de tal

quadro, foram os achados remetidos justamente aos órgãos

de controle – Ministério Público Federal e Controladoria-

Geral da União -, para aprofundamento das apurações por

quem detinha, alfim, capacidade para tal.

Estão assim, suficientemente expostas as

conclusões judiciais e seus fundamentos, em que pese a

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respeitável discordância do embargante que, no entanto,

deve ser veiculada pelo instrumento recursal próprio, não

merecendo, quanto ao ponto, acolhimento os aclaratórios JFRJ


Fls 1505
manejados.

Detectada, assim, como improcedente a agitada

hipótese de embargabilidade, maxima venia concessa,

também quanto a este item serão os embargos inacolhidos.

II.1.1.1.5. OMISSÃO – ANÁLISE DE PROVA –

TESTEMUNHO DE MARIA JÚLIA DE CASTRO WEGELIN PARA

SOPESAMENTO DAS CONCLUSÕES PRODUZIDAS PELA CONTROLADORIA-

GERAL DA UNIÃO E PELA PETROBRÁS – ITENS 2.2.1.2.4.,

2.2.1.3.4. E 2.2.1.5.3.

Argumentou o embargante que, nos itens em

questão, teriam sido acolhidas conclusões expostas pela

Controladoria-Geral da União, para formação de convicção

quanto à ocorrência de vícios em certames realizados pela

PETROBRÁS, sob o fundamento de que sua constatação não

exigiria expertise acerca do mercado de óleo e gás; “de

forma oposta”, teriam sido refutadas conclusões da

Comissão Interna de Apuração da paraestatal, que não

teria encontrado tais vícios, sob a alegação de que não

disporia o órgão de expertise investigativa nem maiores

possibilidades de apuração.

Prosseguiu, afirmando que a análise judicial

empreendida teria deixado de levar em conta o testemunho

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de Maria Júlia de Castro Wegelin, especialmente em

relação a determinado trecho, em que esta teria dito que

os trabalhos de auditoria da Controladoria-Geral da União JFRJ


Fls 1506
ter-se-iam baseado em dados da paraestatal, que seria

quem teria expertise mercadológica relativa a suas

atividades extrativas; asseriu que tal pessoa teria

limitado “o alcance das conclusões” (fls. 3918) atingidas

pela Controladoria-Geral da União, “opondo-se

frontalmente ao posicionamento externado na r. sentença”,

pelo que requereu fosse aclarada a articulada omissão.

De plano, é possível perceber que de omissão

não se está a tratar; esta, como dito acima, só existe

quando omitido algum argumento ou elemento articulado

pela parte, na análise empreendida em sede sentencial, e

suficiente a lhe alterar o teor.

De fato, como assente jurisprudencialmente, o

juiz, ao decidir, não está obrigado a enfrentar cada

variação de redação de argumento, cada questiúncula, cada

fração de elemento de convicção constante dos autos; se

sua decisão contém as razões de seu convencimento, que o

Magistrado tem por firmes, é isto o suficiente, do ponto

de vista da higidez do ato, sendo certo que eventual

discordância da parte quanto aos critérios empregados, ou

à conclusão alcançada, deve ser veiculada por meio de

espécie recursal que franqueie a completa rediscussão do

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ato guerreado; a propósito, confira-se o ilustrativo

precedente da lavra do C. Superior Tribunal de Justiça:

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO AGRAVO JFRJ


Fls 1507
REGIMENTAL. PENAL E PROCESSUAL PENAL.

ARGUIÇÃO DE OMISSÃO DO JULGADO.

PRETENSÃO DE DISCUTIR TESE JURÍDICA EM

ABSTRATO. IMPOSSIBILIDADE. LIDE

RESOLVIDA COM ARGUMENTO SUFICIENTE PARA

MANTER O JULGADO. I - De acordo com

orientação firmada do Superior Tribunal

de Justiça, o julgador não é obrigado a

enfrentar todas as teses defensivas

suscitadas pela parte, desde que a

decisão esteja alicerçada em fundamento

suficiente para manter o julgado. II -

No caso dos autos, a aplicação do

princípio da insignificância foi

afastada com base na análise das

circunstâncias concretas do caso. III -

Embargos de declaração rejeitados.

(EDAGRESP 1332497, 5ª Turma, Rel. Min.

Regina Helena Costa, DJE 18/13/2014)

In casu, da própria argumentação do embargante,

percebe-se que discorda da conclusão judicial, que tem

por equivocada, em relação ao acolhimento de ponderações

traçadas pela Controladoria-Geral da União; entende que o

depoimento de Maria Júlia de Castro Wegelin teria

limitado “o alcance das conclusões” esposadas pelo órgão,

o que teria por fortalecedor da posição da Comissão

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Interna de Apuração da PETROBRÁS – que não encontrou

irregularidades -, “opondo-se frontalmente ao

posicionamento externado na r. sentença” (fls. 3918); em JFRJ


Fls 1508
outras palavras: quer o julgado revisto, com base em

argumentos que crê tenham idoneidade a solapar a

argumentação expendida pelo Juízo.

Cum permissa, não é intento licitamente

externável por meio da interposição de embargos de

declaração, o que leva forçosamente a seu inacolhimento.

Seja como for, a análise dos itens sentenciais

indicados permite perceber que não há qualquer omissão,

tendo sido os temas pertinentes abordados à saciedade,

como passo a expor.

No item 2.2.1.2.4. (fls. 3536v./3543v.), o

Juízo examinou se teria restado comprovado algum

favorecimento ao Grupo SBM, que pudesse ser tido como

contrapartida aos pagamentos feitos por JÚLIO FAERMAN a

PAULO ROBERTO BUARQUE CARNEIRO e PEDRO JOSÉ BARUSCO

FILHO, correlatamente à contratação da embarcação FPSO

ESPADARTE/CIDADE DE ANCHIETA.

Concluiu, em primeiro lugar, que houve

favorecimento ao Grupo SBM, com base nas seguintes

razões: (a) conforme lançado em relatório de auditoria da

lavra da Controladoria-Geral da União, o prazo para

entrega de propostas por interessados, no âmbito da

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licitação que precedeu a contratação pertinente ao FPSO

ESPADARTE/CIDADE DE ANCHIETA, foi fixado de forma

excessivamente exígua, e, diante de pedidos de vários dos JFRJ


Fls 1509
licitantes, no sentido de se promover dilação prazal,

esta foi concedida, mas em patamar muito aquém do quanto

pedido, e mesmo do praticado em diversos outros certames,

com objetos semelhantes; (b) ainda no relatório da

Controladoria-Geral da União, foi afastada a

possibilidade de que a dilação prazal, tal como

autorizada, tenha sido resultado de circunstâncias do

certame ou da contratação; (c) a dilação prazal, tal como

deferida, beneficiou sobremaneira o Grupo SBM, em função

de ser o único, naquele momento, com sede operativa em

território brasileiro, em detrimento dos demais

interessados; (d) as dificuldades ostentadas pelos demais

interessados eram de expresso conhecimento de quem

decidiu pela dilação prazal, pois que o tema foi exposto

por licitantes; (e) a dilação prazal, tal como

autorizada, ao passo que beneficiou o Grupo SBM, reduziu

a competitividade do certame, ferindo princípios

constitucionais regentes das contratações de entes da

Administração; (f) o favorecimento observado é fato

objetivo, derivado das circunstâncias de operação do

Grupo SBM, distintas das pertinentes aos concorrentes, e

não é afastada por considerações quanto à parcela de

mercado detida pelo grupo empresarial ou pela qualidade

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de seus produtos, e nem equivale a dizer que, de outra

forma, o grupo empresarial não teria se sagrado vencedor

do certame. JFRJ
Fls 1510
Em seguida, entendeu o Juízo que o

favorecimento observado foi causado pelos pagamentos

feitos a PAULO ROBERTO BUARQUE CARNEIRO e PEDRO JOSÉ

BARUSCO FILHO, tendo sido obra destes dois corréus, pelos

seguintes motivos: (a) em princípio, segundo a observação

do id quod plerumque accidit, pagamentos a funcionários

públicos não costumam ser atos desinteressados; (b) tendo

havido favorecimento ao grupo empresarial comercialmente

representado pelo pagador das vantagens, e tendo sido

aferida positivamente a relação entre estes valores e a

contratação, é isto poderoso indício de que vantagens e

favorecimento foram igualmente relacionados, como causa e

efeito; (c) esta compreensão restou fortalecida pela

constatação de que PAULO ROBERTO BUARQUE CARNEIRO,

percipiente dos valores pagos por JÚLIO FAERMAN,

integrava o órgão que decidiu pela dilação prazal

favorecedora do Grupo SBM, no qual, por sua reconhecida

expertise na tecnologia empregada na contratação,

ostentava posição de ascendência técnica sobre os demais

integrantes do colegiado decisor; (e) a colegialidade não

foi tida por impeditiva à consideração da atuação de

PAULO ROBERTO BUARQUE CARNEIRO como determinante na

produção do favorecimento, pois que, além de sua

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ascendência técnica sobre os demais, a vontade do órgão –

que favoreceu o Grupo SBM – foi formada, ao menos

parcialmente, pela contribuição do recebedor de JFRJ


Fls 1511
vantagens; (f) não foi produzida qualquer prova de que

PAULO ROBERTO BUARQUE CARNEIRO se tivesse posicionado, no

colegiado decisor, em contrário à dilação prazal que

favoreceu o grupo representado comercialmente por JÚLIO

FAERMAN, que lhe pagou valores em conexão à contratação.

No que disse com PEDRO JOSÉ BARUSCO FILHO, o

Juízo entendeu comprovada a ligação entre os valores por

ele recebidos, sua atuação e o favorecimento ao Grupo

SBM, pelos seguintes fundamentos, além dos dois primeiros

expostos no parágrafo anterior: (a) PEDRO JOSÉ BARUSCO

FILHO ocupava posição gerencial no órgão da paraestatal

diretamente interessado na contratação em tela, e que

havia postulado aos órgãos diretivos da companhia sua

realização; (b) segundo suas próprias palavras, então

transcritas, PEDRO JOSÉ BARUSCO FILHO se havia empenhado,

no exercício de sua posição ascendente técnica e

hierarquicamente sobre os integrantes do órgão decisor,

no sentido de que se sagrasse vencedor o Grupo SBM.

Foram, então, abordadas e afastadas diversas

objeções defensivas a estas convicções (fls.

3541/3543v.), que restaram mantidas; dentre estas

alegações, estava a de que os trabalhos da Controladoria-

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Geral da União tratariam “de situação hipotética

(futurologia), suscitada por membros que não possuem

expertise no mercado de óleo e gás.” (fls. 3184), JFRJ


Fls 1512
deduzida por algumas vezes, nos memoriais do embargante.

O Juízo, então (fls. 3541/3541v.), após

externar convicção de que o favorecimento detectado –

dilação prazal insuficiente a assegurar a competitividade

do certame, em proveito do Grupo SBM e em correlato

prejuízo de todos os demais licitantes – era fato

objetivo, fez consignar (fls. 3451v.) que “não há

qualquer necessidade de que se goze de expertise sobre o

mercado de óleo e gás para se detectar que, no âmbito de

uma licitação, foi promovida limitação prazal, o que,

aliado a outras circunstâncias, reduziu o caráter

competitivo do certame, em benefício de determinado

interessado, que, alfim, restou vencedor e contratado”.

A seguir, o Juízo apreciou outra alegação

deduzida pelas DD. Defesas de JÚLIO FAERMAN e PAULO

ROBERTO BUARQUE CARNEIRO: no sentido de que as

testemunhas ouvidas, ao longo da instrução criminal,

teriam sido categóricas em afastar a ocorrência de

quaisquer irregularidades nas licitações tratadas na ação

penal.

Ao fazê-lo (fls. 3541v./3543), o Juízo concluiu

que esta exoneração não era extraível dos relatos

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testemunhais colhidos em Juízo: alguns – Maurício da

Justa Albano Aratanha e Marco Antônio Madalena -, por não

terem tido qualquer contato com a contratação então em JFRJ


Fls 1513
apreciação – pertinente ao FPSO ESPADARTE/CIDADE DE

ANCHIETA – e outros, membros da Comissão Interna de

Apuração da PETROBRÁS – Nilton Antônio de Almeida Maia e

Pedro Aramis de Lima Arruda -, porque prestaram relatos

que não afastavam, em realidade, as conclusões judiciais.

Quanto a estes dois últimos, o Juízo verificou,

com base em seus expressos dizeres, que integraram

Comissão Interna de Apuração da PETROBRÁS “inicialmente

instaurada para aferição do conteúdo de certa informação

divulgada via internet, de que empregados da PETROBRÁS

teriam recebido propinas, mas que, no âmbito das

limitações inerentes a um labor como este, interno à

sociedade de economia mista, não teria sido detectada

qualquer irregularidade” (fls. 3542).

A seguir, o Juízo, após transcrever trechos

pertinentes dos depoimentos, entendeu que a conclusão da

comissão – que apurava pagamento e recebimento de

propina, ao contrário da Controladoria-Geral da União, ao

empreender auditoria de procedimentos licitatórios e

contratos -, no sentido de não terem sido identificadas

irregularidades, se justificava porque: (a) o órgão

apurador não dispunha de expertise de investigação – e

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não quanto ao mercado de óleo e gás, considerada

desnecessária para o atingimento das conclusões esposadas

pela Controladoria-Geral da União – nem poderes de JFRJ


Fls 1514
apuração afetos aos encarregados da persecutio criminis

in iudicio; (b) não dispunham seus membros da informação

de que JÚLIO FAERMAN, representante comercial do grupo

empresarial favorecido com a dilação prazal antes

identificada, havia pago vantagens indevidas a PAULO

ROBERTO BUARQUE CARNEIRO e PEDRO JOSÉ BARUSCO FILHO,

ocupantes de posições, na estrutura da paraestatal,

diretamente relacionadas com a licitação e com a

contratação; (c) se a dilação prazal insuficiente, por si

só, não seria elemento cabalmente comprobatório do

malfeito em cogitação, esta circunstância, conectada aos

pagamentos apontados no item anterior, adquire

significado de seu firme assinalamento.

O Juízo ainda consignou que, mesmo não tendo

sido identificadas irregularidades, a Comissão Interna de

Apuração detectou estranhezas, indicativas de ilicitudes:

(a) pagamentos de comissões, pelo grupo empresarial, a

JÚLIO FAERMAN por meio do emprego de contas registradas

em nome de sociedades offshore, no exterior, e com as

quais não possuía contratos; e (b) posse, por parte do

grupo empresarial, de documentos internos sigilosos da

PETROBRÁS.

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Aferiu ainda que, segundo os depoimentos dos

integrantes do órgão de apuração, em função de tal

quadro, foram os achados remetidos justamente aos órgãos JFRJ


Fls 1515
de controle – Ministério Público Federal e Controladoria-

Geral da União -, para aprofundamento das apurações por

quem detinha, alfim, capacidade para tal.

Assim postas as coisas, o Juízo não entendeu

relevante o relato de Maria Júlia de Castro Wegelin

(termo em fls. 1704 e registro audiovisual armazenado na

mídia de fls. 1706), pois entendia assentada sua

convicção em bases suficientemente firmes; de fato,

analisando o trecho apresentado pelo embargante (fls.

3918), percebe-se que a integrante do corpo técnico da

Controladoria-Geral da União trata apenas de uma diminuta

parcela do trabalho empreendido.

Com efeito, aborda o tema da formação de

expectativa de preços, em alguns dos contratos,

especificamente quanto à rubrica “capex” como integrante

da “taxa diária de afretamento”, que foi tida pelo

Ministério Público como indevidamente dimensionada em

favor do Grupo SBM, nas contratações do FPSOs MARLIM SUL

– tratada no item sentencial 2.2.1.4. – e CAPIXABA –

tratada no item sentencial 2.2.1.5. – nada dizendo, por

conseguinte, com a contratação do FPSO ESPADARTE/CIDADE

DE ANCHIETA; de qualquer forma, em ambos os casos –

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MARLIM SUL e CAPIXABA - o Juízo teve a suposta atuação

indevida de PAULO ROBERTO BUARQUE CARNEIRO como

incomprovada, o que traz ao tema irrelevância, quanto ao JFRJ


Fls 1516
favorecimento verificado, e condizente com prazo de

oferta de propostas em certame licitatório da contratação

do FPSO ESPADARTE/CIDADE DE ANCHIETA.

Logo, longe de “limitar as conclusões do

trabalho da Controladoria-Geral da União” ou de “se opor

ao posicionamento judicial”, cum permissa, o trecho de

depoimento em questão nada diz com a dilação de prazo

insuficiente à garantia da competitividade do certame que

precedeu a contratação do FPSO ESPADARTE/CIDADE DE

ANCHIETA.

Estão assim, suficientemente expostas as

conclusões judiciais e seus fundamentos - não havendo que

se falar em omissão -, em que pese a respeitável

discordância do embargante que, no entanto, deve ser

veiculada pelo instrumento recursal próprio, não

merecendo, quanto ao ponto, acolhimento os aclaratórios

manejados.

Já no item 2.2.1.3.4. (fls. 3567v./3575) –

também objeto deste tópico recursal -, como visto

anteriormente, o Juízo examinou se teria restado

comprovado algum favorecimento ao Grupo SBM, que pudesse

ser tido como contrapartida aos pagamentos feitos por

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JÚLIO FAERMAN a PAULO ROBERTO BUARQUE CARNEIRO e PEDRO

JOSÉ BARUSCO FILHO, em relação à contratação da

embarcação FPSO BRASIL. JFRJ


Fls 1517

Concluiu, em primeiro lugar, que houve

favorecimento ao Grupo SBM, com base nas seguintes

razões: (a) conforme lançado em relatório de auditoria da

lavra da Controladoria-Geral da União, a contratação,

efetivada sob procedimento de dispensa de certame

licitatório prévio, contemplou a realização de ausculta

mercadológica para atendimento às formalidades legalmente

exigíveis quanto à compatibilidade do preço a ser

pactuado com o quanto correntemente praticado em outras

contratações semelhantes; (b) nesta consulta aos agentes

do mercado, restou dimensionado prazo excessivamente

exíguo para manifestação de eventuais interessados, e que

foi mantido, mesmo diante de protestos de agentes do

mercado; (c) a fixação prazal, a contemplar a exiguidade

exposta, beneficiou sobremaneira o Grupo SBM, em função

de ser o único, naquele momento, com sede operativa em

território brasileiro e que detinha experiência em

contratações semelhantes anteriores – FPSOs II e

ESPADARTE/CIDADE DE ANCHIETA -, tudo em detrimento dos

demais interessados, reduzindo a representatividade

mercadológica da ausculta e violando princípios

constitucionais reitores da atuação estatal, em sede de

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contratações da Administração; (d) a situação da

necessidade da contratação não era motivo para a

exiguidade do prazo, tendo em vista que sua firmatura JFRJ


Fls 1518
somente se deu cerca de dois meses mais tarde, tendo sido

plenamente possível que se dilatasse o prazo de

propostas, o que garantiria mais ampla representatividade

do procedimento de ausculta, e anularia o favorecimento;

(d) as dificuldades ostentadas pelos demais interessados

eram de expresso conhecimento de quem decidiu pela

fixação prazal, pois que o tema foi exposto por

interessados, ao postularem dilação; (e) o favorecimento

observado é fato objetivo, derivado das circunstâncias de

operação do Grupo SBM, distintas das pertinentes aos

concorrentes, e não é afastada por considerações quanto à

parcela de mercado detida pelo grupo empresarial ou pela

qualidade de seus produtos, e nem equivale a dizer que,

de outra forma, o grupo empresarial não teria logrado se

fazer contratado; (f) os fatos envolvendo a contratação

do FPSO BRASIL são de todo semelhantes àqueles

pertinentes à contratação do FPSO ESPADARTE/CIDADE DE

ANCHIETA, em que houve pagamentos e favorecimento

correlato.

Em seguida, entendeu o Juízo que o

favorecimento observado foi causado pelos pagamentos

feitos a PAULO ROBERTO BUARQUE CARNEIRO e PEDRO JOSÉ

BARUSCO FILHO, tendo sido obra destes dois corréus, pelos

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seguintes motivos: (a) em princípio, segundo a observação

do id quod plerumque accidit, pagamentos a funcionários

públicos não costumam ser atos desinteressados; (b) tendo JFRJ


Fls 1519
havido favorecimento ao grupo empresarial comercialmente

representado pelo pagador das vantagens, e tendo sido

aferida positivamente a relação entre estes valores e a

contratação – no item 2.2.1.3.3. (fls. 3564v./3567v.) -,

é isto poderoso indício de que vantagens e favorecimento

foram igualmente relacionados, como causa e efeito; (c)

esta compreensão restou fortalecida pela constatação de

que PAULO ROBERTO BUARQUE CARNEIRO integrava o órgão que

decidiu pela fixação prazal favorecedora do Grupo SBM, no

qual, por sua reconhecida expertise na tecnologia

empregada na contratação, ostentava posição de

ascendência técnica sobre os demais integrantes do

colegiado decisor; (d) a colegialidade não foi tida por

impeditiva à consideração da atuação de PAULO ROBERTO

BUARQUE CARNEIRO como determinante na produção do

favorecimento, pois que, além de sua ascendência técnica

sobre os demais, a vontade do órgão – que favoreceu o

Grupo SBM – foi formada, ao menos parcialmente, pela

contribuição do recebedor das vantagens; (e) não foi

produzida qualquer prova de que PAULO ROBERTO BUARQUE

CARNEIRO se tivesse posicionado, no colegiado decisor, em

contrário à fixação prazal que favoreceu o grupo

representado comercialmente por JÚLIO FAERMAN, que lhe

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pagou valores em conexão à contratação; (f) a existência

de eventuais outros corresponsáveis não afastaria a

contribuição de PAULO ROBERTO BUARQUE CARNEIRO na JFRJ


Fls 1520
formação dos resultados examinados.

No que disse com PEDRO JOSÉ BARUSCO FILHO, o

Juízo entendeu comprovada a ligação entre os valores por

ele recebidos, sua atuação e o favorecimento ao Grupo SBM

pelos seguintes fundamentos, além dos dois primeiros

objeto do parágrafo anterior: (a) PEDRO JOSÉ BARUSCO

FILHO ocupava posição gerencial no órgão da paraestatal

diretamente interessado na contratação em tela, e que

havia postulado aos órgãos diretivos da companhia sua

realização; (b) segundo suas próprias palavras, então

transcritas, PEDRO JOSÉ BARUSCO FILHO manejava posição

ascendente técnica e hierarquicamente sobre os

integrantes do órgão decisor, que foi tida como

determinante para a formação do contrato, tendo sido por

ele iniciado o projeto e “concluído pela sua equipe”

(fls. 3572).

Na sequência, o Juízo apreciou objeções

defensivas às conclusões então lançadas (fls. 3572/3575),

dentre as quais a asserção, ventilada pela D. Defesa do

embargante, quando de seus memoriais, no sentido de que

os trabalhos de auditoria da Controladoria-Geral da União

tratariam “de situação hipotética (futurologia),

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suscitada por membros que não possuem expertise no

mercado de óleo e gás.” (fls. 3184).

JFRJ
O Juízo, então (fls. 3572/3573), após externar
Fls 1521
convicção de que o favorecimento detectado – dilação

prazal insuficiente a assegurar a representatividade de

mercado do procedimento prévio de ausculta, em proveito

do Grupo SBM e em correlato prejuízo de todos os demais

interessados – era fato objetivo, fez consignar (fls.

3572v.) que “não há qualquer necessidade de que se goze

de expertise sobre o mercado de óleo e gás para se

detectar que, no âmbito de uma consulta ao mercado, foi

promovida fixação e manutenção de prazo extremamente

exíguo para acudimento, o que, aliado a outras

circunstâncias, reduziu sobremaneira o espectro de

representatividade da ausculta mercadológica, em

benefício de determinado interessado, que, alfim, restou

contratado”.

A seguir, o Juízo apreciou outra alegação

deduzida pelas DD. Defesas de JÚLIO FAERMAN e PAULO

ROBERTO BUARQUE CARNEIRO: no sentido de que as

testemunhas ouvidas, ao longo da instrução criminal,

teriam sido categóricas em afastar a ocorrência de

quaisquer irregularidades nas licitações tratadas na ação

penal, incluindo-se o caso da consulta prévia à

contratação da embarcação FPSO BRASIL.

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Ao fazê-lo (fls. 3573/3574v.), o Juízo concluiu

que esta exoneração não era extraível dos relatos

testemunhais colhidos em Juízo: alguns – Maurício da JFRJ


Fls 1522
Justa Albano Aratanha e Marco Antônio Madalena -, por não

terem tido qualquer contato com a contratação então em

apreciação – pertinente ao FPSO BRASIL – e outros,

membros da Comissão Interna de Apuração da PETROBRÁS –

Nilton Antônio de Almeida Maia e Pedro Aramis de Lima

Arruda -, porque prestaram relatos que, em realidade, não

afastavam as conclusões judiciais.

Quanto a estes dois últimos, o Juízo verificou,

com base em seus expressos dizeres, que integraram

Comissão Interna de Apuração da PETROBRÁS “inicialmente

instaurada para aferição do conteúdo de certa informação

divulgada via internet, de que empregados da PETROBRÁS

teriam recebido propinas, mas que, no âmbito das

limitações inerentes a um labor como este, interno à

sociedade de economia mista, não teria sido detectada

qualquer irregularidade” (fls. 3573/3573v.).

A seguir, o Juízo, após transcrever trechos

pertinentes dos depoimentos, entendeu que a conclusão da

comissão – que apurava pagamento e recebimento de

propinas, ao contrário da Controladoria-Geral da União,

ao empreender auditoria de procedimentos prévios e

contratos em busca de irregularidades em sua condução -,

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no sentido de não terem sido identificadas ilicitudes, se

justificava porque: (a) o órgão apurador não dispunha de

expertise de investigação – e não quanto ao mercado de JFRJ


Fls 1523
óleo e gás, considerada pelo Juízo desnecessária para o

atingimento das conclusões esposadas pela Controladoria-

Geral da União – nem poderes de apuração afetos aos

encarregados da persecutio criminis in iudicio; (b) não

dispunham da informação de que JÚLIO FAERMAN,

representante comercial do grupo empresarial favorecido

com a dilação prazal antes identificada, havia pago

vantagens indevidas a PAULO ROBERTO BUARQUE CARNEIRO e

PEDRO JOSÉ BARUSCO FILHO, ocupantes de posições, na

estrutura da paraestatal, diretamente relacionadas com a

contratação e os seus procedimentos prévios; (c) se a

dilação prazal insuficiente, por si só, não seria

elemento cabalmente comprobatório do malfeito, esta

circunstância, conectada aos pagamentos apontados no item

anterior, adquire significado de seu firme assinalamento.

O Juízo ainda consignou que, mesmo não tendo

sido identificadas irregularidades, a Comissão Interna de

Apuração detectou estranhezas, indicativas de ilicitudes:

(a) pagamentos de comissões, pelo grupo empresarial, a

JÚLIO FAERMAN, por meio do emprego de contas registradas

em nome de sociedades offshore, no exterior, e com as

quais não possuía contratos; e (b) posse, por parte do

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grupo empresarial, de documentos internos sigilosos da

PETROBRÁS.

JFRJ
Aferiu ainda que, segundo os depoimentos dos
Fls 1524
integrantes do órgão de apuração, em função de tal

quadro, foram os achados remetidos justamente aos órgãos

de controle – Ministério Público Federal e Controladoria-

Geral da União -, para aprofundamento das apurações por

quem detinha, alfim, capacidade para tal.

Assim postas as coisas, o Juízo não entendeu

relevante o relato de Maria Júlia de Castro Wegelin

(termo em fls. 1704 e registro audiovisual armazenado na

mídia de fls. 1706), pois entendia assentada sua

convicção em bases suficientemente firmes; de fato,

analisando o trecho apresentado pelo embargante (fls.

3918), percebe-se que a integrante do corpo técnico da

Controladoria-Geral da União trata apenas de uma diminuta

parcela do trabalho empreendido.

Aborda o tema da formação de expectativa de

preços, em alguns dos contratos, especificamente quanto à

rubrica “capex” como integrante da “taxa diária de

afretamento”, que foi tida pelo Ministério Público como

indevidamente dimensionada em favor do Grupo SBM, nas

contratações do FPSOs MARLIM SUL – tratada no item

sentencial 2.2.1.4. – e CAPIXABA – tratada no item

sentencial 2.2.1.5. – nada dizendo quanto à contratação

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do FPSO BRASIL; em ambas as contratações, em todo caso, o

Juízo teve a suposta atuação indevida de PAULO ROBERTO

BUARQUE CARNEIRO como incomprovada, tema que, de mais a JFRJ


Fls 1525
mais, nada tem a ver com dilação prazal em procedimento

de ausculta mercadológica prévia a contratação outra.

Logo, longe de “limitar as conclusões do

trabalho da Controladoria-Geral da União” ou de “se opor

ao posicionamento judicial”, cum permissa, o trecho de

depoimento em questão nada diz com o dimensionamento de

prazo inadequado para acudimento, que reduziu o espectro

de representatividade de procedimento de ausculta

mercadológica, prévio à contratação do FPSO BRASIL.

Estão assim, suficientemente expostas as

conclusões judiciais e seus fundamentos, em que pese a

respeitável discordância do embargante que, no entanto,

deve ser veiculada pelo instrumento recursal próprio, não

merecendo, quanto ao ponto, acolhimento os aclaratórios

manejados.

Por fim, no item 2.2.1.5.3. (fls. 3616/3625),

após entender por incomprovado o primeiro alegado

favorecimento ao Grupo SBM – formação inadequada de

parcela da remuneração devida em função da contratação da

embarcação FPSO CAPIXABA – externou o Juízo convicção no

sentido de que havia sido comprovada uma segunda forma de

favorecimento ao Grupo SBM, relativamente à contratação

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em questão: incremento, por meio de aditivo contratual,

da expressão econômica do contrato em extrapolação ao

limite legal. JFRJ


Fls 1526
O Juízo entendeu dessa forma pelas seguintes

razões: (a) conforme auditoria empreendida pela

Controladoria-Geral da União, foi constatado que a

PETROBRÁS, após a contratação da embarcação FPSO

CAPIXABA, necessitou empregá-la em atividades extrativas

de hidrocarbonetos em outro local, o que demandou

adaptações e adequação da remuneração do contratado, o

Grupo SBM; (b) a alteração quantitativa do objeto

contratado se sujeitava a limitações de cunho legal,

fixadas em vinte e cinco por cento do montante original,

em atendimento a postulados constitucionais aplicáveis, e

não podia tê-los extrapolado; (c) a readequação

remuneratória empreendida pela PETROBRÁS incrementou a

expressão econômica do contrato em mais de duzentos e

cinquenta por cento; (d) houve extrapolação dos limites

legais, cujas razões apresentadas à Controladoria-Geral

da União foram tidas corretamente como improcedentes; (e)

a extrapolação da limitação é constatação de cunho

objetivo-jurídico, e não é desfeita por considerações

quanto aos predicados do Grupo SBM; (f) a sobredita

extrapolação representou favorecimento ao Grupo SBM, na

medida em que incrementou seu volume de negócios, sem

necessidade de ressubmissão da contratação a certame

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licitatório, sob as condições posteriores e precedida de

rescisão contratual, o que foi tido pelo Juízo como a

solução legalmente prescrita para o caso da necessidade JFRJ


Fls 1527
de readequação da atividade extrativa, com emprego de

embarcação em local diverso do originalmente contratado,

em vista da necessidade de redimensionamento

remuneratório que sobejava aos limites legalmente postos.

A seguir, o Juízo externou convicção no sentido

de que o favorecimento identificado foi obra de PAULO

ROBERTO BUARQUE CARNEIRO – que, como visto no item

2.2.1.5.1. (fls. 3614/3614v.), recebeu valores de JÚLIO

FAERMAN, os quais, como examinado no item 2.2.1.5.2.

(fls. 3614v./3616), tiveram relação direta com a

contratação do FPSO CAPIXABA -, como contrapartida pelos

valores que lhe foram franqueados, pelos seguintes

fundamentos: (a) pagamentos a funcionários públicos não

costumam ser atos desinteressados; (b) tendo havido

pagamentos da parte de JÚLIO FAERMAN ao empregado da

PETROBRÁS PAULO ROBERTO BUARQUE CARNEIRO, e, por outro

lado, tendo havido favorecimento da parte da PETROBRÁS ao

Grupo SBM, comercialmente representado por JÚLIO FAERMAN,

é isto poderoso indício no sentido de que uma e outra

coisa estavam ligadas, como causa e efeito; (c) os

documentos pertinentes à contratação indicam que PAULO

ROBERTO BUARQUE CARNEIRO integrou o órgão que negociou o

aditivo em que verificada a enorme extrapolação do limite

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legal, em favorecimento ao Grupo SBM; (d) a extrapolação

era em patamar de tal monta grosseiro, que não há como se

tê-la por não tendo sido intencional; (e) a colegialidade JFRJ


Fls 1528
do órgão condutor das negociações, e que o fez em

extrapolação aos limites legais, não foi tida por

impeditiva da consideração de ter materializado a

contrapartida de PAULO ROBERTON BUARQUE CARNEIRO a JÚLIO

FAERMAN, seja porque a vontade do órgão era composta

também da vontade do primeiro, seja pela ascendência

técnica que este ali exercia, relativamente aos demais

membros, seja ainda porque nada foi produzido no sentido

de que tenha PAULO ROBERTO BUARQUE CARNEIRO se oposto à

extrapolação multi referida; (f) quando dos fatos

envolvendo o FPSO CAPIXABA, detectou-se que PAULO ROBERTO

BUARQUE CARNEIRO já era remunerado ilicitamente por JÚLIO

FAERMAN havia muitos anos e havia produzido

contrapartidas ilícitas, comprovadamente, ao menos nas

contratações dos FPSOs ESPADARTE/CIDADE DE ANCHIETA e

BRASIL.

A seguir, foram abordadas objeções defensivas a

tais conclusões (fls. 3622v./3625), dentre as quais a de

que os trabalhos de auditoria da Controladoria-Geral da

União tratariam “de situação hipotética (futurologia),

suscitada por membros que não possuem expertise no

mercado de óleo e gás.” (fls. 3184), deduzida por algumas

vezes, nos memoriais do embargante.

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O Juízo, então (fls. 3622v./3623), após

externar convicção de que o favorecimento detectado –

negociação e posterior firmatura de aditamento contratual JFRJ


Fls 1529
que incrementou a expressão econômica da avença em

extrapolação grosseira dos limites legalmente postos –

era fato objetivo, fez consignar (fls. 3623) que “não há

qualquer necessidade de que se goze de expertise sobre o

mercado de óleo e gás para se detectar que, em sede de

aditamento contratual precedido de processo de

negociação, foi a avença repactuada em patamares

econômicos muito superiores ao original, e em franca

superação dos limites legalmente autorizados, à luz da

normação aplicável”.

A seguir, o Juízo apreciou outra alegação

deduzida pelas DD. Defesas de JÚLIO FAERMAN e PAULO

ROBERTO BUARQUE CARNEIRO: no sentido de que as

testemunhas ouvidas, ao longo da instrução criminal,

teriam sido categóricas em afastar a ocorrência de

quaisquer irregularidades nas licitações tratadas na ação

penal, incluindo-se o caso da embarcação FPSO CAPIXABA.

Ao fazê-lo (fls. 3623v./3625), o Juízo concluiu

que esta exoneração não era, em realidade, extraível dos

relatos testemunhais colhidos em Juízo: Marco Antônio

Madalena não teve qualquer qualquer contato com a

contratação então em apreciação – pertinente ao FPSO

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CAPIXABA -, enquanto Maurício Albano da Justa Aratanha,

apesar de ter tido contato com a Comissão de Negociação

de Contrato do FPSO CAPIXABA, dela não participou quando JFRJ


Fls 1530
da repactuação, em que ocorreu o favorecimento

verificado; os demais, membros da Comissão Interna de

Apuração da PETROBRÁS – Nilton Antônio de Almeida Maia e

Pedro Aramis de Lima Arruda -, prestaram relatos que não

afastavam as conclusões judiciais.

Quanto a estes dois últimos, o Juízo verificou,

com base em seus expressos dizeres, que integraram

Comissão Interna de Apuração da PETROBRÁS “inicialmente

instaurada para aferição do conteúdo de certa informação

divulgada via internet, de que empregados da PETROBRÁS

teriam recebido propinas, mas que, no âmbito das

limitações inerentes a um labor como este, interno à

sociedade de economia mista, não teria sido detectada

qualquer irregularidade” (fls. 3624).

A seguir, o Juízo, após transcrever trechos

pertinentes dos depoimentos, entendeu que a conclusão da

comissão – que apurava pagamento e recebimento de

propinas, ao contrário da Controladoria-Geral da União,

ao empreender auditoria de procedimentos prévios e

contratos para aferir incorreções -, no sentido de não

terem sido identificadas irregularidades, se justificava

porque: (a) o órgão apurador não dispunha de expertise de

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investigação – e não quanto ao mercado de óleo e gás,

considerada desnecessária para o atingimento das

conclusões esposadas pela Controladoria-Geral da União – JFRJ


Fls 1531
nem poderes de apuração afetos aos encarregados da

persecutio criminis in iudicio; (b) não dispunham seus

membros da informação de que JÚLIO FAERMAN, representante

comercial do grupo empresarial favorecido com a

negociação e repactuação em extrapolação aos limites

legais, antes identificada, havia pago vantagens

indevidas a PAULO ROBERTO BUARQUE CARNEIRO, ocupante de

posição, na estrutura da paraestatal, diretamente

relacionada com a repactuação; (c) se a repactuação em

extrapolação aos limites legais, por si só, não seria

elemento cabalmente comprobatório do malfeito, esta

circunstância, conectada aos pagamentos apontados no item

anterior, adquire significado de seu firme assinalamento.

O Juízo ainda consignou que, mesmo não tendo

sido identificadas irregularidades, a Comissão Interna de

Apuração detectou estranhezas, indicativas de ilicitudes:

(a) pagamentos de comissões, pelo grupo empresarial, a

JÚLIO FAERMAN por meio do emprego de contas registradas

em nome de sociedades offshore, no exterior, e com as

quais não possuía contratos; e (b) posse, por parte do

grupo empresarial, de documentos internos sigilosos da

PETROBRÁS.

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Aferiu ainda que, segundo os depoimentos dos

integrantes do órgão de apuração, em função de tal

quadro, foram os achados remetidos justamente aos órgãos JFRJ


Fls 1532
de controle – Ministério Público Federal e Controladoria-

Geral da União -, para aprofundamento das apurações por

quem detinha, alfim, capacidade para tal.

Assim postas as coisas, o Juízo não entendeu

relevante o relato de Maria Júlia de Castro Wegelin

(termo em fls. 1704 e registro audiovisual armazenado na

mídia de fls. 1706), pois viu assentada sua convicção em

bases suficientemente firmes; de fato, analisando o

trecho apresentado pelo embargante (fls. 3918), percebe-

se que a integrante do corpo técnico da Controladoria-

Geral da União trata apenas de uma diminuta parcela do

trabalho empreendido.

Aborda o tema da formação de expectativa de

preços, em alguns dos contratos, especificamente quanto à

rubrica “capex” como integrante da “taxa diária de

afretamento”, que foi tida pelo Ministério Público como

indevidamente dimensionada em favor do Grupo SBM, nas

contratações do FPSOs MARLIM SUL – tratada no item

sentencial 2.2.1.4. – e CAPIXABA – tratada no item

sentencial 2.2.1.5.; em ambos os casos, no entanto, o

Juízo teve a suposta atuação indevida de PAULO ROBERTO

BUARQUE CARNEIRO como incomprovada.

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E, como visto acima, o favorecimento

identificado na contratação do FPSO CAPIXABA teve a ver

com a extrapolação dos limites legais do incremento de JFRJ


Fls 1533
sua expressão econômica, em sede de repactuação – e não

com a formação incorreta e ruinosa de determinada parcela

da remuneração, na pactuação original; o trecho do

relato, portanto, não tem relação com o favorecimento

tido por comprovado na contratação do FPSO CAPIXABA.

Com efeito, longe de “limitar as conclusões do

trabalho da Controladoria-Geral da União” ou de “se opor

ao posicionamento judicial”, o trecho de depoimento em

questão, cum permissa, nada diz com a repactuação da

avença em extrapolação aos limites legais.

Estão assim, suficientemente expostas as

conclusões judiciais e seus fundamentos, em que pese a

respeitável discordância do embargante que, no entanto,

deve ser veiculada pelo instrumento recursal próprio, não

merecendo, quanto ao ponto, acolhimento os aclaratórios

manejados.

Detectada, assim, como improcedente a agitada

hipótese de embargabilidade, maxima venia concessa,

também quanto a este tópico recursal serão os embargos

inacolhidos.

II.1.1.1.6. OBSCURIDADE – VALORAÇÃO DE

ELEMENTOS CIRCUNSTANCIAIS – SOPESAMENTO DE SUPOSTAS

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FALHAS EM LICITAÇÕES – ITENS 2.2.1.2.4., 2.2.1.3.4. E

2.2.1.5.3.

JFRJ
Articulou o embargante que, nos itens
Fls 1534
sentenciais indicados, o Juízo teria entendido pela

ocorrência de favorecimentos irregulares ao Grupo SBM, e

teria apontado as posições profissionais que teriam sido

ocupadas por PAULO ROBERTO BUARQUE CARNEIRO, como

elemento a lhe conectar a tais episódios de ilicitudes;

prosseguiu, afirmando que o Juízo teria rechaçado tese

defensiva, no sentido da ausência de ingerência de PAULO

ROBERTO BUARQUE CARNEIRO sobre os certames em questão -

que teria sido comprovada, a seu sentir, em função da

constatação de que, em outras licitações, o Grupo SBM não

teria se sagrado vencedor -, por ter entendido que as

falhas apontadas seriam de natureza objetiva.

Articulou que a posição profissional de PAULO

ROBERTO BUARQUE CARNEIRO seria o único elemento a lhe

conectar às ilicitudes, e que a alegação defensiva não

teria se destinado a afastar a ocorrência do

favorecimento, mas à convicção acerca da ligação entre

este e PAULO ROBERTO BUARQUE CARNEIRO.

Desfechou que “do aludido trecho, com todo

acatamento, não se ostenta possível identificar se a

fundamentação, de fato, se debruça sobre o ponto objeto

da defesa ou se, porventura, teria abordado assunto

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transverso” (fls. 3920/3921), e postulou aclaramento da

situação.

JFRJ
De plano, é possível perceber, data maxima
Fls 1535
venia, que não há, em realidade, obscuridade; a partir da

própria argumentação do embargante, vê-se que discorda do

critério de julgamento, e a “obscuridade”, em realidade,

é sua tentativa de contra-argumentar, opondo-se ao quanto

exposto pelo Juízo.

Isto porque entende que o Juízo teria

considerado sua argumentação – no sentido de que não

teria tido PAULO ROBERTO BUARQUE CARNEIRO ingerência

sobre os órgãos em que entendeu o Juízo ocorrido o

favorecimento ao Grupo SBM, o que seria comprovável por

licitações outras em que o grupo não teria se sagrado

vencedor e contratado – de maneira equivocada.

O equívoco – em que evidentemente entende o

embargante teria o Juízo incorrido – seria porque,

enquanto o Juízo teria rechaçado a tese defensiva, sob

argumento de que o vício encontrado seria de natureza

objetiva e não afastável por considerações pertinentes a

outros procedimentos licitatórios, dizendo, assim, com a

existência do favorecimento, a articulação defensiva, de

seu turno, teria se destinado a realçar que não teria

havido comprovação da ligação entre PAULO ROBERTO BUARQUE

CARNEIRO e o favorecimento ao Grupo SBM identificado,

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que, a seu sentir, teria sido aferida positivamente pelo

Juízo com base apenas na posição profissional do

funcionário. JFRJ
Fls 1536
Nas próprias palavras do embargante (fls.

3921): “Nesse contexto, a demonstração de que a referida

posição profissional seria incapaz de prover-lhe poderes

de interferir nos contratos não se destina a fulminar a

ocorrência dos vícios, mas o vínculo entre estes e o

funcionário.”

Logo, se há discordância, há, em realidade,

compreensão do julgado, e dissenso quanto aos fundamentos

então agitados, o que nem de longe equivale a que haja

obscuridade a reclamar sanação, e, consequentemente, que

mereçam provimento os aclaratórios manejados.

De mais a mais, observando os itens apontados

como padecedores de vício, percebe-se que a eiva, em

verdade e maxima venia concessa, inexiste, como passo a

expor.

No item 2.2.1.2.4. (fls. 3536v./3543v.) o Juízo

examinou se teria restado comprovado algum favorecimento

ao Grupo SBM, que pudesse ser tido como contrapartida aos

pagamentos feitos por JÚLIO FAERMAN a PAULO ROBERTO

BUARQUE CARNEIRO e PEDRO JOSÉ BARUSCO FILHO, aferidos

positivamente nos itens 2.2.1.2.1. e 2.2.1.2.2., e que se

relacionavam à contratação da embarcação FPSO

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ESPADARTE/CIDADE DE ANCHIETA, como verificado no item

2.2.1.2.3..

JFRJ
Concluiu, em primeiro lugar, que houve
Fls 1537
favorecimento ao Grupo SBM, com base nas seguintes

razões: (a) conforme lançado em relatório de auditoria da

lavra da Controladoria-Geral da União, o prazo para

entrega de propostas por interessados, no âmbito da

licitação que precedeu a contratação pertinente ao FPSO

ESPADARTE/CIDADE DE ANCHIETA, foi fixado de forma

excessivamente exígua, e, diante de pedidos de vários dos

licitantes, no sentido de se promover dilação prazal,

esta foi concedida, mas em patamar muito aquém do quanto

pedido, e mesmo do que praticado em diversos outros

certames, com objetos semelhantes; (b) ainda no relatório

da Controladoria-Geral da União foi afastada a

possibilidade de que a dilação prazal, tal como

autorizada, tenha sido resultado de circunstâncias do

certame ou da contratação; (c) a dilação prazal, tal como

deferida, beneficiou sobremaneira o Grupo SBM, em função

de ser o único, naquele momento, com sede operativa em

território brasileiro, em detrimento dos demais

interessados; (d) as dificuldades ostentadas pelos demais

interessados eram de expresso conhecimento de quem

decidiu pela dilação prazal, pois que o tema foi exposto

por licitantes; (e) a dilação prazal, tal como

autorizada, ao passo que beneficiou o Grupo SBM, reduziu

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a competitividade do certame, ferindo princípios

constitucionais regentes das contratações de entes da

Administração; (f) o favorecimento observado é fato JFRJ


Fls 1538
objetivo, derivado das circunstâncias de operação do

Grupo SBM, distintas das pertinentes aos concorrentes, e

não é afastada por considerações quanto à parcela de

mercado detida pelo grupo empresarial ou pela qualidade

de seus produtos, e nem equivale a dizer que, de outra

forma, o grupo empresarial não teria se sagrado vencedor

do certame.

Em seguida, entendeu o Juízo que o

favorecimento observado foi causado pelos pagamentos

feitos a PAULO ROBERTO BUARQUE CARNEIRO e PEDRO JOSÉ

BARUSCO FILHO, tendo sido obra destes dois corréus, pelos

seguintes motivos: (a) em princípio, segundo a observação

do id quod plerumque accidit, pagamentos a funcionários

públicos não costumam ser atos desinteressados; (b) tendo

havido favorecimento ao grupo empresarial comercialmente

representado pelo pagador das vantagens, e tendo sido

aferida positivamente a relação entre estes valores e a

contratação, é isto poderoso indício de que vantagens e

favorecimento foram igualmente relacionados, como causa e

efeito; (c) esta compreensão restou fortalecida pela

constatação de que PAULO ROBERTO BUARQUE CARNEIRO,

percipiente dos valores pagos por JÚLIO FAERMAN,

integrava o órgão que decidiu pela dilação prazal

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favorecedora do Grupo SBM, no qual, por sua reconhecida

expertise na tecnologia empregada na contratação,

ostentava posição de ascendência técnica sobre os demais JFRJ


Fls 1539
integrantes do colegiado decisor; (d) a colegialidade não

foi tida por impeditiva à consideração da atuação de

PAULO ROBERTO BUARQUE CARNEIRO como determinante na

produção do favorecimento, pois que, além de sua

ascendência técnica sobre os demais, a vontade do órgão –

que favoreceu o Grupo SBM – foi formada, ao menos

parcialmente, pela contribuição do recebedor das

vantagens; (e) não foi produzida qualquer prova de que

PAULO ROBERTO BUARQUE CARNEIRO se tivesse posicionado, no

colegiado decisor, em contrário à dilação prazal que

favoreceu o grupo representado comercialmente por JÚLIO

FAERMAN, que lhe pagou valores em conexão à contratação;

máxima vênia concessa, nem de longe o Juízo o teve

conectado aos fatos em questão apenas por sua posição

profissional.

Foi também exposta a vinculação de PEDRO JOSÉ

BARUSCO FILHO ao favorecimento em questão (fls.

3539v./3540v.), tema que, entretanto, não tem relação com

o tópico recursal em apreciação.

Foram, então, abordadas e afastadas diversas

objeções defensivas a estas convicções (fls.

3541/3543v.), que restaram mantidas; dentre estas, estava

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a de que PAULO ROBERTO BUARQUE CARNEIRO não poderia ter

intervindo em favor do Grupo SBM, o que seria comprovado

pelo fato de que o grupo empresarial em análise não teria JFRJ


Fls 1540
logrado se sagrar vencedor em certames outros, mesmo com

atuação de PAULO ROBERTO BUARQUE CARNEIRO nos pertinentes

órgãos decisórios (fls. 3543/3543v.).

Este rechaço se deu pela consideração de que o

favorecimento foi verificado, como fato objetivo, tal

como comprovado no Relatório de Auditoria, da lavra da

Controladoria-Geral da União.

Estão assim, suficientemente expostas as

conclusões judiciais e seus fundamentos - não havendo que

se falar em obscuridade -, em que pese a respeitável

discordância do embargante que, no entanto, deve ser

veiculada pelo instrumento recursal próprio, não

merecendo, quanto ao ponto, acolhimento os aclaratórios

manejados.

De mais a mais, e com a devida venia ao

Brilhante Patrono que capitaneia a D. Defesa do

embargante, a obscuridade inexiste também porque a tese

defensiva articulada – impacto, sobre os fatos em

apuração, do quanto transcorrido em outros certames - não

foi direcionada, em sede de memoriais, contra a ligação

entre PAULO ROPBERTO BUARQUE CARNEIRO e o favorecimento,

mas contra a existência de favorecimento em si.

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Como se percebe da leitura do apropriado trecho

(fls. 3179/3183), incluído no item “I.11. Da verdade

material a partir das provas produzidas na instrução JFRJ


Fls 1541
processual”, subitem “I.11.b. Não houve fraude ou sobre-

preço nas licitações vencidas pela SBM. Todos os certames

foram realizados de forma competitiva, sem

favorecimentos”, após atacar as conclusões da

Controladoria-Geral da União e asseverar que, a seu

sentir, as testemunhas ouvidas nos autos teriam prestado

relatos comprobatórios da lisura dos certames

relacionados aos fatos objeto desta ação penal, o

embargante argumenta que determinadas planilhas

reforçariam suas alegações, e diz (fls. 3180):

“Nessas planilhas, fica demonstrado que

os pagamentos não eram capazes de

direcionar os resultados dos certames.

Senão, como explicar o fato de que a SBM

perdeu inúmeras disputas, inclusive em

licitações que tiveram a participação de

PAULO CARNEIRO?”

Outrossim, a ausência de capacidade de PAULO

ROBERTO BUARQUE CARNEIRO para intervir no curso do

certame e do contrato, em função da colegialidade dos

órgãos condutores dos procedimentos e da pretensa

ausência de poderes decisórios que lhes fossem cometidos,

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foi analisada de forma igualmente adequada (fls.

3538/3539v. e fls. 3541v.).

JFRJ
Não há, conseguintemente, qualquer obscuridade
Fls 1542
– ou mesmo omissão de tese defensiva -, a reclamar

corrigenda, sendo ainda certo que a discordância do

embargante quanto à apreciação judicial dos fatos e

provas deve ser veiculada a quem de Direito, pelo manejo

do instrumento recursal adequado, cum permissa, que não é

o dos embargos declaratórios.

Já no item 2.2.1.3.4. (fls. 3567v./3575) –

também objeto deste tópico recursal -, como visto

anteriormente, o Juízo examinou se teria restado

comprovado algum favorecimento ao Grupo SBM, que pudesse

ser tido como contrapartida aos pagamentos feitos por

JÚLIO FAERMAN a PAULO ROBERTO BUARQUE CARNEIRO e PEDRO

JOSÉ BARUSCO FILHO – aferidos positivamente nos itens

2.2.1.3.1. e 2.2.1.3.2. -, com constatada relação com a

contratação da embarcação FPSO BRASIL, tal como apreciado

no item 2.2.1.3.3..

Concluiu, em primeiro lugar, que houve

favorecimento ao Grupo SBM, com base nas seguintes

razões: (a) conforme lançado em relatório de auditoria da

lavra da Controladoria-Geral da União, a contratação,

efetivada sob procedimento de dispensa de certame

licitatório prévio, contemplou a realização de ausculta

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mercadológica para atendimento às formalidades legalmente

exigíveis quanto à compatibilidade do preço a ser

pactuado com o quanto correntemente praticado; (b) nesta JFRJ


Fls 1543
consulta aos agentes do mercado, restou dimensionado

prazo excessivamente exíguo para manifestação de

eventuais interessados, e que foi mantido, mesmo diante

de protestos de possíveis respondentes ao chamamento; (c)

a fixação prazal, a contemplar a exiguidade exposta,

beneficiou sobremaneira o Grupo SBM, em função de ser o

único, naquele momento, com sede operativa em território

brasileiro e que detinha experiência em contratações

semelhantes anteriores – FPSOs II e ESPADARTE/CIDADE DE

ANCHIETA -, tudo em detrimento dos demais interessados,

reduzindo a representatividade mercadológica da ausculta

e violando princípios constitucionais reitores da atuação

estatal, em sede de contratações da Administração; (d) a

situação da necessidade da contratação não era motivo

para a exiguidade do prazo, tendo em vista que sua

firmatura somente se deu cerca de dois meses mais tarde,

tendo sido plenamente possível que se dilatasse o prazo

de propostas, o que garantiria mais ampla

representatividade ao procedimento, e anularia o

favorecimento; (d) as dificuldades ostentadas pelos

demais interessados eram de expresso conhecimento de quem

decidiu pela fixação prazal, pois que o tema foi exposto

por interessados, ao postularem dilação; (e) o

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favorecimento observado é fato objetivo, derivado das

circunstâncias de operação do Grupo SBM, distintas das

pertinentes aos concorrentes, e não é afastada por JFRJ


Fls 1544
considerações quanto à parcela de mercado detida pelo

grupo empresarial ou pela qualidade de seus produtos, e

nem equivale a dizer que, de outra forma, o grupo

empresarial não teria logrado se fazer contratado; (f) os

fatos envolvendo a contratação do FPSO BRASIL são de todo

semelhantes àqueles pertinentes à contratação do FPSO

ESPADARTE/CIDADE DE ANCHIETA, em que houve pagamentos e

favorecimento correlato.

Em seguida, entendeu o Juízo que o

favorecimento observado foi causado pelos pagamentos

feitos a PAULO ROBERTO BUARQUE CARNEIRO e PEDRO JOSÉ

BARUSCO FILHO, tendo sido obra destes dois corréus, pelos

seguintes motivos: (a) em princípio, segundo a observação

do id quod plerumque accidit, pagamentos a funcionários

públicos não costumam ser atos desinteressados; (b) tendo

havido favorecimento ao grupo empresarial comercialmente

representado pelo pagador das vantagens, e tendo sido

aferida positivamente a relação entre estes valores e a

contratação – no item 2.2.1.3.3. (fls. 3564v./3567v.) -,

é isto poderoso indício de que vantagens e favorecimento

foram igualmente relacionados, como causa e efeito; (c)

esta compreensão restou fortalecida pela constatação de

que PAULO ROBERTO BUARQUE CARNEIRO integrava o órgão que

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decidiu pela fixação prazal favorecedora do Grupo SBM, no

qual, por sua reconhecida expertise na tecnologia

empregada na contratação, ostentava posição de JFRJ


Fls 1545
ascendência técnica sobre os demais integrantes do

colegiado decisor; (d) a colegialidade não foi tida por

impeditiva à consideração da atuação de PAULO ROBERTO

BUARQUE CARNEIRO como determinante na produção do

favorecimento, pois que, além de sua ascendência técnica

sobre os demais, a vontade do órgão – que favoreceu o

Grupo SBM – foi formada, ao menos parcialmente, pela

contribuição do recebedor de vantagens; (e) não foi

produzida qualquer prova de que PAULO ROBERTO BUARQUE

CARNEIRO se tivesse posicionado, no colegiado decisor, em

contrário à fixação prazal que favoreceu o grupo

representado comercialmente por JÚLIO FAERMAN, que lhe

pagou valores em conexão à contratação; (f) a existência

de eventuais outros corresponsáveis não afastaria a

contribuição de PAULO ROBERTO BUARQUE CARNEIRO na

formação dos resultados examinados; maxima venia

concessa, nem de longe o Juízo o teve conectado aos fatos

em questão apenas por sua posição profissional.

Foi também exposta a vinculação de PEDRO JOSÉ

BARUSCO FILHO ao favorecimento em questão (fls.

3571/3572), tema que, entretanto, não tem relação com o

tópico recursal em apreciação.

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Foram, então, abordadas e afastadas diversas

objeções defensivas a estas convicções (fls. 3572/3575),

que restaram mantidas; dentre estas, estava a de que JFRJ


Fls 1546
PAULO ROBERTO BUARQUE CARNEIRO não poderia ter intervindo

em favor do Grupo SBM, o que seria comprovado pelo fato

de que o grupo empresarial em análise não teria logrado

se sagrar vencedor em certames outros, mesmo com atuação

de PAULO ROBERTO BUARQUE CARNEIRO nos pertinentes órgãos

decisórios (fls. 3574v.).

Este rechaço se deu pela consideração de que o

favorecimento foi verificado, como fato objetivo, tal

como comprovado no Relatório de Auditoria, da lavra da

Controladoria-Geral da União.

Estão assim, suficientemente expostas as

conclusões judiciais e seus fundamentos - não havendo que

se falar em obscuridade -, em que pese a respeitável

discordância do embargante que, no entanto, deve ser

veiculada pelo instrumento recursal próprio, não

merecendo, quanto ao ponto, acolhimento os aclaratórios

manejados.

De mais a mais, e com a devida venia ao

Brilhante Patrono que capitaneia a D. Defesa do

embargante, a obscuridade inexiste também porque a tese

defensiva articulada – impacto, sobre os fatos em

apuração, de outros certames - não foi direcionada, em

Assinado eletronicamente. Certificação digital pertencente a VITOR BARBOSA VALPUESTA.


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sede de memoriais, contra a ligação entre PAULO ROBERTO

BUARQUE CARNEIRO e o favorecimento, mas contra a

existência de favorecimento em si. JFRJ


Fls 1547
Como se percebe da leitura do apropriado trecho

(fls. 3179/3183), incluído no item “I.11. Da verdade

material a partir das provas produzidas na instrução

processual”, subitem “I.11.b. Não houve fraude ou sobre-

preço nas licitações vencidas pela SBM. Todos os certames

foram realizados de forma competitiva, sem

favorecimentos”, após atacar as conclusões da

Controladoria-Geral da União e asseverar que, a seu

sentir, as testemunhas ouvidas nos autos teriam prestado

relatos comprobatórios da lisura dos certames

relacionados aos fatos objeto desta ação penal, o

embargante argumenta que determinadas planilhas

reforçariam suas alegações, e diz (fls. 3180):

“Nessas planilhas, fica demonstrado que

os pagamentos não eram capazes de

direcionar os resultados dos certames.

Senão, como explicar o fato de que a SBM

perdeu inúmeras disputas, inclusive em

licitações que tiveram a participação de

PAULO CARNEIRO?”

Outrossim, a ausência de capacidade de PAULO

ROBERTO BUARQUE CARNEIRO para intervir no curso do

procedimento de ausculta mercadológica e do contrato, em

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função da colegialidade dos órgãos condutores dos

procedimentos e da pretensa ausência de poderes

decisórios que lhes fossem cometidos, foi analisada de JFRJ


Fls 1548
forma igualmente adequada (fls. 3570v./3571 e fls. 3573).

Não há, conseguintemente, qualquer obscuridade

– ou mesmo omissão de tese defensiva -, a reclamar

corrigenda, sendo ainda certo que a discordância do

embargante quanto à apreciação judicial dos fatos e

provas deve ser veiculada a quem de Direito, pelo manejo

do instrumento recursal adequado, cum permissa, que não é

o dos embargos declaratórios.

Por fim, no item 2.2.1.5.3. (fls. 3616/3625),

após entender por incomprovado o primeiro alegado

favorecimento ao Grupo SBM – formação inadequada de

parcela da remuneração devida em função da contratação da

embarcação FPSO CAPIXABA – externou o Juízo convicção no

sentido de que havia sido comprovada uma segunda forma de

favorecimento ao Grupo SBM, relativamente à contratação

em questão: incremento, por meio de aditivo contratual,

da expressão econômica do contrato em extrapolação ao

limite legal.

O Juízo entendeu dessa forma pelas seguintes

razões: (a) conforme auditoria empreendida pela

Controladoria-Geral da União, foi constatado que a

PETROBRÁS, após a contratação da embarcação FPSO

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CAPIXABA, necessitou empregá-la em atividades extrativas

de hidrocarbonetos em outro local, o que demandou

adaptações e readequação da remuneração do contratado, o JFRJ


Fls 1549
Grupo SBM; (b) a alteração quantitativa do objeto

contratado se sujeitava a limitações de cunho legal,

fixadas em vinte e cinco por cento do montante original,

em atendimento a postulados constitucionais e legais

aplicáveis, e não podia tê-los extrapolado; (c) a

readequação remuneratória empreendida pela PETROBRÁS

incrementou a expressão econômica do contrato em mais de

duzentos e cinquenta por cento; (d) houve extrapolação

dos limites legais, cujas razões apresentadas à

Controladoria-Geral da União foram tidas corretamente

como improcedentes; (e) a extrapolação da limitação é

constatação de cunho objetivo-jurídico, e não é desfeita

por considerações quanto aos predicados do Grupo SBM; (f)

a sobredita extrapolação representou favorecimento ao

Grupo SBM, na medida em que incrementou seu volume de

negócios, sem necessidade de ressubmissão da contratação

a certame licitatório, sob as condições posteriores e

precedida de rescisão contratual, o que foi tido pelo

Juízo como a solução legalmente prescrita para o caso da

necessidade de readequação da atividade extrativa, com

emprego de embarcação em local diverso do originalmente

contratado, em vista da necessidade de redimensionamento

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remuneratório, que atingia patamares extrapoladores dos

limites legais.

JFRJ
A seguir, o Juízo externou convicção no sentido
Fls 1550
de que o favorecimento identificado foi obra de PAULO

ROBERTO BUARQUE CARNEIRO – que, como visto no item

2.2.1.5.1. (fls. 3614/3614v.), recebeu valores de JÚLIO

FAERMAN, os quais, como examinado no item 2.2.1.5.2.

(fls. 3614v./3616), tiveram relação direta com a

contratação do FPSO CAPIXABA -, como contrapartida pelos

valores que lhe foram franqueados, pelos seguintes

fundamentos: (a) pagamentos a funcionários públicos não

costumam ser atos desinteressados; (b) tendo havido

pagamentos da parte de JÚLIO FAERMAN ao empregado da

PETROBRÁS PAULO ROBERTO BUARQUE CARNEIRO, e, por outro

lado, tendo havido favorecimento da parte da PETROBRÁS ao

Grupo SBM, comercialmente representado por JÚLIO FAERMAN,

é isto poderoso indício no sentido de que uma e outra

coisa estavam ligadas, como causa e efeito; (c) os

documentos pertinentes à contratação indicam que PAULO

ROBERTO BUARQUE CARNEIRO integrou o órgão que negociou o

aditivo em que verificada a enorme extrapolação do limite

legal, em favorecimento ao Grupo SBM, e, ademais, tinha

sobre os demais integrantes ascendência técnica, dado seu

domínio das tecnologias empregadas; (d) a extrapolação

era em patamar de tal monta grosseiro, que não há como se

tê-la por não tendo sido intencional; (e) a colegialidade

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do órgão condutor das negociações, e que o fez em

extrapolação aos limites legais, não foi tida por

impeditiva da consideração de ter materializado a JFRJ


Fls 1551
contrapartida de PAULO ROBERTO BUARQUE CARNEIRO a JÚLIO

FAERMAN, seja porque a vontade do órgão era composta

também da vontade do primeiro, seja pela ascendência

técnica que este ali exercia, seja ainda porque nada foi

produzido no sentido de que tenha PAULO ROBERTO BUARQUE

CARNEIRO se oposto à extrapolação multi referida; (f)

quando dos fatos envolvendo o FPSO CAPIXABA, detectou-se

que PAULO ROBERTO BUARQUE CARNEIRO já era remunerado

ilicitamente por JÚLIO FAERMAN havia muitos anos e havia

produzido contrapartidas ilícitas, comprovadamente, ao

menos nas contratações dos FPSOs ESPADARTE/CIDADE DE

ANCHIETA e BRASIL; maxima venia concessa, nem de longe o

Juízo o teve conectado aos fatos em questão apenas por

sua posição profissional.

Foram, então, abordadas e afastadas diversas

objeções defensivas a estas convicções (fls.

3622v./3625), que restaram mantidas; dentre aquelas,

estava a de que PAULO ROBERTO BUARQUE CARNEIRO não

poderia ter intervindo em favor do Grupo SBM, o que seria

comprovado pelo fato de que o grupo empresarial em

análise não teria logrado se sagrar vencedor em certames

outros, mesmo com atuação de PAULO ROBERTO BUARQUE

CARNEIRO nos pertinentes órgãos decisórios (fls. 3625).

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Este rechaço se deu pela consideração de que o

favorecimento foi verificado, como fato objetivo, tal

como comprovado no Relatório de Auditoria, da lavra da JFRJ


Fls 1552
Controladoria-Geral da União.

Estão assim, suficientemente expostas as

conclusões judiciais e seus fundamentos - não havendo que

se falar em obscuridade -, em que pese a respeitável

discordância do embargante que, no entanto, deve ser

veiculada pelo instrumento recursal próprio, não

merecendo, quanto ao ponto, acolhimento os aclaratórios

manejados.

De mais a mais, e com a devida vênia ao

Brilhante Patrono que capitaneia a D. Defesa do

embargante, a obscuridade inexiste também porque a tese

defensiva articulada – impacto, sobre os fatos em

apuração, de outros certames - não foi direcionada, em

sede de memoriais, contra a ligação entre PAULO ROBERTO

BUARQUE CARNEIRO e o favorecimento, mas contra a

existência de favorecimento em si.

Como se percebe da leitura do apropriado trecho

(fls. 3179/3183), incluído no item “I.11. Da verdade

material a partir das provas produzidas na instrução

processual”, subitem “I.11.b. Não houve fraude ou sobre-

preço nas licitações vencidas pela SBM. Todos os certames

foram realizados de forma competitiva, sem

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favorecimentos”, após atacar as conclusões da

Controladoria-Geral da União e asseverar que, a seu

sentir, as testemunhas ouvidas nos autos teriam prestado JFRJ


Fls 1553
relatos comprobatórios da lisura dos certames

relacionados aos fatos objeto desta ação penal, o

embargante argumenta que determinadas planilhas

reforçariam suas alegações, e diz (fls. 3180):

“Nessas planilhas, fica demonstrado que

os pagamentos não eram capazes de

direcionar os resultados dos certames.

Senão, como explicar o fato de que a SBM

perdeu inúmeras disputas, inclusive em

licitações que tiveram a participação de

PAULO CARNEIRO?”

Outrossim, a ausência de capacidade de PAULO

ROBERTO BUARQUE CARNEIRO para intervir na negociação

contratual que extrapolou os limites legais, em função da

colegialidade dos órgãos condutores dos procedimentos e

da pretensa ausência de poderes decisórios que lhes

fossem cometidos, foi analisada de forma igualmente

adequada (fls. 3621v./3622v. e fls. 3623/3623v.).

Não há, conseguintemente, qualquer obscuridade

– ou mesmo omissão de tese defensiva -, a reclamar

corrigenda, sendo ainda certo que a discordância do

embargante quanto à apreciação judicial dos fatos e

provas deve ser veiculada a quem de Direito, pelo manejo

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do instrumento recursal adequado, cum permissa, que não é

o dos embargos declaratórios.

JFRJ
Detectada, assim, como improcedente a agitada
Fls 1554
hipótese de embargabilidade, maxima venia concessa,

também quanto a este tópico recursal serão os embargos

inacolhidos.

II.1.1.1.7. CONTRADIÇÃO – FUNDAMENTAÇÃO E

JULGADO INDICADO COMO RESPECTIVO SUPORTE – SUBVERSÃO DO

CONTEÚDO DE ACÓRDÃO DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA –

ITEM 2.2.1.5.3.

O embargante, no tópico recursal em apreço,

alegou que o Juízo, ao asseverar que, na contratação do

FPSO CAPIXABA, incidiria limitação de alteração de escopo

contratual orçada em vinte e cinco por cento de seu

valor, teria colacionado ementa de precedente da lavra do

C. Superior Tribunal de Justiça, o qual não seria

condizente com os fundamentos agitados.

Externou o embargante convicção de que a

hipótese tratada no precedente transcrito seria distinta

daquela em apreciação nestes autos, pois que, naquele

caso, “teriam sido realizados aditivos ilegais, pois não

teriam ocorrido alterações nas condições econômicas do

respectivo contrato” (fls. 3923); contrariamente, na

demanda tratada neste caderno processual, ter-se-iam dado

“alterações no escopo do contrato, que alteraram a

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situação econômica, como reconhecido à Petrobrás” (fls.

3923).

JFRJ
Pugnou o embargante pelo aclaramento da
Fls 1555
contradição “entre o trecho mencionado da r. sentença e o

aresto ao qual se refere” (fls. 3924).

Data maxima venia ao sempre Brilhante Defensor

que capitaneia a D. Defesa do embargante, uma vez mais

não se está diante de contradição, como hipótese

embargável; isto porque, como tantas vezes já dito ao

longo deste ato decisório – e pacífico

jurisprudencialmente -, a contradição apta a permitir a

dedução de procedente pleito de aclaramento é apenas

aquela capaz de inviabilizar a compreensão do ato

judicial, causando a seu leitor perplexidade – e.g. dois

trechos de fundamentação, em que o primeiro considera

como ocorrido um fato, enquanto um segundo diz

expressamente que este não ocorreu; ou uma fundamentação

que conclui pela inocorrência de fato típico, seguida de

dispositivo em que se condena o réu.

Jamais pode ser o caso em que a parte entende

que determinado precedente judicial, transcrito em sua

ementa como reforço argumentativo de eficácia persuasiva,

não ostenta o sentido que o Juízo lhe atribui, e,

portanto, não reforçaria sua argumentação.

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Exatamente este o caso: no item 2.2.1.5.3.

(fls. 3616/3625), foi examinado pelo Juízo que houve

favorecimento, ao Grupo SBM, como contrapartida aos JFRJ


Fls 1556
pagamentos feitos por seu representante comercial, JÚLIO

FAERMAN, a PAULO ROBERTO BUARQUE CARNEIRO – tal como

aferido positivamente no item 2.2.1.5.1. -, e com relação

direta à contratação do FPSO CAPIXABA – tal como

positivamente aferido no item 2.2.1.5.2..

Com base nos fundamentos então expendidos, foi

detectado, com base em trabalho de auditoria da lavra da

Controladoria-Geral da União, que, em determinado aditivo

contratual, foi incrementada a expressão econômica da

avença – em mais de duzentos e cinquenta por cento - em

extrapolação aos limites legais, que eram de apenas vinte

e cinco por cento.

O Juízo, após externar sua convicção de que os

limites de alterabilidade contratual eram cogentes –

tanto sob o regime do item 7.2., alínea “b”, do Decreto

2745/98, quanto sob a normação do art. 81, §1º, da Lei

13303/16 -, julgou que a extrapolação não era

justificável, à luz das necessidades de readequação do

emprego do ativo objeto da contratação original – a

embarcação FPSO CAPIXABA, que necessitaria ser utilizada

em local distinto, a implicar adaptações e

redimensionamento da remuneração da contratada.

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Meramente a título de reforço argumentativo,

quanto à cogência da limitação em questão, o Juízo

apresentou transcrição de precedente da lavra do C. JFRJ


Fls 1557
Superior Tribunal de Justiça (fls. 3619v./3620v.).

Acaso, por conseguinte, o julgado não tratasse

do tema em questão – ou o tratasse com entendimento

diverso ao do Juízo -, isso jamais poderia ser tido como

“contradição” embargável; isto porque o que afeta a

esfera do embargante e integra a fundamentação do Juízo

são as razões por este agitadas, e nas quais se assenta o

comando judicial expedido, e não eventual precedente

apresentado como reforço persuasivo da argumentação

judicial.

E, como visto, as razões do Juízo são

cristalinas – os limites de alteração eram cogentes e não

poderiam ter sido extrapolados – e foram adequadamente

compreendidas pelo embargante, até mesmo porque, do

contrário – caso não as tivesse compreendido -, não teria

como verificar se o julgado transcrito lhes contradizia

ou não.

Seja como for, nem mesmo a suposta contradição

existe: o trecho sublinhado pelo embargante (fls. 3923) –

e que também o foi na sentença guerreada (fls.

3620/3620v.) – diz textualmente que os limites do art.

65, §§ 1º e 2º, da Lei 8666/93 se aplicam forçosamente a

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ambas as hipóteses de alteração contratual uniltateral

(art. 65, I, “a” e “b”, da Lei 8666/93), e este é

precisamente o argumento de fundamentação ao qual se JFRJ


Fls 1558
destinou a transcrição a persuasivamente reforçar: o de

que os limites são cogentes e de observância obrigatória,

pelo que a alteração com sua extrapolação caracterizou

ilicitude.

Fácil é ver que, apenas por lapso, se continuou

a grifar a frase seguinte, relativas a situações em que o

respeito ao limite de alteração – de 25% - não era escudo

a juízo de ilicitude, pois que as alterações contratuais

teriam sido, na hipótese então julgada, feitas com base

em fundamentos inidôneos; isto, contudo, nenhuma relação

tem com o caso, e em nada infirma a cogência dos limites

quantitativos de alteração contratual postos na oração

anterior, e que em tudo – estes sim - se relacionam ao

caso dos presentes autos.

Consequentemente, não havendo contradição a ser

sanada, os aclaratórios do embargante, quanto a este

tópico recursal, não merecerão provimento.

II.1.1.1.8. OBSCURIDADE – FUNDAMENTAÇÃO –

AUSÊNCIA DE RELAÇÃO ENTRE A DOUTRINA CITADA E O CASO

CONCRETO – ITEM 2.2.1.7.4.

Alegou o embargante que, no item 2.2.1.7.4., o

Juízo teria externado convicção positiva de que teria

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havido favorecimento ao Grupo SBM, entendendo que a

transmissão de informações, por PEDRO JOSÉ BARUSCO FILHO

ao grupo empresarial e no âmbito de certo procedimento JFRJ


Fls 1559
licitatório, teria afetado positivamente as condições de

sua proposta; neste trecho sentencial, o Juízo teria

empregado transcrição de determinada lição doutrinal,

que, no entanto e ao ver do embargante, não seria

compatível com o caso em apreciação.

A discrepância estaria em que, no caso dos

autos, o certame licitatório se teria dado no exterior,

com modelo semelhante a leilão, sendo certo que o

fornecimento de informações se teria inserido em tal

contexto, com vistas a reduzir o preço da proposta, o que

teria, alfim, ocorrido.

Asseverou ainda o embargante que “não se

ostenta possível identificar a relação entre a doutrina e

o caso concreto”, o que seria “fundamental para que se

compreenda a fundamentação e as conclusões alcançadas no

referido trecho da r. sentença“ (fls. 3927/3928), e

arrematou postulando o aclaramento da situação.

Maxima venia concessa ao Nobre, não há qualquer

obscuridade, como hipótese de embargabilidade; isto

porque a verdadeira obscuridade, a autorizar o procedente

manejo dos aclaratórios, ocorre apenas quando em voga

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certo trecho sentencial cujo sentido seja inalcançável,

por emprego de redação hermética, incompreensível.

JFRJ
Da análise das razões do embargante, quanto ao
Fls 1560
tópico (fls. 3924/3928), resulta cristalino que

compreendeu os fundamentos sentenciais expostos, mas

deles discorda, principalmente quanto à incidência de

determinado trecho de lições doutrinárias, colacionadas a

título de reforço argumentativo, de cunho persuasivo;

sintomático deste estado de coisas é sua afirmação de que

“a aludida doutrina não se coaduna ao caso concreto”

(fls. 3925), apontando, assim, seu entendimento no

sentido da erronia da transcrição do escólio em socorro

às razões então expendidas.

Aliás, como tantas vezes dito ao longo deste

ato decisório, a discordância – ainda que travestida de

alguma das hipóteses de embargabilidade – pressupõe

necessariamente compreensão do objeto de análise – a

sentença guerreada -, pelo que leva inexoravelmente a um

juízo de inexistência do vício embargável de que se

queixa o recorrente.

Seja como for – e mesmo que o embargante

tivesse razão em sua argumentação -, o fundamento que

sustenta o comando judicial emitido ao fim do ato

sentencial é aquele posto pelo Juízo, e não o trecho

doutrinal colacionado como mero reforço argumentativo;

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assim, eventual transcrição inadequada de trecho

doutrinário poderia, quando muito, levar ao

enfraquecimento da persuasividade da argumentação tecida, JFRJ


Fls 1561
mas jamais à sua incompreensibilidade, e, pois, à

necessidade da sanação do vício pela via dos embargos de

declaração.

Logo, não havendo, em realidade, qualquer

obscuridade, não há que se falar em sanação pela via dos

aclaratórios.

Seja como for, o exame do trecho sentencial de

que se queixa o embargante revela igualmente que não

procede sua alegação de estar o ato sentencial guerreado

a padecer do vício articulado; vejamos.

No item em questão – 2.2.1.7.4. (fls.

3671/3674v.) -, o Juízo apurou se teria havido

favorecimento ao Grupo SBM, como contrapartida aos

pagamentos feitos por JÚLIO FAERMAN e LUÍS EDUARDO CAMPOS

BARBOSA DA SILVA a PEDRO JOSÉ BARUSCO FILHO, aferidos

positivamente no item 2.2.1.7.1. (fls. 3665v./3667v.) e

cuja relação com a contratação do turret da embarcação P-

53 foi tida por comprovada no item 2.2.1.7.3 (fls.

3668v./3670v.).

Concluiu o Juízo que o favorecimento

efetivamente ocorreu, com base nos seguintes fundamentos:

(a) em declarações prestadas em sede pré-processual e em

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Juízo, PEDRO JOSÉ BARUSCO FILHO admitiu que, motivado por

preferência genérica pelo Grupo SBM, assim como pelos

montantes que lhe foram pagos, transmitiu-lhe JFRJ


Fls 1562
informações, ainda durante procedimento licitatório, para

que pudesse melhor formatar sua proposta, de forma a

sagrar-se vencedor; (b) as declarações de JÚLIO FAERMAN e

LUÍS EDUARDO CAMPOS BARBOSA DA SILVA - em que pese

estarem animadas pelo claro intento de construir contexto

em que esta transmissão informacional se teria dado em

quadrantes de regularidade, franqueada a todos os demais

licitantes – veicularam admissão terem recebido os dados

em questão, no curso do procedimento licitatório, de

PEDRO JOSÉ BARUSCO FILHO, bem como a circunstância de

isto possibilitou o melhoramento da proposta do Grupo SBM

no certame, o qual, alfim, restou vencedor; (c)

comprovada a transmissão de informações, a alegada

regularidade da situação em que isto se deu foi tida por

carente de substanciação probante, ônus defensivo nos

termos do art. 156 do CPP; (d) a alegação foi contrariada

pela narrativa de PEDRO JOSÉ BARUSCO FILHO, que nada

disse acerca da regularidade da passagem de informações;

(e) a alegação de livre e desimpedida fluência de

informações, em benefício de todos os participantes do

certame, é incompatível com os próprios fundamentos

socioeconômicos em que se baseia a licitação, em que a

assimetria informacional é da essência de um procedimento

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em que se pretende, como um de seus mais importantes

fins, alcançar contratações mais vantajosas ao ente

administrativo; (f) nesta contextura, inverossímil que JFRJ


Fls 1563
isto fosse ignorado no procedimento em causa, com

evidentes prejuízos à vantajosidade da contratação dele

decorrente; (g) a irrregularidade do fornecimento de

informações – e sua caracterização como favorecimento

correlato aos valores pagos por JÚLIO FAERMAN e LUÍS

EDUARDO CAMPOS BARBOSA DA SILVA a PEDRO JOSÉ BARUSCO

FILHO – é corroborada ainda pela consideração de que

pagamentos a funcionários públicos não costumam ser

liberalidade ou atos desinteressados; (h) os fatos

envolvendo o turret da P-53 se inseriam em um contexto

maior, em que outros valores haviam sido pagos a em

pregados da PETROBRÁS - como PEDRO JOSÉ BARUSCO FILHO -,

tendo estes, em contrapartida, promovido favorecimentos

ao Grupo SBM, como ocorrido em relação aos FPSOs

ESPADARTE/CIDADE DE ANCHIETA, BRASIL e CAPIXABA; (i) o

favorecimento observado é de cunho objetivo, e não é

desfeito por ponderações a respeito dos predicados do

Grupo SBM, ou de sua sorte em outros procedimentos

licitatórios.

A respeito das razões “e” e “f” acima postas, é

que o Juízo (fls. 3673/3673v.), ao abordar o tema da

assimetria informacional, entre os licitantes e o ente

administrativo, como necessária ao atingimento de

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contratações vantajosas a este último, pela via da

evitação do chamado “efeito âncora”, apresentou trecho

doutrinal que retrata “comentários ao chamado Regime JFRJ


Fls 1564
Diferenciado de Contratações Públicas (Lei 12462/11) –

mas sendo as considerações em todo pertinentes ao certame

em observação” (fls. 3673); evidente que não se está

diante do regime licitatório então abordado no artigo,

mas o tema do “efeito âncora”, como tratado no excerto

doutrinal, tem pertinência genérica em procedimentos

licitatórios, e, por evidente, naquele relacionado aos

fatos apreciados no trecho sentencial de que se queixa o

embargante.

Logo se vê, por conseguinte, que não há

qualquer incompatibilidade entre o tema objeto das lições

e a situação então sendo judicialmente apreciada.

Percebe-se que o embargante crê que, em

realidade, o trecho doutrinal não teria aplicação ao caso

em apreço, o que, a seu sentir, desfaria a totalidade das

razões pelas quais o Juízo teve por caracterizado

favorecimento ao Grupo SBM, da parte de PEDRO JOSÉ

BARUSCO FILHO e como contrapartida aos valores que lhe

foram pagos por JÚLIO FAERMAN e LUÍS EDUARDO CAMPOS

BARBOSA DA SILVA, em correlação à contratação do turret

da embarcação P-53; ocorre que aí não se tem, como já

dito, obscuridade sentencial – sanável pela via dos

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aclaratórios -, mas discordância dos critérios de

julgamento, que deve ser veiculada a quem de Direito,

pelo instrumento recursal apropriado. JFRJ


Fls 1565
De mais a mais, é de se relembrar a advertência

já feita no item II.1.1.1.7. deste ato decisório: mesmo

até que se verificasse confronto entre o teor do trecho

doutrinal transcrito e as razões agitads pelo Juízo, isto

não nulificaria o teor da sentença guerreada, nem lhe

atrairia a pretendida pecha de obscura: isto porque, ao

passo em que é a fundamentação, enquanto esteio do

dispositivo sentencial - em atendimento à garantia

constitucional pertinente (art. 93, IX, da CR/88) -, que

afeta a esfera da parte, o trecho doutrinário transcrito

tem mera natureza de reforço argumentativo, de cunho

persuasivo, não atingindo, portanto, a parte,

propriamente.

Assim, ainda que houvesse a contraposição entre

o trecho doutrinal e as razões expostas pelo Juízo, ou a

situação então em apreciação – que, como visto acima, não

ocorreu -, isto poderia, quando muito, redundar em

enfraquecimento das razões invocadas e, no limite,

erronia no julgamento, a merecer reforma, desde que

provocado seu reexame, entretanto, pelo instrumento

adequado; jamais, contudo, desaguaria em procedência da

insurgência ora sob exame.

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Conseguintemente, inobservado o vício de

obscuridade articulado, os embargos serão, também quanto

a este ponto, inacolhidos. JFRJ


Fls 1566
II.1.11..9. OBSCURIDADE – VINCULAÇÃO DE PEDRO

BARUSCO A VÍCIOS EM LICITAÇÕES – INCOMPREENSÃO DE ATO DE

OFÍCIO VIOLADO – ITENS 2.2.1.2.4. E 2.2.1.3.4.

O embargante alegou que, nos itens sentenciais

apontados, o Juízo teria indicado posições profissionais

ocupadas por PEDRO JOSÉ BARUSCO FILHO “para conectá-lo a

supostas falhas identificadas nos contratos, com base nas

quais se reconheceu suposto favorecimento ilegal à SBM”

(fls. 3928), mas que, “a partir da relação construída,

não se ostenta possível identificar qual ato de ofício,

efetivamente, teria sido praticado, com violação

funcional, muito embora, na r. sentença, seja reconhecida

a violação de ato de ofício pelo aludido funcionário”

(fls. 3932).

Prosseguiu, explicando que, a seu aviso, além

das funções ocupadas, teriam sido, apenas no caso do item

sentencial 2.2.1.2.4., indicados atos praticados por

PEDRO JOSÉ BARUSCO FILHO em conformidade com tal função,

enquanto, no item sentencial 2.2.1.3.4., nenhum ato de

ofício teria sido sequer indicado; pugnou pelo

aclaramento “do ato de ofício praticado com violação

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funcional” por PEDRO JOSÉ BARUSCO FILHO “reconhecido no

âmbito dos aludidos contratos” (fls. 3932).

JFRJ
De plano – e com todas as venias devidas ao
Fls 1567
Ilustre Causídico que capitaneia a D. Defesa do

embargante -, é perceptível que não se está diante de

qualquer obscuridade, enquanto hipótese de

embargabilidade, a qual, como já tantas vezes dito

alhures, pressupõe incompreensão do ato guerreado, gerada

por redação falha, a causar perplexidade naquele que o

lê.

In casu, pouco esforço é necessário para

verificar que o embargante alcunha de obscuridade o que,

em realidade, é sua discordância do critério de

julgamento; isto porque, ao dizer não ter identificado

qual seria o ato de ofício tido sentencialmente por

praticado com violação a deveres funcionais, o embargante

está a afirmar, em realidade, que a apreciação do delito

de corrupção ativa, nos itens em questão, teria sido

falha, uma vez que esta pressuporia a indicação detida e

específica de tal ato.

E, como também já tantas vezes exposto, a

discordância – ainda que alcunhada de qualquer dos vícios

embargáveis – não pode ser licitamente veiculada pelos

aclaratórios, sendo necessário o manejo do recurso

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adequado perante quem de Direito, para que tal

argumentação possa ser conhecida.

JFRJ
Seja como for, o exame dos itens sentenciais
Fls 1568
apontados pelo embargante revela que não padecem do vício

indicado; vejamos.

No item 2.2.1.2.4. (fls. 3536v./3543v.), o

Juízo examinou se teria restado comprovado algum

favorecimento ao Grupo SBM, que pudesse ser tido como

contrapartida aos pagamentos feitos por JÚLIO FAERMAN a

PEDRO JOSÉ BARUSCO FILHO e PAULO ROBERTO BUARQUE CARNEIRO

– aferidos positivamente nos itens 2.2.1.2.1. (fls.

3532/3532v.) e 2.2.1.2.2. (fls. 3532v./3533v.) – e cuja

relação com a contratação da embarcação FPSO

ESPADARTE/CIDADE DE ANCHIETA foi positivamente aferida no

item 2.2.1.2.3. (fls. 3533v./3536v.).

Concluiu, em primeiro lugar, que houve

favorecimento ao Grupo SBM, com base nas seguintes

razões: (a) conforme lançado em relatório de auditoria da

lavra da Controladoria-Geral da União, o prazo para

entrega de propostas por interessados, no âmbito da

licitação que precedeu a contratação pertinente ao FPSO

ESPADARTE/CIDADE DE ANCHIETA, foi fixado de forma

excessivamente exígua, e, diante de pedidos de vários dos

licitantes, no sentido de que se promovesse dilação

prazal, esta foi concedida, mas em patamar muito aquém do

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quanto postulado, e mesmo do praticado em diversos outros

certames, com objetos semelhantes; (b) ainda no relatório

da Controladoria-Geral da União, foi afastada a JFRJ


Fls 1569
possibilidade de que a dilação prazal, tal como

autorizada, tenha sido resultado de circunstâncias do

certame ou da contratação; (c) a dilação prazal, tal como

deferida, beneficiou sobremaneira o Grupo SBM, em função

de ser o único, naquele momento, com sede operativa em

território brasileiro, em detrimento dos demais

interessados; (d) as dificuldades ostentadas pelos demais

interessados eram de expresso conhecimento de quem

decidiu pela dilação prazal, pois que o tema foi exposto

por licitantes; (e) a dilação prazal, tal como

autorizada, ao passo que beneficiou o Grupo SBM, reduziu

a competitividade do certame, ferindo princípios

constitucionais regentes das contratações de entes da

Administração; (f) o favorecimento observado é fato

objetivo, derivado das circunstâncias de operação do

Grupo SBM, distintas das pertinentes aos concorrentes, e

não é afastada por considerações quanto à parcela de

mercado detida pelo grupo empresarial ou pela qualidade

de seus produtos, e nem equivale a dizer que, de outra

forma, o grupo empresarial não teria se sagrado vencedor

do certame.

Em seguida, entendeu o Juízo que o

favorecimento observado foi causado pelos pagamentos

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feitos a PAULO ROBERTO BUARQUE CARNEIRO e PEDRO JOSÉ

BARUSCO FILHO, tendo sido obra destes dois corréus, pelos

seguintes motivos: (a) em princípio, segundo a observação JFRJ


Fls 1570
do id quod plerumque accidit, pagamentos a funcionários

públicos não costumam ser atos desinteressados; (b) tendo

havido favorecimento ao grupo empresarial comercialmente

representado pelo pagador das vantagens, e tendo sido

aferida positivamente a relação entre estes valores e a

contratação, é isto poderoso indício de que vantagens e

favorecimento foram igualmente relacionados, como causa e

efeito; (c) esta compreensão restou fortalecida pela

constatação de que PAULO ROBERTO BUARQUE CARNEIRO,

percipiente dos valores pagos por JÚLIO FAERMAN,

integrava o órgão que decidiu pela dilação prazal

favorecedora do Grupo SBM, no qual, por sua reconhecida

expertise na tecnologia empregada na contratação,

ostentava posição de ascendência técnica sobre os demais

integrantes do colegiado decisor; (e) a colegialidade não

foi tida por impeditiva à consideração da atuação de

PAULO ROBERTO BUARQUE CARNEIRO como determinante na

produção do favorecimento, pois que, além de sua

ascendência técnica sobre os demais, a vontade do órgão –

que favoreceu o Grupo SBM – foi formada, ao menos

parcialmente, pela contribuição do recebedor de

vantagens; (f) não foi produzida qualquer prova de que

PAULO ROBERTO BUARQUE CARNEIRO se tivesse posicionado, no

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colegiado decisor, em contrário à dilação prazal que

favoreceu o grupo representado comercialmente por JÚLIO

FAERMAN, que lhe pagou valores em conexão à contratação. JFRJ


Fls 1571
No que disse com PEDRO JOSÉ BARUSCO FILHO, o

Juízo entendeu comprovada a ligação entre os valores por

ele recebidos, sua atuação e o favorecimento ao Grupo

SBM, pelos seguintes fundamentos, além dos dois primeiros

expostos no parágrafo anterior: (a) PEDRO JOSÉ BARUSCO

FILHO ocupava posição gerencial no órgão da paraestatal

diretamente interessado na contratação em tela, e que

havia postulado aos órgãos diretivos da companhia sua

realização; (b) segundo suas próprias palavras, então

transcritas, PEDRO JOSÉ BARUSCO FILHO se havia empenhado,

no exercício de sua posição ascendente técnica e

hierarquicamente sobre os integrantes do órgão decisor,

no sentido de que se sagrasse vencedor o Grupo SBM.

Fácil é ver que o Juízo entendeu que, tendo

recebido valores diretamente em conexão à contratação –

conforme as palavras de PEDRO JOSÉ BARUSCO FILHO e do

próprio embargante, e aferido no item 2.2.1.2.3. -, e

tendo ocupado posição com poder de influenciar o curso do

certame e da contratação – pela sua superioridade

hierárquica e ascendência técnica sobre os responsáveis

pela condução dos pertinentes procedimentos (fls. 3536 e

3539v./3540) -, PEDRO JOSÉ BARUSCO FILHO atuou concreta e

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especificamente para que o Grupo SBM se sagrasse vencedor

(fls. 3539v./3540v.), manobrando indevidamente seus

poderes e atribuições; desta atuação funcional JFRJ


Fls 1572
distorcida, por evidente, o Juízo teve como produto o

favorecimento detectado (fls. 3540v.).

Mais adiante, no tópico 2.2.1.2.5. (fls.

3540v./3549v.), o Juízo, afastando fundamentadamente a

tese de que os pagamentos feitos por JÚLIO FAERMAN a

PEDRO JOSÉ BARUSCO FILHO, em direta conexão à contratação

do FPSO ESPADARTE/CIDADE DE ANCHIETA, teriam sido mera

capitulação a atos de extorsão, alegadamente praticados

por este último, concluiu que se tratavam os montantes de

vantagens indevidas, destinadas a produzir favorecimento

ao Grupo SBM, comercialmente representado pelo pagador, e

de que foi exemplo o episódio envolvendo o prazo

insuficiente para oferta de propostas, no procedimento

licitatório que precedeu a contratação.

Ainda naquele item sentencial, o Juízo concluiu

que a atuação de PEDRO JOSÉ BARUSCO FILHO, ao promover o

favorecimento em questão – assim como o agir no mesmo

sentido voltado de PAULO ROBERTO BUARQUE CARNEIRO -,

violou diversos deveres funcionais, inclusive

minudenciados no código de ética dos funcionários da

PETROBRÁS.

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Logo se vê, portanto, que o tema da conduta de

PEDRO JOSÉ BARUSCO FILHO, direcionada à produção do

favorecimento, assim como os fundamentos em que se JFRJ


Fls 1573
assentam as conclusões do Juízo, encontra-se devidamente

exposto, e nada tem de “conformidade com sua função”

(fls. 3932), maxima venia concessa, pois que não se

imagina como a atuação de funcionário público no sentido

de promover favorecimento a licitante, em troca de

valores financeiros, no âmbito de procedimento

licitatório conduzido por subordinados, possa receber

qualquer outra qualificação que não a de grosseira

violação a seus deveres funcionais mais comezinhos.

Não há, conseguintemente, qualquer obscuridade,

e, se o embargante entende inadequada a apreciação

judicial do tema, deve, cum permissa, manejar recurso

apto a desencadear a lícita rediscussão do quanto

julgado.

Já no item 2.2.1.3.4. (fls. 3567v./3575), –

também objeto deste tópico recursal -, como visto

anteriormente, o Juízo examinou se teria restado

comprovado algum favorecimento ao Grupo SBM, que pudesse

ser tido como contrapartida aos pagamentos feitos por

JÚLIO FAERMAN a PEDRO JOSÉ BARUSCO FILHO e PAULO ROBERTO

BUARQUE CARNEIRO – aferidos positivamente nos itens

2.2.1.3.1. (fls. 3563v.) e 2.2.1.3.2. (fls.

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3563v./3564v.) -, cuja relação à contratação da

embarcação FPSO BRASIL foi verificada no item 2.2.1.3.3.

(fls. 3564v./3567v.). JFRJ


Fls 1574
Concluiu, em primeiro lugar, que houve

favorecimento ao Grupo SBM, com base nas seguintes

razões: (a) conforme lançado em relatório de auditoria da

lavra da Controladoria-Geral da União, a contratação,

efetivada sob procedimento de dispensa de certame

licitatório prévio, contemplou a realização de ausculta

mercadológica para atendimento às formalidades legalmente

exigíveis quanto à compatibilidade do preço a ser

pactuado com o quanto correntemente praticado; (b) nesta

consulta aos agentes do mercado, restou dimensionado

prazo excessivamente exíguo para manifestação de

eventuais interessados, e que foi mantido, mesmo diante

de protestos de alguns deles; (c) a fixação prazal, a

contemplar a exiguidade exposta, beneficiou sobremaneira

o Grupo SBM, em função de ser o único, naquele momento,

com sede operativa em território brasileiro e que detinha

experiência em contratações semelhantes anteriores –

FPSOs II e ESPADARTE/CIDADE DE ANCHIETA -, tudo em

detrimento dos demais interessados, reduzindo a

representatividade mercadológica da ausculta e violando

princípios constitucionais reitores da atuação estatal,

em sede de contratações da Administração; (d) a situação

da necessidade da contratação não era motivo para a

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exiguidade do prazo, tendo em vista que sua firmatura

somente se deu cerca de dois meses mais tarde, tendo sido

plenamente possível que se dilatasse o prazo de JFRJ


Fls 1575
propostas, o que garantiria mais ampla representatividade

mercadológica ao procedimento, e anularia o

favorecimento; (d) as dificuldades ostentadas pelos

demais interessados eram de expresso conhecimento de quem

decidiu pela fixação prazal, pois que o tema foi exposto

por agentes do mercado, ao postularem dilação; (e) o

favorecimento observado é fato objetivo, derivado das

circunstâncias de operação do Grupo SBM, distintas das

pertinentes aos concorrentes, e não é afastado por

considerações quanto à parcela de mercado detida pelo

grupo empresarial ou pela qualidade de seus produtos, e

nem equivale a dizer que, de outra forma, o grupo

empresarial não teria logrado se fazer contratado; (f) os

fatos envolvendo a contratação do FPSO BRASIL são de todo

semelhantes àqueles pertinentes à contratação do FPSO

ESPADARTE/CIDADE DE ANCHIETA, em que houve pagamentos e

favorecimento correlato.

Em seguida, entendeu o Juízo que o

favorecimento observado foi causado pelos pagamentos

feitos a PAULO ROBERTO BUARQUE CARNEIRO e PEDRO JOSÉ

BARUSCO FILHO, tendo sido obra destes dois corréus, pelos

seguintes motivos: (a) em princípio, segundo a observação

do id quod plerumque accidit, pagamentos a funcionários

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públicos não costumam ser atos desinteressados; (b) tendo

havido favorecimento ao grupo empresarial comercialmente

representado pelo pagador das vantagens, e tendo sido JFRJ


Fls 1576
aferida positivamente a relação entre estes valores e a

contratação – no item 2.2.1.3.3. (fls. 3564v./3567v.) -,

é isto poderoso indício de que vantagens e favorecimento

foram igualmente relacionados, como causa e efeito; (c)

esta compreensão restou fortalecida pela constatação de

que PAULO ROBERTO BUARQUE CARNEIRO integrava o órgão que

decidiu pela fixação prazal favorecedora do Grupo SBM, no

qual, por sua reconhecida expertise na tecnologia

empregada na contratação, ostentava posição de

ascendência técnica sobre os demais integrantes do

colegiado decisor; (d) a colegialidade não foi tida por

impeditiva à consideração da atuação de PAULO ROBERTO

BUARQUE CARNEIRO como determinante na produção do

favorecimento, pois que, além de sua ascendência técnica

sobre os demais, a vontade do órgão – que favoreceu o

Grupo SBM – foi formada, ao menos parcialmente, pela

contribuição do recebedor de vantagens; (e) não foi

produzida qualquer prova de que PAULO ROBERTO BUARQUE

CARNEIRO se tivesse posicionado, no colegiado decisor, em

contrário à fixação prazal que favoreceu o grupo

representado comercialmente por JÚLIO FAERMAN, que lhe

pagou valores em conexão à contratação; (f) a existência

de eventuais outros corresponsáveis não afastaria a

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contribuição de PAULO ROBERTO BUARQUE CARNEIRO na

formação dos resultados examinados.

No que disse com PEDRO JOSÉ BARUSCO FILHO, o JFRJ


Fls 1577
Juízo entendeu comprovada a ligação entre os valores por

ele recebidos, sua atuação e o favorecimento ao Grupo SBM

pelos seguintes fundamentos, além dos dois primeiros

objeto do parágrafo anterior: (a) PEDRO JOSÉ BARUSCO

FILHO ocupava posição gerencial no órgão da paraestatal

diretamente interessado na contratação em tela, e que

havia postulado aos órgãos diretivos da companhia sua

realização; (b) segundo suas próprias palavras, então

transcritas, PEDRO JOSÉ BARUSCO FILHO manejava posição

ascendente técnica e hierarquicamente sobre os

integrantes do órgão decisor, que foi tida como

determinante para a formação do contrato, tendo sido por

ele iniciado o projeto e “concluído pela sua equipe”

(fls. 3572), o que foi por ele apontado como a razão pela

qual lhe foram direcionados valores por JÚLIO FAERMAN.

Fácil é ver que o Juízo entendeu que, tendo

recebido valores diretamente em conexão à contratação –

conforme as palavras de PEDRO JOSÉ BARUSCO FILHO e do

próprio embargante, e aferido no item 2.2.1.3.3. -, e

tendo ocupado posição com poder de influenciar o curso do

certame e da contratação – pela sua superioridade

hierárquica e ascendência técnica sobre os responsáveis

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pela condução dos pertinentes procedimentos (fls.

3567/3567v. e 3571v./3572) -, PEDRO JOSÉ BARUSCO FILHO

atuou concreta e especificamente no sentido de produzir o JFRJ


Fls 1578
privilégio; desta atuação funcional distorcida, por

evidente, o Juízo teve como produto o favorecimento

detectado (fls. 3572).

Mais adiante, no tópico 2.2.1.3.5. (fls.

3575/3580v.), o Juízo, afastando fundamentadamente a tese

de que os pagamentos feitos por JÚLIO FAERMAN a PEDRO

JOSÉ BARUSCO FILHO, em direta conexão à contratação do

FPSO BRASIL, teriam sido mera capitulação a atos de

extorsão, alegadamente praticados por este último,

concluiu que se tratavam os montantes de vantagens

indevidas, destinadas a produzir favorecimento ao Grupo

SBM, comercialmente representado pelo pagador, e de que

foi exemplo o episódio envolvendo o prazo insuficiente

para oferta de propostas, no procedimento de ausculta

mercadológica que precedeu a contratação.

Ainda naquele item sentencial, o Juízo concluiu

que a atuação de PEDRO JOSÉ BARUSCO FILHO, ao promover o

favorecimento em questão – assim como o agir no mesmo

sentido direcionado de PAULO ROBERTO BUARQUE CARNEIRO -,

violou diversos deveres funcionais, inclusive

minudenciados no código de ética dos funcionários da

PETROBRÁS.

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Logo se vê, portanto, que o tema da atuação de

PEDRO JOSÉ BARUSCO FILHO, direcionada à produção do

favorecimento, assim como os fundamentos em que se JFRJ


Fls 1579
assentam as conclusões do Juízo, encontra-se devidamente

exposto, e nada tem de ausência de indicação de ato de

ofício produzido com violação de deveres funcionais,

maxima venia concessa.

Não há, conseguintemente, qualquer obscuridade,

e, se o embargante entende inadequada a apreciação

judicial do tema, deve, cum permissa, manejar recurso

apto a desencadear a lícita rediscussão do quanto

julgado.

Verificado, em linha de consequência, que

inexiste o vício decisório alegado, os aclaratórios

serão, também quanto a este tópico recursal, inacolhidos.

II.1.1.1.10. OMISSÃO – ANÁLISE DE TESE DE

ATIPICIDADE DE ATOS DE CORRUPÇÃO ATIVA – “SEDUÇÃO” DE

FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS – ITENS 2.2.1.4.4.,

2.2.1.6.4./2.2.1.6.5., 2.2.1.8.3./2.2.1.8.4..

O embargante argumentou que, nos itens

sentenciais mencionados, ao entender sua conduta como

típica sob a previsão delitual da corrupção ativa, teria

o Juízo externado convicção de que seu agir teria sido

presidido pela intenção de “obter genérico

“favorecimento” ou a “boa vontade” dos funcionários, por

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meio de remuneração, em relação aos negócios jurídicos da

SBM” (fls. 3932); ao sentir do embargante, entretanto,

“as hipóteses incriminadas” – tidas pelo Juízo como JFRJ


Fls 1580
típicas – “correspondem à conduta de “sedução” dos

funcionários” (fls. 3934), tese que teria sido agitada em

seus memoriais – título III.1. -, visando obter

julgamento de atipicidade, e, pois, absolvição.

“Ocorre que, ao que se extrai da leitura da r.

sentença, tal tese deixou de ser objeto de análise” (fls.

3934), pelo que pugnou pela colmatação da alegada lacuna.

Perscrutando os itens sentenciais indigitados,

verifica-se, cum permissa, que não contemplam, em

realidade, a omissão imputada; antes, porém, da abordagem

de cada um dos tópicos, importa revisitar uma premissa já

exposta linhas acima, mas cuja repetição se faz

necessária: só existe omissão embargável quando o Juízo

deixa de apreciar algum argumento ou elemento articulado

pela parte, na análise empreendida em sede sentencial, e

que seja suficiente a lhe alterar o teor.

Outrossim, como assente jurisprudencialmente, o

Juiz, ao decidir, não está obrigado a enfrentar cada

variação de redação de argumento, cada questiúncula, cada

fração de elemento de convicção constante dos autos; se

sua decisão contém as razões de seu convencimento, que o

Magistrado tem por firmes, é isto o suficiente, do ponto

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de vista da higidez do ato, sendo certo que eventual

discordância da parte, quanto aos critérios empregados ou

à conclusão alcançada, deve ser veiculada por meio de JFRJ


Fls 1581
espécie recursal que franqueie a completa rediscussão do

ato guerreado.

A propósito, confira-se o ilustrativo

precedente da lavra do C. Superior Tribunal de Justiça:

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO AGRAVO

REGIMENTAL. PENAL E PROCESSUAL PENAL.

ARGUIÇÃO DE OMISSÃO DO JULGADO.

PRETENSÃO DE DISCUTIR TESE JURÍDICA EM

ABSTRATO. IMPOSSIBILIDADE. LIDE

RESOLVIDA COM ARGUMENTO SUFICIENTE PARA

MANTER O JULGADO. I - De acordo com

orientação firmada do Superior Tribunal

de Justiça, o julgador não é obrigado a

enfrentar todas as teses defensivas

suscitadas pela parte, desde que a

decisão esteja alicerçada em fundamento

suficiente para manter o julgado. II -

No caso dos autos, a aplicação do

princípio da insignificância foi

afastada com base na análise das

circunstâncias concretas do caso. III -

Embargos de declaração rejeitados.

(EDAGRESP 1332497, 5ª Turma, Rel. Min.

Regina Helena Costa, DJE 18/13/2014)

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Pois bem: lançada a premissa, e analisando-se

os itens sentenciais em que teria se dado o vício de que

se queixa o embargante, verifica-se, maxima venia JFRJ


Fls 1582
concessa, que sua argumentação não procede; vejamos.

No item 2.2.1.4.4. (fls. 3598v./3602v.), foi

examinada, pelo Juízo, a natureza dos valores pagos por

JÚLIO FAERMAN a PAULO ROBERTO BUARQUE CARNEIRO – aferidos

positivamente no item 2.2.1.4.1. (fls. 3594v./3595v.) -,

tidos por comprovadamente relacionados à contratação do

FPSO MARLIM SUL no item 2.2.1.4.2. (fls. 3595v./3596v.).

Na oportunidade, o Juízo concluiu que os

valores em questão se revestiam da natureza de vantagens

indevidas e que buscavam produzir favorecimentos ao Grupo

SBM, representado comercialmente pelo pagador, no âmbito

da contratação do FPSO MARLIM SUL, pelos seguintes

fundamentos: (a) mesmo não comprovada contrapartida –

apesar de isto ter sido denuncialmente imputado -, tal

como verificado item 2.2.1.4.3. (fls. 3597/3598v.), as

regras da experiência comum ensinam que pagamentos a

funcionários públicos, em relação a determinada situação

em que têm ingerência direta e são do interesse do

pagador – como aferido ter sido o caso relativamente a

PAULO ROBERTO BUARQUE CARNEIRO, no que diz com a

contratação do FPSO MARLIM SUL, no item 2.2.1.4.2. (fls.

3595v./3596v.) – costumam visar produzir resultados

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favorecedores ao pagador ou pessoas a ele relacionadas,

não sendo condutas desinteressadas; (b) esta percepção é

fortalecida pela observação do quanto ocorrido nos casos JFRJ


Fls 1583
dos FPSOs ESPADARTE/CIDADE DE ANCHIETA (item 2.2.1.2.) e

BRASIL (item 2.2.1.3.), em que efetivamente houve

pagamentos por JÚLIO FAERMAN a PEDRO JOSÉ BARUSCO FILHO e

PAULO ROBERTO BUARQUE CARNEIRO, e restaram comprovadas

contrapartidas ilícitas, na forma de favorecimento ao

Grupo SBM, representado comercialmente pelo pagador.

A seguir, o Juízo afastou teses defensivas que

se voltavam à desconstituição da caracterização dos

valores pagos como vantagens indevidas; em primeiro

lugar, tratou da pretensa caracterização da paga como

remuneração por serviços de assistência técnica que

teriam sido prestados por PAULO ROBERTO BUARQUE CARNEIRO

a JÚLIO FAERMAN, e que não teria havido qualquer episódio

de favorecimento ao Grupo SBM, e a refutou com base nos

seguintes argumentos: (a) é inverídica a asserção de

ausência de favorecimentos, verificados, como já dito, no

caso dos FPSOs ESPADARTE/CIDADE DE ANCHIETA e BRASIL; (b)

não foi apresentada qualquer comprovação da prestação do

serviço de assistência técnica, o que era ônus defensivo,

e eventual atividade inventiva de cunho tecnológico, que

fosse da lavra de PAULO ROBERTO BUARQUE CARNEIRO,

produziria efeitos não em seu favor, mas de seu

empregador, não sendo causa lícita a que fosse

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remunerado; (c) a ausência de elementos de comprovação da

prestação de serviço de assistência técnica, e, mais

especificamente, a ausência de instrumento contratual a JFRJ


Fls 1584
reger a correlata relação jurídica, é circunstância que

reforça a inverossimilhança da alegação, dado que os

valores pagos – alguns milhões de dólares estadunidenses,

no total, a incluir os montantes relativos ao FPSO MARLIM

SUL – são incompatíveis com serviços prestados em

quadrantes de informalidade; (c) a alegação era de que,

junto de PAULO ROBERTO BUARQUE CARNEIRO, outros teriam

participado de tais serviços, mas apenas este teria sido

remunerado, não tem consistência lógica, tanto mais

quando confrontada com a circunstância de que justamente

o recebedor era ocupante de posições aptas a influir, em

favor do Grupo SBM, em contratações de seu interesse; (d)

a forma de pagamento – no exterior, com utilização de

contas registradas em nome de sociedades offshore, tanto

por pagador quanto por recebedor – bem indica que a

intenção de escondimento que motivou sua adoção dá conta

da completa ciência da ilicitude de que se revestiam os

fatos, o que destoa a não mais poder de inocentes

pagamentos relativos a serviços prestados, aniquilando a

verossimilhança da alegação; (e) o uso de contas

registradas em nome de sociedades offshore, por JÚLIO

FAERMAN, implicava em que recebesse parcela de sua

remuneração por representação comercial prestada em favor

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do Grupo SBM – da qual saía parcela para efetuar os

pagamentos a PAULO ROBERTO BUARQUE CARNEIRO – por meio de

contas registradas em nome de pessoas jurídicas sem JFRJ


Fls 1585
contrato com o grupo empresarial, o que causou apreensão

e foi objeto de instruções para que fosse tratado o tema

com sigilo, no âmbito do próprio Grupo SBM, o que mais

ainda reforça a ciência de todos os envolvidos acerca da

ilicitude dos pagamentos, com intenção de escondê-los, e,

pois, afasta a possibilidade de que se tratassem de

remuneração por lícitos serviços prestados.

Com base nestes argumentos, concluiu o Juízo

que os montantes pagos por JÚLIO FAERMAN a PAULO ROBERTO

BUARQUE CARNEIRO eram vantagens indevidas; neste passo,

apreciou-se a motivação dos pagamentos, e concluiu o

Juízo que buscavam produzir favorecimentos ao Grupo SBM,

relativamente à contratação do FPSO MARLIM SUL, com base

nas seguintes razões: (a) PAULO ROBERTO BUARQUE CARNEIRO

ocupava posição – e atuou em diversos momentos nesta

capacidade – diretamente relacionada à contratação em

questão, apto, portanto, a promover grandes benefícios ao

Grupo SBM; (b) os pagamentos perduraram ao longo de

grande parcela da execução contratual, e outras

irregularidades, além daquela objeto da denúncia mas tida

por incomprovada no item 2.2.1.4.3. – ainda que não

imputadas –, foram narradas pela Controladoria-Geral da

União, tudo a redundar em convicção de que a intenção dos

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pagamentos era de provocar distorções funcionais diversas

em favor do grupo empresarial, ao longo de toda a

vigência contratual, não se circunscrevendo a apenas um JFRJ


Fls 1586
episódio objetivado.

Fácil é ver que, ao contrário do quanto alegado

pelo embargante, maxima venia concessa, no item

sentencial em questão – cuja parcela foi transcrita na

peça recursal (fls. 3932) - não é apreciada a tipicidade

da conduta, pelo que, por evidente, não tem cabimento a

apreciação de tese voltada a obter juízo de sua

atipicidade, naquele trecho do ato guerreado.

A propósito, a tipicidade da conduta, tal como

tida por comprovada nos itens 2.2.1.4.1. – pagamentos

feitos por JÚLIO FAERMAN a PAULO ROBERTO BUARQUE CARNEIRO

-, 2.2.1.4.2. – os pagamentos se relacionaram à

contratação do FPSO MARLIM SUL -, 2.2.1.4.3. –, sem

comprovado favorecimento ao Grupo SBM, como contrapartida

aos pagamentos – e 2.2.1.4.4. – os pagamentos tinham

natureza de vantagens indevidas e se voltavam a produzir

favorecimentos ao Grupo SBM - foi apurada no item

2.2.1.4.6. – mais especificamente noi item 2.2.1.4.6.2.

(fls. 3607/3613) no tocante a JÚLIO FAERMAN.

Ali, foi dito que (fls. 3607/3607v.):

“Em relação a JÚLIO FAERMAN, sua conduta

de ofertar e pagar vantagens indevidas a

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funcionário público, em razão de sua

posição funcional, e visando determiná-

lo a praticar atos de ofício em


JFRJ
benefício do Grupo SBM, por ele Fls 1587
representado comercialmente, ostenta

tipicidade, sob a previsão do art. 333

do CP; e, não tendo sido comprovado

episódio de efetivo favorecimento ao

Grupo SBM, em contrapartida aos valores

ofertados e pagos, com distorcimento

ilícito do agir funcional do

beneficiário das vantagens, não incide

ainda a norma do art. 333, § único, do

CP.

(...)

Como se vê da dicção legal, basta a

oferta ao funcionário público, de

vantagem indevida, com o fim de

determiná-lo à prática de atos de ofício

– lícitos ou ilícitos, determinados ou

indeterminados -, para tipificação da

conduta, sob a previsão do art. 333,

caput, do CP; ocorre que, se verificada

a efetiva prática de ilicitude pelo

funcionário público corrompido, em

contrapartida à vantagem indevida

ofertada ou paga, a conduta, dotada de

maior reprovabilidade, passa a atrair a

causa de aumento de pena contida no art.

333, § único, do CP, dado que, em casos

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assim e conforme o fraseamento legal, o

funcionário “pratica [ato de ofício]

infringindo dever funcional”, o que,


JFRJ
contudo, e como já exposto, não restou Fls 1588
devidamente comprovado, pelo que a causa

de aumento não reclama incidência.”

Ali, foi visto que, segundo a compreensão do

Juízo, não é determinante à tipicidade da conduta que

tenha sido individualizado ato de ofício objeto de

mercancia, pois que a tipicidade incide sobre a mercancia

da função, desde que as vantagens pagas ou ofertadas

busquem a produção de atos de ofício “lícitos ou

ilícitos, determinados ou indeterminados” (fls. 3607v.).

Logo, o Juízo, tendo em conta o quanto

comprovado, aferiu a tipicidade da conduta do embargante,

não havendo que se falar em omissão de análise de tese;

isto porque, como dito acima, desde que externada

fundamentação suficiente, não há que se falar em omissão

de temas pelo Magistrado, se devidamente apreciada a

questão, ainda que não feita menção específica a

determinado fraseamento empregado por uma das partes.

Este o caso, pois que o tema da “sedução do

funcionário público”, externado nas alegações finais do

embargante (fls. 3211) - em que haveria apenas a intenção

de “gracejar servidores estatais”, como “liberalidade”,

mas sem buscar “macular o funcionamento da atividade da

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administração” (fls. 3212), situação na qual o agir

seria, ao aviso do embargante, atípico -, não tinha por

que ser apreciado, quando da aferição da tipicidade da JFRJ


Fls 1589
conduta, pois que esta última, tal como tido pelo Juízo

por comprovado nos itens 2.2.1.4.1., 2.2.1.4.2.,

2.2.1.4.3 e 2.2.1.4.4., contemplou pagamentos destinados

especificamente a produzir atuações distorcidas do

percipiente, em favor do Grupo SBM, e não se tratavam de

mera liberalidade desinteressada, como alegado.

Logo, não há que se falar em omissão de tese

impertinente ao tema então em apreciação – a tipicidade

do agir de JÚLIO FAERMAN, em relação à contratação do

FPSO MARLIM SUL -, pelo que a alegação recursal, quanto

ao ponto, improcede.

Já no item 2.2.1.6.4. (fls. 3647/3647v.), foi

verificado que não foi identificado ato de ofício

específico que tenha sido mercanciado, pelo que o Juízo

entendeu que os pagamentos – positivamente aferidos no

item 2.2.1.6.1. (fls. 3641/3643), quanto a PEDRO JOSÉ

BARUSCO FILHO e com direta vinculação à contratação

pertinente às monoboias da PRA-1, tal como concluído no

item 2.2.1.6.3. (fls. 3645/3647) – não geraram comprovada

contrapartida ilícita.

A seguir, no item 2.2.1.6.5. (fls.

3647v./3653), foi examinada, pelo Juízo, a natureza dos

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valores pagos por JÚLIO FAERMAN e LUÍS EDUARDO CAMPOS

BARBOSA DA SILVA a PEDRO JOSÉ BARUSCO FILHO.

JFRJ
Na oportunidade, o Juízo concluiu que os
Fls 1590
valores em questão se revestiam da natureza de vantagens

indevidas e buscavam produzir favorecimentos ao Grupo

SBM, representado comercialmente pelo pagador, no âmbito

da contratação pertinente às monoboias da PRA-1, pelos

seguintes fundamentos: (a) mesmo não comprovada

contrapartida, tal como aferido no item 2.2.1.6.4. (fls.

3647/3647V.), as regras da experiência comum ensinam que

pagamentos a funcionários públicos, em relação a

determinada situação em que têm ingerência direta, na

qual interessado o pagador – como aferido ser o caso de

PEDRO JOSÉ BARUSCO FILHO, relativamente à contratação

referente às monoboias da PRA-1, no item 2.2.1.6.3. (fls.

3646) –, costumam visar produzir resultados favorecedores

ao pagador ou pessoas a ele relacionadas, não sendo

condutas desinteressadas; (b) pela elevada remuneração

percebida por PEDRO JOSÉ BARUSCO FILHO, ao tempo dos

fatos, não necessitava de quaisquer atos caritários; (c)

esta percepção é fortalecida pela observação do quanto

ocorrido nos casos dos FPSOs ESPADARTE/CIDADE DE ANCHIETA

(item 2.2.1.2.), BRASIL (item 2.2.1.3.) e CAPIXABA (item

2.2.1.5.), em que efetivamente houve pagamentos por JÚLIO

FAERMAN a funcionários da PETROBRÁS, e comprovadas

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contrapartidas ilícitas, na forma de favorecimento ao

Grupo SBM.

JFRJ
A seguir, o Juízo afastou teses defensivas que
Fls 1591
se voltavam à desconstituição da caracterização dos

valores pagos como vantagens indevidas; tratou da

pretensa caracterização da paga como mera capitulação a

investidas extorsivas, que teriam sido empreendidas por

PEDRO JOSÉ BARUSCO FILHO, e a refutou com base nos

seguintes argumentos: (a) PEDRO JOSÉ BARUSCO FILHO negou

ter dirigido ameaças ou extorsão aos pagadores JÚLIO

FAERMAN e LUÍS EDUARDO CAMPOS BARBOSA DA SILVA; (b) as

ameaças articuladas pelo embargante e LUÍS EDUARDO CAMPOS

BARBOSA DA SILVA não teriam aptidão para incutir-lhes

temor, pois que, em episódio envolvendo a contratação do

FPSO MARLIM SUL, tratado no item 2.2.1.4., houve

desentendimento entre o embargante e PEDRO JOSÉ BARUSCO

FILHO, que disse que se empenharia pela vitória de

concorrente do Grupo SBM em certame licitatório prévio à

pactuação, em função do que, como retaliação, o

embargante não pagou quaisquer valores indevidos a PEDRO

JOSÉ BARUSCO FILHO, e nenhuma consequência danosa adveio

ao Grupo SBM, que, mesmo assim, saiu-se vencedor e logrou

ser contratado; (c) a pretensa credibilidade de eventual

ameaça que tal seria ainda mais aniquilada pela

consideração de que, quando do desentendimento, diversos

outros contratos estavam em vigência, mas em nenhum houve

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retaliação da parte de PEDRO JOSÉ BARUSCO FILHO; (d) da

mesma forma, a contratação relativa às monoboias da PRA-1

foi posterior ao desentendimento, de maneira que, se JFRJ


Fls 1592
ameaça tivesse havido – e isto não restou comprovado -,

não teria qualquer eficácia intimidatória; (d) foram

comprovados pagamentos a empregados da paraestatal,

dentre os quais PEDRO JOSÉ BARUSCO FILHO, com produção de

contrapartida ilícita em favor do Grupo SBM em outras

contratações – casos dos FPSOs ESPADARTE/CIDADE DE

ANCHIETA, BRASIL e CAPIXABA – nas quais o embargante

também alegou terem sido feitos os desembolsos sob

quadrantes de ameaça; (e) ocorre que, se ameaça houvesse

– e os pagamentos tivessem sido mera capitulação -, não

haveria razão plausível para que se tivessem produzido

favorecimentos, pois que o achacador já teria obtido seu

desiderato, não havendo motivação discernível para este

praticar ilicitude outra e se expor ainda mais a

potencial responsabilização; (f) relatos de JÚLIO FAERMAN

no sentido de que teria havido exigência de valores, por

parte de PEDRO JOSÉ BARUSCO FILHO, foram construídos

justamente para afastar a voluntariedade dos pagamentos,

e, pois, eventual incidência da norma penal incriminadora

pertinente à corrupção ativa; (g) a forma de pagamento

dos valores, por JÚLIO FAERMAN e LUÍS EDUARDO CAMPOS

BARBOSA DA SILVA – com emprego de contas no exterior

registradas em nome de sociedades offshore – não condiz

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com a prática de atos não revestidos de ilicitude – como

no caso em que vitimados os pagadores por investidas

extorsivas -, sendo, por outro lado, indicativo de que JFRJ


Fls 1593
todos os intervenientes estavam a conscientemente

praticar crime, e buscavam, por isso, esconder os rastros

de suas condutas; (h) a intenção de escondimento foi

ainda extraível da forma como se deu o pagamento de

parcela da remuneração devida pelo Grupo SBM a JÚLIO

FAERMAN e LUÍS EDUARDO CAMPOS BARBOSA DA SILVA, pelos

serviços por estes prestados de representação comercial e

da qual parte era destinada aos pagamentos a PEDRO JOSÉ

BARUSCO FILHO: com utilização de contas no exterior

registradas em nome de sociedades offshore, sem contrato

com o grupo empresarial, fato que chamou a atenção de

diversos empregados deste, tendo havido repetidas

determinações no sentido de que o assunto fosse tratado

sigilosamente, o que bem indica que tudo isto se inseria

em uma estrutura em que crimes eram praticados, mais

especificamente de corrupção de funcionários públicos, e

havia preocupação com a detecção do quadro.

Com base nestes argumentos, concluiu o Juízo

que os montantes pagos por JÚLIO FAERMAN e LUÍS EDUARDO

CAMPOS BARBOSA DA SILVA a PEDRO JOSÉ BARUSCO FILHO eram

vantagens indevidas; neste passo, apreciou-se a motivação

dos pagamentos, e concluiu o Juízo que buscavam produzir

favorecimentos ao Grupo SBM, relativamente à contratação

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condizente com as monoboias da PRA-1, com base nas

seguintes razões: (a) PEDRO JOSÉ BARUSCO FILHO ocupava

posição – e atuou em diversos momentos nesta capacidade – JFRJ


Fls 1594
diretamente relacionada à contratação em questão, apto,

portanto, a promover grandes benefícios ao Grupo SBM,

tudo a redundar em convicção de que a intenção dos

pagamentos era de provocar distorções funcionais diversas

em favor do grupo empresarial, ao longo de toda a

vigência contratual, não se circunscrevendo a apenas um

episódio objetivado.

Fácil é ver que, ao contrário do quanto alegado

pelo embargante, maxima venia concessa, no item

sentencial em questão – cuja parcela foi transcrita na

peça recursal (fls. 3932) - não é apreciada a tipicidade

da conduta, pelo que, por evidente, não tem cabimento a

apreciação de tese voltada a obter juízo de sua

atipicidade, naquele trecho do ato guerreado.

A propósito, a tipicidade da conduta, tal como

tida por comprovada nos itens 2.2.1.6.1. – pagamentos

feitos por JÚLIO FAERMAN e LUÍS EDUARDO CAMPOS BARBOSA DA

SILVA a PEDRO JOSÉ BARUSCO FILHO -, 2.2.1.6.3. – os

pagamentos se relacionaram à contratação pertinente às

monoboias da PRA-1 -, 2.2.1.6.4. –, sem comprovado

favorecimento ao Grupo SBM, como contrapartida aos

pagamentos – e 2.2.1.6.5. – os pagamentos tinham natureza

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de vantagens indevidas e se voltavam a produzir

favorecimentos ao Grupo SBM - foi apurada no item

2.2.1.6.7. – item 2.2.1.6.7.2. (fls. 3607/3613) mais JFRJ


Fls 1595
especificamente no tocante a JÚLIO FAERMAN – e seu

corréu, em idêntica situação no caso, LUÍS EDUARDO CAMPOS

BARBOSA DA SILVA.

Ali, foi dito que (fls. 3658v.):

“Em relação a JÚLIO FAERMAN e LUÍS

EDUARDO CAMPOS BARBOSA DA SILVA, sua

conduta de ofertar e pagar vantagens

indevidas a PEDRO JOSÉ BARUSCO FILHO,

funcionário público e em razão de sua

posição funcional, e visando determiná-

lo a praticar atos de ofício em

benefício do Grupo SBM, representado

comercialmente pelos pagadores, ostenta

tipicidade, sob a previsão do art. 333

do CP; e, não tendo sido comprovado

episódio de efetivo favorecimento ao

Grupo SBM, em contrapartida aos valores

ofertados e pagos, com distorção ilícita

do agir funcional do beneficiário das

vantagens, não incide ainda a norma do

art. 333, § único, do CP.

(...)

Como se vê da dicção legal, basta a

oferta ao funcionário público, de

vantagem indevida, com o fim de

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determiná-lo à prática de atos de ofício

– lícitos ou ilícitos, determinados ou

indeterminados -, para tipificação da


JFRJ
conduta, sob a previsão do art. 333, Fls 1596
caput, do CP; ocorre que, se verificada

a efetiva prática de ilicitude pelo

funcionário público corrompido, em

contrapartida à vantagem indevida

ofertada ou paga, a conduta, dotada de

maior reprovabilidade, passa a atrair a

causa de aumento de pena contida no art.

333, § único, do CP, dado que, em casos

assim e conforme o fraseamento legal, o

funcionário “pratica [ato de ofício]

infringindo dever funcional”, o que,

contudo, e como já exposto, não restou

comprovado, pelo que a causa de aumento

não reclama incidência; esta, contudo,

era evidentemente a motivação dos

pagamentos, que buscavam, assim, que o

percipiente praticasse atos, dentro de

seu círculo competencial, em favor do

grupo empresarial representado

comercialmente pelos corruptores.”

Ali, foi visto que, segundo a compreensão do

Juízo, não é determinante à tipicidade da conduta que

tenha sido individualizado ato de ofício objeto de

mercancia, pois que a tipicidade incide sobre a mercancia

da função, desde que as vantagens pagas ou ofertadas

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busquem a produção de atos de ofício “lícitos ou

ilícitos, determinados ou indeterminados” (fls. 3607v.).

JFRJ
Logo, o Juízo, tendo em conta o quanto
Fls 1597
comprovado, aferiu a tipicidade da conduta do embargante,

não havendo que se falar em omissão de análise de tese;

isto porque, como dito acima, desde que externada

fundamentação suficiente, não há que se falar em ausência

de apreciação de temas tidos pelo Magistrado por

impertinentes.

Este o caso, pois que o tema da “sedução do

funcionário público”, externado nas alegações finais do

embargante (fls. 3211) - em que haveria apenas a intenção

de “gracejar servidores estatais”, como “liberalidade”,

mas sem buscar “macular o funcionamento da atividade da

administração” (fls. 3212), situação na qual o agir

seria, ao aviso do embargante, atípico -, não tinha por

que ser apreciado, quando da aferição da tipicidade da

conduta, pois que esta última, tal como tido pelo Juízo

por comprovado nos itens 2.2.1.6.1., 2.2.1.6.3.,

2.2.1.6.4. e 2.2.1.6.5., compreendeu pagamentos

destinados especificamente a produzir atuações

distorcidas do percipiente, em favor do Grupo SBM, e não

se tratavam de mera liberalidade desinteressada, como

alegado.

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Logo, não há que se falar em omissão de tese

impertinente ao tema então em apreciação – a tipicidade

do agir de JÚLIO FAERMAN e de LUÍS EDUARDO CAMPOS BARBOSA JFRJ


Fls 1598
DA SILVA, em relação à contratação condizente com as

monoboias da PRA-1 -, pelo que a alegação recursal,

quanto ao ponto, improcede.

Por fim, no item 2.2.1.8.3. (fls. 3696v./3697),

foi verificado que não foi identificado ato de ofício

específico que tenha sido mercanciado, pelo que o Juízo

entendeu que os pagamentos – positivamente aferidos no

item 2.2.1.8.1. (fls. 3693/3694v.), quanto a PEDRO JOSÉ

BARUSCO FILHO e com direta vinculação à contratação da

construção, aquisição e operação do FPSO P-57, verificada

no item 2.2.1.8.2. (fls. 3694v./3696v.) – não geraram

comprovada contrapartida ilícita.

A seguir, no item 2.2.1.8.4. (fls.

3697/3702v.), foi examinada, pelo Juízo, a natureza dos

valores pagos por JÚLIO FAERMAN e LUÍS EDUARDO CAMPOS

BARBOSA DA SILVA a PEDRO JOSÉ BARUSCO FILHO.

Na oportunidade, o Juízo concluiu que os

valores em questão se revestiam da natureza de vantagens

indevidas e buscavam produzir favorecimentos ao Grupo

SBM, representado comercialmente pelos pagadores, no

âmbito da contratação da construção, aquisição e operação

da P-57, pelos seguintes fundamentos: (a) mesmo não

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comprovada contrapartida, tal como aferido no item

2.2.1.8.3. (fls. 3696v./3697), as regras da experiência

comum ensinam que pagamentos a funcionários públicos, em JFRJ


Fls 1599
relação a determinada situação em que têm ingerência

direta, de interesse do pagador – como aferido ser o caso

de PEDRO JOSÉ BARUSCO FILHO, relativamente à contratação

da construção, aquisição e operação do FPSO P-57, no item

2.2.1.8.2. (fls. 3696v.), – costumam visar produzir

resultados favorecedores ao pagador ou pessoas a ele

relacionadas, não sendo condutas desinteressadas; (b)

pela elevada remuneração percebida por PEDRO JOSÉ BARUSCO

FILHO, ao tempo dos fatos, não necessitava de quaisquer

atos caritários; (c) esta percepção é fortalecida pela

observação do quanto ocorrido nos casos dos FPSOs

ESPADARTE/CIDADE DE ANCHIETA (item 2.2.1.2.), BRASIL

(item 2.2.1.3.) e CAPIXABA (item 2.2.1.5.), assim como no

caso do turret da P-53 (item 2.2.1.7.), em que

efetivamente houve pagamentos por JÚLIO FAERMAN – no

último caso, com o auxílio de LUÍS EDUARDO CAMPOS BARBOSA

DA SILVA - a funcionários da PETROBRÁS, e comprovadas

contrapartidas ilícitas, na forma de favorecimento ao

Grupo SBM.

A seguir, o Juízo afastou teses defensivas que

se voltavam à desconstituição da caracterização dos

valores pagos como vantagens indevidas; tratou da

pretensa caracterização da paga como mera capitulação a

Assinado eletronicamente. Certificação digital pertencente a VITOR BARBOSA VALPUESTA.


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investidas extorsivas, que teriam sido empreendidas por

PEDRO JOSÉ BARUSCO FILHO, e a refutou com base nos

seguintes argumentos: (a) PEDRO JOSÉ BARUSCO FILHO negou JFRJ


Fls 1600
ter dirigido ameaças ou extorsão aos pagadores JÚLIO

FAERMAN e LUÍS EDUARDO CAMPOS BARBOSA DA SILVA; (b) as

ameaças articuladas pelo embargante e LUÍS EDUARDO CAMPOS

BARBOSA DA SILVA não teriam aptidão para incutir-lhes

temor, pois que, em episódio envolvendo a contratação do

FPSO MARLIM SUL, tratado no item 2.2.1.4., houve

desentendimento entre o embargante e PEDRO JOSÉ BARUSCO

FILHO, que disse que se empenharia pela vitória de

concorrente do Grupo SBM em certame licitatório prévio à

pactuação, em função do que, como retaliação, o

embargante não pagou quaisquer valores indevidos a PEDRO

JOSÉ BARUSCO FILHO, e nenhuma consequência danosa adveio

ao Grupo SBM, que, mesmo assim, saiu-se vencedor e logrou

ser contratado; (c) a credibilidade de eventual ameaça

que tal seria ainda mais aniquilada pela consideração de

que, quando do desentendimento, diversos outros contratos

estavam em vigência, mas em nenhum houve retaliação da

parte de PEDRO JOSÉ BARUSCO FILHO; (d) da mesma forma, a

contratação relativa à construção, aquisição e operação

da P-57 foi posterior ao desentendimento, de maneira que,

se ameaça tivesse havido – e isto não restou comprovado -

, não teria qualquer eficácia intimidatória; (d) foram

comprovados pagamentos a empregados da paraestatal,

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dentre os quais PEDRO JOSÉ BARUSCO FILHO, com produção de

contrapartida ilícita em favor do Grupo SBM em outras

contratações – casos dos FPSOs ESPADARTE/CIDADE DE JFRJ


Fls 1601
ANCHIETA, BRASIL e CAPIXABA – nas quais o embargante

também alegou terem sido feitos os desembolsos sob

quadrantes de ameaça; (e) ocorre que, se ameaça houvesse

– e os pagamentos tivessem sido mera capitulação -, não

haveria razão plausível para que se tivessem produzido

favorecimentos, pois que o achacador já teria obtido seu

desiderato, não havendo motivação discernível para este

praticar ilicitude outra e se expor ainda mais a

potencial responsabilização; (f) relatos de JÚLIO FAERMAN

no sentido de que teria havido exigência de valores, por

parte de PEDRO JOSÉ BARUSCO FILHO, foram construídos

justamente para afastar a voluntariedade dos pagamentos,

e, pois, eventual incidência da norma penal incriminadora

pertinente à corrupção ativa; (g) a forma de pagamento

dos valores, por JÚLIO FAERMAN e LUÍS EDUARDO CAMPOS

BARBOSA DA SILVA – com emprego de contas no exterior

registradas em nome de sociedades offshore – não condiz

com a prática de atos não revestidos de ilicitude – como

no caso em que vitimados os pagadores por investidas

extorsivas -, sendo, por outro lado, indicativo de que

todos os intervenientes estavam a praticar crime, e

buscavam, por isso, esconder os rastros de suas condutas;

(h) a intenção de escondimento foi ainda extraível da

Assinado eletronicamente. Certificação digital pertencente a VITOR BARBOSA VALPUESTA.


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forma como se deu o pagamento de parcela da remuneração

devida pelo Grupo SBM a JÚLIO FAERMAN e LUÍS EDUARDO

CAMPOS BARBOSA DA SILVA, pelos serviços por estes JFRJ


Fls 1602
prestados de representação comercial e da qual parte era

destinada aos pagamentos a PEDRO JOSÉ BARUSCO FILHO: com

utilização de contas no exterior registradas em nome de

sociedades offshore, sem contrato com o grupo

empresarial, fato que chamou a atenção de diversos

empregados deste, tendo havido repetidas determinações de

que o assunto fosse tratado sigilosamente, o que bem

indica que tudo isto se inseria em uma estrutura em que

crimes eram conscientemente praticados, mais

especificamente de corrupção de funcionários públicos, e

se buscava ocultá-los.

Com base nestes argumentos, concluiu o Juízo

que os montantes pagos por JÚLIO FAERMAN e LUÍS EDUARDO

CAMPOS BARBOSA DA SILVA a PEDRO JOSÉ BARUSCO FILHO eram

vantagens indevidas; neste passo, apreciou-se a motivação

dos pagamentos, e concluiu o Juízo que buscavam produzir

favorecimentos ao Grupo SBM, relativamente à contratação

da construção, aquisição e operação da P-57, com base nas

seguintes razões: (a) PEDRO JOSÉ BARUSCO FILHO ocupava

posição – e atuou em diversos momentos nesta capacidade –

diretamente relacionada à contratação em questão, apto,

portanto, a promover grandes benefícios ao Grupo SBM,

tudo a redundar em convicção de que a intenção dos

Assinado eletronicamente. Certificação digital pertencente a VITOR BARBOSA VALPUESTA.


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pagamentos era de provocar distorções funcionais diversas

em favor do grupo empresarial, ao longo de toda a

vigência contratual, não se circunscrevendo a apenas um JFRJ


Fls 1603
episódio objetivado.

Fácil é ver que, ao contrário do quanto alegado

pelo embargante, maxima venia concessa, no item

sentencial em questão – cuja parcela foi transcrita na

peça recursal (fls. 3932) - não é apreciada a tipicidade

da conduta, pelo que, por evidente, não tem cabimento a

apreciação de tese voltada a obter juízo de sua

atipicidade, naquele trecho do ato guerreado.

A propósito, a tipicidade da conduta, tal como

tida por comprovada nos itens 2.2.1.8.1. – pagamentos

feitos por JÚLIO FAERMAN e LUÍS EDUARDO CAMPOS BARBOSA DA

SILVA a PEDRO JOSÉ BARUSCO FILHO -, 2.2.1.8.2. – os

pagamentos se relacionaram à contratação da construção,

aquisição e operação da P-57 -, 2.2.1.8.3. –, sem

comprovado favorecimento ao Grupo SBM, como contrapartida

aos pagamentos – e 2.2.1.8.4. – os pagamentos tinham

natureza de vantagens indevidas e se voltavam a produzir

favorecimentos ao Grupo SBM -, foi apurada no item

2.2.1.8.6. – item 2.2.1.8.6.2. (fls. 3707v./3714) mais

especificamente no tocante a JÚLIO FAERMAN e seu corréu,

em idêntica situação no caso, LUÍS EDUARDO CAMPOS BARBOSA

DA SILVA.

Assinado eletronicamente. Certificação digital pertencente a VITOR BARBOSA VALPUESTA.


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Ali, foi dito que (fls. 3708):

“Em relação a JÚLIO FAERMAN e LUÍS

EDUARDO CAMPOS BARBOSA DA SILVA, sua JFRJ


Fls 1604
conduta de ofertar e pagar vantagens

indevidas a PEDRO JOSÉ BARUSCO FILHO,

funcionário público e em razão de sua

posição funcional, e visando determiná-

lo a praticar atos de ofício em

benefício do Grupo SBM, representado

comercialmente pelos pagadores, ostenta

tipicidade, sob a previsão do art. 333

do CP; e, não tendo sido comprovado

episódio de efetivo favorecimento ao

Grupo SBM, em contrapartida aos valores

ofertados e pagos, com distorção ilícita

do agir funcional do beneficiário das

vantagens, não incide ainda a norma do

art. 333, § único, do CP.

(...)

Como se vê da dicção legal, basta a

oferta ao funcionário público, de

vantagem indevida, com o fim de

determiná-lo à prática de atos de ofício

– lícitos ou ilícitos, determinados ou

indeterminados -, para tipificação da

conduta, sob a previsão do art. 333,

caput, do CP; ocorre que, se verificada

a efetiva prática de ilicitude pelo

funcionário público corrompido, em

contrapartida à vantagem indevida

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ofertada ou paga, a conduta, dotada de

maior reprovabilidade, passa a atrair a

causa de aumento de pena contida no art.


JFRJ
333, § único, do CP, dado que, em casos Fls 1605
assim e conforme o fraseamento legal, o

funcionário “pratica [ato de ofício]

infringindo dever funcional”, o que,

contudo, e como já exposto, não restou

comprovado, pelo que a causa de aumento

não reclama incidência; esta, contudo,

era evidentemente a motivação dos

pagamentos, que buscavam, assim, que o

percipiente praticasse atos, dentro de

seu círculo competencial, em favor do

grupo empresarial representado

comercialmente pelos corruptores.”

Ali, foi visto que, segundo a compreensão do

Juízo, não é determinante à tipicidade da conduta que

tenha sido individualizado ato de ofício objeto de

mercancia, pois que a tipicidade incide sobre a mercancia

da função, desde que as vantagens pagas ou ofertadas

busquem a produção de atos de ofício “lícitos ou

ilícitos, determinados ou indeterminados” (fls. 3607v.).

Logo, o Juízo, tendo em conta o quanto

comprovado, aferiu a tipicidade da conduta do embargante,

não havendo que se falar em omissão de análise de tese;

isto porque, como dito acima, desde que externada

fundamentação suficiente, não há que se falar em ausência

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de apreciação de temas tidos pelo Magistrado por

impertinentes.

JFRJ
Este o caso, pois que o tema da “sedução do
Fls 1606
funcionário público”, externado nas alegações finais do

embargante (fls. 3211) - em que haveria apenas a intenção

de “gracejar servidores estatais”, como “liberalidade”,

mas sem buscar “macular o funcionamento da atividade da

administração” (fls. 3212), situação na qual o agir

seria, ao aviso do embargante, atípico -, não tinha por

que ser apreciado, quando da aferição da tipicidade da

conduta, pois que esta última, tal como tido pelo Juízo

por comprovado nos itens 2.2.1.8.1., 2.2.1.8.2.,

2.2.1.8.3. e 2.2.1.8.4., compreendeu pagamentos

destinados especificamente a produzir atuações

distorcidas do percipiente, em favor do Grupo SBM, e não

se tratavam de mera liberalidade desinteressada, como

alegado.

Logo, não há que se falar em omissão de tese

impertinente ao tema então em apreciação – a tipicidade

do agir de JÚLIO FAERMAN e de LUÍS EDUARDO CAMPOS BARBOSA

DA SILVA, em relação à contratação da construção,

aquisição e operação da P-57 -, pelo que a alegação

recursal, quanto ao ponto, improcede.

Assim sendo, e verificado que os vícios de que

se queixa o embargante neste tópico recursal, em

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realidade, inexistem, data maxima venia, os embargos,

neste ponto, serão inacolhidos.

II.1.1.1.11. OMISSÃO – ANÁLISE DE TESE DE JFRJ


Fls 1607
INAPLICABILIDADE DE CAUSA DE AUMENTO DE PENA – IMPUTAÇÃO

OBJETIVA, DOMÍNIO CAUSAL E AUTORRESPONSABILIDADE DE

FUNCIONÁRIOS DA PETROBRÁS – ITENS 2.2.1.2.7.2.,

2.2.1.3.7.2., 2.2.1.5.6.2., 2.2.1.7.7.2. E 2.2.1.9.6.2.

O embargante alegou que, nos itens sentenciais

indicados e em apreciação dos delitos de corrupção ativa

que lhe teriam sido imputados, o Juízo teria asseverado

ter havido violação de deveres funcionais, por parte de

percipientes de valores por ele pagos, com incidência de

causa de aumento de pena, em função de ter identificado

nexo causal entre pagamentos e as mencionadas violações;

contudo, a seu sentir, “do que se extrai da leitura da r.

sentença, tal análise deixou de levar em conta a

necessidade de imputação objetiva e dados inerentes como

falta de domínio do curso causal e presença de fator de

autorresponsabilidade dos funcionários”, o que teria sido

articulado no tópico “IV.3” de seus memoriais.

Asseriu que haveria, no caso, omissão de tese

defensiva, cuja sanação requereu.

A alegação do embargante é a de que o Juízo

teria deixado de considerar, como teses defensivas, a

“imputação objetiva” e a “falta de domínio causal” suas,

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enquanto pagador de valores aos funcionários públicos em

questão, relativamente aos atos por estes últimos

praticados com violação de seus deveres funcionais, assim JFRJ


Fls 1608
como a “autorresponsabilidade destes”, tudo

conducentemente, em sua visão, à impossibilidade de

incidência da causa de aumento de pena do art. 333, §

único, do CP, no que toca aos atos de corrupção ativa que

o Juízo entendeu foram por ele praticados.

Perscrutando os itens sentenciais de que se

queixa, percebo, maxima venia concessa, que não há, em

realidade, a omissão alegada; explico.

No item sentencial 2.2.1.2.7.2. (fls.

3554v./3562v.), o Juízo aferiu a tipicidade da conduta do

embargante, relativamente à contratação do FPSO

ESPADARTE/CIDADE DE ANCHIETA, tal como aferida, em

diversos aspectos, nos itens 2.2.1.2.1. – pagamentos

feitos pelo embargante a PEDRO JOSÉ BARUSCO FILHO -,

2.2.1.2.2. – pagamentos feitos pelo embargante a PAULO

ROBERTO BUARQUE CARNEIRO -, 2.2.1.2.3. – os pagamentos

tinham relação concreta e específica com a contratação do

FPSO ESPADARTE/CIDADE DE ANCHIETA -, 2.2.1.2.4. – houve

um comprovado episódio de favorecimento ao Grupo SBM, no

procedimento licitatório que precedeu a contratação,

causado pelos pagamentos e como sua contrapartida, e

provocado por atuações funcionais distorcidas de PAULO

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ROBERTO BUARQUE CARNEIRO e PEDRO JOSÉ BARUSCO FILHO -,

2.2.1.2.5. – os pagamentos mencionados ostentavam a

natureza de vantagens indevidas e buscavam a produção de JFRJ


Fls 1609
favorecimentos ao Grupo SBM, não se limitando a objetivar

apenas a ocorrência do único comprovado episódio de

favorecimento – e 2.2.1.2.6. – PEDRO JOSÉ BARUSCO FILHO e

PAULO ROBERTO BUARQUE CARNEIRO eram, ao tempo dos fatos e

segundo as normas então vigentes, funcionários públicos

para fins penais.

Externou o Juízo sua convicção de que a conduta

de JÚLIO FAERMAN foi típica, sob a previsão do art. 333,

§ único, do CP; a aferição da tipicidade foi feita, como

já dito, à luz da conduta tida por comprovada, em todas

as suas circunstâncias, nos itens precedentes.

Assim, as teses apontadas como omitidas, pelo

embargante, em realidade, se voltam contra a convicção –

firmada em outros itens sentenciais -, acerca da ligação

causal entre pagamentos de vantagens indevidas por ele

feitos a PEDRO JOSÉ BARUSCO FILHO e PAULO ROBERTO BUARQUE

CARNEIRO, de um lado, e, de outro, a efetivamente

comprovada contrapartida ilícita, na forma de violação de

seus deveres funcionais, materializada em favorecimento

outorgado ao Grupo SBM, pelo embargante comercialmente

representado; ainda naqueles itens, ficou consignado que

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os pagamentos motivaram e causaram os atos ilícitos de

favorecimento.

JFRJ
As teses, portanto, não tinham locus de
Fls 1610
apreciação quando da aferição da tipicidade, mas nos

itens em que aferida a mataria fática, voltando-se contra

a convicção exposta no parágrafo anterior.

Isto porque as alegações de “falta de imputação

objetiva” e de “falta de domínio do curso causal”

caracterizam a compreensão do embargante de que os atos

indevidos de favorecimento não poderiam ser tidos como

causados pelos pagamentos por ele feitos aos autores de

tais malfeitos – PEDRO JOSÉ BARUSCO FILHO e PAULO ROEBRTO

BUARQUE CARNEIRO – e, portanto, não poderiam ser

considerados para aumento de sua pena; já a tese da

“autorresponsabilidade dos funcionários públicos”

concretiza entendimento de que estes últimos – caso de

PEDRO JOSÉ BARUSCO FILHO e PAULO ROBERTO BUARQUE CARNEIRO

-, como autores dos atos ilícitos de favorecimento,

seriam os únicos responsáveis por suas consequências, as

quais não poderiam ser imputadas, em incremento de sua

reprimenda, ao pagador de vantagens e extraneus, o

embargante.

Ocorre que ambas foram, em realidade,

rechaçadas pelo Juízo quando entendeu que os atos de

favorecimento, com violação funcional da parte dos

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empregados corrompidos, foram causados pelas vantagens

indevidas que lhes foram ofertadas e pagas pelo

embargante, tema enfrentado expressamente nos itens JFRJ


Fls 1611
2.2.1.2.4. (fls. 3536v./3543v.) e 2.2.1.2.5. (fls.

3543v./3549v.), e que equivale a negar-lhes procedência,

pois que, em ambos os casos, voltam-se a romper o nexo

causal entre os favorecimentos, com violação do dever

funcional e de autoria direta dos corrompidos, e o agir

do pagador, com pretensão de atribuição de

responsabilidade apenas aos primeiros e exoneração ao

último.

Mesmo assim, no item em que examinada a

tipicidade - 2.2.1.2.7.2. (fls. 3554v./3562v.) -, e

enquanto apreciação jurídica a incidir sobre a matéria

fática examinada em momentos anteriores, o Juízo afirmou

que (fls. 3554v./3555):

“Em relação a JÚLIO FAERMAN, sua conduta

de ofertar e pagar vantagens indevidas a

funcionários públicos, em razão de suas

posições funcionais, e visando

determiná-los a praticar atos de ofício

em benefício do Grupo SBM, por ele

representado comercialmente, ostenta

tipicidade, sob a previsão do art. 333

do CP; e, tendo sido verificado episódio

de efetivo favorecimento ao Grupo SBM,

em contrapartida aos valores ofertados e

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pagos, com desvio ilícito do agir

funcional dos beneficiários das

vantagens, incide ainda a norma do art.


JFRJ
333, § único, do CP. Fls 1612

(...)

Como se vê da dicção legal, basta a

oferta ao funcionário público, de

vantagem indevida, com o fim de

determiná-lo à prática de atos de ofício

– lícitos ou ilícitos, determinados ou

indeterminados -, para tipificação da

conduta, sob a previsão do art. 333,

caput, do CP; ocorre que, se verificada

efetiva prática de ilicitude pelo

funcionário público corrompido, em

contrapartida à vantagem indevida

ofertada ou paga, a conduta, dotada de

maior reprovabilidade, passa a atrair a

causa de aumento de pena contida no art.

333, § único, do CP, dado que, em casos

assim e conforme o fraseamento legal, o

funcionário “pratica [ato de ofício]

infringindo dever funcional”.

Saliento, quanto ao ponto, que, maxima

vênia concessa, não enxergo procedência

na alegação defensiva de que, tendo sido

o ato desvirtuado praticado pelo

corrompido, o incremento de apenação do

corruptor seria hipótese de

responsabilidade penal sem comprovação

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de nexo causal (art. 13 do CP) entre o

agir ilícito e a conduta do corruptor;

de fato, se se verifica a ocorrência de


JFRJ
pagamentos indevidos pelo corruptor ao Fls 1613
corrompido, e, de outro lado, a prática

de atos, por parte do corrompido, em

violação a seus deveres funcionais, é

isto poderoso indício (art. 239 do CPP)

de que os dois eventos estão ligados por

liame causal.

Isto porque, por um lado, atos ilícitos

em proveito de terceiros, da parte do

intraneus e em violação a seus deveres

funcionais, não costumam ocorrer sem

provocação, por mera liberalidade – até

mesmo porque ilicitudes expõe (sic) o

empregado público a responsabilização -,

sem qualquer motivação discernível; de

outro lado, pagamentos de vantagens

indevidas costumam ser motivação

suficiente ao cometimento de ilicitudes

em desrespeito aos deveres funcioanis

(sic) aplicáveis, por parte do

intraneus, tanto mais quando em

benefício do pagador das vantagens ou de

indivíduos a ele relacionados.

Ausente comprovação em sentido contrário

– que, no caso em estudo, como visto nos

itens acima, inexistiu – evidentemente

que é de se ter, como já explicado

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anteriormente, pagamentos e atos em

violação aos deveres funcionais como

unidos por liame causal.


JFRJ
E, se é assim, é óbvio que o agir do Fls 1614

corruptor – ao ofertar e pagar vantagens

indevidas – foi causa (art. 13 do CP) do

atuar do corrompido, em violação a seus

deveres funcionais, pelo que o resultado

ilícito, que incrementa a pena da

corrupção ativa (art. 333, § único, do

CP), lhe é plenamente imputável”

Neste trecho, foi rechaçada a tese de que o

resultado incrementador da pena não poderia ser imputável

ao embargante, seja sob a negativa de imputabilidade pura

- “ausência de imputação objetiva” e “falta de domínio do

curso causal“ -, seja sob a asserção de que seriam

responsáveis apenas os corrompidos –

“autorresponsabilidade dos funcionários públicos” -;

ainda que não tenha sido mencionado o fraseamento dado

pelo embargante a suas alegações, é evidente que foram

apreciadas, com externação de juízo de sua improcedência.

Não há, assim e em realidade, a omissão

articulada pelo que, no ponto, não há como se reconhecer

eiva nem necessidade de corrigenda, tal como vindicado

pelo embargante.

Ainda em atenção aos temas suscitados pelo

embargante, no item sentencial 2.2.1.3.7.2. (fls.

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3586/3593v.), o Juízo aquilatou a tipicidade da conduta

do embargante, relativamente à contratação do FPSO

BRASIL, tal como aferida, em diversos aspectos, nos itens JFRJ


Fls 1615
2.2.1.3.1. – pagamentos feitos pelo embargante a PEDRO

JOSÉ BARUSCO FILHO -, 2.2.1.3.2. – pagamentos feitos pelo

embargante a PAULO ROBERTO BUARQUE CARNEIRO -, 2.2.1.3.3.

– os pagamentos tinham relação concreta e específica com

a contratação do FPSO BRASIL -, 2.2.1.3.4. – houve um

comprovado episódio de favorecimento ao Grupo SBM, no

procedimento de consulta ao mercado que precedeu a

contratação, causado pelos pagamentos e como sua

contrapartida, e provocado por atuações funcionais

distorcidas de PAULO ROBERTO BUARQUE CARNEIRO e PEDRO

JOSÉ BARUSCO FILHO -, 2.2.1.3.5. – os pagamentos

mencionados ostentavam a natureza de vantagens indevidas

e buscavam a produção de favorecimentos ao Grupo SBM, não

se limitando a objetivar apenas a ocorrência do

comprovado episódio de favorecimento – e 2.2.1.3.6. –

PEDRO JOSÉ BARUSCO FILHO e PAULO ROBERTO BUARQUE CARNEIRO

eram, ao tempo dos fatos e segundo as normas então

vigentes, funcionários públicos para fins penais.

Externou o Juízo sua convicção de que a conduta

de JÚLIO FAERMAN foi típica, sob a previsão do art. 333,

§ único, do CP; a aferição da tipicidade foi feita, como

já dito, à luz da conduta tida por comprovada, em todas

as suas circunstâncias, nos itens precedentes.

Assinado eletronicamente. Certificação digital pertencente a VITOR BARBOSA VALPUESTA.


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Assim, as teses apontadas por omitidas pelo

embargante, em realidade, se voltam contra a convicção –

firmada em outros itens sentenciais -, acerca da ligação JFRJ


Fls 1616
causal entre pagamentos de vantagens indevidas por ele

feitos a PEDRO JOSÉ BARUSCO FILHO e PAULO ROBERTO BUARQUE

CARNEIRO, de um lado, e, de outro, a efetiva e comprovada

contrapartida ilícita, na forma de violação de seus

deveres funcionais, materializada em favorecimento

outorgado ao Grupo SBM, por ele representado; ainda

naqueles itens, ficou consignado que os pagamentos

motivaram e causaram os atos ilícitos de favorecimento.

As teses, portanto, não tinham locus de

apreciação quando da aferição da tipicidade, mas nos

itens em que apreciada a matéria fática, voltando-se

contra a convicção exposta no parágrafo anterior.

Isto porque as alegações de “falta de imputação

objetiva” e de “falta de domínio do curso causal”

caracterizam a compreensão do embargante de que os atos

indevidos de favorecimento não poderiam ser tidos como

causados pelos pagamentos por ele feitos aos autores de

tais malfeitos – PEDRO JOSÉ BARUSCO FILHO e PAULO ROEBRTO

BUARQUE CARNEIRO – e, portanto, não poderiam ser

considerados para aumento de sua pena; já a tese da

“autorresponsabilidade dos funcionários públicos”

concretiza entendimento de que estes últimos – caso de

Assinado eletronicamente. Certificação digital pertencente a VITOR BARBOSA VALPUESTA.


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PEDRO JOSÉ BARUSCO FILHO e PAULO ROBERTO BUARQUE CARNEIRO

-, como autores dos atos ilícitos de favorecimento,

seriam os únicos responsáveis por suas consequências, as JFRJ


Fls 1617
quais não poderiam ser imputadas, em incremento de sua

reprimenda, ao pagador de vantagens e extraneus, o

embargante.

Ocorre que ambas foram, em realidade,

rechaçadas pelo Juízo quando entendeu que os atos de

favorecimento, com violação funcional, da parte dos

empregados corrompidos, foram causados pelas vantagens

indevidas que lhes foram ofertadas e pagas pelo

embargante, tema enfrentado expressamente nos itens

2.2.1.3.4. (fls. 3567v./3575) e 2.2.1.3.5. (fls.

3575/3580v.), e que equivale a negar-lhes procedência,

pois que, em ambos os casos, voltam-se a romper o nexo

causal entre os favorecimentos, com violação do dever

funcional, de autoria direta dos corrompidos, e o agir do

pagador, com pretensão de atribuição de responsabilidade

apenas aos primeiros e exoneração ao último.

Mesmo assim, no item em que examinada a

tipicidade - 2.2.1.3.7.2. (fls. 3586/3593v.) -, e

enquanto apreciação jurídica a incidir sobre a matéria

fática examinada em momentos anteriores, o Juízo afirmou

que (fls. 3586/3586v.):

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“Em relação a JÚLIO FAERMAN, suas

condutas de ofertar e pagar vantagens

indevidas a funcionários públicos, em


JFRJ
razão de suas posições funcionais, e Fls 1618
visando determiná-los a praticar atos de

ofício em benefício do Grupo SBM, por

ele representado comercialmente,

ostentam tipicidade, sob a previsão do

art. 333 do CP; e, tendo sido verificado

episódio de efetivo favorecimento ao

Grupo SBM, em contrapartida aos valores

ofertados e pagos, com desvirtuamento

ilícito do agir funcional dos

beneficiários das vantagens, incide

ainda a norma do art. 333, § único, do

CP.

(...)

Como se vê da dicção legal, basta a

oferta ao funcionário público, de

vantagem indevida, com o fim de

determiná-lo à prática de atos de ofício

– lícitos ou ilícitos, determinados ou

indeterminados -, para tipificação da

conduta, sob a previsão do art. 333,

caput, do CP; ocorre que, se verificada

a efetiva prática de ilicitude pelo

funcionário público corrompido, em

contrapartida à vantagem indevida

ofertada ou paga, a conduta, dotada de

maior reprovabilidade, passa a atrair a

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causa de aumento de pena contida no art.

333, § único, do CP, dado que, em casos

assim e conforme o fraseamento legal, o


JFRJ
funcionário “pratica [ato de ofício] Fls 1619
infringindo dever funcional”.

Saliento, quanto ao ponto, que, maxima

vênia concessa, não enxergo procedência

na alegação defensiva de que, tendo sido

o ato desvirtuado praticado pelo

corrompido, o incremento de apenação do

corruptor seria hipótese de

responsabilidade penal sem comprovação

de nexo causal (art. 13 do CP) entre o

agir ilícito e a conduta do corruptor;

de fato, se se verifica a ocorrência de

pagamentos indevidos pelo corruptor ao

corrompido, e, de outro lado, a prática

de atos, por parte do corrompido, em

violação a seus deveres funcionais, é

isto poderoso indício (art. 239 do CPP)

de que os dois eventos estão ligados por

liame causal.

Isto porque, por um lado, atos ilícitos

em proveito de terceiros, da parte do

intraneus e em violação a seus deveres

funcionais, não costumam ocorrer sem

provocação, por mera liberalidade – até

mesmo porque ilicitudes expõe (sic) o

empregado público a responsabilização -,

sem qualquer motivação discernível; de

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outro lado, pagamentos de vantagens

indevidas costumam ser motivação

suficiente ao cometimento de ilicitudes


JFRJ
em desrespeito aos deveres funcioanis Fls 1620
(sic) aplicáveis, por parte do

intraneus, tanto mais quando em

benefício do pagador das vantagens ou de

indivíduos a ele relacionados.

Ausente comprovação em sentido contrário

– que, no caso em estudo, como visto nos

itens acima, inexistiu – evidentemente

que é de se ter, como já explicado

anteriormente, pagamentos e atos em

violação aos deveres funcionais como

unidos por liame causal.

E, se é assim, é óbvio que o agir do

corruptor – ao ofertar e pagar vantagens

indevidas – foi causa (art. 13 do CP) do

atuar do corrompido, em violação a seus

deveres funcionais, pelo que o resultado

ilícito, que incrementa a pena da

corrupção ativa (art. 333, § único, do

CP), lhe é plenamente imputável”

Neste trecho, foi rechaçada a tese de que o

resultado incrementador da pena não poderia ser imputável

ao embargante, seja sob a negativa de imputabilidade pura

- “ausência de imputação objetiva” e “falta de domínio do

curso causal“ -, seja sob a asserção de que seriam

responsáveis apenas os corrompidos –

Assinado eletronicamente. Certificação digital pertencente a VITOR BARBOSA VALPUESTA.


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“autorresponsabilidade dos funcionários públicos” -;

ainda que não tenha sido mencionado o fraseamento dado

pelo embargante a suas alegações, é evidente que foram JFRJ


Fls 1621
apreciadas, com externação de juízo de sua improcedência.

Não há, assim e em realidade, a omissão

articulada pelo que, no ponto, não há como se reconhecer

eive nem necessidade de corrigenda, tal como vindicado

pelo embargante.

Continuando a apreciação dos temas suscitados

pelo embargante, no item sentencial 2.2.1.5.6.2. (fls.

3534/3640), o Juízo aferiu a tipicidade da conduta do

embargante, relativamente à contratação do FPSO CAPIXABA,

tal como aquilatada, em diversos aspectos, nos itens

2.2.1.5.1. – pagamentos feitos pelo embargante a PAULO

ROBERTO BUARQUE CARNEIRO -, 2.2.1.5.2. – os pagamentos

tinham relação concreta e específica com a contratação do

FPSO CAPIXABA -, 2.2.1.5.3. – houve um comprovado

episódio de favorecimento ao Grupo SBM, no curso da

relação contratual, com incremento indevido de sua

expressão econômica, causado pelos pagamentos e como sua

contrapartida, e provocado por atuações funcionais

distorcidas de PAULO ROBERTO BUARQUE CARNEIRO -,

2.2.1.5.4. – os pagamentos mencionados ostentavam a

natureza de vantagens indevidas e buscavam a produção de

favorecimentos ao Grupo SBM, não se limitando a objetivar

Assinado eletronicamente. Certificação digital pertencente a VITOR BARBOSA VALPUESTA.


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apenas a ocorrência do comprovado episódio de

favorecimento – e 2.2.1.5.5. (indicado por erro material,

em fls. 3629, como 2.2.1.5.4.) – PAULO ROBERTO BUARQUE JFRJ


Fls 1622
CARNEIRO era, ao tempo dos fatos e segundo as normas

então vigentes, funcionário público para fins penais.

Externou o Juízo sua convicção de que a conduta

de JÚLIO FAERMAN foi típica, sob a previsão do art. 333,

§ único, do CP; a aferição da tipicidade foi feita, como

já dito, à luz da conduta tida por comprovada, em todas

as suas circunstâncias, nos itens precedentes.

Assim, as teses apontadas por omitidas pelo

embargante, em realidade, se voltam contra a convicção –

firmada em outros itens sentenciais -, acerca da ligação

causal entre pagamentos de vantagens indevidas por ele

feitos a PAULO ROBERTO BUARQUE CARNEIRO, de um lado, e,

de outro, a efetiva e comprovada contrapartida ilícita,

na forma de violação de seus deveres funcionais,

materializada em favorecimento outorgado ao Grupo SBM,

por ele representado; ainda naqueles itens, ficou

consignado que os pagamentos motivaram e causaram os atos

ilícitos de favorecimento.

As teses, portanto, não tinham locus de

apreciação quando da aferição da tipicidade, mas nos

itens em que examinada a matéria fática, voltando-se

contra a convicção exposta no parágrafo anterior.

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Isto porque as alegações de “falta de imputação

objetiva” e de “falta de domínio do curso causal”

caracterizam a compreensão do embargante de que os atos JFRJ


Fls 1623
indevidos de favorecimento não poderiam ser tidos como

causados pelos pagamentos por ele feitos ao autor de tais

malfeitos – PAULO ROBERTO BUARQUE CARNEIRO – e, portanto,

não poderiam ser considerados para aumento de sua pena;

já a tese da “autorresponsabilidade dos funcionários

públicos” concretiza entendimento de que este último –

caso de PAULO ROBERTO BUARQUE CARNEIRO -, como autor dos

atos ilícitos de favorecimento, seria o único responsável

por suas consequências, as quais não poderiam ser

imputadas, em incremento de sua reprimenda, ao pagador de

vantagens e extraneus, o embargante.

Ocorre que ambas foram, em realidade,

rechaçadas pelo Juízo quando entendeu que os atos de

favorecimento, com violação funcional, da parte do

empregado corrompido, foram causados pelas vantagens

indevidas que lhe foram ofertadas e pagas pelo

embargante, tema enfrentado expressamente nos itens

2.2.1.5.3. (fls. 3616/3625) e 2.2.1.5.4. (fls.

3625/3629), e que equivale a negar-lhes procedência, pois

que, em ambos os casos, voltam-se a romper o nexo causal

entre o favorecimento, com violação do dever funcional,

de autoria direta do corrompido, e o agir do pagador, com

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pretensão de atribuição de responsabilidade apenas ao

primeiro e exoneração do último.

JFRJ
Mesmo assim, no item em que examinada a
Fls 1624
tipicidade - 2.2.1.5.6.2. (fls. 3634/3640) -, e enquanto

apreciação jurídica a incidir sobre a matéria fática

examinada em momentos anteriores, o Juízo afirmou que

(fls. 3634/3634v.):

“Em relação a JÚLIO FAERMAN, sua conduta

de ofertar e pagar vantagens indevidas a

funcionário público, em razão de sua

posição funcional, e visando determiná-

lo a praticar atos de ofício em

benefício do Grupo SBM, por ele

representado comercialmente, ostenta

tipicidade, sob a previsão do art. 333

do CP; e, tendo sido verificado episódio

de efetivo favorecimento ao Grupo SBM,

em contrapartida aos valores ofertados e

pagos, com distorcimento ilícito do agir

funcional do beneficiário das vantagens,

incide ainda a norma do art. 333, §

único, do CP.

(...)

Como se vê da dicção legal, basta a

oferta ao funcionário público, de

vantagem indevida, com o fim de

determiná-lo à prática de atos de ofício

– lícitos ou ilícitos, determinados ou

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indeterminados -, para tipificação da

conduta, sob a previsão do art. 333,

caput, do CP; ocorre que, se verificada


JFRJ
a efetiva prática de ilicitude pelo Fls 1625
funcionário público corrompido, em

contrapartida à vantagem indevida

ofertada ou paga, a conduta, dotada de

maior reprovabilidade, passa a atrair a

causa de aumento de pena contida no art.

333, § único, do CP, dado que, em casos

assim e conforme o fraseamento legal, o

funcionário “pratica [ato de ofício]

infringindo dever funcional”.

Saliento, quanto ao ponto, que, maxima

vênia concessa, não enxergo procedência

na alegação defensiva de que, tendo sido

o ato desvirtuado praticado pelo

corrompido, o incremento de apenação do

corruptor seria hipótese de

responsabilidade penal sem comprovação

de nexo causal (art. 13 do CP) entre o

agir ilícito e a conduta do corruptor;

de fato, se se verifica a ocorrência de

pagamentos indevidos pelo corruptor ao

corrompido, e, de outro lado, a prática

de atos, por parte do corrompido, em

violação a seus deveres funcionais, é

isto poderoso indício (art. 239 do CPP)

de que os dois eventos estão ligados por

liame causal.

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Isto porque, por um lado, atos ilícitos

em proveito de terceiros, da parte do

intraneus e em violação a seus deveres


JFRJ
funcionais, não costumam ocorrer sem Fls 1626
provocação, por mera liberalidade – até

mesmo porque ilicitudes expõe (sic) o

empregado público a responsabilização -,

sem qualquer motivação discernível; de

outro lado, pagamentos de vantagens

indevidas costumam ser motivação

suficiente ao cometimento de ilicitudes

em desrespeito aos deveres funcioanis

(sic) aplicáveis, por parte do

intraneus, tanto mais quando em

benefício do pagador das vantagens ou de

indivíduos a ele relacionados.

Ausente comprovação em sentido contrário

– que, no caso em estudo, como visto nos

itens acima, inexistiu – evidentemente

que é de se ter, como já explicado

anteriormente, pagamentos e atos em

violação aos deveres funcionais como

unidos por liame causal.

E, se é assim, é óbvio que o agir do

corruptor – ao ofertar e pagar vantagens

indevidas – foi causa (art. 13 do CP) do

atuar do corrompido, em violação a seus

deveres funcionais, pelo que o resultado

ilícito, que incrementa a pena da

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corrupção ativa (art. 333, § único, do

CP), lhe é plenamente imputável”

Neste trecho, foi rechaçada a tese de que o JFRJ


Fls 1627
resultado incrementador da pena não poderia ser imputável

ao embargante, seja sob a negativa de imputabilidade pura

- “ausência de imputação objetiva” e “falta de domínio do

curso causal“ -, seja sob a asserção de que seriam

responsáveis apenas os corrompidos –

“autorresponsabilidade dos funcionários públicos” -;

ainda que não tenha sido mencionado o fraseamento

específico dado pelo embargante a suas alegações, é

evidente que foram apreciadas, com externação de juízo de

sua improcedência.

Não há, assim e em realidade, a omissão

articulada pelo que, no ponto, não há como se reconhecer

eive nem necessidade de corrigenda, tal como vindicado

pelo embargante.

Prosseguindo com a apreciação dos temas

suscitados pelo embargante neste tópico recursal, no item

sentencial 2.2.1.7.7.2. (fls. 3685/3692), o Juízo aferiu

a tipicidade da conduta do embargante, relativamente à

contratação do turret da P-53, tal como aquilatada, em

diversos aspectos, nos itens 2.2.1.7.1. – pagamentos

feitos pelo embargante e LUÍS EDUARDO CAMPOS BARBOSA DA

SILVA a PEDRO JOSÉ BARUSCO FILHO -, 2.2.1.7.3. – os

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pagamentos tinham relação concreta e específica com a

contratação do turret da P-53 -, 2.2.1.7.4. – houve um

comprovado episódio de favorecimento ao Grupo SBM, no JFRJ


Fls 1628
certame licitatório que precedeu a contratação, causado

pelos pagamentos, como sua contrapartida, e provocado por

atuações funcionais distorcidas de PEDRO JOSÉ BARUSCO

FILHO -, 2.2.1.7.5. – os pagamentos mencionados

ostentavam a natureza de vantagens indevidas e buscavam a

produção de favorecimentos ao Grupo SBM, não se limitando

a objetivar apenas a ocorrência do comprovado episódio de

favorecimento – e 2.2.1.7.6. – PEDRO JOSÉ BARUSCO FILHO

era, ao tempo dos fatos e segundo as normas então

vigentes, funcionário público para fins penais.

Externou o Juízo sua convicção de que a conduta

de JÚLIO FAERMAN – assim como a de LUÍS EDUARDO CAMPOS

BARBOSA DA SILVA, que com ele atuou em consórcio - foi

típica, sob a previsão do art. 333, § único, do CP; a

aferição da tipicidade foi feita, como já dito, à luz da

conduta tida por comprovada, em todas as suas

circunstâncias, nos itens precedentes.

Assim, as teses apontadas pelo embargante como

omitidas, em realidade, se voltam contra a convicção –

firmada em outros itens sentenciais -, acerca da ligação

causal entre pagamentos de vantagens indevidas, por ele e

LUÍS EDUARDO CAMPOS BARBOSA DA SILVA, feitos a PEDRO JOSÉ

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BARUSCO FILHO, de um lado, e, de outro, a efetiva e

comprovada contrapartida ilícita, na forma de violação de

seus deveres funcionais, materializada em favorecimento JFRJ


Fls 1629
outorgado ao Grupo SBM, por ele representado; ainda

naqueles itens, ficou consignado que os pagamentos

motivaram e causaram os atos ilícitos de favorecimento.

As teses, portanto, não tinham locus de

apreciação quando da aferição da tipicidade, mas nos

itens em que examinada a matéria fática, voltando-se

contra a convicção exposta no parágrafo anterior.

Isto porque as alegações de “falta de imputação

objetiva” e de “falta de domínio do curso causal”

caracterizam a compreensão do embargante de que os atos

indevidos de favorecimento não poderiam ser tidos como

causados pelos pagamentos por ele feitos ao autor de tais

malfeitos – PEDRO JOSÉ BARUSCO FILHO – e, portanto, não

poderiam ser considerados para aumento de sua pena; já a

tese da “autorresponsabilidade dos funcionários públicos”

concretiza entendimento de que este último – caso de

PEDRO JOSÉ BARUSCO FILHO -, como autor dos atos ilícitos

de favorecimento, seria o único responsável por suas

consequências, as quais não poderiam ser imputadas, em

incremento de sua reprimenda, ao pagador de vantagens e

extraneus, o embargante.

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Ocorre que ambas foram, em realidade,

rechaçadas pelo Juízo quando entendeu que os atos de

favorecimento, com violação funcional, da parte do JFRJ


Fls 1630
empregado corrompido, foram causados pelas vantagens

indevidas que lhe foram ofertadas e pagas pelo

embargante, tema enfrentado expressamente nos itens

2.2.1.7.4. (fls. 3671/3674v.) e 2.2.1.7.5. (fls.

3674v./3679v.), e que equivale a negar-lhes procedência,

pois que, em ambos os casos, voltam-se a romper o nexo

causal entre, de um lado, o favorecimento, com violação

do dever funcional, de autoria direta do corrompido, e,

de outro, o agir do pagador, com pretensão de atribuição

de responsabilidade apenas ao primeiro e exoneração ao

último.

Mesmo assim, no item em que examinada a

tipicidade - 2.2.1.7.7.2. (fls. 3685/3692) -, e enquanto

apreciação jurídica a incidir sobre a matéria fática

examinada em momentos anteriores, o Juízo afirmou que

(fls. 3685/3685v.):

“Em relação a JÚLIO FAERMAN e LUÍS

EDUARDO CAMPOS BARBOSA DA SILVA, sua

conduta de ofertar e pagar vantagens

indevidas a PEDRO JOSÉ BARUSCO FILHO,

funcionário público e em razão de sua

posição funcional, visando determiná-lo

a praticar atos de ofício em benefício

do Grupo SBM, representado

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comercialmente pelos pagadores, ostenta

tipicidade, sob a previsão do art. 333

do CP; e, tendo sido verificado episódio


JFRJ
de efetivo favorecimento ao Grupo SBM, Fls 1631
em contrapartida aos valores ofertados e

pagos, com distorcimento ilícito do agir

funcional do beneficiário das vantagens,

incide ainda a norma do art. 333, §

único, do CP.

(...)

Como se vê da dicção legal, basta a

oferta ao funcionário público, de

vantagem indevida, com o fim de

determiná-lo à prática de atos de ofício

– lícitos ou ilícitos, determinados ou

indeterminados -, para tipificação da

conduta, sob a previsão do art. 333,

caput, do CP; ocorre que, se verificada

efetiva prática de ilicitude pelo

funcionário público corrompido, em

contrapartida à vantagem indevida

ofertada ou paga, a conduta, dotada de

maior reprovabilidade, passa a atrair a

causa de aumento de pena contida no art.

333, § único, do CP, dado que, em casos

assim e conforme o fraseamento legal, o

funcionário “pratica [ato de ofício]

infringindo dever funcional”.

Saliento, quanto ao ponto, que, maxima

vênia concessa, não enxergo procedência

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na alegação defensiva de que, tendo sido

o ato desvirtuado praticado pelo

corrompido, o incremento de apenação do


JFRJ
corruptor seria hipótese de Fls 1632
responsabilidade penal sem comprovação

de nexo causal (art. 13 do CP) entre o

agir ilícito e a conduta do corruptor;

de fato, se se verifica a ocorrência de

pagamentos indevidos pelo corruptor ao

corrompido, e, de outro lado, a prática

de atos, por parte do corrompido, em

violação a seus deveres funcionais, é

isto poderoso indício (art. 239 do CPP)

de que os dois eventos estão ligados por

liame causal.

Isto porque, por um lado, atos ilícitos

em proveito de terceiros, da parte do

intraneus e em violação a seus deveres

funcionais, não costumam ocorrer sem

provocação, por mera liberalidade – até

mesmo porque ilicitudes expõe (sic) o

empregado público a responsabilização -,

sem qualquer motivação discernível; de

outro lado, pagamentos de vantagens

indevidas costumam ser motivação

suficiente ao cometimento de ilicitudes

em desrespeito aos deveres funcioanis

(sic) aplicáveis, por parte do

intraneus, tanto mais quando em

benefício do pagador das vantagens ou de

indivíduos a ele relacionados.

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Ausente comprovação em sentido contrário

– que, no caso em estudo, como visto nos

itens acima, inexistiu – evidentemente


JFRJ
que é de se ter, como já explicado Fls 1633
anteriormente, pagamentos e atos em

violação aos deveres funcionais como

unidos por liame causal.

E, se é assim, é óbvio que o agir do

corruptor – ao ofertar e pagar vantagens

indevidas – foi causa (art. 13 do CP) do

atuar do corrompido, em violação a seus

deveres funcionais, pelo que o resultado

ilícito, que incrementa a pena da

corrupção ativa (art. 333, § único, do

CP), lhe é plenamente imputável”

Neste trecho, foi rechaçada a tese de que o

resultado incrementador da pena não poderia ser imputável

ao embargante, seja sob a negativa de imputabilidade pura

- “ausência de imputação objetiva” e “falta de domínio do

curso causal“ -, seja sob a asserção de que seriam

responsáveis apenas os corrompidos –

“autorresponsabilidade dos funcionários públicos” -;

ainda que não tenha sido mencionado o fraseamento

específico dado pelo embargante a suas alegações, é

evidente que foram apreciadas, com externação de juízo de

sua improcedência.

Não há, assim e em realidade, a omissão

articulada pelo que, no ponto, não há como se reconhecer

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eive nem necessidade de corrigenda, tal como vindicado

pelo embargante.

JFRJ
Por fim, no item sentencial 2.2.1.9.6.2. (fls.
Fls 1634
3733v./3740), o Juízo aferiu a tipicidade da conduta do

embargante – juntamente à de LUÍS EDUARDO CAMPOS BARBOSA

DA SILVA -, relativamente a episódios de vazamento de

informações e documentos sigilosos da paraestatal

brasileira, tal como aferida, em diversos aspectos, nos

itens 2.2.1.9.1. – pagamentos feitos pelo embargante e

LUÍS EDUARDO CAMPOS BARBOSA DA SILVA a JORGE LUIZ ZELADA

-, 2.2.1.9.2. – os pagamentos buscavam provocar a

violação ao dever de sigilo, da parte de JORGE LUIZ

ZELADA, em relação a documentos e informações a que

tivesse acesso em função de sua atuação profissional -,

2.2.1.9.3. – houve comprovados episódios de violação a

tal dever funcional da parte de JORGE LUIZ ZELADA, como

contrapartida aos pagamentos, em vista de documentos

sigilosos que foram entregues indevidamente aos pagadores

de vantagens -, 2.2.1.9.4. – os pagamentos mencionados

ostentavam a natureza de vantagens indevidas e buscavam a

produção de favorecimentos ao Grupo SBM, por meio da

obtenção indevida de informações e documentos sigilosos,

não se limitando a objetivar apenas a ocorrência dos

comprovados episódios em que isso se deu – e 2.2.1.9.5. –

JORGE LUIZ ZELADA era, ao tempo dos fatos e segundo as

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normas então vigentes, funcionário público para fins

penais.

JFRJ
Externou o Juízo sua convicção de que a conduta
Fls 1635
de JÚLIO FAERMAN – assim como a de LUÍS EDUARDO CAMPOS

BARBOSA DA SILVA, que com ele atuou em consórcio - foi

típica, sob a previsão do art. 333, § único, do CP; a

aferição da tipicidade foi feita, como já dito, à luz da

conduta tida por comprovada, em todas as suas

circunstâncias, nos itens precedentes.

Assim, as teses apontadas pelo embargante como

omitidas, em realidade, se voltam contra a convicção –

firmada em outros itens sentenciais -, acerca da ligação

causal entre pagamentos de vantagens indevidas, por ele e

LUÍS EDUARDO CAMPOS BARBOSA DA SILVA, feitos a JORGE LUIZ

ZELADA, de um lado, e, de outro, a efetiva e comprovada

contrapartida ilícita, na forma de violação de seus

deveres funcionais, materializada em fornecimentos de

documentos e informações sigilosos, indevidamente; ainda

naqueles itens, ficou consignado que os pagamentos

motivaram e causaram os atos ilícitos que foram sua

contrapartida.

As teses, portanto, não tinham locus de

apreciação quando da aferição da tipicidade, mas nos

itens em que examinada a matéria fática, voltando-se

contra a convicção exposta no parágrafo anterior.

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Isto porque as alegações de “falta de imputação

objetiva” e de “falta de domínio do curso causal”

caracterizam a compreensão do embargante de que os atos JFRJ


Fls 1636
indevidos de favorecimento não poderiam ser tidos como

causados pelos pagamentos por ele feitos ao autor de tais

malfeitos – JORGE LUIZ ZELADA – e, portanto, não poderiam

ser considerados para aumento de sua pena; já a tese da

“autorresponsabilidade dos funcionários públicos”

concretiza entendimento de que este último – caso de

JORGE LUIZ ZELADA -, como autor dos atos ilícitos de

violação ao dever de sigilo, seria o único responsável

por suas consequências, as quais não poderiam ser

imputadas, em incremento de sua reprimenda, aos pagadores

de vantagens e extraneii, o embargante e LUÍS EDUARDO

CAMPOS BARBOSA DA SILVA.

Ocorre que ambas foram, em realidade,

rechaçadas pelo Juízo quando entendeu que os atos de

favorecimento, com violação funcional, da parte do

empregado corrompido, foram causados pelas vantagens

indevidas que lhe foram ofertadas e pagas pelo

embargante, tema enfrentado expressamente nos itens

2.2.1.9.2. (fls. 3717/3719v.), 2.2.1.9.3. (fls.

3719v./33728) e 2.2.1.9.4. (fls. 3728/3729), e que

equivale a negar-lhes procedência, pois que, em ambos os

casos, voltam-se a romper o nexo causal entre, de um

lado, o favorecimento, com violação do dever funcional,

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de autoria direta do corrompido, e, de outro, o agir do

pagador, com pretensão de atribuição de responsabilidade

apenas ao primeiro e exoneração ao último. JFRJ


Fls 1637
Mesmo assim, no item em que examinada a

tipicidade - 2.2.1.9.6.2. (fls. 3733v./3740) -, e

enquanto apreciação jurídica a incidir sobre a matéria

fática examinada em momentos anteriores, o Juízo afirmou

que (fls. 3733v./3734):

“Em relação a JÚLIO FAERMAN e LUÍS

EDUARDO CAMPOS BARBOSA DA SILVA, sua

conduta de ofertar e pagar vantagens

indevidas a JORGE LUIZ ZELADA,

funcionário público e em razão de sua

posição funcional, visando determiná-lo

a praticar atos de ofício em benefício

do Grupo SBM, representado

comercialmente pelos pagadores, ostenta

tipicidade, sob a previsão do art. 333

do CP; e, tendo sido verificados dois

episódios de efetivo favorecimento ao

Grupo SBM, em contrapartida aos valores

ofertados e pagos, com distorcimento

ilícito do agir funcional do

beneficiário das vantagens, incide ainda

a norma do art. 333, § único, do CP.

(...)

Como se vê da dicção legal, basta a

oferta ao funcionário público, de

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vantagem indevida, com o fim de

determiná-lo à prática de atos de ofício

– lícitos ou ilícitos, determinados ou


JFRJ
indeterminados -, para tipificação da Fls 1638
conduta, sob a previsão do art. 333,

caput, do CP; ocorre que, se verificada

efetiva prática de ilicitude pelo

funcionário público corrompido, em

contrapartida à vantagem indevida

ofertada ou paga, a conduta, dotada de

maior reprovabilidade, passa a atrair a

causa de aumento de pena contida no art.

333, § único, do CP, dado que, em casos

assim e conforme o fraseamento legal, o

funcionário “pratica [ato de ofício]

infringindo dever funcional”.

Saliento, quanto ao ponto, que, maxima

vênia concessa, não enxergo procedência

na alegação defensiva de que, tendo sido

o ato desvirtuado praticado pelo

corrompido, o incremento de apenação do

corruptor seria hipótese de

responsabilidade penal sem comprovação

de nexo causal (art. 13 do CP) entre o

agir ilícito e a conduta do corruptor;

de fato, se se verifica a ocorrência de

pagamentos indevidos pelo corruptor ao

corrompido, e, de outro lado, a prática

de atos, por parte do corrompido, em

violação a seus deveres funcionais, é

isto poderoso indício (art. 239 do CPP)

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de que os dois eventos estão ligados por

liame causal.

Isto porque, por um lado, atos ilícitos


JFRJ
em proveito de terceiros, da parte do Fls 1639

intraneus e em violação a seus deveres

funcionais, não costumam ocorrer sem

provocação, por mera liberalidade – até

mesmo porque ilicitudes expõe (sic) o

empregado público a responsabilização -,

sem qualquer motivação discernível; de

outro lado, pagamentos de vantagens

indevidas costumam ser motivação

suficiente ao cometimento de ilicitudes

em desrespeito aos deveres funcioanis

(sic) aplicáveis, por parte do

intraneus, tanto mais quando em

benefício do pagador das vantagens ou de

indivíduos a ele relacionados.

Ausente comprovação em sentido contrário

– que, no caso em estudo, como visto nos

itens acima, inexistiu – evidentemente

que é de se ter, como já explicado

anteriormente, pagamentos e atos em

violação aos deveres funcionais como

unidos por liame causal.

E, se é assim, é óbvio que o agir do

corruptor – ao ofertar e pagar vantagens

indevidas – foi causa (art. 13 do CP) do

atuar do corrompido, em violação a seus

deveres funcionais, pelo que o resultado

Assinado eletronicamente. Certificação digital pertencente a VITOR BARBOSA VALPUESTA.


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ilícito, que incrementa a pena da

corrupção ativa (art. 333, § único, do

CP), lhe é plenamente imputável”


JFRJ
Neste trecho, foi rechaçada a tese de que o Fls 1640

resultado incrementador da pena não poderia ser imputável

ao embargante, seja sob a negativa de imputabilidade pura

- “ausência de imputação objetiva” e “falta de domínio do

curso causal“ -, seja sob a asserção de que seriam

responsáveis apenas os corrompidos –

“autorresponsabilidade dos funcionários públicos” -;

ainda que não tenha sido mencionado o fraseamento

específico dado pelo embargante a suas alegações, é

evidente que foram apreciadas, com externação de juízo de

sua improcedência.

Não há, assim e em realidade, a omissão

articulada pelo que, no ponto, não há como se reconhecer

eiva nem necessidade de corrigenda, tal como articulado

pelo embargante.

Enfrentados todos os pontos abordados pelo

embargante em seu recurso, neste tópico, e verificada a

improcedência de seus argumentos, consequência natural

será o inacolhimento dos aclaratórios, relativamente ao

ora apreciado.

II.1.1.1.12. OBSCURIDADE – FUNDAMENTAÇÃO DA

EXPECTATIVA DE CONTRAPARTIDA – CONCLUSÃO SEM

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IDENTIFICAÇÃO DE LASTRO PROBATÓRIO – ITENS 2.2.1.2.7.2.,

2.2.1.3.7.2., 2.2.1.4.6.2., 2.2.1.5.6.2., 2.2.1.6.7.2.

2.2.1.7.7.2. E 2.2.1.9.6.2. JFRJ


Fls 1641
O embargante articulou que, na apreciação

empreendida nos itens sentenciais indicados neste tópico

recursal, o Juízo teria ressaltado que os pagamentos por

aquele realizados teriam sido presididos pela intenção de

“obtenção de favorecimentos à SBM, “como ampliação de

prazos ou incremento remuneratório”, dentre outros” (fls.

3936), mas que, tais fins teriam sido apontados pelo

Juízo de forma “exemplificativa, sem que se possa

depreender os elementos probatórios utilizados par dar

respaldo à r. fundamentação” (fls. 3939/3940); postulou

fosse o quadro aclarado.

De plano – e maxima venia concessa -, percebe-

se que não há, em verdade, qualquer obscuridade, que,

como tantas vezes já assentado neste ato decisório,

pressupõe incompreensão do ato guerreado; da argumentação

traçada, verifico que o embargante, em realidade,

discorda da apreciação judicial empreendida nos itens

sentenciais por ele apontados, já que crê que as

conclusões judiciais, acerca das motivações dos

pagamentos por ele realizados – e aferidos positivamente

pelo Juízo –, não teriam assento firme em elementos

probatórios idoneamente adunados aos autos, ao menos

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segundo o quanto restou pelo Juízo consignado, na

fundamentação sentencial.

JFRJ
Esta discordância, por evidente, pressupõe
Fls 1642
compreensão, e, conseguintemente, não há que se falar na

ocorrência do agitado vício de embargabilidade, a macular

o ato guerreado, pelo que, apenas por isso, não há como

se dar provimento ao recurso intentado.

Seja como for, examinando os itens sentenciais

de que se queixa o embargante, percebo que o lastro

probante das conclusões judiciais foi devidamente

apresentado, como passo a expor.

No item 2.2.1.2.7.2. (fls. 3554v./3562), foi

apreciada a tipicidade da conduta de JÚLIO FAERMAN, em

relação aos fatos envolvendo a contratação do FPSO

ESPADARTE/CIDADE DE ANCHIETA e tal como aferida, em

diversos aspectos, nos itens 2.2.1.2.1. (fls.

3532/3532v.) – pagamentos feitos pelo embargante a PEDRO

JOSÉ BARUSCO FILHO -, 2.2.1.2.2. (fls. 3532v./3533v.) –

pagamentos feitos pelo embargante a PAULO ROBERTO BUARQUE

CARNEIRO -, 2.2.1.2.3. (fls. 3533v./3536v.) – os

pagamentos tinham relação concreta e específica com a

contratação do FPSO ESPADARTE/CIDADE DE ANCHIETA -,

2.2.1.2.4. (fls. 3536v./3543v.) – houve um comprovado

episódio de favorecimento ao Grupo SBM, no procedimento

licitatório que precedeu a contratação, causado pelos

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pagamentos, como sua contrapartida, e provocado por

atuações funcionais distorcidas de PAULO ROBERTO BUARQUE

CARNEIRO e PEDRO JOSÉ BARUSCO FILHO -, 2.2.1.2.5. (fls. JFRJ


Fls 1643
3543v./3549v.) – os pagamentos mencionados ostentavam a

natureza de vantagens indevidas e buscavam a produção de

favorecimentos ao Grupo SBM, não se limitando a objetivar

apenas a ocorrência do comprovado episódio de

favorecimento – e 2.2.1.2.6. (fls. 3549v./3552v.) – PEDRO

JOSÉ BARUSCO FILHO e PAULO ROBERTO BUARQUE CARNEIRO eram,

ao tempo dos fatos e segundo as normas então vigentes,

funcionários públicos para fins penais.

Externou o Juízo sua convicção de que a conduta

de JÚLIO FAERMAN foi típica, sob a previsão do art. 333,

§ único, do CP; a aferição da tipicidade foi feita, como

já dito, à luz da conduta tida por comprovada, em todas

as suas circunstâncias, tal como aferido nos itens

sentenciais precedentes.

Logo se vê, portanto, que a motivação dos

pagamentos – a busca da obtenção de favorecimentos ao

Grupo SBM – foi tomada como premissa no item

2.2.1.2.7.2., em que aferida a tipicidade de sua conduta

e do qual se queixa o embargante, pois que ali se

externou apreciação jurídica incidente sobre a matéria

fática tida por comprovada pelo Juízo, após apreciada em

momento anterior.

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De outro norte, e como visto acima, os

fundamentos da convicção acerca da motivação dos

pagamentos feitos pelo embargante a PAULO ROBERTO BUARQUE JFRJ


Fls 1644
CARNEIRO e PEDRO JOSÉ BARUSCO FILHO foram expostos

detidamente no item sentencial 2.2.1.2.5. (fls.

3543v./3549v.).

Com efeito, naquele item, o Juízo entendeu que,

tendo havido episódio de favorecimento ao Grupo SBM,

relativamente à contratação do FPSO ESPADARTE/CIDADE DE

ANCHIETA, em contrapartida aos valores pagos a PEDRO JOSÉ

BARUSCO FILHO e PAULO ROBERTO BUARQUE CARNEIRO, tal como

apreciado no item 2.2.1.2.4. (fls. 3536v./3543v.), avulta

a natureza dos valores como vantagens indevidas.

Em seguida, fundamentadamente afastou teses

defensivas a respeito desta natureza dos valores pagos –

no sentido de que aqueles montantes franqueados a PAULO

ROBERTO BUARQUE CARNEIRO seriam remuneração por

determinado serviço prestado, enquanto os montantes pagos

a PEDRO JOSÉ BARUSCO FILHO seriam mera capitulação a

investidas extorsivas de sua parte -, e consignou, a

respeito do escopo de motivação dos desembolsos (fls.

3546/3546v.):

“Um outro ponto merece esclarecimento:

do que se percebe dos autos, aliado à

percepção do que comumente ocorre em

fatos desta natureza (art. 3º do CPP,

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c/c art. 375 do CPC), evidentemente, os

pagamentos feitos a PAULO ROBERTO

BUARQUE CARNEIRO não tinham como único


JFRJ
fim promover a dilação prazal Fls 1645
insuficiente para assegurar a

competitividade do certame, mas

buscavam, assim como em relação a PEDRO

JOSÉ BARUSCO FILHO, motivá-los a

genericamente favorecer o Grupo SBM, no

âmbito desta contratação, desde o

certame prévio à pactuação, perdurando

ao longo do tempo de relacionamento

contratual; não fosse assim, os

pagamentos não teriam persistido ao

longo de grande parcela da execução

contratual, que foi, além do mais,

objeto de diversos aditivos (arquivos

digitais, do tipo “PDF”, encontráveis na

pasta “(3-4) FPSO Cidade de Anchieta”,

contida na mídia encartada em fls. 41 do

Anexo III, Vol. 8, do PIC

1.30.001.000837/2014-68), inclusive com

incremento de prazo de vigência.

A motivação de distorcimento da atuação

funcional dos empregados da PETROBRÁS

não se limitava à fase licitatória; a

ilicitude neste momento foi a única

detectada como efetivamente empreendida

em favorecimento ao Grupo SBM, até o

momento em que ofertada a denúncia, e

mencionada em seu corpo (fls. 265), mas

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isto não quer dizer que os pagamentos

posteriores tenham sido desprovidos da

intenção de promoção do cogitado


JFRJ
favorecimento pela distorção do agir Fls 1646
funcional dos cooptados, como exposto no

item 2.1.1.6..

(...)

Com efeito, diversas outras

irregularidades foram detectadas pela

Controladoria-Geral da União (fls.

1383/1405); estas, se não se prestam a

comprovação de outras ocorrências de

efetivos desvios funcionais, em

contrapartida aos pagamentos – pois que,

ao contrário da dilação prazal

insuficiente (fls. 265), não foram

mencionados na denúncia (fls. 240/337) -

, sob pena de afronta ao postulado da

adstrição, bem demonstram a persistente

intenção de provocação de favorecimentos

ao grupo empresarial representado pelo

pagador, mediante distorção de atuação

funcional dos recebedores das vantagens,

ao longo da inteireza do relacionamento

contratual entre a PETROBRÁS e o Grupo

SBM, em relação ao FPSO Espadarte/Cidade

de Anchieta; a persistência da intenção,

por outro lado, foi imputada na denúncia

(fls. 255, 267/268), pelo que se presta

a ser tida por comprovada, pelo quanto

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relatado pela Controladoria-Geral da

União.

Em outras palavras: os pagamentos


JFRJ
referentes à contratação do FPSO Fls 1647

Espadarte/Cidade de Anchieta se deram

com vistas a obter favorecimento, por

meio do desvirtuamento da atuação

funcional dos recebedores, e uma

situação concreta em que isto ocorreu

foi relativamente ao procedimento

licitatório que lhe precedeu, com a

redução de seu escopo de

competitividade, o que privilegiou

indevidamente o Grupo SBM, como

multiplamente aferido acima; todos os

valores pagos a PAULO ROBERTO BUARQUE

CARNEIRO – o mesmo se podendo dizer

quanto aos valores direcioandos (sic) a

PEDRO JOSÉ BARUSCO FILHO – tiveram a

natureza, portanto, de vantagens

indevidas.”

Neste trecho, foi exposto de maneira clara em

que se alicerça a convicção do Juízo acerca da motivação

dos pagamentos feitos por JÚLIO FAERMAN a PEDRO JOSÉ

BARUSCO FILHO e PAULO ROBERTO BUARQUE CARNEIRO, de

provocação de favorecimentos diversos ao Grupo SBM, no

âmbito da contratação do FPSO ESPADARTE/CIDADE DE

ANCHIETA; pode o embargante discordar do quanto

apresentado pelo Juízo, mas isto não autoriza o manejo

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indevido, cum permissa, de aclaratórios em face de vício

embargável inexistente.

JFRJ
Não há, assim e em realidade, a obscuridade
Fls 1648
articulada pelo que, no ponto, não há como se reconhecer

eiva nem necessidade de corrigenda, tal como articulado

pelo embargante.

No item 2.2.1.3.7.2. (fls. 3586/3593v.), foi

apreciada a tipicidade da conduta de JÚLIO FAERMAN, em

relação aos fatos envolvendo a contratação do FPSO BRASIL

e tal como aferida, em diversos aspectos, nos itens

2.2.1.3.1. (fls. 3563v.) – pagamentos feitos pelo

embargante a PEDRO JOSÉ BARUSCO FILHO -, 2.2.1.3.2. (fls.

3563v./3564v.) – pagamentos feitos pelo embargante a

PAULO ROBERTO BUARQUE CARNEIRO -, 2.2.1.3.3. (fls.

3564v./3567v.) – os pagamentos tinham relação concreta e

específica com a contratação do FPSO BRASIL -, 2.2.1.3.4.

(fls. 3567v./3575) – houve um comprovado episódio de

favorecimento ao Grupo SBM, no procedimento licitatório

que precedeu a contratação, causado pelos pagamentos,

como sua contrapartida, e provocado por atuações

funcionais distorcidas de PAULO ROBERTO BUARQUE CARNEIRO

e PEDRO JOSÉ BARUSCO FILHO -, 2.2.1.3.5. (fls.

3575/3580v.) – os pagamentos mencionados ostentavam a

natureza de vantagens indevidas e buscavam a produção de

favorecimentos ao Grupo SBM, não se limitando a objetivar

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apenas a ocorrência do comprovado episódio de

favorecimento – e 2.2.1.3.6. (fls. 3580v./3583v.) – PEDRO

JOSÉ BARUSCO FILHO e PAULO ROBERTO BUARQUE CARNEIRO eram, JFRJ


Fls 1649
ao tempo dos fatos e segundo as normas então vigentes,

funcionários públicos para fins penais.

Externou o Juízo sua convicção de que a conduta

de JÚLIO FAERMAN foi típica, sob a previsão do art. 333,

§ único, do CP; a aferição da tipicidade foi feita, como

já dito, à luz da conduta tida por comprovada, em todas

as suas circunstâncias, tal como aferido nos itens

sentenciais precedentes.

Logo se vê, portanto, que a motivação dos

pagamentos – a busca da obtenção de favorecimentos ao

Grupo SBM – foi tomada como premissa no item

2.2.1.3.7.2., em que aferida a tipicidade da conduta e do

qual se queixa o embargante, pois que ali se externou

apreciação jurídica incidente sobre a matéria fática tida

por comprovada pelo Juízo, após apreciada em momento

anterior.

De outro norte, e como visto acima, os

fundamentos da convicção acerca da motivação dos

pagamentos feitos pelo embargante a PAULO ROBERTO BUARQUE

CARNEIRO e PEDRO JOSÉ BARUSCO FILHO foram expostos

detidamente no item sentencial 2.2.1.3.5. (fls.

3575/3580v.).

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Com efeito, naquele item, o Juízo entendeu que,

tendo havido episódio de favorecimento ao Grupo SBM,

relativamente à contratação do FPSO BRASIL, em JFRJ


Fls 1650
contrapartida aos valores pagos a PEDRO JOSÉ BARUSCO

FILHO e PAULO ROBERTO BUARQUE CARNEIRO, tal como

apreciado no item 2.2.1.3.4. (fls. 3567v./3575), avulta a

natureza dos valores como vantagens indevidas.

Em seguida, fundamentadamente afastou teses

defensivas a respeito desta natureza dos valores pagos –

no sentido de que aqueles montantes franqueados a PAULO

ROBERTO BUARQUE CARNEIRO seriam remuneração por

determinado serviço prestado, enquanto os montantes pagos

a PEDRO JOSÉ BARUSCO FILHO seriam mera capitulação a

investidas extorsivas de sua parte -, e consignou, a

respeito do escopo de motivação dos desembolsos (fls.

3577v./3578):

“Um outro ponto merece esclarecimento:

do que se percebe dos autos, aliado à

percepção do que comumente ocorre em

fatos desta natureza (art. 3º do CPP,

c/c art. 375 do CPC), evidentemente, os

pagamentos feitos a PAULO ROBERTO

BUARQUE CARNEIRO não tinham como único

fim promover a dilação prazal

insuficiente para assegurar a

competitividade do certame, mas

buscavam, assim como em relação a PEDRO

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JOSÉ BARUSCO FILHO, motivá-los a

genericamente favorecer o Grupo SBM, no

âmbito desta contratação, desde os


JFRJ
procedimentos prévios à pactuação, Fls 1651
perdurando ao longo do tempo de

relacionamento contratual; não fosse

assim, os pagamentos não teriam

persistido ao longo de grande parcela da

execução contratual, que foi, além do

mais, objeto de diversos aditivos

(arquivos digitais, do tipo “PDF”,

encontráveis na pasta “(5-7) FPSO

Brasil”, contida na mídia encartada em

fls. 41 do Anexo III, Vol. 8, do PIC

1.30.001.000837/2014-68), inclusive com

incremento de prazo de vigência.

A motivação de deturpação da atuação

funcional dos empregados da PETROBRÁS

não se limitava à etapa precedente à

contratação; a ilicitude neste momento

foi a única detectada como efetivamente

empreendida em favorecimento ao Grupo

SBM, até o momento em que ofertada a

denúncia, e mencionada em seu corpo

(fls. 269), mas isto não quer dizer que

os pagamentos posteriores tenham sido

desprovidos da intenção de promoção do

cogitado favorecimento pela distorção do

agir funcional dos cooptados, como

exposto no item 2.1.1.6..

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(...)

Com efeito, diversas outras

irregularidades foram detectadas pela


JFRJ
Controladoria-Geral da União (fls. Fls 1652

1406/1424); estas, se não se prestam a

comprovação de outras ocorrências de

efetivos desvios funcionais, em

contrapartida aos pagamentos – pois que,

ao contrário da dilação prazal

insuficiente (fls. 269), não foram

mencionados na denúncia (fls. 240/337) -

, sob pena de afronta ao postulado da

adstrição, bem demonstram a persistente

intenção de provocação de favorecimentos

ao grupo empresarial representado pelo

pagador, mediante deturpação de atuação

funcional dos recebedores das vantagens,

ao longo da inteireza do relacionamento

contratual entre a PETROBRÁS e o Grupo

SBM, em relação ao FPSO Brasil; a

persistência da intenção, por outro

lado, foi imputada na denúncia (fls.

255, 270/271), pelo que se presta a ser

tida por comprovada, pelo quanto

relatado pela Controladoria-Geral da

União.

Em outras palavras: os pagamentos

referentes à contratação do FPSO Brasil

se deram com vistas a obter

favorecimento, por meio da distorção da

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atuação funcional dos recebedores, e uma

situação concreta em que isto ocorreu

foi relativamente ao procedimento de


JFRJ
consulta mercadológica que lhe precedeu, Fls 1653
com a dificultação da atuação de outros

interessados, por meio da adoção de

prazo para acudimento extremamente

exíguo, o que privilegiou indevidamente

o Grupo SBM, como multiplamente aferido

acima; todos os valores pagos a PAULO

ROBERTO BUARQUE CARNEIRO tiveram a

natureza, portanto, de vantagens

indevidas, assim como no caso de PEDRO

JOSÉ BARUSCO FILHO.”

Neste trecho, foi exposto de maneira clara em

que se alicerça a convicção do Juízo acerca da motivação

dos pagamentos feitos por JÚLIO FAERMAN a PEDRO JOSÉ

BARUSCO FILHO e PAULO ROBERTO BUARQUE CARNEIRO, de

provocação de favorecimentos diversos ao Grupo SBM, no

âmbito da contratação do FPSO BRASIL; pode o embargante

discordar do quanto apresentado pelo Juízo, mas isto não

autoriza o manejo indevido, cum permissa, de aclaratórios

em face de vício embargável inexistente.

Não há, assim e em realidade, a obscuridade

articulada pelo que, no ponto, não há como se reconhecer

eiva nem necessidade de corrigenda, tal como articulado

pelo embargante.

Assinado eletronicamente. Certificação digital pertencente a VITOR BARBOSA VALPUESTA.


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No item 2.2.1.4.6.2. (fls. 3607/3613), foi

apreciada a tipicidade da conduta de JÚLIO FAERMAN, em

relação aos fatos envolvendo a contratação do FPSO MARLIM JFRJ


Fls 1654
SUL e tal como aferida, em diversos aspectos, nos itens

2.2.1.4.1. (fls. 3694v./3595v.) – pagamentos feitos pelo

embargante a PAULO ROBERTO BUARQUE CARNEIRO -, 2.2.1.4.2.

(fls. 3595v./3597) – os pagamentos tinham relação

concreta e específica com a contratação do FPSO MARLIM

SUL -, 2.2.1.4.3. (fls. 3597/3598v.) – não restou

comprovado episódio de favorecimento ao Grupo SBM, no

âmbito da contratação, que pudesse ser tido como causado

pelos pagamentos, como sua contrapartida, e provocado por

atuações funcionais distorcidas de PAULO ROBERTO BUARQUE

CARNEIRO -, 2.2.1.4.4. (fls. 3598v./3602v.) – os

pagamentos mencionados ostentavam a natureza de vantagens

indevidas e buscavam a produção de favorecimentos ao

Grupo SBM, não se limitando a objetivar apenas a

ocorrência de um específico episódio de favorecimento – e

2.2.1.4.5. (fls. 3602v./3605) – PAULO ROBERTO BUARQUE

CARNEIRO era, ao tempo dos fatos e segundo as normas

então vigentes, funcionário público para fins penais.

Externou o Juízo sua convicção de que a conduta

de JÚLIO FAERMAN foi típica, sob a previsão do art. 333

do CP; a aferição da tipicidade foi feita, como já dito,

à luz da conduta tida por comprovada, em todas as suas

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circunstâncias, tal como aferido nos itens sentenciais

precedentes.

JFRJ
Logo se vê, portanto, que a motivação dos
Fls 1655
pagamentos – a busca da obtenção de favorecimentos ao

Grupo SBM – foi tomada como premissa no item

2.2.1.4.6.2., em que aferida a tipicidade da conduta e do

qual se queixa o embargante, pois que ali se externou

apreciação jurídica incidente sobre a matéria fática tida

por comprovada pelo Juízo, após apreciada em momento

anterior.

De outro norte, e como visto acima, os

fundamentos da convicção acerca da motivação dos

pagamentos feitos pelo embargante a PAULO ROBERTO BUARQUE

CARNEIRO foram expostos detidamente no item sentencial

2.2.1.4.4. (fls. 3598v./3602v.).

Com efeito, naquele item, o Juízo entendeu que,

mesmo não tendo havido episódio de favorecimento ao Grupo

SBM, relativamente à contratação do FPSO MARLIM SUL, em

contrapartida aos valores pagos a PAULO ROBERTO BUARQUE

CARNEIRO, tal como apreciado no item 2.2.1.4.3. (fls.

3597/3598v.), avulta a natureza dos valores como

vantagens indevidas, dada a observação do comumente

ocorrente em casos desta natureza, além do quanto

transcorrido nas contratações dos FPSOs ESPADARTE/CIDADE

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DE ANCHIETA e BRASIL, em que verificados pagamentos e

correlatos episódios de favorecimentos.

JFRJ
Em seguida, fundamentadamente afastou teses
Fls 1656
defensivas a respeito desta natureza dos valores pagos –

no sentido de que aqueles montantes franqueados a PAULO

ROBERTO BUARQUE CARNEIRO seriam remuneração por

determinado serviço prestado -, e consignou, a respeito

do escopo de motivação dos desembolsos (fls.

3601/3601v.):

“Um outro ponto merece esclarecimento:

do que se percebe dos autos, aliado à

observação do que comumente ocorre em

fatos desta natureza (art. 3º do CPP,

c/c art. 375 do CPC), evidentemente, os

pagamentos feitos a PAULO ROBERTO

BUARQUE CARNEIRO não tinham como único

fim promover um único ato de

favorecimento, mas buscavam motivá-lo a

genericamente favorecer o Grupo SBM, no

âmbito desta contratação, perdurando ao

longo do tempo de relacionamento

contratual; não fosse assim, os

pagamentos não teriam persistido ao

longo de grande parcela da execução

contratual, que foi, além do mais,

objeto de diversos aditivos (arquivos

digitais, do tipo “PDF”, encontráveis na

pasta “(8-9) FPSO Marlim Sul”, contida

na mídia encartada em fls. 41 do Anexo

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III, Vol. 8, do PIC

1.30.001.000837/2014-68), inclusive com

incremento de prazo de vigência.


JFRJ
A motivação de deturpação da atuação Fls 1657

funcional do empregado da PETROBRÁS não

se limitava à fase licitatóriasendo

certo que não foram os pagamentos

posteriores desprovidos da intenção de

promoção do cogitado distorcimento, como

exposto no item 2.1.1.6..

(...)

Com efeito, diversas irregularidades

foram apontadas pela Controladoria-Geral

da União (fls. 1437/1450); estas, se não

se prestam a comprovação de outras

ocorrências de efetivos desvios

funcionais, em contrapartida aos

pagamentos – pois que, ao contrário da

alegação de imprecisão na formação da

expectativa de taxa diária de

afretamento (fls. 272), que terminou por

ser tida por incomprovada no item

2.2.1.4.3., não foram mencionados na

denúncia (fls. 240/337) -, sob pena de

afronta ao postulado da adstrição, bem

demonstram a persistente intenção de

provocação de favorecimentos ao grupo

empresarial representado pelo pagador,

mediante distorção de atuação funcional

dos recebedores das vantagens, ao longo

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da inteireza do relacionamento

contratual entre a PETROBRÁS e o Grupo

SBM, em relação ao FPSO Marlim Sul; a


JFRJ
persistência da intenção, por outro Fls 1658
lado, foi imputada na denúncia (fls.

255, 273), pelo que se presta a ser tida

por comprovada, pelo quanto relatado

pela Controladoria-Geral da União.

Em outras palavras: os pagamentos

referentes à contratação do FPSO Marlim

Sul se deram com vistas a obter

favorecimento, por meio do distorcimento

da atuação funcional do recebedor, ainda

que não tenha restado comprovada a única

situação em que a contrapartida indevida

foi imputada denuncialmente; todos os

valores pagos a PAULO ROBERTO BUARQUE

CARNEIRO tiveram a natureza, portanto,

de vantagens indevidas.”

Neste trecho, foi exposto de maneira clara em

que se alicerça a convicção do Juízo acerca da motivação

dos pagamentos feitos por JÚLIO FAERMAN a PAULO ROBERTO

BUARQUE CARNEIRO, de provocação de favorecimentos

diversos ao Grupo SBM, no âmbito da contratação do FPSO

MARLIM SUL; pode o embargante discordar do quanto

apresentado pelo Juízo, mas isto não autoriza o manejo

indevido, cum permissa, de aclaratórios em face de vício

embargável inexistente.

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Não há, assim e em realidade, a obscuridade

articulada pelo que, no ponto, não há como se reconhecer

eiva nem necessidade de corrigenda, tal como articulado JFRJ


Fls 1659
pelo embargante.

No item 2.2.1.5.6.2. (fls. 3634/3640), foi

apreciada a tipicidade da conduta de JÚLIO FAERMAN, em

relação aos fatos envolvendo a contratação do FPSO

CAPIXABA e tal como aferida, em diversos aspectos, nos

itens 2.2.1.5.1. (fls. 3614/3614v.) – pagamentos feitos

pelo embargante a PAULO ROBERTO BUARQUE CARNEIRO -,

2.2.1.5.2. (fls. 3614v./3616) – os pagamentos tinham

relação concreta e específica com a contratação do FPSO

CAPIXABA -, 2.2.1.5.3. (fls. 3616/3625) – houve um

comprovado episódio de favorecimento ao Grupo SBM, na

repactuação da avença em extrapolação aos limites legais,

no que diz com sua expressão econômica, causado pelos

pagamentos, como sua contrapartida, e provocado por

atuações funcionais distorcidas de PAULO ROBERTO BUARQUE

CARNEIRO -, 2.2.1.5.4. (fls. 3625/3629) – os pagamentos

mencionados ostentavam a natureza de vantagens indevidas

e buscavam a produção de favorecimentos ao Grupo SBM, não

se limitando a objetivar apenas a ocorrência do

comprovado episódio de favorecimento – e 2.2.1.5.5.

[identificado erroneamente como 2.2.1.5.4. novamente]

(fls. 3629/3632) – PAULO ROBERTO BUARQUE CARNEIRO era, ao

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tempo dos fatos e segundo as normas então vigentes,

funcionário público para fins penais.

JFRJ
Externou o Juízo sua convicção de que a conduta
Fls 1660
de JÚLIO FAERMAN foi típica, sob a previsão do art. 333,

§ único, do CP; a aferição da tipicidade foi feita, como

já dito, à luz da conduta tida por comprovada, em todas

as suas circunstâncias, tal como aferido nos itens

sentenciais precedentes.

Logo se vê, portanto, que a motivação dos

pagamentos – a busca da obtenção de favorecimentos ao

Grupo SBM – foi tomada como premissa no item

2.2.1.5.6.2., em que aferida a tipicidade da conduta e do

qual se queixa o embargante, pois que ali se externou

apreciação jurídica incidente sobre a matéria fática tida

por comprovada pelo Juízo, após apreciada em momento

anterior.

De outro norte, e como visto acima, os

fundamentos da convicção acerca da motivação dos

pagamentos feitos pelo embargante a PAULO ROBERTO BUARQUE

CARNEIRO foram expostos detidamente no item sentencial

2.2.1.5.4. (fls. 3625/3629).

Com efeito, naquele item, o Juízo entendeu que,

tendo havido episódio de favorecimento ao Grupo SBM,

relativamente à contratação do FPSO CAPIXABA, em

contrapartida aos valores pagos a PAULO ROBERTO BUARQUE

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CARNEIRO, tal como apreciado no item 2.2.1.5.3. (fls.

3616/3625), avulta a natureza dos valores como vantagens

indevidas. JFRJ
Fls 1661
Em seguida, fundamentadamente afastou teses

defensivas a respeito desta natureza dos valores pagos –

no sentido de que aqueles montantes franqueados a PAULO

ROBERTO BUARQUE CARNEIRO seriam remuneração por

determinado serviço prestado -, e consignou, a respeito

do escopo de motivação dos desembolsos (fls.

3627v./3628):

“Um outro ponto merece esclarecimento:

do que se percebe dos autos, aliado à

percepção do que comumente ocorre em

fatos desta natureza (art. 3º do CPP,

c/c art. 375 do CPC), evidentemente, os

pagamentos feitos a PAULO ROBERTO

BUARQUE CARNEIRO não tinham como único

fim promover um solitário episódio de

favorecimento, mas buscavam motivá-lo a

genericamente favorecer o Grupo SBM, no

âmbito desta contratação, desde os

procedimentos prévios à pactuação,

perdurando ao longo do tempo de

relacionamento contratual; não fosse

assim, os pagamentos não teriam

persistido ao longo de grande parcela da

execução contratual, que foi, além do

mais, objeto de diversos aditivos –

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dentre os quais aquele em que se deu o

favorecimento observado (arquivos

digitais, do tipo “PDF”, encontráveis na


JFRJ
pasta “(10-11) FPSO Capixaba”, contida Fls 1662
na mídia encartada em fls. 41 do Anexo

III, Vol. 8, do PIC

1.30.001.000837/2014-68) -, inclusive

com incremento de prazo de vigência.

A motivação de desvirtuamento da atuação

funcional dos empregados da PETROBRÁS

não se limitava à etapa da negociação do

aditamento; a ilicitude neste momento

foi a única detectada como efetivamente

comprovada, dentre as descritas na

denúncia (fls. 274), como examinado no

item 2.2.1.5.3., mas isto não quer dizer

que os pagamentos outros, tanto

anteriores como posteriores, tenham sido

desprovidos da intenção de promoção do

cogitado distorcimento, como exposto no

item 2.1.1.6..

(...)

Com efeito, diversas outras

irregularidades foram detectadas pela

Controladoria-Geral da União (fls.

1473/1480 e 1485/1505); estas, se não se

prestam a comprovação de outras

ocorrências de efetivos desvios

funcionais, em contrapartida aos

pagamentos – pois que, ao contrário do

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aditamento em extrapolação aos limites

legais (fls. 274), não foram mencionados

na denúncia (fls. 240/337) -, sob pena


JFRJ
de afronta ao postulado da adstrição, Fls 1663
bem demonstram a persistente intenção de

provocação de favorecimentos ao grupo

empresarial representado pelo pagador,

mediante distorcimento de atuação

funcional do recebedor das vantagens, ao

longo da inteireza do relacionamento

contratual entre a PETROBRÁS e o Grupo

SBM, em relação ao FPSO Capixaba; a

persistência da intenção, por outro

lado, foi imputada na denúncia (fls.

255, 276), pelo que se presta a ser tida

por comprovada, pelo quanto relatado

pela Controladoria-Geral da União.

Em outras palavras: os pagamentos

referentes à contratação do FPSO

Capixaba se deram com vistas a obter

favorecimento, por meio do distorcimento

da atuação funcional dos recebedores, e

uma situação concreta em que isto

ocorreu foi relativamente aos

aditamentos contratuais em extrapolação

aos limites legais, o que privilegiou

indevidamente o Grupo SBM, como

multiplamente aferido acima; todos os

valores pagos a PAULO ROBERTO BUARQUE

CARNEIRO tiveram a natureza, portanto,

de vantagens indevidas.”

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Neste trecho, foi exposto de maneira clara em

que se alicerça a convicção do Juízo acerca da motivação

dos pagamentos feitos por JÚLIO FAERMAN a PAULO ROBERTO JFRJ


Fls 1664
BUARQUE CARNEIRO, de provocação de favorecimentos

diversos ao Grupo SBM, no âmbito da contratação do FPSO

CAPIXABA; pode o embargante discordar do quanto

apresentado pelo Juízo, mas isto não autoriza o manejo

indevido, cum permissa, de aclaratórios em face de vício

embargável inexistente.

Não há, assim e em realidade, a obscuridade

articulada pelo que, no ponto, não há como se reconhecer

eiva nem necessidade de corrigenda, tal como articulado

pelo embargante.

No item 2.2.1.6.7.2. (fls. 3658v./3664v.), foi

apreciada a tipicidade da conduta de JÚLIO FAERMAN,

juntamente daquela praticada por LUÍS EDUARDO CAMPOS

BARBOSA DA SILVA, em relação aos fatos envolvendo a

contratação das monoboias da PRA-1 e tal como aferida, em

diversos aspectos, nos itens 2.2.1.6.1. (fls. 3641/3643)

– pagamentos feitos pelo embargante a PEDRO JOSÉ BARUSCO

FILHO -, 2.2.1.6.2. (fls. 3643/3645) – não foram

suficientemente comprovados pagamentos do embargante a

RENATO DE SOUZA DUQUE -, 2.2.1.6.3. (fls. 3645/3647) - os

pagamentos feitos a PEDRO JOSÉ BARUSCO FILHO tinham

relação concreta e específica com a contratação das

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monoboias da PRA-1 -, 2.2.1.6.4. (fls. 3647/3647v.) – não

restou comprovado episódio de favorecimento ao Grupo SBM,

no âmbito da contratação, que pudesse ser tido como JFRJ


Fls 1665
causado pelos pagamentos, como sua contrapartida, e

provocado por atuações funcionais distorcidas de PEDRO

JOSÉ BARUSCO FILHO -, 2.2.1.6.5. (fls. 3647v./3653) – os

pagamentos mencionados ostentavam a natureza de vantagens

indevidas e buscavam a produção de favorecimentos ao

Grupo SBM, não se limitando a objetivar apenas a

ocorrência de um específico episódio de favorecimento – e

2.2.1.6.6. (fls. 3653/3656v.) – PEDRO JOSÉ BARUSCO FILHO

era, ao tempo dos fatos e segundo as normas então

vigentes, funcionário público para fins penais.

Externou o Juízo sua convicção de que a conduta

de JÚLIO FAERMAN foi típica, sob a previsão do art. 333

do CP; a aferição da tipicidade foi feita, como já dito,

à luz da conduta tida por comprovada, em todas as suas

circunstâncias, tal como aferido nos itens sentenciais

precedentes.

Logo se vê, portanto, que a motivação dos

pagamentos – a busca da obtenção de favorecimentos ao

Grupo SBM – foi tomada como premissa no item

2.2.1.6.7.2., em que aferida a tipicidade da conduta e do

qual se queixa o embargante, pois que ali se externou

apreciação jurídica incidente sobre a matéria fática tida

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por comprovada pelo Juízo, após apreciação em momento

anterior.

JFRJ
De outro norte, e como visto acima, os
Fls 1666
fundamentos da convicção acerca da motivação dos

pagamentos feitos pelo embargante a PEDRO JOSÉ BARUSCO

FILHO foram expostos detidamente no item sentencial

2.2.1.6.5. (fls. 3647v./3653).

Com efeito, naquele item, o Juízo entendeu que,

mesmo não tendo havido episódio de favorecimento ao Grupo

SBM, relativamente à contratação das monoboias da PRA-1,

em contrapartida aos valores pagos a PEDRO JOSÉ BARUSCO

FILHO, tal como apreciado no item 2.2.1.6.4. (fls.

3647/3647v.), avulta a natureza dos valores como

vantagens indevidas, dada a observação do comumente

ocorrente em casos desta natureza, além do quanto

transcorrido nas contratações dos FPSOs ESPADARTE/CIDADE

DE ANCHIETA, BRASIL e CAPIXABA, em que verificados

pagamentos e correlatos episódios de favorecimentos.

Em seguida, fundamentadamente afastou teses

defensivas a respeito desta natureza dos valores pagos –

no sentido de que aqueles montantes franqueados a PEDRO

JOSÉ BARUSCO FILHO seriam capitulação a investidas

extorsivas deste último -, e consignou, a respeito do

escopo de motivação dos desembolsos (fls. 3652/3652v.):

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“De outro giro, importa salientar que a

intenção presidente dos pagamentos,

ainda que não tenha sido produzido um


JFRJ
episódio de favorecimento correlato, Fls 1667
era, evidentemente e como já exposto

acima, angariar “boa vontade genérica”

do recebedor, que se encontrava em

posição diretamente relacionada com a

contratação empreendida pelo grupo

empresarial comercialmente representado

pelos pagadores – tal como elucidado no

item 2.2.1.6.3. -, sendo certo que a

simpatia poderia em muito beneficiá-lo.

Com efeito, é o que se extrai da

observação do que comumente ocorre em

fatos desta natureza (art. 3º do CPP,

c/c art. 375 do CPC); evidentemente, os

pagamentos feitos a PEDRO JOSÉ BARUSCO

FILHO não tinham como único fim produzir

um ú8nico ato de favorecimento, mas

buscavam motivá-lo a genericamente

favorecer o Grupo SBM, no âmbito desta

contratação, desde o certame prévio à

pactuação, perdurando ao longo do tempo

de relacionamento contratual; não fosse

assim, os pagamentos não teriam

persistido ao longo de grande parcela da

execução contratual, que foi, além do

mais, objeto de diversos aditivos (

arquivos “Aditivo 1.pdf”, “Aditivo

2.pdf”, “Aditivo 3.pdf”, “Aditivo

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4.pdf”, “Aditivo 5.pdf”, “Aditivo

6.pdf”, “Aditivo 7 e ITPTEJ nº 1.pdf”,

“Aditivo 8.pdf”, “Aditivo 9 e ITPTEJ nº


JFRJ
2.pdf”, todos contidos na pasta “(14) Fls 1668
0801.0020263.06.2”, encontradiços na

mídia encartada em fls. 41 do Anexo III,

Vol. 8, do PIC 1.30.001.000837/2014-68),

todos firmados entre 2006 e 2010,

enquanto os pagamentos se deram entre

2008 e 2009.

Em outras palavras: os pagamentos

referentes à contratação das monoboias

da PRA-1 se deram com vistas a obter

favorecimentos, por meio da distorção da

atuação funcional do recebedor, ainda

que não tenha restado comprovada

contrapartida, com efetiva violação de

dever funcional; todos os valores pagos

a PEDRO JOSÉ BARUSCO FILHO tiveram a

natureza, portanto, de vantagens

indevidas.”

Neste trecho, foi exposto de maneira clara em

que se alicerça a convicção do Juízo acerca da motivação

dos pagamentos feitos por JÚLIO FAERMAN a PEDRO JOSÉ

BARUSCO FILHO, de provocação de favorecimentos diversos

ao Grupo SBM, no âmbito da contratação das monoboias da

PRA-1; pode o embargante discordar do quanto apresentado

pelo Juízo, mas isto não autoriza o manejo indevido, cum

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permissa, de aclaratórios em face de vício embargável

inexistente.

JFRJ
Não há, assim e em realidade, a obscuridade
Fls 1669
articulada pelo que, no ponto, não há como se reconhecer

eiva nem necessidade de corrigenda, tal como articulado

pelo embargante.

No item 2.2.1.7.7.2. (fls. 3685/3692), foi

apreciada a tipicidade da conduta de JÚLIO FAERMAN,

juntamente com a de LUÍS EDUARDO CAMPOS BARBOSA DA SILVA

e em relação aos fatos envolvendo a contratação do Turret

da P-53 e tal como aferida, em diversos aspectos, nos

itens 2.2.1.7.1. (fls. 3665v./3667v.) – pagamentos feitos

pelo embargante a PEDRO JOSÉ BARUSCO FILHO -, 2.2.1.7.2.

(fls. 3667v./3668v.) – não restaram suficientemente

comprovados pagamentos do embargante a RENATO DE SOUZA

DUQUE -, 2.2.1.7.3. (fls. 3668v./3670v.) - os pagamentos

tinham relação concreta e específica com a contratação do

Turret da P-53 -, 2.2.1.7.4. (fls. 3671/3674v.) – houve

um comprovado episódio de favorecimento ao Grupo SBM, no

procedimento licitatório que precedeu a pactuação, com

fornecimento indevido de informações sobre propostas dos

concorrentes, causado pelos pagamentos, como sua

contrapartida, e provocado por atuações funcionais

distorcidas de PEDRO JOSÉ BARUSCO FILHO -, 2.2.1.7.5.

(fls. 3674v./3679v.) – os pagamentos mencionados

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ostentavam a natureza de vantagens indevidas e buscavam a

produção de favorecimentos ao Grupo SBM, não se limitando

a objetivar apenas a ocorrência do comprovado episódio de JFRJ


Fls 1670
favorecimento – e 2.2.1.7.6. (fls. 3679v./3683) – PEDRO

JOSÉ BARUSCO FILHO era, ao tempo dos fatos e segundo as

normas então vigentes, funcionário público para fins

penais.

Externou o Juízo sua convicção de que a conduta

de JÚLIO FAERMAN foi típica, sob a previsão do art. 333,

§ único, do CP; a aferição da tipicidade foi feita, como

já dito, à luz da conduta tida por comprovada, em todas

as suas circunstâncias, tal como aferido nos itens

sentenciais precedentes.

Logo se vê, portanto, que a motivação dos

pagamentos – a busca da obtenção de favorecimentos ao

Grupo SBM – foi tomada como premissa no item

2.2.1.7.7.2., em que aferida a tipicidade da conduta e do

qual se queixa o embargante, pois que ali se externou

apreciação jurídica incidente sobre a matéria fática tida

por comprovada pelo Juízo, após apreciada em momento

anterior.

De outro norte, e como visto acima, os

fundamentos da convicção acerca da motivação dos

pagamentos feitos pelo embargante a PEDRO JOSÉ BARUSCO

Assinado eletronicamente. Certificação digital pertencente a VITOR BARBOSA VALPUESTA.


Documento No: 70192868-297-0-1434-448-569796 - consulta à autenticidade do documento através do site http://www.jfrj.jus.br/autenticidade
FILHO foram expostos detidamente no item sentencial

2.2.1.7.5. (fls. 3674v./3679v.).

JFRJ
Com efeito, naquele item, o Juízo entendeu que,
Fls 1671
tendo havido episódio de favorecimento ao Grupo SBM,

relativamente à contratação do Turret da P-53, em

contrapartida aos valores pagos a PEDRO JOSÉ BARUSCO

FILHO, tal como apreciado no item 2.2.1.7.4. (fls.

3671/3674v.), avulta a natureza dos valores como

vantagens indevidas.

Em seguida, fundamentadamente afastou teses

defensivas a respeito desta natureza dos valores pagos –

no sentido de que aqueles montantes franqueados a PEDRO

JOSÉ BARUSCO FILHO seriam mera capitulação a investidas

extorsivas deste último -, e consignou, a respeito do

escopo de motivação dos desembolsos (fls. 3678v./3679):

“De outro giro, importa salientar que a

intenção presidente dos pagamentos,

ainda que detectado apenas um comprovado

evento de favorecimento – no curso do

processo e seleção do contratante –era,

evidentemente e como já exposto acima,

angariar “boa vontade genérica” do

recebedor, de maneira a serem produzidos

outros episódios de favorecimento; é

certo ainda que o recebedor se

encontrava em posiçãodiretamente

relacionada com a contratação

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empreendida pelo grupo empresarial

comercialmente representado pelos

pagadores – tal como elucidado no item


JFRJ
2.2.1.6.3. -, de forma que sua simpatia Fls 1672
poderia em muito beneficiá-lo.

Com efeito, é isto que se extrai da

observação do que comumente ocorre em

fatos desta natureza (art. 3º do CPP,

c/c art. 375 do CPC); evidentemente, os

pagamentos feitos a PEDRO JOSÉ BARUSCO

FILHO não tinham como único fim promover

um único episódio de favorecimento, mas

buscavam motivá-lo genericamente a

favorecer o Grupo SBM, no âmbito desta

contratação, desde o certame prévio à

pactuação, perdurando ao longo do tempo

de relacionamento contratual; não fosse

assim, os pagamentos não teriam

persistido ao longo de grande parcela da

execução contratual, que foi, além do

mais, objeto de diversos aditivos –

aditivo 1 (arquivo “Amendment 1 – SBM-

I.pdf”, contido, por sua vez, em arquivo

de compressão “Aditivo 1.zip”,

encontrado na mídia de fls. 262 do Anexo

III, Vo. 08, do PIC

1.30.001.000837/2014-68), aditivo 2

(arquivo “Amendment 3 – SBM-I.pdf”,

contido, por sua vez, em arquivo de

compressão “Aditivos 2 e 3.zip”,

encontrado na mídia de fls. 262 do Anexo

Assinado eletronicamente. Certificação digital pertencente a VITOR BARBOSA VALPUESTA.


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III, Vo. 08, do PIC

1.30.001.000837/2014-68), aditivo 3

(arquivo “Amendment 3 – SBM-I.pdf”,


JFRJ
contido, por sua vez, em arquivo de Fls 1673
compressão “Aditivos 2 e 3.zip”,

encontrado na mídia de fls. 262 do Anexo

III, Vol. 08, do PIC

1.30.001.000837/2014-68) e aditivo 4

(arquivo “Amendment 4 – SBM-I.pdf”,

contido, por sua vez, em arquivo de

compressão “Aditivo 4 – Parte 1.zip”,

encontrado na mídia de fls. 262 do Anexo

III, Vo. 08, do PIC

1.30.001.000837/2014-68), todos firmados

entre 2006 e 2007, enquanto os

pagamentos se deram entre 2006 e 2011.

Em outras palavras: os pagamentos

referentes à contratação do turret da P-

43 se deram com vistas a obter

favorecimento, por meio da distorção da

atuação funcional do recebedor , ainda

que tenha restado comprovada

contrapartida em uma única ocasião, com

efetiva violação de dever funcional;

todos os valores pagos a PEDRO JOSÉ

BARUSCO FILHO tiveram a natureza,

portanto, de vantagens indevidas.”

Neste trecho, foi exposto de maneira clara em

que se alicerça a convicção do Juízo acerca da motivação

dos pagamentos feitos por JÚLIO FAERMAN a PEDRO JOSÉ

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BARUSCO FILHO, de provocação de favorecimentos diversos

ao Grupo SBM, no âmbito da contratação do Turret da P-53;

pode o embargante discordar do quanto apresentado pelo JFRJ


Fls 1674
Juízo, mas isto não autoriza o manejo indevido, cum

permissa, de aclaratórios em face de vício embargável

inexistente.

Não há, assim e em realidade, a obscuridade

articulada pelo que, no ponto, não há como se reconhecer

eiva nem necessidade de corrigenda, tal como articulado

pelo embargante.

No item 2.2.1.8.6.2. (fls. 3707v./3714), foi

apreciada a tipicidade da conduta de JÚLIO FAERMAN,

juntamente daquela praticada por LUÍS EDUARDO CAMPOS

BARBOSA DA SILVA, em relação aos fatos envolvendo a

contratação da construção, aquisição e operação do FPSO

P-57 e tal como aferida, em diversos aspectos, nos itens

2.2.1.8.1. (fls. 3693/3694v.) – pagamentos feitos pelo

embargante a PEDRO JOSÉ BARUSCO FILHO -, 2.2.1.8.2. (fls.

3694v./3696v.) – os pagamentos tinham relação concreta e

específica com a contratação da construção, aquisição e

operação do FPSO P-57 -, 2.2.1.8.3. (fls. 3696v./3697) –

não restou comprovado episódio de favorecimento ao Grupo

SBM, no âmbito da contratação, que pudesse ser tido como

causado pelos pagamentos, como sua contrapartida, e

provocado por atuações funcionais distorcidas de PEDRO

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JOSÉ BARUSCO FILHO -, 2.2.1.8.4. (fls. 3697/3702v.) – os

pagamentos mencionados ostentavam a natureza de vantagens

indevidas e buscavam a produção de favorecimentos ao JFRJ


Fls 1675
Grupo SBM, não se limitando a objetivar apenas a

ocorrência de um específico episódio que tal – e

2.2.1.8.5. (fls. 3702v./3706) – PEDRO JOSÉ BARUSCO FILHO

era, ao tempo dos fatos e segundo as normas então

vigentes, funcionário público para fins penais.

Externou o Juízo sua convicção de que a conduta

de JÚLIO FAERMAN foi típica, sob a previsão do art. 333

do CP; a aferição da tipicidade foi feita, como já dito,

à luz da conduta tida por comprovada, em todas as suas

circunstâncias, tal como aferido nos itens sentenciais

precedentes.

Logo se vê, portanto, que a motivação dos

pagamentos – a busca da obtenção de favorecimentos ao

Grupo SBM – foi tomada como premissa no item

2.2.1.8.6.2., em que aferida a tipicidade da conduta e do

qual se queixa o embargante, pois que ali se externou

apreciação jurídica incidente sobre a matéria fática tida

por comprovada pelo Juízo, após apreciação em momento

anterior.

De outro norte, e como visto acima, os

fundamentos da convicção acerca da motivação dos

pagamentos feitos pelo embargante a PEDRO JOSÉ BARUSCO

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FILHO foram expostos detidamente no item sentencial

2.2.1.8.4. (fls. 3697/3702v.).

JFRJ
Com efeito, naquele item, o Juízo entendeu que,
Fls 1676
mesmo não tendo havido episódio de favorecimento ao Grupo

SBM, relativamente à contratação da construção, aquisição

e operação do FPSO P-57, em contrapartida aos valores

pagos a PEDRO JOSÉ BARUSCO FILHO, tal como apreciado no

item 2.2.1.8.3. (fls. 3696v./3697), avulta a natureza dos

valores como vantagens indevidas, dada a observação do

comumente ocorrente em casos desta natureza, além do

quanto transcorrido nas contratações dos FPSOs

ESPADARTE/CIDADE DE ANCHIETA, BRASIL e CAPIXABA, além do

Turret da P-53, em que verificados pagamentos e

correlatos episódios de favorecimentos.

Em seguida, fundamentadamente afastou teses

defensivas a respeito desta natureza dos valores pagos –

no sentido de que aqueles montantes franqueados a PEDRO

JOSÉ BARUSCO FILHO seriam capitulação a investidas

extorsivas deste último -, e consignou, a respeito do

escopo de motivação dos desembolsos (fls. 3701v./3702):

“De outro giro, importa salientar que a

intenção presidente dos pagamentos,

ainda que não tenha sido produzido um

episódio de favorecimento correlato,

era, evidentemente e como já exposto

acima, angariar “boa vontade genérica”

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do recebedor, que se encontrava em

posição diretamente relacionada com a

contratação empreendida pelo grupo


JFRJ
empresarial comercialmente representado Fls 1677
pelos pagadores – tal como elucidado no

item 2.2.1.8.2. -, sendo certo que a

simpatia poderia em muito beneficiá-lo.

Com efeito, é o que se extrai da

observação do que comumente ocorre em

fatos desta natureza (art. 3º do CPP,

c/c art. 375 do CPC); evidentemente, os

pagamentos feitos a PEDRO JOSÉ BARUSCO

FILHO não tinham como único fim produzir

um ú8nico ato de favorecimento, mas

buscavam motivá-lo a genericamente

favorecer o Grupo SBM, no âmbito desta

contratação, desde o certame prévio à

pactuação, perdurando ao longo do tempo

de relacionamento contratual; não fosse

assim, os pagamentos não teriam

persistido ao longo de grande parcela da

execução contratual, que foi, além do

mais, objeto de aditivos.

Em outras palavras: os pagamentos

referentes à contratação da construção,

aquisição e operação do FPSO P-57 se

deram com vistas a obter favorecimentos,

por meio da distorção da atuação

funcional do recebedor, ainda que não

tenha restado comprovada contrapartida,

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com efetiva violação de dever funcional;

todos os valores pagos a PEDRO JOSÉ

BARUSCO FILHO tiveram a natureza,


JFRJ
portanto, de vantagens indevidas.” Fls 1678

Neste trecho, foi exposto de maneira clara em

que se alicerça a convicção do Juízo acerca da motivação

dos pagamentos feitos por JÚLIO FAERMAN a PEDRO JOSÉ

BARUSCO FILHO, de provocação de favorecimentos diversos

ao Grupo SBM, no âmbito da contratação das monoboias da

PRA-1; pode o embargante discordar do quanto apresentado

pelo Juízo, mas isto não autoriza o manejo indevido, cum

permissa, de aclaratórios em face de vício embargável

inexistente.

Não há, assim e em realidade, a obscuridade

articulada pelo que, no ponto, não há como se reconhecer

eiva nem necessidade de corrigenda, tal como articulado

pelo embargante.

Analisados todos os pontos abordados pelo

embargante em seu recurso, neste tópico, e verificada a

improcedência de seus argumentos, consequência natural

será o inacolhimento dos aclaratórios, relativamente ao

ora apreciado.

II.1.1.1.1.13. OBSCURIDADE – RETROATIVIDADE DE

ESCALA PENAL EM CAUSA DE AUMENTO DE PENA – ATOS DE OFÍCIO

PRATICADOS ANTES DE ALTERAÇÃO DA ESCALA PENAL – ITENS

2.2.1.2.7.2. E 2.2.1.3.7.2.

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Argumentou o embargante que teria, nos itens

sentenciais em questão, sido julgado que “pagamentos

efetuados ao longo do tempo, ao invés de serem pós-fatos JFRJ


Fls 1679
impuníveis, caracterizariam novos atos executórios” (fls.

3940), pelo que teria entendido o Juízo a infração de

corrupção, em cada contratação, como tendo “se protraído

no tempo, situação que permitiria atribuir-lhes escala

penal aumentada, fruto de alteração legislativa ocorrida

nesse ínterim” (fls. 3940), sendo ainda certo que teria

sido reconhecida “incidência da majorante típica, fruto

de supostas violações a atos de ofício pelos funcionários

remunerados pelo EMBARGANTE” (fls. 3941).

Entretanto, a seu aviso, “os eventos apontados

como causadores da majorante aconteceram muito antes da

alteração legislativa, na ocasião dos certames” (fls.

3942), pelo que teria ocorrido “agravamento da escala

penal mais grave, aparentemente, em hipótese vedada de

retroatividade legal, assunto sobre o qual não se

identificou referência no bojo da r. sentença” (fls.

3942), situação na qual postulou fosse o alegado vício

sanado.

Maxima venia concessa aos Brilhantes Patronos

do embargante, percebo que o vício apontado, em

realidade, inexiste.

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Isto porque – necessário se faz repetir – a

obscuridade pressupõe incompreensão da parte, acerca do

teor do ato guerreado, o que não ocorre em caso de mera JFRJ


Fls 1680
discordância, a qual pressupõe, por imposição lógica

insuperável, conhecimento do objeto do dissenso.

Ao analisar o tópico recursal em tela,

verifica-se que o embargante discorda do critério

jurídico empregado no julgamento sentencial que lhe

afetou, o que se depreende, se por mais nada, pelo seu

próprio fraseamento, empregado em suas razões recursais,

pois que ali contida afirmação de que (fls. 3941) teria

sido chancelada “hipótese vedada de retroatividade

legal”, ou, em outras palavras, teria o Juízo incorrido

em antijuridicidade.

Isto, por si, conduz ao inacolhimento da

pretensão recursal, uma vez que inexistente o vício de

embargabilidade agitado; seja como for, analisando os

tópicos em questão, verifico que nada houve de obscuro,

ou mesmo de violação ao postulado da irretroatividade da

novatio legis in pejus; vejamos.

No item 2.2.1.2.7.2. (fls. 3554v./3562v.), foi

aferida a tipicidade do agir de JÚLIO FAERMAN, tal como

apreciado faticamente nos itens sentenciais precedentes,

relativamente à contratação do FPSO ESPADARTE/CIDADE DE

ANCHIETA.

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Ali, o Juízo – tomando, portanto, como premissa

o quanto aferido em matéria fática nas etapas sentenciais

anteriores – entendeu que os diversos pagamentos feitos JFRJ


Fls 1681
pelo embargante a PAULO ROBERTO BUARQUE CARNEIRO e PEDRO

JOSÉ BARUSCO FILHO caracterizavam, também, ofertas de

manutenção do esquema de franqueamento de vantagens

indevidas aos empregados públicos, em troca de

favorecimentos ao Grupo SBM, por ele comercialmente

representado; os favorecimentos buscados, portanto,

extrapolavam aquele episódio que, no procedimento

licitatório prévio à pactuação, comprovadamente ocorreu,

em que os corrompidos violaram seus deveres funcionais e

favoreceram o Grupo SBM, tal como aferido no item

2.2.1.2.4. (fls. 3536v./3543v.); entendeu-se ainda por

praticadas duas infrações, em concurso formal (art. 70 do

CP), uma em relação a cada empregado público corrompido.

Neste passo, considerou que os pagamentos

caracterizavam simultâneas ofertas de manutenção do

esquema, e, pois, de futuras vantagens em troca de

favorecimentos, por meio de atuação funcional deturpada

dos percipientes; assim, a totalidade dos pagamentos,

relativamente a uma dada contratação e a um dado

funcionário corrompido, apesar de poder caracterizar

múltiplas infrações penais autônomas, foi tida por

distintos atos executórios de uma mesma infração penal

única.

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Rechaçou, de forma clara, por conseguinte, a

tese defensiva de que os pagamentos, após a firmatura das

contratações, teriam sido atos impuníveis. JFRJ


Fls 1682
E, sendo única a infração, praticada por meio

de conduta decomponível em múltiplos atos executórios –

plurissubsistente, portanto -, sua consumação perdurou ao

longo do período em que feitos os sobreditos pagamentos,

cessando a conduta quando cessados estes.

Como consequência disto, eventual alteração

legal, sobrevindo no curso da prática delitiva, incide

sobre a conduta, então ainda sendo praticada, sem

qualquer arranhão ao postulado da irretroatividade da Lex

gravior (art. 5º, XL, da CR/88); quanto a isto,

desimportante o momento em que verificada a contrapartida

ilícita do corrompido, pois tido o fato como uma unidade

delitual incindível, a incluir a inteireza dos pagamentos

e a retribuição do intraneus, com duração tal que

permitiu a incidência da alteração legislativa.

A respeito do ponto, especificamente, foi

consignado (fls. 3557v.):

“Por conseguinte, segundo penso, se o

delito de corrupção ativa (art. 333 do

CP) – para o que interessa por ora,

tendo em vista que em apreciação

tipificação da conduta de JÚLIO FAERMAN

–, se poderia ter por consumado quando

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do momento inicial da oferta de

vantagens aos corrompidos PEDRO JOSÉ

BARUSCO FILHO e PAULO ROBERTO BUARQUE


JFRJ
CARNEIRO, e se os demais implementos Fls 1683
poderiam ser tidos como novas ofertas de

vantagens indevidas, motivados pelo

especial fim de agir – obtenção de

favorecimento ao Grupo SBM -,

preenchendo, assim, cada um, todos os

elementos do tipo em causa, tenho para

mim que os diversos atos de oferta e

pagamento de valores não devem ser tidos

como distintas infrações, mas como

revisitações, reforços da prática

anterior, novos atos executivos de uma

única infração.

Deve-se ter o conjunto dos atos como um

só delito; entender de forma diversa

implicaria na consideração de cada

oferta e pagamento como infração

autônoma, o que, dada a unidade de

intenção e de lesão ao bem jurídico

tutelado, representaria, a meu sentir,

compreensão irrazoável do tipo penal em

questão, com correlata apenação

excessiva do réu.

A respeito, cumpre salientar que, sob

os prismas ontológico e de afetação do

bem jurídico, nada separa a conduta

daquele que oferece e paga vantagens

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indevidas a agentes públicos em razão de

suas funções e em troca de

favorecimentos ilícitos, de forma


JFRJ
parcelada e ao longo de determinado Fls 1684
período, daquele que o faz de uma vez

só, em relação a um mesmo determinado

ato ou conjunto de atos mercanciados, de

modo que, também em função de reclamos

de isonomia (art. 5º da CR/88) e

razoabilidade – substantive due process

of law (art. 5º, LIV, da CR/88) -, o

tratamento deve ser idêntico em ambas as

situações, no sentido da consideração de

uma única infração penal como ocorrida.

De outro giro, cabe salientar que os

atos de execução delitual foram

praticados entre 1999 e 2012; assim,

ainda que iniciada a execução antes do

advento da Lei 10763/03 – que deu nova

redação ao dispositivo -, seus diversos

atos de execução perduraram até momento

bem posterior, pelo que a inovação legal

é aplicável à infração una, sem qualquer

arranhão ao postulado da

irretroatividade da novatio legis in

pejus (art. 5º, XL, da CR/88).

Ainda com relação à plurissubsistência

identificada, ainda que tenham sido

muitos os atos de oferta e pagamento de

vantagens indevidas, ao longo do período

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examinado, apenas um foi o ato de

ofício, com infringência de deveres

funcionais identificado da parte dos


JFRJ
corrompidos PEDRO JOSÉ BARUSCO FILHO e Fls 1685
PAULO ROBERTO BUARQUE CARNEIRO, como

consequência; isto, contudo, não altera

a circunstância de que, em relação ao

macrofato, atinente a todos os atos de

oferta e pagamento relativos à

contratação do FPSO Espadarte/Cidade de

Anchieta – tido por uno -, foi

identificada uma efetiva ocorrência de

contrapartida ilícita, pelos recebedores

das vantagens indevidas, o que já o

suficiente para atrair a incidência da

norma do art. 333, § único, do CP.”

De mais a mais, aquilo de que se queixa o

embargante – a incidência da majorante (art. 333, §

único, do CP), derivada da verificação de contrapartida

ilícita do corrompido às vantagens indevidas ofertadas e

pagas – não foi objeto de alteração legal.

Isto porque a alteração trazida pela Lei

10763/03 não alterou a fração de incremento de pena, mas

apenas o preceito secundário pertinente à conduta

descrita no caput do art. 333 do CP; a fração de

incremento, quando verificada a contrapartida ilícita

(art. 333, § único, do CP), restou inalterada, em um

terço.

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Assim, cum permissa, o vício de que se queixa o

embargante não existe, como visto, da mesma forma como a

suposta retroatividade vedada articulada, pelo que, JFRJ


Fls 1686
quanto ao ponto, não merecerão acolhimento os embargos

manejados.

Já no item 2.2.1.3.7.2. (fls. 3586/3593v.), foi

aferida a tipicidade do agir de JÚLIO FAERMAN, tal como

apreciado faticamente nos itens sentenciais precedentes,

relativamente à contratação do FPSO BRASIL.

Ali, o Juízo – tomando, portanto, como premissa

o quanto aferido em matéria fática nas etapas sentenciais

anteriores – entendeu que os diversos pagamentos feitos

pelo embargante a PAULO ROBERTO BUARQUE CARNEIRO e PEDRO

JOSÉ BARUSCO FILHO caracterizavam, também, ofertas de

manutenção do esquema de franqueamento de vantagens

indevidas aos empregados públicos, em troca de

favorecimentos ao Grupo SBM, por ele comercialmente

representado; os favorecimentos buscados, portanto,

extrapolavam aquele episódio que, no procedimento de

ausculta mercadológica, prévio à pactuação,

comprovadamente ocorreu, em que os corrompidos violaram

seus deveres funcionais e favoreceram o Grupo SBM, tal

como aferido no item 2.2.1.3.4. (fls. 3567v./3575);

entendeu-se ainda por praticadas duas infrações, em

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concurso formal (art. 70 do CP), uma em relação a cada

empregado público corrompido.

JFRJ
Neste passo, considerou o Juízo que os
Fls 1687
pagamentos caracterizavam simultâneas ofertas de

manutenção do esquema, e, pois, de futuras vantagens em

troca de favorecimentos, por meio de atuação funcional

deturpada dos percipientes dos valores; assim, a

totalidade dos pagamentos, relativamente a uma dada

contratação e a um dado funcionário corrompido, apesar de

poder caracterizar múltiplas infrações penais autônomas,

foi tida por distintos atos executórios de uma mesma

infração penal única.

Rechaçou-se, de forma clara, por conseguinte, a

tese defensiva de que os pagamentos, após a firmatura das

contratações, teriam sido atos impuníveis.

E, sendo única a infração, praticada por meio

de conduta decomponível em múltiplos atos executórios –

plurissubsistente, portanto -, sua consumação perdurou ao

longo do período em que feitos os sobreditos pagamentos,

cessando a conduta apenas quando cessados estes.

Como consequência disto, eventual alteração

legal, sobrevindo no curso da prática delitiva, incide

sobre a conduta, então ainda sendo praticada, sem

qualquer arranhão ao postulado da irretroatividade da Lex

gravior (art. 5º, XL, da CR/88); quanto a isto,

Assinado eletronicamente. Certificação digital pertencente a VITOR BARBOSA VALPUESTA.


Documento No: 70192868-297-0-1434-448-569796 - consulta à autenticidade do documento através do site http://www.jfrj.jus.br/autenticidade
desimportante o momento em que verificada a contrapartida

ilícita do corrompido, pois tido o fato como uma unidade

delitual incindível, a incluir a inteireza dos pagamentos JFRJ


Fls 1688
e a retribuição do intraneus, com duração tal que

permitiu a incidência da alteração legislativa.

A respeito do ponto, especificamente, foi

consignado (fls. 3588v.):

“Por conseguinte, segundo penso, se o

delito de corrupção ativa (art. 333 do

CP) – para o que interessa por ora,

tendo em vista que em apreciação

tipificação da conduta de JÚLIO FAERMAN

–, se poderia ter por consumado quando

do momento inicial da oferta de

vantagens aos corrompidos PEDRO JOSÉ

BARUSCO FILHO e PAULO ROBERTO BUARQUE

CARNEIRO, e se os demais implementos

poderiam ser tidos como novas ofertas de

vantagens indevidas, motivados pelo

especial fim de agir – obtenção de

favorecimento ao Grupo SBM -,

preenchendo, assim, cada um, todos os

elementos do tipo em causa, tenho para

mim que os diversos atos de oferta e

pagamento de valores não devem ser tidos

como distintas infrações, mas como

revisitações, reforços da prática

anterior, novos atos executivos de uma

única infração.

Assinado eletronicamente. Certificação digital pertencente a VITOR BARBOSA VALPUESTA.


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Deve-se ter o conjunto dos atos como um

só delito; entender de forma diversa

implicaria na consideração de cada


JFRJ
oferta e pagamento como infração Fls 1689
autônoma, o que, dada a unidade de

intenção e de lesão ao bem jurídico

tutelado, representaria, a meu sentir,

compreensão irrazoável do tipo penal em

questão, com correlata apenação

excessiva do réu.

A respeito, cumpre salientar que, sob

os prismas ontológico e de afetação do

bem jurídico, nada separa a conduta

daquele que oferece e paga vantagens

indevidas a agentes públicos em razão de

suas funções e em troca de

favorecimentos ilícitos, de forma

parcelada, ao longo de determinado

período, daquele que o faz de uma vez

só, em relação a um mesmo determinado

ato ou conjunto de atos mercanciados, de

modo que, também em função de reclamos

de isonomia (art. 5º da CR/88) e

razoabilidade – substantive due process

of law (art. 5º, LIV, da CR/88) -, o

tratamento deve ser idêntico em ambas as

situações, no sentido da consideração de

uma única infração penal como ocorrida.

De outro giro, cabe salientar que os

atos de execução delitual foram

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praticados entre 2001 e 2012; assim,

ainda que iniciada a execução antes do

advento da Lei 10763/03 – que deu nova


JFRJ
redação ao dispositivo -, seus diversos Fls 1690
atos de execução perduraram até momento

bem posterior, pelo que a inovação legal

é aplicável à infração una, sem qualquer

arranhão ao postulado da

irretroatividade da novatio legis in

pejus (art. 5º, XL, da CR/88).

Ainda com relação à plurissubsistência

identificada, ainda que tenham sido

muitos os atos de oferta e pagamento de

vantagens indevidas, ao longo do período

examinado, apenas um foi o ato de

ofício, com infringência de deveres

funcionais identificado da parte dos

corrompidos PEDRO JOSÉ BARUSCO FILHO e

PAULO ROBERTO BUARQUE CARNEIRO, como

consequência; isto, contudo, não altera

a circunstância de que, em relação ao

macrofato, atinente a todos os atos de

oferta e pagamento relativos à

contratação do FPSO Brasil – tido por

uno -, foi identificada uma efetiva

ocorrência de contrapartida ilícita,

pelos recebedores das vantagens

indevidas, o que já o suficiente para

atrair a incidência da norma do art.

333, § única (sic), do CP.”

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De mais a mais, aquilo de que se queixa o

embargante – a incidência da majorante (art. 333, §

único, do CP), derivada da verificação de contrapartida JFRJ


Fls 1691
ilícita do corrompido às vantagens indevidas ofertadas e

pagas – não foi objeto de alteração legal.

Isto porque a alteração trazida pela Lei

10763/03 não alterou a fração de incremento de pena, mas

apenas o preceito secundário pertinente à conduta

descrita no caput do art. 333 do CP; a fração de

incremento, quando verificada a contrapartida ilícita

(art. 333, § único, do CP), restou inalterada em um

terço.

Assim, cum permissa, o vício de que se queixa o

embargante não existe, como visto, da mesma forma como a

suposta retroatividade vedada por ele arguida.

Analisados todos os pontos abordados pelo

embargante em seu recurso, neste tópico, e verificada a

improcedência de seus argumentos, consequência natural

será o inacolhimento dos aclaratórios, relativamente ao

tema ora apreciado.

II.1.1.1.1.14. CONTRADIÇÃO – NATUREZA JURÍDICA

DOS PAGAMENTOS EM ATENÇÃO À FIXAÇÃO DA PENA-BASE – MENÇÃO

DO EXAURIMENTO COMO CARACTERIZAÇÃO DO VETOR

“CONSEQUÊNCIAS” – ITENS 2.2.1.2.8., 2.2.1.3.8.,

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2.2.1.4.8., 2.2.1.5.7., 2.2.1.7.8., 2.2.1.6.8.,

2.2.1.8.7. E 2.2.1.9.7.

JFRJ
Articulou o embargante que teria sido valorado
Fls 1692
em seu desfavor, nos itens em questão, o vetor

“consequências”, na primeira fase dos processos

dosimétricos, quanto aos delitos de corrupção ativa tidos

por ocorrentes, o que teria sido empreendido pelo Juízo

sob fundamentação de que os pagamentos aos corrompidos

teriam materializado seu exaurimento; entretanto, o

Juízo, simultaneamente, teria considerado os pagamentos

atos executórios do delito em comento, o que se

afiguraria contraditório, pelo que postulou a sanação do

alegado vício.

De início – e com a devida venia pela

constante, mas necessária repetição -, é sabido que a

contradição embargável é apenas aquela que não permite a

adequada compreensão do ato guerreado, como, por exemplo,

quando a fundamentação atesta que teriam sido comprovadas

materialidade e autoria da infração penal imputada, mas o

dispositivo absolve o réu, com fundamento em negativa de

autoria, ou, alternativa e ainda exemplificativamente, se

um trecho de fundamentação assevera que teria restado

comprovada a materialidade da infração, e, em seguida,

diz o Juízo que a autoria não seria apreciada, por falta

de comprovação da materialidade delitual.

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Há, assim e nas hipóteses ilustrativas

cogitadas, contradição entre dois trechos sentenciais em

que não é possível compreender o que o Juízo expôs no ato JFRJ


Fls 1693
decisório.

No caso dos autos, vejo que, em realidade, o

embargante discorda do critério de julgamento – pois que,

a seu aviso, a consideração dos pagamentos como atos

executórios impediria que se tivesse a infração penal por

exaurida -, e alega que o quadro caracterizaria

“contradição”; a contradição, entretanto e maxima venia

concessa, é apenas entre o critério de julgamento e o que

entende o embargante por adequado, o que, contudo, não

autoriza o manejo dos aclaratórios.

De mais a mais, analisando os itens sentenciais

de que se queixa o embargante, verifico que não há, com

efeito, qualquer contradição, como passo a expor.

No item 2.2.1.2.8. (fls. 3562v./3563), o Juízo,

após aferir ilicitude e culpabilidade e concluir pela

imprescindibilidade da condenação, teceu considerações –

pois que no bojo da fundamentação sentencial – que

impactariam a dosimetria – empreendida posteriormente, no

dispositivo sentencial – pertinente às infrações

entendidas como praticadas, relativamente à contratação

do FPSO ESPADARTE/CIDADE DE ANCHIETA; isto, naturalmente,

após ter apreciado a matéria fática pertinente à

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contratação nos itens 2.2.1.2.1. (fls. 3532/3532v.),

2.2.1.2.2. (fls. 3532v./3533v.), 2.2.1.2.3. (fls.

3533v./3536v., 2.2.1.2.4. (fls. 3536v./3543v.), JFRJ


Fls 1694
2.2.1.2.5. (fls. 3543v./3549v.), 2.2.1.2.6. (fls.

3549v./3552v.), e aferir a tipicidade das condutas tidas

por comprovadas nos itens 2.2.1.7.1. (fls. 3552v./3554v.)

e 2.2.1.7.2. (fls. 3554v./3562) – este último no que toca

ao embargante JÚLIO FAERMAN.

Foi julgado, neste último item, que o

embargante praticou, em relação à contratação em tela, a

infração capitulada no art. 333, § único, por duas vezes

e na forma do art. 70, todos do CP.

No item 2.2.1.2.8., ao expor circunstâncias

factuais e subjetivas que impactariam a dosimetria da

devida reprimenda, e analisando as que diriam com a

primeira etapa do respectivo processo, entendeu que o

vetor “consequências do crime” reclamava valoração

desfavorável ao réu, por três motivos: pelo fato de que a

infração foi exaurida, pela longa duração dos atos que

materializaram a conduta, e, por último, pelos elevados

valores que terminaram por ser franqueados aos empregados

públicos corrompidos pelo embargante.

As razões recursais contêm insurgência quanto à

consideração, para a valoração desfavorável do vetor em

questão, apenas do exaurimento da infração, em função do

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fato de que o Juízo teria considerado os pagamentos como

atos executórios – e não pós-fatos impuníveis como queria

sua D. Defesa, em sede de memoriais -, o que seria JFRJ


Fls 1695
incompatível com a consideração do já citado exaurimento.

Ocorre que, como visto no item 2.2.1.7.2. (fls.

3554v./3562) – e abordado no item imediatamente anterior

desta decisão – o Juízo entendeu, em primeiro lugar, que

todos os pagamentos feitos a um mesmo corrompido e

relativos a uma dada contratação, caracterizavam

simultânea oferta de manutenção do esquema – e, pois, de

mais futuras vantagens indevidas -, em troca da

expectativa de favorecimentos ao grupo empresarial

comercialmente representado pelo embargante – e pagador

dos valores.

Considerou ainda o Juízo que, nesta contextura,

cada pagamento – como oferta de mais e futuras vantagens,

em caso de aceitação e a persistir o esquema ilícito –

poderia, em princípio, ser considerado nova infração

autônoma, pois que preenchedor de todos os elementos

típicos da norma do art. 333 do CP, mas que, no entanto,

esta não era a melhor compreensão da normação pertinente,

e, tendo em vista a unicidade do esquema – com vinculação

a favorecimentos, por sua vez, pertinentes a uma mesma

contratação -, a totalidade dos pagamentos foi

considerada como uma única conduta plurissubsistente,

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pois que decomponível – e materializada efetivamente – em

múltiplos atos executivos.

JFRJ
Isto, contudo, não implica em desconhecer que,
Fls 1696
apesar de o tipo penal se contentar com a oferta das

vantagens ao funcionário público corrompido, para

incidência de sua normação incriminadora, houve efetivos

pagamentos.

Isto porque, se, como visto anteriormente, cada

pagamento materializava oferta de continuidade do esquema

– e, pois de futuras vantagens indevidas -, os pagamentos

subsequentes exauriam a oferta anterior, ao passo que a

renovavam; e assim sucessivamente, enquanto duraram os

pagamentos.

Logo, foi adequadamente considerado que a

infração, para além de caracterizada, foi efetivamente

exaurida; e, ao lado das outras duas circunstâncias a

demandar a valoração desfavorável do vetor “consequências

da infração”, exigia dimensionamento da pena-base em

patamar superior ao mínimo legal, tal como amplamente

exposto, não havendo, em realidade, contradição alguma,

enquanto vício de embargabilidade.

Rigorosamente o mesmo foi verificado – tendo os

fatos em tudo se assemelhado, particularmente no que toca

à mecânica de pagamentos com duração protraída no tempo,

assim como o esquema ilícito, a redundar na consideração

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do exaurimento da infração – nos demais itens sentenciais

de que se queixa o embargante: item 2.2.1.3.8. (fls.

3593v./3594v.), pertinente ao FPSO BRASIL, item JFRJ


Fls 1697
2.2.1.4.7. (fls. 3613/3613v.), pertinente ao FPSO MARLIM

SUL, item 2.2.1.5.7. [incorretamente indicado em sede

sentencial como 2.2.1.5.6.] (fls. 3640/3640v.),

condizente com o FPSO CAPIXABA, item 2.2.1.6.8. (fls.

3664v./3665), pertinente às monoboias da PRA-1, item

2.2.1.7.8. (fls. 3692/3692v.), condizente com o Turret da

P-53, item 2.2.1.8.7. (fls. 37114/3714v.), relativo à

construção, aquisição e operação do FPSO P-57, e item

2.2.1.9.7. (fls. 3740/3741), pertinente este último ao

fornecimento de informações e documentos sigilosos por

JORGE LUIZ ZELADA.

Evidentemente, a discordância do embargante em

relação ao critério de julgamento é legítima, e pode ser

licitamente levada a quem de Direito, com vistas a se

aferir o acerto ou desacerto da sentença, quanto ao ponto

em questão; entretanto, a discordância deve ser veiculada

pelo instrumento adequado, que permita a ampla

rediscussão do julgado, o que não cabe em sede de

embargos declaratórios, maxima venia concessa.

Os embargos, por conseguinte e quanto ao tema

suscitado no tópico recursal em análise, serão

inacolhidos.

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II.1.1.2. VÍCIOS PERTINENTES AO DELITO DE

LAVAGEM DE ATIVOS

JFRJ
A seguir – e ainda seguindo a ordem apresentada
Fls 1698
nas razões recursais -, trato dos alegados vícios

sentenciais, pertinentes à apreciação do delito de

lavagem de ativos.

II.1.1.2.1. OBSCURIDADE – ATOS DE OCULTAÇÃO –

AFIRMAÇÃO DE “CAUTELAS CONCRETAS” PARA MANUTENÇÃO DA

OCULTAÇÃO – NOVOS ATOS DE OCULTAÇÃO – ITEM 2.2.2.4.

Alegou o embargante que, no item sentencial em

questão, teria sido reconhecida conduta de lavagem de

ativos, a ele imputável, praticada em dois momentos: em

um primeiro, pelo recebimento, pelos empregados

corrompidos, de valores no exterior, além de um segundo,

em que teriam sido os ativos mantidos em tais condições;

arguiu que, no que diz com este segundo momento, o Juízo

teria afirmado “haver relação com “atos de ocultação”,

enumerando-se, como tais, cuidados com correspondências e

contatos com funcionários das instituições bancárias”

(fls. 3947).

Asseverou que o tipo penal do art. 1º da Lei

9613/98 conteria, como verbos nucelares de ação típica,

“ocultar” e “dissimular”, mas que, da leitura do ato

sentencial recorrido, não seria “possível identificar a

qual dos verbos nucleares, em verdade, se amoldariam as

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condutas supostamente praticadas neste segundo momento.

Isto porque foram elencados atos neutros, aparentemente

incapazes de ocultar o valor (em tese já ocultado) ou de JFRJ


Fls 1699
dissimular suas feições (em tese, mantidas no mesmo

formato” (fls. 3948), pelo que postulou o aclaramento da

suscitada obscuridade.

De plano, cum permissa, é possível identificar,

a partir da leitura das razões recursais, que não se

está, em realidade, diante de obscuridade embargável;

isto porque – repita-se, por necessário e relevante – o

vício em questão somente se caracteriza se o ato

guerreado se reveste de incompreensibilidade, ao passo

que a argumentação do embargante permite perceber que,

com efeito, bem compreendeu o quanto foi exposto pelo

Juízo, no item sentencial de que se queixa, mas discorda

dos critérios de julgamento então esposados.

Esta conclusão ressai cristalina, se por mais

nada, pelo próprio teor de fls. 3948, em que o embargante

direciona críticas ao entendimento exposto

sentencialmente de que houve a prática de infração de

branqueamento de ativos, e as substancia com a

argumentação de que teriam sido elencados, como

materializadores de conduta típica, atos que, a seu

sentir, seriam “neutros” e “incapazes de ocultar o valor

(...) ou de dissimular suas feições”.

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Em outras palavras, e maxima venia concessa, em

que pese haver indicação de suposta “obscuridade”, o

embargante tece crítica ao entendimento sentencial, e JFRJ


Fls 1700
argumenta no sentido de que as condutas tidas pelo Juízo

como caracterizadoras, em parte, do delito de

branqueamento de ativos, seriam, segundo seu entendimento

jurídico, atípicas; busca, assim, que seja revisto o

entendimento judicial, tido por equivocado.

Isto, por si, já seria o suficiente para o

inacolhimento dos embargos manejados, dado que o recurso

se dirige, como tantas vezes dito ao longo desta decisão,

à sanação de vícios indicados legalmente em rol taxativo,

não se prestando à genérica rediscussão do julgado com o

qual não concorda a parte.

Seja como for, a análise do item sentencial

contra o qual se bate o embargante bem revela que não há,

cum permissa, a obscuridade agitada; vejamos.

No item sentencial 2.2.2.4. (fls. 3791/3808), o

Juízo, após rememorar que o embargante havia praticado

múltiplas infrações de corrupção ativa – por ter ofertado

e pago vantagens indevidas a funcionários públicos

corrompidos - apreciou a imputação de branqueamento de

ativos desferida em desfavor de JÚLIO FAERMAN; concluiu

pela sua ocorrência, através de duas condutas.

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O Juízo considerou que, em primeiro lugar e

após empreender atos preparatórios de montagem de

verdadeira engenharia financeira com fins de JFRJ


Fls 1701
escondimento, o embargante, a partir de valores de

comissionamento por ele recebidos do Grupo SBM de maneira

escamoteada – pois que os percebia em contas registradas

em nome de sociedades offshore, sem contrato com o grupo

empresarial e sem comunicação às autoridades monetárias

nacionais –, efetuava os pagamentos das vantagens

indevidas aos corrompidos, direcionando os pertinentes

fluxos financeiros a contas igualmente mantidas no

exterior, registradas em nome de sociedades offshore, e

controladas por estes últimos, tudo com a intenção de

impedir a detecção do que ocorria.

Como segunda forma de cometimento do delito, o

embargante instigou e auxiliou os percipientes dos

valores ilícitos a mantê-los em condições de ocultação,

nas contas abertas no exterior e registradas em nome de

sociedades offshore abertas segundo suas orientações, sem

comunicação às autoridades nacionais, assegurando-se,

assim, o proveito dos atos de corrupção aos corrompidos e

a indetecção dos atos de corrupção praticados pelo

embargante.

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Neste passo, confira-se, em caráter de arremate

e no bojo de detida análise do tema, o quanto assinalado

sentencialmente (fls. 3801v.): JFRJ


Fls 1702
“Assim, os pagamentos não apenas foram

feitos em regime de sofisticadas medidas

de ocultação – a utilização de contas

mantidas no exterior e registradas em

nome de sociedades offshore sem

comunicação às autoridades nacionais –

como também foi empreendida a posterior

conduta de manutenção do escondimento –

com os ativos mantidos nas contas – o

que se deu, por evidente, segundo a

exortação e instruções – e, pois,

auxílio (art. 29 do CP) - de JÚLIO

FAERMAN.

Quero com isto dizer que, ao fazer os

pagamentos, JÚLIO FAERMAN direcionava

deliberadamente os valores a contas em

que sabia que o fluxo financeiro inicial

restaria incógnito – o fazendo com este

propósito específico -, e igualmente

sabia que em tais contas os ativos

permaneceriam escondidos – conforme

havia, inclusive, ajustado com os

recebedores, ao instruí-los a abrir as

contas -, motivo pelo qual a parcela

executiva do branqueamento conduzida

diretamente pelos recebedores PAULO

ROBERTO BUARQUE CARNEIRO, JORGE LUIZ

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ZELADA e PEDRO JOSÉ BARUSCO FILHO –

materializada na perenização da

ocultação – foi efetivada sob suas


JFRJ
instigação, instruções e assistência. Fls 1703

Logo, se JÚLIO FAERMAN é diretamente

responsável pela realização dos

pagamentos em condições de escondimento,

suas instigação, instruções e

assistência o tornam igualmente

responsável – agora sob a figura da

participação (art. 29 do CP) – pela

parcela da conduta de branqueamento de

ativos efetivada pelos recebedores,

estes de forma direta, pois

controladores estes últimos das contas

em que mantidos os ativos

escamoteadamente.”

Com relação a esta segunda forma de cometimento

delitual, foi descrito como, por indicação do embargante,

a manutenção da ocultação era, em parte, possibilitada

pela adoção de cautelas, por parte dos controladores das

contas das contas – os empregados corrompidos -, com

vistas a impedir a detecção daquele estado de coisas,

tudo conforme instruções do embargante; dentre estas

cautelas, se incluíam a determinação de que as

instituições não encaminhassem correspondências físicas e

o trato apenas pessoal com empregados destas últimas,

apenas e tão somente quando vinham ao Brasil.

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Note-se que, para além de se inserir as

cautelas em questão em um complexo de providências com

vistas à manutenção do escondimento, a todo tempo o Juízo JFRJ


Fls 1704
expõe como a mecânica delitiva produzia a ocultação do

proveito das infrações penais de corrupção, em suas

localização e titularidade.

Não há, assim, qualquer obscuridade quanto ao

verbo nuclear tido por praticado, pelo que a argumentação

recursal, data maxima venia aos Brilhantes Patronos do

embargante, improcede.

Evidentemente, como já exposto, nada há de

errado em defender o embargante o desacerto sentencial, e

procurar a revisão do entendimento então esposado; deve,

entretanto e cum permissa, se valer do instrumento

recursal apto a veicular a pretensão em cogitação,

perante a instância correta.

Logo, improcedendo a insurgência, serão os

embargos inacolhidos, quanto ao tópico em análise.

II.1.1.2.2. OBSCURIDADE – ELEMENTOS DE PROVA –

LASTREAMENTO DE CONCLUSÃO QUANTO AO INTUITO DE RECICLAGEM

DE ATIVOS – ITEM 2.2.2.4.

Argumentou o embargante que, no item sentencial

em questão, teria sido entendido que a manutenção dos

montantes recebidos por empregados da PETROBRÁS no

exterior teria sido presidida pela intenção de retorno de

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tais ativos à economia formal, a partir de situação que

diria com o corréu PAULO ROBERTO BUARQUE CARNEIRO.

JFRJ
Pontuou que tais dados, entretanto, não diriam
Fls 1705
com a ação penal e não teriam sido objeto de

contraditório, pelo que seria “inviável, portanto,

reconhecer sua efetiva vinculação com a lavagem de

dinheiro processada” (fls. 3951); além disso, não seria

“viável entender o fundamento de eventual extensão de

tais ocorrências, de cunho personalíssimo e casuístico,

às circunstâncias inerentes aos atos praticados pelo

EMBARGANTE ou aos valores mantidos no exterior pelo Sr.

PEDRO JOSÉ BARUSCO FILHO.” (fls. 3951); postulou, assim,

a sanação do vício.

De plano, e a partir da própria argumentação

tecida pelo embargante, já é possível concluir que não se

está diante de obscuridade, enquanto vício de

embargabilidade, a qual, como já tantas vezes dito ao

longo deste ato, pressupõe incompreensão; com efeito, o

embargante bem compreendeu o quanto exposto, a respeito

do tema em tela, mas discorda da apreciação judicial,

especificamente quanto à menção a determinados fatos

descortinados no âmbito de feito outro, condizentes com o

corréu PAULO ROBERTO BUARQUE CARNEIRO, os quais crê de

“inviável vinculação” ao delito então aferido.

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Entende, assim – e em revisitação de tese

suscitada em sede de memoriais – que faltaria elemento

típico às condutas tidas pelo Juízo como de branqueamento JFRJ


Fls 1706
de ativos, não sendo apto, a seu sentir, à comprovação do

imputado o quanto sustentado sentencialmente, e crê, por

conseguinte, que não se teria aperfeiçoado a tipicidade

do agir em tela, pelo que haveria de se seguir sua

absolvição.

Em outras palavras: deseja que seja revisto o

entendimento sentencialmente exposto quanto à tipicidade

de seu agir, sob a previsão do art. 1º da Lei 9613/98.

Apenas por isto, já se tornam os aclaratórios

de acolhimento impossível, dado que não se presta a

espécie recursal à mera rediscussão genérica de julgados.

Seja como for, e analisando o item sentencial

de que se queixa o embargante, torna-se claro, cum

permissa, que inexiste o vício alegado, como passo a

expor.

No item em questão, após tecer breve suma do

quanto apurado em itens anteriores – quanto à prática de

infrações de corrupção ativa, da parte do embargante, e

passiva, da parte de empregados públicos por ele

corrompidos, o que promoveu geração de proveito

financeiro a estes últimos -, o Juízo passou a apreciar

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as circunstâncias a envolver os pagamentos e o

acondicionamento dos montantes.

JFRJ
Rememorou como os fluxos foram recepcionados
Fls 1707
pelos percipientes em contas mantidas no exterior e

registradas em nome de sociedades offshore, mecânica

comum em casos de ocultamento intencional de proveitos de

ilicitudes, tendo sido este móvel robustecido pela

verificação da adoção de cautelas, pelos percipientes, no

trato com as instituições bancárias, com vistas a evitar

que se detectasse sua titularidade sobre os valores ali

em depósito.

Entendeu o Juízo, portanto, que, da parte dos

percipientes, houve ocultação de ativos oriundos de

infrações penais por meio de duas atuações: por um lado,

pelo recebimento, em condições de escamoteamento, e, de

outro, pela sua manutenção, posterior e por grandes

períodos, sob tais circunstâncias; quanto a esta segunda

forma de ocultação, o Juízo consignou que se inseria em

um contexto em que, adotadas simples providências de

comum ocorrência em casos deste jaez, poderiam os valores

terminar por ser reintroduzidos na economia formal, e

detectou que esta possibilidade se havia concretizado em

certa situação envolvendo o corréu PAULO ROBERTO BUARQUE

CARNEIRO, na qual, ao que tudo indicava – ainda que não

houvesse maior detalhamento, pois que o fato exsurgiu em

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um procedimento cautelar apenso, e não era objeto da ação

penal, mas o quanto transcorrido nos cadernos processuais

apensados integravam legitimamente o acervo probante JFRJ


Fls 1708
subjacente à demanda então em julgamento -, foram

praticados atos desta natureza.

Revisitou o Juízo, então, sua conclusão de que

houve atos de lavagem de ativos, da parte dos

percipientes dos valores indevidos, pagos pelo

embargante, e, em seguida, passou a apreciar a conduta do

embargante em si; a propósito desta, destacou que, para

além do pagamento dos montantes, e exortação e

facilitação aos percipientes para que abrissem contas no

exterior, em nome de sociedades offshore, para recepção

dos pertinentes fluxos financeiros, o embargante havia

praticado diversos atos preparatórios, em montagem de

verdadeira engenharia financeira, para efetuar os

desembolsos de maneira oculta e assegurar-se da

eternizabilidade da escamoteação.

Os atos preparatórios em comento se

concretizaram na montagem de acerto financeiro com o

Grupo SBM, por ele representado, para que o embargante

recebesse parcela majoritária de seus comissionamentos no

exterior, em contas registradas em nome de sociedades

offshore sem contrato com o grupo empresarial, a partir

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das quais saíam os montantes que eram direcionados aos

empregados públicos corrompidos.

JFRJ
Julgou que o embargante era responsável, em
Fls 1709
caráter direto, pela ocultação empreendida pela feitura

dos pagamentos aos corrompidos, de maneira oculta –

através da engenharia financeira por ele montada -, e, em

caráter de auxílios material e moral – pois que levou-os

às instituições financeiras, após tê-los exortado a abrir

as contas, registradas em nome de sociedades offshore,

onde os valores foram recepcionados -, pela conduta

subsequente, de manutenção dos valores, em quadrantes de

escamoteação.

Na sequência, afastou objeções defensivas a

esta caracterização, concluiu pela tipicidade (art. 1º,

V, da Lei 9613/98, em sua versão vigente ao tempo dos

fatos, c/c art. 29 do CP) da conduta do embargante, e

pela prática de tantas infrações de branqueamento quantas

foram as condutas de corrupção passiva , cujos proveitos

eram ocultados – doze -, tudo em concurso formal (art. 70

do CP), em vista da unicidade contextual então

vislumbrada.

O tema de que se queixa o embargante, como

visto linhas acima, diz com a parcela do item sentencial

em que o Juízo revisitava as conclusões, lançadas em

itens anteriores, sobre a prática de branqueamento pelos

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percipientes dos montantes, os empregados por ele

corrompidos; mais especificamente, quando considerada a

idoneidade da ocultação empreendida, adotadas simples e JFRJ


Fls 1710
comuns providências em casos deste jaez, para que fosse

promovida a reinserção dos valores na economia formal,

com aparência de licitude, de maneira a afastar a

possibilidade de que se estivesse diante de condutas que

meramente exaurissem o delito de corrupção passiva de

autoria dos corrompidos.

Isto porque, como visto, o Juízo considerou que

o embargante, além de ter praticado, em caráter direto,

conduta de branqueamento pela forma como pagou as

vantagens indevidas aos corrompidos, atuou em auxílios

material e moral à manutenção da ocultação, esta

praticada direta e pessoalmente pelos corrompidos, pelo

que necessário se fez, na análise da conduta do

embargante, rever o quanto feito por aquel´outros.

No que toca à inviabilidade de consideração,

para formação da convicção judicial, de episódio tratado

em autos de cautelar apensada, por não ter sido objeto da

imputação, o Juízo expressamente rechaçou a tese, em

trecho sentencial assim redigido (fls. 3793v./3794):

“A ocultação dos ativos, portanto,

perpassava, por um lado, pelo seu

recebimento por meio de contas mantidas

no exterior, registradas em nome de

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sociedades offshore e sem comunicação às

autoridades nacionais, e, por outro,

pela sua manutenção nestas contas, com


JFRJ
adoção de cautelas concretas visando a Fls 1711
perenização do escondimento.

Esta eternização se inseria em um

contexto em que, adotados outros simples

atos de branqueamento – como, por

exemplo, a firmatura de contrato

fraudulento de consultoria com a

offshore titular dos ativos, ou através

da celebração de empréstimo fraudulento,

conhecido doutrinariamente como

“empréstimo de regresso”, em que não há,

em verdade, devolução do capital

“mutuado”, servindo apenas para encobrir

a repatriação do valor, dando-lhe

aparência de operação lícita, dentre

tantas outras possibilidades -, poderia

haver a completa reciclagem dos ativos

criminosamente obtidos e ocultados nas

contas bancárias em comento, permitindo

seu gozo e fruição desimpedidos, na

economia formal.

Note-se que fatos como tais

aparentemente se deram, envolvendo PAULO

ROBERTO BUARQUE CARNEIRO, conforme

detectado em fls. 348/349 dos autos

0502046-08.2015.4.02.5101.

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Digo aparentemente, uma vez que a

ocorrência não foi objeto de imputação,

mas tudo aponta para a concreta


JFRJ
probabilidade de que se trate de atos Fls 1712
como os cogitados, como explicitado em

fls. 441 dos autos 0511617-

03.2015.4.02.5101, ocasião em que deixei

asism (sic) consignado:

(...)

Sua consideração em sede sentencial,

outrossim, nenhum arranhão traz ao

postulado da congruência, pois que se

trata de fato comprovado nos autos mas

que não integra o cerne da imputação,

apenas servindo como exemplo ilustrativo

do contexto maior em que inseridos os

atos de branqueamento detectados – estes

sim, objeto da imputação e aferidos

sentencialmente, em sua ocorrência.

Evidente, portanto, que a manutenção dos

valores em condições de escondimento,

como conduta posterior e subsequente –

com duração de vários anos – ao

recebimento das propinas, se inseria em

uma cadeia de atos potencialmente

provocadores do sucesso da completa

reciclagem do proveito de infrações de

corrupção passiva de autoria dos

recebedores PAULO ROBERTO BUARQUE

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CARNEIRO, JORGE LUIZ ZELADA e PEDRO JOSÉ

BARUSCO FILHO.

Dados estes delineamentos factuais,


JFRJ
entendi, tal como acima explicitado, ter Fls 1713

havido infrações penais de lavagem de

ativos (art. 1º, V, da Lei 9613/98) da

parte de PAULO ROBERTO BUARQUE CARNEIRO

– item 2.2.2.1. -, JORGE LUIZ ZELADA –

item 2.2.2.2. – e PEDRO JOSÉ BARUSCO

FILHO – item 2.2.2.3..”

Se o embargante crê que a consideração do

quanto ocorrido em autos apensados, não sujeitos a

sigilo, em episódio decisório verificado muito antes da

abertura da ação penal, estaria interditada por suposta

violação ao postulado constitucional do contraditório,

deve, naturalmente, levar sua respeitável insurgência a

quem de Direito, para que se verifique o eventual

desacerto sentencial, mas não há falar, maxima venia

concessa, em obscuridade, dado que as conclusões

judiciais estão firmemente embasadas em fundamentação

argumentativa.

O mesmo deve ser dito quanto à suposta

caracterização de personalíssimo ao episódio envolvendo

PAULO ROEBRTO BUARQUE CARNEIRO, e à pretendida

inviabilidade de sua consideração em desfavor do

embargante, em alegada desconexão entre as ações de

ambos; não há, cum permissa, obscuridade a ser sanada,

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mas discordância que, digna que seja, deve ser levada à

Instância adequada, pelo instrumento recursal cabível.

JFRJ
De mais a mais, deve ser dito que o Juízo
Fls 1714
reconheceu, a respeito do dolo do embargante, que se

dirigia à ocultação do proveito das infrações, visando

assegurar aos corrompidos o proveito então gerado e

impedir que fossem responsabilizados todos – corruptor e

corrompidos - pelos ilícitos que o geraram.

Isto resta evidenciado, dentre diversos outros,

do seguinte trecho (fls. 3799/3799v.):

“JÚLIO FAERMAN – por vezes junto de LUÍS

EDUARDO CAMPOS BARBOSA DA SILVA, cuja

responsabilidade será apreciada em

tópico próprio, mais adiante – efetuou

todos os pagamentos dos valores

ocultados, tanto que, como apreciado nos

itens sentenciais pertinentes, restou

condenado, linhas acima, por

infringência ao art. 333, caput, do CP,

nos casos das monoboias da PRA-1 (item

2.2.1.6.), do FPSO P-57 (item 2.2.1.8.)

e do afretamento do navio CAMPOS

TRANSPORTER (item 2.2.1.11.), e foi

igualmente responsabilizado por

infringência ao art. 333, § único, do

CP, em relação aos FPSOs

Espadarte/Cidade de Anchieta (item

2.2.1.2.) e Brasil (item 2.2.1.3.), além

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do caso do turret da P-53 (item

2.2.1.7.) e do fornecimento de

documentos sigilosos (item 2.2.1.9.).


JFRJ
Os pagamentos, outrossim, eram Fls 1715

deliberadamente direcionados às contas

em questão, controladas pelos

recebedores PAULO ROBERTO BUARQUE

CARNEIRO, JORGE LUIZ ZELADA e PEDRO JOSÉ

BARUSCO FILHO, mantidas no exterior sem

comunicação às autoridades nacionais, e

registradas em nome de sociedades

offshore, o que, como visto acima, não

tinha outro propósito que não o

escondimento do fluxo financeiro, dado

que os montantes eram produto de delitos

de corrupção passiva – do ponto de vista

dos recebedores – e de corrupção ativa –

do ponto de vista do pagador JÚLIO

FAERMAN -, de maneira a evitar a

detecção das infrações antecedentes e

assegurar seu proveito.

(...)

Adicionalmente, a conduta de JÚLIO

FAERMAN não se limitava ao

direcionamento deliberado dos valores a

contas em que sabia o pagamento restaria

ocultado – e, pois, impercebidas as

infrações de corrupção: as contas

controladas pelos recebedores e

registradas em nome de sociedades

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offshore, nas quais os montantes foram

recebidos, haviam sido abertas conforme

exortação e instruções do próprio JÚLIO


JFRJ
FAERMAN, como preparação para que os Fls 1716
pagamentos, uma vez feitos – a

materializar atos de corrupção -,

restassem incógnitos.”

Nota-se que o Juízo não acolheu a tese de ser

necessária a comprovação de elemento subjetivo do tipo,

enquanto especial fim de agir, tal como postulado pelo

embargante, e entendeu o tipo subjetivo como integrado

apenas pelo dolo, enquanto consciência e vontade (art.

18, I, do CP) dirigidas à prática da conduta típica, e

recobrindo todos os seus elementos; o Juízo julgou

desnecessário, portanto, o elemento “intenção de

reconduzir o ativo á economia formal”.

Isto porque, após apreciar os fatos

subjacentes, concluiu, a respeito do agir do embargante e

apreciadas todas as infrações de branqueamento praticadas

(fls. 3805v.):

“A unicidade de contexto de todos os

atos executivos, por conseguinte, impõe

que os doze fatos – tipificados como

branqueamento de ativos (art. 1º, V, da

Lei 9613/98 c/c art. 29 do CP) – sejam

considerados como praticados em

condições de concurso formal (art. 70 do

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CP), pois que materializados em uma

única conduta.”

A menção ao episódio envolvendo PAULO ROBERTO JFRJ


Fls 1717
BUARQUE CARNEIRO se deu apenas em argumentação de que a

segunda forma de execução delitual – a manutenção dos

valores em condições de escondimento, pela qual o

embargante foi responsabilizado a título de auxílios

material e moral – era apta a produzir, adotadas outras

providências simples e comuns em casos desta natureza, a

completa reciclagem dos ativos, mas não houve qualquer

menção ao elemento subjetivo ou reconhecimento de

necessitar a norma em questão, para sua incidência, da

verificação de especial fim de agir voltado a este

objetivo.

Assim, verificando que improcedem os argumentos

do embargante, referentes a este tópico recursal, serão

seus embargos, quanto ao ponto, desprovidos.

II.1.1.2.3. CONTRADIÇÃO – AUSÊNCIA DE RELAÇÃO

ENTRE O PRECEDENTE TRANSCRITO E A INTERPRETAÇÃO A ELE

CONCEDIDA – ITEM 2.2.2.4.

Arguiu o embargante que, no item sentencial em

questão, o Juízo teria reconhecido como praticado o

delito de branqueamento de ativos em dois momentos, quais

sejam: o primeiro quando do recebimento de valores pelos

empregados públicos, em contas correntes mantidas no

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exterior, e o segundo quando da manutenção de tais

montantes nestas condições, e que, em relação a tal

conduta, teria relação com atos de ocultação, como tais JFRJ


Fls 1718
enumerados cuidados com correspondências e contatos com

funcionários das instituições bancárias.

Sustentou que, neste momento, o Juízo teria

empregado transcrição de precedentes da lavra de Cortes

de Superposição, “para dar respaldo à suposta

possibilidade de atos praticados após a ocultação de

valores serem atos típicos de lavagem” (fls. 3952), os

quais, contudo, não se coadunariam à hipótese dos autos,

pois que, enquanto os precedentes tratariam de ocasiões

em que teriam sido praticados atos tendentes à reciclagem

do produto do crime, isto não teria ocorrido na ação

penal em apreciação nestes autos, pois que apenas teria

sido empreendida manutenção de ocultação de valores.

Neste passo, “o aresto colacionado, ao revés de

contribuir à tipificação do delito, parece ratificar sua

inocorrência” (fls. 3956), pelo que postulou fosse

“aclarada a contradição entre as condutas previstas no

mencionado trecho da r. sentença e o aresto utilizado

como fundamento para atribuir-lhes tipicidade” (fls.

3956).

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De pronto, maxima venia concessa, é possível

verificar que não se está diante, em realidade, de

contradição enquanto vício embargável. JFRJ


Fls 1719
Isto porque o defeito sentencial alegado impede

a efetiva compreensão de seu teor, o que ocorre, por

exemplo, em que dois trechos sentenciais mutuamente se

contradizem, de forma que se encontre o leitor em

perplexidade e não se consiga saber o que o Juízo expôs,

como quando, em um momento, considera-se comprovada a

materialidade, e, subsequentemente, diz-se que não se

adentrará a apreciação de autoria por ter restado

incomprovada a materialidade.

Certamente não é o caso em que é empregado,

como reforço argumentativo de eficácia persuasiva,

determinado aresto a robustecer o discurso decisório,

mesmo que este último – o precedente, tomando-se por

verdadeira a alegação do embargante – termine por

desdizer a argumentação em cujo socorro foi invocado.

De mais a mais, da argumentação do embargante,

detecta-se que não há qualquer incompreensão, como

resultado da suposta contradição; isto porque o

embargante bem compreendeu o quanto exposto no item de

que se queixa, estando a arguir apenas em contrário à

argumentação judicial, apoiando-se no pretenso teor de

aresto transcrito.

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E, naturalmente, se não há incompreensão, não

há contradição, enquanto vício embargável.

JFRJ
Seja como for, maxima venia concessa aos
Fls 1720
Brilhantes Patronos do embargante, verifico que não há a

contradição apontada, como passo a expor.

No item 2.2.2.4. (fls. 3791/3808), como já

exposto linhas acima, o Juízo, antes de mais nada,

revisitou o quanto apurado em trechos anteriores, em que

aferidos positivamente atos de corrupção ativa – da parte

do embargante – e corrupção passiva – da parte de

empregados públicos por ele corrompidos -, e verificado

que geraram a estes últimos proveito financeiro;

recapitulou ainda que os corrompidos praticaram atos de

branqueamento de ativos, relativamente às vantagens

indevidas por eles recebidas, de duas formas: pelo

recebimento, em um primeiro momento, dos valores, no

exterior e em contas por eles controladas mas registradas

em nome de sociedades offshore, sem comunicação às

autoridades monetárias nacionais, e, num segundo momento,

pela manutenção dos montantes em condições que tais, com

adoção de cautelas específicas, voltadas a que não fosse

tal estado de coisas detectado.

Em seguida, o Juízo apreciou a conduta do

embargante propriamente dita, e asseverou a comprovação

de que praticou este último uma série de atos

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preparatórios – a montagem de uma verdadeira estrutura

financeira – para permitir o pagamento das vantagens aos

corrompidos, sob quadrantes de ocultação. JFRJ


Fls 1721
Quanto a estes atos iniciais, especificamente,

discorreu o Juízo como entendeu comprovado que o

embargante empreendeu acerto financeiro com o grupo

empresarial por ele representado, por meio do qual

recebia parcela majoritária dos comissionamentos a ele

devidos no exterior, em contas registradas em nome de

sociedades offshore com as quais não havia contrato, e a

partir das quais saíam os pagamentos aos corrompidos.

Além disso, exortou os corrompidos a abrirem

contas no exterior também registradas em nome de

sociedades offshore, para percepção das vantagens

indevidas.

Assim, ao efetuar os pagamentos, utilizando-se

conscientemente destas contas adredemente preparadas,

ocultou o proveito dos atos de corrupção então

praticados, em um primeiro momento; e, em um segundo

momento, verificada a manutenção do escondimento,

diretamente praticada pelos beneficiários dos valores,

tendo em vista que os instruiu a abrir as contas e em

como manter a ocultação, foi responsabilizado, a título

de auxílios material e moral (art. 29 do CP).

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No que diz com esta segunda modalidade – pela

qual foi responsabilizado a título de auxílios material e

moral -, e quando revisitada a conduta dos corrompidos – JFRJ


Fls 1722
tomada sua comprovação como premissa para a apreciação da

conduta do embargante -, é que o Juízo lançou os trechos

de que se queixa.

Os julgados que o embargante crê contradiriam a

argumentação decisória então traçada foram transcritos,

em suas ementas, em fls. 3797/3798, no bojo de exposição

acerca do porquê de não poderem ser as condutas dos

percipientes das vantagens – pois que, como dito acima,

se estava revisitando suas condutas, para, em seguida,

apreciar o quanto praticado pelo embargante – por mero

exaurimento dos delitos de corrupção passiva por eles

praticados.

Trago à colação o quanto exposto naquela

ocasião (fls. 3796v./3797):

“Friso ainda que as condutas ora

examinadas, de branqueamento de ativos

oriundos de infrações penais

antecedentes, de corrupção passiva – da

parte dos recebedores -, jamais poderiam

ser tidas como mero exaurimento destas,

como passo a expor.

Isto porque, a uma, a imputação

ministerial, pertinente à noção de

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branqueamento de ativos, não se limita

ao mero recebimento do montante em conta

mantida no exterior e registrada em nome


JFRJ
de sociedade offshore, máxima vênia Fls 1723
concessa.

A propósito, lembro que, quanto à

lavagem de dinheiro, a narrativa fática

ministerial não se encontra limitada ao

pertinente tópico - item “4” (fls.

318/320) -, tendo sido o tema igualmente

abordado quando articulada a formação

das condutas de corrupção ativa de JÚLIO

FAERMAN e passiva de PEDRO JOSÉ BARUSCO

FILHO e PAULO ROBERTO BUARQUE CARNEIRO –

item “2.1.” (fls. 255/265) -, bem como

no trecho em que narrada a imputação de

corrupção ativa de JÚLIO FAERMAN e

passiva de JORGE LUIZ ZELADA – item

2.2.1.9..

De fato, a imputação – que, como visto

linhas acima, restou devidamente

comprovada - diz com o recebimento, em

contas mantidas no exterior e

registradas em nome de sociedades

offshore, dos valores provenientes de

infrações penais praticadas em desfavor

da Administração Pública, em um primeiro

momento, e, subsequentemente, sua

manutenção em tais condições de efetiva

ocultação, com dissimulação da

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propriedade dos ativos – bem como sua

natureza de propina -, pois que jamais

notificadas as autoridades monetárias


JFRJ
nacionais a propósito de tais ativos. Fls 1724

Logo, se a argumentação poderia, em um

primeiro momento – no entanto, sem real

fundamento, como será mais adiante

explicitado –, ser desenvolvida caso a

imputação dissesse tão somente com o

recebimento dos montantes de propina em

contas mantidas no exterior e

registradas em nome de sociedade

offshore, fácil é notar, no entanto, que

a tese não tem qualquer procedência,

tendo em vista que a conduta –

contemplada na narrativa acusatória, e

devidamente comprovada ao longo da

instrução criminal – foi além, incluindo

a manutenção de tais valores nas

condições de ocultação detectadas por

grande período de tempo.

Assim é porque a conduta subsequente de

manter os valores nas contas em questão,

à margem das autoridades monetárias

nacionais, tem ampla aptidão para,

adotados outros simples atos de

branqueamento – como, por exemplo, a

firmatura de contrato fraudulento de

consultoria com a offshore titular dos

ativos, ou através da celebração de

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empréstimo fraudulento, conhecido

doutrinariamente como “empréstimo de

regresso”, em que não há, em verdade,


JFRJ
devolução do capital “mutuado”, servindo Fls 1725
apenas para encobrir a repatriação do

valor, dando-lhe aparência de operação

lícita -, redundar na completa

reciclagem dos ativos criminosamente

obtidos e ocultados nas contas bancárias

em comento, permitindo seu gozo e

fruição desimpedidos, na economia

formal.

Evidente, portanto, que a manutenção dos

valores em condições de escondimento,

como ato posterior e subsequente – com

duração de vários anos – ao recebimento

da propina, se inseria em uma cadeia de

atos potencialmente provocadores do

sucesso da completa reciclagem do

proveito de infração de corrupção

passiva.”

Assim, expôs o Juízo que as condutas dos

percipientes não poderiam ser tidas como mero exaurimento

porque: (a) a imputação não era apenas de recebimento dos

valores em condições de ocultação; e (b) posteriormente

ao recebimento, a ocultação foi mantida, com a adoção de

efetivas cautelas com vistas a impedir que se detectasse

a titularidade e a natureza daqueles valores depositados

em contas controladas pelos corrompidos.

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Estas cautelas – essencialmente supressão de

envio de correspondência, pelas instituições bancárias,

por ordens dos corrompidos, e tratamento dos valores JFRJ


Fls 1726
apenas pessoalmente, por estes com os gerentes das

instituições, quando vinham ao Brasil – foram tidas pelo

Juízo como atos subsequentes e distintos do mero

recebimento, preordenados à manutenção da ocultação

criminosa.

Ilustrativamente, foram transcritas ementas de

precedentes de Cortes de Superposição em que externado

posicionamento idêntico.

Evidentemente, o embargante discorda da

caracterização das cautelas como materialização de atos

subsequentes com vistas à manutenção do escondimento, e

alega que estes não teriam ocorrido, motivo pelo qual, em

seu sentir, os julgados estariam a contradizer a

argumentação judicial.

Entretanto, a discordância dos critérios de

julgamento deve ser veiculada, como já dito, pelo

instrumento recursal adequado, perante quem de Direito.

Logo, verificando que improcede a argumentação

do embargante quanto à presença do agitado vício de

embargabilidade, os aclaratórios serão inacolhidos,

quanto ao tópico recursal em análise.

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II.1.1.2.4. OBSCURIDADE - FUNDAMENTAÇÃO –

MOMENTO DE SURGIMENTO DO OBJETO MATERIAL DO BRANQUEAMENTO

E VÍNCULO ESTABELECIDO NA IMPUTAÇÃO AO EMBARGANTE – ITEM JFRJ


Fls 1727
2.2.2.4.

Arrazoou o embargante que o Juízo teria

considerado se ter praticado o delito de lavagem de

ativos em dois momentos, dos quais o primeiro seria o

recebimento, por empregados públicos, de valores em

contas corrente mantidas no exterior, situação na qual o

Juízo teria entendido por possível que o branqueamento se

consumasse concomitantemente à corrupção passiva; alegou

que o Juízo teria considerado, como infração antecedente

da lavagem de ativos, os atos de corrupção, de maneira

que os primeiros teriam tido por objeto material os

valores recebidos pelos empregados públicos, e que, neste

passo, o proveito teria sido gerado em concomitância à

própria lavagem.

Articulou o embargante que, à vista de sua

compreensão do ato sentencial, o Juízo teria asseverado

que o objeto material da conduta de branqueamento não

teria surgido quando do recebimento dos valores pelos

empregados públicos, mas em momento imediatamente

subsequente, “quando o dinheiro pago já se encontra

“ocultado” na conta corrente do funcionário público e

passa a ostentar a feição ilícita.” (fls. 3958).

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Prosseguiu, sustentando que, no entanto, “o ato

atribuído ao EMBARGANTE, no próprio trecho citado, se

reduz ao pagamento dos valores, dado que, inclusive, JFRJ


Fls 1728
resultou na sua condenação pelo delito de corrupção

ativa, mas que, em tese, não poderia resultar na lavagem,

vinculada à corrupção passiva” (fls. 3958), e desfechou

que “o fundamento da condenação, no tocante ao

EMBARGANTE, no primeiro momento de lavagem de capitais,

se ostenta obscuro. Afinal, para fundamentar a sua

atribuição de culpa, a r. sentença, com todo respeito,

parece admitir sua responsabilidade simultânea pelo

pagamento da vantagem indevida, que constitui a corrupção

ativa, e pelo ato de recebimento desse valor, restrito à

corrupção passiva, que não lhe é imputável” (fls. 3958);

pugnou pelo aclaramento “da imputação ao EMBARGANTE no

tocante ao primeiro momento da lavagem de capitais

reconhecido na r. sentença.” (fls. 3958).

Em que pese o brilhantismo dos II. Patronos do

embargante, assim como as luzes de que se revestem suas

razões, de plano, perceptível que não se está diante de

verdadeira obscuridade; isto porque esta pressupõe

incompreensão do ato guerreado, a qual é incompatível com

discordância.

E, analisando as próprias razões recursais,

neste tópico, percebo que o embargante está, em

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realidade, a externar sua discordância do quanto foi

julgado.

JFRJ
Com efeito, ao aduzir que o Juízo pareceria
Fls 1729
admitir responsabilidade simultânea pelo pagamento das

vantagens e pelo seu recebimento, o embargante, em

realidade, está a dizer que, a seu aviso, não seria

correta a consideração de uma das formas de prática da

conduta de branqueamento de ativos, reconhecidas

sentencialmente como comprovadas: o recebimento dos

montantes, pelos corrompidos, em condições de ocultação.

Isto vem na esteira de tese defensiva já

exposta em sede de memoriais, no sentido de que não

haveria objeto material que pudesse servir à tipificação

das condutas sob a previsão na norma incriminadora da

conduta de lavagem de ativos; em outras palavras, o

embargante insurge-se, em realidade, contra a convicção

judicial de que sua conduta seria típica.

Assim sendo, não há, em realidade, obscuridade,

mas discordância dos critérios de julgamento, que deve

ser veiculada pelo instrumento recursal apto a promover

sua rediscussão – que não é, como consabido e cum

permissa, os embargos de declaração -, perante quem de

Direito.

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Seja como for, maxima venia concessa aos

Brilhantes Patronos do embargante, verifico que não há a

contradição apontada, como passo a expor. JFRJ


Fls 1730
No item 2.2.2.4. (fls. 3791/3808), como já

exposto linhas acima, o Juízo, antes de mais nada,

revisitou o quanto apurado em trechos anteriores, em que

aferidos positivamente atos de corrupção ativa – da parte

do embargante – e corrupção passiva – da parte de

empregados públicos por ele corrompidos -, e verificado

que geraram a estes últimos proveito financeiro;

recapitulou ainda que os corrompidos praticaram atos de

branqueamento de ativos, relativamente às vantagens

indevidas por eles recebidas, de duas formas: pelo

recebimento, em um primeiro momento, dos valores, no

exterior e em contas por eles controladas mas registradas

em nome de sociedades offshore, sem comunicação às

autoridades monetárias nacionais, e, num segundo momento,

pela manutenção dos montantes em condições que tais, com

adoção de cautelas específicas, voltadas a que não fosse

tal estado de coisas detectado.

Em seguida, o Juízo apreciou a conduta do

embargante propriamente dita, e asseverou a comprovação

de que praticou uma série de atos preparatórios – a

montagem de uma verdadeira estrutura financeira – para

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permitir o pagamento das vantagens aos corrompidos, sob

quadrantes de ocultação.

JFRJ
Especificamente quanto a estes atos iniciais, o
Fls 1731
Juízo entendeu que o embargante empreendeu acerto

financeiro com o grupo empresarial por ele representado,

por meio do qual recebia parcela majoritária dos

comissionamentos a ele devidos no exterior, em contas

registradas em nome de sociedades offshore com as quais

não havia contrato, e a partir das quais saíam os

pagamentos aos corrompidos.

Além disso exortou os corrompidos a abrirem

contas no exterior também registradas em nome de

sociedades offshore, para percepção das vantagens

indevidas.

Assim, ao efetuar os pagamentos, utilizando-se

consciente e especificamente destas contas adredemente

preparadas, ocultou o proveito dos atos de corrupção

então praticados, em um primeiro momento; e, em um

segundo momento, tendo em conta a manutenção do

escondimento, diretamente praticado pelos beneficiários

dos valores, tendo em vista que os instruiu a abrir as

contas e em como manter a ocultação, foi

responsabilizado, a título de auxílios material e moral

(art. 29 do CP).

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Logo, não é verdade, máxima vênia concessa,

que, em relação ao primeiro momento, a imputação tenha se

restringido à efetivação dos pagamentos, incluindo, JFRJ


Fls 1732
ainda, a montagem da estrutura financeira que, posta,

permitiu que a efetivação dos pagamentos pelo embargante

se fizesse em quadrantes de ocultação; o ponto é abordado

em detalhes em fls. 3799/3803v., demasiadamente extenso

para transcrição.

Tampouco procede a alegação, cum permissa, de

responsabilização pelos recebimentos dos montantes, estes

como atos de corrupção passiva, no primeiro momento das

condutas de lavagem de ativos, perpetradas pelo

embargante; a responsabilização, no primeiro momento e

como visto, diz com a realização dos pagamentos em

condições de escondimento – preparadas metodicamente por

meio da montagem da engenharia financeira que lhe

possibilitou.

E, especificamente quanto à alegação de falta

de objeto material da infração de branqueamento, o Juízo,

em direta apreciação da tese defensiva, assim fez

consignar (fls. 3805v./3807):

“Necessário enfrentar, por ora, objeções

apresentadas pela D. Defesa de JÚLIO

FAERMAN, ao enquadramento típico

encontrado pelo Juízo; vejamos.

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Primeiramente, JÚLIO FAERMAN alegou, em

seus memoriais derradeiros (fls.

3248/3251), que, em relação à imputação


JFRJ
de lavagem de ativos, faleceria objeto Fls 1733
material idôneo a sofrer sua conduta,

nos termos da tipificação proposta; isto

porque esta exigiria que as condutas de

escamoteamento incidissem sobre ativos

causalmente derivados de atividades

ilícitas, sendo certo que a conduta do

réu se teria limitado à efetivação dos

pagamentos, momento em que os valores

franqueados teriam origem em labor

lícito por ele desenvolvido, junto ao

grupo empresarial por ele representado

comercialmente.

Em que pesem o Brilhantismo do I.

Patrono do réu e as luzes de que se

revestem suas razões, com elas, data

máxima vênia, não posso concordar, pelas

razões que passo a expor.

Em primeiro lugar – e como já examinado

linhas acima -, a imputação ministerial

não é só no sentido de que JÚLIO FAERMAN

tenha feito pagamentos em condições de

escondimento, mas de que teria montado

verdadeira “estrutura financeira” (fls.

260), por meio da qual teria transferido

“milhões de dólares para contas de

empregados da Petrobrás, igualmente na

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Suíça, também em nome de empresas

offshore constituídas com auxílio dos

bancos suíços” (fls. 255), sendo certo


JFRJ
que tais ativos não teriam sido Fls 1734
declarados “às repartições federais

brasileiras competentes”, pelo que,

“provenientes de infração penal contra a

Administração Pública”, teriam tido “sua

natureza, origem, localização,

movimentação e propriedade ocultada e

dissimulada, inclusive com a utilização

de sociedades constituídas em paraísos

fiscais, em especial nas Ilhas Virgens

Britânicas” (fls. 265), tudo relativo

aos pagamentos feitos a PEDRO JOSÉ

BARUSCO FILHO e PAULO ROBERTO BUARQUE

CARNEIRO; há idêntica narrativa quanto

aos valores pagos a JORGE LUIZ ZELADA

(fls. 298/299).

Claro está que a perenização da

ocultação – com a manutenção dos ativos

nas condições de escondimento em que

recebidos, pelos corrompidos PEDRO JOSÉ

BARUSCO FILHO, PAULO ROBERTO BUARQUE

CARNEIRO e JORGE LUIS ZELADA – é

igualmente atribuível a JÚLIO FAERMAN,

ainda que não seja controlador das

contas, dado que prestou auxílios moral

e material à sua abertura e com tais

pessoas acertou o escamoteamento, tendo

às contas em questão direcionado

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deliberadamente os valores, sabendo que

lá seriam ocultados, tendo atuado com

este fim específico, pelo que pelo


JFRJ
resultado ilícito – o branqueamento - é Fls 1735
responsável, nos termos do art. 29 do

CP, como antes já exposto, relativamente

à perenização do escondimento.

Esta parcela da execução delitual – a

perenização - é posterior aos

recebimentos, e, com relação a ela,

jamais se poderia alegar que a conduta

estaria a incidir sobre ativos de origem

lícita, pois que, tendo sido pagos em

contexto de corrupção ativa – da parte

do pagador – e corrupção passiva – da

parte dos percipientes -, ostentam a

natureza de proveito de tais atividades

criminosas, derivando, portanto, de sua

prática, quadrantes nos quais firmemente

idôneo o objeto material da infração

penal.

Logo, em relação à atividade delitiva do

art. 1º, V, da Lei 9613/98 – executada,

quanto à parcela condizente com a

manutenção do escondimento, diretamente

pelos corrompidos e controladores das

contas em que recebidos os valores, mas

de responsabilidade igualmente de JÚLIO

FAERMAN, nos termos antes expostos (art.

29 do CP) – a conduta incidiu sobre

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objeto material dotado da natureza de

“valores provenientes” “diretamente” “de

infração penal”, não havendo que se


JFRJ
falar em ausência de objeto material Fls 1736
idôneo à tipificação cogitada.

Em segundo lugar, quanto à parcela de

execução delitual pertinente à feitura

dos pagamentos, verificou-se que o

acusado adotou diversos atos

preparatórios para que os desembolsos,

uma vez feitos, não fossem detectados, e

ocorressem escamoteadamente; quanto ao

ponto, é de se notar, primus, a montagem

da verdadeira “estrutura financeira”

tratada anteriormente, e, secundus, a

entabulação de acordo com os

representados comercialmente, por meio

do qual o próprio recebimento dos

valores de comissionamento, a ele pagos

pelo grupo empresarial por ele

representado – dos quais parcela era

paga aos corrompidos –, se dava de

maneira escamoteada.

Assim, quando, já acertado o esquema

ilícito com os corrompidos, efetuava

pagamentos, renovando o esquema, JÚLIO

FAERMAN, direcionava montantes que, de

plano, ostentavam a natureza de paga de

vantagens ilícitas, e, pois, produto de

tais infrações; sua canalização, em

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função de atos preparatórios

anteriormente realizados, a contas em

que sabia que o pagamento seria


JFRJ
escamoteado – pois que já havia disposto Fls 1737
isto mesmo com os recebedores,

instruindo-lhes e exortando-lhes à

abertura de contas idôneas ao

escamoteamento, e havia tratado com seus

representados comercialmente a percepção

de suas comissões de maneira secreta, a

possibilitar o posterior pagamento de

propinas de maneira indetectada –

caracteriza a conduta típica do art. 1º,

V, da Lei 9613/98.

A aquisição, por parte dos valores

pagos, da natureza de vantagens

indevidas – e, pois, produto de delitos

antecedentes – se dava concomitantemente

ao pagamento, e, tendo praticado

previamente atos que assegurariam que o

escamoteamento se desse exatamente

quando os pagamentos se processassem, a

conduta, em sua globalidade, é de

ocultação típica (art. 1º, V, da Lei

9613/98).

Importa salientar que não há exigência,

no tipo penal, que o objeto material, ao

longo da inteireza da efetivação de

todos os atos da conduta de

escamoteamento, já tenha sido, em

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momento anterior ao início do iter

criminis, marcado com a designação de

proveito de ilicitude.
JFRJ
É certo, outrossim, que o arquétipo do Fls 1738

ato de branqueamento costuma ser

construído com a prática da infração

antecedente, com um momento consumativo

instantâneo, claro e determinado,

seguido de atos nitidamente

subsequentes, em sua integralidade, e

que se destinam a promover a ocultação

do proveito criminosamente gerado com a

infração antecedente; este estereótipo

da conduta de branqueamento, contudo,

tem como fim possibilitar a compreensão

de uma infração penal de tipificação

razoavelmente recente e de ainda

limitada aplicação nos Tribunais, e que

incide, ademais, sobre fatos usualmente

complexos em sua ontologia, como

realidade sociológica de reduzida

compreensão social.

É, assim, a construção teórica uma forma

de facilitar o entendimento da mecânica

ontológica de fatos a cuja repressão se

preordena a norma penal incriminadora em

tela, mas não esgota, de maneira

nenhuma, seu âmbito fático de

incidência.

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A uma, porque o tipo em tela não exige,

em seu fraseamento, que haja nítida

separação temporal entre a infração


JFRJ
penal geradora dos proveitos branqueados Fls 1739
e os atos de escamoteamento, com marcada

sucessão da ocorrência daquela por estes

últimos; de igual modo, não se vislumbra

qualquer razão, pertinente ao bem

jurídico em tutela ou alguma

determinação de cunho constitucional,

que implique em que se compreenda haver

exigência que tal na norma incriminadora

em estudo.

Veja-se, a propósito, que a norma em

questão apenas exige que o objeto

material seja “bens, direitos ou valores

provenientes, direta ou indiretamente,

de infração penal”, sendo certo que a

palavra “antecedente” – a qualificar a

infração geradora do objeto maetrial -

nem sequer é empregada; trata-se,

contudo - a terminologia “infração

antecedente” - de contribuição

doutrinária, derivada da compreensão do

branqueamento nos lindes da construção

teórica arquetípica, acima exposta – de

separação temporal nítida entre infração

geradora dos proveitos e branqueamento,

com clara superveniência deste àquela.

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O tipo, pelo contrário, exige apenas que

o objeto material tenha sido

proveniente, gerado, por infração penal


JFRJ
outra, cujo momento consumativo pode ser Fls 1740
até – em dados casos – concomitante.

A duas, porque a realidade dos fatos

sociais – à qual se destina a aplicação

do tipo em análise – é muito rica, com

múltiplas possibilidades de conformação

temporal das condutas, de maneira que

restaria a incriminação, em larga

medida, esvaziada, pois vulnerável à

configuração da conduta criminosa com

vistas à circunavegação de seu âmbito de

proibição, caso se compreendesse a

tipificação somente em vista de fatos

que se assemelhassem ao arquétipo

doutrinal acima tratado.

E, por óbvio, a compreensão de uma

conduta penalmente típica sob quadrantes

de fácil burla é postura interpretativa

esvaziadora da proteção ao bem jurídico

tutelado pela tipificação, e que incore,

ipso facto, em desproporcionalidade –

violação ao postulado constitucional do

devido processo legal material (art. 5º,

LIV, da CR/88) -, pela via da erosão da

proteção legal, transformando-a em

deficiente.

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Note-se que, no caso em análise, as

próprias condutas de corrupção tratadas

se afastaram do arquétipo de que


JFRJ
normalmente se tem notícia – com Fls 1741
consumação e exaurimento temporalmente

demarcados de forma nítida e instantânea

-, tendo havido, pelo contrário,

prorrogação de tais momentos, ante os

elucidados contornos das empreitadas

criminosas, pois que houve sucessivos

pagamentos, materializando ofertas de

persistência do esquema de vantagens

indevidas em troca de favorecimentos aos

representados comercialmente pelos

pagadores, com duração, em alguns casos,

de décadas.

Em relação ao branqueamento dos

proveitos de tais fatos – e estritamente

em relação aos pagamentos, pois que a

perenização da ocultação, pela

manutenção dos ativos em condições de

escamoteamento, já foi tratada acima, e

mantida a tipicidade do agir de JÚLIO

FAERMAN – vê-se que diversos atos da

conduta de branqueamento foram

praticados antes mesmo dos pagamentos;

estes atos, antes do pagamento, eram

evidentemente preparatórios, pois que

não havia – aqui sim – objeto material a

ser branqueado, e, caso não tivessem

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ocorrido os desembolsos das propinas,

não haveria neles tipicidade.

Posteriormente, com os pagamentos, o


JFRJ
montante de propina adquiria a condição Fls 1742

de proveito de ato de corrupção, com seu

direcionamento a contas controladas

pelos corrompidos – servindo, neste

momento, como idôneo objeto material de

conduta de branqueamento.

Ocorre que, diante dos atos prévios

praticados – criação da estrutura

financeira –, o pagamento, direcionado

deliberadamente às contas controladas

pelos corrompidos, caracterizava

igualmente escondimento da propriedade e

natureza de seu recebimento, incidindo

sobre os montantes de propina que, como

tal, já haviam adquirido a natureza de

proveito de infração penal.

A situação, em verdade, se assemelha a

outro crime qualquer em que parcela dos

atos se tenha dado antes da constância

das condições tais em que se tenha dado

a consumação do crime – em preparação

para sua possibilitação -, o que, no

entanto, não afasta a adequação típica

do agir.

Assim é que não se haverá de arguir de

atípica a conduta de alguém que,

prevendo estar um logradouro público

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cheio de pessoas, com certo tempo de

antecedência, ali instale velado

dispositivo explosivo, com arquitetado


JFRJ
acionamento para aquele momento; no Fls 1743
momento da conduta não estavam presentes

as condições de consumação, mas pelo

engenho do sujeito ativo, preparou

maquinismo e pôs em marcha cadeia fática

que, no momento tencionado, provoca

morte de pessoas, não havendo que se

falar em impossibilidade de

responsabilização.

Mantenho, por conseguinte, a conclusão

anteriormente alcançada, quanto à

idoneidade do objeto material à

tipificação cogitada.”

Consequentemente, maxima venia concessa, a

argumentação do recorrente improcede, pelo que seus

aclaratórios, quanto ao tópico, serão inacolhidos.

II.1.1.2.5. OMISSÃO – ANÁLISE DE TESE DEFENSIVA

– AUSÊNCIA DE VALORES COM APARÊNCIA DE ILICITUDE APTOS A

SEREM SUBMETIDOS A OPERAÇÃO DE LAVAGEM – ITEM 2.2.2.4.

Referiu o embargante que o Juízo teria deixado

de apreciar tese defensiva, integrante de seus memoriais

derradeiros, em seu item III.2., no sentido de que não

teria concorrido, aos fatos em causa, objeto material

idôneo a servir à conduta de branqueamento, e identificou

trecho em que a apreciação teria sido feita a respeito da

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aparência de ilicitude dos montantes sobre os quais

incidiu a conduta.

JFRJ
Requereu o aclaramento da omissão.
Fls 1744

Analisando o item de que se queixa o embargante

– item 2.2.2.4. (fls. 3791/3808) -, percebo que, cum

permissa, a omissão inexiste; de fato, a tese em questão

– suposta inexistência de objeto material apto a sofrer a

conduta de branqueamento – foi expressamente enfrentada.

A propósito, colhe-se de fls. 3805v./3807:

“Necessário enfrentar, por ora, objeções

apresentadas pela D. Defesa de JÚLIO

FAERMAN, ao enquadramento típico

encontrado pelo Juízo; vejamos.

Primeiramente, JÚLIO FAERMAN alegou, em

seus memoriais derradeiros (fls.

3248/3251), que, em relação à imputação

de lavagem de ativos, faleceria objeto

material idôneo a sofrer sua conduta,

nos termos da tipificação proposta; isto

porque esta exigiria que as condutas de

escamoteamento incidissem sobre ativos

causalmente derivados de atividades

ilícitas, sendo certo que a conduta do

réu se teria limitado à efetivação dos

pagamentos, momento em que os valores

franqueados teriam origem em labor

lícito por ele desenvolvido, junto ao

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grupo empresarial por ele representado

comercialmente.

Em que pesem o Brilhantismo do I.


JFRJ
Patrono do réu e as luzes de que se Fls 1745

revestem suas razões, com elas, data

máxima vênia, não posso concordar, pelas

razões que passo a expor.

Em primeiro lugar – e como já examinado

linhas acima -, a imputação ministerial

não é só no sentido de que JÚLIO FAERMAN

tenha feito pagamentos em condições de

escondimento, mas de que teria montado

verdadeira “estrutura financeira” (fls.

260), por meio da qual teria transferido

“milhões de dólares para contas de

empregados da Petrobrás, igualmente na

Suíça, também em nome de empresas

offshore constituídas com auxílio dos

bancos suíços” (fls. 255), sendo certo

que tais ativos não teriam sido

declarados “às repartições federais

brasileiras competentes”, pelo que,

“provenientes de infração penal contra a

Administração Pública”, teriam tido “sua

natureza, origem, localização,

movimentação e propriedade ocultada e

dissimulada, inclusive com a utilização

de sociedades constituídas em paraísos

fiscais, em especial nas Ilhas Virgens

Britânicas” (fls. 265), tudo relativo

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aos pagamentos feitos a PEDRO JOSÉ

BARUSCO FILHO e PAULO ROBERTO BUARQUE

CARNEIRO; há idêntica narrativa quanto


JFRJ
aos valores pagos a JORGE LUIZ ZELADA Fls 1746
(fls. 298/299).

Claro está que a perenização da

ocultação – com a manutenção dos ativos

nas condições de escondimento em que

recebidos, pelos corrompidos PEDRO JOSÉ

BARUSCO FILHO, PAULO ROBERTO BUARQUE

CARNEIRO e JORGE LUIS ZELADA – é

igualmente atribuível a JÚLIO FAERMAN,

ainda que não seja controlador das

contas, dado que prestou auxílios moral

e material à sua abertura e com tais

pessoas acertou o escamoteamento, tendo

às contas em questão direcionado

deliberadamente os valores, sabendo que

lá seriam ocultados, tendo atuado com

este fim específico, pelo que pelo

resultado ilícito – o branqueamento - é

responsável, nos termos do art. 29 do

CP, como antes já exposto, relativamente

à perenização do escondimento.

Esta parcela da execução delitual – a

perenização - é posterior aos

recebimentos, e, com relação a ela,

jamais se poderia alegar que a conduta

estaria a incidir sobre ativos de origem

lícita, pois que, tendo sido pagos em

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contexto de corrupção ativa – da parte

do pagador – e corrupção passiva – da

parte dos percipientes -, ostentam a


JFRJ
natureza de proveito de tais atividades Fls 1747
criminosas, derivando, portanto, de sua

prática, quadrantes nos quais firmemente

idôneo o objeto material da infração

penal.

Logo, em relação à atividade delitiva do

art. 1º, V, da Lei 9613/98 – executada,

quanto à parcela condizente com a

manutenção do escondimento, diretamente

pelos corrompidos e controladores das

contas em que recebidos os valores, mas

de responsabilidade igualmente de JÚLIO

FAERMAN, nos termos antes expostos (art.

29 do CP) – a conduta incidiu sobre

objeto material dotado da natureza de

“valores provenientes” “diretamente” “de

infração penal”, não havendo que se

falar em ausência de objeto material

idôneo à tipificação cogitada.

Em segundo lugar, quanto à parcela de

execução delitual pertinente à feitura

dos pagamentos, verificou-se que o

acusado adotou diversos atos

preparatórios para que os desembolsos,

uma vez feitos, não fossem detectados, e

ocorressem escamoteadamente; quanto ao

ponto, é de se notar, primus, a montagem

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da verdadeira “estrutura financeira”

tratada anteriormente, e, secundus, a

entabulação de acordo com os


JFRJ
representados comercialmente, por meio Fls 1748
do qual o próprio recebimento dos

valores de comissionamento, a ele pagos

pelo grupo empresarial por ele

representado – dos quais parcela era

paga aos corrompidos –, se dava de

maneira escamoteada.

Assim, quando, já acertado o esquema

ilícito com os corrompidos, efetuava

pagamentos, renovando o esquema, JÚLIO

FAERMAN, direcionava montantes que, de

plano, ostentavam a natureza de paga de

vantagens ilícitas, e, pois, produto de

tais infrações; sua canalização, em

função de atos preparatórios

anteriormente realizados, a contas em

que sabia que o pagamento seria

escamoteado – pois que já havia disposto

isto mesmo com os recebedores,

instruindo-lhes e exortando-lhes à

abertura de contas idôneas ao

escamoteamento, e havia tratado com seus

representados comercialmente a percepção

de suas comissões de maneira secreta, a

possibilitar o posterior pagamento de

propinas de maneira indetectada –

caracteriza a conduta típica do art. 1º,

V, da Lei 9613/98.

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A aquisição, por parte dos valores

pagos, da natureza de vantagens

indevidas – e, pois, produto de delitos


JFRJ
antecedentes – se dava concomitantemente Fls 1749
ao pagamento, e, tendo praticado

previamente atos que assegurariam que o

escamoteamento se desse exatamente

quando os pagamentos se processassem, a

conduta, em sua globalidade, é de

ocultação típica (art. 1º, V, da Lei

9613/98).

Importa salientar que não há exigência,

no tipo penal, que o objeto material, ao

longo da inteireza da efetivação de

todos os atos da conduta de

escamoteamento, já tenha sido, em

momento anterior ao início do iter

criminis, marcado com a designação de

proveito de ilicitude.

É certo, outrossim, que o arquétipo do

ato de branqueamento costuma ser

construído com a prática da infração

antecedente, com um momento consumativo

instantâneo, claro e determinado,

seguido de atos nitidamente

subsequentes, em sua integralidade, e

que se destinam a promover a ocultação

do proveito criminosamente gerado com a

infração antecedente; este estereótipo

da conduta de branqueamento, contudo,

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tem como fim possibilitar a compreensão

de uma infração penal de tipificação

razoavelmente recente e de ainda


JFRJ
limitada aplicação nos Tribunais, e que Fls 1750
incide, ademais, sobre fatos usualmente

complexos em sua ontologia, como

realidade sociológica de reduzida

compreensão social.

É, assim, a construção teórica uma forma

de facilitar o entendimento da mecânica

ontológica de fatos a cuja repressão se

preordena a norma penal incriminadora em

tela, mas não esgota, de maneira

nenhuma, seu âmbito fático de

incidência.

A uma, porque o tipo em tela não exige,

em seu fraseamento, que haja nítida

separação temporal entre a infração

penal geradora dos proveitos branqueados

e os atos de escamoteamento, com marcada

sucessão da ocorrência daquela por estes

últimos; de igual modo, não se vislumbra

qualquer razão, pertinente ao bem

jurídico em tutela ou alguma

determinação de cunho constitucional,

que implique em que se compreenda haver

exigência que tal na norma incriminadora

em estudo.

Veja-se, a propósito, que a norma em

questão apenas exige que o objeto

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material seja “bens, direitos ou valores

provenientes, direta ou indiretamente,

de infração penal”, sendo certo que a


JFRJ
palavra “antecedente” – a qualificar a Fls 1751
infração geradora do objeto maetrial -

nem sequer é empregada; trata-se,

contudo - a terminologia “infração

antecedente” - de contribuição

doutrinária, derivada da compreensão do

branqueamento nos lindes da construção

teórica arquetípica, acima exposta – de

separação temporal nítida entre infração

geradora dos proveitos e branqueamento,

com clara superveniência deste àquela.

O tipo, pelo contrário, exige apenas que

o objeto material tenha sido

proveniente, gerado, por infração penal

outra, cujo momento consumativo pode ser

até – em dados casos – concomitante.

A duas, porque a realidade dos fatos

sociais – à qual se destina a aplicação

do tipo em análise – é muito rica, com

múltiplas possibilidades de conformação

temporal das condutas, de maneira que

restaria a incriminação, em larga

medida, esvaziada, pois vulnerável à

configuração da conduta criminosa com

vistas à circunavegação de seu âmbito de

proibição, caso se compreendesse a

tipificação somente em vista de fatos

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que se assemelhassem ao arquétipo

doutrinal acima tratado.

E, por óbvio, a compreensão de uma


JFRJ
conduta penalmente típica sob quadrantes Fls 1752

de fácil burla é postura interpretativa

esvaziadora da proteção ao bem jurídico

tutelado pela tipificação, e que incore,

ipso facto, em desproporcionalidade –

violação ao postulado constitucional do

devido processo legal material (art. 5º,

LIV, da CR/88) -, pela via da erosão da

proteção legal, transformando-a em

deficiente.

Note-se que, no caso em análise, as

próprias condutas de corrupção tratadas

se afastaram do arquétipo de que

normalmente se tem notícia – com

consumação e exaurimento temporalmente

demarcados de forma nítida e instantânea

-, tendo havido, pelo contrário,

prorrogação de tais momentos, ante os

elucidados contornos das empreitadas

criminosas, pois que houve sucessivos

pagamentos, materializando ofertas de

persistência do esquema de vantagens

indevidas em troca de favorecimentos aos

representados comercialmente pelos

pagadores, com duração, em alguns casos,

de décadas.

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Em relação ao branqueamento dos

proveitos de tais fatos – e estritamente

em relação aos pagamentos, pois que a


JFRJ
perenização da ocultação, pela Fls 1753
manutenção dos ativos em condições de

escamoteamento, já foi tratada acima, e

mantida a tipicidade do agir de JÚLIO

FAERMAN – vê-se que diversos atos da

conduta de branqueamento foram

praticados antes mesmo dos pagamentos;

estes atos, antes do pagamento, eram

evidentemente preparatórios, pois que

não havia – aqui sim – objeto material a

ser branqueado, e, caso não tivessem

ocorrido os desembolsos das propinas,

não haveria neles tipicidade.

Posteriormente, com os pagamentos, o

montante de propina adquiria a condição

de proveito de ato de corrupção, com seu

direcionamento a contas controladas

pelos corrompidos – servindo, neste

momento, como idôneo objeto material de

conduta de branqueamento.

Ocorre que, diante dos atos prévios

praticados – criação da estrutura

financeira –, o pagamento, direcionado

deliberadamente às contas controladas

pelos corrompidos, caracterizava

igualmente escondimento da propriedade e

natureza de seu recebimento, incidindo

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sobre os montantes de propina que, como

tal, já haviam adquirido a natureza de

proveito de infração penal.


JFRJ
A situação, em verdade, se assemelha a Fls 1754

outro crime qualquer em que parcela dos

atos se tenha dado antes da constância

das condições tais em que se tenha dado

a consumação do crime – em preparação

para sua possibilitação -, o que, no

entanto, não afasta a adequação típica

do agir.

Assim é que não se haverá de arguir de

atípica a conduta de alguém que,

prevendo estar um logradouro público

cheio de pessoas, com certo tempo de

antecedência, ali instale velado

dispositivo explosivo, com arquitetado

acionamento para aquele momento; no

momento da conduta não estavam presentes

as condições de consumação, mas pelo

engenho do sujeito ativo, preparou

maquinismo e pôs em marcha cadeia fática

que, no momento tencionado, provoca

morte de pessoas, não havendo que se

falar em impossibilidade de

responsabilização.

Mantenho, por conseguinte, a conclusão

anteriormente alcançada, quanto à

idoneidade do objeto material à

tipificação cogitada.”

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Consequentemente, maxima venia concessa, a

argumentação do recorrente improcede, pelo que seus

aclaratórios, quanto ao tópico, serão inacolhidos. JFRJ


Fls 1755
II.1.1.2.6. CONTRADIÇÃO - FUNDAMENTAÇÃO –

INTENÇÃO POR TRÁS DOS ATOS DE OCULTAÇÃO – ITEM 2.2.2.4.

Aduziu o embargante que o Juízo, no item

sentencial em questão, teria afastado tese defensiva, no

sentido de ter inexistido motivação sua de escondimento

dos valores, mas que, “apesar de atribuir ao EMBARGANTE a

prática do crime de lavagem de capitais, o dolo que lhe é

atribuído não condiz com o elemento subjetivo do tipo

penal, que supõe o interesse de reciclar o proveito do

delito” (fls. 3960), o que teria sido “assumido na

própria r. sentença” (fls. 3960).

Externou que o dolo reconhecido pelo Juízo

seria, portanto, de ocultação da prática do delito de

corrupção ativa, o que “reafirma as teses de defesa de

consunção e ausência de elemento subjetivo, expostas em

alegações finais” (fls. 3961), pelo que pediu fosse o

quadro aclarado.

De plano, é possível perceber que, em

realidade, não há qualquer contradição, a qual pressupõe,

como já exposto alhures, incompreensão, causada por dois

ou mais trechos sentenciais que se contradigam, de

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maneira a que seja impossível depreender o teor da

apreciação judicial.

JFRJ
Assim, por exemplo, quando, em sede de
Fls 1756
fundamentação, o Juízo entende por comprovadas

materialidade e autoria do fato, assenta sua tipicidade,

sua antijuridicidade e culpabilidade do réu, mas, no

dispositivo, termina por absolvê-lo, sob fundamento de

incomprovação do fato (art. 386, II, do CPP); o resultado

é a perplexidade do leitor, que não consegue perceber,

alfim, qual a verdadeira conclusão judicial, ante a

exposição de duas mutuamente excludentes.

Maxima vênia concessa aos II. Patronos do

embargante, não é o que se percebe de sua própria

argumentação, que demonstra haver, em verdade,

discordância dos critérios de julgamento; isto porque o

embargante crê que determinado trecho sentencial

reafirmaria “teses de defesa de consunção e ausência de

elemento subjetivo, expostas em alegações finais” (fls.

3961).

E, por imposição lógica insuperável, se

discorda do julgamento – cujas supostas premissas

imporiam que se esposasse conclusão favorável a suas

teses, segundo enxerga as coisas -, é porque o

compreendeu, o que, por sua vez, afasta a possibilidade

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de que se esteja diante de contradição enquanto vício

embargável.

JFRJ
Seja como for, perscrutando os trechos de que
Fls 1757
se queixa o embargante, se verifica que não há, em

realidade, qualquer contradição, como passo a expor.

Para o que mais de perto interessa à apreciação

dos temas suscitados neste tópico recursal, no item

sentencial 2.2.2.4. (fls. 3791/3808), como já exposto

linhas acima, o Juízo, antes de mais nada, revisitou o

quanto apurado em trechos anteriores, em que aferidos

positivamente atos de corrupção ativa – da parte do

embargante – e corrupção passiva – da parte de empregados

públicos por ele corrompidos -, e verificado que geraram

a estes últimos proveito financeiro; recapitulou ainda

que os corrompidos praticaram atos de branqueamento de

ativos, relativamente às vantagens indevidas por eles

recebidas, de duas formas: pelo recebimento, em um

primeiro momento, dos valores, no exterior, em contas por

eles controladas mas registradas em nome de sociedades

offshore, sem comunicação às autoridades monetárias

nacionais, e, num segundo momento, pela manutenção dos

montantes em condições que tais, com adoção de cautelas

específicas, voltadas a que não fosse tal estado de

coisas detectado.

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Em seguida, o Juízo apreciou a conduta do

embargante propriamente dita, e asseverou a comprovação

de que praticou uma série de atos preparatórios – a JFRJ


Fls 1758
montagem de uma verdadeira estrutura financeira – para

permitir o pagamento das vantagens aos corrompidos, sob

quadrantes de ocultação.

Especificamente em relação a tais atos, o Juízo

entendeu que o embargante empreendeu acerto financeiro

com o grupo empresarial por ele representado, por meio do

qual recebia parcela majoritária dos comissionamentos a

ele devidos no exterior, em contas registradas em nome de

sociedades offshore com as quais não havia contrato, e a

partir das quais saíam os pagamentos aos corrompidos.

Além disso exortou os corrompidos a abrirem

contas no exterior também registradas em nome de

sociedades offshore, para percepção das vantagens

indevidas.

Assim, ao efetuar os pagamentos, utilizando-se

consciente e especificamente destas contas adredemente

preparadas, diretamente ocultou o proveito dos atos de

corrupção então praticados, em um primeiro momento; e, em

um segundo momento, por meio da manutenção do

escondimento, diretamente praticado pelos beneficiários

dos valores, tendo em vista que os exortou e instruiu a

abrir as contas, ensinando-lhes como manter a ocultação,

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foi por tais fatos responsabilizado, a título de auxílios

material e moral (art. 29 do CP).

JFRJ
O Juízo reconheceu, a respeito do dolo do
Fls 1759
embargante, que se dirigia à ocultação do proveito das

infrações, visando assegurar aos corrompidos o proveito

então gerado e impedir que fossem responsabilizados todos

pelos ilícitos que o geraram.

Isto resta evidenciado, dentre diversos outros,

do seguinte trecho (fls. 3799/3799v.):

“JÚLIO FAERMAN – por vezes junto de LUÍS

EDUARDO CAMPOS BARBOSA DA SILVA, cuja

responsabilidade será apreciada em

tópico próprio, mais adiante – efetuou

todos os pagamentos dos valores

ocultados, tanto que, como apreciado nos

itens sentenciais pertinentes, restou

condenado, linhas acima, por

infringência ao art. 333, caput, do CP,

nos casos das monoboias da PRA-1 (item

2.2.1.6.), do FPSO P-57 (item 2.2.1.8.)

e do afretamento do navio CAMPOS

TRANSPORTER (item 2.2.1.11.), e foi

igualmente responsabilizado por

infringência ao art. 333, § único, do

CP, em relação aos FPSOs

Espadarte/Cidade de Anchieta (item

2.2.1.2.) e Brasil (item 2.2.1.3.), além

do caso do turret da P-53 (item

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2.2.1.7.) e do fornecimento de

documentos sigilosos (item 2.2.1.9.).

Os pagamentos, outrossim, eram


JFRJ
deliberadamente direcionados às contas Fls 1760

em questão, controladas pelos

recebedores PAULO ROBERTO BUARQUE

CARNEIRO, JORGE LUIZ ZELADA e PEDRO JOSÉ

BARUSCO FILHO, mantidas no exterior sem

comunicação às autoridades nacionais, e

registradas em nome de sociedades

offshore, o que, como visto acima, não

tinha outro propósito que não o

escondimento do fluxo financeiro, dado

que os montantes eram produto de delitos

de corrupção passiva – do ponto de vista

dos recebedores – e de corrupção ativa –

do ponto de vista do pagador JÚLIO

FAERMAN -, de maneira a evitar a

detecção das infrações antecedentes e

assegurar seu proveito.

(...)

Adicionalmente, a conduta de JÚLIO

FAERMAN não se limitava ao

direcionamento deliberado dos valores a

contas em que sabia o pagamento restaria

ocultado – e, pois, impercebidas as

infrações de corrupção: as contas

controladas pelos recebedores e

registradas em nome de sociedades

offshore, nas quais os montantes foram

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recebidos, haviam sido abertas conforme

exortação e instruções do próprio JÚLIO

FAERMAN, como preparação para que os


JFRJ
pagamentos, uma vez feitos – a Fls 1761
materializar atos de corrupção -,

restassem incógnitos.”

Nota-se que o Juízo não acolheu a tese de ser

necessária a comprovação de elemento subjetivo do tipo,

enquanto especial fim de agir, tal como postulado pelo

embargante, e entendeu o tipo subjetivo como integrado

apenas pelo dolo, enquanto consciência e vontade (art.

18, I, do CP) dirigidas à prática da conduta típica, e

recobrindo todos os seus elementos.

Isto porque, após apreciar os fatos

subjacentes, concluiu, a respeito do agir do embargante e

apreciadas todas as infrações de branqueamento praticadas

(fls. 3805v.):

“A unicidade de contexto de todos os

atos executivos, por conseguinte, impõe

que os doze fatos – tipificados como

branqueamento de ativos (art. 1º, V, da

Lei 9613/98 c/c art. 29 do CP) – sejam

considerados como praticados em

condições de concurso formal (art. 70 do

CP), pois que materializados em uma

única conduta.”

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O trecho sentencial que alega o embargante

seria contraditório com esta compreensão – transcrito em

fls. 3960/3961 e que se encontra, no ato guerreado, em JFRJ


Fls 1762
fls. 3796 - não tem, máxima vênia concessa, o sentido

pretendido.

Isto porque, ali, estava o Juízo a rechaçar

tese defensiva, encontrada em sede de memoriais, no

sentido de que, sem a completude do ciclo de lavagem de

ativos, enquanto construção doutrinária, não haveria, em

realidade, a perfectibilização da infração, a qual

demandaria que se percorressem todas as etapas do iter

teórico culminante com a reciclagem do ativo de origem

criminosa.

O Juízo, então, entendeu que a norma penal

incriminadora não fazia esta exigência, e que

considerações pertinentes ao bem jurídico tutelado

demandavam que não se erigisse tal obstáculo à sua

incidência.

Não tratou, assim, o Juízo do elemento

subjetivo do embargante, o que foi apreciado em trechos

outros, e nos quais, como já se expôs, não se acolheu a

tese defensiva da necessidade de comprovação de elemento

subjetivo, enquanto especial fim de agir, para a

incidência da cogitada tipificação.

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De outro norte, o tema da suposta

caracterização das condutas como mero exaurimento dos

delitos anteriores foi apreciada em detalhes (fls. JFRJ


Fls 1763
3796v./3799 e 3807/3807v.), com fundamentado rechaço da

tese defensiva.

Percebe-se, assim, inexistir, em realidade, a

agitada contradição, pelo que improcede, cum permissa, a

argumentação defensiva exposta no tópico em apreciação,

razão pela qual serão os aclaratórios, quanto ao ponto,

inacolhidos.

II.1.1.2.7. OMISSÃO – TESE DEFENSIVA –

INAPLICABILIDADE DA MAJORANTE DO ART. 1º, §4º, DA LEI

9613/98 – ITEM 2.2.2.4.

Alegou o embargante que teria o Juízo deixado,

no item sentencial 2.2.2.4., de apreciar tese defensiva

manejada no tópico “IV.3” de seus memoriais derradeiros,

que se voltaria contra a incidência da majoração de pena

que lhe foi imposta, com fulcro no art. 1º, §4º, da Lei

9613/98.

Cum permissa, perscrutando o trecho sentencial

de que se queixa o embargante, percebo que não há omissão

a ser reparada, como passo a expor.

O embargante, em seus derradeiros memoriais,

mais especificamente no tópico ”IV.3.c.” (fls. 3289/3292)

pleiteava que não lhe fosse aplicada, em caso de

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condenação pelo delito de branqueamento de ativos, a

causa de aumento de pena em cogitação.

JFRJ
Teceu o embargante argumentação, em rechaço à
Fls 1764
norma e naquela oportunidade, em primeiro lugar, por

entender que não seria viável sua incidência sob a

consideração de se ter operado o branqueamento por

intermédio de organização criminosa (fls. 3289/3290),

tema que não tem relação com o tópico de seus

aclaratórios em apreciação, dado que o Juízo não teve a

norma incidente sob tal fundamento.

A seguir, expôs argumentação que, a seu aviso,

afastaria a incidência da majorante em causa, sob o signo

da reiteração do cometimento da infração, por meio de

atos de habitualidade.

Expôs que, a seu sentir, não haveria que se

falar em habitualidade na prática da infração – a qual,

ao ver do Ministério Público, teria sido cometida por

mais de trezentas vezes, uma por cada transferência

bancária de conta controlada pelo embargante para conta

controlada pelos empregados públicos por ele corrompidos.

Isto porque, a seu aviso, para além de atípicos

os atos, teria sido narrada pelo Ministério Público a

ocorrência de “hipótese única de crime continuado” (fls.

3291).

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Concluiu que, em caso de condenação, não

deveria incidir a majoração, mas apenas a continuidade

delitiva, a unir todas as ocorrências imputadas. JFRJ


Fls 1765
Pois bem: no item 2.2.2.4. (fls. 3791/3808), o

Juízo apreciou as imputações de lavagem de ativos,

direcionadas ao embargante; concluiu, depois de analisar

fatos, provas e teses, que foi por ele praticada a

conduta descrita no art. 1º, V, da Lei 9613/98, c/c art.

29 do CP, por doze vezes, na forma do art. 70 do CP.

Quanto à multiplicidade de condutas – que o

Ministério Público queria fossem infrações distintas, e o

embargante pleiteava fossem consideradas uma série de

continuidade delitiva -, o Juízo, de forma detalhada

(fls. 3803v./3805v.), expôs argumentação no sentido de

que o ocorrido haveria de ser considerado um crime

plurissubsistente – isto é, praticada a conduta por meio

de múltiplos atos executivos -, a cada proveito de

infração de corrupção branqueado, o que redundava na

consideração de que, tendo sido ocultado o proveito de

doze infrações de corrupção, doze foram as de

branqueamento.

Outrossim, ainda naquele trecho sentencial, o

Juízo considerou que as doze condutas foram praticadas em

unidade contextual, pelo que todas estavam unidas não por

liame de continuidade delitiva – como pleiteava o

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embargante e se opunha o Ministério Público -, mas de

concurso formal, o qual, pela escala de afetação da

reprimenda (art. 70 do CP), é mais benéfico do que a JFRJ


Fls 1766
continuidade delitiva (art. 71 do CP) pleiteada pelo

embargante.

Em seguida, e após rechaçar objeções

defensivas a tais conclusões (fls. 3805v./3808) e expor

que a conduta, além de típica, foi ilícita e por ela o

réu culpável, o Juízo passou a se ocupar de

circunstâncias impactantes sobre a devida reprimenda,

segundo o critério trifásico esposado pelo art. 68 do CP

(fls. 3808), em adiantamento do processo dosimétrico,

então a ser empreendido em sede de dispositivo.

A impactar na terceira fase, foi reconhecido

que (fls. 3808):

“Na terceira fase, julgo que haverá de

incidir a causa especial de aumento do

art. 1º, §4º, da Lei 9613/98, em seu

patamar mínimo, já que a ocultação se

deu por meio da prática habitual,

reiterada de múltiplos atos executivos,

ao longo do dilargado tempo de duração

da ocultação; não haverá incremento em

fração superior, no entanto, tendo em

conta inexistir elementos nos autos que

o determinem.”

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Pois bem: o reconhecimento da multiplicidade de

atos de execução foi empreendido quando aferida a

quantidade de infrações praticadas, como acima visto; JFRJ


Fls 1767
naquele momento, foi esposada conclusão distinta da que

pleiteavam o embargante e o Ministério Público, e julgou-

se haver doze infrações, cada uma praticada por meio de

múltiplos atos executivos, em concurso formal.

E, como corolário desta multiplicidade de atos

executivos – tal como amplamente fundamentado – é que,

quando da apreciação de circunstâncias impactantes sobre

a dosagem da reprimenda a ser imposta em relação a cada

uma das infrações de branqueamento praticadas – unidas

todas por concurso formal -, o Juízo entendeu que estava

justificada a incidência da causa de aumento de pena.

Logo se vê, por conseguinte, que a tese não foi

omitida, mas apreciada e fundamentadamente rechaçada;

inexistente, portanto, o vício de que se queixa o

embargante, seus aclaratórios serão, quanto a este tópico

recursal, inacolhidos.

II.1.1.2.8. CONTRADIÇÃO – LICITUDE DOS VALORES

RECEBIDOS PELO EMBARGANTE NO EXTERIOR, NO ITEM 2.2.3., E

A FUNDAMENTAÇÃO EMPREGADA PARA CONDENAÇÃO PELO DELITO DE

LAVAGEM, NO ITEM 2.2.2.4

O embargante argumentou que, no item sentencial

2.2.3., o Juízo teria reconhecido expressamente a

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licitude de montantes por ele recebidos no exterior, como

fruto de sua relação de representação comercial mantida

com o Grupo SBM, mas que teria reputado, no item JFRJ


Fls 1768
2.2.2.4., sem cabimento tese defensiva de que pagamentos

por ele efetuados fora do País se teriam dado por

conveniência, por lá deles dispor em função de seu

ofício.

Asseverou que teria restado, na apreciação da

imputação de branqueamento de ativos, “desconsiderada

situação de fato reconhecida no âmbito da r. sentença,

ocasionando, com todo acatamento, patente contradição.”

(fls. 3963).

De plano, e com todas as vênias devidas aos

Brilhantes Patronos do embargante e à habilidade com que

tecem sua argumentação, percebe-se a inexistência do

vício de embargabilidade agitado; vejamos.

A contradição, como já dito em outras

oportunidades ao longo deste ato decisório, pressupõe

situação em que haja incompreensão do teor do ato

recorrido; assim, por exemplo, quando a fundamentação

conclui pela existência do delito imputado e, no

dispositivo, o Juízo absolve o réu por suposta

comprovação da inexistência do fato objeto da demanda

(art. 386, I, do CPP).

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Nestas hipóteses, há perplexidade do leitor do

ato recorrido, que não sabe ao certo seu teor, eis que

dois de seus trechos se contradizem. JFRJ


Fls 1769
No caso em apreciação, percebe-se, da própria

argumentação do embargante, que há, em realidade,

discordância do julgamento, pois que, a seu aviso, o

Juízo teria reconhecido a licitude de montantes por ele

recebidos no exterior, ao apreciar a imputação de evasão

de divisas, o que seria incompatível, ainda segundo sua

visão, com o rechaço que foi dado à tese de que os

pagamentos a empregados públicos efetuados no exterior

derivariam de considerações de conveniência suas, eis que

lá possuiria mais vultosas disponibilidades financeiras.

E, naturalmente, se discorda do julgamento, é

porque bem o compreendeu, mas deseja vê-lo revisto, o

que, em que pese respeitável, não é viável em sede de

embargos de declaração, não havendo, assim e

verdadeiramente, a suposta contradição contra a qual se

bate.

Seja como for, analisando os tópicos

sentenciais apontados como padecedores da suposta eiva,

percebo que inexiste, como passo a expor.

No item 2.2.3. (fls. 3825v./3834), apreciou-se

a imputação de evasão de divisas (art. 22, § único, in

fine, da Lei 7492/86), dirigida pelo Ministério Público

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ao embargante e a outros corréus; entendeu o Juízo,

apreciando os fatos e as provas, que o embargante

praticou a infração cogitada, pois que manteve JFRJ


Fls 1770
disponibilidades financeiras no exterior, sem a devida

comunicação às autoridades monetárias nacionais, apesar

de obrigado a prestá-la.

No mesmo item sentencial, o Juízo entendeu

(fls. 3825v./3828v.) que os empregados corrompidos pelo

embargante haviam também mantido disponibilidades

financeiras no exterior, e tampouco haviam as comunicado

as autoridades monetárias nacionais, apesar de obrigados

a fazê-lo; no entanto, seus comportamentos não se

amoldavam ao art. 22, § único, in fine, da Lei 7492/86,

uma vez que encontravam melhor tipificação sob a previsão

do art. 1º, V, da Lei 9613/98, tendo havido situação de

concurso aparente de normas, tudo conforme tratado no

item 2.2.2..

Na sequência, o Juízo entendeu que era distinta

a situação do embargante e de seu sócio LUÍS EDUARDO

CAMPOS BARBOSA DA SILVA; isto porque, ao contrário dos

corrompidos, cujos valores mantidos no exterior eram a

paga da corrupção e a ocultação caracterizava lavagem de

ativos pela qual condenados, o embargante e seu sócio,

mantiveram valores outros no exterior que eram fruto de

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sua relação de representação comercial, e a partir dos

quais os pagamentos indevidos foram feitos.

JFRJ
Estes montantes não tinham origem ilícita e sua
Fls 1771
manutenção no exterior não caracterizava, portanto,

branqueamento; pelo branqueamento, outrossim, foram

responsabilizados, nos itens 2.2.2.4. (fls. 3791/3808) e

2.2.2.5. (fls. 3808v./3825v.), em função da feitura dos

pagamentos em condições de ocultação, e pela manutenção

dos valores nas contas dos corrompidos, segundo suas

instruções e exortação, e com eles previamente combinado.

Por isso, o Juízo os considerou – o embargante

e LUÍS EDUARDO CAMPOS BARBOSA DA SILVA - como

praticantes, em relação aos montantes mantidos no

exterior, em contas por eles controladas – e das quais

haviam saído os pagamentos das propinas aos corrompidos -

, da infração do art. 22, § único, in fine, da Lei

7492/86.

Já no item sentencial 2.2.2.4. (fls.

3791/3808), como já exposto linhas acima, o Juízo, antes

de mais nada, revisitou o quanto apurado em trechos

anteriores, em que aferidos positivamente atos de

corrupção ativa – da parte do embargante – e corrupção

passiva – da parte de empregados públicos por ele

corrompidos -, e verificado que geraram a estes últimos

proveito financeiro; recapitulou ainda que os corrompidos

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praticaram atos de branqueamento de ativos, relativamente

às vantagens indevidas por eles recebidas, de duas

formas: pelo recebimento, em um primeiro momento, dos JFRJ


Fls 1772
valores, no exterior, em contas por eles controladas mas

registradas em nome de sociedades offshore, sem

comunicação às autoridades monetárias nacionais, e, num

segundo momento, pela manutenção dos montantes em

condições que tais, com adoção de cautelas específicas,

voltadas a que não fosse tal estado de coisas detectado.

Em seguida, o Juízo apreciou a conduta do

embargante propriamente dita, e asseverou a comprovação

de que praticou uma série de atos preparatórios – a

montagem de uma verdadeira estrutura financeira – para

permitir o pagamento das vantagens aos corrompidos, sob

quadrantes de ocultação.

Especificamente em relação a tais atos,

asseverou o Juízo que o embargante empreendeu acerto

financeiro com o grupo empresarial por ele representado,

por meio do qual recebia parcela majoritária dos

comissionamentos a ele devidos no exterior, em contas

registradas em nome de sociedades offshore com as quais

não havia contrato, e a partir das quais saíam os

pagamentos aos corrompidos.

Além disso exortou os corrompidos a abrirem

contas no exterior também registradas em nome de

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sociedades offshore, para percepção das vantagens

indevidas.

JFRJ
Assim, ao efetuar os pagamentos, utilizando-se
Fls 1773
consciente e especificamente destas contas adredemente

preparadas, diretamente ocultou o proveito dos atos de

corrupção então praticados, em um primeiro momento; e, em

um segundo momento, por meio da manutenção do

escondimento, diretamente praticado pelos beneficiários

dos valores, tendo em vista que os instruiu a abrir as

contas e em como manter a ocultação, foi por tais fatos

responsabilizado, a título de auxílios material e moral

(art. 29 do CP).

NO que toca à forma da realização dos

pagamentos no exterior, o Juízo apreciou tese defensiva

de que não teriam intuito de promover ocultação, mas que

tal estado de coisas se teria devido apenas à

circunstância de que o embargante possuiria mais vultosos

recursos fora do País, onde, portanto, lhe seria mais

conveniente efetuar os desembolsos.

Ao fazê-lo, assim o Juízo se pronunciou (fls.

3807v./3808):

“A quarta e derradeira objeção é no

sentido de que faltaria dolo ao réu de

ocultar os valores, pois que, a uma,

teria feito os pagamentos nas condições

em que fez por mera facilidade

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operacional, ante a circunstância de

possuir montantes no exterior, e, a

duas, não teria qualquer motivação para


JFRJ
promover escondimento, dado que não Fls 1774
reaveria os montantes, uma vez pagos aos

beneficiários (fls. 33255/3256).

Como já exposto acima, a tese de que os

pagamentos teriam sido feitos em

condições de escondimento por mera

facilidade operacional já foi

devidamente rechaçada em diversos

momentos, ao longo desta sentença –

exemplificativamente, remeto à minuciosa

exposição contida no item 2.2.1.2.5. -;

por ora, basta rememorar que a alegação

apenas cobre a feitura dos pagamentos -

pois que ali teria JÚLIO FAERMAN maiores

disponibilidades em depósito; ocorre

que, se fosse verdadeira, ainda assim

não estariam respondidos questionamentos

acerca de por que não foram pagos os

valores em conta dos beneficiários no

Brasil, mediante transferências

bancárias internacionais, e muito menos

de por que foram as contas – tanto as de

JÚLIO FAERMAN quanto aquelas controladas

pelos beneficiários dos valores –

registradas não em nome próprio, mas em

nome de sociedades offshore, e os fluxos

não foram comunicados às autoridades

monetárias nacionais.

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Percebe-se, máxima vênia concessa, que a

alegação não é verdadeira e não desfaz a

constatação de que os pagamentos se


JFRJ
deram em condições de evidente adoção de Fls 1775
sofisticadas cautelas para sua

ocultação; tampouco diz com a

arquitetação, por JÚLIO FAERMAN, da

abertura das contas controladas pelos

corrompidos, junto a instituições

financeiras no exterior e em nome de

sociedades offshore conforme exortação e

instruções do próprio JÚLIO FAERMAN.

Com relação à suposta ausência de

motivação para escondimento, por parte

de JÚLIO FAERMAN – dado que os valores

não seriam reavistos, uma vez pagos -,

julgo, cum permissa, que desconsidera o

fato de que o réu estava a cometer

gravíssimos atos de corrupção de

empregados da maior sociedade

paraestatal brasileira, quadro

circunstancial suficientemente motivador

a que adotasse cautelas com vistas a

impedir a detecção de tal estado de

coisas por autoridades públicas.

De fato, a detecção de tal estado de

coisas poderia trazer ao réu

responsabilização criminal, civil e

administrativa, bem como atrair aos

próprios representados comercialmente

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consequências gravosas, pelo que

evidentemente compreensível a adoção dos

sofisticados e adredemente preparados


JFRJ
expedientes de escamoteamento empregados Fls 1776
por JÚLIO FAERMAN.”

Logo se vê, portanto, que a tese defensiva foi

rechaçada de maneira fundamentada, por ser chocar

irremediavelmente com o quanto comprovado, sendo, assim,

negada por diversas circunstâncias que indicavam, sem

sombra de dúvidas, que a intenção por detrás da forma dos

pagamentos era a busca da ocultação do que estava a

ocorrer; e nenhum dos fundamentos agitados – e que

amparama a conclusão - é desfeito pela consideração de

que, no exterior, o embargante recebia parcela de sua

remuneração, a qual foi objeto do delito de evasão de

divisas, pois que a intenção de escondimento resta

evidente das circunstâncias em que se deram os pagamentos

aos corrompidos.

Não há, por conseguinte, qualquer contradição

nos trechos sentenciais apontados, pelo que o vício

apontado, em realidade e cum permissa, inexiste, motivo

pelo qual os aclaratórios, quanto ao tópico em análise,

serão inacolhidos.

II.1.1.2.9. CONTRADIÇÃO – FUNDAMENTO PARA

AGRAVAMENTO DA PENA-BASE – REPETIÇÃO DO VETOR “TEMPO” EM

DUAS FASES DA DOSIMETRIA – ITEM 2.2.2.4.

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O embargante alegou que, na dosimetria

pertinente às infrações de branqueamento pelas quais

restou responsabilizado, o Juízo teria, na primeira etapa JFRJ


Fls 1777
do respectivo processo dosimétrico, considerado em seu

desfavor o vetor “consequências”, com base “no tempo em

que se teriam protraído os supostos fatos típicos” (fls.

3964); pelo mesmo fundamento, a seu sentir, teria sido,

adicionalmente, aplicada a causa de aumento de pena do

art. 1º, §4º, da Lei 9613/98.

Entretanto, ainda segundo o embargante, o

Juízo, em outro tópico, teria afastado a possibilidade de

valoração simultânea da confissão espontânea e da

colaboração premiada, sob o fundamento de que seria

lícita apenas a incidência de apenas uma delas, na

terceira etapa do processo dosimétrico.

Prosseguindo, sob sua ótica, seria

“contraditório o agravamento da pena-base do EMBARGANTE

com base no vetor “tempo”, em razão do parâmetro

utilizado se opor ao posicionamento externado na própria

r. sentença (além de nítida hipótese de bis in idem).”

(fls. 3965), pelo que pediu fosse o vício sanado.

De plano, percebo, da argumentação do

embargante, que não se está, cum permissa, diante de

verdadeira situação de contradição embargável.

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Isto porque – com a devida venia pela

necessária repetição – o vício em questão ocorre quando

dois trechos sentenciais se contradizem mutuamente, JFRJ


Fls 1778
causando perplexidade no leitor, que fica sem saber o

real teor do ato judicial; assim, por exemplo, no caso de

uma sentença que reconheça, em sua fundamentação, que a

materialidade de um delito não teria restado comprovada,

mas, em seu dispositivo, termina por condenar o réu.

Não é, por evidente, o caso em que o réu

compreende o teor do julgamento, mas dele discorda, o que

está a ocorrer, in casu.

De fato, o embargante, a par de crer que a

pena-base das infrações de branqueamento, pelas quais

condenado, teria sido dimensionada além do mínimo legal,

em atendimento ao vetor “consequências”, sob fundamento

de ter entendido o Juízo que as condutas teriam perdurado

por dilargado período, externa convicção de que sua pena,

pelas mesmas infrações, teria sido aumentada com base na

mesma consideração, e insurge-se contra isso, o que resta

claro quando lança sobre o julgamento a pecha de violador

do postulado ne bis in idem (fls. 3965).

A alegação de que isto seria contraditório com

trecho sentencial outro, em que recusada pretendida

incidência simultânea da atenuante genérica da confissão

espontânea e causa de diminuição de pena da colaboração

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premiada, não se presta a desfazer a convicção que

exponho: o embargante bem compreendeu o julgamento, mas

discorda dos fundamentos agitados, o que, no entanto, não JFRJ


Fls 1779
caracteriza contradição embargável.

Sua insurgência, respeitável que seja, deve

encontrar veículo em espécie recursal adequada, que não

os aclaratórios.

De qualquer forma, apreciando os trechos

sentenciais de que se queixa o embargante, percebo que

não há contradição qualquer, como passo a expor.

No item 2.2.2.4. (fls. 3791/3808), após

detalhada apreciação, externou o Juízo conclusão de que o

embargante praticou a conduta tipificada no art. 1º, V,

da Lei 9613/98, em sua redação vigente ao tempo dos

fatos, c/c art. 29 do CP, por doze vezes na forma do art.

70 do CP; as condutas, além de típicas, foram

antijurídicas e por elas o embargante foi tido por

culpável, pelo que concluiu-se pela necessidade de sua

condenação, após o que passou o Juízo a tecer observações

impactantes sobre a dosagem da reprimenda a ser imposta,

em conformidade com o pertinente método trifásico

esposado pelo art. 68 do CP.

Na primeira etapa, foi valorado

desfavoravelmente ao embargante o “vetor consequências da

infração” em função do “fato de que elevados valores

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foram ocultados – um total de US$ 31.502.548,83 (fls. 04,

e 113 do Apenso 1, e fls. 316 do Apenso 2, tudo dos autos

0505269-66.2015.4.02.5101, e fls. 2735) – ao longo de JFRJ


Fls 1780
diversos anos – entre 1999, com o início dos recebimentos

e ocultação, e 2014, com a detecção, pela entrega da

documentação por força de acordo de colaboração, do que

estava a ocorrer” (fls. 3808).

O fundamento fático, não foi, data maxima

venia, o “tempo em que se teriam protraído os supostos

fatos típicos” (fls. 3964), como entende o embargante,

mas o “fato de que elevados valores foram ocultados – um

total de US$ 31.502.548,83 (fls. 04, e 113 do Apenso 1, e

fls. 316 do Apenso 2, tudo dos autos 0505269-

66.2015.4.02.5101, e fls. 2735) -, ao longo de diversos

anos” (fls. 3808), como assentado na sentença; a duração

da ocorrência foi apontada apenas para fins de ancoragem

fático-probatória do quanto se estava a afirmar, para que

as partes compreendessem a contextualização do exposto,

expondo-se, assim, a fonte da afirmação judicial,

utilizada para dimensionamento da pena-base em patamar

além do mínimo legal.

Na terceira etapa, foi reconhecida a incidência

da causa de aumento de pena do art. 1º, §4º, da Lei

9613/98, não, maxima venia concessa, pelo tempo de

duração da infração, como parece crer o embargante, mas

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pelo fato de que “a ocultação se deu por meio da prática

habitual, reiterada de múltiplos atos executivos, ao

longo do dilargado tempo de duração da ocultação” (fls. JFRJ


Fls 1781
3808 – grifo nosso); aqui também, o período foi indicado

apenas para contextualização temporal da habitualidade

identificada – esta sim, o fundamento de incidência da

majoração de pena, e materializada na multiplicidade de

atos executórios da conduta increpada.

Não há, portanto, a utilização do mesmo

fundamento – tempo - para dimensionamento da pena-base

acima do mínimo legal, por um lado, e por outro, para

incremento de pena.

Remanesce, portanto, íntegro o fundamento pelo

qual o Juízo rechaçou a possibilidade de incidência

simultânea da confissão espontânea e da colaboração

premiada, enquanto atenuante genérica e causa de

diminuição de pena, mantendo apenas esta última, no

trecho transcrito pelo embargante em seu recurso (fls.

3965), e que se encontra em fls. 3562v./3563.

Logo, inexistindo a contradição de que se

queixa o embargante, o caso é de inacolhimento de seus

aclaratórios, quanto ao tópico recursal em apreciação.

II.1.1.3. VÍCIOS PERTINENTES AO DELITO DE

EVASÃO DE DIVISAS

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A seguir – e ainda seguindo a ordem apresentada

nas razões recursais -, trato dos alegados vícios

sentenciais, alegadamente incorridos quando da apreciação JFRJ


Fls 1782
do delito de evasão de divisas.

II.1.1.3.1. OMISSÃO – ANÁLISE DE JULGADO DO C.

SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA COLACIONADO PELA DEFESA –

ATIPICIDADE DO DELITO DE EVASÃO DE DIVISAS, SOB O ASPECTO

MATERIAL, QUANDO AUSENTE EFETIVA LESÃO AO BEM JURÍDICO

TUTELADO PELA NORMA – ITEM 2.2.3.

O embargante argumentou que teria sido por ele

suscitada, em sede de memoriais, a ausência de tipicidade

material, relativamente à imputação de evasão de divisas,

em função de medidas, a seu sentir, reparatórias, que

teriam sido por ele adotadas desde a etapa pré-

processual, que teriam redundado no desfazimento dos

efeitos perniciosos de suas condutas, e, em apoio a tal

discurso, teria colacionado ementa de precedente do C.

Superior Tribunal de Justiça que, em seu entendimento,

abraçaria a concepção externada.

Prosseguiu, afirmando que o Juízo teria

esposado posicionamento contrário, “afastando a aferição

da lesividade da conduta nos casos de delitos formais”

(fls. 3967), mas que, no entanto, não teria restado

“enfrentado o aludido julgado do E. Superior Tribunal de

Justiça, no qual é retratada hipótese em que tal reversão

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foi reconhecida” (fls. 3968); pediu fosse a omissão

suprida.

JFRJ
Maxima vênia concessa aos II. Patronos do
Fls 1783
embargante, e em que pese a habilidade com que tecem sua

argumentação, percebo que o vício apontado, em realidade,

não existe, como passo a expor.

No item 2.2.3. (fls. 3825v./3834), apreciou-se

a imputação de evasão de divisas (art. 22, § único, in

fine, da Lei 7492/86), dirigida pelo Ministério Público

ao embargante e a outros corréus; entendeu o Juízo,

apreciando os fatos e as provas, que o embargante

praticou a infração cogitada, pois que manteve

disponibilidades financeiras no exterior, sem a devida

comunicação às autoridades monetárias nacionais, apesar

de obrigado a prestá-la.

Ao apreciar teses defensivas que se voltavam

contra as conclusões então expostas, o Juízo rechaçou

fundamentadamente alegação de que se estaria diante de

atipicidade material, pois que teriam sido desfeitos os

efeitos da conduta, com providências corretivas que

teriam sido adotadas pelo embargante (fls. 3831/3832):

“Quanto ao ponto, sustentou a D. Defesa

do réu JÚLIO FAERMAN (fls. 3260/3263)

que teria havido atipicidade material em

sua conduta, quanto à imputação de

evasão de divisas, pois que teria

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cooperado com as investigações,

fornecendo documentos bancários

pertinentes às contas por ele


JFRJ
controladas no exterior, e teria, Fls 1784
ademais, retificado suas declarações

fiscais, de maneira a refletir a

titularidade dos montantes em depósito

junto a instituições financeiras fora do

País; seu agir, assim e no curso das

apurações, teria descortinado “qualquer

repercussão que, anteriormente, poderia

advir da manutenção de valores não

declarados no exterior, extirpando-se os

efeitos perniciosos da aludida conduta,

que deixou de ter qualquer lesividade”.

Data máxima vênia ao sempre Brilhante

Patrono do réu, não enxergo procedência

em sua tese, como passo a expor.

Como visto anteriormente, o tipo em

questão tutela a Política Monetária e

Cambial, para cuja formação é necessário

que o Estado Brasileiro tenha condições

de dimensionar os potenciais fluxos de

ingressos de divisas; havendo a omissão

de oferta da declaração, quando a tal

obrigaldo legalmente o sujeito ativo,

consuma-se o fato típico, consumando-se

igualmente a lesão jurídica, sendo

desnecessário qualquer resultado

material ou comprovação de efetiva

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periclitação da condução da Polícita

Monetária e Cambial, em sua globalidade.

Esta lesão ocorre porque conduzida a


JFRJ
política pública em cogitação sem a Fls 1785

totalidade dos dados necessários; a

respeito, o Legislador, em seu legítimo

espaço de conformação normativa,

entendeu que a conduta em análise possui

lesividade intrínseca, perigo de

multiplicação e dificuldade de aferição

da relação entre uma omissão individual

e o exercício da função estatal, em sua

globalidade, pelo que foi estabelecida

uma incriminação em que, praticada a

conduta, descabe cogitar de efetiva

lesão ao bem jurídico, sendo tida por

ocorrente a partir da consumação do agir

típico.

A conduta em questão é, em outras

palavras, materialização de um crime de

perigo abstrato, pelo que colaciono, a

propósito, pedagógico aresto da lavra do

E. Tribunal Regional Federal da 3ª

Região:

PENAL. PROCESSUAL PENAL. EVASÃO DE

DIVISAS (LEI Nº 7.492/86, ART. 22,

PARÁGRAFO ÚNICO, PARTE FINAL). ILICITUDE

DE PROVA: PRELIMINAR AFASTADA.

MATERIALIDADE, AUTORIA E DOLO

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COMPROVADOS. ATESTADA A TIPICIDADE

MATERIAL E FORMAL DAS CONDUTAS IMPUTADAS

AO APELANTE. REDUZIDO O VALOR DO DIA-


JFRJ
MULTA. APELAÇÃO PARCIALMENTE PROVIDA. 1. Fls 1786
Afastada a alegação da imprestabilidade

da prova colhida no exterior. As provas

que embasam a denúncia foram obtidas de

modo lícito, sendo encaminhadas pelas

autoridades estadunidenses, não havendo,

pois, falar-se em ilegitimidade ou

ineficácia das aludidas provas. 2. A

manutenção de depósito de valores no

exterior, sem a declaração ao órgão

competente - Receita Federal e Banco

Central -, configura o delito de evasão

de divisas previsto na parte final do

parágrafo único do art. 22, da Lei n.º

7.492/86. Precedentes da doutrina e da

jurisprudência. 3. Em se tratando de

crime formal e de perigo abstrato, não

se exige nenhum resultado material,

sendo suficiente, para responsabilização

do agente apenas a sua prática. Assim,

no caso, a mera omissão na prestação de

informações dos depósitos mantidos no

estrangeiro às autoridades competentes

enseja a aplicação das sanções penais

correspondentes. 4. Por essas razões, já

se decidiu que é de todo prescindível a

existência de lançamento definitivo de

eventual crédito tributário para o

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reconhecimento da tipicidade ou

punibilidade do delito em questão (TRF4

- ACR 2000040113469-0/PR, Sétima Turma,


JFRJ
j. 12.06.07), de modo que, se como aduz Fls 1787
a defesa, a SRFB informou que nada havia

de relevante em relação ao Apelante que

ensejasse a abertura de ações fiscais,

isso, porém, não tem o condão de retirar

a tipicidade material das condutas

praticadas pelo Apelante. 5. A par da

materialidade, a autoria e o dolo do

Apelante restaram igualmente

comprovados. 6. Havendo, pois, elementos

suficientes para a condenação do

Apelante como incurso nas sanções art.

22, parágrafo único, parte final, da Lei

n.º 7.492/86, é de ser mantida a

condenação proferida em primeiro grau de

jurisdição. 7. No que toca à dosimetria

das penas, tanto a pena privativa de

liberdade, como as penas restritivas de

direitos, foram corretamente aplicadas e

merecem ser mantidas nos moldes em que

estatuídas pelo juízo sentenciante. A

mesma conclusão se aplica ao quantum da

pena de multa, fixado em 30 (trinta)

dias-multa. 8. Em virtude do pedido

deduzido pelo defensor do Apelante na

sessão de julgamento, fica reduzido o

valor de cada dia multa para 2,5 (dois e

meio) salários mínimos vigentes à época

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dos fatos, devidamente corrigidos.

Deveras, o valor do dia-multa fixado na

sentença - 5 (cinco) salários mínimos -


JFRJ
figura-se excessivo se considerado que o Fls 1788
Recorrente já terá de arcar com o

pagamento de prestação pecuniária no

valor equivalente a 74 (setenta e

quatro) salários mínimos. 9. Apelação

parcialmente provida, tão somente para

reduzir o valor do dia-multa. (ACR

44981, 5ª Turma, Rel. Des. Fed. Paulo

Fontes, e-DJF3 Judicial 1, 26/11/2014)

A figura da tipicidade material, por

outro lado, tem relevância em sede de

crimes materiais, em que há a existência

de um resultado naturalístico a ser

aferido, como condição à tipicidade do

agir em apreço e sem a qual esta

qualidade não se perfaz; isto porque a

tipicidade material busca aferir a

existência de resultados que, apesar de

formalmente típicos, sejam

verdadeiramente insignificantes

juridicamente, de maneira que, em face

dos postulados da subsidiariedade e

ultima ratio, não se justifique a

atuação do Direito Penal sobre o caso.

Salta aos olhos, portanto, que não há

relação possível entre uma figura penal

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(art. 22, § único, in fine, da Lei

7492/86) em que a lesão jurídica é

considerada como defluente da mera


JFRJ
prática da conduta típica, in re ipsa, Fls 1789
sendo desnecessárias outras cogitações,

de um lado, e, de outro, a aferição da

significação quantitativa ou de

intensidade de lesão, de maneira a se

tê-la por insignificante, que somente

tem lugar em sede de crimes que

contemplem resultados mensuráveis.

Para além disso, cum permissa, jamais

uma conduta posterior - de cooperação

com investigações em curso ou declaração

dos montantes – teria idoneidade a

desfazer a lesão ao bem jurídico causada

anteriormente, com a omissão e

permanência da ausência de infoirmações

ao longo de vários anos.

Pelo contrário – e como já dito em fls.

722/740v., quando denegada postulação de

absolvição sumária sob tal argumentação

-, a declaração prestada faz cessar a

situação de ilicitude e, pois, a

permanência da criminalidade, impedindo

que haja persecução daquele momento em

diante; jamais, contudo, poderá tal agir

desfazer o lesionamento jurídico

empreendido anteriormente.

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Logo, não enxergo procedência na

alegação de falta de tipicidade material

no agir de JÚLIO FAERMAN, pelo que tenho


JFRJ
por persistentes as conclusões lançadas Fls 1790
anteriormente.”

A ausência de menção à ementa de determinado

precedente da lavra do C. Superior Tribunal de Justiça,

colacionada pelo embargante em seus memoriais derradeiros

(fls. 3259/3260) em nada altera este panorama, pois que é

a tese suscitada que reclama análise, sob pena de omissão

sentencial, e não determinado aresto transcrito como

reforço persuasivo a suas razões.

E, como visto acima no trecho sentencial

transcrito, a tese defensiva foi analisada detidamente,

tendo entendido o Juízo pela sua improcedência, tendo

sido expostas as razões de tal posicionamento, pelo que

não há falar em omissão embargável.

Portanto, não havendo o vício de que se queixa

o embargante, serão seus aclaratórios, quanto ao tópico

recursal ora apreciado, inacolhidos.

II.1.1.3.2. OMISSÃO – ANÁLISE DE TESE DEFENSIVA

– LACUNA LEGISLATIVA À ÉPOCA DPS FATOS – APLICAÇÃO

ANALÓGICA DA LEI 13254/16 – ITEM 2.2.3.

Articulou o embargante que, em seus memoriais

finais, teria sido suscitada tese defensiva buscando a

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aplicação, por analogia, da Lei 13254/16, sob o

fundamento de que haveria, à época dos fatos, lacuna

legal, o que seria demonstrável pelo fato de que, naquele JFRJ


Fls 1791
momento, ter-se-ia iniciado debate legislativo que teria

desaguado na edição do diploma legal cuja incidência foi

postulada.

Relatou que o Juízo, contudo e ao apreciar o

tema, teria se limitado a afastar a existência de lacuna

legislativa, sem abordar o argumento defensivo; postulou

fosse suprida a pretensa omissão.

Analisando o item sentencial de que se queixa o

embargante, verifico que não há, em realidade e cum

permissa, a pretensa brecha a ser colmatada; vejamos.

No tópico “III.3.c.” de seus memoriais (fls.

3263/3268), o embargante sustentou, dentre outros temas

voltados à “extinção da punibilidade subsidiariamente,

pela reparação dos efeitos provenientes do ilícito“ (fls.

3263), que lhe deveria ser aplicada, por analogia, a Lei

13254/16, a qual não teria ainda vindo a lume ao tempo

dos fatos; esta circunstância foi tida por ele por

“lacuna legislativa”, cuja comprovação seria extraível da

circunstância de que “em 2016, com a Lei da Repatriação,

foi iniciado debate legislativo a esse respeito” (fls.

3266).

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O Juízo apreciou o tema em fls. 3832/3833v.,

detalhadamente; neste passo, após externar sua convicção,

acerca da inexistência de lacuna legal apta a permitir a JFRJ


Fls 1792
incidência analógica das normas então pretendidas pelo

embargante – Leis 9249/95 e 13254/16 -, rechaçou mais

detalhadamente a incidência deste último diploma legal,

por não cumprimento das condições, veiculadas em norma

excepcional e de dilargamento eficacial inviável (fls.

3833/3833v.):

“No que toca à aplicação de normas da

Lei 13254/16, tenho para mim que não tem

cabimento, máxima vênia concessa;

explico.

A normação em cogitação representa uma

discutível opção política do Parlamento

que, contudo, permite aos aderentes

obter a reintrodução na economia formal,

com repatriação, dos ativos

anteriormente mantidos à margem dos

organismos de controle, com potencial

extinção de punibilidade de delitos,

inclusive o de evasão de divisas, na

modalidade em exame (art. 5º, §1º, VI,

da Lei 13254/16).

Ocorre que a adesão ao regime – e a

posterior implementação do efeito em

tela, de extinção de punibilidade de

infrações penais relacionadas aos ativos

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cuja repatriação é tencionada – exige

adimplemento de todas as condições

legalmente impostas; há, portanto, uma


JFRJ
bilateralidade sinalgmática entre as Fls 1793
obrigações a que se sujeita o aderente e

as contrapartidas do Estado Brasileiro,

que, em um momento preciso de sua

história, em face de uma conjuntura –

mormente econômica – específica,

entendeu que avultava a necessidade de

irrigar a economia nacional com recursos

que se suspeitava estivessem no exterior

e cuja internalização resultava

obstaculizada por ilicitudes relativas a

este estado de coisas.

Não há cabimento, máxima vênia concessa,

em se pretender violentar o regime

normativo em questão, para quem não

preenche as condições, de maneira a

atender a um desejo subjetivo do réu de

valer-se daquilo que entende lhe poderia

aproveitar; esta inviabilidade assoma

quando se tem em mente justamente que a

normação cuja incidência deseja o

acusado ver afastada é de cunho penal, a

representar, portanto, as proibições

mais importantes do Ordenamento Pátrio,

pois que sustentadas sob ameaça de

sanção criminal de privação de

liberdade, dentre outras possivelmente

aplicadas.

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Perceba-se que não há qualquer

invalidade constitucional – ou

injustiça, como quer o réu – em lhe ser


JFRJ
vedado o acesso ao regime em questão, Fls 1794
por ter repatriado seus recursos antes

do advento da norma em estudo.

Isto porque, a uma, tendo repatriado os

ativos em momento anterior, resulta

disso forçosamente que, não tendo ativos

a repatriar quando da inovação

normativa, o réu não atende aos

condicionamentos legais para fruir do

regime favorecido, pelo que não há

qualquer ilicitude em se lhe vedar

acesso ao pretendido, a menos que se

entenda que não era legítimo ao

Legislador estabelecer quaisquer

requisitos à fruição de tão favorecidas

condições - o que é, data máxima vênia,

absurdo -, ou que o tenha feito de forma

constitucionalmente inválida - o que

também não foi arguido.

Não se trata, portanto, de

retrooperância ou não de Lex mitior, mas

de simples e inequívoco não atendimento

aos condicionantes legais antepostos à

adesão a excepcionalíssimo regime de

favorecimento à internalização de ativos

mantidos ilicitamente no exterior –

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situação que não mais era a do réu,

quando do advento da norma em questão.

A duas, porque o réu repatriou seus


JFRJ
ativos em função de acordo de Fls 1795

colaboração premiada, entabulado nos

autos 0505269-66.2015.4.02.5101 e

homologado por este Juízo, como condição

avençada livremente entre as partes, e,

em contrapartida e a ser mantido o

acordado, fruirá importantíssimos

benefícios, em relação à apenação que

lhe é devida pela multiplicidade de

crimes por ele cometidos, tal como

examinado nos itens 2.2.1e 2.2.2.l, ao

longo de décadas, o que não é efeito

desprezível.

Busca, máxima vênia concessa e como já

aferido em momentos anteriores - quando

examinadas apenações por infrações

penais de corrupção – “empilhar”

benefícios incompatíveis entre si, e com

diferentes sedes jurídicas, o que não

tem procedência.

Afasto, portanto e com o todo respeito

aos Brilhantes Defensores do réu, a tese

de que estaria extinta a punibilidade da

conduta de evasão de divisas praticada

por JÚLIO FAERMAN.”

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Logo se vê, portanto, que a tese acerca da

incidência da Lei 13254/16 restou rechaçada de forma

detalhada e por múltiplas razões. JFRJ


Fls 1796
Quanto à lacuna legal, que o embargante entende

existente, como condição para a aplicação analógica do

diploma legal pretendido, o Juízo julgou inexistente,

ainda que não tenha feito alusão à sua alegação de que

seria comprovada por “debate legislativo” que teria sido

iniciado “em 2016, com a Lei da Repatriação” (fls. 3266).

Isto, no entanto, não atrai a pecha de omisso

ao julgamento, dado que é sabido que, se o Juízo tem suas

conclusões baseadas em firmes razões, não está obrigado a

abordar cada questiúncula, cada variação de fraseamento

de argumentação, como para que se possa ter por hígida

sua decisão.

Este exatamente o caso, em que a incidência da

norma pretendida foi rechaçada por diversos fundamentos,

além da mera inexistência de lacuna legal, também exposta

fundamentadamente; evidentemente que respeitável a

discordância do embargante quanto ao ponto, o que, no

entanto, não é intento viavelmente veiculado em sede de

embargos de declaração.

Assim sendo, verifico, maxima venia concessa,

que inexiste a alegada omissão, motivo pelo qual os

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aclaratórios serão, quanto ao tópico recursal sub

examine, inacolhidos.

II.1.1.4. VÍCIOS PERTINENTES À ANÁLISE DAS JFRJ


Fls 1797
CONSEQUÊNCIAS DA COLABORAÇÃO PREMIADA

A seguir – e ainda seguindo a ordem apresentada

nas razões recursais -, trato dos alegados vícios

sentenciais alegadamente incorridos quando da apreciação

das consequências da colaboração premiada entabulada pelo

embargante.

II.1.1.4.1. OMISSÃO – ANÁLISE DA SITUAÇÃO

JURÍDICA DE OUTROS COLABORADORES – APRECIAÇÃO DA TESE

DEFENSIVA DE INCIDÊNCIA DO POSTULADO DA ISONOMIA – ITEM

2.2.5.2.

Alegou o embargante que, em seus memoriais,

teria suscitado tese acerca da incidência do postulado da

isonomia, em atenção ao cotejo que haveria de ser feito

entre sua situação e a de PEDRO JOSÉ BARUSCO FILHO e de

LUÍS EDUARDO CAMPOS BARBOSA DA SILVA, todos

colaboradores, além da situação de outros que ostentassem

esta caracterização em outros feitos.

Sustentou que o Juízo, ao abordar a questão,

teria se limitado a asseverar a impossibilidade de se

revisitar o livremente pactuado, além de ter levado em

consideração “tão somente, aspectos favoráveis atinentes

à situação jurídica dos demais colaboradores – que, em

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tese, justificariam a concessão de benefícios a maior”

(fls. 3970).

JFRJ
A seu aviso, contudo, teriam deixado “de ser
Fls 1798
abordados inúmeros aspectos jurídicos negativos atinentes

ao Sr. PEDRO JOSÉ BARUSCO FILHO, o qual ostenta situação

muito mais grave que o EMBARGANTE, em razão de sua

condição de funcionário público, seu envolvimento com

inúmeros outros delitos extra-autos, o seu repatriamento

de valor consideravelmente inferior ao daquele, dentre

outras circunstâncias apontadas nos memoriais defensivos”

(fls. 3972); teria ainda deixado o Juízo de traçar

“cotejo entre a situação jurídica do EMBARGANTE e a de

colaboradores de outros processos penais, deixando de ser

analisada tabela trazida pelo EMBARGANTE” (fls. 3972).

Postulou fosse a omissão suprida.

Analisando o trecho de que se queixa o

embargante, maxima venia concessa, percebo que não há

qualquer omissão, como passo a expor.

O embargante, em seus memoriais – tópico “V.2”

(fls. 3304/3306) – buscou rediscutir os termos pactuados

em seu acordo de colaboração premiada, sob o fundamento

de que haveria de incidir o princípio da isonomia,

vindicou que se fizesse cotejo entre sua situação e de

outros colaboradores – notadamente os corréus PEDRO JOSÉ

BARUSCO FILHO e LUÍS EDUARDO CAMPOS BARBOSA DA SILVA,

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além de outros colaboradores, em planilha a retratar seus

supostos respectivos dados (fls. 3353/3355) -, de maneira

a que lhe fossem estendidos os favores legais concedidos JFRJ


Fls 1799
aos outros colaboradores.

Ao analisar o ponto, o Juízo – no item

sentencial 2.2.5.2. (fls. 3845/3849) -, no bojo da

apreciação mais ampla dos efeitos da colaboração prestada

pelo embargante, detalhadamente, expôs fundamentação no

sentido da inviabilidade da pretendida rediscussão dos

termos e efeitos de seu acordo, sob a incidência do

princípio da isonomia, tendo em vista que, a uma, a

avença havia sido livremente pactuada, com assistência de

seu Defensor, não havendo sentido em sua revisitação, não

tendo estado o embargante em qualquer situação de

vulnerabilidade, e, a duas, a situação do embargante era

distinta daquela dos demais colaboradores – por

circunstâncias como quantidade de crimes praticados,

ineditismo da colaboração, insinceridade dos relatos,

dentre outras -, sendo ainda certo que a tentativa de

rediscussão do acordo caracterizaria causa para sua

rescisão, consequência que o Juízo não aplicou por

entender desproporcional, assim, como havia feito em

relação às parcelas dos relatos do embargante que julgou

inverídicas.

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Trago à colação o respectivo trecho sentencial

(fls. 3848/3848v.):

“Em relação ao pleito de adequação dos JFRJ


Fls 1800
termos de seu acordo de colaboração, em

vista do quanto entabulado por outros

colaboradores (fls. 3304/3306), maxima

vênia conncessa (sic) aos Brilhantes

Patronos do réu, julgo que não comporta

deferimento.

Assim é porque o acordo de colaboração,

entabulado voluntariamente (art. 4º,

§7º, da Lei 12850/13) e com assistência

dos II. Patronos do réu (fls. 44 e 60

dos 0505269-66.2015.4.02.5101),

contemplou termos livremente negociados

pelas partes, à luz do estágio das

apurações então em curso, tendo sido,

por conseguinte, resultado de

desprendidas e justas negociações.

Logo, não cabe à parte, ao saber de

termos em tese mais proveitosos

supostamente ofertados a outro

colaborador, tentar fazer o Juízo de

instância revisora de acordo a que

voluntariamente aderiu, tanto mais

quando se tem em mente que o réu é

pessoa dos mais altos níveis

educacionais e socioeconômicos, e se

encontra representado por um dos mais

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renomados Advogados Criminalistas do

País.

Adicionalmente, tenho para mim que a


JFRJ
situação de JÚLIO FAERMAN não é Fls 1801

necessariamente a mesma dos demais

colaboradores aos quais se queixa teria

o Ministério Público ofertado termos

mais vantajosos; como visto no item

2.2.5.1., PEDRO JOSÉ BARUSCO FILHO foi o

primeiro a firmar acordo de colaboração

premiada – autos 0042568-

71.2014.4.02.5101 -, em momento mais

prematuro das apurações, e colaborou de

forma desvelada, admitindo, inclusive,

sua participação nos diversos ilícitos

sem qualquer tentativa de maquiagem dos

relatos, com vistas à subtração de sua

situação da incidência das respectivas

normas penais incriminadoras,

circunstâncias que, por evidente, são

distintas daquelas pertinentes a JÚLIO

FAERMAN, que, como examinado antes, nem

foi o primeiro colaborador – tendo

firmado seu acordo em momento de maior

desenvolvimento das apurações, e, pois,

tendo menos ineditismo no quanto poderia

revelar – e nem prestou sua colaboração

de forma desguardada, tendo, pelo

contrário, maquiado seus relatos de

maneira a eximir-se de responsabilidade,

ofertando diversas alegações falsas –

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tanto que, por pouco, seu acordo não foi

tido por rompido

No que toca ao acordo de LUÍS EDUARDO


JFRJ
CAMPOS BARBOSA DA SILVA – entabulado nos Fls 1802

autos 0511615-33.2015.4.02.5101 – fácil

é ver que o quadro circunstancial que

lhe envolveu não é o mesmo do que diz

com a avença firmada por JÚLIO FAERMAN;

isto porque, ao contrário deste último,

que praticou, como elucidado, verdadeiro

mare magnum de ilicitudes, LUÍS EDUARDO

CAMPOS BARBOSA DA SILVA aderiu aos

esquemas criminosos quase dez anos após

seu início, tendo participado de muito

menos ilicitudes, e não foi de sua

autoria a montagem inicial da estrutura

financeira que permitiu o escondimento

por tanto tempo do que estava a ocorrer.

Com isto, se percebe que os quadros

fáticos subjacentes aos acordos tidos

por paradigma por JÚLIO FAERMAN (fls.

3305) são radicalmente distintos daquele

que lhe diz respeito, pelo que – ainda

que fosse possível revisitar os termos

do acordo a que aderiu voluntariamente e

sob assistência de seus II. Patronos,

sob reclamos genéricos de incidência do

postulado constitucional da isonomia, o

que, como visto acima, não é – não há

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falar em aplicação das normas contidas

nas demais avenças a seu caso.

Importante ainda salientar que, ao


JFRJ
pleitear a alteração dos termos do Fls 1803

acordo, o réu flerta perigosamente com o

descumprimento de seus correlatos ônus

(cláusula 10ª, item “h”, do acordo –

fls. 53/44 dos autos 0505269-

66.2015.4.02.5101), o que, da mesma

forma que verificado quanto às

inverdades de seus relatos, é causa para

sua rescisão (cláusula 17, item “j” –

fls. 57/58 dos autos 0505269-

66.2015.4.02.5101); ocorre que, segundo

vejo as coisas, a intensidade da

impugnação, assim como no caso das

inverdades constantes de seus

depoimentos, não autoriza, sob critério

de proporcionalidade, a rescisão do

acordo, servindo o ponto para robustecer

a conclusão judicial anteriormente

exposta, no sentido de que o melhor a se

fazer é calibrar de maneira respectiva a

diminuição da reprimenda a ele imposta.”

Evidentemente, o embargante parece crer que o

apelo à situação de colaboradores outros, em processos

outros, desfaria todas as razões invocadas pelo Juízo

para a revisão dos termos de seu acordo de colaboração;

ocorre que isto requer a rediscussão dos critérios de

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julgamento, o que não é cabível nos estreitos limites dos

embargos de declaração, e não autoriza a discordância que

se atraia ao ato guerreado a pecha de omisso. JFRJ


Fls 1804
Note-se, por relevante, que o Juízo não está

obrigado, para que seu ato seja hígido, a abordar cada

variação de tese, cada distinto fraseamento empregado

pela parte, se seu entendimento em sentido contrário se

sustenta em firmes bases argumentativas, devidamente

expostas, tal como resulta do trecho sentencial

transcrito.

Não há, portanto, a cogitada omissão, devendo a

insurgência do embargante, relativa ao teor do

julgamento, ser veiculada pelo instrumento recursal

próprio; entretanto, improcedendo sua argumentação e

inexistindo o vício de que se queixa, os aclaratórios

serão, quanto ao tópico recursal em análise, inacolhidos.

II.1.1.4.2. OMISSÃO – ANÁLISE DOS EFEITOS DA

COLABORAÇÃO SOBRE A PENA DE CADA DELITO IMPUTADO AO

EMBARGANTE, EM SEPARADO – ITEM 2.2.5.2.

Queixou-se o embargante que, na análise dos

efeitos da colaboração por ele prestada, o Juízo teria

acatado pleito ministerial, determinando a redução da

reprimenda aplicada às infrações tidas por praticadas, à

razão de um terço, mas que o efeito teria sido aplicado

“apenas, sobre o quantum final de reprimenda, isto é,

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após o cúmulo material de todas as penas aplicadas ao

EMBARGANTE, deixando de ser analisada no tocante a cada

imputação, em separado” (fls. 3973). JFRJ


Fls 1805
Prosseguiu, afirmando que teria sido consignada

pelo Juízo a “total fidelidade da versão do embargante”

(fls. 3973) quanto ao delito de evasão de divisas;

postulou fosse aclarada a “omissão”, aferindo-se “a

redução da pena, em razão da colaboração premiada do

EMBARGANTE, sobre cada delito” (fls. 3973).

Data máxima vênia, é perceptível, da análise da

própria argumentação tecida pelo embargante, que não há

qualquer omissão a reclamar sanação; explico.

O embargante não aponta qualquer elemento

sentencial que tenha sido omitido, ou tese sua cuja

análise não tenha sido empreendida; externa, em

realidade, sua discordância com o critério de julgamento

– aplicação de uma fração de redução, aplicável à

inteireza da reprimenda aplicada pelo Juízo, em função de

todos os crimes pelos quais condenado o embargante, pois

entende que, na análise dos efeitos de sua colaboração,

deveriam ter sido fixadas diferentes frações para cada

infração por ele praticada.

O critério do Juízo levou em conta o teor da

Cláusula “5ª”, item “I” (fls. 45/46 dos autos 0505269-

66.2015.4.02.5101), que ostenta a seguinte redação:

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“Considerando a primariedade e a

personalidade do COLABORADOR, bem como a

gravidade dos fatos por ele praticados e


JFRJ
a repercussão social dos fatos Fls 1806
criminosos, uma vez cumpridas

integralmente as condições impostas

neste Acordo para o recebimento ds

benefícios e desde que efetivamente

sejam obtidos os resultados previstos no

art. 4º da Lei Federal nº 12.850/2013, o

MPF propõe ao COLABORADOR, nos feitos

mencionados neste Acordo e naqueles que

sejam instaurados em decorrência dos

fatos revelados por intermédio da

presente colaboração, os seguintes

benefícios legais, cumulativamente, sem

prejuízo da aplicação de penas mais

gravosas, quando cumulados aos previstos

em eventual outro acordo que o

COLABORADOR celebre com o Ministério

Público Federal:

I. a redução da pena privativa de

liberdade fixada pelo Juízo, na

proporção de 1/3 a 1/2, pelos resultados

advindos da presente colaboração, nos

termos do art. 4º da Lei nº 12.850/2013,

assim como em face de depoimentos

prestados pelo COLABORADOR, recuperação

de ativos, indicação de locais,

identificação de pessoas físicas e

jurídicas, análise de documentos e de

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outras provas materiais fornecidas pelo

COLABORADOR.”

Tendo em vista que o item determinava a JFRJ


Fls 1807
possibilidade de incidência de redução “da pena privativa

de liberdade”, no singular, “fixada pelo Juízo”, e a

unidade do acordo, dos efeitos, e dos resultados obtidos,

o Juízo entendeu por bem aplicar uma fração redutora,

dimensionada em função de tais considerações, ao final,

sobre a globalidade da pena encontrada, após a aferição

de todas as infrações praticadas pelo embargante; se o

embargante entende o critério inadequado, resultando na

necessidade de aferição de múltiplas frações de redução,

a discordância, embora legítima, deve ser levada a quem

de Direito, por meio de recurso adequado, mas não é

viavelmente veiculada por meio dos embargos manejados.

Logo, inexistindo a omissão suscitada, não há

vício a ser corrigido, pelo que os aclaratórios serão,

quanto a este tópico recursal, improvidos.

II.1.1.5. VÍCIOS PERTINENTES À ANÁLISE DA

REPRIMENDA

A seguir – e ainda seguindo a ordem apresentada

nas razões recursais -, trato dos alegados vícios

sentenciais supostamente incorridos quando da apreciação

das reprimendas impostas.

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II.1.1.5.1. OMISSÃO – ANÁLISE DE JULGADOS DO E.

SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA – AFASTAMENTO DAS ATENUANTES

DE CONFISSÃO E REPARAÇÃO DO DANO, EM TODOS OS DELITOS – JFRJ


Fls 1808
ITENS 2.2.1.2.8., 2.2.1.3.8., 2.2.1.4.7., 2.2.1.5.6.,

2.2.1.6.8., 2.2.1.7.8., 2.2.1.8.7., 2.2.1.9.7., 2.2.2.4.,

2.2.3. E 2.2.4.

Argumentou o embargante que, nos itens

sentenciais em questão, o Juízo, na segunda fase dos

respectivos processos dosimétricos, teria deixado de

aplicar as atenuantes genéricas da confissão espontânea e

da reparação do dano, sob o fundamento de que seriam tais

circunstâncias aferidas na terceira etapa, e, portanto,

não caberia sua incidência simultânea; entretanto,

segundo o embargante, teria deixado de ser analisada

jurisprudência do E. Superior Tribunal de Justiça,

arguida no tópico “IV.2.” de seus memoriais, que se

oporia “de forma direta à referida fundamentação” (fls.

3975).

Pugnou fosse a omissão aclarada.

De plano, máxima vênia concessa aos Brilhantes

Patronos do embargante, e apesar das luzes de que se

revestem suas razões, percebe-se, da própria argumentação

recursal, que de omissão não se está a tratar, mas de

mera discordância do critério de julgamento adotado no

ato sentencial recorrido.

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Isto porque, como cediço, o Juízo não é

obrigado, para que a decisão seja hígida, a abordar cada

variação de fraseamento, cada questiúncula suscitada pela JFRJ


Fls 1809
parte, se sua convicção se assenta em bases firmes, e

suficientemente expostas.

De fato, o embargante alega que teria sido

omitida “jurisprudência do E. Superior Tribunal de

Justiça” que se oporia “de forma direta à referida

fundamentação” (fls. 3975); exsurge daí, portanto, que a

tese por ele suscitada – de múltipla incidência, na

primeira e terceira fases da dosimetria, das

circunstâncias de confissão espontânea e reparação do

dano, como atenuantes e causas de diminuição de pena,

pela colaboração premiada – foi apreciada pelo Juízo,

recebendo rechaço fundamentado.

O precedente a que faz menção, a seu sentir, se

oporia ao entendimento judicial, o que, em realidade,

significa que o Juízo teria, a seu aviso, andado mal, e

deveria ter tomado a direção supostamente adotada no

precedente mencionado.

Entretanto, não é o procedente que reclama

análise, em caso de rechaço à posição da parte, mas sua

tese; o precedente, lançado pelo embargante de maneira a

robustecer a eficácia persuasiva de sua argumentação

(fls. 3285), não se confunde com a tese, a qual,

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apreciada, leva à conclusão forçosa de que diante de

omissão embargável não se está.

JFRJ
De fato, percebo, nos itens sentenciais
Fls 1810
mencionados – item 2.2.1.2.8. (fls. 3562v./3563), item

2.2.1.3.8. (fls. 3594/3594v.), item 2.2.1.4.7. (fls.

3613/3613v.), item 2.2.1.5.6. (fls. 3640/3640v.), item

2.2.1.6.8. (fls. 3664v./3665), item 2.2.1.7.8. (fls.

3692/3692v.), item 2.2.1.8.7. (fls. 3714/3714v.), item

2.2.1.9.7. (fls. 3740v./3741), item 2.2.4. (fls. 3808),

item 2.2.3. (fls. 3833v./3834) e item 2.2.4. (fls.

3843v.) -, que foi apreciada a tese do embargante, com

rechaço, sob o fundamento de impossibilidade de

incidência simultânea das cogitadas hipóteses de

atenuação e redução da pena, como efeito do cumprimento

de acordo de colaboração premiada.

Não há, assim, a pretensa omissão, cum

permissa, pelo que improcede sua argumentação, tudo a

redundar em que seus aclaratórios, quanto ao tópico

recursal sub examine, serão desprovidos.

II.1.1.5.2. VÍCIOS PERTINENTES ÀS PENAS

IMPOSTAS PELOS DELITOS DE CORRUPÇÃO ATIVA

A seguir, o embargante passou a tratar de

supostos vícios que afligiriam os processos dosimétricos,

pertinentes as infrações de corrupção ativa, pelas quais

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condenado, em alegações que serão apreciadas na

sequência.

II.1.1.5.2.1. OBSCURIDADE – AUMENTO DE PENA- JFRJ


Fls 1811
BASE ACIMA DO PARÂMETRO LEGAL – ITENS 3.5.1.1., 3.5.1.2.,

3.5.1.3., 3.5.1.4., 3.5.1.5., 3.5.1.6., 3.5.1.7. E

3.5.1.8.

Alegou o embargante que, na dosimetria de pena

relativa aos delitos de corrupção ativa pelos quais

condenado, o Juízo teria fixado sua pena-base acima do

mínimo legal, em atenção ao vetor “consequências”, e que

isto se teria dado sem respeito à proporção autorizada

pelo art. 59 do CP, o que, a seu aviso, não teria

ocorrido em relação às penas que lhe foram impostas em

atenção às outras infrações pelas quais condenado, o que

lhe estaria a causar perplexidade.

Postulou, assim, fosse “aclarada a obscuridade”

(fls. 3976).

Maxima venia concessa, da própria argumentação

do embargante, é possível se depreender que não se está

diante, em realidade, de obscuridade, enquanto vício de

embargabilidade.

Isto porque a obscuridade pressupõe

incompreensão; lado outro, no caso em comento, o

embargante entende que o Juízo teria laborado em

equívoco, eis que, segundo sua compreensão, “a pena-base

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do EMBARGANTE foi aumentada em patamar superior à

proporção autorizada pelo artigo 59 do Código Penal”

(fls. 3976). JFRJ


Fls 1812
Ou seja: compreendeu a dosimetria empreendida,

mas crê que a fixação da pena-base não teria respeitado

os parâmetros legais; a discordância, naturalmente

legítima e respeitável, deve ser levada a quem de

Direito, pelo instrumento recursal adequado, que, no

entanto, não é o dos embargos de declaração ora

manejados.

Seja como for, analisando os itens de que se

queixa – item 3.5.1.1. (fls. 3863v.), item 3.5.1.2. (fls.

3864), item 3.5.1.3. (fls. 3864v.), item 3.5.1.4. (fls.

3864v./3864), item 3.5.1.5. (fls. 3865), item 3.5.1.6.

(fls. 3865/3865v.), item 3.5.1.7. (fls. 3865v.) e item

3.5.1.8. (fls. 3865v./3866) -, verifico que não há

qualquer obscuridade, como passo a expor.

Em todos os casos, foi empreendida dosimetria

relativa a infrações de corrupção ativa pelas quais

condenado o embargante; em todas as situações, foi

reconhecido o vetor “circunstâncias do crime” como

desfavorável ao embargante, quando da análise das

circunstâncias judiciais (art. 59 do CP).

As razões para a consideração do vetor em

questão foram expostas nos itens 2.2.1.2.8. (fls. 3562v.,

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relativamente à dosimetria empreendida no item 3.5.1.1.),

2.2.1.3.8. (fls. 3593v./3594, relativamente à dosimetria

empreendida no item 3.5.1.2.), 2.2.1.4.7. (fls. 3613, JFRJ


Fls 1813
relativamente à dosimetria empreendida no item 3.5.1.3.),

2.2.1.5.6. (fls. 3640, relativamente à dosimetria

empreendida no item 3.5.1.4.), 2.2.1.6.8. (fls. 3664v.,

relativamente à dosimetria empreendida no item 3.5.1.5.),

2.2.1.7.8. (fls. 3692, relativamente à dosimetria

empreendida no item 3.5.1.6.), 2.2.1.8.7. (fls. 3714,

relativamente à dosimetria empreendida no item 3.5.1.7.)

e 2.2.1.9.7. (fls. 3940/3940v., relativamente à

dosimetria empreendida no item 3.5.1.8.).

Tais razões eram, essencialmente, os elevados

valores pagos aos corrompidos, ao longo de muitos anos, e

o fato de que a infração se havia exaurido, tudo

apontando para uma intensa incidência de tal vetor; com

base nestas considerações, o Juízo entendeu por bem fixar

a pena-base em patamar superior ao mínimo legal, e

empregar distanciamento daquele marco superior à mera

fração de 1/8 (um oitavo) – cuja aplicação redundaria em

fixação de pena-base em 03 (três) anos e 03 (três meses

de reclusão, ao invés dos 04 (quatro) anos fixados -,

usualmente utilizada, dentro da discricionariedade

judicial incidente em matéria de dimensionamento de pena

e em atenção ao postulado constitucional da

individualização da pena (art. 5º, XLVI, da CR/88).

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Isto é perceptível da leitura dos trechos

mencionados, cotejando-se os itens de fundamentação em

que apontados os vetores circunstanciais que afetariam a JFRJ


Fls 1814
dosimetria, com aqueles em que esta foi efetivamente

empreendida.

Consequentemente, não há, cum permissa,

obscuridade a demandar sanação, improcedendo a

argumentação do embargante neste sentido, pelo que seus

aclaratórios, quanto ao tópico recursal em exame, serão

desprovidos.

II.1.1.5.2.2. OBSCURIDADE – AUMENTO DE PENA EM

RAZÃO DA MAJORANTE DO ART. 333,§ ÚNICO, DO CP, ACIMA DO

LIMITE LEGAL – ITENS 3.5.1.1., 3.5.1.2., 3.5.1.4.,

3.5.1.6. E 3.5.1.8.

Arguiu o embargante que, nos itens sentenciais

em comento, na terceira etapa dos processos dosimétricos,

sua reprimenda teria sido incrementada com fulcro no art.

333, § único, do CP; entretanto, ainda conforme suas

razões recursais, “embora o próprio dispositivo, previsto

no Código Penal, preveja um valor fixo de majoração de

pena, esta foi majorada em proporção muito superior, sem

que se ostente possível compreender o fundamento para a

superação do limite legal” (fls. 3977); postulou fosse a

obscuridade aclarada, com redimensionamento da

reprimenda.

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Analisando a argumentação do embargante, cum

permissa, é possível verificar que de obscuridade não se

está a tratar; isto porque, em que pese se dizer JFRJ


Fls 1815
perplexo, sem “compreender o fundamento para a superação

do limite legal”, em realidade, aponta erronia no

processo dosimétrico de que se queixa, tendo bem

compreendido os vetores envolvidos, bem como os cálculos

judiciais, que tem por equivocados.

Isto, por si, seria fundamento para

inacolhimento dos embargos declaratórios manejados, eis

que, como já tantas vezes dito ao longo deste ato, o

recurso empregado não se presta à mera rediscussão

genérica do julgado.

Ocorre que, como ressaltado no item II.1. deste

ato decisório, uma das possibilidades de acolhimento de

embargos de declaração e alteração do título sentencial,

pelo próprio Juízo prolator, é a verificação e correção

de mero erro material; in casu, verifico que o Juízo

laborou em erro material nos cálculos de pena, nos itens

de que se queixa o embargante, situação que está a

reclamar efetiva corrigenda; vejamos.

Nos itens em questão - item 3.5.1.1. (fls.

3863v./3864), item 3.5.1.2. (fls. 3864/3864v.), item

3.5.1.4. (fls. 3864v./3865), item 3.5.1.6. (fls.

3865/3865v.) e item 3.5.1.8. (fls. 3865v./3866) -, em que

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empreendidos processos de dosimetria pertinentes a crimes

de corrupção ativa praticados pelo embargante, foi

aplicada a causa de aumento de pena do art. 333, § único, JFRJ


Fls 1816
do CP – pertinente à efetiva prática de atos de ofício,

com violação de deveres funcionais, por parte dos

corrompidos -, conforme razões expostas em sede de

fundamentação.

Em todos os casos, houve a fixação de pena-base

em 04 (quatro) anos de reclusão, e, na segunda etapa, a

incidência da atenuante genérica da septuagenariedade

(art. 65, I, do CP), pelo que a pena intermediária chegou

a 02 (dois) anos e 08 (oito) meses de reclusão.

Na terceira etapa, fez-se, como já dito,

incidir a causa de aumento de pena contida no art. 333, §

único, do CP, que tem dimensionamento fixo – em 1/3 (um

terço) -, e conta com a base de cálculo da pena

intermediária.

Tendo em vista que a pena intermediária era de

02 (dois) anos e 08 (oito) meses de reclusão, o

incremento, de 1/3 (um terço), haveria de ser de 10 (dez)

meses e 20 (vinte) dias, atingindo-se uma pena definitiva

de 03 (três) anos, 06 (seis) meses e 20 (vinte) dias, e

não os 04 (quatro) anos, 08 (oito) meses e 20 (vinte)

dias consignados nos itens em questão, como erroneamente,

por lapso, calculou o Juízo.

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Esta pena será, contudo, alterada, porque, como

será exposto no item II.1.1.5.3.2. deste decisório, mais

adiante, há um outro erro material no cálculo da pena a JFRJ


Fls 1817
reclamar correção – na pena intermediária, houve

incorreta atenuação, igualmente por lapso.

Cabe salientar que, nos itens 3.5.1.1. (fls.

3863v./3864) – FPSO ESPADARTE/CIDADE DE ANCHIETA - e

3.5.1.2. (fls. 3864/3864v.) – FPSO BRASIL -, foi

detectado que, em cada caso, foram praticadas duas

condutas de corrupção ativa majorada (art. 333, § único,

do CP) pelo embargante, pois que dois foram os

funcionários públicos por ele corrompidos – PAULO ROBERTO

BUARQUE CARNEIRO e PEDRO JOSÉ BARUSCO FILHO; além disso,

foi verificado que, em ambos os casos, as infrações foram

praticadas em condições de concurso formal (art. 70 do

CP), o que, à vista do número de delitos, impôs a

aplicação de uma das penas, exasperada em 1/6 (um sexto).

Assim, as correções devidas serão empreendidas

no dispositivo desta decisão.

O equívoco material encontrado não se limitou à

dosimetria das penas impostas ao embargante, tendo

atingido, por idêntico lapso de cálculo, PAULO ROBERTO

BUARQUE CARNEIRO, cuja pena será igualmente alterada.

De fato, nos itens 3.1.1.1. (fls. 3854/3854v.)

– FPSO ESPADARTE/CIDADE DE ANCHIETA -, 3.1.1.2. (fls.

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3854v.) – FPSO BRASIL – e 3.1.1.4. (fls. 3855), foram

empreendidas dosimetrias de pena aplicáveis a PAULO

ROBERTO BUARQUE CARNEIRO em função das condenações JFRJ


Fls 1818
proferidas em seu desfavor, pela prática de infrações, em

cada caso, de corrupção passiva majorada (art. 317, §1º,

do CP), conforme exposto na fundamentação sentencial.

Nestes casos, a pena-base foi fixada em 04

(quatro) anos de reclusão, por ter sido reconhecida a

desfavorabilidade do vetor “consequências da infração”.

Na segunda etapa, foi reconhecida atenuante

genérica da confissão espontânea dos fatos (art. 65, III,

“d’, do CP), pelo que a pena intermediária atingiu 02

(dois) anos e 08 (oito) meses de reclusão.

Sobre esta base de cálculo haveria de incidir

incremento de 1/3 (um terço), atinente ao reconhecimento

de que praticou atos de ofício com violação de deveres

funcionais, em contrapartida às vantagens indevidas por

ele recebidas, conforme disposto no art. 317, §1º, do CP.

Ocorre que, ao fazer incidir o aumento, o Juízo

equivocou-se nos cálculos; isto porque o incremento de

1/3 (um terço) sobre a base de cálculo de 02 (dois) anos

e 08 (oito) meses seria de 10 (dez) meses e 20 (vinte)

dias.

A pena final deveria ter atingido 03 (três)

anos, 06 (seis) meses e 20 (vinte) dias, e não os 04

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(quatro) anos, 08 (oito) meses e 20 (vinte) dias

consignados nos itens em questão, como erroneamente

calculou o Juízo. JFRJ


Fls 1819
Esta pena será, contudo, alterada, porque, como

será exposto no item II.1.1.5.3.2. deste decisório, mais

adiante, há um outro erro material no cálculo da pena a

reclamar correção – na pena intermediária, houve

incorreta atenuação.

O equívoco não se verificou quanto à dosimetria

empreendida no item 3.1.1.3. – FPSO MARLIM SUL -, pois

que ali não incidiu a cogitada causa de aumento, dado que

não se estava diante de condenação por corrupção passiva

majorada, mas tão somente simples.

Logo, mesmo não sendo caso de obscuridade, como

asseverado pelo embargante, seus aclaratórios serão

providos, quanto ao ponto, para correção de erro

material, o que afetará igualmente a reprimenda imposta a

PAULO ROBERTO BUARQUE CARNEIRO.

II.1.1.5.2.3. OMISSÃO – TESE DEFENSIVA NO

SENTIDO DA INAPLICABILIDADE DO CONCURSO MATERIAL ENTRE AS

INFRAÇÕES DE CORRUPÇÃO ATIVA – ITEM 3.5.1.9.

O embargante alegou que, em seus memoriais

derradeiros, teria suscitado tese no sentido da

inaplicabilidade do concurso material, entre as

ocorrências desta espécie.

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Asseverou que, a seu sentir, seria apenas

viável a consideração de uma ocorrência de corrupção

ativa, relativa a cada empregado público corrompido, os JFRJ


Fls 1820
quais totalizariam três, pelo que três seriam os fatos;

pontuou ainda que as ocorrências estariam inseridas no

mesmo contexto fático, motivo pelo qual se estaria diante

de hipótese de crime continuado.

Queixou-se de que o Juízo não teria apreciado a

tese, e que, no item sentencial indicado, teria

simplesmente aplicado o cúmulo material entre as

infrações de corrupção ativa verificadas; postulou a

sanação da omissão.

Data maxima venia, analisando os autos,

verifico que, em realidade, não existe a omissão acusada;

explico.

O embargante, em seus memoriais – tópico “IV.4”

(fls. 3292/3294) -, postulou fossem consideradas, em caso

de condenação, as diversas infrações de corrupção ativa

como tendo sido praticadas em condições de crime

continuado (art. 71 do CP); o Juízo, em sede de

fundamentação, detalhadamente refutou este pleito,

assentando que os atos foram praticados em situação de

concurso material (art. 69), tal como exposto no item

2.2.1.12 (fls. 3763v./3765v.).

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Posteriormente, no item 3.5.1.9. (fls. 3866), o

Juízo aplicou, ao empreender os respectivos processos

dosimétricos, o concurso material às penas relativas às JFRJ


Fls 1821
infrações de corrupção ativa praticadas pelo embargante;

fê-lo, contudo, com base no quanto havia sido exposto no

item 2.2.1.12. (fls. 3763v./3765v.).

Logo se vê, por conseguinte, que não há falar

em omissão, pelo que a argumentação do embargante, cum

permissa, improcede, o que desaguará no desprovimento de

seus aclaratórios, quanto ao tópico recursal em

apreciação.

II.1.1.5.3. VÍCIOS PERTINENTES ÀS PENAS

IMPOSTAS PELOS DELITOS DE LAVAGEM DE ATIVOS

A seguir, o embargante passou a tratar de

supostos vícios que afligiriam os processos dosimétricos,

pertinentes às infrações de lavagem de ativos pelas quais

condenado, em alegações que serão apreciadas na

sequência.

II.1.1.5.3.1. CONTRADIÇÃO - FUNDAMENTAÇÃO –

MENÇÃO À UTILIZAÇÃO DE SOCIEDADES OFFSHORE ENQUANTO

CIRCUNSTÂNCIA AGRAVANTE DA PENA DO DELITO DE LAVAGEM DE

ATIVOS – ITENS 3.5.3. – SIMULTÂNEA UTILIZAÇÃO COMO

ELEMENTO DO DELITO DE EVASÃO DE DIVISAS – ITEM 2.2.3.

Articulou o embargante que o Juízo teria feito

incidir dois vetores, dentre aqueles do art. 59 do CP, na

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fixação da pena-base dos delitos de lavagem de ativos;

neste passo, o Juízo teria entendido que a “utilização de

sociedades offshore” demandaria a incidência do vetor JFRJ


Fls 1822
“circunstâncias da infração”, para afastar a pena-base de

seu mínimo legal.

Queixou-se que, em outro momento, o Juízo teria

utilizado este tema como “elemento integrante da

tipicidade do delito de “evasão de divisas”” (fls. 3979);

pontuou que haveria “contradição na dupla punição do

EMBARGANTE pelo mesmo dado fático” (fls. 3980), e

arrematou, pugnando pela sanatória do vício.

Maxima venia concessa, da própria argumentação

do embargante, pode-se depreender que não se está diante

de contradição, enquanto vício embargável.

Isto porque o vício em tela pressupõe

perplexidade, impossibilidade de compreensão do ato

guerreado; é o caso, por exemplo, em que dois trechos

sentenciais se contradigam mutuamente, de maneira que o

leitor não saiba o que está sendo exprimido pelo Juízo,

como quando a fundamentação conclui pela comprovação de

conduta típica e antijurídica, e pela culpabilidade do

réu, mas o dispositivo o absolve por julgar comprovada a

inexistência do fato (art. 386, I, do CPP).

Evidentemente não é o caso dos autos, em que

está bem compreendido o julgamento, mas são considerados

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seus critérios errôneos, pois que teria havido “dupla

punição do EMBARGANTE pelo mesmo dado fático” (fls.

3980); esta discordância fundamenta o intento do JFRJ


Fls 1823
embargante de ver revisto o julgado que considerado

equivocado.

Seja como for, analisando os itens sentenciais

de que se queixa, percebo que o vício inexiste; vejamos.

No item 3.5.2. (fls. 3866/3866v.), foi

empreendida a dosimetria da reprimenda imposta ao

embargante, pela prática de infrações de branqueamento de

ativos, e, na primeira etapa do respectivo processo, foi

reconhecida a incidência do vetor “circunstâncias da

infração” (art. 59 do CP), a demandar o afastamento da

pena-base de seu mínimo legal.

Note-se que o processo dosimétrico seguiu o

quanto exposto, em sede de fundamentação – no item

2.2.2.4. (fls. 3791/3808) -, a respeito dos vetores

circunstanciais que o Juízo entendia que lhe impactariam;

quanto ao ponto, o Juízo deixou assim consignado (fls.

3808):

“Há ainda que se observar a sofisticação

do esquema de branqueamento, tratado com

corrompidos – com a abertura das contas

por eles controladas, conforme exortação

e instruções do réu – e com seus

representados comercialmente – que lhe

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pagavam os comissionamentos, dos quais

parcela era paga como propina aos

cooptados, à margem de contabilidade ou


JFRJ
relações contratuais formais -, demanda Fls 1824
que o vetor “circunstâncias” (art. 59 do

CP) de cada infração determine

igualmente afastamento da pena-base de

seu mínimo legal.

Igualmente desfavoráveis serão as

circunstâncias da infração, ainda na

primeira etapa, pois que sofisticado

esquema de utilização de sociedades

offshore foi empregado, com manutenção

do montante ocultado no exterior, em

contas não informadas às autoridades

monetárias nacionais – conduta

autonomamente incriminada (art. 22, §

único, da Lei 7492/86) da parte dos

corrompidos mas que restará, em relação

a estes e como será melhor abordado mais

adiante, absorvida pela conduta de

branqueamento.”

Nota-se, portanto e cum permissa, que o Juízo

não considerou desfavoráveis as circunstâncias de cada

uma das infrações de branqueamento apenas pela

“utilização de sociedades offshore” (fls. 3979), mas pelo

emprego de sofisticado esquema branqueamento, que incluía

também a utilização de contas mantidas no exterior e

registradas em nome de sociedades offshore.

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Já no item 2.2.3. (fls. 3825v./3834), o Juízo

considerou que o embargante e o corréu LUÍS EDUARDO

CAMPOS BARBOSA DA SILVA haviam praticado a infração de JFRJ


Fls 1825
evasão de divisas (art. 22, § único, in fine, da Lei

7492/86); neste item, não é verdadeiro que o Juízo tenha

entendido a “utilização de sociedades offshore” (fls.

3979) como elemento do tipo em comento, dado que a norma

não o contempla.

De fato, o Juízo entendeu que a conduta de

manter valores no exterior, estando o embargante obrigado

a prestar declaração às autoridades monetárias nacionais,

sem que o tivesse feito, é que caracterizou a tipicidade

do agir.

O trecho transcrito pelo embargante em fls.

3980 – e que consta de fls. 3829 dos autos – apenas

retrata a apreciação judicial, ao diferenciar a situação

do embargante e de LUÍS EDUARDO CAMPOS BARBOSA DA SILVA,

de um lado, daquela condizente com os corrompidos, de

outro.

Com efeito, a conduta destes últimos, de

manutenção de valores no exterior, sem comunicação às

autoridades monetárias nacionais, nas contas em que os

receberam do embargante, foi compreendida como execução

do delito de branqueamento de ativos; já no caso do

embargante e de LUÍS EDUARDO CAMPOS BARBOSA DA SILVA, o

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Juízo entendeu que havia a prática da infração de evasão

de divisas, em relação aos montantes mantidos por eles em

contas por eles controladas – em adição ao branqueamento, JFRJ


Fls 1826
em favor dos corrompidos, dos proveitos dos atos de

corrupção, fato pelo qual foram ambos responsabilizados

também -, não havendo que se falar, no caso do embargante

e de seu sócio LUÍS EDUARDO CAMPOS BARBOSA DA SILVA, em

consunção.

Jamais, contudo, foi considerada – pois que o

teor normativo nem sequer o permitiria – a circunstância

do emprego de contas mantidas no exterior e registradas

em nome de sociedades offshore como elemento do tipo.

Conseguintemente, não há a contradição alegada,

maxima venia concessa, motivo pelo qual, inexistente o

vício acusado, os embargos serão, quanto ao ponto em

apreciação, rejeitados.

II.1.1.5.3.2. CONTRADIÇÃO – QUANTUM DE PENA

DIMINUÍDO EM RAZÃO DA ATENUANTE DA ANCIANIDADE, NA

REPRIMENDA PELO DELITO DE LAVAGEM DE CAPITAIS – ITEM

3.5.2. – E NA PENA APLICADA PELOS DELITOS DE CORRUPÇÃO –

ITEM 3.5.1.

O embargante alegou que, na dosagem da

reprimenda imposta em relação aos delitos de corrupção

ativa, ao apreciar a circunstância pessoal da

ancianidade, o Juízo teria promovido atenuação em patamar

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superior ao preconizado ordinariamente pela

jurisprudência, com o que teria acolhido tese defensiva

ventilada em sede de memoriais, de que, ostentando idade JFRJ


Fls 1827
superior à suficiente para a incidência da atenuante em

questão, haver-se-ia de promover atenuação além do

ordinário, como exigência do postulado constitucional da

individualização da pena.

Prosseguiu, afirmando que, no processo

dosimétrico pertinente à infração de lavagem de ativos, o

Juízo não teria empregado o mesmo critério, pelo que não

seria “possível compreender a razão da assimetria” (fls.

3982), que teve por contradição, cuja sanação postulou.

Maxima venia concessa, não se está, aqui

também, diante de verdadeira contradição, enquanto vício

de embargabilidade, que, como já dito, pressupõe

incompreensão, perplexidade diante do teor sentencial.

A contradição – peço vênia pela repetição, que

se faz necessária – somente ocorre quando dois trechos

sentenciais se contradizem mutuamente, de maneira que o

leitor não consiga compreender o teor do ato; isto

ocorre, e.g., quando a fundamentação tem a imputação por

comprovada, mas, no dispositivo, absolve-se o acusado sob

fundamento de comprovação da inexistência do fato (art.

386, I, do CPP).

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Não é o caso em apreciação, em que o embargante

alega que o Juízo teria atuado com critérios, a seu

sentir, contraditórios, na dosimetria referente a JFRJ


Fls 1828
distintas infrações penais; o embargante, cum permissa,

está a sustentar a erronia do julgamento, e a necessidade

de sua retificação, o que, por óbvio, implica concluir

que bem o compreendeu, mas dele discorda.

Isto, contudo, não autoriza o manejado recurso

de embargos de declaração, sob fundamento de suposta

contradição, pelo que, em princípio, haveria de ser

inacolhida sua insurgência.

Ocorre que, assim como no item II.1.1.5.2.2.

deste decisório, detecto um erro material no item

sentencial de que se queixa o embargante, que afeta sua

situação e de PAULO ROBERTO BUARQUE CARNEIRO, como passo

a expor, e que demanda corrigenda, pois que, como já

dito, a correção de erro material é uma das

possibilidades de acolhimento de embargos de declaração;

no bojo desta argumentação, exporei a erronia, maxima

venia concessa, na compreensão do embargante dos itens

sentenciais em questão. Vejamos.

Em relação aos delitos de corrupção ativa pelos

quais condenado o embargante, foi dimensionada sua pena-

base em 04 (quatro) anos de reclusão, nos itens 3.5.1.1.

(fls. 3863v./3864), 3.5.1.2. (fls. 3864/3864v.), 3.5.1.3.

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(fls. 3864v.), 3.5.1.4. (fls. 3864v./3865), 3.5.1.5.

(fls. 3865), 3.5.1.6. (fls. 3865/3865v.), 3.5.1.7. (fls.

3865v.) e 3.5.1.8. (fls. 3865v./3866). JFRJ


Fls 1829
A seguir, foi reconhecida sua

septuagenariedade, pelo que atenuou-se a pena-base; aqui,

importante salientar que a tese defensiva mencionada pelo

embargante não foi acolhida, tendo o Juízo aplicado a

atenuação em seu patamar tradicionalmente preconizado, em

1/6 (um sexto).

Ocorre que, à luz da dogmática, a base de

cálculo da atenuação é a pena-base ou o intervalo entre a

pena mínima e a máxima, o que for maior; isto porque, em

casos como aquele em análise, em que o intervalo entre a

pena mínima e a máxima é maior do que a pena-base, acaso

incidisse a atenuação sobre esta última, a influência da

circunstância legal seria menor do que a judicial –

incidente, como sabido, sobre o intervalo da escala penal

-, o que representa subversão ao sistema de progressiva

influência sobre o dimensionamento da reprimenda, desde

as circunstâncias judiciais, passando pelas legais, e

chegando até as causas de diminuição e aumento.

No caso em disceptação, portanto, incidiu a

atenuação – em seu patamar tradicional de 1/6 (um sexto)

– sobre o intervalo entre a pena mínima e a máxima;

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considerando-se que este é de 10 (dez) anos, a atenuação

é de 01 (um) ano e 08 (oito) meses.

E, considerando-se que a pena-base foi de 04 JFRJ


Fls 1830
(quatro) anos, a pena intermediária deveria ter sido de

02 (dois) anos e 04 (quatro) meses, e não 02 (dois) anos

e 08 (oito) meses, como restou dimensionado por lapso nos

cálculos; isto será corrigido no dispositivo desta

decisão.

O mesmo será feito em relação a PAULO ROBERTO

BUARQUE CARNEIRO, em relação a quem, nos itens 3.1.1

(fls. 3854/3854v.), 3.1.1.2. (fls. 3854v.), 3.1.1.3.

(fls. 3854v./3855) e 3.1.1.4. (fls. 3855), foi fixada

pena-base semelhante e reconhecida atenuação – em seu

caso por confissão espontânea (art. 65, III, “d”, do CP)

-, tendo havido idêntico erro de cálculo; aqui também

haverá retificação no dispositivo deste ato decisório.

Já no que diz com a apenação pelos delitos de

lavagem de ativos (item 3.5.2.. – fls. 3866/3866v.), foi

fixada pena-base de 04 (quatro) anos e 09 (nove) meses de

reclusão, e, da mesma forma, reconhecida a ancianidade do

embargante, justificando a atenuação, igualmente no

patamar tradicionalmente preconizado – 1/6 (um sexto).

O intervalo entre pena mínima e máxima previsto

no art. 1º da Lei 9613/98 é de 07 (sete) anos, maior,

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portanto, do que a pena-base, pelo que serviu de base de

cálculo para a atenuação.

JFRJ
Logo, 1/6 (um sexto) de 07 (sete) anos equivale
Fls 1831
a 01 (um) ano e 02 (dois) meses, tempo que, deduzido da

pena-base de 04 (quatro) anos e 09 (nove) meses, leva a

pena intermediária a 03 (três) anos e 07 (sete) meses de

reclusão, exatamente como empreendido no item 3.5.2.

(fls. 3866/3866v.); o mesmo critério, portanto, empregado

quando da dosimetria das infrações de corrupção ativa.

Portanto, maxima venia concessa, em que pese

improcedente a argumentação do embargante, seus

aclaratórios serão, quanto ao tópico, providos, apenas

para correção do erro material de cálculo detectado na

apenação imposta ao embargante, bem como ao corréu PAULO

ROBERTO BUARQUE CARNEIRO.

II.1.1.5.3.3. CONTRADIÇÃO – APLICAÇÃO DA

MAJORANTE CONTIDA NO ART. 1º, § 4º, DA LEI 9613/98 EM

COTEJO COM A EXASPERAÇÃO DA PENA DECORRENTE DO CONCURSO

FORMAL – ITEM 3.5.2.

Argumentou o embargante que, na dosimetria

pertinente às infrações de branqueamento por ele

praticadas, o Juízo teria feito incidir causa de aumento

de pena pertinente à habitualidade da ação; alegou ainda

que a pena teria recebido exasperação, em função da

incidência da regra do concurso formal, o que, a seu

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aviso, “de igual maneira, guarda relação com a quantidade

de infrações, em tese, cometidas” (fls. 3982).

JFRJ
Expressou convicção de que haveria “contradição
Fls 1832
na dupla punição do EMBARGANTE pelo mesmo fundamento

fático” (fls. 3983), e postulou fosse o suposto vício

sanado.

Maxima venia concessa, não há a contradição

alegada, a qual, como tantas vezes dito ao longo deste

ato decisório, pressupõe incompreensão do ato judicial

recorrido.

A contradição – peço venia pela repetição, que

se faz necessária – somente ocorre quando dois trechos

sentenciais se contradizem mutuamente, de maneira que o

leitor não consiga compreender seu teor; isto ocorre,

e.g., quando a fundamentação tem a imputação por

comprovada, mas, no dispositivo, absolve-se o acusado sob

fundamento de comprovação da inexistência do fato (art.

386, I, do CPP).

Não é o caso em apreciação, em que alegado que

o Juízo teria empreendido “dupla punição do EMBARGANTE

pelo mesmo fundamento fático” (fls. 3983); o embargante,

cum permissa, está a sustentar a erronia do julgamento, e

a necessidade de sua retificação, o que, por óbvio,

implica concluir que bem o compreendeu, mas que dele

discorda.

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Isto, contudo, não autoriza o manejado recurso

de embargos de declaração, sob fundamento de suposta

contradição, pelo que, já de plano, deve ser inacolhida JFRJ


Fls 1833
sua insurgência.

Seja como for, perscrutando os itens de que se

queixa, verifico que não padecem do indigitado vício;

explico.

No item 3.5.2. (fls. 3866/3866v.) foi

empreendida a dosimetria das infrações de branqueamento

de ativos pelas quais condenado o embargante; ali, de

fato, se fez incidir a causa de aumento de pena da

habitualidade (art. 1º, §4º, da Lei 9613/98), assim como

a exasperação, pertinente ao concurso formal (art. 70 do

CP) que unia as doze infrações de branqueamento pelas

quais condenado o embargante.

Estas conclusões encontram amplo arrazoamento

na fundamentação sentencial, mais precisamente no item

2.2.2.4. (fls. 3791/3808).

Ali, o Juízo expôs entendimento de que houve

uma infração de branqueamento, composta por múltiplos

atos executivos, para cada proveito de atos de corrupção

ocultado; e, tendo em vista que foram doze os delitos de

corrupção cujo proveito foi ocultado pelo embargante,

consideraram-se doze infrações as praticadas.

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De outro norte, julgou-se que todos os atos

executórios das doze infrações haviam sido praticados

condições de unidade contextual, em conduta única, pelo JFRJ


Fls 1834
que todos os resultados ilícitos foram tidos por unidos

por liame de concurso formal (art. 70 do CP).

Em sede de apenação, o Juízo concluiu que, em

relação à dosimetria de cada uma das doze infrações de

branqueamento de ativos, em sua terceira etapa, haveria

de incidir a causa de aumento de pena pertinente à

habitualidade, pois cada delito havia sido praticado por

múltiplos atos de execução, ao longo de muitos anos, em

verdadeira habitualidade do agir antijurídico.

Em atenção à consideração de que doze foram as

infrações praticadas – e não à habitualidade da prática

de atos de execução, em relação a uma delas -, em

concurso formal (art. 70 do CP), o Juízo ordenou ainda

que se aplicasse exasperação, sobre a pena de uma das

infrações, conforme tradicional critério jurisprudencial

fulcrado na quantidade de crimes verificados.

Logo se vê, por conseguinte, que não se há

falar, maxima venia concessa, em bis in idem, e muito

menos em contradição embargável.

Consequentemente, quanto ao ponto, improcedente

sua argumentação, os embargos serão desprovidos.

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II.1.1.5.4. CONTRADIÇÃO – VEDAÇÃO DE PROGRESSÃO

DE REGIME ATÉ QUE EFETUADA A DEVOLUÇÃO DO PRODUTO DOS

ILÍCITOS – ITEM 3.3.5. – EM CONTEJO COM O RECONHECIMENTO JFRJ


Fls 1835
DA REPATRIAÇÃO, POR PARTE DO EMBARGANTE, DE US$

54.000.000,00 – ITEM 2.2.5.2.

Arguiu o embargante que, no item sentencial

2.2.5.2., o Juízo teria, ao apreciar os efeitos de sua

colaboração, reconhecido que, em cumprimento ao acordado,

teriam sido por ele repatriados US$ 54.000.000,00

(cinquenta e quatro milhões de dólares estadunidenses), a

título de proveito de atividades criminosas.

Suscitou que, na análise das disposições finais

a ele pertinentes, teria o Juízo determinado, de um lado,

a vedação de progressão de regime de cumprimento de pena

até que efetuada a devolução do produto dos ilícitos, e

de outro, o perdimento do montante acordado pelo

embargante – US$ 54.000.000,00.

A seu aviso, não seria “possível compreender o

fundamento do aludido trecho, tendo em vista que tal

valor já foi entregue pelo EMBARGANTE, conforme

reconhecido na r. sentença.” (fls. 3984); pugnou pelo

aclaramento de tal estado de coisas.

Cum permissa, da própria argumentação do

embargante, se percebe inexistir, em realidade,

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contradição embargável, a qual pressupõe incompreensão do

ato recorrido; vejamos.

JFRJ
A contradição – peço vênia pela repetição, que
Fls 1836
se faz necessária – somente ocorre quando dois trechos

sentenciais se contradizem mutuamente, de maneira que o

leitor não consiga compreender o teor do ato judicial

padecedor do vício; isto ocorre, e.g., quando a

fundamentação tem a imputação por comprovada, mas, no

dispositivo, absolve-se o acusado, sob fundamento de

comprovação da inexistência do fato (art. 386, I, do

CPP).

Não é o caso em apreciação, em que alegado que

o Juízo teria reconhecido a repatriação, em função de

acordo de colaboração premiada, de certo montante, e

teria, em outro pedaço do ato guerreado, decretado o

perdimento do ativo, condicionando, ademais, a progressão

de regime de cumprimento de pena privativa de liberdade à

devolução do produto do ilícito; o embargante, cum

permissa, está a sustentar a erronia do julgamento, e a

necessidade de sua retificação, o que, por óbvio, implica

concluir que bem o compreendeu, mas que dele discorda.

Isto, contudo, não autoriza o manejado recurso

de embargos de declaração, sob fundamento de suposta

contradição, pelo que, de plano, já é de ser inacolhida

sua insurgência.

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Seja como for, perscrutando os itens de que se

queixa, verifico que não padecem do indigitado vício;

explico. JFRJ
Fls 1837
No item 2.2.5.2. (fls. 3845/3849), o Juízo, em

sede de fundamentação, apreciou os efeitos da colaboração

do embargante e considerou que, como parte do acordo por

ele entabulado com o Ministério Público, efetivamente

havia repatriado valores a título de proveito de

atividades criminosas, cujo destino era o perdimento;

confira-se o pertinente trecho (fls. 3847v.):

“JÚLIO FAERMAN, em materialização ao

quanto acordado na cláusula 8ª do

instrumento (fls. 52 dos autos 0505269-

66.2015.402.5101), efetuou a repatriação

e entrega, como proveito de atividades

criminosas a ser perdido, do montante de

US$ 54.000.000,00 (cinquenta e quatro

milhões de dólares estadunidenses) (fls.

63/65, 111/112, 225/237, 488/495, 520,

522, 530/532 dos autos 0505269-

66.2015.402.5101), dos quais parcela

majoritária foi, por decisão deste Juízo

(fls. 562/563v. dos autos 0505269-

66.2015.402.5101), direcionada à

PETROBRÁS (fls. 582 dos autos 0505269-

66.2015.402.5101); de forma idêntica,

JÚLIO FAERMAN, em cumprimento ao quanto

disposto na cláusula 5ª, §2º, do acordo

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(fls. 45/46 dos autos 0505269-

66.2015.402.5101), recolheu o montante

de R$ 4.000.000,00 (quatro milhões de


JFRJ
reais) (fls. 192/194, 438/439, 619/620, Fls 1838
dos autos 0505269-66.2015.402.5101), a

título de multa.”

Posteriormente, no dispositivo sentencial, o

Juízo, no item 3.5.5. (fls. 3867), fez incidir norma

legal de observância obrigatória, quanto ao

condicionamento da progressão de regime de cumprimento,

de pena privativa de liberdade, à devolução do produto do

ilícito, em sede de crimes contra a Administração Pública

(art. 33, §4º, do CP) – a incluir, naturalmente, os

delitos de corrupção pelos quais condenado o embargante.

No mesmo item, o Juízo determinou o perdimento

do montante repatriado, objeto de acordo de colaboração

do embargante (fls. 3867v.), também como decorrência

secundária da condenação que lhe estava sendo imposta.

Estes trechos sentenciais se encontram em

completa harmonia, pois que, no item 2.2.5.2. (fls.

3845/3849), o Juízo apenas aferia efeitos da colaboração

do embargante, dentre os quais o cumprimento da obrigação

de repatriação e entrega do montante por ele indicado; já

no item 3.5.5., o Juízo, em primeiro lugar, anotou

condicionamento à progressão de regime de cumprimento da

pena privativa de liberdade imposta, como decorrência de

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norma legal de observância obrigatória, sendo certo,

entretanto, que a análise de eventual progressão – se e

quando for o caso -, no que toca ao preenchimento dos JFRJ


Fls 1839
pertinentes requisitos – dentre os quais o afirmado pelo

Juízo -, por refugir a sua esfera competencial, haverá de

ser feita perante o Juízo da Execução (art. 66 da Lei

7210/84 e s. 192 do STJ).

Ali, evidentemente, haverá o embargante de

deduzir suas alegações quanto ao preenchimento dos

requisitos – inclusive o de ter efetuado a cogitada

devolução -, dentre os quais o rememorado pelo Juízo,

apenas para fins de expressa constância do título penal

condenatório.

A seguir, materializou o perdimento do

montante, antes apenas provisoriamente entregue por força

do acordo, atestando sua caracterização como proveito de

ilicitudes, como decorrência secundária da condenação que

lhe estava sendo imposta, sendo apresentadas as normas

legais que justificavam a providência; isto, inclusive,

está em consonância com o quanto exposto no item

sentencial 2.2.6. (fls. 3851v./3852), em que o Juízo

rechaçou pleito ministerial – ao qual aderiu o assistente

de acusação – de condenação dos réus, dentre os quais o

embargante – à reparação dos danos, tido por

improcedente, pelas razões então expendidas; no que toca

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ao embargante, o rechaço ao pleito foi decidido pela

consideração de o perdimento dos proveitos das ilicitudes

supriria o interesse reparatório veiculado, segundo os JFRJ


Fls 1840
fundamentos que haviam sido agitados em seu socorro.

Não há, portanto, qualquer contradição entre os

trechos de que se queixa o embargante, pelo que, cum

permissa, sua argumentação recursal improcede; por

conseguinte, quanto ao tópico em apreciação, seus

aclaratórios serão rejeitados.

II.1.2. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO DE LUÍS EDUARDO

CAMPOS BARBOSA DA SILVA

Tendo em conta que apenas uma foi a arguição de

vício sentencial suscitada por este embargante, aprecio-a

em seguida, sem, contudo, dividir a aferição em tópicos,

pois que providência desnecessária.

Articulou o embargante que o Juízo teria

apreciado, nos itens sentenciais 2.2.5.3. e 3.4., os

efeitos da colaboração por ele prestada, quando teria

sido reconhecido que faria jus aos benefícios pactuados

com o Ministério Público, mormente os que integrariam a

cláusula quinta do respectivo instrumento.

Queixou-se, contudo, que ter-se-ia determinado

“a aplicação da pena de multa, em desfavor do EMBARGANTE,

em patamar superior ao mínimo legal” (fls. 4003), o que,

ao sentir do embargante, caracterizaria “possível

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equívoco da r. sentença, que, com todo acatamento,

desconsiderou o teor da cláusula 5ª, item IV, do acordo

de colaboração premiada celebrado pelo EMBARGANTE, JFRJ


Fls 1841
quedando-se omissa no que concerne à limitação da

aplicação da pena de multa ao patamar mínimo da lei

penal” (fls. 4004); pediu fosse aclarada a sentença,

quanto ao ponto.

Cum permissa, da própria argumentação do

embargante se percebe inexistir, em realidade,

contradição embargável, a qual pressupõe incompreensão do

ato recorrido; vejamos.

A contradição – peço vênia pela repetição, que

se faz necessária – somente ocorre quando dois trechos

sentenciais se contradizem mutuamente, de maneira que o

leitor não consiga compreender seu teor; isto ocorre,

e.g., quando a fundamentação tem a imputação por

comprovada, mas, no dispositivo, absolve-se o acusado,

sob fundamento de comprovação da inexistência do fato

(art. 386, I, do CPP).

Não é o caso em apreciação, em que alegado que

o Juízo teria desconsiderado o teor de determinada

cláusula integrante do termo em que materializado o

acordo de colaboração por ele firmado com o Ministério

Público; o embargante, cum permissa, está a sustentar a

erronia do julgamento, e a necessidade de sua

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retificação, o que, por óbvio, implica concluir que bem o

compreendeu, mas que dele discorda.

JFRJ
Isto, contudo, não autoriza o manejado recurso
Fls 1842
de embargos de declaração, sob fundamento de suposta

omissão, pelo que, de plano, já é de ser inacolhida sua

insurgência.

Seja como for, perscrutando os itens de que se

queixa, verifico que não padecem do indigitado vício;

explico.

No item 2.2.5.3. (fls. 3849/3851v.), o Juízo

apreciou os efeitos da colaboração prestada pelo

embargante; após verificar que, apesar de ter cumprido

com certas obrigações derivadas do acordo, detectou-se

diversos episódios de inverdades lançadas por ele, em

depoimentos prestados à Justiça e que visavam

desconstituir parcelas das imputações que pesavam em seu

desfavor, julgou-se que não fazia jus aos benefícios

acordados, em patamar ao máximo, mas que apenas ao mínimo

acordado lhe deveria ser concedido, acolhendo, quanto ao

ponto, posicionamento externado pelo Ministério Público.

Especificamente, quanto ao tema da multa, ao

apreciar postulação do embargante de que fosse

recompensado com os benefícios acordados, em seu grau

máximo, o Juízo assim se pronunciou (fls. 3851/3851v.):

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“Já no que diz com a postulação

defensiva de aplicação subsidiária de

dos benefícios acordados, em seu grau


JFRJ
máximo (fls. 3120), o tema foi Fls 1843
suficientemente tratado acima, tendo

sido adequadamente fundamentada a

conclusão no sentido da incidência

clausular variável – pertinente à

duração do regime aberto diferenciado,

em substituição à pena privativa de

liberdade máxima, fixada em regime

fechado.

Tenho para mim ainda que, tendo em vista

a insinceridade dos relatos, não cabe

cogitar de modulação de pena de multa,

em seu mínimo legal, a qual não há de

ser substituída pelo montante recolhido,

por força do acordo, a título de multa

compensatória cível, em face do caráter

extrapenal desta última.”

Não há, assim, qualquer omissão, pois que o

tema foi abordado pelo Juízo; seja como for, saliento que

o clausulamento, transcrito pelo próprio embargante em

seu recurso (fls. 4004), dizia que, cumpridas as

condições, o Ministério Público proporia a aplicação dos

benefícios arrolados; o Juízo, em vista da insinceridade

dos relatos, entendeu que o benefício da multa, em seu

patamar mínimo, não era aplicável, e assim julgou.

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Evidentemente, o embargante pode discordar do

critério judicial empregado – postura legítima -, mas

deve fazê-lo pelo instrumento recursal adequado a JFRJ


Fls 1844
provocar a rediscussão do julgado, não sendo viável, com

tal intenção, o manejo dos embargos de declaração.

Logo, improcedente, maxima venia concessa, a

argumentação do embargante, seus aclaratórios serão

desprovidos.

II.2. DAS APELAÇÕES

Tendo em vista seu cabimento e tempestividade,

as apelações do Ministério Público (fls. 3871), PEDRO

JOSÉ BARUSCO FILHO (fls. 3887), JORGE LUIZ ZELADA (fls.

4015) e PAULO ROBERTO BUARQUE CARNEIRO (fls. 4018/4019)

serão recebidas.

Saliento que, tendo em vista o teor das

alterações empreendidas por força do acolhimento parcial

dos embargos de declaração de JÚLIO FAERMAN, em larga

medida remanesce inalterada a sentença de fls. 3485/3868,

pelo que não haverá necessidade de ratificação dos

recursos manejados (art. 3º do CPP, c/c art. 1024, §5º,

do CPC), que, como dito acima, serão, desde já,

recebidos.

II.3. DO PLEITO DE FLS. 3990

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A D. Comissão de Valores Mobiliários pleiteou

acesso aos autos; considerando-se que não se encontram

sob regime de sigilo, não há qualquer óbice a que JFRJ


Fls 1845
qualquer agente seu acesso os autos, o que deverá se dar,

entretanto e em princípio, em cartório, com vistas a

evitar percalços ao andamento da ação penal,

principalmente considerando-se que dela não é parte a

autarquia.

II.4. DO PORVIR DO FEITO

Tendo em conta que manejaram LUÍS EDUARDO

CAMPOS BARBOSA DA SILVA e JÚLIO FAERMAN embargos de

declaração, ora analisados, o prazo para recurso da

sentença de fls. 3485/3868 resta interrompido (art. 3º do

CPP, c/c art. 1026 do CPC), pelo que deverão ser

intimados desta decisão, através da publicação a sua D.

Defesa (art. 370, §1º, do CPP), para, querendo,

interporem o cabível recurso, no prazo legal.

Ao fim do prazo, manejados ou não recursos,

deverão vir os autos conclusos, seja para apreciação de

sua admissibilidade, seja para aferição dos próximos

trâmites.

Sem prejuízo, deverá ser PAULO ROBERTO BUARQUE

CARNEIRO intimado pessoalmente (art. 392, I, do CPP) da

sentença condenatória, com as alterações empreendidas

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neste ato decisório, eis que, segundo consta dos autos,

isto ainda não se fez possível.

À luz ainda dos recursos manejados, será JFRJ


Fls 1846
tornada sem efeito a certidão de fls. 3875, que retrata

incorreção fática.

III- DISPOSITIVO

Diante do exposto:

(a) CONHEÇO os embargos declaratórios

manejados por LUÍS EDUARDO CAMPOS BARBOSA

DA SILVA, e, no mérito, NEGO-LHES

PROVIMENTO, nos termos da fundamentação

expendida no item II.1.2. deste ato

decisório;

(b) CONHEÇO os embargos declaratórios

manejados por JÚLIO FAERMAN, e, em face de

erros materiais detectados, DOU-LHES

PARCIAL PROVIMENTO, para, nos termos da

fundamentação lançada nos itens

II.1.1.5.2.2. e II.1.1.5.3.2. deste ato

decisório, alterar os itens 3.1. e 3.5. da

sentença de fls. 3485/3868, que passarão a

contar com a seguinte redação:

“3.1. PAULO ROBERTO BUARQUE CARNEIRO

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Como visto linhas acima, PAULO ROBERTO BUARQUE

CARNEIRO restou condenado pela prática de quatro

infrações de corrupção passiva, três das quais majoradas, JFRJ


Fls 1847
em concurso material, bem como quatro infrações de

lavagem de ativos, majoradas pela habitualidade e em

concurso formal; há concurso material entre os delitos de

corrupção passiva e lavagem de ativos.

Empreendo, na sequência, a dosagem de sua

reprimenda.

3.1.1. CORRUPÇÃO PASSIVA

Dimensiono a pena de cada uma das infrações, e,

ao fim, aplico o concurso material detectado no item

2.2.1.12..

3.1.1.1. FPSO ESPADARTE/CIDADE DE ANCHIETA –

ITEM 2.2.1.2.

A culpabilidade do réu não fugiu ao comumente

verificado em fatos deste jaez; o réu ostenta bons

antecedentes (fls. 2631/2632) e nada há nos autos a

respeito de sua conduta social e personalidade, sendo

ainda certo que a motivação da infração foi a busca do

lucro fácil, o que já foi previamente considerado pelo

Legislador na tipificação da conduta em apreço. As

circunstâncias do delito não desbordaram do comumente

verificado. Já suas consequências devem ser valoradas

desfavoravelmente da maneira intensa, pois que foram

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recebidos elevadíssimos valores como propina, ao longo de

dilargadíssimo período. Não há comportamento de sujeito

passivo a ser aferido. Fixo, portanto, a pena-base em 04 JFRJ


Fls 1848
(quatro) anos de reclusão.

Na segunda etapa, incidirá a atenuante

genérica da confissão espontânea (art. 65, III, “d”, do

CP), nos termos do entendimento – a que me filio –

esposado no verbete 545, da lavra do C. Superior Tribunal

de Justiça, atingindo a pena intermediária o patamar de

02 (dois) anos e 04 (quatro) meses de reclusão.

Na terceira etapa, incidirá a causa de aumento

de pena do art. 317, §1º, do CP, pois que foi praticado,

pelo réu, ato de ofício com violação de dever funcional;

dimensiono a pena definitiva pela infração em 03 (três)

anos, 01 (um) mês e 10 (dez) dias de reclusão.

Em proporção à pena privativa de liberdade,

aplico-lhe ainda pena de multa (art. 49 do CP), fixada em

31 (trinta e um) dias-multa, orçado, cada um, em 02

(dois) salários mínimos, em atenção ao elevado padrão

socioeconômico do réu (art. 49, §1º, do CP), tendo em

vista que ex-empregado da paraestatal PETROBRÁS, com

muitos anos de carreira, com altíssimos proventos,

compostos por aposentadoria paga pelo Instituo Nacional

do Seguro Social e complementada por benefício de

previdência complementar notoriamente (art. 3º do CPP,

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c/c art. 374, I, do CPC) pagos aos inativos daquela

sociedade de economia mista.

3.1.1.2. FPSO BRASIL – ITEM 2.2.1.3. JFRJ


Fls 1849

A culpabilidade do réu não fugiu ao comumente

verificado em fatos deste jaez; o réu ostenta bons

antecedentes (fls. 2631/2632) e nada há nos autos a

respeito de sua conduta social e personalidade, sendo

ainda certo que a motivação da infração foi a busca do

lucro fácil, o que já foi previamente considerado pelo

Legislador na tipificação da conduta em apreço. As

circunstâncias do delito não desbordaram do comumente

verificado. Já suas consequências devem ser valoradas

desfavoravelmente da maneira intensa, pois que foram

recebidos elevadíssimos valores como propina, ao longo de

dilargadíssimo período. Não há comportamento de sujeito

passivo a ser aferido. Fixo, portanto, a pena-base em 04

(quatro) anos de reclusão.

Na segunda etapa, incidirá a atenuante

genérica da confissão espontânea (art. 65, III, “d”, do

CP), nos termos do entendimento – a que me filio –

esposado no verbete 545, da lavra do C. Superior Tribunal

de Justiça, atingindo a pena intermediária o patamar de

02 (dois) anos e 04 (quatro) meses de reclusão.

Na terceira etapa, incidirá a causa de aumento

de pena do art. 317, §1º, do CP, pois que foi praticado,

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pelo réu, ato de ofício com violação de dever funcional;

dimensiono a pena definitiva pela infração em 03 (três)

anos, 01 (um) mês e 10 (dez) dias de reclusão. JFRJ


Fls 1850
Em proporção à pena privativa de liberdade,

aplico-lhe ainda pena de multa (art. 49 do CP), fixada em

31 (trinta e um) dias-multa, orçado, cada um, em 02

(dois) salários mínimos, em atenção ao elevado padrão

socioeconômico do réu (art. 49, §1º, do CP), tendo em

vista que ex-empregado da paraestatal PETROBRÁS, com

muitos anos de carreira, com altíssimos proventos,

compostos por aposentadoria paga pelo Instituo Nacional

do Seguro Social e complementada por benefício de

previdência complementar notoriamente (art. 3º do CPP,

c/c art. 374, I, do CPC) pagos aos inativos daquela

sociedade de economia mista.

3.1.1.3. FPSO MARLIM SUL – ITEM 2.2.1.4.

A culpabilidade do réu não fugiu ao comumente

verificado em fatos deste jaez; o réu ostenta bons

antecedentes (fls. 2631/2632) e nada há nos autos a

respeito de sua conduta social e personalidade, sendo

ainda certo que a motivação da infração foi a busca do

lucro fácil, o que já foi previamente considerado pelo

Legislador na tipificação da conduta em apreço. As

circunstâncias do delito não desbordaram do comumente

verificado. Já suas consequências devem ser valoradas

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desfavoravelmente da maneira intensa, pois que foram

recebidos elevadíssimos valores como propina, ao longo de

dilargadíssimo período. Não há comportamento de sujeito JFRJ


Fls 1851
passivo a ser aferido. Fixo, portanto, a pena-base em 04

(quatro) anos de reclusão.

Na segunda etapa, incidirá a atenuante

genérica da confissão espontânea (art. 65, III, “d”, do

CP), nos termos do entendimento – a que me filio –

esposado no verbete 545, da lavra do C. Superior Tribunal

de Justiça, atingindo a pena intermediária o patamar de

02 (dois) anos e 04 (quatro) meses de reclusão.

Na terceira etapa, não há causas de diminuição

ou de aumento de pena; torno, portanto, a pena final pela

infração em 02 (dois) anos e 04 (quatro) meses de

reclusão.

Em proporção à pena privativa de liberdade,

aplico-lhe ainda pena de multa (art. 49 do CP), fixada em

24 (vinte e quatro) dias-multa, orçado, cada um, em 02

(dois) salários mínimos, em atenção ao elevado padrão

socioeconômico do réu (art. 49, §1º, do CP), tendo em

vista que ex-empregado da paraestatal PETROBRÁS, com

muitos anos de carreira, com altíssimos proventos,

compostos por aposentadoria paga pelo Instituo Nacional

do Seguro Social e complementada por benefício de

previdência complementar notoriamente (art. 3º do CPP,

Assinado eletronicamente. Certificação digital pertencente a VITOR BARBOSA VALPUESTA.


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c/c art. 374, I, do CPC) pagos aos inativos daquela

sociedade de economia mista.

3.1.1.4. FPSO CAPIXABA – ITEM 2.2.1.5. JFRJ


Fls 1852

A culpabilidade do réu não fugiu ao comumente

verificado em fatos deste jaez; o réu ostenta bons

antecedentes (fls. 2631/2632) e nada há nos autos a

respeito de sua conduta social e personalidade, sendo

ainda certo que a motivação da infração foi a busca do

lucro fácil, o que já foi previamente considerado pelo

Legislador na tipificação da conduta em apreço. As

circunstâncias do delito não desbordaram do comumente

verificado. Já suas consequências devem ser valoradas

desfavoravelmente da maneira intensa, pois que foram

recebidos elevadíssimos valores como propina, ao longo de

dilargadíssimo período. Não há comportamento de sujeito

passivo a ser aferido. Fixo, portanto, a pena-base em 04

(quatro) anos de reclusão.

Na segunda etapa, incidirá a atenuante

genérica da confissão espontânea (art. 65, III, “d”, do

CP), nos termos do entendimento – a que me filio –

esposado no verbete 545, da lavra do C. Superior Tribunal

de Justiça, atingindo a pena intermediária o patamar de

02 (dois) anos e 04 (quatro) meses de reclusão.

Na terceira etapa, incidirá a causa de aumento

de pena do art. 317, §1º, do CP, pois que foi praticado,

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pelo réu, ato de ofício com violação de dever funcional;

dimensiono a pena definitiva pela infração em 03 (três)

anos, 01 (um) mês e 10 (dez) dias de reclusão. JFRJ


Fls 1853
Em proporção à pena privativa de liberdade,

aplico-lhe ainda pena de multa (art. 49 do CP), fixada em

31 (trinta e um) dias-multa, orçado, cada um, em 02

(dois) salários mínimos, em atenção ao elevado padrão

socioeconômico do réu (art. 49, §1º, do CP), tendo em

vista que ex-empregado da paraestatal PETROBRÁS, com

muitos anos de carreira, com altíssimos proventos,

compostos por aposentadoria paga pelo Instituo Nacional

do Seguro Social e complementada por benefício de

previdência complementar notoriamente (art. 3º do CPP,

c/c art. 374, I, do CPC) pagos aos inativos daquela

sociedade de economia mista.

3.1.1.5. CONCURSO MATERIAL ENTRE AS CONDUTAS DE

CORRUPÇÃO PASSIVA

Tendo em vista que as quatro infrações de

corrupção passiva, foram, nos termos do quanto exposto no

item 2.2.1.12., praticadas em condições de concurso

material (art. 69 do CP), imperiosa a aplicação do cúmulo

das apenações – o que atinge igualmente as multas (art.

72 do CP).

Assim, considerando-se as penas fixadas nos

itens 3.1.1.1., 3.1.1.2., 3.1.1.3. e 3.1.1.4., a pena

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pelas condutas de corrupção passiva será de 11 (onze)

anos e 08 (oito) meses de reclusão, e 117 (cento e

dezessete) dias-multa, cada um orçado em 02 (dois) JFRJ


Fls 1854
salários mínimos.

3.1.2. LAVAGEM DE ATIVOS – ITEM 2.2.2.1.

Como examinado no item 2.2.2.1., PAULO ROBERTO

BUARQUE CARNEIRO praticou quatro condutas de

branqueamento de ativos, em condições idênticas e em

concurso formal (art. 70 do CP); assim sendo, tenho para

mim que é desnecessário empreender quatro dosimetrias

idênticas, para ao final ser aplicado o efeito de

exasperação; por conseguinte, executarei apenas uma

dosimetria, que valerá para todas as infrações de

branqueamento, e, ao seu fim, aplicarei a exasperação

pertinente ao concurso formal.

A culpabilidade do réu não fugiu ao comumente

verificado em fatos deste jaez; o réu ostenta bons

antecedentes (fls. 2631/2632) e nada há nos autos a

respeito de sua conduta social e personalidade, sendo

ainda certo que a motivação da infração foi o

escondimento de proveito de infrações anteriores, o que

já foi previamente considerado pelo Legislador na

tipificação da conduta em apreço. As circunstâncias do

delito foram desfavoráveis, tendo em vista a utilização

de sociedades offshore, em complicado esquema de

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manutenção de valores não declarados no exterior, conduta

autonomamente incriminada mas que restará absorvida. Já

suas consequências devem ser valoradas desfavoravelmente JFRJ


Fls 1855
da maneira intensa, pois que foram ocultados

elevadíssimos valores gerados a partir de recebimento de

propina, ao longo de dilargadíssimo período. Não há

comportamento de sujeito passivo a ser aferido. Fixo,

portanto, a pena-base em 04 (quatro) anos e 09 (nove)

meses de reclusão.

Na segunda etapa, incidirá a atenuante

genérica da confissão espontânea (art. 65, III, “d”, do

CP), nos termos do entendimento – a que me filio –

esposado no verbete 545, da lavra do C. Superior Tribunal

de Justiça, atingindo a pena intermediária o patamar de

03 (três) anos e 07 (sete) meses de reclusão.

Na terceira etapa, incidirá a causa de aumento

de pena do art. 1º, §4º, da Lei 9613/98, pois que

praticada a conduta de maneira habitual, em seu patamar

mínimo – 1/3 (um terço); dimensiono a pena definitiva

pela infração em 04 (quatro) anos, 09 (nove) meses e 10

(dez) dias de reclusão.

Em proporção à pena privativa de liberdade,

aplico-lhe ainda pena de multa (art. 49 do CP), fixada em

49 (quarenta e nove) dias-multa, orçado, cada um, em 02

(dois) salários mínimos, em atenção ao elevado padrão

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socioeconômico do réu (art. 49, §1º, do CP), tendo em

vista que ex-empregado da paraestatal PETROBRÁS, com

muitos anos de carreira, com altíssimos proventos, JFRJ


Fls 1856
compostos por aposentadoria paga pelo Instituo Nacional

do Seguro Social e complementada por benefício de

previdência complementar notoriamente (art. 3º do CPP,

c/c art. 374, I, do CPC) pagos aos inativos daquela

sociedade de economia mista.

Tendo em conta a situação de concurso formal

(art. 70 do CP) e a quantidade de infrações praticadas –

quatro infrações -, segundo tradicional critério

jurisprudencial, incidirá a exasperação em fração de 1/4

(um quarto); torno a pena final, pelas infrações de

branqueamento, em 05 (cinco) anos, 11 (onze) meses e 20

(vinte) dias de reclusão e 61 (sessenta e um) dias-multa,

cada um orçado em 02 (dois) salários mínimos.

3.1.3. CONCURSO MATERIAL ENTRE AS CONDUTAS DE

CORRUPÇÃO E LAVAGEM DE ATIVOS, E DEMAIS COMINAÇÕES

Considerando-se que as condutas de corrupção e

de branqueamento de ativos foram praticadas em condições

de concurso material (art, 69 do CP), como

jurisprudencialmente reconhecido (e.g. STF, AP 694, 1ª

Turma, Rel. Min. Rosa Weber, J. 02/05/2017), importa

aplicar o cúmulo.

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Neste passo, a pena total de PAULO ROBERTO

BUARQUE CARNEIRO é de 17 (dezessete) anos, 07 (sete)

meses e 20 (vinte) dias de reclusão, e 178 (cento e JFRJ


Fls 1857
setenta e oito) dias-multa, cada um orçado em 02 (dois

salários mínimos).

Tendo em conta a duração da pena privativa de

liberdade, bem como a desfavorabilidade parcial das

circunstâncias judiciais das infrações praticadas, o

regime inicial de cumprimento será o fechado (art. 33,

§2º, “a”, e §3º, do CP), sendo vedada, em sede de

execução, a progressão de regime até que efetuada a

devolução do produto dos ilícitos praticados (art. 33,

§4º, do CP).

À luz da quantidade de pena corporal aplicada,

incabíveis sua substituição por penas restritivas de

direitos (art. 44, I, do CP) ou a suspensão de sua

execução (art. 77 do CP).

Considerando-se que beneficiado o condenado por

ordem liminar de habeas corpus, deferida pelo E. Supremo

Tribunal Federal (fls. 794/797v. dos autos 0511617-

03.2015.4.02.5101), não há de se falar em nova decisão

acerca da privação cautelar de liberdade (art. 387, §1º,

do CPP), pois que ausentes fatos novos, relativamente

àqueles que determinaram a decretação primeva do

encarceramento cautelar.

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Outrossim, tendo em vista que o condenado

esteve preso, ao longo de grande parte do trâmite do

feito, no momento de expedição da documentação JFRJ


Fls 1858
executória, deverá ser decotado da pena a cumprir o tempo

de prisão processual (art. 387, §2º, do CPP), o que, em

princípio, não implicará em alteração e regime inicial de

cumprimento de pena privativa de liberdade, seja pela

quantidade aplicada, seja pela necessidade de prévia

comprovação de devolução do proveito das infrações

praticadas (art. 33, §4º, do CP).

Decreto o perdimento do montante recebido a

título de propinas – o valor de US$ 8.498.603,73 (oito

milhões, quatrocentos e noventa e oito mil, seiscentos e

três dólares estadunidenses, e setenta e três cents),

apenas no período entre 3/3/2003 a 20/1/2012.” (fls. 04 –

Apenso 1 dos autos 0505269-66.2015.4.02.5101) -, pois que

produto de infrações penais de corrupção passiva (art.

91, II, “b”, do CP) e objeto material de delitos de

branqueamento de ativos (art. 7º, I, da Lei 9613/98).

Determino a perda de seu emprego público (art.

92, I, do CP), acaso, por algum motivo, ainda o esteja a

ocupar.”

“3.5. JÚLIO FAERMAN

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Como visto linhas acima, JÚLIO FAERMAN restou

condenado pela prática de dez infrações de corrupção

ativa, sete das quais majoradas, doze infrações de JFRJ


Fls 1859
lavagem de ativos – estas em concurso formal –, uma

infração de evasão de divisas e uma infração de

quadrilha.

Nos casos dos fatos pertinentes às contratações

dos FPSOs Espadarte/Cidade de Anchieta (item 2.2.1.2.) e

Brasil (item 2.2.1.3.), praticou, em cada, duas condutas

de corrupção ativa em concurso formal (art. 70 do CP),

como examinado, respectivamente, nos itens 2.2.1.2.7.2. e

2.2.1.3.7.2.; cada um destes conjuntos de duas condutas

de corrupção ativa, em concurso formal, se deu, por sua

vez, em concurso material com as demais infrações de

corrupção ativa, tal como elucidado no item 2.2.1.12..

As infrações de corrupção ativa, por sua vez,

se deram em concurso material com aquelas de lavagem de

ativos – estas, como dito e entre si, em concurso formal

-, evasão de divisas e quadrilha.

Empreendo, na sequência, a dosagem de sua

reprimenda, sendo considerado, alfim, o efeito de sua

colaboração premiada, nos termos do quanto por ele

entabulado nos autos 0511615-33.2015.4.02.5101.

3.5.1. CORRUPÇÃO ATIVA

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Dimensiono a pena de cada uma das infrações, e,

ao fim, aplico o concurso material detectado no item

2.2.1.12.. JFRJ
Fls 1860
3.5.1.1. FPSO ESPADARTE/CIDADE DE ANCHIETA –

ITEM 2.2.1.2.

Como examinado no item 2.2.1.7.2., JÚLIO

FAERMAN praticou duas condutas de corrupção ativa, em

condições idênticas e em concurso formal (art. 70 do CP),

relativamente à contratação do FPSO Espadarte/Cidade de

Anchieta, pois que corrompeu, em contexto de conduta

única, os empregados da PETROBRÁS PAULO ROBERTO BUARQUE

CARNEIRO e PEDRO JOSÉ BARUSCO FILHO; assim sendo, tenho

para mim que é desnecessário empreender duas dosimetrias

idênticas, para ao final, ser aplicado o efeito de

exasperação; por conseguinte, executarei apenas uma

dosimetria, que valerá para ambas as infrações de

corrupção ativa em estudo, e, ao seu fim, aplicarei a

exasperação pertinente ao concurso formal.

A culpabilidade do réu não fugiu ao comumente

verificado em fatos deste jaez; o réu ostenta bons

antecedentes (fls. 2149/2152) e nada há nos autos a

respeito de sua conduta social e personalidade, sendo

ainda certo que a motivação da foi a busca de

favorecimentos ao grupo empresarial por ele representado,

através da corrupção de empregados estatais, o que já foi

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previamente considerado pelo Legislador na tipificação da

conduta em apreço. As circunstâncias do delito não

desbordaram do comumente verificado. Já suas JFRJ


Fls 1861
consequências devem ser valoradas desfavoravelmente da

maneira intensa, pois que foram pagos ao corrompido

elevadíssimos valores como propina, ao longo de

dilargadíssimo período. Não há comportamento de sujeito

passivo a ser aferido. Fixo, portanto, a pena-base em 04

(quatro) anos de reclusão.

Na segunda etapa, incidirá a atenuante genérica

da septuagenariedade (art. 65, I, do CP), atingindo a

pena intermediária o patamar de 02 (dois) anos e 04

(quatro) meses de reclusão.

Na terceira etapa, incidirá a causa de aumento

de pena do art. 333, § único, do CP, pois que foi

praticado, pelo corrompido, ato de ofício com violação de

dever funcional; dimensiono a pena definitiva por cada

uma das infrações de corrupção ativa, vinculadas a esta

contratação, em 03 (três) anos, 01 (um) mês e 10 (dez)

dias de reclusão.

Em proporção à pena privativa de liberdade,

aplico-lhe ainda pena de multa (art. 49 do CP), fixada em

31 (trinta e um) dias-multa, orçado, cada um, em 02

(dois) salários mínimos, em atenção ao elevado padrão

socioeconômico do réu (art. 49, §1º, do CP), tendo em

Assinado eletronicamente. Certificação digital pertencente a VITOR BARBOSA VALPUESTA.


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vista que empresário de sucesso, com remunerações

milionárias, como amplamente elucidado no curso do feito.

JFRJ
Tendo em conta a situação de concurso formal
Fls 1862
(art. 70 do CP) e a quantidade de infrações praticadas –

duas infrações -, segundo tradicional critério

jurisprudencial, incidirá a exasperação em fração de 1/6

(um sexto); torno a pena final, pelas infrações de

corrupção ativa, relativas à contratação do FPSO

Espadarte/Cidade de Anchieta, em 03 (três) anos, 07

(sete) meses e 16 (dezesseis) dias de reclusão, e 36

(trinta e seis) dias-multa, cada um orçado em 02 (dois)

salários mínimos.

3.5.1.2. FPSO BRASIL – ITEM 2.2.1.3.

Como examinado no item 2.2.1.3.7.2., JÚLIO

FAERMAN praticou duas condutas de corrupção ativa, em

condições idênticas e em concurso formal (art. 70 do CP),

relativamente à contratação do FPSO Brasil, pois que

corrompeu, em contexto de conduta única, os empregados da

PETROBRÁS PAULO ROBERTO BUARQUE CARNEIRO e PEDRO JOSÉ

BARUSCO FILHO; assim sendo, tenho para mim que é

desnecessário empreender duas dosimetrias idênticas, para

ao final, ser aplicado o efeito de exasperação; por

conseguinte, executarei apenas uma dosimetria, que valerá

para ambas as infrações de corrupção ativa em estudo, e,

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ao seu fim, aplicarei a exasperação pertinente ao

concurso formal.

JFRJ
A culpabilidade do réu não fugiu ao comumente
Fls 1863
verificado em fatos deste jaez; o réu ostenta bons

antecedentes (fls. 2149/2152) e nada há nos autos a

respeito de sua conduta social e personalidade, sendo

ainda certo que a motivação da foi a busca de

favorecimentos ao grupo empresarial por ele representado,

através da corrupção de empregados estatais, o que já foi

previamente considerado pelo Legislador na tipificação da

conduta em apreço. As circunstâncias do delito não

desbordaram do comumente verificado. Já suas

consequências devem ser valoradas desfavoravelmente da

maneira intensa, pois que foram pagos ao corrompido

elevadíssimos valores como propina, ao longo de

dilargadíssimo período. Não há comportamento de sujeito

passivo a ser aferido. Fixo, portanto, a pena-base em 04

(quatro) anos de reclusão.

Na segunda etapa, incidirá a atenuante genérica

da septuagenariedade (art. 65, I, do CP), atingindo a

pena intermediária o patamar de 02 (dois) anos e 04

(quatro) meses de reclusão.

Na terceira etapa, incidirá a causa de aumento

de pena do art. 333, § único, do CP, pois que foi

praticado, pelo corrompido, ato de ofício com violação de

Assinado eletronicamente. Certificação digital pertencente a VITOR BARBOSA VALPUESTA.


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dever funcional; dimensiono a pena definitiva por cada

uma das infrações de corrupção ativa, vinculadas a esta

contratação, em 03 (três) anos, 01 (um) mês e 10 (dez) JFRJ


Fls 1864
dias de reclusão.

Em proporção à pena privativa de liberdade,

aplico-lhe ainda pena de multa (art. 49 do CP), fixada em

31 (trinta e um) dias-multa, orçado, cada um, em 02

(dois) salários mínimos, em atenção ao elevado padrão

socioeconômico do réu (art. 49, §1º, do CP), tendo em

vista que empresário de sucesso, com remunerações

milionárias, como amplamente elucidado no curso do feito.

Tendo em conta a situação de concurso formal

(art. 70 do CP) e a quantidade de infrações praticadas –

duas infrações -, segundo tradicional critério

jurisprudencial, incidirá a exasperação em fração de 1/6

(um sexto); torno a pena final, pelas infrações de

corrupção ativa, relativas à contratação do FPSO Brasil,

em 03 (três) anos, 07 (sete) meses e 16 (dezesseis) dias

de reclusão, e 36 (trinta e seis) dias-multa, cada um

orçado em 02 (dois) salários mínimos.

3.5.1.3. FPSO MARLIM SUL – ITEM 2.2.1.4.

A culpabilidade do réu não fugiu ao comumente

verificado em fatos deste jaez; o réu ostenta bons

antecedentes (fls. 2149/2152) e nada há nos autos a

respeito de sua conduta social e personalidade, sendo

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ainda certo que a motivação da foi a busca de

favorecimentos ao grupo empresarial por ele representado,

através da corrupção de empregados estatais, o que já foi JFRJ


Fls 1865
previamente considerado pelo Legislador na tipificação da

conduta em apreço. As circunstâncias do delito não

desbordaram do comumente verificado. Já suas

consequências devem ser valoradas desfavoravelmente da

maneira intensa, pois que foram pagos ao corrompido

elevadíssimos valores como propina, ao longo de

dilargadíssimo período. Não há comportamento de sujeito

passivo a ser aferido. Fixo, portanto, a pena-base em 04

(quatro) anos de reclusão.

Na segunda etapa, incidirá a atenuante genérica

da septuagenariedade (art. 65, I, do CP), atingindo a

pena intermediária o patamar de 02 (dois) anos e 04

(quatro) meses de reclusão.

Na terceira etapa, não há causas de diminuição

ou aumento a considerar, pelo que torno a pena final 02

(dois) anos e 04 (quatro) meses de reclusão.

Em proporção à pena privativa de liberdade,

aplico-lhe ainda pena de multa (art. 49 do CP), fixada em

24 (vinte e quatro) dias-multa, orçado, cada um, em 02

(dois) salários mínimos, em atenção ao elevado padrão

socioeconômico do réu (art. 49, §1º, do CP), tendo em

Assinado eletronicamente. Certificação digital pertencente a VITOR BARBOSA VALPUESTA.


Documento No: 70192868-297-0-1434-448-569796 - consulta à autenticidade do documento através do site http://www.jfrj.jus.br/autenticidade
vista que empresário de sucesso, com remunerações

milionárias, como amplamente elucidado no curso do feito.

3.5.1.4. FPSO CAPIXABA – ITEM 2.2.1.5. JFRJ


Fls 1866

A culpabilidade do réu não fugiu ao comumente

verificado em fatos deste jaez; o réu ostenta bons

antecedentes (fls. 2149/2152) e nada há nos autos a

respeito de sua conduta social e personalidade, sendo

ainda certo que a motivação da foi a busca de

favorecimentos ao grupo empresarial por ele representado,

através da corrupção de empregados estatais, o que já foi

previamente considerado pelo Legislador na tipificação da

conduta em apreço. As circunstâncias do delito não

desbordaram do comumente verificado. Já suas

consequências devem ser valoradas desfavoravelmente da

maneira intensa, pois que foram pagos ao corrompido

elevadíssimos valores como propina, ao longo de

dilargadíssimo período. Não há comportamento de sujeito

passivo a ser aferido. Fixo, portanto, a pena-base em 04

(quatro) anos de reclusão.

Na segunda etapa, incidirá a atenuante genérica

da septuagenariedade (art. 65, I, do CP), atingindo a

pena intermediária o patamar de 02 (dois) anos e 04

(quatro) meses de reclusão.

Na terceira etapa, incidirá a causa de aumento

de pena do art. 333, § único, do CP, pois que foi

Assinado eletronicamente. Certificação digital pertencente a VITOR BARBOSA VALPUESTA.


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praticado, pelo corrompido, ato de ofício com violação de

dever funcional; dimensiono a pena definitiva em 03

(três) anos, 01 (um) mês e 10 (dez) dias de reclusão. JFRJ


Fls 1867
Em proporção à pena privativa de liberdade,

aplico-lhe ainda pena de multa (art. 49 do CP), fixada em

31 (trinta e um) dias-multa, orçado, cada um, em 02

(dois) salários mínimos, em atenção ao elevado padrão

socioeconômico do réu (art. 49, §1º, do CP), tendo em

vista que empresário de sucesso, com remunerações

milionárias, como amplamente elucidado no curso do feito.

3.5.1.5. MONBOIAS DA PRA-1 – ITEM 2.2.1.6.

A culpabilidade do réu não fugiu ao comumente

verificado em fatos deste jaez; o réu ostenta bons

antecedentes (fls. 2149/2152) e nada há nos autos a

respeito de sua conduta social e personalidade, sendo

ainda certo que a motivação da foi a busca de

favorecimentos ao grupo empresarial por ele representado,

através da corrupção de empregados estatais, o que já foi

previamente considerado pelo Legislador na tipificação da

conduta em apreço. As circunstâncias do delito não

desbordaram do comumente verificado. Já suas

consequências devem ser valoradas desfavoravelmente da

maneira intensa, pois que foram pagos ao corrompido

elevadíssimos valores como propina, ao longo de

dilargadíssimo período. Não há comportamento de sujeito

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passivo a ser aferido. Fixo, portanto, a pena-base em 04

(quatro) anos de reclusão.

JFRJ
Na segunda etapa, incidirá a atenuante genérica
Fls 1868
da septuagenariedade (art. 65, I, do CP), atingindo a

pena intermediária o patamar de 02 (dois) anos e 04

(quatro) meses de reclusão.

Na terceira etapa, não há causas de diminuição

ou aumento a considerar, pelo que torno a pena final 02

(dois) anos e 04 (quatro) meses de reclusão.

Em proporção à pena privativa de liberdade,

aplico-lhe ainda pena de multa (art. 49 do CP), fixada em

24 (vinte e quatro) dias-multa, orçado, cada um, em 02

(dois) salários mínimos, em atenção ao elevado padrão

socioeconômico do réu (art. 49, §1º, do CP), tendo em

vista que empresário de sucesso, com remunerações

milionárias, como amplamente elucidado no curso do feito.

3.5.1.6. TURRET DA P-53 – ITEM 2.2.1.7.

A culpabilidade do réu não fugiu ao comumente

verificado em fatos deste jaez; o réu ostenta bons

antecedentes (fls. 2149/2152) e nada há nos autos a

respeito de sua conduta social e personalidade, sendo

ainda certo que a motivação da foi a busca de

favorecimentos ao grupo empresarial por ele representado,

através da corrupção de empregados estatais, o que já foi

previamente considerado pelo Legislador na tipificação da

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conduta em apreço. As circunstâncias do delito não

desbordaram do comumente verificado. Já suas

consequências devem ser valoradas desfavoravelmente da JFRJ


Fls 1869
maneira intensa, pois que foram pagos ao corrompido

elevadíssimos valores como propina, ao longo de

dilargadíssimo período. Não há comportamento de sujeito

passivo a ser aferido. Fixo, portanto, a pena-base em 04

(quatro) anos de reclusão.

Na segunda etapa, incidirá a atenuante genérica

da septuagenariedade (art. 65, I, do CP), atingindo a

pena intermediária o patamar de 02 (dois) anos e 04

(quatro) meses de reclusão.

Na terceira etapa, incidirá a causa de aumento

de pena do art. 333, § único, do CP, pois que foi

praticado, pelo corrompido, ato de ofício com violação de

dever funcional; dimensiono a pena definitiva em 03

(três) anos, 01 (um) mês e 10 (dez) dias de reclusão.

Em proporção à pena privativa de liberdade,

aplico-lhe ainda pena de multa (art. 49 do CP), fixada em

31 (trinta e um) dias-multa, orçado, cada um, em 02

(dois) salários mínimos, em atenção ao elevado padrão

socioeconômico do réu (art. 49, §1º, do CP), tendo em

vista que empresário de sucesso, com remunerações

milionárias, como amplamente elucidado no curso do feito.

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3.5.1.7. CONSTRUÇÃO, AQUISIÇÃO E OPERAÇÃO DO

FPSO P-57 – ITEM 2.2.1.8.

JFRJ
A culpabilidade do réu não fugiu ao comumente
Fls 1870
verificado em fatos deste jaez; o réu ostenta bons

antecedentes (fls. 2149/2152) e nada há nos autos a

respeito de sua conduta social e personalidade, sendo

ainda certo que a motivação da foi a busca de

favorecimentos ao grupo empresarial por ele representado,

através da corrupção de empregados estatais, o que já foi

previamente considerado pelo Legislador na tipificação da

conduta em apreço. As circunstâncias do delito não

desbordaram do comumente verificado. Já suas

consequências devem ser valoradas desfavoravelmente da

maneira intensa, pois que foram pagos ao corrompido

elevadíssimos valores como propina, ao longo de

dilargadíssimo período. Não há comportamento de sujeito

passivo a ser aferido. Fixo, portanto, a pena-base em 04

(quatro) anos de reclusão.

Na segunda etapa, incidirá a atenuante genérica

da septuagenariedade (art. 65, I, do CP), atingindo a

pena intermediária o patamar de 02 (dois) anos e 04

(quatro) meses de reclusão.

Na terceira etapa, não há causas de diminuição

ou aumento a considerar, pelo que torno a pena final 02

(dois) anos e 04 (oito) meses de reclusão.

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Em proporção à pena privativa de liberdade,

aplico-lhe ainda pena de multa (art. 49 do CP), fixada em

24 (vinte e quatro) dias-multa, orçado, cada um, em 02 JFRJ


Fls 1871
(dois) salários mínimos, em atenção ao elevado padrão

socioeconômico do réu (art. 49, §1º, do CP), tendo em

vista que empresário de sucesso, com remunerações

milionárias, como amplamente elucidado no curso do feito.

3.5.1.8. FORNECIMENTO INDEVIDO DE DOCUMENTOS

SIGILOSOS – ITEM 2.2.1.9.

A culpabilidade do réu não fugiu ao comumente

verificado em fatos deste jaez; o réu ostenta bons

antecedentes (fls. 2149/2152) e nada há nos autos a

respeito de sua conduta social e personalidade, sendo

ainda certo que a motivação da foi a busca de

favorecimentos ao grupo empresarial por ele representado,

através da corrupção de empregados estatais, o que já foi

previamente considerado pelo Legislador na tipificação da

conduta em apreço. As circunstâncias do delito não

desbordaram do comumente verificado. Já suas

consequências devem ser valoradas desfavoravelmente da

maneira intensa, pois que foram pagos ao corrompido

elevadíssimos valores como propina, ao longo de

dilargadíssimo período. Não há comportamento de sujeito

passivo a ser aferido. Fixo, portanto, a pena-base em 04

(quatro) anos de reclusão.

Assinado eletronicamente. Certificação digital pertencente a VITOR BARBOSA VALPUESTA.


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Na segunda etapa, incidirá a atenuante genérica

da septuagenariedade (art. 65, I, do CP), atingindo a

pena intermediária o patamar de 02 (dois) anos e 04 JFRJ


Fls 1872
(quatro) meses de reclusão.

Na terceira etapa, incidirá a causa de aumento

de pena do art. 333, § único, do CP, pois que foi

praticado, pelo corrompido, ato de ofício com violação de

dever funcional; dimensiono a pena definitiva em 03

(três) anos, 01 (um) mês e 10 (dez) dias de reclusão.

Em proporção à pena privativa de liberdade,

aplico-lhe ainda pena de multa (art. 49 do CP), fixada em

31 (trinta e um) dias-multa, orçado, cada um, em 02

(dois) salários mínimos, em atenção ao elevado padrão

socioeconômico do réu (art. 49, §1º, do CP), tendo em

vista que empresário de sucesso, com remunerações

milionárias, como amplamente elucidado no curso do feito.

3.5.1.9. CONCURSO MATERIAL ENTRE AS CONDUTAS DE

CORRUPÇÃO ATIVA

Tendo em vista que as dez infrações de

corrupção ativa foram praticadas segundo o quanto exposto

no item 3.5. – as infrações pertinentes ao FPSO

Espadarte/Cidade de Anchieta em concurso formal (art. 70

do CP) entre si (item 3.5.1.1.), e por sua vez em

concurso material (art. 69 do CP) com as infrações

pertinentes ao FPSO Brasil – estas últimas em concurso

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formal (art. 70 do CP) entre si (item 3.5.1.2.) -, ao

FPSO Marlim Sul (item 3.5.1.3.), ao FPSO Capixaba (item

3.5.1.4.), às monoboias da PRA-1 (item 3.5.1.5.), ao JFRJ


Fls 1873
turret da P-53 (item 3.5.1.6.), à construção, aquisição e

operação do FPSO P-57 (item 3.5.1.7.) e ao fornecimento

indevido de documentos sigilosos (item 3.5.1.8.), deve

ser aplicada a regra de cumulação.

Assim, considerando-se as penas fixadas nos

itens 3.5.1.1., 3.5.1.2., 3.5.1.3., 3.5.1.4., 3.5.1.5.,

3.5.1.6., 3.5.1.7. e 3.5.1.8., a pena final pelas

condutas de corrupção ativa será de 23 (vinte e três)

anos, 07 (sete) meses e 02 (dois) dias de reclusão, e 237

(duzentos e trinta e sete) dias-multa, cada um orçado em

02 (dois) salários mínimos.

3.5.2. LAVAGEM DE ATIVOS – ITEM 2.2.2.4.

Como examinado no item 2.2.2.4., JÚLIO FAERMAN

praticou doze condutas de branqueamento de ativos, em

condições idênticas e em concurso formal (art. 70 do CP);

assim sendo, tenho para mim que é desnecessário

empreender doze dosimetrias idênticas, para ao final ser

aplicado o efeito de exasperação; por conseguinte,

executarei apenas uma dosimetria, que valerá para todas

as infrações de branqueamento, e, ao seu fim, aplicarei a

exasperação pertinente ao concurso formal.

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A culpabilidade do réu não fugiu ao comumente

verificado em fatos deste jaez; o réu ostenta bons

antecedentes (fls. 2149/2152) e nada há nos autos a JFRJ


Fls 1874
respeito de sua conduta social e personalidade, sendo

ainda certo que a motivação da infração foi o

escondimento de proveito de infrações anteriores, o que

já foi previamente considerado pelo Legislador na

tipificação da conduta em apreço. As circunstâncias do

delito foram desfavoráveis, tendo em vista a utilização

de sociedades offshore, em complicado esquema de

manutenção de valores não declarados no exterior, conduta

autonomamente, por parte do corrompido, incriminada mas

que restará absorvida. Já suas consequências devem ser

valoradas desfavoravelmente da maneira intensa, pois que

foram ocultados elevadíssimos valores gerados a partir de

recebimento de propina, ao longo de dilargadíssimo

período. Não há comportamento de sujeito passivo a ser

aferido. Fixo, portanto, a pena-base em 04 (quatro) anos

e 09 (nove) meses de reclusão.

Na segunda etapa, incidirá a atenuante

genérica da septuagenariedade (art. 65, I, do CP),

atingindo a pena intermediária o patamar de 03 (três)

anos e 07 (sete) meses de reclusão.

Na terceira etapa, incidirá a causa de aumento

de pena do art. 1º, §4º, da Lei 9613/98, pois que

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praticada a conduta de maneira habitual, em seu patamar

mínimo – 1/3 (um terço); dimensiono a pena definitiva

pela infração em 04 (quatro) anos, 09 (nove) meses e 10 JFRJ


Fls 1875
(dez) dias de reclusão.

Em proporção à pena privativa de liberdade,

aplico-lhe ainda pena de multa (art. 49 do CP), fixada em

49 (quarenta e nove) dias-multa, orçado, cada um, em 02

(dois) salários mínimos, em atenção ao elevado padrão

socioeconômico do réu (art. 49, §1º, do CP), tendo em

vista que empresário de sucesso, com remunerações

milionárias, como amplamente elucidado no curso do feito.

Tendo em conta a situação de concurso formal

(art. 70 do CP) e a quantidade de infrações praticadas –

sete infrações -, segundo tradicional critério

jurisprudencial, incidirá a exasperação em fração de 1/2

(metade); torno a pena final, pelas infrações de

branqueamento, em 07 (sete) anos e 02 (dois) meses de

reclusão, e 73 (setenta e três) dias-multa, cada um

orçado em 02 (dois) salários mínimos.

3.5.3. EVASÃO DE DIVISAS – ITEM 2.2.3.

A culpabilidade do réu não fugiu ao comumente

verificado em fatos deste jaez; o réu ostenta bons

antecedentes (fls. 2149/2152) e nada há nos autos a

respeito de sua conduta social e personalidade, sendo

ainda certo que a motivação da infração foi a manutenção

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dso valores à margem do conhecimento das autoridades

nacionais, o que já foi previamente considerado pelo

Legislador na tipificação da conduta em apreço. As JFRJ


Fls 1876
circunstâncias do delito não desbordaram do comum. Já

suas consequências devem ser valoradas desfavoravelmente,

pois que mantidos sem declaração elevados valores no

exterior, ao longo de vários exercícios. Não há

comportamento de sujeito passivo a ser aferido. Fixo,

portanto, a pena-base em 02 (dois) anos e 06 (seis) meses

de reclusão.

Na segunda etapa, incidirá a atenuante genérica

da septuagenariedade (art. 65, I, do CP), atingindo a

pena intermediária o patamar de 02 (dois) anos de

reclusão, incidente a limitação prevista no verbete

sumular 231, da lavra do C. Superior Tribunal de Justiça.

Na terceira etapa, não há causas de diminuição

ou aumento, pelo que a pena definitiva será de 02 (dois)

anos de reclusão.

Em proporção à pena privativa de liberdade,

aplico-lhe ainda pena de multa (art. 49 do CP), fixada em

20 (vinte) dias-multa, orçado, cada um, em 02 (dois)

salários mínimos, em atenção ao elevado padrão

socioeconômico do réu (art. 49, §1º, do CP), tendo em

vista que empresário de sucesso, com remunerações

milionárias, como amplamente elucidado no curso do feito.

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3.5.4. QUADRILHA – ITEM 2.2.4.

A culpabilidade do réu não fugiu ao comumente


JFRJ
verificado em fatos deste jaez; o réu ostenta bons
Fls 1877
antecedentes (fls. 2149/2152) e nada há nos autos a

respeito de sua conduta social e personalidade, sendo

ainda certo que a motivação da infração foi a intenção de

praticar crimes, o que já foi previamente considerado

pelo Legislador na tipificação da conduta em apreço. As

circunstâncias do delito não desbordaram do comumente

verificado. Já suas consequências devem ser valoradas

desfavoravelmente, pois que teve atuação durante extenso

período a societas sceleris, e seus integrantes

praticaram diversas infrações. Não há comportamento de

sujeito passivo a ser aferido. Fixo, portanto, a pena-

base em 01 (um) ano e 03 (três) meses de reclusão.

Na segunda etapa, incidirá a atenuante genérica

da septuagenariedade (art. 65, I, do CP), atingindo a

pena intermediária o patamar de 01 (um) ano de reclusão,

incidente a limitação prevista no verbete sumular 231, da

lavra do C. Superior Tribunal de Justiça.

Na terceira etapa, tampouco há causas de

diminuição ou aumento, pelo que a pena definitiva será de

01 (um) ano de reclusão.

3.5.5. CONCURSO MATERIAL ENTRE AS CONDUTAS DE

CORRUPÇÃO, LAVAGEM DE ATIVOS, EVASÃO DE DIVISAS E

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QUADRILHA, EFEITOS DA COLABORAÇÃO PREMIADA E OUTRAS

COMINAÇÕES

JFRJ
Considerando-se que as condutas de corrupção e
Fls 1878
de branqueamento de ativos foram praticadas em condições

de concurso material (art. 69 do CP), como

jurisprudencialmente reconhecido (e.g. STF, AP 694, 1ª

Turma, Rel. Min. Rosa Weber, J. 02/05/2017), o mesmo se

podendo dizer quanto aos delitos de evasão de divisas e

quadrilha, importa aplicar o cúmulo.

Neste passo, a pena total de JÚLIO FAERMAN é de

33 (trinta e três) anos, 09 (nove) meses e 02 (dois) dias

de reclusão, e 330 (trezentos e trinta) dias-multa, cada

um orçado em 02 (dois salários mínimos).

Tendo em conta a duração da pena privativa de

liberdade, bem como a desfavorabilidade parcial das

circunstâncias judiciais das infrações praticadas, o

regime inicial de cumprimento será, em princípio, o

fechado (art. 33, §2º, “a”, e §3º, do CP), sendo vedada,

em sede de execução, a progressão de regime até que

efetuada a devolução do produto dos ilícitos praticados

(art. 33, §4º, do CP).

À luz da quantidade de pena corporal aplicada,

incabíveis sua substituição por penas restritivas de

direitos (art. 44, I, do CP) ou a suspensão de sua

execução (art. 77 do CP).

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Ocorre que, conforme já exposto no item

2.2.5.2., JÚLIO FAERMAN faz jus aos benefícios

entabulados na cláusula 5ª deu seu acordo de colaboração JFRJ


Fls 1879
premiada (fls. 45/46 dos autos 0505269-

66.2015.4.02.5101), especificamente em seu item I: dada a

calibragem exposta no item 2.2.5.2., o réu faz jus à

redução de sua pena, à razão de 1/3 (um terço).

Considerada sua redução, a pena privativa de

liberdade resta dimensionada, em caráter definitivo – e

em função de todas as ilicitudes cometidas e abordadas

nesta demanda – em 22 (vinte e dois) anos, 06 (seis)

meses e 02 (dois) dias de reclusão. O regime de

cumprimento inicial fechado (art. 33, §2º, “a” e §3º, do

CP).

Mantidas, pelas mesmas razões antes expostas, a

impossibilidade de substituição da pena privativa de

liberdade e a suspensão de sua execução.

Lado outro, e tendo em vista o exposto no item

2.2.5.2., afasto a pena de multa ora dimensionada, em

vista do pagamento de prestação pecuniária, sob tal

título, em função do acordo firmado pelo réu (fls.

192/194, 438/439, 619/620, dos autos 0505269-

66.2015.402.5101).

Considerando-se o ânimo de colaboração do réu,

ao longo do feito, bem como a ausência de qualquer

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indicação acerca da presença de quadro de periculum

libertatis (art. 312 do CPP), bem como a substituição da

pena privativa de liberdade em regime fechado pelo regime JFRJ


Fls 1880
aberto diferenciado, não há de se falar em privação

cautelar de liberdade (art. 387, §1º, do CPP).

Outrossim, não há tempo de prisão processual a

decotar (art. 387, §2º, do CPP), tendo em vista que não

foi segregado cautelarmente o acusado.

Decreto o perdimento do montante acordado pelo

acusado, como produto de suas atividades criminosas – US$

54.000.000,00 (cinquenta e quatro milhões de dólares

estadunidenses) (cinquenta e quatro milhões de dólares

estadunidenses) (fls. 63/65, 111/112, 225/237, 488/495,

520, 522, 530/532 dos autos 0505269-66.2015.402.5101).“

O restante da sentença de fls. 3485/3868

remanesce inalterada.

(c) RECEBO as apelações do Ministério Público

(fls. 3871), PEDRO JOSÉ BARUSCO FILHO

(fls. 3887), JORGE LUIZ ZELADA (fls. 4015)

e PAULO ROBERTO BUARQUE CARNEIRO (fls.

4018/4019);

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(d) AUTORIZO a vista dos autos à D. Comissão

de Valores Mobiliários, inclusive com

possibilidade de extração de cópias, o JFRJ


Fls 1881
que, entretanto, se haverá de dar em

cartório;

(e) DETERMINO a intimação pessoal faltante, de

PAULO ROBERTO BUARQUE CARNEIRO, acerca da

sentença de fls. 3845/3868, e do presente

ato decisório;

Publique-se, registre-se e intimem-se, sendo

certo que, com a intimação de sua D. Defesa (art. 370,

§1º, do CPP), haverá reabertura do prazo recursal para

JÚLIO FAERMAN e LUÍS EDUARDO CAMPOS BARBOSA DA SILVA,

únicos que ainda não apelaram do título condenatório.

Rio de Janeiro, 13 de j unho de 2018 .

(Assinado eletronicamente nos te r mos da Lei 11.419/2006)


VITOR BARBOSA VALPUESTA
Juiz Federal Substituto
3ª Vara Federal Cri mi nal

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