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Como todos sabemos que nenhum país é uma ilha para si próprio. Compramos e
vendemos bens e serviços para e com outros países. Esses bens e serviços devem ser
pagos em um determinado padrão de troca. Algumas moedas geralmente são aceitáveis
como moedas conversíveis, estas incluem as moedas dos países industrializados.
Algumas dessas moedas incluem: o Dólar dos Estados Unidos, a libra esterlina, o dólar
canadense, o euro, o iene japonês, etc.
Nesta ordem de ideia, cada país tem uma instituição governamental autorizada, para
regular assuntos relacionados com a obtenção de moeda estrangeira que os agentes
económicos utilizam de modo a pagar as transacções com o exterior. Esta instituição é o
Banco Central. Os Bancos Centrais são agências governamentais que regulam suas
moedas nacionais, a fim de manter um ambiente económico saudável, equilibrar
exportações e importações, prevenir a inflação e estimular o crescimento dentro de suas
economias. Os bancos centrais têm um impacto directo nos mercados financeiros e, em
particular, nos mercados cambiais. O Banco Central é responsável por manter seus
assuntos económicos domésticos em ordem, mantendo-se competitivo no ambiente
global.
Um Banco Central pode actuar no mercado de câmbio não somente para gerenciar
reservas ou prover liquidez ao mercado, ele pode fazê-lo simplesmente para interferir no
comportamento da taxa de câmbio: são as chamadas intervenções cambias activas. Um
banco central irá comprar ou vender uma moeda no mercado de câmbio, a fim de
aumentar ou diminuir o valor que a moeda de sua nação possui contra uma moeda
alternativa. Isso é conhecido como intervenção cambial, intervenção do banco central ou
mais informalmente como intervenção do mercado de câmbio. Quando a moeda de um
país está suportando uma pressão financeira extrema e desnecessária para cima ou para
1
A globalização financeira refere-se à eliminação das barreiras internas entre os diferentes segmentos
dos mercados financeiros.
1
baixo (geralmente causada pela alta volatilidade de uma onda de negociação por
especuladores e players de mercado), um governo ou banco central usará a intervenção
do mercado de câmbio para estabilizar a situação. A intervenção do banco central pode
ser usada para aumentar ou diminuir o valor das moedas, mais comumente com o
objectivo de impulsionar e diminuir a produtividade e as exportações de uma nação.
Temática
Este último, tem grande importância para as relações económicas com o resto do mundo.
Desde seu início, o comércio exterior obedecia a um sistema de trocas, e nada mais era
do que o que hoje chamamos de câmbio. O comércio internacional, o movimento de
capitais e moedas internacionais são a base das operações de câmbio. A taxa de câmbio é
uma das variáveis mais relevantes de uma economia, especialmente economias de países
Subdesenvolvidos e de países emergentes, por serem na maior parte dependentes de
economias avançadas, isto é, exportadores de produtos baseados em recursos naturais,
importadora bens de consumo imediato, de capital e de insumos industriais, ter um
mercado financeiro muitas das vezes pouco desenvolvido.
A taxa de câmbio, que o elemento principal deste trabalho tem uma importância, pois é
uma das variáveis macroeconómicas mais importantes, sobretudo para as relações
comerciais e financeiras de um país com o conjunto dos demais países. A taxa de câmbio
desempenha o papel muito importante em uma economia em geral e para o comércio
internacional e investimentos em particular. Sua oscilação pode fazer com que o país pode
fazer com que o país apresente superavit o deficit em suas contas com o exterior. E acordo
com seu comportamento, o Banco central intervém no mercado cambial seja na compra
ou na venda de divisas estrangeiras para que a taxa de câmbio não ultrapasse os limites
que ele julga necessário para manutenção da sua política cambial. Portanto, o governo
tem que ter consciência plena de seus objectivos para conduzir suas políticas económicas
de forma eficaz.
2
Com o mundo cada vez mais dinâmico e com a globalização, torna se cada vez mais difícil
a tarefa dos Governos e economistas de manterem seus países em perfeita harmonia com
o exterior, principalmente no que tange as relações comerciais. Esta breve introdução à
temática acima descrita, possibilita a apresentação e a necessidade de investigação
profunda sobre “a taxa de câmbio e o papel do banco Central no mercado cambial”.
Descrição do Problema
O valor da moeda de um país dependerá de uma série de factores, tais como: estado da
economia, valor / volume das exportações, balança comercial / pagamento, nível de
produção nacional, tamanho das reservas externas. Em uma economia de mercado livre,
a taxa de câmbio será determinada em grande medida pelas forças da procura e da oferta.
No entanto, deve-se dizer que não existe uma moeda que seja totalmente deixada para as
forças da demanda e da oferta. Deve haver controlos ou intervenções pelas autoridades
reguladoras. O aspecto mais importante de um regime cambial é o grau de flexibilidade.
O assunto é, naturalmente, mais complicado do que uma escolha simples entre taxa de
câmbio fixa e flutuante.
Saber também se o actual regime cambial vai ajudar a controlar no nível de reservas
internacionais do País ou é necessário o País adoptar um regime cambial flutuante puro.
3
(BNA), na qualidade de banco central e emissor, tem como principal objectivo garantir a
preservação do valor da moeda nacional (Kwanza), isto é, contribuir para a criação de um
ambiente favorável ao crescimento económico que culminará na melhoria do bem-estar
económico e na criação de emprego”
Objectivos
Objectivo Geral
Objectivos específicos:
Especificamente almeja-se:
A presente pesquisa analisa como a taxa de câmbio influência os preços dos bens no
mercado, sobre tudo quando se trata de um País que depende muito de importações,
exporta quase apenas um produto que é o petróleo, cujo preço registou reduções
significativas no ano de 2014.
4
A nossa investigação, apresenta dados mensais com um período de pesquisa de Janeiro
de 2010 à Abril de 2018. Os dados apresentados pela nossa pesquisa, têm o dólar
americano (USD) como a moeda de referência na análise das relações cambiais em
Angola.
Actualidade do tema
O valor de uma moeda como de qualquer outro bem depende da procura e da oferta
agregada e não da fixação administrativa da taxa de câmbio por uma autoridade bancária
central.
Por isso, importa referir que qualquer banco central que tente fixar o preço de uma moeda
na sua relação com outras deve considerar por isso as condições reais do mercado, a
procura e a oferta. Estabelecer uma taxa de câmbio diferente das condições do mercado
vai traduzir-se num valor meramente artificial e só possível num contexto em que os
Bancos Centrais possuem reservas internacionais em quantidade suficiente para defender
a moeda e sustentar uma paridade artificial.
Esse é o caso de Angola, onde a taxa de câmbio fixa do Kwanza na sua relação com outras
moedas foi uma consequência da gestão cambial do Banco Nacional de Angola (BNA) e
não seguiu uma lógica de mercado, o que só foi possível através das vendas de divisas
em leilões aos Bancos comerciais para satisfazer a procura dos agentes económicos por
moeda estrangeira (essencialmente dólares).
Manter essa paridade artificial foi possível no período pós-guerra graças à acumulação de
enormes Reservas Internacionais Líquidas (RIL), resultado das receitas de crude que
representaram em 2014 cerca de 98% das nossas exportações.
A queda significativa dos preços do petróleo a partir de meados de 2014 afectou de forma
significativa a capacidade do BNA de disponibilizar divisas (do lado da oferta) em
quantidade suficiente para satisfazer a procura no mercado nacional. Por isso, nessa
altura, começámos a ver uma diferença significativa entre a taxa oficial (definida pelo
BNA) e a taxa de câmbio no mercado paralelo e voltamos em parte aos anos 90.
Manter uma taxa de câmbio artificialmente alta só é possível com a venda de divisas por
parte do BNA num contexto de enormes reservas internacionais. Com a queda do preço
de petróleo, as nossas RIL estavam estimadas em 2016 em cerca de 22 mil milhões de
dólares e apenas chegavam para pagar cerca de oito meses de importações, devendo esse
valor baixar para 6 meses em 2017 de acordo com o último relatório do FMI.
5
Por essa razão, o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional têm sido muito
críticos da gestão da taxa de câmbio e esta última instituição, num dos seus último
relatório de 2017, recomendou mais uma vez a adopção de uma taxa de câmbio mais
flexível. Em resposta, O Comité de Política Monetária do Banco Nacional de Angola
(CPM) reuniu-se a 04 de Janeiro de 2018, em sessão extraordinária, tendo como ponto
único, a adopção de um novo regime cambial.
a) Variáveis dependentes
Taxa de câmbio
b) Variáveis independentes
Hipóteses do modelo
A taxa de câmbio tem forte influencia das intervenções do Banco Central, ou seja, é muito
sobrevalorizada devido as políticas cambias do BNA, porém, é necessário uma vez que
taxas de câmbio fixas, que impedem a autoridade monetária de gerar inflação.
Um regime cambial flutuante puro, mantém a taxa de câmbio nos mesmos níveis dos
observados, ou seja, não são as intervenções do BNA que sobrevalorizam o Kwanza face
as principais moedas externas.
O regime de câmbio fixo para além de ter efeitos muito grandes na redução no nível de
Reservas Internacionais, reduzem certa autonomia na condução da política monetária.
6
A indexação ao dólar tem, um efeito positivo, que é o de evitar demasiadas tensões
inflacionistas e uma excessiva desconfiança na política monetária de um país. Contudo,
em tudo o resto acaba por ter consequências negativas para a generalidade da economia
e das pessoas.
Estrutura da dissertação
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Capitulo I- Revisão da Literatura
2
Fundo Monetário Internacional (FMI) é uma organização internacional criada em 1944 na Conferência
de Bretton Woods (formalmente criada em 27 de Dezembro de 1945 por 29 países-membros e
homologado pela ONU em Abril de 1964) com o objectivo, inicial, de ajudar na reconstrução do sistema
monetário internacional no período pós-Segunda Guerra Mundial.
8
seu dinheiro nos bancos, recebendo em troca um papel, ou recibo, representativo do valor
depositado.
O Banco de Inglaterra foi um dos primeiros bancos a receber estes privilégios e foi o
primeiro banco central a ser criado, em 1694. Outros bancos centrais apareceram durante
os séculos XIX e XX: o Banco da França, em 1800, o da Alemanha, em 1875, o do Japão,
em 1882, o da Itália, em 1893, e o dos Estados Unidos, em 1913. Na década de 20 do
século passado, a Conferência de Bruxelas incentivou a criação de bancos centrais (BC)
em todos os países. Entre 1929 e 1952, foram criados 48 BCs, a maioria nos países latino-
americanos. Na década de 60 do mesmo século, quase todos os países do mundo possuíam
o seu BC.
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1.1.2 O sistema financeiro e o papel do Banco Central
Nas sociedades modernas, todas as entidades que intervêm nas relações económicas são
chamadas de Agentes Económicos. Todos estes agentes – Estado, Famílias e Empresas –
auferem rendimentos.
Por agentes económicos entende-se como sendo, todos os indivíduos, instituições ou conjunto
de instituições que, através das suas decisões e acções, tomadas racionalmente, intervêm num
qualquer circuito económico. Apesar de terem funções diferenciadas no circuito económico, de
produção, de consumo ou de investimento, estabelecem entre si relações económicas
essenciais:
•Famílias: Que tomam decisões sobre o consumo de bens e serviços e de poupança, mediante
os rendimentos auferidos;
•Empresas: Que tomam decisões sobre investimento, sobre produção e a oferta de trabalho.
Estes três agentes, em conjunto com as instituições financeiras, fazem parte de uma Economia
Fechada. Contudo, e cada vez mais, deve considerar-se um quarto agente, o Exterior, com os
quais os restantes agentes económicos nacionais estabelecem, num quadro de Economia
Aberta, relações económicas intensas.
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Se o Estado, as Famílias e as Empresas não consumirem todo o seu rendimento disponível
(RD), o rendimento que sobra é Poupança (P). Os agentes que criam poupança chamam-se
aforradores ou superavitários.
Por vezes, os agentes económicos pretendem realizar diversos projectos e não possuem o
rendimento disponível necessário à sua prossecução, precisando, neste caso, de financiamento
estes, chama-se deficitários.
Como já vimos, em termos gerais, o sistema financeiro tem como finalidade primordial
transferir os recursos em poder dos poupadores (investidores) para o sector produtivo ou para
o sector de consumo.
Assim, a principal função dos sistemas financeiros são a intermediação entre unidades
superavitárias e deficitárias, tentando assim, minimizar a imperfeições de mercado, tais como
falhas no canal de transmissão de informação entre os agentes económicos e distanciamento
do mercado competitivo (poder de mercado). As trocas entre os agentes tornam-se mais
onerosas quanto mais graves são as falhas de mercado, podendo, como caso limite, inviabilizá-
las. A intermediação financeira surge, então, como um mecanismo para minimizar tais
imperfeições, facilitando (intermediando) a alocação dos recursos entre poupadores e
tomadores de empréstimos e, dessa forma, transmitindo aos investimentos produtivos os
recursos necessários.
11
As trocas realizadas no sistema financeiro, pode ser ilustrada, segundo a figura a baixo.
Financiamento Directo
Fundos em Excedente
Mutuários (Agentes
Económicos Credores (Agentes
Deficitários) Económicos
superavitários)
Fundos em Escassez (Títulos) Fundos em Escassez (Títulos)
Intermediário
Financeiro
Fundos em Excedente Fundos em Excedente
Financiamento Indirecto
Para além da função mencionada acima, existem outras funções exercidas pelo sistema
financeiro, sendo algumas não de caracter monetário, nomeadamente:
O acto de poupar é disjunto do acto de investir, isto é, o indivíduo que poupa, em sua grande
maioria, não é o mesmo que realiza os investimentos produtivos. Assim, quando a economia se
afasta do ambiente competitivo, há perda de recursos para o sector produtivo, pois os custos
de transacção e os custos de informação envolvidos em uma transacção podem somar quantias
que inviabilizem as transacções. Portanto, a eficiência propiciada pelo sistema financeiro reside
exactamente na redução dos custos de transacção e custos de informação no momento em que
o contracto financeiro é firmado.
Por isso, existem nas sociedades, instituições de caracter lucrativo e que operam em mercados
próprios, responsáveis pela captação de recursos financeiros, pela distribuição e circulação de
valores e pela regulação desse processo e que são denominadas por Instituições Financeiras.
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•Instituições de Crédito;
•Sociedades Financeiras.
Sociedades Financeiras
As Sociedades Financeiras (SF) são as empresas que não sejam instituições de crédito e cuja
actividade principal consista em exercer uma ou mais das seguintes actividades:
Redução de risco
Diversificação
Redução dos custos de pesquisa, transacção e monitoramento de clientes.
13
permitir manter ou aumentar o valor da sua poupança. O sistema financeiro vai transformar as
poupanças em produtos financeiros.
14
Obrigações, acções e apólices de seguro, são exemplos de instrumentos financeiros.
Os mercados financeiros permitem a compra e venda dos instrumentos financeiros de
forma rápida e com baixo custo, os que torna interessantes para os agentes económicos.
As instituições financeiras fornecem um leque variado de serviços incluindo o acesso
aos mercados e disponibilização de informação sobre a qualidade dos devedores.
Os Bancos, as Seguradoras, as Sociedades financeiras, são exemplos de instituições
financeiras.
As autoridades de supervisão, em particular os bancos centrais, têm um papel
determinante na monitorização e estabilização do sistema.
O Banco Central de um país é a instituição financeira governamental que funciona como o banco
dos bancos e também do próprio governo. Através dele o país assegura a estabilidade da moeda
e o controle do crédito. É a única instituição que emite papel-moeda no país, exerce a
fiscalização e o controle dos demais bancos e controla a importação e exportação de dinheiro e
de metais preciosos.
Nos diferentes países, os bancos foram concentrando certas funções. No entanto, existem
quatro que conferem identidade ao Banco Central:
Além destas funções, existem Bancos Centrais, que têm a importante tarefa de supervisionar as
instituições financeiras. Assim, a alguns Bancos Centrais, compete ainda regular, fiscalizar e
promover o bom funcionamento dos sistemas de pagamento, gerir as disponibilidades externas
do País e agir como intermediário das relações monetárias internacionais do Estado, bem como
15
aconselhar o Governo nos domínios económico e financeiro. Cabe também a alguns Bancos
Centrais a recolha e elaboração das estatísticas monetárias, financeiras, cambiais e da balança
de pagamentos.
16
1.1.3 O sistema financeiro Angolano. O Banco Nacional de Angola e outros Órgãos de
Supervisão.
Fig. 06 Esquema do Sistema Financeiro Angolano. Fonte: Adaptado do livro PEREZ, Leão Jorge;
Contabilidade Bancária, EAL, Edições de Angola, 1ª Edição: Junho, 2011, Luanda, Angola.
As instituições Financeiras bancárias são os bancos, empresas cuja actividade principal consiste
em receber do público depósitos ou ouros fundos reembolsáveis, a fim de os aplicar por conta
própria mediante empréstimos.
Bancos em geral
Nos termos d artigo 4.º da lei 13/05 as instituições financeiras bancárias, ou seja s bancos em
geral, sob supervisão do Banco Nacional de Angola, podem realizar as seguintes actividades:
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i)
Realizar operações de crédito;
j)
Realizar operações no mercado de capitais através das sociedades de intermediação;
k)
Prestar serviços de pagamentos;
l)
Efectuar transacções por conta própria ou alheia sobre instrumentos do mercado
monetário, financeiro ou cambial;
m) Participar em emissões e colocações valores mobiliários e prestações de serviços
correlativos;
n) Prestar consultoria, guarda, administração e gestão de carteira de valores mobiliários;
o) Praticar o comércio de compra e venda d notas, moedas estrangeiras ou cheques de
viagem;
p) Outras operações análogas e que a lei não proíba.
A principal diferença entre os bancos e outras instituições financeiras está no princípio da
exclusividade, que estabelece que a actividade de receber do público depósitos ou outros
fundos reembolsáveis, para a utilização por conta própria e exercer a função de intermediário d
liquidação de operações de pagamento, apenas pode ser exercida pelas instituições financeiras
bancárias, ou seja pelos bancos universais.
Bancos de Desenvolvimento
A economia Angolana, está alicerçada na exploração de recursos minerais, sendo com mais
vidência no petróleo e diamantes. Se por um lado este facto abre excelentes oportunidades de
desenvolvimento, por outro lado coloca o país numa extrema vulnerabilidade se tratar de
produtos de extrema volatilidade e fortemente dependente da conjuntura do mercado
internacional.
Foi nesta perspectiva que foi criado o Banco de Desenvolvimento de Angola (BDA) 3, modelo de
banco de desenvolvimento, como instituição financeira de execução da política de
desenvolvimento e investimento do executivo, e tem por objectivo apoiar o desenvolvimento
económico social do país, de modo diversificado e sustentado, estimulando o aumento dos
investimentos e da produtividade e o fomento à introdução de novas tecnologias.
A actividade do BDA está sujeita à supervisão do Banco Nacional de Angola nos termos da lei
das instituições financeiras; só que, ao contrário das demais instituições financeiras bancárias,
o BDA não arrecada depósitos directamente do público. Os seus fundos são provenientes da
dotação inicial de capital, de importâncias provenientes a emissão de obrigações de tesouro, e
a parte substancial, dos recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento.
3
Decreto n.º 37/06, de Junho, do conselho de Ministros.
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O BDA é o banco responsável pela gestão do Fundo Nacional de Desenvolvimento, que por sua
vez é alimentado por receitas provenientes do Orçamento Geral do Estado nas seguintes
proporções:
São instituições financeiras não bancárias ligadas à moeda e crédito, sujeitas à jurisdição do
Banco Nacional de Angola, as seguintes:
a. Casas de Câmbio;
b. Sociedades cooperativas de Crédito;
c. Sociedades de Cessão financeira;
d. Sociedades de Locação financeira;
e. Sociedades mediadoras dos mercados monetários ou de câmbios;
f. Sociedades de microcrédito;
g. Sociedades prestadoras de serviços de pagamento;
h. Sociedades operadoras de sistema de pagamentos, compensação ou câmara de
compensação, nos termos da Lei do Sistema de Pagamentos de Angola;
i. Outras sociedades que sejam como tal qualificadas por lei.
São instituições financeiras não bancárias ligadas a actividade Seguradora e Previdência Social,
sujeitas à jurisdição do Instituto de Supervisão de Seguros de Angola, as seguintes:
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São sociedades financeiras não bancarias ligadas ao mercado de capitais e ao investimento,
sujeitas a jurisdição do organismo de supervisão do mercado d valores mobiliários, as seguintes:
Sociedades Financeiras
Para melhor entendimento do âmbito das actividades das instituições financeiras não
bancárias, sob a forma de sociedades financeiras, transcrevem-se a seguir algumas definições,
enquadráveis nos termos da Lei 13/05, de 30 de Setembro.
Sociedades de Cessão Financeiras (factoring): são instituições financeiras não bancárias que
têm como objectivo exclusivo o exercício da actividade de cessão financeira mediante a qual
uma das partes (cessionário ou factor) adquire de outra (aderente), créditos a curto prazo,
resultantes da venda de produto ou de prestação de serviços a uma terceira pessoa (devedor),
nos termos que sejam permitidos por lei.
Sociedade de Locação Financeira (leasing): são instituições financeiras não bancárias que têm
por objecto exclusivo a realização de contractos pelo qual o locador se obriga, mediante
retribuição, a ceder ao locatário o gozo temporário de uma coisa móvel ou imóvel, adquirida
ou construída por indicação do locatário, nos termos que sejam permitidos por lei.
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Sociedades de Capital de Risco: são instituições financeiras não bancárias que têm por objecto
principal o apoio e promoção do investimento e a inovação tecnológica em projectos, ou em
empresas, através da participação temporária no respectivo capital social, nos termos que
sejam permitidos por lei.
Sociedades de Investimento: são instituições financeiras não bancárias que têm por objecto
exclusivo uma actividade restrita à realização de operações financeiras, nomeadamente, a
aplicação de recursos a médio e longo prazo e a tomada de participações no capital de
sociedades e a subscrição e aquisição de valores mobiliários nos termos que sejam permitidos
por lei.
Sociedades Gestoras de Fundos de Titularização: são instituições financeiras não bancárias que
têm por objecto exclusivo a administração de fundos mútuos dedicados a titularização de
créditos, também designados como securitização de recebíeis, fundos esses que constituem
patrimónios autónomos pertencentes a uma pluralidade de pessoas singulares, ou colectivas,
nos termos que sejam permitidos por lei.
Pela natureza das instituições financeiras, em particular os bancos, é necessário que estas
estejam sujeitas a regulamentação e supervisão consequentemente órgãos que exerçam esta
função, para assegurar e salvaguardar os depositantes (visão microeconómica) e garantir a
estabilidade da moeda (visão macroeconómica).
4
Teoria Monetarista de Milton Friedemann sobre a inflação
21
As funções de regulamentação e supervisão da actividade das instituições financeiras, são
desempenhadas pelos Bancos Centrais, também chamados como Bancos de primeiro nível.
O Banco Nacional de Angola (BNA) é o banco central da República de Angola, e foi criado em 5
de Novembro de 1976, por confisco do Banco de Angola.
Na sua trajectória desde a sua criação o Banco Nacional e Angola passou por várias
transformações em função do modelo económico então vigente no país, partindo de uma
situação de monopólio, em que agregava nas suas funções de banco comercial (1976-1991),
passando por uma situação híbrida (1991-1997), quando mesmo com a cobertura da actividade
de banco comercial à iniciativa privada e a especialização do BNA em banco central (Lei nº. 6/97
de 11 de Julho), mas na realidade ainda uma faixa residual da actividade de banco comercial,
para definitivamente em 1995, concentrar-se nas suas verdadeiras funções típicas d banco
central.
O actual estatuto orgânico do BNA foi aprovado pela lei nº. 16/10 da Assembleia Nacional,
(Diário da República I série nº. 123 de 15 de Julho de 2010).
Neste diploma estão tipificadas as funções básicas do BNA como banco central, banco emissor,
banco dos bancos, supervisor do sistema financeiro sistema de pagamento e autoridade
cambial.
22
Ainda nos termos do artigo 16º, compete, igualmente ao Banco Nacional de Angola:
O artigo 20º define as competências do Banco Nacional de Angola nas suas relações com as
instituições financeiras domiciliadas no país, que são:
a) Supervisiona-las;
b) Zelar pela sua solvabilidade e liquidez;
c) Abrir contas e aceitar depósitos (dos bancos) segundo termos e condições a fixar.
Para assegurar a supervisão das instituições financeira, compete ao Banco Nacional de Angola,
em especial:
23
c) Instaurar, nos termos da lei, os processos adequados à verificação das infracções
económicas.
Na óptica financeira, uma economia pode ser classificada em dois sectores: o sector financeiro
e o sector não financeiro. E como cada país mantém relações económicas e financeiras com o
exterior ou resto do Mundo, acrescenta-se numa perspectiva de economia aberta, um terceiro
sector que é o sector externo.
a) Subsector financeiro monetário, aquele que cria moeda, e é formado pelo banco central
e outros bancos;
b) Subsector financeiro não Monetário, é aquele que não cria moeda, e é formada pelas
sociedades financeiras.
O sector não financeiro é aquele que utiliza os activos monetários e os activos e os activos
financeiros. Este sector é constituído por três subsectores, nomeadamente: o subsector público
que é composto pela administração central e local doestado; o subsector produtivo, que é
composto pelas empresas; e o subsector privado, que é constituído pelas famílias.
O sector externo é o conjunto de agentes económicos não residentes com os quais mantemos
relações económicas e financeiras.
Com á vimos, o órgão que supervisiona os bancos (sector financeiro monetário) é o Banco
Central; no caso de Angola temos o BNA. Já para as sociedades financeiras, existem dois órgãos
de supervisão e regulação, dependentes do Ministério das Finanças que são: Agência Angolana
de Regulação e Supervisão de Seguros (ARSEG) e a Comissão de Mercados de Capitas (CMC).
24
Agência Angolana de Regulação e Supervisão de Seguros (ARSEG)
Estão sob jurisdição deste órgão, as instituições financeiras não bancárias ligadas a actividade
seguradora e previdência social, nomeadamente, as sociedades seguradoras e resseguradoras
e os fundos de pensões.
Depois deste período, a primeira empresa privada de seguros, foi criada em 2000, denominada
AAA, e foi publicada no Diário da República III série nº 42, de 10bde Outubro de 2000.
Seguro pode ser definido como uma operação que toma forma jurídica de um contrato, em que
uma das partes (Segurador), se obriga para com a outra (Segurado ou Beneficiário), mediante
recebimento de uma importância estipulada (Prémio), a compensa-la (Indeminização), por um
prejuízo (Sinistro), resultante de uma evento futuro, possível e incerto (Risco), indicado no
contrato.5
5
Cfr. PEREZ, Leão Jorge; Contabilidade Bancária pág. 46, EAL, Edições de Angola, 1ª Edição: Junho, 2011,
Luanda, Angola.
6
Ibidem, pág. 47
25
Comissão de Mercado de Capitais (CMC)
Estão sob jurisdição da CMC, as instituições financeiras não bancárias ligadas ao comércio de
capitais e ao investimento.
A CMC é um órgão cujo estatuto foi criado sob tutela do Ministério das Finanças e
foi aprovado nos termos do Decreto nº 9/05, publicado no Diário da república nº
33 de 18 de Março de 2005.
Neste diploma estão plasmadas as principais atribuições da CMC, que são:
26
IV. No desenvolvimento das suas actividades de Fiscalização compete à CMC:
a) Fiscalizar a adequação da estrutura, a eficiência e regularidade do funcionamento
do mercado de capitais, tendo em conta as obrigações das entidades responsáveis
pela sua organização;
b) Instaurar e instituir os processos disciplinares resultantes da violação, pelas pessoas
e entidades submetidas à sua jurisdição, das disposições legais e regulamentares, e
aplicar aos infractores as multas e quaisquer outras sanções a que houver lugar;
c) Instaurar inquérito para averiguação de infracções de qualquer natureza cometidas
no âmbito do mercado de capitais, ou que afectam o e normal funcionamento,
incluindo delitos de manipulação do mercado, abuso de informação, violação de
segredo profissional e outros de natureza semelhante;
d) Notificar as entidades competentes de investigação criminal sempre que haja
indícios de crime contra o mercado.
O mercado de capitais desempenham um pape determinante para o desenvolvimento
económico de um País, pois trata-se do segmento do sistema financeiro que opera, sobretudo,
com instrumentos de médio e longo prazo (acções, obrigações e títulos de participações), ou
seja, canaliza as poupanças para o sector produtivo, contrariamente ao mercado monetário
onde a prevalência é a circulação de papéis de curto prazo, que é pouco exequível para um
verdadeiro projecto de desenvolvimento com sustentabilidade.
Cá no nosso país, para preenchimento do sistema financeiro foi criada a Bolsa de Valores e
Derivados de Angola (BODIVA).
27
1.2 Taxa de câmbio e mercado cambial
Para resolver este problema utiliza-se o câmbio que de acordo com Sandroni (2004,p.
74),
É uma operação financeira que consiste em vender,
comprar ou trocar valores em moedas de outros países ou
papéis que representem moedas de outros países
A taxa de câmbio é uma relação entre moedas de dois países que resulta no preço de uma
delas medidas em relação à outra. Mas, além de expressar quantitativamente a condição de
troca entre duas moedas, a taxa de câmbio expressa as relações de troca entre dois países. O
câmbio é uma das variáveis macroeconómicas mais importantes, sobretudo para as relações
comerciais e financeiras de um país com o conjunto dos demais países.
Contra Moeda
USD/AOA=216,86
Moeda Base
AOA/USD = 0,0042
Tendo em conta a sua cotação7, a taxa de câmbio, pode ser ao certo (ou indirecta) e ao incerto
(ou directa). Assim, quando surge uma qualquer cotação entre duas moedas, uma delas está a
ser cotada ao certo e a outra ao incerto.
7
Segundo o dicionário Aurélio cotação é o acto ou efeito de cotar, preço pelo qual se negociam
mercadorias, títulos, acções de bancos ou fundos públicos, moedas estrangeiras, nas bolsas ou nas praças
de comércio. Cotação em economia e o acto ou efeito de cotar, estabelecer preço, valor, de alguma coisa.
28
a) Cotação ao certo – refere-se ao número de unidades de moeda estrangeira necessárias
para adquirir uma unidade de moeda nacional;
Tome-se, como exemplo, a seguinte cotação: AOA/USD= 0,0046; isto significa para adquirir um
dólar norte-americano, é necessário 0,0046 Kwanza.
No caso do Kwanza, a moeda nacional aparece usualmente cotada ao incerto. Tome-se, como
exemplo, a seguinte cotação: USD/AOA= 217,848; isto significa que por um dólar norte-
americano se trocam 217,848 Kwanzas.
As cotações de oferta e procura são complicadas pelo fato de que a oferta de uma B (SB) moeda
é a procura de outra moeda A (SA):
c) Cotações cruzadas
Para além das cotações ao certo e ao incerto, existe também a cotações cruzadas. Uma moeda
pode não ter cotação directa em todas as moedas estrangeiras. O cálculo da cotação cruzada
permite obter a taxa de câmbio de uma moeda para a qual não existem cotações divulgadas.
Sempre que se dispõe de duas taxas de câmbio diferentes com uma moeda comum, é possível
calcular a taxa de câmbio cruzada. Muitos pares de moedas só são negociados de forma inactiva,
portanto sua taxa de câmbio é determinada através de sua relação com uma terceira moeda
amplamente negociada (geralmente o USD):
Por exemplo, imagine que um investidor em Angola gostaria de comprar alguns Euros (EUR). À
medida que ambas as moedas são cotadas contra o USD, o investidor pode descobrir o preço do
Kwanza (AOA) face ao EUR. Supondo que as taxas de câmbio são:
Então, 1 EUR = 1,5326 x (217,22 AOA) ou seja, 1 EUR = 332,9114 AOA. Logo, obtemos a cotação
EUR/AOA = 332,874.
29
1.2.1.2 Diferentes formas de expressar as taxas de câmbio
Para além da forma como é cotada uma taxa de câmbio, No mercado de câmbio, em um
determinado momento, existe, não uma taxa de câmbio única, mas uma variedade de taxas,
dependendo dos instrumentos de crédito usados na função de transferência. Na figura abaixo,
podemos ver os alguns tipos de taxas de câmbio:
Fig.06-Esquema das diferentes formas de expressar a taxa de câmbio. Fonte: Elaboração Própria
A taxa estabelecida pelas forças de controlo de câmbio (banco central) é chamada de taxa
nominal. Ou seja, é a relação entre quantidades de moeda. É a taxa de câmbio que é usada
nos bancos e nas casas de câmbio.
A taxa determinada pelas forças do mercado com base na demanda e no fornecimento é
denominada taxa real. Corresponde ao relativo de preços entre o produto nacional e o
estrangeiro.
A existência da taxa de câmbio real, deve-se ao facto dos países terem reflexos do valor
da moeda no preço das mercadorias. Ou seja, há inflação. É exactamente para neutralizar
o efeito da inflação na definição da taxa de câmbio que se trata a referência dos preços de
uma mesma mercadoria em dois países.
30
A fórmula de obtenção da taxa de câmbio real é:
Onde:
Relativamente a taxa de câmbio real, podemos ter dois aspectos importantes para o
funcionamento de uma economia em relação ao estrangeiro.
No mercado internacional de câmbio, é perfeitamente possível fechar hoje uma taxa de câmbio
para ser liquidada em uma data no futuro. Tais taxas denominam-se de taxas FORWARD, ou
taxas a termo.
31
c) Taxas únicas e múltiplas
Geralmente, existe apenas uma taxa de câmbio única para a moeda de um país. No
entanto, em raras ocasiões, um país pode adoptar uma, duas ou mesmo três taxas de
câmbio diferentes contra a moeda de outro país para pagamento das suas transacções em
moeda estrangeira. Por exemplo, um país pode ter diferentes taxas de conversão para
exportações e importações.
Geralmente os sistemas de taxas de câmbios múltiplas são adoptadas por motivos de
balança de pagamentos. Certos países que atravessam má situação de balança de
pagamento, adoptam um sistema de taxas cambiais múltiplas como opção contra o ajuste
da taxa cambial uniforme e contra o uso de medidas limitadoras da procura. Os tipos de
transacções cobertos pêlos diferentes mercados de divisas8 e a estrutura da taxa de
câmbio, variam de um país para outro, como reflexo das características particulares e das
prioridades dos Países na alocação das suas reservas internacionais.
8
Divisas são as moedas estrangeiras conversíveis e também as letras, cheques, ordens de pagamento etc.
emitidos nessas moedas. Trata-se, geralmente, de moedas "fortes", ou seja, emitidas por países de
economia forte, como os Estados Unidos ou a União Europeia.
32
1.2.1.3 Teorias económicas para determinar a taxa de câmbio No decorrer do tempo, três
teorias económicas e grupos de reflexão apresentaram três teorias para a determinação
das taxas de câmbio em moeda estrangeira, como ilustra a figura abaixo.
A teoria é baseada no padrão ouro9. Um país que segue o Padrão Ouro também terá sua moeda
em ouro ou conversível em ouro a uma taxa fixa. Além disso, a moeda também terá uma relação
de razão fixa (moeda de troca ou par de excelência) com a moeda de outro país seguindo o
padrão-ouro. Actualmente, o padrão ouro não é seguido por nenhum país. Assim, a teoria partes
da hortelã perdeu seu significado.
9
O padrão-ouro é um sistema monetário em que a unidade económica padrão é baseada em uma
quantidade fixa de ouro. Três tipos podem ser distinguidos: espécie, barras de ouro troca de ouro.
No padrão ouro da espécie, a unidade monetária está associada ao valor de moedas de ouro em
circulação, ou a unidade monetária tem o valor de uma certa moeda de ouro em circulação, mas
outras moedas podem ser feitas de metal menos valioso.
O padrão das barras de ouro é um sistema no qual as moedas de ouro não circulam, mas as
autoridades concordam em vender barras de ouro sob demanda a um preço fixo em troca da
moeda em circulação.
O padrão de troca de ouro geralmente não envolve a circulação de moedas de ouro. A principal
característica do padrão de troca de ouro é que o governo garante uma taxa de câmbio fixa para
a moeda de outro país que usa um padrão-ouro (espécie ou lingote), independentemente do
tipo de notas ou moedas usadas como meio de troca. Isso cria um padrão-ouro de fato, em que
o valor do meio de troca tem um valor externo fixo em termos de ouro que é independente do
valor inerente do próprio meio de troca.
A maioria das nações abandonou o padrão ouro como base de seus sistemas monetários em algum
momento do século 20, embora muitos detenham reservas substanciais de ouro.
33
A teoria foi inicialmente refinada e apresentada de forma apresentável pelo economista sueco
Prof. Gustav Cassel em 1922. Esta teoria para papel-moeda afirma que a taxa de câmbio de duas
moedas deve corresponder ao quociente de seu respectivo poder de compra interno.
Da teoria, pode-se inferir que o aumento de preços em um país reduz o valor (ou poder de
compra) de sua moeda. Embora a teoria possa ser aplicada a todas as moedas, ela negligencia
outros factores externos (actividades especulativas, entrada / saída de capital, etc.), o que
afectaria a taxa de câmbio.
De acordo com esta teoria moderna da troca, que actualmente é aceita como padrão, a taxa de
câmbio equivale à demanda e oferta de câmbio. Além disso, a taxa de câmbio é o ponto de
preços onde há equilíbrio entre as forças da demanda e da oferta.
A teoria é abrangente, prática e realista. Embora a teoria seja amplamente aceita, ainda sofre
desvantagens de premissas relacionadas à balança de pagamentos.
Sempre que viajamos para outro país é preciso fazer uma operação de câmbio. Em termos
simples, é a compra de moeda de outro país com a do seu país. A troca de moedas é feita sempre
por um agente autorizado pelo Banco Central a realizar este tipo de transacção. O contrário
também pode ser feito e você trocar a moeda estrangeira que sobrou por moeda do teu país,
ou um turista comprar a moeda local. Essa é a operação básica do mercado cambial.
34
Angolana em USD. A empresa americana gostaria de receber o pagamento em dólares,
enquanto o exportador japonês vai querer iene.
Seria inconveniente para compradores individuais e vendedores de divisas procurarem uns aos
outros. Assim, um mercado de câmbio se desenvolveu para actuar como intermediário. É o
maior mercado financeiro do mundo, com preços em movimento e moedas negociando em
algum lugar a cada hora de cada dia útil.
Angola, o BNA é responsável por autorizar os agentes que actuam nesse mercado e a
regulamentar e a fiscalizar as operações. No mercado de câmbio Angolano, as operações
incluem:
Existe também o mercado paralelo de câmbio ou informal. São ilegais os negócios desse sector,
assim como a posse de moeda estrangeira de actividades ilícitas, segundo o BNA. Dentro da
regularidade, as operações de câmbio podem ser realizadas por quaisquer pessoa física ou
jurídica. Uma das partes, entretanto, deve necessariamente ser um agente autorizado pelo BNA
a operar ou um correspondente.
1. Bancos Centrais
35
Um dos importantes player no mercado de câmbio é o Banco Central dos diversos países. Os
bancos centrais frequentemente intervêm no mercado para manter as taxas de câmbio de suas
moedas dentro de um intervalo desejado e suavizar as flutuações dentro dessa faixa.
O banco central pode intervir comprando sua moeda e vendendo moeda estrangeira para dar
suporte à moeda contra outras moedas. Por outro lado, o banco central pode vender sua própria
moeda e comprar moedas estrangeiras para enfraquecê-la. O nível de intervenção do banco
dependerá do regime de taxa de câmbio do banco central do país.
2. Bancos Comerciais
No nível a retalho, eles lidam com seus clientes: Casas de câmbios Empresas,
Exportadores, Importadores e assim por diante.
No nível a grosso, os bancos mantêm um mercado bancário inerte em moeda
estrangeira, seja directamente ou através de correctoras de câmbio especializadas.
3. Correctores de Câmbio
Correctores de câmbio também operam no mercado de câmbio internacional. Eles agem como
agentes que facilitam o comércio entre os revendedores. Ao contrário dos bancos, os
correctores servem apenas como casamenteiros e não colocam seu próprio dinheiro em risco.
Eles monitoram de forma activa e constante as taxas de câmbio oferecidas pelos principais
bancos internacionais por meio de sistemas informatizados como a Reuters e conseguem
localizar rapidamente uma parte oposta para um cliente sem revelar a identidade de nenhuma
das partes até que uma transacção tenha sido acordada. É por isso que os intervenientes do
36
mercado interbancários usam um corrector principalmente para divulgar o mais rápido possível
uma cotação de moeda para muitos outros distribuidores.
4. Multinacionais
As multinacionais são os principais participantes não bancários no mercado a termo, pois trocam
fluxos de caixa associados às suas operações multinacionais. As multinacionais geralmente
contratam para pagar ou receber valores fixos em moedas estrangeiras em datas futuras, de
modo que estão expostos ao risco cambial. É por isso que eles geralmente protegem esses fluxos
de caixa futuros através do mercado de câmbio a termo interbancário.
Indivíduos e pequenas empresas também usam o mercado de câmbio para facilitar a execução
de transacções comerciais ou de investimento. As necessidades externas desses agentes
económicos são geralmente pequenas e representam apenas uma fracção de todas as
transacções de câmbio. Mesmo assim, eles são participantes muito importantes no mercado.
Alguns desses participantes usam o mercado para proteger o risco cambial.
6. Especuladores
37
Banco Central Governo
Correctores de câmbio
Casas de câmbio Clientes Bancos Estrangeiros (Escritórios Estrangeiros)
Sector Sector
Doméstico Empresarial
Arbitragem/
Especuladore
38
1.3 Apreciação e Depreciação Cambial
As taxas de câmbio são determinadas por factores, tais como taxas de juros, confiança, conta
corrente no balanço de pagamentos, crescimento económico e taxas de inflação relativa. Por
exemplo: Se os negócios de Angola se tornassem relativamente mais competitivos, haveria
maior demanda por bens angolanos; Esse aumento na demanda por bens de Angola causaria
uma valorização (aumento de valor) do dólar.
1. Inflação
Portanto, países com taxas de inflação mais baixas tendem a ver uma valorização do
valor de sua moeda. Por exemplo, a apreciação a longo prazo no D-Mark alemão no
período pós-guerra estava relacionada com a taxa de inflação relativamente menor.
2. Taxas de juros
Se as taxas de juros do Reino Unido aumentarem em relação a outros países, será mais
atraente depositar dinheiro no Reino Unido. Você obterá uma melhor taxa de retorno da
poupança em bancos do Reino Unido. Portanto, a demanda por Sterling aumentará. Isso é
conhecido como "fluxo de dinheiro quente" e é um importante factor de curto prazo na
determinação do valor de uma moeda.
3. Especulação
Se os especuladores acreditam que a moeda local aumentará no futuro, eles vão exigir mais
agora para conseguir lucros. Esse aumento na demanda fará com que o valor aumente.
39
Portanto, os movimentos na taxa de câmbio nem sempre reflectem os fundamentos
económicos, mas são muitas vezes motivados pelos sentimentos dos mercados financeiros. Por
exemplo, se os mercados vêem notícias, o que aumenta a taxa de juros, o valor da moeda local
provavelmente aumentará em antecipação.
4. Mudança na competitividade
Se os bens de produção local em um dado País se tornarem mais atraentes e competitivos, isso
também fará com que o valor da taxa de câmbio aumente. Por exemplo, se Angola tiver
melhorias a longo prazo nas relações do mercado de trabalho e maior produtividade, o bem se
tornará mais competitivo internacionalmente e, em longo prazo, causa uma apreciação no
Kwanza. Este é um factor similar à baixa inflação.
5. Balança de pagamentos
Um déficit na conta corrente significa que o valor das importações (de bens e serviços) é maior
do que o valor das exportações. Se isso for financiado por um excedente na conta financeira /
capital, então isso é bom para a economia. Mas um país que se esforça para atrair entrada de
capital suficiente para financiar um déficit de conta corrente verá uma depreciação na moeda.
6. Dívida do governo
7. Intervenção governamental
Alguns governos tentam influenciar o valor de sua moeda. Por exemplo, Angola procurou
manter sua moeda sobrevalorizada para tornar as importações mais baratas, até início de 2018
em que mudou o seu regime cambial.
Uma recessão pode causar uma depreciação na taxa de câmbio porque, durante a recessão, as
taxas de juros geralmente caem. No entanto, não existe uma regra rígida e rápida. Depende de
vários factores.
Como apreciação deve entender-se todo e qualquer aumento de valor que possa afectar um
determinado activo económico ou financeiro. Entre esses activos podem encontrar-se, por
exemplo, terrenos cujo valor de mercado se incremente como resultado da melhoria dos
acessos ou determinados bens que, com o decorrer do tempo, se vão tornando mais valiosos
devido à sua escassez ou raridade.
40
No entanto, e tendo em conta a aproximação em termos de significado entre apreciação e
valorização, fala-se em apreciação apenas quando nos encontramos num ambiente de regime
de taxas de câmbio flexíveis10. Por outro lado, falar-se-á em valorização quando o aumento do
valor de uma determinada moeda se deve à intervenção directa e administrativa das
autoridades monetárias de uma economia.
Tendo em conta que a taxa de câmbio representa o preço em moeda nacional de uma
determinada divisa estrangeira, pode dizer-se que uma apreciação de uma moeda nacional face
a uma moeda estrangeira implica a diminuição da taxa de câmbio em causa, na medida em que
passa a ser necessária uma menor quantidade de moeda nacional para adquirir uma unidade da
moeda estrangeira e vice-versa.
Em termos económicos, é portanto de esperar que uma apreciação da moeda nacional face a
uma moeda estrangeira sirva de incentivo ao aumento de importações vindas desse país
estrangeiro, na medida em que é necessário menos moeda nacional para adquirir os produtos
que estão valorados na moeda estrangeira; ao mesmo tempo, é de esperar que as exportações
para esse mesmo país estrangeiro sofram um impacto negativo, na medida em que os seus
agentes económicos têm de despender uma maior quantidade de moeda para adquirir bens que
esteja valorados à moeda nacional.
Por aqui se constata que a eventual ocorrência de valorizações, ou seja, a diminuição forçada (e
não na sequência do funcionamento do mercado) da taxa de câmbio de uma moeda nacional
face a outra pode ter como base objectivos de política económica no que concerne à balança
comercial entre os dois países em causa.
A moeda de um dado País se tornará mais forte se houver maior demanda pela moeda
local deste País ou menor oferta por moeda local. Razões para uma apreciação na Taxa
de Câmbio:
10
O conteúdo sobre regimes cambiais, será desenvolvido mais além, ao longo deste trabalho.
41
Aumento da competitividade dos produtos do respectivo País.
Aumento da produtividade e maior competitividade tornará os bens locais mais atraentes.
Expectativas
A especulação desempenha um papel crescente na determinação das taxas de câmbio. Se
os investidores sentem que uma moeda provavelmente irá apreciar no futuro, eles vão
comprar agora e realmente fazer com que isso ocorra.
Como já vimos, uma valorização significa um aumento no valor de uma moeda. Isso significa
que uma moeda vale mais em termos de moeda estrangeira. A apreciação da moeda de uma
economia pode ter vários efeitos sobre a mesma. Entre os vários efeitos, podemos descrever:
42
Uma demanda agregada mais baixo leva a uma menor inflação de demanda e puxão.
Com os preços de exportação mais caros, os fabricantes têm maiores incentivos para
reduzir os custos para tentar continuar a ser competitivos.
11
Davidson, Paul (2009), The Keynes Solution: The Path to Global Economic Prosperity, New York:
Palgrave Macmillan, p. 125, ISBN 978-0-230-61920-3.
43
Também depende de por que a taxa de câmbio está aumentando de valor. Se
houver uma apreciação porque a economia está se tornando mais competitiva,
então a apreciação não estará causando perda de competitividade. Mas, se houver
uma apreciação por causa de especulações ou fraqueza em outros países, a
apreciação poderia causar uma maior perda de competitividade.
Uma apreciação da taxa de câmbio é benéfica se a economia for mais produtiva e
competitiva. No entanto, se houver uma apreciação devido a especulações, pode ser
prejudicial, pois os exportadores não poderão competir.
A desvalorização de uma moeda tem várias vantagens, como permitir que um país continue
competitivo no comércio exterior, aumentar as exportações para outros países e aumentar o
crescimento económico através de uma maior demanda de produtos de fabricação nacional.
12
Atendendo o objectivo do trabalho em causa, interessa-nos apenas a depreciação nos mercados
cambiais.
44
A desvalorização também tem um lado negativo a medida em que aumenta o preço das
importações e pode levar à inflação. A depreciação pode realmente fazer mercadorias
exportadas na moeda depreciada mais baratas para outros países para importar. Isso pode levar
a um aumento das exportações, que ao longo do tempo pode ajudar a moeda a recuperar seu
valor.
45
A condição Marshall-Lerner13 afirma que uma depreciação melhora o deficit da
conta corrente se a soma absoluta das elasticidades de exportação e importação de
longo prazo for maior que unidade
No curto prazo, a demanda por exportações pode ser inelástica, portanto, não há
melhora na conta corrente. No entanto, durante um longo período de tempo, a
demanda torna-se mais elástica e, portanto, há uma melhoria na conta actual.
13
A condição de Marshall-Lerner (depois de Alfred Marshall e Abba P. Lerner) é a condição de que uma
desvalorização ou desvalorização da taxa de câmbio só cause uma melhoria na balança comercial se a
soma absoluta das elasticidades de exportação e importação de longo prazo for maior que unidade Se a
moeda doméstica se desvaloriza, as importações se tornam mais caras e as exportações ficam mais
baratas devido à mudança nos preços relativos.
46
O impacto de uma queda na taxa de câmbio depende de alguns factores:
Uma taxa de câmbio decrescente pode ser benéfica se a economia não for competitiva e
está presa em uma recessão. Uma desvalorização ajuda a aumentar a demanda por
exportações e a criar empregos. Em uma recessão, é improvável que a inflação seja um
problema. No entanto, em um boom, uma desvalorização poderia levar à inflação. Além
disso, uma desvalorização reduz o padrão de vida à medida que as importações se tornam
mais caras.
Os regimes cambiais têm evoluído ao longo da história, dando origem a uma proliferação de
regimes. Não obstante os muitos regimes existentes, quatro são dignos de uma análise mais
profunda. São eles:
O período que antecede 1914 tem por pivot um grupo de países, designados
desenvolvidos, composto pelo Reino Unido, França, Holanda, Alemanha, Estados
Unidos, alguns países da Europa Ocidental e as colónias britânicas. Todos eles assumiram
o compromisso de fixar a sua moeda com base no ouro. A moeda nacional e outras formas
de pagamento eram convertidas em ouro, a uma determinada taxa fixa. Historicamente,
denomina-se de regime Padrão Ouro ao sistema que vigorou entre 1880 e 1914, mas na
verdade países como a Inglaterra já o usavam desde 1717. Durante este regime, os países
eram obrigados a defender a paridade fixa, podendo, excepcionalmente, afastar-se desse
valor, em situações de crise financeira ou na ocorrência de uma guerra.
47
O período que antecede 1914 tem por pivot um grupo de países, designados
desenvolvidos, composto pelo Reino Unido, França, Holanda, Alemanha, Estados
Unidos, alguns países da Europa Ocidental e as colónias britânicas. Todos eles assumiram
o compromisso de fixar a sua moeda com base no ouro. A moeda nacional e outras formas
de pagamento eram convertidas em ouro, a uma determinada taxa fixa. Historicamente,
denomina-se de regime Padrão Ouro ao sistema que vigorou entre 1880 e 1914, mas na
verdade países como a Inglaterra já o usavam desde 1717. Durante este regime, os países
eram obrigados a defender a paridade fixa, podendo, excepcionalmente, afastar-se desse
valor, em situações de crise financeira ou na ocorrência de uma guerra.
Com o fim deste sistema surge um outro conhecido como Bretton Woods, que tentou
conciliar os benefícios do sistema Padrão Ouro e ultrapassar os seus inconvenientes.
Conciliou, assim, os benefícios de um sistema de taxas fixas, deixando, porém, uma certa
margem de manobra. Tendo em conta que a principal moeda a usar como reserva era o
dólar dos Estados Unidos, passou-se então a permitir a convertibilidade das outras
moedas em dólares, que ficou a desempenhar o papel outrora desempenhado pelo ouro.
Em contrapartida, e a fim de imprimir maior credibilidade ao sistema, o dólar ficou
vinculado ao ouro. No entanto, os sucessivos défices da balança de pagamentos americana
provocaram reduções nas reservas de ouro do país e, consequentemente, uma menor
confiança no sistema de convertibilidade.
48
1.4.2 Tipologia dos Regimes Cambiais
Quando se fala em regimes cambiais, a tendência é fazer-se a distinção entre regimes fixos e
regimes flexíveis/flutuantes, para depois se começar a arrolar os regimes intermédios, que
variam consoante se tenha em conta um regime mais ou menos restritivo. Recentemente,
passou-se a equacionar outros regimes de teor verdadeiramente unificado.
Regimes Cambiais
Está-se perante um regime cambial flexível ou uma taxa de câmbio flutuante pura, quando
a autoridade monetária permite que a taxa de câmbio fluctue livremente, optando por não
intervir, por não fazer uso dos mecanismos de política ao seu dispor, para ajustar o valor
da sua moeda. A determinação da taxa de câmbio é realizada pelo mercado, através do
jogo da oferta e da procura, em que participam indivíduos, bancos e demais instituições
financeiras e instituições públicas, entre outras.
e
(Preço da moeda
estrangeira)
S
(e de Equilíbrio) E
(Q de Equilíbrio) Q
(Quantidade de moeda
estrangeira)
49
De forma simplificada, a oferta reflecte a quantidade de moeda estrangeira oferecida a
diferentes taxas e a procura reflecte a quantidade de moeda estrangeira procurada para
cada taxa, sendo que se está perante uma situação de equilíbrio sempre que a oferta e a
procura sejam iguais. A razão que leva os países a procurar moeda estrangeira prende-se
com o facto de esta possibilitar a satisfação de desejos, sejam eles de consumo,
investimento ou outros. Por exemplo, Angola procura euros porque precisa comprar bens
em países europeus, fazer investimentos na Europa, pagar dívidas a credores europeus,
ou enviar remessas para residentes nos europeus, ou vice-versa. Neste caso Angola
ofereceria Kwanzas em troca de euros, e os europeus fariam a operação inversa.
Para exemplificar imagine uma situação em que haja um excesso de demanda por divisas
estrangeiras (ver gráfico abaixo), Isso faz com, o preço da moeda estrangeira suba,
desloca a curva D0 me para D1 me conforme ilustrado no gráfico abaixo. Assim, a taxa de
câmbio e0 há um excesso de demanda por divisas. Para reequilibrar este mercado a taxa
de câmbio precisa subir para um novo valor de equilíbrio e1.
O aumento da taxa de câmbio, faz a demanda por divisas, cair e consequentemente a
oferta aumentar, portanto, o novo equilíbrio é formado com a taxa mais elevada (e1), a
oferta e a demanda por moeda estrangeira volta a ser a mesma.
e
Sme
XDme
Q
(Quantidade de moeda
estrangeira)
50
de câmbio fixo. Porém tem alta volatilidade em função principalmente da movimentação
especulativa dos capitais externos.
Sempre que um país opte por fixar a sua taxa de câmbio, isso significa que à sua moeda
nacional é atribuído um valor, seja em termos de ouro, de outra moeda ou de um cabaz
de moedas. Este regime não resulta do simples anúncio das autoridades de que a taxa de
câmbio será fixa; resulta sim do compromisso assumido pelas autoridades de que tudo
farão para defender rigorosamente a paridade da moeda. Implica a adopção de políticas
que garantam a manutenção da taxa, o que se traduz numa política monetária que usa a
taxa de câmbio como âncora. O banco central é responsável pela manutenção da paridade,
intervindo no mercado sempre que necessário, a fim de imprimir alguma credibilidade ao
regime.
e
Compra de Divisas
D
1
e1
e2
2
Venda de Divisas S
q1 q2
Legenda:
Em 1: excedente de divisas O excesso de divisas, faz o preço da divisa (e)
cair. Para que insto não aconteça o governo intervém no mercado comprando
divisas.
Em 1: excedente de divisas A escassez de divisas, faz o preço da divisa (e)
subir. Para que insto não aconteça o governo intervém no mercado vendendo
divisas.
51
centrais vão intervir, permitindo a expansão dos meios de pagamento e, inversamente, na
ocorrência de diminuições das reservas vai-se permitir a redução dos meios de
pagamento.
Os dois regimes apresentados representam os extremos, mas entre eles encontra-se uma
variedade de regimes intermédios como:
(Preço da moeda e S
estrangeira)
S´
Ls
E
Banda Cambial
E´
Li
E´´
D´
D
Q
(Quantidade de moeda
estrangeira)
Como se vê no gráfico acima, as bandas cambiais são dadas por Ls e Li. Supondo que o
mercado cambial estabelece uma taxa de câmbio de equilíbrio (E) e que subitamente
ocorra uma série de investimentos estrangeiros no país faz com que ocorra em um
aumento de divisas e assim desloque a oferta de moedas estrangeiras para a direita até S´.
Caso a demanda não se altere a taxa de câmbio desloca se de E para E´, isto faz com que
a moeda estrangeira fique mais barata.
Como o Governo limitou as oscilações das taxas dentro do limite das bandas cambiais ele
interfere no mercado através de compra de divisas para que a demanda aumente e se
desloque também para direita de D para D´consequentemente a taxa de câmbio sobe passa
de E para E´ou seja a moeda estrangeira torna se um pouco mais cara e volta para o limite
das bandas permitido pelo governo.
52
3) Paridade ajustável – a autoridade monetária compromete-se a defender uma
determinada taxa de câmbio fixa, dentro de uma margem restrita, podendo, em
casos excepcionais, ajustar a paridade;
4) Paridade móvel – regime de taxa de câmbio fixa, que prevê que a moeda flutue
dentro de uma faixa de taxas, permitindo também o ajuste gradual no valor
nominal da moeda alternativamente a significativas desvalorizações da mesma.
Há ainda a referir os regimes cambiais sem moeda de curso legal distinta, como é o caso
da união monetária e da dolarização/euroização – um exemplo de união monetária é o
que se verifica entre alguns países da União Europeia pertencentes à União Monetária
Europeia, que decidiram abdicar da sua moeda nacional e adoptar a mesma moeda – o
euro; ao passo que a dolarização/euroização ocorre quando uma moeda estrangeira, o
dólar americano ou o euro, é eleita a moeda oficial do país. A grande distinção entre os
regimes de união monetária e a dolarização/euroização reside no facto da União
Monetária exigir, além da adopção de uma moeda única em substituição da moeda
nacional, a criação de uma autoridade monetária comum e responsável pela política
monetária e cambial que, no caso europeu, é o Banco Central Europeu, sobre quem recai
a responsabilidade de estabelecer e aplicar a política monetária europeia, dirigir as
operações de câmbio e garantir o bom funcionamento dos sistemas de pagamento.
Ainda relativamente à dolarização/euroização, esta pode ser total, quando o país adopta
o dólar ou o euro como moeda oficial, ou então parcial, quando um país conserva a sua
moeda nacional e permite que as transacções e pagamentos sejam realizados em dólares
ou em euros.
Por fim, existe ainda mais um regime dentro dos regimes verdadeiramente unificados, o
denominado currency board.
Currency Board
Dos regimes ora apresentados, importa aqui que se faça uma breve explanação do regime
de currency board. Este era o regime utilizado pela administração inglesa, em 1844, nas
suas colónias, e acabou por servir de modelo aos sistemas monetários e cambiais
utilizados por outros espaços coloniais, como o espaço do escudo português, entre 1961
e 1974.
Este regime passou a estar de novo em voga quando, nas últimas décadas do século
passado, se assistiu ao aparecimento de novos currency boards: foram os casos de Hong
Kong, Bulgária, Lituânia, Estónia, Argentina, entre outros. A partir de então, passou a ser
estudado com mais rigor, na tentativa de serem exploradas todas as suas potencialidades.
53
O currency board, muitas vezes traduzido como conselho monetário ou então conselho
da moeda, é uma das variantes de câmbios fixos que mais se aproxima da união monetária.
É um mecanismo que tem subjacente o compromisso legislativo implícito de
convertibilidade da moeda nacional numa moeda estrangeira específica, denominada de
moeda reserva, a uma taxa de câmbio fixa. Subentende a obrigação da autoridade
monetária em garantir a cobertura total da base monetária, ou seja, a cobertura das notas
e moedas emitidas.
O currency board é um sistema que tem por base a confiança que os agentes económicos
depositam na possibilidade de conversão ilimitada da moeda e que por isso possui
algumas vantagens importantes, nomeadamente:
Na sequência das crises financeiras que ocorrem nas economias, é cada vez maior o
número de países que equaciona qual o melhor regime cambial a adoptar. As crises vieram
pôr em causa os regimes intermédios, pelo que as escolhas agora recaem, sobretudo, sobre
os extremos, ou seja, optar entre regimes estritamente fixos ou flutuantes.
Independentemente do regime escolhido, o importante a reter é que não existe um regime
cambial único que sirva os objectivos de todos os países, nem tão pouco existe um regime
que seja óptimo e se aplique a todas as situações.
A teoria define uma zona monetária óptima como o espaço geográfico onde os países
utilizam regimes de câmbio estritamente fixos ou, então, a mesma moeda. Para avaliar se
um país deve ou não pertencer a uma zona monetária óptima são utilizados quatro
54
critérios: o tipo de choques a que o país está exposto, o grau de mobilidade dos factores
de produção (mão de obra, capital, entre outros), o grau de abertura e o nível de
diversificação económica.
De acordo com a teoria, os países mais expostos a choques reais têm maiores vantagens
em adoptar regimes flexíveis, porque no caso de ocorrer um choque externo, poderão
neutralizar os efeitos das variações nos preços das importações e exportações através da
valorização ou desvalorização da moeda. De forma similar, taxas flexíveis podem ajudar
a amortecer os efeitos de choques internos, através da criação ou redução da procura
externa. As desvalorizações da moeda nacional estão associadas ao aumento das
exportações, visto que os produtos nacionais ficam mais baratos. A apreciação da moeda
tem o efeito contrário.
O regime cambial de taxas fixas oferece mais vantagens quando os choques são
monetários, visto que as perturbações podem ser absorvidas através de variações no nível
de reservas internacionais, sem que haja repercussões para os mercados de bens. Assim
sendo, as principais conclusões são:
Relativamente à abertura económica, a teoria defende que os países com elevado grau de
abertura, ou seja, países cujas transacções internacionais são significativas, devem ter
regimes cambiais fixos, ou usar a mesma moeda. Isso porque taxas fixas permitem
eliminar a incerteza e as flutuações resultantes de câmbios flexíveis, o que por sua vez se
repercute nos preços dos bens transaccionados, tornando-os mais estáveis. Os benefícios
da utilização de regimes fixos são em função do volume das trocas comerciais realizadas
entre os países e em função da mobilidade dos factores de produção. Quanto mais elevado
o grau de abertura da economia, melhor esta se adapta aos regimes de taxas de câmbio
fixas.
Esta ideia ganha suporte no princípio da trindade ou trilema impossível, que pressupõe a
impossibilidade dos países conseguirem atingir em simultâneo a livre circulação de
capitais, um regime de taxas fixas e a autonomia da política monetária. Assim, um país
deve eleger apenas dois de entre os três objectivos. Por exemplo, no padrão ouro existia
a mobilidade de capitais e um regime de câmbios fixos; no sistema de Bretton Woods
subsistiu o regime fixo, mas com independência da política monetária; no actual sistema
em que a tendência é para o aprofundamento da globalização financeira, a opção mais
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viável pende para a adopção de regimes de câmbios flutuantes, com uma elevada
mobilidade de capitais e autonomia monetária.
Outro factor na base da escolha do regime cambial relaciona-se com o facto de se acreditar
que este influencia algumas variáveis económicas, podendo assim contribuir para que se
alcance os níveis desejados de inflação ou de crescimento económico.
Foi referido que nas décadas de 70 e 80 do século passado, muitos países optaram por
regimes de taxas de câmbio fixas para ultrapassar os constrangimentos provocados pelas
elevadas taxas de inflação que se faziam sentir. Os países utilizavam a taxa de câmbio
como âncora nominal, acreditando que assim conseguiriam fazer com que a sua taxa de
inflação convergisse para a taxa de inflação do país relativamente ao qual a sua moeda
estava vinculada.
Ao fixar a sua moeda, o país impõe maior disciplina à política monetária, na medida em
que o regime funciona como um compromisso por parte das autoridades ou uma regra
fixa de política monetária, que permite superar os problemas colocados pela
inconsistência dinâmica e confere maior credibilidade à moeda, o que, por sua vez,
aumenta os custos políticos inerentes ao abandono do câmbio fixo.
O país tem então de optar por vincular a sua moeda à de um país com uma moeda forte,
com provas dadas na manutenção da estabilidade dos preços. Ao fazer isso, o país perde
a autonomia na implementação da política monetária, visto que esta fica subordinada à
manutenção da paridade fixa. Assim sendo, os países que optam por este tipo de regime
ficam fortemente condicionados ao desempenho da política fiscal, visto que a
insustentabilidade fiscal pode chegar a níveis em que seja impossível manter a paridade.
Outro factor que leva alguns a defenderem regimes de taxas fixas reside no facto destes
regimes permitirem aumentos no nível de investimentos, visto que os câmbios fixos
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imprimem maior previsibilidade, reduzindo a incerteza das políticas e reduzindo também
as taxas de juro reais.
Por outro lado, o regime de taxas fixas elimina um importante mecanismo de ajustamento,
visto que ao fixar as taxas de câmbio nominais, impede o ajustamento dos preços
relativos, o que, por sua vez reduz, a eficiência económica. Os defensores de taxas
flexíveis advogam que estas são por isso melhores, dado que podem ajudar na realização
dos ajustes necessários dos preços relativos e na preservação do nível adequado de
competitividade internacional.
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Referências Bibliográficas
SANDRONI, Paulo. Novíssimo dicionário de economia. 13ª ed. São Paulo: Best Seller,
2004.
Cadernos BCV Série Educação Financeira - N.º 08 / 2008, Tipografia Santos, da,
Banco de Cabo Verde – Praia.
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