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Introdução

Como todos sabemos que nenhum país é uma ilha para si próprio. Compramos e
vendemos bens e serviços para e com outros países. Esses bens e serviços devem ser
pagos em um determinado padrão de troca. Algumas moedas geralmente são aceitáveis
como moedas conversíveis, estas incluem as moedas dos países industrializados.
Algumas dessas moedas incluem: o Dólar dos Estados Unidos, a libra esterlina, o dólar
canadense, o euro, o iene japonês, etc.

Nesta ordem de ideia, cada país tem uma instituição governamental autorizada, para
regular assuntos relacionados com a obtenção de moeda estrangeira que os agentes
económicos utilizam de modo a pagar as transacções com o exterior. Esta instituição é o
Banco Central. Os Bancos Centrais são agências governamentais que regulam suas
moedas nacionais, a fim de manter um ambiente económico saudável, equilibrar
exportações e importações, prevenir a inflação e estimular o crescimento dentro de suas
economias. Os bancos centrais têm um impacto directo nos mercados financeiros e, em
particular, nos mercados cambiais. O Banco Central é responsável por manter seus
assuntos económicos domésticos em ordem, mantendo-se competitivo no ambiente
global.

Sistemas económicos integrados permitem a existência de intensa troca de bens, serviços


e capitais; essas trocas são balizadas pela taxa de câmbio vigente entre os países
desenvolvidos. A taxa de câmbio é uma relação entre moedas de dois países que resulta
no preço de uma delas medidas em relação à outra. Mas, além de expressar
quantitativamente a condição de troca entre duas moedas, a taxa de câmbio expressa as
relações de troca entre dois países. O câmbio é uma das variáveis macroeconómicas mais
importantes, sobretudo para as relações comerciais e financeiras de um país com o
conjunto dos demais países. A taxa de câmbio desempenha o papel muito importante em
uma economia em geral e para o comércio internacional e investimentos em particular.

Um dos principais objectivos dos fazedores de políticas económicas num determinado


país é a estabilidade dos preços. No contexto actual de globalização financeira1, a escolha
do regime cambial – que se refere à forma de determinação da taxa de câmbio – constitui
uma decisão estratégica de política económica para os países em desenvolvimento.

Um Banco Central pode actuar no mercado de câmbio não somente para gerenciar
reservas ou prover liquidez ao mercado, ele pode fazê-lo simplesmente para interferir no
comportamento da taxa de câmbio: são as chamadas intervenções cambias activas. Um
banco central irá comprar ou vender uma moeda no mercado de câmbio, a fim de
aumentar ou diminuir o valor que a moeda de sua nação possui contra uma moeda
alternativa. Isso é conhecido como intervenção cambial, intervenção do banco central ou
mais informalmente como intervenção do mercado de câmbio. Quando a moeda de um
país está suportando uma pressão financeira extrema e desnecessária para cima ou para

1
A globalização financeira refere-se à eliminação das barreiras internas entre os diferentes segmentos
dos mercados financeiros.

1
baixo (geralmente causada pela alta volatilidade de uma onda de negociação por
especuladores e players de mercado), um governo ou banco central usará a intervenção
do mercado de câmbio para estabilizar a situação. A intervenção do banco central pode
ser usada para aumentar ou diminuir o valor das moedas, mais comumente com o
objectivo de impulsionar e diminuir a produtividade e as exportações de uma nação.

Temática

O tema de uma pesquisa é um assunto que se deseja provar ou desenvolver. Corresponde


a uma dificuldade, ainda sem solução, que é mister determinar com precisão, para intentar
de seguida o seu exame, avaliação crítica e solução. (CARVALHO, 2009, p. 121).

O mercado financeiro é o mercado onde os recursos excedentes da economia (poupança)


são direccionados para o financiamento de Famílias, Estado, Empresas e de novos
projectos (investimentos). No mercado financeiro tradicional, o dinheiro depositado em
bancos por poupadores é utilizado pelas instituições financeiras para financiar alguns
sectores da economia que precisam de recursos. Por essa intermediação, os bancos
cobram do tomador do empréstimo (no caso as empresas) uma taxa - spread -, a título de
remuneração, para cobrir seus custos operacionais e o risco da operação. Quanto maior
for o risco de o banco não receber de volta o dinheiro, maior será a spread. O mercado
financeiro pode ser dividido em quatro grandes mercados: Mercado de Capitais, Mercado
de Crédito, mercado Monetário e o Mercado de Câmbio.

Este último, tem grande importância para as relações económicas com o resto do mundo.
Desde seu início, o comércio exterior obedecia a um sistema de trocas, e nada mais era
do que o que hoje chamamos de câmbio. O comércio internacional, o movimento de
capitais e moedas internacionais são a base das operações de câmbio. A taxa de câmbio é
uma das variáveis mais relevantes de uma economia, especialmente economias de países
Subdesenvolvidos e de países emergentes, por serem na maior parte dependentes de
economias avançadas, isto é, exportadores de produtos baseados em recursos naturais,
importadora bens de consumo imediato, de capital e de insumos industriais, ter um
mercado financeiro muitas das vezes pouco desenvolvido.

A taxa de câmbio, que o elemento principal deste trabalho tem uma importância, pois é
uma das variáveis macroeconómicas mais importantes, sobretudo para as relações
comerciais e financeiras de um país com o conjunto dos demais países. A taxa de câmbio
desempenha o papel muito importante em uma economia em geral e para o comércio
internacional e investimentos em particular. Sua oscilação pode fazer com que o país pode
fazer com que o país apresente superavit o deficit em suas contas com o exterior. E acordo
com seu comportamento, o Banco central intervém no mercado cambial seja na compra
ou na venda de divisas estrangeiras para que a taxa de câmbio não ultrapasse os limites
que ele julga necessário para manutenção da sua política cambial. Portanto, o governo
tem que ter consciência plena de seus objectivos para conduzir suas políticas económicas
de forma eficaz.

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Com o mundo cada vez mais dinâmico e com a globalização, torna se cada vez mais difícil
a tarefa dos Governos e economistas de manterem seus países em perfeita harmonia com
o exterior, principalmente no que tange as relações comerciais. Esta breve introdução à
temática acima descrita, possibilita a apresentação e a necessidade de investigação
profunda sobre “a taxa de câmbio e o papel do banco Central no mercado cambial”.

Descrição do Problema

Os principais objectivos da política cambial em quase todos os Países, são preservar o


valor da moeda nacional, manter uma posição de reservas externas favorável e garantir o
equilíbrio externo sem comprometer a necessidade de equilíbrio interno e o objectivo
geral da estabilidade macroeconómica.

O valor da moeda de um país dependerá de uma série de factores, tais como: estado da
economia, valor / volume das exportações, balança comercial / pagamento, nível de
produção nacional, tamanho das reservas externas. Em uma economia de mercado livre,
a taxa de câmbio será determinada em grande medida pelas forças da procura e da oferta.
No entanto, deve-se dizer que não existe uma moeda que seja totalmente deixada para as
forças da demanda e da oferta. Deve haver controlos ou intervenções pelas autoridades
reguladoras. O aspecto mais importante de um regime cambial é o grau de flexibilidade.
O assunto é, naturalmente, mais complicado do que uma escolha simples entre taxa de
câmbio fixa e flutuante.

Portanto tendo em conta as características da economia Angolana e o estado da conjuntura


internacional, questiona-se, se o novo regime cambial adoptado pelo BNA é o mais
apropriado para a nossa economia.

Saber se a nossa actual taxa de câmbio é ou não sobrevalorizada em relação ao dólar


norte-americano.

De igual modo, face a realidade, podemos questionar se o kwanza está ou não


oficialmente indexado ao dólar, o que pode significar que o kwanza reflecte o
comportamento da economia norte-americana, e não as necessidades de Angola. Neste
caso, importaria saber as suas consequências na economia nacional.

Saber também se o actual regime cambial vai ajudar a controlar no nível de reservas
internacionais do País ou é necessário o País adoptar um regime cambial flutuante puro.

Sabe-se que as intervenções de um Banco Central têm efeitos sobre a quantidade de


liquidez na economia, impactuando assim a Base Monetária do sistema financeiro, logo
importa-nos saber se realmente as intervenções do BNA no mercado cambial tem algum
impacto na expansão ou contracção na Base Monetária.

Portanto, neste trabalho pretende-se abordar a problemática dos efeitos da intervenção do


Banco Central no mercado cambial, avaliando se a política cambial do BNA, adoptado
deste período, está em linha com o objectivo plasmado nos termos da Lei do Banco
Nacional de Angola, Lei 16/10, de 15 de Julho, ou seja, “o Banco Nacional de Angola

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(BNA), na qualidade de banco central e emissor, tem como principal objectivo garantir a
preservação do valor da moeda nacional (Kwanza), isto é, contribuir para a criação de um
ambiente favorável ao crescimento económico que culminará na melhoria do bem-estar
económico e na criação de emprego”

Objectivos

Segundo Carvalho (2009), o objectivo define as linhas de perspectiva a desenvolver que


proporcione valor acrescentado à situação de partida.

A nossa dissertação está definida por objectivo geral e objectivos específicos.

 Objectivo Geral

O objectivo geral da presente pesquisa é verificar e analisar os efeitos que a oscilação do


câmbio provoca na economia, seguido do impacto da intervenção do Banco Central no
mercado cambial.

 Objectivos específicos:

Especificamente almeja-se:

 Realizar uma abordagem teórica sobre a influência da taxa de câmbio na


economia.
 Apresentar uma abordagem teórica a necessidade de intervenção do Banco
Central no mercado cambial, bem como os efeitos desta intervenção.
 Apresentar os tipos de intervenção do Banco Central no mercado cambial, seus
efeitos sobre o nível de oferta de moeda na economia (Base Monetária) e os
mecanismos a serem utilizados pelo Banco Central de modo a controlar o impacto
da intervenção sobre a oferta de moeda.
 Apresentar de forma ilustrada a diferença entre intervenção esterilizada e não
esterilizada, utilizando de forma sintetizada o balanço de um Banco Central.
 Fazer uma abordagem teórica sobre os tipos de regimes cambias, sua relação com
as Reservas Internacionais de um País, bem com os regimes cambias adoptados
pelo Banco Nacional de Angola e os seus efeitos no funcionamento da economia
Nacional.

Importância e delimitação do tema

A pertinência do tema para a economia Angolana, assenta-se na ideia de que possibilitará


uma análise teórica dos efeitos da taxa de câmbio fixa que vigorou durante muito tempo,
assim como os efeitos da mudança de regime cambial em Janeiro de 2018 e o feitos dos
regimes cambias nas Reservas Internacionais e nas transacções com o exterior.

A presente pesquisa analisa como a taxa de câmbio influência os preços dos bens no
mercado, sobre tudo quando se trata de um País que depende muito de importações,
exporta quase apenas um produto que é o petróleo, cujo preço registou reduções
significativas no ano de 2014.
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A nossa investigação, apresenta dados mensais com um período de pesquisa de Janeiro
de 2010 à Abril de 2018. Os dados apresentados pela nossa pesquisa, têm o dólar
americano (USD) como a moeda de referência na análise das relações cambiais em
Angola.

Actualidade do tema

O valor de uma moeda como de qualquer outro bem depende da procura e da oferta
agregada e não da fixação administrativa da taxa de câmbio por uma autoridade bancária
central.

Por isso, importa referir que qualquer banco central que tente fixar o preço de uma moeda
na sua relação com outras deve considerar por isso as condições reais do mercado, a
procura e a oferta. Estabelecer uma taxa de câmbio diferente das condições do mercado
vai traduzir-se num valor meramente artificial e só possível num contexto em que os
Bancos Centrais possuem reservas internacionais em quantidade suficiente para defender
a moeda e sustentar uma paridade artificial.

Esse é o caso de Angola, onde a taxa de câmbio fixa do Kwanza na sua relação com outras
moedas foi uma consequência da gestão cambial do Banco Nacional de Angola (BNA) e
não seguiu uma lógica de mercado, o que só foi possível através das vendas de divisas
em leilões aos Bancos comerciais para satisfazer a procura dos agentes económicos por
moeda estrangeira (essencialmente dólares).

Manter essa paridade artificial foi possível no período pós-guerra graças à acumulação de
enormes Reservas Internacionais Líquidas (RIL), resultado das receitas de crude que
representaram em 2014 cerca de 98% das nossas exportações.

Essencialmente o BNA manteve nos últimos 15 anos (ajustada em diversas ocasiões),


uma taxa de câmbio fixa. E o eterno problema das taxas de câmbio fixas é que só
funcionam quando os bancos centrais têm reservas suficientes em moeda estrangeira para
satisfazer à procura. A partir do momento em que os bancos centrais deixam de acumular
reservas internacionais em quantidade suficiente para satisfazer a procura, a manutenção
dessas paridades deixa de ser possível e foi isso que ocorreu em Angola.

A queda significativa dos preços do petróleo a partir de meados de 2014 afectou de forma
significativa a capacidade do BNA de disponibilizar divisas (do lado da oferta) em
quantidade suficiente para satisfazer a procura no mercado nacional. Por isso, nessa
altura, começámos a ver uma diferença significativa entre a taxa oficial (definida pelo
BNA) e a taxa de câmbio no mercado paralelo e voltamos em parte aos anos 90.

Manter uma taxa de câmbio artificialmente alta só é possível com a venda de divisas por
parte do BNA num contexto de enormes reservas internacionais. Com a queda do preço
de petróleo, as nossas RIL estavam estimadas em 2016 em cerca de 22 mil milhões de
dólares e apenas chegavam para pagar cerca de oito meses de importações, devendo esse
valor baixar para 6 meses em 2017 de acordo com o último relatório do FMI.

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Por essa razão, o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional têm sido muito
críticos da gestão da taxa de câmbio e esta última instituição, num dos seus último
relatório de 2017, recomendou mais uma vez a adopção de uma taxa de câmbio mais
flexível. Em resposta, O Comité de Política Monetária do Banco Nacional de Angola
(CPM) reuniu-se a 04 de Janeiro de 2018, em sessão extraordinária, tendo como ponto
único, a adopção de um novo regime cambial.

Variáveis dependentes e independentes

a) Variáveis dependentes

Taxa de câmbio

b) Variáveis independentes

Quantidade de divisas disponibilizadas pelo BNA no mercado cambial, nível da procura


por divisas no mercado cambial.

Hipóteses do modelo

Hipóteses são suposições colocadas como respostas plausíveis e provisórias para o


problema de pesquisa. Um mesmo problema pode ter muitas hipóteses, que são soluções
possíveis para a sua resolução. As hipóteses irão orientar o planeamento dos
procedimentos metodológicos necessários à execução da sua pesquisa. (CARVALHO, p.
124, 2009)

Os diferentes tipos de regimes cambiais se comportam de maneira igualmente diferente


quanto as suas respostas aos choques monetários ou reais. Deve-se destacar que, sob um
contexto de elevada integração financeira, a centralidade e a complexidade da questão
cambial se tornaram mais relevantes. A forma pela qual cada tipo de regime responde aos
choques, monetários ou reais, depende do maior ou menor grau de autonomia da política
monetária. Economias com plena conversibilidade da conta de capitais deparam-se com
um trade-off entre estabilidade cambial e autonomia da política monetária. Esse trade-off
adquire maior ou menor importância conforme a percepção, por parte das diferentes
escolas de pensamento económico, do poder da política monetária em afectar as variáveis
reais.

A taxa de câmbio tem forte influencia das intervenções do Banco Central, ou seja, é muito
sobrevalorizada devido as políticas cambias do BNA, porém, é necessário uma vez que
taxas de câmbio fixas, que impedem a autoridade monetária de gerar inflação.

Um regime cambial flutuante puro, mantém a taxa de câmbio nos mesmos níveis dos
observados, ou seja, não são as intervenções do BNA que sobrevalorizam o Kwanza face
as principais moedas externas.

O regime de câmbio fixo para além de ter efeitos muito grandes na redução no nível de
Reservas Internacionais, reduzem certa autonomia na condução da política monetária.

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A indexação ao dólar tem, um efeito positivo, que é o de evitar demasiadas tensões
inflacionistas e uma excessiva desconfiança na política monetária de um país. Contudo,
em tudo o resto acaba por ter consequências negativas para a generalidade da economia
e das pessoas.

Como se viu em muitas experiências históricas anteriores, a circunstância de


ligar uma moeda nacional de forma rígida ao dólar acaba por criar distorções
inultrapassáveis na economia. Por exemplo, na Argentina dos anos 1990, uma
reforma levada a cabo por Domingo Cavallo criou uma paridade de 1:1 entre o
peso e o dólar. Controlou a inflação, mas em última análise lançou o país num
caos que demorou décadas a sanar.

Estrutura da dissertação

A nossa dissertação divide-se em três capítulos, além dessa Introdução e de uma


Conclusão. O sentido que guia sua estrutura é tratar no primeiro capítulo sobre a Revisão
da literatura ou simplesmente dos aspectos teórico-institucionais que fundamentam a
discussão sobre Banco Central e o sistema financeiro, Taxa de Câmbio e Mercado
Cambial, Os Regimes Cambiais e a intervenção do Banco Central no mercado cambial, e
por último abordar sobre a apreciação e depreciação cambial. No segundo capítulo
abordamos sobre a Aproximação Metodológica onde tivemos o cuidado de apontar a
pesquisa científica, Método Científico, Técnicas Utilizadas e Fontes de Dados. E o
terceiro e último capítulo é dedicado a apresentação de resultados, e finalmente a
conclusão e as respectivas recomendações.

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Capitulo I- Revisão da Literatura

Neste capítulo definimos os conceitos essenciais relacionado com a temática em questão,


apresentamos algumas teorias e discussões mais relevantes acerca da temática.

1.1 O Banco Central e o sistema financeiro

Embora as actuais operações do dia-a-dia dos Bancos Centrais estejam sujeitas a


comentários contínuos e críticas frequentes, seu papel estrutural dentro do sistema
económico como um todo é geralmente aceito sem muita dúvida e apesar de várias
tentativas de desafiar o valor da instituição feita por economistas nas últimas décadas.

Os bancos centrais (e outros formuladores de políticas) têm sido conscientes dos


problemas de instabilidade financeira por muitos anos. Na verdade, uma das razões
históricas para a criação de um banco central era ter uma instituição que pudesse actuar
como credor de último recurso para evitar uma interrupção generalizada do sistema
financeiro, um tópico sobre o qual voltarei mais adiante. Mas, sem dúvida, apesar de sua
longa história, o quadro conceitual subjacente à análise da estabilidade financeira foi, até
recentemente, amplamente subdesenvolvido.

Os bancos centrais desempenham um papel crucial na garantia da estabilidade económica


e financeira. Eles conduzem a política monetária para alcançar uma inflação baixa e
estável. Na sequência da crise financeira global, os bancos centrais expandiram seus kits
de ferramentas para lidar com riscos para a estabilidade financeira e gerenciar taxas de
câmbio voláteis. Os bancos centrais precisam de estruturas políticas claras para alcançar
seus objectivos. Os processos operacionais adaptados às circunstâncias de cada país
melhoram a eficácia das políticas dos bancos centrais. O FMI2 apoia países ao redor do
mundo fornecendo conselhos de políticas e assistência técnica.

1.1.1 Origem de um banco central

Os bancos centrais apareceram de forma gradual, sobretudo para dar resposta às


necessidades das instituições financeiras que então proliferavam na Europa, a partir do
século XVI. A origem dos bancos está intimamente ligada ao aparecimento e evolução
da moeda.

Inicialmente as pessoas não tinham a preocupação de guardar o seu dinheiro em bancos;


estes sequer existiam. O dinheiro era escondido em casa nos mais variados lugares – em
cofres, botijas, ou então enterrado. A experiência mais próxima ao actual sistema bancário
foi a que se verificou na idade média quando, por razões de segurança e comodidade, as
pessoas – comerciantes, artesãos, governantes, entre outras – começaram a depositar o

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Fundo Monetário Internacional (FMI) é uma organização internacional criada em 1944 na Conferência
de Bretton Woods (formalmente criada em 27 de Dezembro de 1945 por 29 países-membros e
homologado pela ONU em Abril de 1964) com o objectivo, inicial, de ajudar na reconstrução do sistema
monetário internacional no período pós-Segunda Guerra Mundial.

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seu dinheiro nos bancos, recebendo em troca um papel, ou recibo, representativo do valor
depositado.

Com o passar do tempo, as pessoas começaram a perceber os benefícios de utilizar um


banco e os recibos entregues pelos banqueiros tornaram-se populares meios de
pagamento. Evoluiu-se, assim, da moeda metálica para o papel-moeda, com o surgimento
das então denominadas cédulas, documentos emitidos pelos bancos, sob aprovação do
governo. As cédulas rapidamente se tornaram a principal forma de dinheiro, passando
também elas a ser depositadas nos bancos. Proliferavam os bancos, cada um emitindo um
tipo de cédula diferente, cada um colocando em circulação cédulas que nem sempre eram
de confiança.

Paralelamente, verifica-se um outro fenómeno em países como a Inglaterra e outros países


europeus. Os bancos tornavam-se financiadores dos sonhos e das batalhas dos reis e dos
governantes, fornecendo-lhes dinheiro para realizarem expedições à conquista de terras
longínquas ou, então, para os gastos com as guerras travadas contra outras nações. Em
troca das quantias emprestadas, os reis e governantes concediam aos bancos monopólio
da emissão de cédulas. Isso permitia ao banco emissor ter uma posição de destaque, sendo
as suas cédulas aceites por todos.

O Banco de Inglaterra foi um dos primeiros bancos a receber estes privilégios e foi o
primeiro banco central a ser criado, em 1694. Outros bancos centrais apareceram durante
os séculos XIX e XX: o Banco da França, em 1800, o da Alemanha, em 1875, o do Japão,
em 1882, o da Itália, em 1893, e o dos Estados Unidos, em 1913. Na década de 20 do
século passado, a Conferência de Bruxelas incentivou a criação de bancos centrais (BC)
em todos os países. Entre 1929 e 1952, foram criados 48 BCs, a maioria nos países latino-
americanos. Na década de 60 do mesmo século, quase todos os países do mundo possuíam
o seu BC.

As instituições conhecidas como bancos centrais emergiram ou foram estabelecidas como


bancos comerciais ou bancos governamentais. A sua evolução para os bancos centrais
veio com o seu monopólio emitindo notas e seu papel como credor de último recurso,
entre outras funções. A realização de negócios comerciais em larga escala criou um
conflito de interesses, portanto esta prática foi abandonada. Estabelecer o grau certo de
dependência foi difícil e mudou em tempos de crise. A independência é importante: ajuda
a estabelecer a reputação, que é tudo no sector bancário. A Grande Depressão,
amplamente atribuída ao comportamento inepto do Banco Central, interrompeu a
independência do banco central, mas o comportamento de preços pobres provocou seu
retorno. No século XIX, o laissez faire e o padrão ouro incentivaram e às vezes permitiram
uma independência considerável. Novas mudanças vieram no novo ambiente dirigista
após a Grande Depressão e o aumento da economia gerenciada.

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1.1.2 O sistema financeiro e o papel do Banco Central

1.1.2.1 O sistema Financeiro

O sistema financeiro compreende o conjunto de instituições financeiras que asseguram,


essencialmente, a canalização da poupança para o investimento nos mercados financeiros,
através da compra e venda de produtos financeiros.

O Sistema Financeiro Nacional é composto de instituições responsáveis pela captação de


recursos financeiros, pela distribuição e circulação de valores e pela regulação desse processo.
Em termos gerais, o sistema financeiro tem como finalidade primordial transferir os recursos em
poder dos poupadores (investidores) para o sector produtivo ou para o sector de consumo.

Nas sociedades modernas, todas as entidades que intervêm nas relações económicas são
chamadas de Agentes Económicos. Todos estes agentes – Estado, Famílias e Empresas –
auferem rendimentos.

Por agentes económicos entende-se como sendo, todos os indivíduos, instituições ou conjunto
de instituições que, através das suas decisões e acções, tomadas racionalmente, intervêm num
qualquer circuito económico. Apesar de terem funções diferenciadas no circuito económico, de
produção, de consumo ou de investimento, estabelecem entre si relações económicas
essenciais:

•Estado: Que toma decisões de consumo, de investimento e de política económica;

•Famílias: Que tomam decisões sobre o consumo de bens e serviços e de poupança, mediante
os rendimentos auferidos;

•Empresas: Que tomam decisões sobre investimento, sobre produção e a oferta de trabalho.

Estes três agentes, em conjunto com as instituições financeiras, fazem parte de uma Economia
Fechada. Contudo, e cada vez mais, deve considerar-se um quarto agente, o Exterior, com os
quais os restantes agentes económicos nacionais estabelecem, num quadro de Economia
Aberta, relações económicas intensas.

Funções desempenadas pelos sistemas financeiros

Os rendimentos destes agentes económicos numa economia, destinam-se em primeiro lugar ao


pagamento das denominadas contribuições obrigatórias que são, essencialmente, para as
empresas e para as famílias, os impostos e a segurança social.

Ao rendimento que sobra, depois de pagas estas contribuições, chama-se Rendimento


Disponível (RD). Assim:

Rendimentos dos Agentes Económicos (RAE) – Contribuições Obrigatórias (CO) = Rendimento


Disponível (RD)

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Se o Estado, as Famílias e as Empresas não consumirem todo o seu rendimento disponível
(RD), o rendimento que sobra é Poupança (P). Os agentes que criam poupança chamam-se
aforradores ou superavitários.

Fig. 01 Ilustração do consumo de agentes superavitários

Por vezes, os agentes económicos pretendem realizar diversos projectos e não possuem o
rendimento disponível necessário à sua prossecução, precisando, neste caso, de financiamento
estes, chama-se deficitários.

Fig. 02 Ilustração do consumo de agentes deficitários

Como já vimos, em termos gerais, o sistema financeiro tem como finalidade primordial
transferir os recursos em poder dos poupadores (investidores) para o sector produtivo ou para
o sector de consumo.

Assim, a principal função dos sistemas financeiros são a intermediação entre unidades
superavitárias e deficitárias, tentando assim, minimizar a imperfeições de mercado, tais como
falhas no canal de transmissão de informação entre os agentes económicos e distanciamento
do mercado competitivo (poder de mercado). As trocas entre os agentes tornam-se mais
onerosas quanto mais graves são as falhas de mercado, podendo, como caso limite, inviabilizá-
las. A intermediação financeira surge, então, como um mecanismo para minimizar tais
imperfeições, facilitando (intermediando) a alocação dos recursos entre poupadores e
tomadores de empréstimos e, dessa forma, transmitindo aos investimentos produtivos os
recursos necessários.

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As trocas realizadas no sistema financeiro, pode ser ilustrada, segundo a figura a baixo.

Financiamento Directo

Fundos em Escassez (Títulos)

Fundos em Excedente

Mutuários (Agentes
Económicos Credores (Agentes
Deficitários) Económicos
superavitários)
Fundos em Escassez (Títulos) Fundos em Escassez (Títulos)
Intermediário
Financeiro
Fundos em Excedente Fundos em Excedente

Financiamento Indirecto

Fig. 03-Sistema Financeiro (Simplificado). Fonte: Elaboração Própria

Para além da função mencionada acima, existem outras funções exercidas pelo sistema
financeiro, sendo algumas não de caracter monetário, nomeadamente:

 Outros serviços financeiros: seguros, pensões, etc.


 Mecanismos de pagamento
 Minimização dos riscos e canalização de recursos.

O acto de poupar é disjunto do acto de investir, isto é, o indivíduo que poupa, em sua grande
maioria, não é o mesmo que realiza os investimentos produtivos. Assim, quando a economia se
afasta do ambiente competitivo, há perda de recursos para o sector produtivo, pois os custos
de transacção e os custos de informação envolvidos em uma transacção podem somar quantias
que inviabilizem as transacções. Portanto, a eficiência propiciada pelo sistema financeiro reside
exactamente na redução dos custos de transacção e custos de informação no momento em que
o contracto financeiro é firmado.

Por isso, existem nas sociedades, instituições de caracter lucrativo e que operam em mercados
próprios, responsáveis pela captação de recursos financeiros, pela distribuição e circulação de
valores e pela regulação desse processo e que são denominadas por Instituições Financeiras.

As instituições financeiras asseguram um papel de intermediação entre os agentes económicos


que, num dado momento, se podem assumir como aforradores e, noutros momentos, como
investidores.

As instituições financeiras exercem actividades específicas distintas que, para além de as


caracterizar, permitem classificá-las com base no papel que desempenham. O Regime Geral das
Instituições de Crédito e Sociedades Financeiras (RGICSF) divide as entidades financeiras em dois
grupos principais:

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•Instituições de Crédito;

•Sociedades Financeiras.

Instituições de Crédito (IC):

 As empresas cuja actividade consiste em receber do público depósitos ou outros fundos


reembolsáveis, a fim de os aplicarem por conta própria mediante a concessão de
crédito;
 As empresas que tenham por objecto a emissão de meios de pagamento sob a forma de
moeda electrónica.
De entre as Instituições de Crédito, destacam-se os Bancos e as Caixas cuja actividade inclui a
recepção de depósitos ou outros fundos reembolsáveis.

Sociedades Financeiras

As Sociedades Financeiras (SF) são as empresas que não sejam instituições de crédito e cuja
actividade principal consista em exercer uma ou mais das seguintes actividades:

 Operações de crédito, incluindo concessão de garantias e outros compromissos;


 Emissão e gestão de outros meios de pagamento;
 Transacções, por conta própria ou da clientela, sobre instrumentos do mercado
monetário e cambial, instrumentos financeiros a prazo, opções e operações sobre
divisas, taxas de juro, mercadorias e valores mobiliários;
 Participações em emissões e colocações de valores mobiliários e prestação de serviços
correlativos;
 Actuação nos mercados interbancários;
 Consultoria, guarda, administração e gestão de carteiras de valores mobiliários;
 Gestão e consultoria em gestão de outros patrimónios.

As instituições financeiras, criam activos para agentes superavitários, fornecendo alternativas


de aplicação e passivos para os agentes deficitários, fornecendo meios de pagamento.

Negociar com instituições financeiras, tem algumas vantagens tais como:

 Redução de risco
 Diversificação
 Redução dos custos de pesquisa, transacção e monitoramento de clientes.

Transacções dos seus produtos por parte das instituições financeiras

A poupança é, numa primeira fase, aquilo a que chamamos dinheiro (moeda).

Se os aforradores guardarem a sua poupança e não a canalizarem para o investimento, por


exemplo, guardando-a em casa ou num cofre, esta não desempenha o seu papel de
financiamento da economia. Além disso, devido à inflação, essa poupança vai perder valor.

Ao contrário, se os aforradores confiarem as suas poupanças ao sistema financeiro, não só vão


ajudar a financiar a economia, como obtêm um rendimento (uma rendibilidade) que lhes vai

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permitir manter ou aumentar o valor da sua poupança. O sistema financeiro vai transformar as
poupanças em produtos financeiros.

No sentido de captar poupanças o sistema financeiro emite produtos, tais como:

 Um depósito à ordem ou a prazo;


 As participações em fundos de investimento.
Os recursos assim captados são posteriormente canalizados para investimento, por via de outros
produtos financeiros, de que são exemplo:

 Um empréstimo (crédito) para aquisição de habitação própria por 30 anos;


 Um empréstimo obrigacionista a uma empresa;
 Um empréstimo ao Estado para construção de uma nova infra-estrutura rodoviária.
O Sistema Financeiro actua nos mercados financeiros. Mercados financeiros são mercados onde
se compram e vendem produtos financeiros.

Com a existência dos mercados financeiros e os intermediários financeiros, procedesse-se o


processo de financiamento da economia através da intermediação entre os agentes
superavitários e os deficitários. As relações de trocas entre os agentes económicas, podem ser
presentadas na figura a baixo.

Fig. 04-Trocas realizadas no Sistema Financeiro. Fonte: www.abp.pt/sistema_financeiro

Elementos do sistema financeiro

O sistema financeiro é composto por 5 elementos principais que desempenham um papel


fundamental nas economias: a moeda, os instrumentos financeiros, os mercados financeiros as
instituições financeiras e as autoridades de supervisão (bancos centrais e outros reguladores).
O papel de cada um deles é fundamental para perceber o funcionamento do sistema financeiro
e as funções que desempenha nas economias.

 A moeda, é fundamental como meio de pagamento e de reserva de valor.


 Os instrumentos financeiros, servem para canalizar recursos dos agentes económicos
que têm recursos disponíveis (poupança) para aqueles que necessitam de recursos para
investir. Servem ainda para transferir o risco para os agentes com melhores capacidades
para o gerir.

14
Obrigações, acções e apólices de seguro, são exemplos de instrumentos financeiros.
 Os mercados financeiros permitem a compra e venda dos instrumentos financeiros de
forma rápida e com baixo custo, os que torna interessantes para os agentes económicos.
 As instituições financeiras fornecem um leque variado de serviços incluindo o acesso
aos mercados e disponibilização de informação sobre a qualidade dos devedores.
Os Bancos, as Seguradoras, as Sociedades financeiras, são exemplos de instituições
financeiras.
 As autoridades de supervisão, em particular os bancos centrais, têm um papel
determinante na monitorização e estabilização do sistema.

1.1.2.2 O Papel do Banco Central

O Banco Central de um país é a instituição financeira governamental que funciona como o banco
dos bancos e também do próprio governo. Através dele o país assegura a estabilidade da moeda
e o controle do crédito. É a única instituição que emite papel-moeda no país, exerce a
fiscalização e o controle dos demais bancos e controla a importação e exportação de dinheiro e
de metais preciosos.

Nos diferentes países, os bancos foram concentrando certas funções. No entanto, existem
quatro que conferem identidade ao Banco Central:

 Banqueiro do governo: é ele quem guarda as reservas internacionais em ouro ou moeda


estrangeira do governo. As reservas são muito importantes, na medida em que
permitem a realização de negócios com outros países, ou seja, permitem ao país realizar
importações comprando os produtos que não produz. Geralmente, os pagamentos são
efectuados com moeda de aceitação geral, como o dólar norte-americano, o euro (da
União Europeia) e o iene (do Japão). Uma parte das reservas é guardada nos cofres dos
Bancos Centrais, a outra é depositada em bancos no exterior a render juros para o país;
 Autoridade emissora de moeda, com monopólio de emissão: é o banco central quem,
com exclusividade, emite ou autoriza a emissão de papel-moeda do país;
 Executor da política monetária e cambial: é o banco central quem põe em circulação
ou retira moeda do mercado, regula as taxas de juro e a quantidade de moeda em
circulação no país. Neste âmbito, executa operações, algumas conhecidas como
operações de open market ou de mercado aberto, que consistem, essencialmente, na
compra e venda de títulos, com o objectivo de influenciar a oferta de fundos no mercado
de capital e, deste modo, as taxas de juro de curto prazo e o volume de crédito.
 Banco dos Bancos, ou prestamista de última instância: o banco central provê
empréstimos exclusivos às instituições do sistema bancário, a fim de regular a liquidez
ou mesmo evitar falências que poderiam causar reacções em cadeia. Também mantém
os depósitos obrigatórios dos bancos comerciais, regulando assim a quantidade de
moeda no mercado.

Além destas funções, existem Bancos Centrais, que têm a importante tarefa de supervisionar as
instituições financeiras. Assim, a alguns Bancos Centrais, compete ainda regular, fiscalizar e
promover o bom funcionamento dos sistemas de pagamento, gerir as disponibilidades externas
do País e agir como intermediário das relações monetárias internacionais do Estado, bem como

15
aconselhar o Governo nos domínios económico e financeiro. Cabe também a alguns Bancos
Centrais a recolha e elaboração das estatísticas monetárias, financeiras, cambiais e da balança
de pagamentos.

Funções de um Banco Central

Emitir dinheiro Política monetária / taxas de


notas e moedas juros
BANCO
CENTRAL

Garantir a estabilidade do Prestador do último


sistema financeiro recurso para o Governo

Prestador do último recurso


para bancos comerciais

Fig. 05-Esquema das Funções do Banco Central. Fonte: Elaboração Própria

16
1.1.3 O sistema financeiro Angolano. O Banco Nacional de Angola e outros Órgãos de
Supervisão.

O Sistema Financeiro Angolano.

A estrutura do sistema financeiro Angolano tem a sua tipificação na Lei 13/05 de 30 de


Setembro, que consagra a existência de dois tipos de instituições financeiras, nomeadamente:
as instituições financeiras bancárias e as instituições financeiras não bancárias.

SISTEMA FINANCEIRO ANGOLANO

Instituições Financeiras Bancárias Instituições Financeiras não Bancárias

Ligadas à actividade Ligadas ao mercado de


Ligada à moeda e
Bancos em Geral seguradora e previdência capitais e de
Crédito
social investimento

BNA BNA ARSEG CMC

Entidade de Supervisão Lei 13/05 de 30 de Setembro:


BNA: Banco Nacional de Angola ARSEG: Agência Angolana de Regulação e Supervisão de Seguros
CMC: Comissão de Mercados de Capitais

Fig. 06 Esquema do Sistema Financeiro Angolano. Fonte: Adaptado do livro PEREZ, Leão Jorge;
Contabilidade Bancária, EAL, Edições de Angola, 1ª Edição: Junho, 2011, Luanda, Angola.

Instituições Financeiras Bancárias

As instituições Financeiras bancárias são os bancos, empresas cuja actividade principal consiste
em receber do público depósitos ou ouros fundos reembolsáveis, a fim de os aplicar por conta
própria mediante empréstimos.

Bancos em geral

Nos termos d artigo 4.º da lei 13/05 as instituições financeiras bancárias, ou seja s bancos em
geral, sob supervisão do Banco Nacional de Angola, podem realizar as seguintes actividades:

a) Receber do público depósito ou outros fundos reembolsáveis;


b) Exercer a função de intermediário de liquidação de operações d pagamento;
c) Realizar operações sobre metais preciosos, nos termos estabelecidos pela legislação
cambial;
d) Operar na comercialização de contractos de seguro;
e) Promover o lugar de cofres e guarda de valores;
f) Realizar operações de capitalização;
g) Realizar operações de locação financeira e locação financeira;
h) Conceder garantias e outros compromissos;

17
i)
Realizar operações de crédito;
j)
Realizar operações no mercado de capitais através das sociedades de intermediação;
k)
Prestar serviços de pagamentos;
l)
Efectuar transacções por conta própria ou alheia sobre instrumentos do mercado
monetário, financeiro ou cambial;
m) Participar em emissões e colocações valores mobiliários e prestações de serviços
correlativos;
n) Prestar consultoria, guarda, administração e gestão de carteira de valores mobiliários;
o) Praticar o comércio de compra e venda d notas, moedas estrangeiras ou cheques de
viagem;
p) Outras operações análogas e que a lei não proíba.
A principal diferença entre os bancos e outras instituições financeiras está no princípio da
exclusividade, que estabelece que a actividade de receber do público depósitos ou outros
fundos reembolsáveis, para a utilização por conta própria e exercer a função de intermediário d
liquidação de operações de pagamento, apenas pode ser exercida pelas instituições financeiras
bancárias, ou seja pelos bancos universais.

Uma excepção é facultada às sociedades cooperativas de crédito, por se tratar de instituições


financeiras especializadas, que podem proceder à recolha de depósitos de seus associados e à
realização de operações de crédito com os mesmos, nos termos de regulamentação própria.

Bancos de Desenvolvimento

A economia Angolana, está alicerçada na exploração de recursos minerais, sendo com mais
vidência no petróleo e diamantes. Se por um lado este facto abre excelentes oportunidades de
desenvolvimento, por outro lado coloca o país numa extrema vulnerabilidade se tratar de
produtos de extrema volatilidade e fortemente dependente da conjuntura do mercado
internacional.

A estratégia de sustentabilidade está na diversificação da economia, capitalizando estes


recursos no sentido de impulsionar o desenvolvimento de outros sectores da economia, criando
capacidades produtivas internas, para além do sector mineral.

Foi nesta perspectiva que foi criado o Banco de Desenvolvimento de Angola (BDA) 3, modelo de
banco de desenvolvimento, como instituição financeira de execução da política de
desenvolvimento e investimento do executivo, e tem por objectivo apoiar o desenvolvimento
económico social do país, de modo diversificado e sustentado, estimulando o aumento dos
investimentos e da produtividade e o fomento à introdução de novas tecnologias.

A actividade do BDA está sujeita à supervisão do Banco Nacional de Angola nos termos da lei
das instituições financeiras; só que, ao contrário das demais instituições financeiras bancárias,
o BDA não arrecada depósitos directamente do público. Os seus fundos são provenientes da
dotação inicial de capital, de importâncias provenientes a emissão de obrigações de tesouro, e
a parte substancial, dos recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento.

3
Decreto n.º 37/06, de Junho, do conselho de Ministros.

18
O BDA é o banco responsável pela gestão do Fundo Nacional de Desenvolvimento, que por sua
vez é alimentado por receitas provenientes do Orçamento Geral do Estado nas seguintes
proporções:

 5% das receitas globais anuais provenientes da tributação sobre a actividade petrolífera;


 2% das receitas globais anuais provenientes da tributação sobre a actividade
diamantífera.
Com estes recursos o BDA financia projectos inseridos dentro d cadeias produtivas
seleccionadas e que proporcionam a criação e emprego e renda, a modernização das estruturas
económicas e sociais e o aumento da competitividade do país.

Instituições Financeiras não Bancarias

As espécies de instituições financeiras não bancárias classificam-se em função dos órgãos de


supervisão e de regulamentação. Assim, encontramos três espécies de instituições financeiras
não bancárias, nomeadamente:

1. Instituições financeiras não bancárias ligadas à moeda e crédito, sujeitas à jurisdição do


Banco Nacional de Angola.
2. Instituições financeiras não bancárias ligadas a actividade seguradora e previdência
social, sujeita a jurisdição do instituto de supervisão de seguros de Angola.
3. Instituições financeiras não bancárias ligadas ao mercado de capitais e ao investimento,
sujeitas à jurisdição do organismo de supervisão do mercado de valores Mobiliário.

São instituições financeiras não bancárias ligadas à moeda e crédito, sujeitas à jurisdição do
Banco Nacional de Angola, as seguintes:

a. Casas de Câmbio;
b. Sociedades cooperativas de Crédito;
c. Sociedades de Cessão financeira;
d. Sociedades de Locação financeira;
e. Sociedades mediadoras dos mercados monetários ou de câmbios;
f. Sociedades de microcrédito;
g. Sociedades prestadoras de serviços de pagamento;
h. Sociedades operadoras de sistema de pagamentos, compensação ou câmara de
compensação, nos termos da Lei do Sistema de Pagamentos de Angola;
i. Outras sociedades que sejam como tal qualificadas por lei.

São instituições financeiras não bancárias ligadas a actividade Seguradora e Previdência Social,
sujeitas à jurisdição do Instituto de Supervisão de Seguros de Angola, as seguintes:

a. Sociedades seguradoras e resseguradoras


b. Fundos de Pensões e suas Sociedades gestoras
c. Outras sociedades que sejam como tal qualificadas por lei.

19
São sociedades financeiras não bancarias ligadas ao mercado de capitais e ao investimento,
sujeitas a jurisdição do organismo de supervisão do mercado d valores mobiliários, as seguintes:

a. Sociedades correctoras de valores mobiliários;


b. Sociedades de capital de risco;
c. Sociedades distribuidoras de valores mobiliários;
d. Sociedades gestoras de participações Socais;
e. Sociedades de investimento;
f. Sociedades gestoras de Património;
g. Sociedades gestoras de fundos de investimentos;
h. Sociedades gestoras de fundos de titularização;
i. Sociedades de gestão e investimento imobiliário;
j. Sociedades operadoras de sistemas ou câmaras de liquidação e compensação de
valores mobiliários com observância da Lei do sistema de pagamentos de Angola;
k. Outras sociedades que sejam como tal qualificada por lei.

Sociedades Financeiras

Para melhor entendimento do âmbito das actividades das instituições financeiras não
bancárias, sob a forma de sociedades financeiras, transcrevem-se a seguir algumas definições,
enquadráveis nos termos da Lei 13/05, de 30 de Setembro.

Sociedades de Cessão Financeiras (factoring): são instituições financeiras não bancárias que
têm como objectivo exclusivo o exercício da actividade de cessão financeira mediante a qual
uma das partes (cessionário ou factor) adquire de outra (aderente), créditos a curto prazo,
resultantes da venda de produto ou de prestação de serviços a uma terceira pessoa (devedor),
nos termos que sejam permitidos por lei.

Sociedade de Locação Financeira (leasing): são instituições financeiras não bancárias que têm
por objecto exclusivo a realização de contractos pelo qual o locador se obriga, mediante
retribuição, a ceder ao locatário o gozo temporário de uma coisa móvel ou imóvel, adquirida
ou construída por indicação do locatário, nos termos que sejam permitidos por lei.

Sociedades Mediadoras do Mercado Monetário e de Câmbios: são instituições financeiras não


bancárias que têm por objectivo exclusivo a realização de operações de intermediação nos
mercados monetários e cambial por conta de outrem e a prestação de serviços conexos, nos
termos que sejam permitidos por lei.

Sociedades prestadoras de serviços de pagamentos: são instituições financeiras não bancárias


autorizadas a prestar serviços de pagamentos nos termos de Lei do sistema de pagamento de
Angola e legislação complementar.

Sociedade Operadora de Sistema de pagamento, compensação ou câmara de cooperação


(Payment Clearing): são instituições financeiras não bancárias que têm por objectivos a gestão
de infra-estruturas ou dos procedimentos centrais de subsistema ou de câmaras, nos termos
que sejam permitidos por lei.

20
Sociedades de Capital de Risco: são instituições financeiras não bancárias que têm por objecto
principal o apoio e promoção do investimento e a inovação tecnológica em projectos, ou em
empresas, através da participação temporária no respectivo capital social, nos termos que
sejam permitidos por lei.

Sociedades Gestoras de Participações Sociais (holdings): são instituições financeiras não


bancárias que têm por objecto social, a gestão de carteiras de títulos e valores mobiliários,
nomeadamente acções de sociedades, procurando exercer o controlo efectivo destas, visando,
a gestão de participações sociais como forma indirecta de exercício de actividade económica,
nos termos que seja permitidos por lei.

Sociedades de Investimento: são instituições financeiras não bancárias que têm por objecto
exclusivo uma actividade restrita à realização de operações financeiras, nomeadamente, a
aplicação de recursos a médio e longo prazo e a tomada de participações no capital de
sociedades e a subscrição e aquisição de valores mobiliários nos termos que sejam permitidos
por lei.

Sociedades Gestoras de Fundos de Investimentos: são instituições financeiras não bancárias


que têm como objecto social exclusivo administração de um ou mais, fundos mútuos de
investimentos em valores de acordo com as leis sobre as respectivas matérias, nos termos que
sejam permitidos por lei.

Sociedades Gestoras de Fundos de Titularização: são instituições financeiras não bancárias que
têm por objecto exclusivo a administração de fundos mútuos dedicados a titularização de
créditos, também designados como securitização de recebíeis, fundos esses que constituem
patrimónios autónomos pertencentes a uma pluralidade de pessoas singulares, ou colectivas,
nos termos que sejam permitidos por lei.

Sociedades de Gestão e Investimento Imobiliário: são instituições financeiras não bancárias


que têm como objecto principal o arrendamento de imóveis próprios por eles adquiridos, ou
construídos e aprestação de serviços conexos, incluindo o exercício actividade da administração
de imóveis alheios arrendados, nos termos que sejam permitidos por lei.

Órgãos de Regulamentação e Supervisão.

Pela natureza das instituições financeiras, em particular os bancos, é necessário que estas
estejam sujeitas a regulamentação e supervisão consequentemente órgãos que exerçam esta
função, para assegurar e salvaguardar os depositantes (visão microeconómica) e garantir a
estabilidade da moeda (visão macroeconómica).

A existência de órgãos que garantem a estabilidade da moeda, deve-se ao facto de que os


bancos também criarem moeda, via crédito bancário, e portanto, esta criação deve ser e estar
dimensionada no volume de transacções na economia, sob pena de gerar inflação, quando
excedida, ou recessão, quando excessivamente reprimida.4

4
Teoria Monetarista de Milton Friedemann sobre a inflação

21
As funções de regulamentação e supervisão da actividade das instituições financeiras, são
desempenhadas pelos Bancos Centrais, também chamados como Bancos de primeiro nível.

Banco Nacional de Angola

O Banco Nacional de Angola (BNA) é o banco central da República de Angola, e foi criado em 5
de Novembro de 1976, por confisco do Banco de Angola.

Na sua trajectória desde a sua criação o Banco Nacional e Angola passou por várias
transformações em função do modelo económico então vigente no país, partindo de uma
situação de monopólio, em que agregava nas suas funções de banco comercial (1976-1991),
passando por uma situação híbrida (1991-1997), quando mesmo com a cobertura da actividade
de banco comercial à iniciativa privada e a especialização do BNA em banco central (Lei nº. 6/97
de 11 de Julho), mas na realidade ainda uma faixa residual da actividade de banco comercial,
para definitivamente em 1995, concentrar-se nas suas verdadeiras funções típicas d banco
central.

O actual estatuto orgânico do BNA foi aprovado pela lei nº. 16/10 da Assembleia Nacional,
(Diário da República I série nº. 123 de 15 de Julho de 2010).

Neste diploma estão tipificadas as funções básicas do BNA como banco central, banco emissor,
banco dos bancos, supervisor do sistema financeiro sistema de pagamento e autoridade
cambial.

Os artigos 3º e 6º delimitaram as atribuições principais do BNA, como banco central, que é de


“assegurar a prevenção do valor da moeda nacional e participar nas definições das políticas
monetária, cambial e financeira”, e como banco emissor, investido no “direito exclusivo de
emissão de notas e moedas metálicas, as quais têm curso legal e poder liberatório”.

Para além da condução, execução, acompanhamento e controlo das políticas monetária,


financeira, cambial e de crédito, no âmbito da política económica do poder executivo compete,
ainda, ao Banco Nacional de Angola:

a) Actuar como banqueiro único do estado;


b) Aconselhar o executivo nos domínios monetário, financeiro e cambial;
c) Participar com o poder executivo, na elaboração, definição, condução,
acompanhamento e controlo da política cambial e do respectivo mercado;
d) Agir, como intermediário nas relações monetárias internacionais do Estado;
e) Velar pela estabilidade do sistema financeiro nacional, assegurando, com essa
finalidade, a função de financiador de última instância;
f) Gerir as disponibilidades externas do País que estejam cometidas, sem prejuízo do
disposto em lei especial;
g) Participar na elaboração da programação financeira anual do executivo, de modo a
compatibilizar a gestão de reservas cambias e o crédito a conceber pelo Banco Nacional
de Angola com as necessidades de estabilização e desenvolvimento da economia.

22
Ainda nos termos do artigo 16º, compete, igualmente ao Banco Nacional de Angola:

a) Garantir e assegurar um sistema de informação, de compilação e de tratamento das


estatísticas monetárias, financeiras e cambias e demais documentos, nos domínios da
sua actividade, de forma a servir como instrumento eficiente de coordenação, e gestão
e de controlo;
b) Elaborar e manter actualizado o registo completo da dívida externa do país, assim como
efectuar a sua gestão;
c) Elaborar a balança de pagamentos externos do país.

O artigo 20º define as competências do Banco Nacional de Angola nas suas relações com as
instituições financeiras domiciliadas no país, que são:

a) Supervisiona-las;
b) Zelar pela sua solvabilidade e liquidez;
c) Abrir contas e aceitar depósitos (dos bancos) segundo termos e condições a fixar.

Para assegurar a supervisão das instituições financeira, compete ao Banco Nacional de Angola,
em especial:

a) Apreciar os pedidos de constituição das referidas instituições e da sua fusão, rescisão


ou modificação de objecto;
b) Apreciar a idoneidade e aptidão dos administradores e dos directores das mesmas
instituições;
c) Definir o âmbito da supervisão base consolidada, emitindo as instituições a que devem
obedecer as instituições abrangidas;
d) Determinar e fiscalizar o cumprimento de todas as relações prudenciais que essas
instituições devem observar, com o fim de garantir a respectiva liquidez e solvabilidade;
e) Dispensar temporariamente de determinadas obrigações, designadamente as
estabelecidas na alínea anterior, as instituições em que se verifique uma situação que
possa afectar o seu regular funcionamento ou dos sistemas monetários financeiros.
f) Estabelecer normas para a actuação das instituições, nomeadamente quanto a sua
organização contabilística, estrutura d receitas controlo interno, bem como aos
elementos de informação a prestar ao Banco Nacional de Angola e ao público e
respectiva periocidade;
g) Manter organizado o registo especial que estão sujeita as instituições sob a sua
supervisão.

O processo de supervisão por parte do BNA é efectivado da seguinte forma:

a) Realizar inspecções às instituições sujeitas à sua supervisão e aos seus respectivos


estabelecimentos, proceder a averiguação e qualquer entidade ou local onde haja
suspeição de prática irregular de actividades monetárias, financeiras ou cambiais;
b) Consultar todos os ficheiros, livros e registos, e obter comprovativos das operações, dos
registos contabilísticos, dos contractos, dos acordos e demais documentos que entenda
necessários ao exercício da sua função de supervisão;

23
c) Instaurar, nos termos da lei, os processos adequados à verificação das infracções
económicas.

O Banco Nacional de Angola é a autoridade Cambial da República de Angola, e nesta qualidade,


para além de orientar e fiscalizar o mercado cambial, compete-lhe ainda:

a) Definir os princípios reguladores que regem, as operações sobre o outro e sobre as


divisas;
b) Autorizar, supervisionar fiscalizar os pagamentos externos;
c) Estabelecer limite de ouro e disponibilidade em divisas que as instituições autorizadas
a exercer o comércio de câmbios, podem ter m posição própria e depósitos terceiros;
d) Manter as disponibilidades sobre o exterior e nível adequado às transacções
internacionais;
e) Publicar as taxas de câmbio determinadas pelo respectivo mercado;
f) Licenciar e supervisionar as instituições que negoceiem em moeda estrangeira.

Outros Órgãos de regulação e supervisão (ARSEG e CMC)

Na óptica financeira, uma economia pode ser classificada em dois sectores: o sector financeiro
e o sector não financeiro. E como cada país mantém relações económicas e financeiras com o
exterior ou resto do Mundo, acrescenta-se numa perspectiva de economia aberta, um terceiro
sector que é o sector externo.

O sector Financeiro é aquele que dá lugar à criação de Moeda e a intermediação financeira


(recolhendo poupanças, moeda já criada e canalizando-as para investimento), e subdivide-se
em:

a) Subsector financeiro monetário, aquele que cria moeda, e é formado pelo banco central
e outros bancos;
b) Subsector financeiro não Monetário, é aquele que não cria moeda, e é formada pelas
sociedades financeiras.

O sector não financeiro é aquele que utiliza os activos monetários e os activos e os activos
financeiros. Este sector é constituído por três subsectores, nomeadamente: o subsector público
que é composto pela administração central e local doestado; o subsector produtivo, que é
composto pelas empresas; e o subsector privado, que é constituído pelas famílias.

O sector externo é o conjunto de agentes económicos não residentes com os quais mantemos
relações económicas e financeiras.

Com á vimos, o órgão que supervisiona os bancos (sector financeiro monetário) é o Banco
Central; no caso de Angola temos o BNA. Já para as sociedades financeiras, existem dois órgãos
de supervisão e regulação, dependentes do Ministério das Finanças que são: Agência Angolana
de Regulação e Supervisão de Seguros (ARSEG) e a Comissão de Mercados de Capitas (CMC).

24
Agência Angolana de Regulação e Supervisão de Seguros (ARSEG)

Estão sob jurisdição deste órgão, as instituições financeiras não bancárias ligadas a actividade
seguradora e previdência social, nomeadamente, as sociedades seguradoras e resseguradoras
e os fundos de pensões.

Após a independência, actividade asseguradora, constituiu monopólio d estado, até 1991. De


lembrar que antes da independência operavam no país 26 campainhas de seguro resseguro, que
após a independência foram confiscadas dando lugar a criação da única empresa de seguros, a
Empresa Nacional de Seguros e Resseguros de Angola (ENSA),que foi criada pelo decreto 17/78
de 1 de Fevereiro.

Depois deste período, a primeira empresa privada de seguros, foi criada em 2000, denominada
AAA, e foi publicada no Diário da República III série nº 42, de 10bde Outubro de 2000.

A actividade seguradora em Angola está regulamentada na Lei nº 01/2000 de 3 de Fevereiro,


designada por Lei Geral da Actividade Seguradora.

Seguro pode ser definido como uma operação que toma forma jurídica de um contrato, em que
uma das partes (Segurador), se obriga para com a outra (Segurado ou Beneficiário), mediante
recebimento de uma importância estipulada (Prémio), a compensa-la (Indeminização), por um
prejuízo (Sinistro), resultante de uma evento futuro, possível e incerto (Risco), indicado no
contrato.5

Para além das empresas de seguros, é também de responsabilidade do ARSEG, a regulação e


supervisão dos Fundos de Pensões. O regulamento de exercício da actividade e funcionamento
estão plasmados no Decreto nº 25/98de7 de Agosto, do conselho de Ministros e no Decreto-
executivo nº 16/03 de 21 de Fevereiro, do ministério das Finanças respectivamente.

Fundo de Pensões é um património autónomo para financiar exclusivamente um plano de


pensões. Trata-se de uma reserva de dinheiro para pagar benefícios aos seus participantes.6

A ARSEG como entidade reguladora da actividade das sociedades seguradoras e gestoras de


Fundo de Pensões, tem as seguintes competências:

a) Supervisionar a actividade de seguros, fundos de pensões, mediação de seguros e ou


resseguros, em conformidade com a política económico-financeira nacional,
impulsionando o desenvolvimento equilibrado do sector segurador e o exercício da
actividade mediação de seguros, das sociedades gestoras e fundo de pensões e
actividades complementares dos seguros.
b) Fiscalizar e supervisionar o sector segurador bem como as actividades referidas na
alínea anterior, implementando acções com vista a normalização do funcionamento
legal, técnico e financeiro, nomeadamente os critérios de solvabilidade, a gestão
prudente das provisões técnicas e suas aplicações financeiras e sobre os produtos
colocados a disposição do consumidor, nos termos estabelecidos por lei.

5
Cfr. PEREZ, Leão Jorge; Contabilidade Bancária pág. 46, EAL, Edições de Angola, 1ª Edição: Junho, 2011,
Luanda, Angola.
6
Ibidem, pág. 47

25
Comissão de Mercado de Capitais (CMC)

Estão sob jurisdição da CMC, as instituições financeiras não bancárias ligadas ao comércio de
capitais e ao investimento.

 A CMC é um órgão cujo estatuto foi criado sob tutela do Ministério das Finanças e
foi aprovado nos termos do Decreto nº 9/05, publicado no Diário da república nº
33 de 18 de Março de 2005.
Neste diploma estão plasmadas as principais atribuições da CMC, que são:

I. Constituem atribuições da comissão Mercado de capitais a regulação, supervisão,


fiscalização e promoção do mercado de capitais e das actividades que envolvam todos
os agentes que nele intervenham, directa ou indirectamente, tendo em vista a
realização dos seguintes objectivos:
a) Estimular a formação da poupança e a sua aplicação em valores mobiliários;
b) Promover a organização e funcionamento regular e eficiente do mercado de
capitais;
c) Assegurar a transparência do mercado de capitais e das transacções que nele se
efectuam;
d) Assegurar aos investidores e intermediários financeiros em geral, uma informação
suficiente, verídica, objectiva, clara, acessível e atempada sobre valores
mobiliários, às entidades que as emitem e as transacções que são efectuadas.

II. Na prossecução das suas atribuições de regulação de mercado de capitais, compete à


Comissão:
a) Criar normas e regras técnicas necessárias à aplicação das leis sobre o mercado de
capitais e actividade que neste se desenvolvem;
b) Propor ao Ministro das Finanças os projectos de diplomas legais que considere
indispensáveis para o exercício da regulação.

III. No desempenho das suas atribuições de supervisão, compete a Comissão superior


orientação e coordenação dos mercados de capitais tais como:
a) Autorizar o funcionamento d bolsas de valores;
b) Exercer as funções de supervisão nos termos da lei dos valores mobiliários (Lei
12/05, de 23 de Setembro), cujo objecto é regular os actos e operações com valores
mobiliários, promover o desenvolvimento ordenado e a transparência do mercado
de capitais assim como a adequada protecção o investidor;
c) Aprovar regulamentos internos dos centros de transacção de valores mobiliários
dos fundos de garantias previstos na lei dos valores mobiliários e das demais
normas auto-regulamentares das entidades intervenientes nos mercados de
capitais;
d) Substituir-se às entidades gestoras e operadoras do referido mercado sempre que
neles se verifiquem situações anormais.

26
IV. No desenvolvimento das suas actividades de Fiscalização compete à CMC:
a) Fiscalizar a adequação da estrutura, a eficiência e regularidade do funcionamento
do mercado de capitais, tendo em conta as obrigações das entidades responsáveis
pela sua organização;
b) Instaurar e instituir os processos disciplinares resultantes da violação, pelas pessoas
e entidades submetidas à sua jurisdição, das disposições legais e regulamentares, e
aplicar aos infractores as multas e quaisquer outras sanções a que houver lugar;
c) Instaurar inquérito para averiguação de infracções de qualquer natureza cometidas
no âmbito do mercado de capitais, ou que afectam o e normal funcionamento,
incluindo delitos de manipulação do mercado, abuso de informação, violação de
segredo profissional e outros de natureza semelhante;
d) Notificar as entidades competentes de investigação criminal sempre que haja
indícios de crime contra o mercado.
O mercado de capitais desempenham um pape determinante para o desenvolvimento
económico de um País, pois trata-se do segmento do sistema financeiro que opera, sobretudo,
com instrumentos de médio e longo prazo (acções, obrigações e títulos de participações), ou
seja, canaliza as poupanças para o sector produtivo, contrariamente ao mercado monetário
onde a prevalência é a circulação de papéis de curto prazo, que é pouco exequível para um
verdadeiro projecto de desenvolvimento com sustentabilidade.

Cá no nosso país, para preenchimento do sistema financeiro foi criada a Bolsa de Valores e
Derivados de Angola (BODIVA).

 Por definição, bolsa de valor é o mercado onde se negociam acções de empresas


de capital aberto (Públicas ou Privadas) e outros instrumentos financeiros como
opções e obrigações.

27
1.2 Taxa de câmbio e mercado cambial

1.2.1 Noção de taxa de câmbio

O câmbio é um importante factor para que os países negociem suas mercadorias e ou


serviços entre si, pois os países não têm a mesma cultura, a mesma economia, a mesma
língua, os mesmos objectivos, quanto menos a mesma moeda.

Para resolver este problema utiliza-se o câmbio que de acordo com Sandroni (2004,p.
74),
É uma operação financeira que consiste em vender,
comprar ou trocar valores em moedas de outros países ou
papéis que representem moedas de outros países

A taxa de câmbio é uma relação entre moedas de dois países que resulta no preço de uma
delas medidas em relação à outra. Mas, além de expressar quantitativamente a condição de
troca entre duas moedas, a taxa de câmbio expressa as relações de troca entre dois países. O
câmbio é uma das variáveis macroeconómicas mais importantes, sobretudo para as relações
comerciais e financeiras de um país com o conjunto dos demais países.

Quantas unidades da contra-moeda são expressas em 1 unidade da unidade de moeda base

Contra Moeda

USD/AOA=216,86

Moeda Base

1 USD equivale (“custa”) 216,86 USD

AOA/USD = 0,0042

Neste caso, é o inverso, 1 AOA representam 0,0042 USD

1.2.1.1 Taxa de câmbio ao certo e taxa de câmbio ao incerto

Tendo em conta a sua cotação7, a taxa de câmbio, pode ser ao certo (ou indirecta) e ao incerto
(ou directa). Assim, quando surge uma qualquer cotação entre duas moedas, uma delas está a
ser cotada ao certo e a outra ao incerto.

7
Segundo o dicionário Aurélio cotação é o acto ou efeito de cotar, preço pelo qual se negociam
mercadorias, títulos, acções de bancos ou fundos públicos, moedas estrangeiras, nas bolsas ou nas praças
de comércio. Cotação em economia e o acto ou efeito de cotar, estabelecer preço, valor, de alguma coisa.

28
a) Cotação ao certo – refere-se ao número de unidades de moeda estrangeira necessárias
para adquirir uma unidade de moeda nacional;

Tome-se, como exemplo, a seguinte cotação: AOA/USD= 0,0046; isto significa para adquirir um
dólar norte-americano, é necessário 0,0046 Kwanza.

b) Cotação ao incerto – é o número de unidades de moeda nacional necessárias para


adquirir uma unidade de moeda estrangeira.

No caso do Kwanza, a moeda nacional aparece usualmente cotada ao incerto. Tome-se, como
exemplo, a seguinte cotação: USD/AOA= 217,848; isto significa que por um dólar norte-
americano se trocam 217,848 Kwanzas.

As cotações de oferta e procura são complicadas pelo fato de que a oferta de uma B (SB) moeda
é a procura de outra moeda A (SA):

SB (CAD /USD) = 1/[SA (CAD /USD)]

SA (CAD /USD) = 1/[SB (CAD /USD)]

c) Cotações cruzadas

Para além das cotações ao certo e ao incerto, existe também a cotações cruzadas. Uma moeda
pode não ter cotação directa em todas as moedas estrangeiras. O cálculo da cotação cruzada
permite obter a taxa de câmbio de uma moeda para a qual não existem cotações divulgadas.

Sempre que se dispõe de duas taxas de câmbio diferentes com uma moeda comum, é possível
calcular a taxa de câmbio cruzada. Muitos pares de moedas só são negociados de forma inactiva,
portanto sua taxa de câmbio é determinada através de sua relação com uma terceira moeda
amplamente negociada (geralmente o USD):

Por exemplo, imagine que um investidor em Angola gostaria de comprar alguns Euros (EUR). À
medida que ambas as moedas são cotadas contra o USD, o investidor pode descobrir o preço do
Kwanza (AOA) face ao EUR. Supondo que as taxas de câmbio são:

 EUR/USD = 1,5326 significa que 1 EUR = 1,5326 USD


 USD/AOA = 217,22 significa que 1 USD = 217,848 AOA

Então, 1 EUR = 1,5326 x (217,22 AOA) ou seja, 1 EUR = 332,9114 AOA. Logo, obtemos a cotação
EUR/AOA = 332,874.

Em geral, a fórmula para taxa cruzada é:


𝑆(𝑖 /𝑈𝑆𝐷)
S(i / j)= = S(i /USD) × S(USD / J)
𝑆( 𝑗 /𝑈𝑆𝐷)

29
1.2.1.2 Diferentes formas de expressar as taxas de câmbio

Para além da forma como é cotada uma taxa de câmbio, No mercado de câmbio, em um
determinado momento, existe, não uma taxa de câmbio única, mas uma variedade de taxas,
dependendo dos instrumentos de crédito usados na função de transferência. Na figura abaixo,
podemos ver os alguns tipos de taxas de câmbio:

Diferentes formas de expressar as taxas de câmbio

Taxa nominal e real Taxa spot e forward Taxas únicas e múltiplas

Taxas de câmbio oficiais


Taxas de compra e venda Taxas favoráveis e desfavoráveis
e não oficiais

Sistema de taxa de dois níveis

Fig.06-Esquema das diferentes formas de expressar a taxa de câmbio. Fonte: Elaboração Própria

a) Taxa nominal e real

A taxa estabelecida pelas forças de controlo de câmbio (banco central) é chamada de taxa
nominal. Ou seja, é a relação entre quantidades de moeda. É a taxa de câmbio que é usada
nos bancos e nas casas de câmbio.
A taxa determinada pelas forças do mercado com base na demanda e no fornecimento é
denominada taxa real. Corresponde ao relativo de preços entre o produto nacional e o
estrangeiro.
A existência da taxa de câmbio real, deve-se ao facto dos países terem reflexos do valor
da moeda no preço das mercadorias. Ou seja, há inflação. É exactamente para neutralizar
o efeito da inflação na definição da taxa de câmbio que se trata a referência dos preços de
uma mesma mercadoria em dois países.

30
A fórmula de obtenção da taxa de câmbio real é:

Onde:

 ɵ = Taxa de câmbio real


 E = taxa de câmbio nominal
 P* = preço do produto estrangeiro
 P = preço do produto nacional

Relativamente a taxa de câmbio real, podemos ter dois aspectos importantes para o
funcionamento de uma economia em relação ao estrangeiro.

 Se a taxa de câmbio real (ε) é elevada, os bens estrangeiros são relativamente


caros e os bens domésticos relativamente baratos.
 Se a taxa de câmbio real (ε) é baixa, então os bens estrangeiros são relativamente
baratos e os bens domésticos são relativamente caros.

b) Taxa forward e Spot

No mercado internacional de câmbio, é perfeitamente possível fechar hoje uma taxa de câmbio
para ser liquidada em uma data no futuro. Tais taxas denominam-se de taxas FORWARD, ou
taxas a termo.

Antes de apresentarmos as particularidades das cotações das taxas forward, vamos


entender a sua utilidade e o mais importante, a sua formação.
Imaginemos que um exportador Angolano feche negócio com um importador Português
para liquidação em Euros daqui a 6 meses. Nessa época, o exportador Angolano precisará
vender seus dólares a uma taxa que, em princípio, lhe é desconhecida.
Se nos próximos 6 meses o Kwanza se depreciar face ao dólar, o exportador Angolano
receberá mais Kwanzas do que receberia hoje. Porém, se, ao contrário, o Kwanza se
apreciar durante esse período, então o exportador Angolano receberá menos Kwanzas
pelo seu negócio. Como provavelmente o centro da actividade económica do exportador
Angolano encontra-se em Angola, seus compromissos financeiros serão em Kwanzas, o
que torna importante para esse agente não apenas proteger-se desse risco cambial, como
também conhecer com certeza seu fluxo de caixa futuro.
Dada a liquidez do mercado de câmbio forward, o exportador pode facilmente fechar com
uma instituição financeira a taxa pela qual venderá seus dólares e comprará Kwanzas
daqui a 6 meses. Portanto, a taxa de câmbio forward é a taxa de compra ou venda de
uma moeda para a entrega em uma data futura.
Por outro lado, a taxa de câmbio na qual a moeda é entregue imediatamente a um
comprador é denominada taxa Spot ou seja é a taxa de câmbio para a entrega imediata de
divisas.

31
c) Taxas únicas e múltiplas
Geralmente, existe apenas uma taxa de câmbio única para a moeda de um país. No
entanto, em raras ocasiões, um país pode adoptar uma, duas ou mesmo três taxas de
câmbio diferentes contra a moeda de outro país para pagamento das suas transacções em
moeda estrangeira. Por exemplo, um país pode ter diferentes taxas de conversão para
exportações e importações.
Geralmente os sistemas de taxas de câmbios múltiplas são adoptadas por motivos de
balança de pagamentos. Certos países que atravessam má situação de balança de
pagamento, adoptam um sistema de taxas cambiais múltiplas como opção contra o ajuste
da taxa cambial uniforme e contra o uso de medidas limitadoras da procura. Os tipos de
transacções cobertos pêlos diferentes mercados de divisas8 e a estrutura da taxa de
câmbio, variam de um país para outro, como reflexo das características particulares e das
prioridades dos Países na alocação das suas reservas internacionais.

d) Taxas de compra e venda


Os revendedores (bancos, instituições financeiras) que operam no mercado cambial
oferecerão taxas mais baixas e superiores, respectivamente, aos clientes que se
aproximem para vender e comprar a moeda de um país. A taxa mais baixa oferecida é a
taxa de compra, enquanto a taxa mais alta citada é a taxa de venda.

e) Taxas favoráveis e desfavoráveis


Se a taxa de câmbio aumenta com relação à moeda de outro país, então é chamado como
taxa favorável e vice-versa.

f) Taxas de câmbio oficiais e não oficiais


A taxa de câmbio oficial é aquela predeterminada com base na qual uma transacção
internacional é realizada. Se o negócio de cross-country for realizado a uma taxa de
câmbio determinada por forças de mercado externas, a taxa de câmbio é referida como
taxa de câmbio não oficial.

8
Divisas são as moedas estrangeiras conversíveis e também as letras, cheques, ordens de pagamento etc.
emitidos nessas moedas. Trata-se, geralmente, de moedas "fortes", ou seja, emitidas por países de
economia forte, como os Estados Unidos ou a União Europeia.

32
1.2.1.3 Teorias económicas para determinar a taxa de câmbio No decorrer do tempo, três
teorias económicas e grupos de reflexão apresentaram três teorias para a determinação
das taxas de câmbio em moeda estrangeira, como ilustra a figura abaixo.

Determinação da Taxa de câmbio

Teoria das partes da hortelã

Teoria da paridade do poder de compra

Teoria da balança de pagamento ou


teoria da procura e oferta

Fig.07-Esquema da determinação da taxa de câmbio. Fonte: Elaboração Própria

a) Teoria das partes da hortelã

A teoria é baseada no padrão ouro9. Um país que segue o Padrão Ouro também terá sua moeda
em ouro ou conversível em ouro a uma taxa fixa. Além disso, a moeda também terá uma relação
de razão fixa (moeda de troca ou par de excelência) com a moeda de outro país seguindo o
padrão-ouro. Actualmente, o padrão ouro não é seguido por nenhum país. Assim, a teoria partes
da hortelã perdeu seu significado.

b) Teoria da paridade do poder de compra

9
O padrão-ouro é um sistema monetário em que a unidade económica padrão é baseada em uma
quantidade fixa de ouro. Três tipos podem ser distinguidos: espécie, barras de ouro troca de ouro.

 No padrão ouro da espécie, a unidade monetária está associada ao valor de moedas de ouro em
circulação, ou a unidade monetária tem o valor de uma certa moeda de ouro em circulação, mas
outras moedas podem ser feitas de metal menos valioso.
 O padrão das barras de ouro é um sistema no qual as moedas de ouro não circulam, mas as
autoridades concordam em vender barras de ouro sob demanda a um preço fixo em troca da
moeda em circulação.
 O padrão de troca de ouro geralmente não envolve a circulação de moedas de ouro. A principal
característica do padrão de troca de ouro é que o governo garante uma taxa de câmbio fixa para
a moeda de outro país que usa um padrão-ouro (espécie ou lingote), independentemente do
tipo de notas ou moedas usadas como meio de troca. Isso cria um padrão-ouro de fato, em que
o valor do meio de troca tem um valor externo fixo em termos de ouro que é independente do
valor inerente do próprio meio de troca.

A maioria das nações abandonou o padrão ouro como base de seus sistemas monetários em algum
momento do século 20, embora muitos detenham reservas substanciais de ouro.

33
A teoria foi inicialmente refinada e apresentada de forma apresentável pelo economista sueco
Prof. Gustav Cassel em 1922. Esta teoria para papel-moeda afirma que a taxa de câmbio de duas
moedas deve corresponder ao quociente de seu respectivo poder de compra interno.

Da teoria, pode-se inferir que o aumento de preços em um país reduz o valor (ou poder de
compra) de sua moeda. Embora a teoria possa ser aplicada a todas as moedas, ela negligencia
outros factores externos (actividades especulativas, entrada / saída de capital, etc.), o que
afectaria a taxa de câmbio.

c) Teoria da balança de pagamento ou teoria da procura e oferta

De acordo com esta teoria moderna da troca, que actualmente é aceita como padrão, a taxa de
câmbio equivale à demanda e oferta de câmbio. Além disso, a taxa de câmbio é o ponto de
preços onde há equilíbrio entre as forças da demanda e da oferta.

Quando há um excedente na balança de pagamentos, a demanda e consecutivamente a taxa de


câmbio diminuirá devido ao fluxo de divisas sem restrições. Por outro lado, um país com saldo
de pagamento negativo terá dificuldades para gerenciar as necessidades de reserva cambial.
Correspondentemente, a demanda e a taxa de câmbio aumentarão.

A teoria é abrangente, prática e realista. Embora a teoria seja amplamente aceita, ainda sofre
desvantagens de premissas relacionadas à balança de pagamentos.

1.2.2 Mercado Cambial e seus intervenientes

1.2.2.1 O mercado cambial

Sempre que viajamos para outro país é preciso fazer uma operação de câmbio. Em termos
simples, é a compra de moeda de outro país com a do seu país. A troca de moedas é feita sempre
por um agente autorizado pelo Banco Central a realizar este tipo de transacção. O contrário
também pode ser feito e você trocar a moeda estrangeira que sobrou por moeda do teu país,
ou um turista comprar a moeda local. Essa é a operação básica do mercado cambial.

O mercado de câmbio fornece a estrutura física e institucional através da qual o dinheiro de um


país é trocado pelo de outro país, a taxa de câmbio entre as moedas é determinada e as
transacções cambiais são fisicamente completadas ou seja, Um mercado de câmbio é um
mercado no qual as moedas são compradas e vendidas. Deve ser distinguido de um mercado
financeiro em que as moedas são emprestadas.

Uma transacção de câmbio é um acordo entre um comprador e um vendedor que um


determinado montante de uma moeda deve ser entregue a uma taxa especificada para alguma
outra moeda. Geograficamente, o mercado cambial abrange o globo, com preços em
movimento e moedas negociadas em algum lugar a cada hora de cada dia útil.

O principal objectivo deste mercado é permitir a transferência do poder de compra denominado


em uma moeda para outra. Por exemplo, um exportador Angolano vende café a um revendedor
americano por dólares, e um fabricante americano vende instrumentos a uma empresa

34
Angolana em USD. A empresa americana gostaria de receber o pagamento em dólares,
enquanto o exportador japonês vai querer iene.

Seria inconveniente para compradores individuais e vendedores de divisas procurarem uns aos
outros. Assim, um mercado de câmbio se desenvolveu para actuar como intermediário. É o
maior mercado financeiro do mundo, com preços em movimento e moedas negociando em
algum lugar a cada hora de cada dia útil.

Angola, o BNA é responsável por autorizar os agentes que actuam nesse mercado e a
regulamentar e a fiscalizar as operações. No mercado de câmbio Angolano, as operações
incluem:

 Compra e venda de moeda estrangeira;


 Recebimentos, pagamentos e transferências, do exterior ou para outro país, com
cartões de uso internacional;

Existe também o mercado paralelo de câmbio ou informal. São ilegais os negócios desse sector,
assim como a posse de moeda estrangeira de actividades ilícitas, segundo o BNA. Dentro da
regularidade, as operações de câmbio podem ser realizadas por quaisquer pessoa física ou
jurídica. Uma das partes, entretanto, deve necessariamente ser um agente autorizado pelo BNA
a operar ou um correspondente.

Funções do mercado de câmbio

O mercado de câmbio desempenha um papel muito significativo no desenvolvimento de


negócios de um país, devido ao fato de que ele desempenha várias funções úteis, conforme
descrito abaixo:

1. O mercado de câmbio transfere o poder de compra em diferentes países, o que resulta


no aumento da viabilidade do comércio internacional e do investimento no exterior.
2. Ele actua como um foco central em que os preços são definidos para diferentes moedas.
3. Com a ajuda do mercado de câmbio, os investidores podem cobrir ou minimizar o risco
de perda devido a mudanças adversas na taxa de câmbio.
4. O mercado de câmbio permite que os comerciantes identifiquem oportunidades livres
de risco e arbitrem essas oportunidades.
5. Facilita a função de investimento dos bancos e comerciantes corporativos que estão
dispostos a expor suas empresas a riscos cambiais.

1.2.2.2 Participantes no Mercado de Câmbio

Os participantes no mercado de câmbio podem ser categorizados em grupos principais,


nomeadamente: Bancos comerciais (Bancos Revendedores autorizados), correctores de
câmbio, Banco central, Empresas Multinacionais, Pessoas físicas, Pequenas empresas e
Especuladores. Para além destes que intervém directamente com o mercado, o Governo
também opera no mercado relacionando-se na maioria das vezes com o Banco Central.

1. Bancos Centrais

35
Um dos importantes player no mercado de câmbio é o Banco Central dos diversos países. Os
bancos centrais frequentemente intervêm no mercado para manter as taxas de câmbio de suas
moedas dentro de um intervalo desejado e suavizar as flutuações dentro dessa faixa.

Estas instituições participam principalmente no mercado de câmbio para intervir em nome da


sua moeda no caso de instabilidade do mercado ou sobre ou sob avaliação.

O banco central pode intervir comprando sua moeda e vendendo moeda estrangeira para dar
suporte à moeda contra outras moedas. Por outro lado, o banco central pode vender sua própria
moeda e comprar moedas estrangeiras para enfraquecê-la. O nível de intervenção do banco
dependerá do regime de taxa de câmbio do banco central do país.

2. Bancos Comerciais

Os principais participantes no mercado de câmbio são os grandes bancos comerciais que


fornecem o núcleo do mercado. Cerca de 100 a 200 bancos em todo o mundo activamente
“fazem o mercado” na moeda estrangeira. Esses bancos atendem seus clientes de varejo, os
clientes dos bancos, na condução de comércio exterior ou no investimento internacional em
activos financeiros que exigem câmbio.

Esses bancos operam no mercado de câmbio em dois níveis:

 No nível a retalho, eles lidam com seus clientes: Casas de câmbios Empresas,
Exportadores, Importadores e assim por diante.
 No nível a grosso, os bancos mantêm um mercado bancário inerte em moeda
estrangeira, seja directamente ou através de correctoras de câmbio especializadas.

A maior parte da actividade no mercado de câmbio é realizada em um mercado interbancário


a grosso - uma rede de grandes bancos e correctoras internacionais. Sempre que um banco
compra uma moeda no mercado de moeda estrangeira, está vendendo simultaneamente
outra moeda.

Geralmente, os bancos comerciais actuam como intermediários entre o exportador e o


importador que estão situados em diferentes países. Tipicamente, os bancos compram divisas
de exportadores e vendem divisas para os importadores das mercadorias. Da mesma forma, os
bancos para executar as ordens de outros clientes, que estão envolvidos em transacções
internacionais, não necessariamente na conta de comércio sozinho, comprar e vender moeda
estrangeira.

3. Correctores de Câmbio

Correctores de câmbio também operam no mercado de câmbio internacional. Eles agem como
agentes que facilitam o comércio entre os revendedores. Ao contrário dos bancos, os
correctores servem apenas como casamenteiros e não colocam seu próprio dinheiro em risco.

Eles monitoram de forma activa e constante as taxas de câmbio oferecidas pelos principais
bancos internacionais por meio de sistemas informatizados como a Reuters e conseguem
localizar rapidamente uma parte oposta para um cliente sem revelar a identidade de nenhuma
das partes até que uma transacção tenha sido acordada. É por isso que os intervenientes do

36
mercado interbancários usam um corrector principalmente para divulgar o mais rápido possível
uma cotação de moeda para muitos outros distribuidores.

4. Multinacionais

As multinacionais são os principais participantes não bancários no mercado a termo, pois trocam
fluxos de caixa associados às suas operações multinacionais. As multinacionais geralmente
contratam para pagar ou receber valores fixos em moedas estrangeiras em datas futuras, de
modo que estão expostos ao risco cambial. É por isso que eles geralmente protegem esses fluxos
de caixa futuros através do mercado de câmbio a termo interbancário.

5. Indivíduos e Pequenas Empresas

Indivíduos e pequenas empresas também usam o mercado de câmbio para facilitar a execução
de transacções comerciais ou de investimento. As necessidades externas desses agentes
económicos são geralmente pequenas e representam apenas uma fracção de todas as
transacções de câmbio. Mesmo assim, eles são participantes muito importantes no mercado.
Alguns desses participantes usam o mercado para proteger o risco cambial.

6. Especuladores

Os especuladores desempenham um papel muito activo nos mercados de câmbio. Na verdade


grande parte das negociações de câmbio em mercados estrangeiros em conta de especuladores
e actividades especulativas.

Os especuladores são os principais intervenientes nos mercados cambiais. Os bancos que


negociam são os principais especuladores nos mercados cambiais, com vista a obter lucro por
conta de um movimento favorável na taxa de câmbio, tomar posição, ou seja, se sentem que a
taxa de uma determinada moeda é susceptível de subir a curto prazo. Eles compram essa moeda
e a vendem assim que conseguem lucrar rapidamente.

Os especuladores ou negociadores no mercado cambial causam oscilações significativas nas


taxas de câmbio. Essas oscilações, especialmente as súbitas oscilações, não favorecem o
comércio nacional ou internacional e podem ser prejudiciais não apenas à economia nacional,
mas também aos negócios globais. No entanto, para estar longe dos especuladores, eles
fornecem muito a necessidade de liquidez e profundidade para os mercados de câmbio. Isso é
necessário para manter a oferta de lance que se espalha para o mínimo. Da mesma forma, a
liquidez também ajuda na execução de ordens grandes ou únicas, sem causar ondulações nos
mercados de câmbio. Um dos pontos de vista é que a actividade especulativa fornece eficiência
muito necessária para os mercados de câmbio. Portanto, podemos dizer que a especulação é o
mal necessário nos mercados cambiais.

37
Banco Central Governo

Bancos Revendedores Autorizados Correctores de câmbio


(formadores do Mercado) (Escritórios Locais)

Correctores de câmbio
Casas de câmbio Clientes Bancos Estrangeiros (Escritórios Estrangeiros)

Clientes Clientes Sector


a Retalho a Grosso Externo

Sector Sector
Doméstico Empresarial
Arbitragem/
Especuladore

Fig.08-Participantes no Mercado Cambial. Fonte: Elaboração Própria

1.2.3 Procura e oferta de divisas no mercado cambial

O mercado de câmbio envolve as forças de oferta e procura de divisas estrangeiras e a condição


de equilíbrio, servindo para explicar a determinação da taxa de câmbio e o volume das
transacções internacionais. Inclui todas transacções de compra e venda de moeda estrangeira
realizadas por exportadores, importadores, investidores, turistas, devedores e especuladores
por intermédio do sistema financeiro.

38
1.3 Apreciação e Depreciação Cambial

1.3.1 Factores que fazem variar as taxas de câmbio

As taxas de câmbio são determinadas por factores, tais como taxas de juros, confiança, conta
corrente no balanço de pagamentos, crescimento económico e taxas de inflação relativa. Por
exemplo: Se os negócios de Angola se tornassem relativamente mais competitivos, haveria
maior demanda por bens angolanos; Esse aumento na demanda por bens de Angola causaria
uma valorização (aumento de valor) do dólar.

No entanto, se os mercados estivessem preocupados com o futuro da economia de Angola,


eles tenderiam a vender Kwanzas, levando a uma queda no valor do Kwanza.

Factores que influenciam as taxas de câmbio

1. Inflação

Se a inflação no Reino Unido é relativamente menor que em outros lugares, as exportações do


Reino Unido tornar-se-ão mais competitivas, e haverá um aumento na demanda da libra
esterlina para comprar bens no Reino Unido. Além disso, os bens estrangeiros serão menos
competitivos e, portanto, os cidadãos do Reino Unido comprarão menos importações.

 Portanto, países com taxas de inflação mais baixas tendem a ver uma valorização do
valor de sua moeda. Por exemplo, a apreciação a longo prazo no D-Mark alemão no
período pós-guerra estava relacionada com a taxa de inflação relativamente menor.

2. Taxas de juros

Se as taxas de juros do Reino Unido aumentarem em relação a outros países, será mais
atraente depositar dinheiro no Reino Unido. Você obterá uma melhor taxa de retorno da
poupança em bancos do Reino Unido. Portanto, a demanda por Sterling aumentará. Isso é
conhecido como "fluxo de dinheiro quente" e é um importante factor de curto prazo na
determinação do valor de uma moeda.

 Taxas de juros mais elevadas causam uma apreciação.


 Reduzir as taxas de juros tende a causar uma depreciação

3. Especulação

Se os especuladores acreditam que a moeda local aumentará no futuro, eles vão exigir mais
agora para conseguir lucros. Esse aumento na demanda fará com que o valor aumente.

39
Portanto, os movimentos na taxa de câmbio nem sempre reflectem os fundamentos
económicos, mas são muitas vezes motivados pelos sentimentos dos mercados financeiros. Por
exemplo, se os mercados vêem notícias, o que aumenta a taxa de juros, o valor da moeda local
provavelmente aumentará em antecipação.

4. Mudança na competitividade

Se os bens de produção local em um dado País se tornarem mais atraentes e competitivos, isso
também fará com que o valor da taxa de câmbio aumente. Por exemplo, se Angola tiver
melhorias a longo prazo nas relações do mercado de trabalho e maior produtividade, o bem se
tornará mais competitivo internacionalmente e, em longo prazo, causa uma apreciação no
Kwanza. Este é um factor similar à baixa inflação.

5. Balança de pagamentos

Um déficit na conta corrente significa que o valor das importações (de bens e serviços) é maior
do que o valor das exportações. Se isso for financiado por um excedente na conta financeira /
capital, então isso é bom para a economia. Mas um país que se esforça para atrair entrada de
capital suficiente para financiar um déficit de conta corrente verá uma depreciação na moeda.

6. Dívida do governo

Em algumas circunstâncias, o valor da dívida pública pode influenciar a taxa de câmbio. Se os


mercados temem que um governo possa inadimplente em sua dívida, os investidores venderão
seus títulos causando uma queda no valor da taxa de câmbio.

7. Intervenção governamental

Alguns governos tentam influenciar o valor de sua moeda. Por exemplo, Angola procurou
manter sua moeda sobrevalorizada para tornar as importações mais baratas, até início de 2018
em que mudou o seu regime cambial.

9. Crescimento económico / recessão

Uma recessão pode causar uma depreciação na taxa de câmbio porque, durante a recessão, as
taxas de juros geralmente caem. No entanto, não existe uma regra rígida e rápida. Depende de
vários factores.

1.3.2 Apreciação e Valorização Cambial

Como apreciação deve entender-se todo e qualquer aumento de valor que possa afectar um
determinado activo económico ou financeiro. Entre esses activos podem encontrar-se, por
exemplo, terrenos cujo valor de mercado se incremente como resultado da melhoria dos
acessos ou determinados bens que, com o decorrer do tempo, se vão tornando mais valiosos
devido à sua escassez ou raridade.

Na prática, o termo apreciação é utilizado normalmente e fundamentalmente ao nível dos


mercados cambiais, no contexto dos quais representa o aumento do valor de uma determinada
moeda face a uma outra traduzida naturalmente na alteração da taxa de câmbio
correspondente.

40
No entanto, e tendo em conta a aproximação em termos de significado entre apreciação e
valorização, fala-se em apreciação apenas quando nos encontramos num ambiente de regime
de taxas de câmbio flexíveis10. Por outro lado, falar-se-á em valorização quando o aumento do
valor de uma determinada moeda se deve à intervenção directa e administrativa das
autoridades monetárias de uma economia.

Tendo em conta que a taxa de câmbio representa o preço em moeda nacional de uma
determinada divisa estrangeira, pode dizer-se que uma apreciação de uma moeda nacional face
a uma moeda estrangeira implica a diminuição da taxa de câmbio em causa, na medida em que
passa a ser necessária uma menor quantidade de moeda nacional para adquirir uma unidade da
moeda estrangeira e vice-versa.

Em termos económicos, é portanto de esperar que uma apreciação da moeda nacional face a
uma moeda estrangeira sirva de incentivo ao aumento de importações vindas desse país
estrangeiro, na medida em que é necessário menos moeda nacional para adquirir os produtos
que estão valorados na moeda estrangeira; ao mesmo tempo, é de esperar que as exportações
para esse mesmo país estrangeiro sofram um impacto negativo, na medida em que os seus
agentes económicos têm de despender uma maior quantidade de moeda para adquirir bens que
esteja valorados à moeda nacional.

Por aqui se constata que a eventual ocorrência de valorizações, ou seja, a diminuição forçada (e
não na sequência do funcionamento do mercado) da taxa de câmbio de uma moeda nacional
face a outra pode ter como base objectivos de política económica no que concerne à balança
comercial entre os dois países em causa.

1.3.2.1 O que provoca uma apreciação na taxa de câmbio

A moeda de um dado País se tornará mais forte se houver maior demanda pela moeda
local deste País ou menor oferta por moeda local. Razões para uma apreciação na Taxa
de Câmbio:

 Aumento das taxas de juros.


As taxas de juros mais elevadas tornam mais atractivo para economizar no num
determinado País (há uma melhor taxa de retorno nas contas de poupança). Portanto,
haverá um fluxo de dinheiro (pessoas que detêm moeda nas contas de poupança). Esse
aumento da demanda por moeda local, causa a apreciação.

 Inflação mais baixa.


Se o um determinado País tiver uma inflação relativamente mais baixa do que outros
países, isso torna os bens do mesmo mais competitivos em relação a bens estrangeiros.
Portanto, haverá mais demanda por bens nacionais e, portanto, moeda local. Este é um
factor de longo prazo que causará uma valorização do valor da taxa de câmbio.

10
O conteúdo sobre regimes cambiais, será desenvolvido mais além, ao longo deste trabalho.

41
 Aumento da competitividade dos produtos do respectivo País.
Aumento da produtividade e maior competitividade tornará os bens locais mais atraentes.

 Expectativas
A especulação desempenha um papel crescente na determinação das taxas de câmbio. Se
os investidores sentem que uma moeda provavelmente irá apreciar no futuro, eles vão
comprar agora e realmente fazer com que isso ocorra.

 Excedente na Conta Corrente


Isso causa uma entrada de divisas na economia. Normalmente, um grande superavit na
conta corrente causará uma valorização da taxa de câmbio (a menos que haja uma saída
de grande porte na conta financeira e de capital)

 Crescimento económico mais elevado


Um crescimento económico mais forte tende a provocar uma valorização da taxa de
câmbio. Isso ocorre porque com maior crescimento económico, o país provavelmente
verá um aumento nas taxas de juros. Também o crescimento económico mais elevado
tende a causar maior confiança na economia. No entanto, depende do tipo de crescimento
económico. Se o crescimento é liderado por maiores gastos de consumo, isso irá causar
um aumento nas importações, o que poderá baixar a taxa de câmbio. Se o crescimento for
exportado, a moeda deverá aumentar.

 Comprar moeda doméstica


Se um dado País vendesse seus activos em moeda externa e comprasse activos na moeda
do seu país, haveria uma apreciação no valor da moeda local.

1.3.2.2 Efeitos de uma apreciação sobre a economia

Como já vimos, uma valorização significa um aumento no valor de uma moeda. Isso significa
que uma moeda vale mais em termos de moeda estrangeira. A apreciação da moeda de uma
economia pode ter vários efeitos sobre a mesma. Entre os vários efeitos, podemos descrever:

 Exportações mais caras. O preço estrangeiro das exportações do Reino Unido


aumentará. Os europeus encontrarão as exportações britânicas mais caras. Portanto,
com um preço mais alto, esperamos ver uma queda na quantidade de exportações do
Reino Unido.
 As importações são mais baratas. Os consumidores britânicos acharão que £ 1 agora
compra uma maior quantidade de produtos europeus. Portanto, com as importações
mais baratas, esperamos ver um aumento na quantidade de importações.
 Menor saldo na conta corrente (X-M). Com menor demanda de exportação e maiores
gastos com as importações, esperamos que caia na demanda agregada doméstica,
causando menor crescimento económico.
 Menor inflação. Uma apreciação tende a causar uma inflação mais baixa porque:
 Os preços de importação são mais baratos. O custo dos bens e matérias-primas
importados cairá após uma apreciação, por exemplo, o petróleo importado diminuirá,
levando a preços mais baratos da gasolina.

42
 Uma demanda agregada mais baixo leva a uma menor inflação de demanda e puxão.
 Com os preços de exportação mais caros, os fabricantes têm maiores incentivos para
reduzir os custos para tentar continuar a ser competitivos.

Fig.09-Efeitos da Depreciação cambial. Fonte: Elaboração Própria


Uma apreciação pode ajudar a melhorar os padrões de vida - permite aos consumidores
comprar importações mais baratas.
Se a apreciação é um resultado da melhoria da competitividade, a valorização é
sustentável e não deve causar menor crescimento.
Uma apreciação poderia ser um problema se a moeda se valorizar rapidamente durante
circunstâncias económicas difíceis.
1.3.2.3 Avaliando os efeitos de uma apreciação

 Elasticidade. O impacto de uma apreciação depende da elasticidade-preço da


demanda por exportações e importações. A estação Marshall Lerner condiciona
que uma apreciação irá piorar a conta corrente se a soma absoluta das elasticidades
de exportação e importação de longo prazo for maior que unidade11.
 A elasticidade varia ao longo do tempo. No curto prazo, muitas vezes encontramos
demanda por exportações e as importações são inelásticas, de modo que uma
apreciação melhora a conta corrente. Mas, ao longo do tempo, a demanda torna-
se mais elástica à medida que as pessoas mudam para alternativas.
 O impacto de uma apreciação depende da situação da economia. Se a economia
estiver em recessão, então uma apreciação causará uma queda significativa na
demanda agregada e provavelmente contribuirá para um maior desemprego. No
entanto, se a economia estiver em um boom, então uma apreciação ajudará a
reduzir as pressões inflacionárias e limitar a taxa de crescimento sem muito
impacto adverso.
 Também depende do crescimento económico em outros países. Se exterior ter um
forte crescimento, seria mais provável que continuassem comprando exportações
de um dado País, embora fossem mais caras.

11
Davidson, Paul (2009), The Keynes Solution: The Path to Global Economic Prosperity, New York:
Palgrave Macmillan, p. 125, ISBN 978-0-230-61920-3.

43
 Também depende de por que a taxa de câmbio está aumentando de valor. Se
houver uma apreciação porque a economia está se tornando mais competitiva,
então a apreciação não estará causando perda de competitividade. Mas, se houver
uma apreciação por causa de especulações ou fraqueza em outros países, a
apreciação poderia causar uma maior perda de competitividade.
Uma apreciação da taxa de câmbio é benéfica se a economia for mais produtiva e
competitiva. No entanto, se houver uma apreciação devido a especulações, pode ser
prejudicial, pois os exportadores não poderão competir.

1.3.3 Depreciação e Desvalorização Cambial

É comum assumirmos que muitos activos económicos e financeiros estão sujeitos ao


fenómeno de depreciação. Genericamente, quando se fala em depreciação de um
determinado activo, fala-se na sua perda de valor resultante de vários factores possíveis,
de acordo designadamente com o tipo de activo que está em causa.

Embora de utilização bastante lata, o conceito de depreciação, em termos económico-


financeiros, é utilizado em duas situações fundamentais: na contabilidade das empresas e
nos mercados cambiais12.

Na perspectiva dos mercados cambiais, o conceito de depreciação traduz genericamente


a diminuição da cotação de uma moeda nacional face a outras moedas resultante do
decurso normal do funcionamento dos mercados, ou seja, sem que as autoridades
monetárias do país em causa interfiram nesse processo. Nesses casos, a eventual
depreciação, que corresponde ao oposto de um fenómeno de apreciação, deriva da relação
entre a oferta e a procura da moeda em causa.

Muitas vezes, ao nível dos mercados cambiais, o conceito de depreciação é equiparado


ao de desvalorização, sendo que este deve ser utilizado também quando se quer designar
uma diminuição da cotação de uma moeda face a outras, mas como resultado de uma
acção voluntária das autoridades monetárias do país e não como resultado da interacção
entre oferta e procura nos mercados cambiais. Um país pode desvalorizar a sua moeda
por uma série de razões, como a redução da taxa de câmbio para estimular a entrada de
estrangeiros ou para incentivar mais países a importarem. Um país deve participar de
algum tipo de política de taxa de câmbio fixa, como a compra e venda de sua própria
moeda, para controlar o valor de sua moeda para fins de taxa câmbio.

1.3.3.1 Vantagens e desvantagens da Depreciação/Desvalorização Cambial

A desvalorização de uma moeda tem várias vantagens, como permitir que um país continue
competitivo no comércio exterior, aumentar as exportações para outros países e aumentar o
crescimento económico através de uma maior demanda de produtos de fabricação nacional.

12
Atendendo o objectivo do trabalho em causa, interessa-nos apenas a depreciação nos mercados
cambiais.

44
A desvalorização também tem um lado negativo a medida em que aumenta o preço das
importações e pode levar à inflação. A depreciação pode realmente fazer mercadorias
exportadas na moeda depreciada mais baratas para outros países para importar. Isso pode levar
a um aumento das exportações, que ao longo do tempo pode ajudar a moeda a recuperar seu
valor.

1.3.3.2 Efeitos da depreciação cambial


Uma queda na taxa de câmbio é conhecida como depreciação da taxa de câmbio (ou
desvalorização em um sistema de taxa de câmbio fixa). Isso significa que a moeda vale
menos em comparação com outros países.
O efeito de uma depreciação na taxa de câmbio depende do estado da economia. Se a
economia está crescendo rapidamente e perto da capacidade total, então uma queda na
taxa de câmbio provavelmente aumentará as pressões inflacionárias. Em uma recessão, a
queda na taxa de câmbio só pode causar uma inflação temporária de custo-impulso.
Quando há uma depreciação, e a taxa de câmbio cai, as exportações serão mais baratas e
as importações serão mais caras.
Por exemplo, uma depreciação do kwanza torna as exportações dos de Angola mais
competitivas, mas elevam o custo de importação de mercadorias para os Angola. Por
conseguinte, haverá um aumento nas exportações e uma diminuição da quantidade de
importações, as empresas nacionais irão beneficiar do aumento das vendas. Isso pode
levar à criação de emprego e menor desemprego, especialmente nas indústrias de
exportação e causará um aumento no salto da balança corrente (X-M), que ajudará a
aumentar a demanda agregada (AD) e, portanto, levará a um maior crescimento
económico.
Impacto da depreciação sobre a inflação

 Uma depreciação aumenta o custo das importações, de modo que haverá um


aumento na inflação de custo-impulso.
 Uma depreciação aumenta a demanda doméstica, então pode haver uma inflação
de demanda e puxão
 Uma depreciação torna as exportações mais competitivas - sem qualquer esforço
- no longo prazo, isso pode reduzir os incentivos para que as empresas reduzam
os custos e podem levar a uma diminuição da produtividade e ao aumento dos
preços.

Impacto da queda da taxa de câmbio no saldo de pagamentos da balança corrente

 A depreciação tenderá a melhorar o saldo de pagamentos da balança corrente.


 Isso ocorre porque as exportações aumentam em relação às importações.
 No entanto, isso pressupõe que a demanda por exportações e importações são
relativamente elásticas.

45
 A condição Marshall-Lerner13 afirma que uma depreciação melhora o deficit da
conta corrente se a soma absoluta das elasticidades de exportação e importação de
longo prazo for maior que unidade
 No curto prazo, a demanda por exportações pode ser inelástica, portanto, não há
melhora na conta corrente. No entanto, durante um longo período de tempo, a
demanda torna-se mais elástica e, portanto, há uma melhoria na conta actual.

Vencedores e perdedores de uma queda na taxa de câmbio

13
A condição de Marshall-Lerner (depois de Alfred Marshall e Abba P. Lerner) é a condição de que uma
desvalorização ou desvalorização da taxa de câmbio só cause uma melhoria na balança comercial se a
soma absoluta das elasticidades de exportação e importação de longo prazo for maior que unidade Se a
moeda doméstica se desvaloriza, as importações se tornam mais caras e as exportações ficam mais
baratas devido à mudança nos preços relativos.

46
O impacto de uma queda na taxa de câmbio depende de alguns factores:

 Estado da economia. Se a economia estiver em recessão, uma depreciação pode


ajudar a impulsionar o crescimento com pouco efeito sobre a inflação. Mas, se a
inflação já for alta, uma queda na taxa de câmbio fará a inflação piorar.
 Outros componentes da demanda agregada. Se a taxa de câmbio cai, isso aumenta
a demanda de exportação. No entanto, se houver uma queda na confiança do
consumidor, pode não haver um aumento geral na demanda agregada.
 Desfasamento e elasticidade da demanda. No curto prazo, a demanda por
exportações tende a ser inelástica (portanto, apenas um pequeno aumento na
demanda). Ao longo do tempo, a demanda torna-se mais elástica. Portanto, há um
aumento maior na demanda por exportações.
 Depende da causa da queda na taxa de câmbio. Por exemplo, os países que
enfrentam uma crise da balança de pagamentos (por exemplo, Rússia 2007/17)
verão uma saída de capital à medida que os investidores ficam nervosos sobre a
velocidade da desvalorização da moeda.

Uma taxa de câmbio decrescente pode ser benéfica se a economia não for competitiva e
está presa em uma recessão. Uma desvalorização ajuda a aumentar a demanda por
exportações e a criar empregos. Em uma recessão, é improvável que a inflação seja um
problema. No entanto, em um boom, uma desvalorização poderia levar à inflação. Além
disso, uma desvalorização reduz o padrão de vida à medida que as importações se tornam
mais caras.

1.4 Os Regimes Cambiais e a intervenção do Banco Central no mercado cambial

1.4.1 Evolução dos Regimes Cambiais

Os regimes cambiais têm evoluído ao longo da história, dando origem a uma proliferação de
regimes. Não obstante os muitos regimes existentes, quatro são dignos de uma análise mais
profunda. São eles:

 Padrão Ouro, 1880-1914


 Padrão de Convertibilidade Ouro, 1919-1945
 Sistema de Bretton Woods, 1946-1971
 Regimes Cambiais Flutuantes, 1973-2000

O período que antecede 1914 tem por pivot um grupo de países, designados
desenvolvidos, composto pelo Reino Unido, França, Holanda, Alemanha, Estados
Unidos, alguns países da Europa Ocidental e as colónias britânicas. Todos eles assumiram
o compromisso de fixar a sua moeda com base no ouro. A moeda nacional e outras formas
de pagamento eram convertidas em ouro, a uma determinada taxa fixa. Historicamente,
denomina-se de regime Padrão Ouro ao sistema que vigorou entre 1880 e 1914, mas na
verdade países como a Inglaterra já o usavam desde 1717. Durante este regime, os países
eram obrigados a defender a paridade fixa, podendo, excepcionalmente, afastar-se desse
valor, em situações de crise financeira ou na ocorrência de uma guerra.

47
O período que antecede 1914 tem por pivot um grupo de países, designados
desenvolvidos, composto pelo Reino Unido, França, Holanda, Alemanha, Estados
Unidos, alguns países da Europa Ocidental e as colónias britânicas. Todos eles assumiram
o compromisso de fixar a sua moeda com base no ouro. A moeda nacional e outras formas
de pagamento eram convertidas em ouro, a uma determinada taxa fixa. Historicamente,
denomina-se de regime Padrão Ouro ao sistema que vigorou entre 1880 e 1914, mas na
verdade países como a Inglaterra já o usavam desde 1717. Durante este regime, os países
eram obrigados a defender a paridade fixa, podendo, excepcionalmente, afastar-se desse
valor, em situações de crise financeira ou na ocorrência de uma guerra.

Com o deflagrar da I Guerra Mundial e para custear os esforços de guerra, os países


abandonaram este regime. Mas foi por um curto período, pois em 1925 voltaram a
restabelecer sistema, desta feita com o Sistema de Convertibilidade Padrão Ouro. Neste
sistema, os países podiam deter reservas sob forma de ouro, dólares ou libras, à excepção
dos Estados Unidos e do Reino Unido, cujas reservas eram constituídas pelo ouro. O
sistema veio a fracassar em 1931, na sequência das massivas saídas de ouro do Reino
Unido, que levaram a que este metal na posse de particulares fosse nacionalizado e os
contractos em ouro fossem revogados.

Com o fim deste sistema surge um outro conhecido como Bretton Woods, que tentou
conciliar os benefícios do sistema Padrão Ouro e ultrapassar os seus inconvenientes.
Conciliou, assim, os benefícios de um sistema de taxas fixas, deixando, porém, uma certa
margem de manobra. Tendo em conta que a principal moeda a usar como reserva era o
dólar dos Estados Unidos, passou-se então a permitir a convertibilidade das outras
moedas em dólares, que ficou a desempenhar o papel outrora desempenhado pelo ouro.
Em contrapartida, e a fim de imprimir maior credibilidade ao sistema, o dólar ficou
vinculado ao ouro. No entanto, os sucessivos défices da balança de pagamentos americana
provocaram reduções nas reservas de ouro do país e, consequentemente, uma menor
confiança no sistema de convertibilidade.

O fim do sistema de Bretton Woods, em 1973, não significou o abandono imediato do


sistema de taxas fixas, pois muitos países, por razões históricas ou económicas,
continuaram a fixar as suas moedas como faziam anteriormente. Mas, a partir do momento
em que o valor das principais moedas começou a oscilar muito, grande parte dos países
decidiu abandonar o sistema de taxas fixas em relação a uma moeda. alguns optaram
inicialmente por substituir esse tipo de vinculação por um cabaz de moedas, na medida
em que na década de 80 o dólar estava a valorizar-se muito rapidamente.

Alguns países em desenvolvimento preferiram regimes mais flexíveis, de forma a pôr


cobro às elevadas taxas de inflação e a ganhar competitividade externa. A mudança para
sistemas mais flexíveis resulta da conjuntura que se vivia na época, em que as políticas
sobre o comércio internacional e o investimento eram mais abertas e a determinação das
taxas de câmbio e de juro eram delegadas aos mercados.

48
1.4.2 Tipologia dos Regimes Cambiais

Quando se fala em regimes cambiais, a tendência é fazer-se a distinção entre regimes fixos e
regimes flexíveis/flutuantes, para depois se começar a arrolar os regimes intermédios, que
variam consoante se tenha em conta um regime mais ou menos restritivo. Recentemente,
passou-se a equacionar outros regimes de teor verdadeiramente unificado.

Regimes Cambiais

Flutuação Paridade Taxas de


Admnistrada Ajustável câmbio Fixas
União
Monetária
Paridade Móvel Carrency
Flutução Pura Banda Móvel
Board

Menos Restritivos Mais Restritivos

 Regime Cambial Flexível /Taxa de Câmbio Flutuante Pura

Está-se perante um regime cambial flexível ou uma taxa de câmbio flutuante pura, quando
a autoridade monetária permite que a taxa de câmbio fluctue livremente, optando por não
intervir, por não fazer uso dos mecanismos de política ao seu dispor, para ajustar o valor
da sua moeda. A determinação da taxa de câmbio é realizada pelo mercado, através do
jogo da oferta e da procura, em que participam indivíduos, bancos e demais instituições
financeiras e instituições públicas, entre outras.

e
(Preço da moeda
estrangeira)
S

(e de Equilíbrio) E

(Q de Equilíbrio) Q
(Quantidade de moeda
estrangeira)

Regime de câmbio Flutuante

49
De forma simplificada, a oferta reflecte a quantidade de moeda estrangeira oferecida a
diferentes taxas e a procura reflecte a quantidade de moeda estrangeira procurada para
cada taxa, sendo que se está perante uma situação de equilíbrio sempre que a oferta e a
procura sejam iguais. A razão que leva os países a procurar moeda estrangeira prende-se
com o facto de esta possibilitar a satisfação de desejos, sejam eles de consumo,
investimento ou outros. Por exemplo, Angola procura euros porque precisa comprar bens
em países europeus, fazer investimentos na Europa, pagar dívidas a credores europeus,
ou enviar remessas para residentes nos europeus, ou vice-versa. Neste caso Angola
ofereceria Kwanzas em troca de euros, e os europeus fariam a operação inversa.

Para exemplificar imagine uma situação em que haja um excesso de demanda por divisas
estrangeiras (ver gráfico abaixo), Isso faz com, o preço da moeda estrangeira suba,
desloca a curva D0 me para D1 me conforme ilustrado no gráfico abaixo. Assim, a taxa de
câmbio e0 há um excesso de demanda por divisas. Para reequilibrar este mercado a taxa
de câmbio precisa subir para um novo valor de equilíbrio e1.
O aumento da taxa de câmbio, faz a demanda por divisas, cair e consequentemente a
oferta aumentar, portanto, o novo equilíbrio é formado com a taxa mais elevada (e1), a
oferta e a demanda por moeda estrangeira volta a ser a mesma.

e
Sme

XDme

Q
(Quantidade de moeda
estrangeira)

Efeito de um aumento na demanda por meda estrangeiras

Um aumento autónomo na demanda por divisas estrangeiras desloca a curva de demanda


por moeda estrangeira de D0me para D1me. NA taxa de câmbio de equilíbrio inicial HÁ
agora um excesso de demanda por moeda estrangeira XDme. A taxa de câmbio sobe para
e1 a fim de reequilibrar a oferta e a demanda no mercado de moeda estrangeira. O
contrário desta operação também é verídico ou seja, caso haja um excesso de oferta de
divisas faz com que o preço da moeda estrangeira caia e provoque efeito inverso ao
apresentado no gráfico acima.

Este regime tem como principal vantagem ajustar se automaticamente devido às


oscilações das taxas e desonera desta forma o banco central o que não acontece no regime

50
de câmbio fixo. Porém tem alta volatilidade em função principalmente da movimentação
especulativa dos capitais externos.

 Regime Cambial de Paridade Fixa Convencional

Sempre que um país opte por fixar a sua taxa de câmbio, isso significa que à sua moeda
nacional é atribuído um valor, seja em termos de ouro, de outra moeda ou de um cabaz
de moedas. Este regime não resulta do simples anúncio das autoridades de que a taxa de
câmbio será fixa; resulta sim do compromisso assumido pelas autoridades de que tudo
farão para defender rigorosamente a paridade da moeda. Implica a adopção de políticas
que garantam a manutenção da taxa, o que se traduz numa política monetária que usa a
taxa de câmbio como âncora. O banco central é responsável pela manutenção da paridade,
intervindo no mercado sempre que necessário, a fim de imprimir alguma credibilidade ao
regime.
e
Compra de Divisas
D
1
e1

e2
2

Venda de Divisas S

q1 q2

Regime de câmbio Fixo

Legenda:
 Em 1: excedente de divisas O excesso de divisas, faz o preço da divisa (e)
cair. Para que insto não aconteça o governo intervém no mercado comprando
divisas.
 Em 1: excedente de divisas A escassez de divisas, faz o preço da divisa (e)
subir. Para que insto não aconteça o governo intervém no mercado vendendo
divisas.

Este regime, tem um funcionamento similar ao que se verificava no regime do padrão


ouro. Para defender a paridade, o banco central tem de manter um certo nível de reservas
internacionais, que são, no fundo, o garante deste regime. Nesse caso, as operações a
desenvolver são simples: perante aumentos do nível das reservas internacionais os bancos

51
centrais vão intervir, permitindo a expansão dos meios de pagamento e, inversamente, na
ocorrência de diminuições das reservas vai-se permitir a redução dos meios de
pagamento.

Os dois regimes apresentados representam os extremos, mas entre eles encontra-se uma
variedade de regimes intermédios como:

1) A flutuação administrada (ou suja) – a autoridade monetária influencia os


movimentos da taxa de câmbio por meio de intervenção activa no mercado
cambial, sem espenicar ou se comprometer de antemão com uma trajectória pré-
anunciada para o câmbio;
2) Banda cambial – a taxa de câmbio pode flutuar livremente dentro de uma
determinada faixa ou banda pré-definida;

(Preço da moeda e S
estrangeira)

Ls

E
Banda Cambial

Li

E´´


D

Q
(Quantidade de moeda
estrangeira)

Mercado cambial com banda cambial

Como se vê no gráfico acima, as bandas cambiais são dadas por Ls e Li. Supondo que o
mercado cambial estabelece uma taxa de câmbio de equilíbrio (E) e que subitamente
ocorra uma série de investimentos estrangeiros no país faz com que ocorra em um
aumento de divisas e assim desloque a oferta de moedas estrangeiras para a direita até S´.
Caso a demanda não se altere a taxa de câmbio desloca se de E para E´, isto faz com que
a moeda estrangeira fique mais barata.

Como o Governo limitou as oscilações das taxas dentro do limite das bandas cambiais ele
interfere no mercado através de compra de divisas para que a demanda aumente e se
desloque também para direita de D para D´consequentemente a taxa de câmbio sobe passa
de E para E´ou seja a moeda estrangeira torna se um pouco mais cara e volta para o limite
das bandas permitido pelo governo.

52
3) Paridade ajustável – a autoridade monetária compromete-se a defender uma
determinada taxa de câmbio fixa, dentro de uma margem restrita, podendo, em
casos excepcionais, ajustar a paridade;
4) Paridade móvel – regime de taxa de câmbio fixa, que prevê que a moeda flutue
dentro de uma faixa de taxas, permitindo também o ajuste gradual no valor
nominal da moeda alternativamente a significativas desvalorizações da mesma.

 Regimes Verdadeiramente Unificados

Há ainda a referir os regimes cambiais sem moeda de curso legal distinta, como é o caso
da união monetária e da dolarização/euroização – um exemplo de união monetária é o
que se verifica entre alguns países da União Europeia pertencentes à União Monetária
Europeia, que decidiram abdicar da sua moeda nacional e adoptar a mesma moeda – o
euro; ao passo que a dolarização/euroização ocorre quando uma moeda estrangeira, o
dólar americano ou o euro, é eleita a moeda oficial do país. A grande distinção entre os
regimes de união monetária e a dolarização/euroização reside no facto da União
Monetária exigir, além da adopção de uma moeda única em substituição da moeda
nacional, a criação de uma autoridade monetária comum e responsável pela política
monetária e cambial que, no caso europeu, é o Banco Central Europeu, sobre quem recai
a responsabilidade de estabelecer e aplicar a política monetária europeia, dirigir as
operações de câmbio e garantir o bom funcionamento dos sistemas de pagamento.

Ainda relativamente à dolarização/euroização, esta pode ser total, quando o país adopta
o dólar ou o euro como moeda oficial, ou então parcial, quando um país conserva a sua
moeda nacional e permite que as transacções e pagamentos sejam realizados em dólares
ou em euros.

Por fim, existe ainda mais um regime dentro dos regimes verdadeiramente unificados, o
denominado currency board.

 Currency Board

Dos regimes ora apresentados, importa aqui que se faça uma breve explanação do regime
de currency board. Este era o regime utilizado pela administração inglesa, em 1844, nas
suas colónias, e acabou por servir de modelo aos sistemas monetários e cambiais
utilizados por outros espaços coloniais, como o espaço do escudo português, entre 1961
e 1974.

Este regime passou a estar de novo em voga quando, nas últimas décadas do século
passado, se assistiu ao aparecimento de novos currency boards: foram os casos de Hong
Kong, Bulgária, Lituânia, Estónia, Argentina, entre outros. A partir de então, passou a ser
estudado com mais rigor, na tentativa de serem exploradas todas as suas potencialidades.

53
O currency board, muitas vezes traduzido como conselho monetário ou então conselho
da moeda, é uma das variantes de câmbios fixos que mais se aproxima da união monetária.
É um mecanismo que tem subjacente o compromisso legislativo implícito de
convertibilidade da moeda nacional numa moeda estrangeira específica, denominada de
moeda reserva, a uma taxa de câmbio fixa. Subentende a obrigação da autoridade
monetária em garantir a cobertura total da base monetária, ou seja, a cobertura das notas
e moedas emitidas.

O currency board é um sistema que tem por base a confiança que os agentes económicos
depositam na possibilidade de conversão ilimitada da moeda e que por isso possui
algumas vantagens importantes, nomeadamente:

a) Maior disciplina monetária, em virtude dos limites impostos à criação de moeda;


b) Maior credibilidade da política monetária e fiscal, na medida em que o Governo
não pode socorrer-se da autoridade monetária para financiar o défice fiscal e, por
outro lado, permite exercer alguma pressão sobre a inflação, visto que a oferta de
moeda está restrita à regra da cobertura;
c) Maior credibilidade do sistema cambial, resultante do princípio segundo o qual os
activos da moeda reserva devem ser superiores ao seu passivo; taxas de câmbios
estáveis vão, por sua vez, dar lugar a taxas de juro mais baixas, o que se traduz
em aumentos do investimento;
d) Intensificação das relações económicas e financeiras, na sequência do aumento da
liberalização da circulação de capitais entre os países.

1.4.3 A Escolha do Regime Cambial

Na sequência das crises financeiras que ocorrem nas economias, é cada vez maior o
número de países que equaciona qual o melhor regime cambial a adoptar. As crises vieram
pôr em causa os regimes intermédios, pelo que as escolhas agora recaem, sobretudo, sobre
os extremos, ou seja, optar entre regimes estritamente fixos ou flutuantes.
Independentemente do regime escolhido, o importante a reter é que não existe um regime
cambial único que sirva os objectivos de todos os países, nem tão pouco existe um regime
que seja óptimo e se aplique a todas as situações.

A escolha do regime cambial vai depender da realidade do país, das vantagens e


desvantagens oferecidas por cada regime. Mas, acima de tudo, não existe um regime
cambial capaz de substituir a boa gestão macroeconómica. A análise da escolha dos
regimes cambiais passa imperativamente por duas abordagens: Teoria das Zonas
Monetárias Óptimas e Relação entre o Regime Cambial e a Inflação / Crescimento
Económico

 Teoria das Zonas Monetárias Óptimas

A teoria define uma zona monetária óptima como o espaço geográfico onde os países
utilizam regimes de câmbio estritamente fixos ou, então, a mesma moeda. Para avaliar se
um país deve ou não pertencer a uma zona monetária óptima são utilizados quatro

54
critérios: o tipo de choques a que o país está exposto, o grau de mobilidade dos factores
de produção (mão de obra, capital, entre outros), o grau de abertura e o nível de
diversificação económica.

De acordo com a teoria, os países mais expostos a choques reais têm maiores vantagens
em adoptar regimes flexíveis, porque no caso de ocorrer um choque externo, poderão
neutralizar os efeitos das variações nos preços das importações e exportações através da
valorização ou desvalorização da moeda. De forma similar, taxas flexíveis podem ajudar
a amortecer os efeitos de choques internos, através da criação ou redução da procura
externa. As desvalorizações da moeda nacional estão associadas ao aumento das
exportações, visto que os produtos nacionais ficam mais baratos. A apreciação da moeda
tem o efeito contrário.

O regime cambial de taxas fixas oferece mais vantagens quando os choques são
monetários, visto que as perturbações podem ser absorvidas através de variações no nível
de reservas internacionais, sem que haja repercussões para os mercados de bens. Assim
sendo, as principais conclusões são:

a) O regime de taxas de câmbio fixas é o que melhor se aplica no caso de a economia


estar sujeita a choques predominantemente monetários;
b) Perante choques, sobretudo reais, deve fazer-se uso de regimes cambiais flexíveis.

Relativamente à abertura económica, a teoria defende que os países com elevado grau de
abertura, ou seja, países cujas transacções internacionais são significativas, devem ter
regimes cambiais fixos, ou usar a mesma moeda. Isso porque taxas fixas permitem
eliminar a incerteza e as flutuações resultantes de câmbios flexíveis, o que por sua vez se
repercute nos preços dos bens transaccionados, tornando-os mais estáveis. Os benefícios
da utilização de regimes fixos são em função do volume das trocas comerciais realizadas
entre os países e em função da mobilidade dos factores de produção. Quanto mais elevado
o grau de abertura da economia, melhor esta se adapta aos regimes de taxas de câmbio
fixas.

O grau de maturidade dos mercados financeiros pode ser um factor determinante na


escolha do regime cambial. Por um lado, é difícil defender a paridade perante um contexto
de grande mobilidade do capital, onde os países tecem importantes redes de interconexão
com os mercados financeiros internacionais; por outro, essa vinculação torna-se crucial
para os países com um mercado financeiro incipiente.

Esta ideia ganha suporte no princípio da trindade ou trilema impossível, que pressupõe a
impossibilidade dos países conseguirem atingir em simultâneo a livre circulação de
capitais, um regime de taxas fixas e a autonomia da política monetária. Assim, um país
deve eleger apenas dois de entre os três objectivos. Por exemplo, no padrão ouro existia
a mobilidade de capitais e um regime de câmbios fixos; no sistema de Bretton Woods
subsistiu o regime fixo, mas com independência da política monetária; no actual sistema
em que a tendência é para o aprofundamento da globalização financeira, a opção mais

55
viável pende para a adopção de regimes de câmbios flutuantes, com uma elevada
mobilidade de capitais e autonomia monetária.

Liberdade de Circulação de Capitais

Trindade Impossível : Num dado


momento, um País pode escolher
2 de entre 3 condiçõs

Regimes Cambiais Fixos Autonomia Monetária

 A Relação entre o Regime Cambial e a Inflação/ Crescimento Económico

Outro factor na base da escolha do regime cambial relaciona-se com o facto de se acreditar
que este influencia algumas variáveis económicas, podendo assim contribuir para que se
alcance os níveis desejados de inflação ou de crescimento económico.

Foi referido que nas décadas de 70 e 80 do século passado, muitos países optaram por
regimes de taxas de câmbio fixas para ultrapassar os constrangimentos provocados pelas
elevadas taxas de inflação que se faziam sentir. Os países utilizavam a taxa de câmbio
como âncora nominal, acreditando que assim conseguiriam fazer com que a sua taxa de
inflação convergisse para a taxa de inflação do país relativamente ao qual a sua moeda
estava vinculada.

Ao fixar a sua moeda, o país impõe maior disciplina à política monetária, na medida em
que o regime funciona como um compromisso por parte das autoridades ou uma regra
fixa de política monetária, que permite superar os problemas colocados pela
inconsistência dinâmica e confere maior credibilidade à moeda, o que, por sua vez,
aumenta os custos políticos inerentes ao abandono do câmbio fixo.

O país tem então de optar por vincular a sua moeda à de um país com uma moeda forte,
com provas dadas na manutenção da estabilidade dos preços. Ao fazer isso, o país perde
a autonomia na implementação da política monetária, visto que esta fica subordinada à
manutenção da paridade fixa. Assim sendo, os países que optam por este tipo de regime
ficam fortemente condicionados ao desempenho da política fiscal, visto que a
insustentabilidade fiscal pode chegar a níveis em que seja impossível manter a paridade.

Outro factor que leva alguns a defenderem regimes de taxas fixas reside no facto destes
regimes permitirem aumentos no nível de investimentos, visto que os câmbios fixos

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imprimem maior previsibilidade, reduzindo a incerteza das políticas e reduzindo também
as taxas de juro reais.

Por outro lado, o regime de taxas fixas elimina um importante mecanismo de ajustamento,
visto que ao fixar as taxas de câmbio nominais, impede o ajustamento dos preços
relativos, o que, por sua vez reduz, a eficiência económica. Os defensores de taxas
flexíveis advogam que estas são por isso melhores, dado que podem ajudar na realização
dos ajustes necessários dos preços relativos e na preservação do nível adequado de
competitividade internacional.

Em resumo, os diferentes tipos de regimes de taxas de câmbio podem influenciar o


crescimento económico, seja através do aumento do investimento, seja através do
aumento da produtividade. Então:

a) Com regimes de taxas fixas o investimento é maior.


b) Os regimes flexíveis estimulam o crescimento da produtividade

1.4.4 Intervenção do Banco Central e Política Cambial: Por que o Banco de


Central Intervêm no Mercado Cambial?

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Referências Bibliográficas

SANDRONI, Paulo. Novíssimo dicionário de economia. 13ª ed. São Paulo: Best Seller,
2004.

Cadernos BCV Série Educação Financeira - N.º 08 / 2008, Tipografia Santos, da,
Banco de Cabo Verde – Praia.

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