Вы находитесь на странице: 1из 4

CESÁRIO VERDE

Temáticas
▫ Imagética feminina;
▫ Sentimento da humilhação ligado ao erotismo da “mulher fatal”;
▫ Binómio cidade/campo;
▫ Poetização do real;
▫ Questão social associada ao realismo e naturalismo;
▫ Movimento deambulatório do poeta pelas ruas da cidade

Cesário Verde não dá a conhecer aquilo que sente; não é sua intenção dar a
conhecer-se; procura descrever os objetos, pintá-los, despertar nos outros ideias e
sensações. Propõe uma explicação para o que observa com objetividade e, quando
recorre à subjetividade, apenas transpõe, pela imaginação transfiguradora, a
realidade captada numa outra que só o olhar de artista pode notar
É um poeta-pintor que capta as impressões da realidade que o cerca com grande
objetividade. É intencionalmente realista, atento a pormenores mínimos que servem
para transmitir as percepções sensoriais
Sensível a todas as pulsações da cidade e atraído pelo campo, há em Cesário Verde
uma preocupação em traduzir o real quotidiano com as suas emoções. Poeta do
quotidiano, a capacidade de poetizar o real surge dentro de si próprio, conseguindo
visionar situações vividas no dia-a-dia, pela sua atenção permanente ao que o rodeia.
A poesia do quotidiano nasce da impressão que o «fora» deixa no «dentro» do artista.
Por isso, é fácil compreender assuas ligações coincidentes com a pintura
impressionista, que procede exatamente do mesmo modo em face da realidade
plástica: o artista procura surpreender o «momento» em que os objetos, imersos
numa dada relação de luz e sombra, ganham a sua inteira individualidade, ou melhor,
o artista diligencia fixar a «impressão» que as coisas lhe deixam na sensibilidade,
numa infinitesimal fracção de tempo.
Note-se que o Impressionismo, como fenómeno literário, surge no interior do
Realismo-Naturalismo com as variações estéticas e culturais do fim do século. A par
da reprodução impessoal, objetiva, exata e minuciosa do real, própria do realismo,
surge a impressão instantânea que a realidade provoca no momento da sua captação.
Cesário procura captar factos, sem referir causa ou efeito, preferindo as formas
impessoais, as construções nominais, as sinestesias. Este último recurso permite-lhe
materializar o abstrato ou imaterial e o seu estado de espírito.
BINÓMIO CIDADE/ CAMPO (DIALÉCTICA DAS EXPERIÊNCIAS CAMPESTRE E URBANA)
O contraste cidade/campo é um dos temas fundamentais da poesia de Cesário e
revela-nos o seu amor ao rústico e ao natural, que celebra por oposição a um certo
repúdio da perversidade e dos pseudovalores urbanos e industriais. Consegue mostrar
a tradição de um país profundamente rural, que tem dificuldade em evitar os
benefícios e os malefícios da industrialização e do avanço da civilização urbana.
CIDADE CAMPO
▫ Doença; estagnação; Morte; ▫ Saúde, vitalidade, harmonia,
ausência de afetos vivencia, afetiva
▫ Vida artificial e desumana ▫ Valores tendencialmente e
▫ Espaço perverso e sujo igualitários e justiça social
▫ Lugar triste e infeliz ▫ Lugar de liberdade
▫ Lugar opressivo ▫ Lugar alegre e feliz
▫ Injustiça social (e indiferença pela ▫ Vida natural e humanitária
mesma
▫ Ausência do amor e,
consequentemente, de vida
▫ Símbolo da industrialização
▫ Prisão que desperta no sujeito ''
um desejo absurdo de sofrer''

A oposição cidade/campo conduz simbolicamente à oposição morte/vida. É a morte


que cria em Cesário a repulsa à cidade por onde gostava de deambular, mas acaba
por aprisioná-lo Cesário reconhece a certeza da morte e identifica-a com a cidade
soturna, com os «focos de epidemia», cheia de solidão e de miséria. A salvação para a
sua vida parece surgir no campo.

RELACIONAMENTO ESTÉTICO COM A IMAGÉTICA FEMININA


A cidade surge associada à mulher fatal e à morte, enquanto o campo se une à
imagem da mulher angélica e da vida. Associada à cidade, surge a mulher fatal,
servindo para retratar os valores decadentes e a violência social. A mulher fatal surge
na poesia de Cesário intensamente, incorporando um valor erótico que
simultaneamente desperta o desejo e arrasta para a morte. O poeta vê esse corpo
belo e luminoso ao mesmo tempo que o fantasia pelo poder da sedução. Mas se, por
um lado, desse corpo de mulher irradia uma luz que o torna cada vez mais nítido e
sensual, por outro lado, há um pressentimento de fatalidade que lentamente o
transforma em símbolo da morte. Cesário, frequentemente, dá-nos conta da
voluptuosidade da mulher fascinante, mas acaba por se sentir humilhado. Na vida
social, encontra um paralelo entre as classes poderosas que, como as burguesinhas
ricas, o fascinam, e as classes oprimidas, que têm de se remeter à sua baixa condição.
SÍNTESE
▫ Cesário Verde interessa-se pelo real, procurando descrever com objetividade
os objetos, pintá-los, despertar nos outros ideias e sensações.
▫ Cesário é um poeta-pintor que capta as impressões da realidade. Próximo do
Realismo e do Naturalismo, presta atenção aos pormenores mínimos que
servem para transmitir as percepções sensoriais.
▫ Propõe uma interpretação da cidade de Lisboa, por onde deambula, descreve-
a, absorve-lhe a melancolia e a monotonia, projeta nela imagens da mulher
formosa, fria e altiva.
▫ Do campo, canta a vida rústica, de canseiras, a sua vitalidade e saúde.
▫ Interessou-lhe o quotidiano da realidade.
▫ Poeta do quotidiano, tenta visionar situações vividas no dia-a-dia, revelando
uma atenção permanente ao que o rodeia.
▫ Impressionista, procura surpreender o «momento» em que os objetos
«ganham a sua inteira individualidade».
▫ Cesário consegue traduzir uma realidade multifacetada, através de uma grande
plasticidade estética.
▫ O contraste cidade/ campo é um dos temas fundamentais da poesia de Cesário
e revela-nos o seu amor pelo rústico e natural, que celebra, por oposição a um
certo repúdio da perversidade e dos pseudovalores urbanos e industriais.
▫ A oposição cidade/campo conduz simbolicamente à oposição morte/vida. É a
morte que cria em Cesário uma repulsa à cidade por onde gostava de
deambular, mas que acaba por aprisioná-lo.
▫ O tempo é um perpétuo fluir e a esperança só é possível para as novas
gerações.
▫ A cidade surge associada à mulher fatal e à morte, enquanto o campo se una
da mulher angélica e da vida. Há uma sexualização da cidade e do campo que
incorpora as alegorias da morte e da vida.
▫ Cesário procura pintar «quadros por letras, por sinais», criando uma pintura
literária e rítmica de temas comuns e realidades comezinhas.
▫ Sensível ao estímulo visual, Cesário procura reter diversas impressões visuais e
outras para sobrepor imagens que acabem por traduzir e reiterar a visão do
que o rodeia e traduzir a sua inspiração pessoal.
▫ A obra de Cesário caracteriza-se, também, pela técnica impressionista, ao
acumular pormenores das sensações captadas e pelo recurso às sinestesias,
que lhe permitem transmitir sugestões e impressões da realidade.
▫ Em Cesário, o campo, ou melhor, a terra, apresenta-se salutar e fértil. Dentro
desta concepção de uma terra que revitaliza podemos encontrar o mito de
Anteu, ou seja, no contato com o campo, o sujeito poético parece reanimar-se,
sentindo forças, energias, saúde.
▫ O Parnasianismo tem como principais características: a reação contra o
Romantismo; a defesa da objetividade temática; a obsessão pela perfeição
formal; o retorno ao racionalismo e às formas poéticas clássicas; a busca da
impessoalidade e da impassibilidade; a arte pela arte.
O poeta coloca-se ao lado dos desfavorecidos, vítimas da opressão social da cidade, e
vai denunciando as circunstâncias sociais injustas, por exemplo no retrato da
engomadeira, tuberculosa, sozinha, a engomar, que se mantém a “chá e pão”. O
poeta compadece-se assim, com o drama da engomadeira, que vive miseravelmente
as humilhações de um quotidiano citadino, sem esperanças, porque também ele se
sente humilhado pela rejeição e crítica dos seus versos. Há, portanto, uma espécie de
analogia dos dois seres que, embora em situações antagónicas, sentem a dor e a
humilhação.

Вам также может понравиться