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O diálogo entre arte e ciência na fruição e usufruição do corpo: Vik Muniz e as

bactérias bio-manipuladas.
Resumo:
As investigações contemporâneas em arte e ciências têm nos levado a formas de
diálogo. O corpo vivo, em uma dessas formas, pode ser entendido como um palco
onde se completam certos encontros, permitindo segundo GIANOTTI (2011), que
“mundos macro e micro, figurativo ou abstrato, convivam nas obras de arte e se
aproximem com liberdade poética, dos estudos científicos”. Propomos assim articular
ideias defendidas por Deleuze e Guattari sobre o devir arte na ciência, e os projetos
Colônias e Petri, de Tal Danino e Vik Muniz. Nessa teia relacional, a arte especula a
ciência criando imagens a partir da bio-manipulação de seres vivos microscópicos.
Utilizando colônias de bactérias e células de câncer, Vik Muniz faz a ligação entre o
processo artístico e o método científico, conduzindo a produção de obras artísticas em
diferentes campos de expressão.
Palavras-chave: Corpo, arte, ciência, Colônias, Vik Muniz.
Justificativa:
Hoje não é conveniente delimitar fronteiras de conhecimento. Cruzamentos
sucessivos, que ora se complementam e em outras se mostram conflituosos, surgem
trazendo a necessidade de reinterpretações constantes daquilo que já nos referíamos
como dado.
A longa jornada para fazer surgir o homem moderno parece não fazer sentido espaço-
tempo nesse pensar e viver dinâmico atual desse homem que hoje se remodela
abruptamente, com e pela tecnologia.
Na busca de compreender esse mundo atuante, de ser capaz de agir sobre ele e
modifica-lo, filiações e intercâmbios entre os diversos campos de ação resultam, por
vezes, propostas ousadas, mas incoercíveis, deixando transpassar essa parceria
promissora, ou não.
Nos anos 70, Bonnie L. Bassler, professora de biologia molecular da Princeton
University, deu um grande passo no estudo sobre comunicação intercelular iniciado
pelos pesquisadores J. Woody Hastings e Ken H. Nealson. Essa pesquisa tornou-se
conhecida graças ao fenômeno quorum sensing ou “percepção de quórum”. Trata de
como as bactérias conversam entre si, e que é possível criar um modo capaz de alterar
seu comportamento. Os cientistas consideram que o quorum sensing é uma
descoberta que dá à medicina uma nova estratégia, achando ser possível destruir o
sistema de comunicação de bactérias perigosas, de modo que elas não consigam
organizar um ataque com eficiência. E agora, quarenta anos depois, o assunto é re-
abordado por um outro aspecto: o artístico.
Objetivo:
Promover o diálogo entre arte e ciência a partir da discussão de Deleuze e Guattari
sobre o devir arte na ciência, e os projetos Colônias e Petri, do bioengenheiro Tal
Danino e do artista plástico Vik Muniz.
O devir arte na ciência:
Talvez Tal Danino, Ph.D em Bioengenharia (University of California) e pós-doutorando
do M.I.T (Massachusets Institute of Technology), continuador do quorum sensing,
tenha percebido enquanto admirava a complexidade das colônias de bactérias
luminescentes, que estas, já sabidas que se comunicavam, o faziam como animais nas
suas demarcações de territórios. Essas marcas expressivas seriam como assinaturas e,
que segundo Deleuze, é um dos gestos primordiais da arte. Ou seja, recortar, talhar,
para ali fazer surgir as sensações seria então um primeiro insight da criação artística.
Isso mostra o poder da percepção, de repente não é, mas eis que se torna. Assim a
pesquisa que combina biologia e engenharia, cuja finalidade é encontrar uma maneira
de instruir as bactérias programadas a entrarem nos tumores cancerosos, de forma
não invasiva, detectar e tratar a doença, passa a servir também como experimento de
bio-arte.
Buscando tornar transparente o limite entre interior e exterior, a arte continua
avançando tentando devassar o que a forma exterior oculta. A figuração poderá ser
diluída em amplas formas. Poderá ser “mapeada” na pele uma divisão, que existe
internamente; modelado em fios ou linhas, o contorno dessa pele, seja em desenho ou
três dimensões, que abriga mundos familiares à ciência.
Estaria aí um desejo de ver a ciência como uma outra expressão(?). Desejo esse capaz
de, ao querer produzir, fazer-se comprometido com o vivido, criando novos rearranjos,
promovendo outros cortes, enfim novas (des) organizações. É esse desejo que
“constrói máquinas que, [...] são capazes de fazer saltar algo [...]”. (Deleuze & Guattari,
2008) e permitir caminhar juntas essas duas áreas que se afinam e se prolongam uma
na outra. Nesse devir arte da ciência, essa operação de propor uma composição
artística que perpassasse o relato cientifico, gerou combustível para uma produção
incólume, rearranjada em novas camadas e que, de maneira instigante, conseguiu
subverter as formas de limite da visão humana, permitindo perceber sutilezas do
mundo micro, aparentemente abstrato, poeticamente.
Póiesis ciência e arte: um acolhimento romântico.
O conceito de Colonies e Petri (Colônias e Pratos) surgiu mediante a parceria entre o
bioengenheiro Tal Danino e o artista brasileiro Vik Muniz, no M.I.T. Essa parceria tinha
o pretexto de criar imagens a partir da experimentação com microrganismos bio-
manipulados e, segundo o biólogo, essa ideia surgiu enquanto observava como as
colônias de E. coli se comunicavam entre si, emitindo uma espécie de
bioluminescência quando atingiam um determinado padrão de densidade.
Tal Danino diz, em entrevista que, enquanto pesquisava e via aquela gama de cores
lembrou das aulas de arte que tivera na faculdade. Já para Vik Muniz que sempre
gostou de experimentações artísticas, o diálogo entre arte e ciência pode gerar uma
“combinação exata entre matéria e significado”. E como a ciência também precisa
elaborar e construir seus objetos, a criatividade se torna um fator importante na
elaboração do pensamento cientifico. Nessa parceria, “a fluidez do processo artístico
complementava o método científico – e vice-versa”.
A coleção Colonies é composta de obras fotográficas de grandes dimensões imitando
estampas de papel de parede e a Petri, é uma coleção de pratos comercializada pela Le
Maison Bernaudaud pelo valor aproximado de 430 Euros, limitados a uma produção de
2500 produtos e cujo valor das vendas é revertido para a continuidade das pesquisas
do câncer.
Vik Muniz segue com a sua arte de subverter materiais enquanto Tal Danino dá
continuidade aos estudos com as bactérias. Os pratos, produto da parceria arte-ciência
no M.I.T, podem ser adquiridos pela internet e entregues pela Bernaudaud, sem
restrições.

Conclusão:
Segundo Deleuze & Guattari toda matéria tem possibilidade de expressão e cabe aos
artistas captar esse algo ainda latente, mesmo que se use de fabulações para isso.
Nesse caso, as obras resultantes dessa parceria no M.I.T. servem também para
apresentar uma outra faceta da ciência, aquela capaz de “forjar [...] instrumentos”
(DELEUZE, 2000) para criar uma maneira de subverter algo esteticamente repugnante
e se permitir parcerias, inclusive com a arte, na intenção de uma expansão e re-
afirmação da vida.
Referências bibliográficas:
GIANNOTTI, J. A. Lições de Filosofia Primeira. São Paulo: Companhia das Letras, 2011.
DELEUZE, Gilles. A Ilha Deserta e outros textos. Org. Lapoujad, David. São Paulo:
Editora Iluminuras, 2008, p. 296.
DELEUZE, Gilles: Uma vida filosófica. Org. Alliez, Éric. São Paulo: Editora 34, 2000, p.
325.
Revista da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, n.14, Lisboa, Edições Colibri,
2001, pp. 107-115.
Sites pesquisados:
https://www.ted.com/talks/tal_danino_we_can_use_bacteria_to_detect_cancer_and
_maybe_treat_it/transcript?language=pt-br
http://www.taldanino.com/colonies/
http://www1.folha.uol.com.br/ciencia/2015/03/1609481-bacterias-modificadas-
conseguem-denunciar-cancer-no-xixi-e-fazer-arte.shtml
http://thecreatorsproject.vice.com/pt_br/blog/colonias-vik-muniz-e-tal-danino-
transformam-celulas-vivas-em-arte
http://static1.squarespace.com/static/53c6cea1e4b0026518235501/t/553f76ace4b0e
208629330ce/1430222508814/Petri+Collection-+Vik+Muniz.PDF
Coleção Petri: Seis pratos de 10.6” ou 26cm, cada. Le Maison Bernaudaud.

Coleção Colonies: Flowers (vaccinia virus) Pattern, 2014 - C-Print Digital - 180x180cm

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