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É uma
artista intermídia e fotógrafa. Formou-se em arquitetura pela Universidade
Federal de Minas Gerais (1986) e em artes plásticas pela Escola Guignard
(1987). No final da década de 1980, começou a criar suas primeiras obras, que
têm como base fotografias de álbuns de família. Entre 1991 e 1993, integra o
Visorama, grupo de estudos de arte contemporânea. Titulou-se doutora em artes
pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (1997).
Segundo Ronaldo Entler (2009) o que se convencionou chamar de
fotografia contemporânea é uma postura que, embora se desenrole em
diferentes direções, parte da tentativa de se posicionar de maneira mais crítica
e consciente diante do meio. É justamente essa postura que caracteriza a
produção artística de Rosângela Rennó que aborda diversas discussões acerca
da natureza da imagem em suas fotografias, objetos, vídeos e instalações. A
artista se interessa particularmente pelo sistema de atribuição de valor dado à
imagem fotográfica (valor estético, documental, afetivo, simbólico etc.) e pelos
usos sociais que são feitos dela.
A localização histórica de sua produção de seu já diz praticamente tudo:
em duas décadas, a artista atravessou as linhas de pesquisa estética que
mudaram a fisionomia da produção contemporânea brasileira. De saída, estudou
e compreendeu o estatuto político da fotografia e também protagonizou o
reconhecimento da fotografia dentro do campo da arte, que até o final dos anos
80, ainda afirmava a superioridade das formas tradicionais (notadamente a
pintura e a escultura) sobre as investigações técnicas da imagem. Com as
características mencionadas acima, o arco ontológico dessa artista abrange
desde a catalogação até o jogo de relações espaciais colocado na foto-
instalação.
O meio expressivo usado por Rosângela Rennó em seus trabalhos é,
quase sempre, a fotografia, embora se valha, por várias vezes, de texto ou vídeo.
Raramente, porém, a artista fotografa. Prefere ater-se ao vasto inventário de
imagens já existentes e encontráveis em qualquer parte, investigando, de modos
os mais diversos, os seus possíveis e instáveis significados na organização da
vida em comum, quer no campo do conflito, quer no do afeto. Há pressuposto,
nesse procedimento, não apenas o fato de que fotografias são arquivadas, mas
também o intento de desvelar a ética que comanda a produção e o uso dessas
tantas imagens. Sem a pretensão de certeza que o discurso científico reivindica,
ela elabora uma arqueologia e uma genealogia da fotografia, situando-a como
parte integrante de um sistema de saberes e valores que ancora formas de poder
em sociedade, as definidas como as difusas. Talvez a principal estratégia
utilizada para tanto seja apresentar as fotografias que coleta em lugares distintos
– e que escolhe por motivos variados – de uma maneira que cause
estranhamento a quem as olhe, ainda que sejam conhecidas ou banais: “é
quando tornadas opacas por esse deslocamento que essas imagens podem,
afinal, ter seus sentidos renovados” (RENNO, 2003, p. 10).
Tadeu Chiarelli (2002) afirma que a produção de Rosângela Rennó, assim
como a de outros artistas da época, é uma “fotografia contaminada” que
manipula o processo e o registro fotográficos, contaminando-os com sentidos e
práticas oriundas de suas vivências, assim como com o uso de outros meios
expressivos. Para ele, esses artistas são comprometidos com a produção de
uma arte alheia aos purismos dos cânones, mas sempre preocupada com seu
tempo e lugar. Ele também afirma que no caso de Rosângela Rennó isso
acontece através de uma denuncia das impossibilidades de uma maior
identificação com o outro.
Referencias