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INTRODUÇÃO .......................................................................................................................... 2
CONCLUSÃO ............................................................................................................................ 9
BIBLIOGRAFIA ...................................................................................................................... 10
INTRODUÇÃO
A vida quotidiana do homem, como fermento do amor de Deus que actua dentro da família,
da escola, no trabalho, dentro da vida social e civil é a contribuição especifica dos homens
para a justiça; ao que se deve acrescentar a perspectiva e o significado que eles podem aos
esforços humanos. Por isso que o Bem Comum neste trabalho, suscita num tanto preocupante
a atenção do grupo enfocando-o como método e finalidade social, na perspectiva do dever
como a tal causa que anime e ensine os homens a levar a vida em sua realidade global e
conforme os princípios da moral pessoal e social, que se expressa num testemunho humano
vital.
J. Maritain (1964) com efeito observa que aparecem claros obstáculos a esse progresso que
desejamos para nós mesmos e para os outros. O método educativo ainda vigente muitas vezes
em nossos tempos fomenta um fechado individualismo. Uma parte da família humana vive
como que submergida numa mentalidade que exalta a possessão. A escola e os meios de
comunicação, obstaculizados muitas vezes pela ordem estabelecida, permitem formar o
homem como esta mesma ordem deseja, isto é, um homem à sua imagem; não um homem
novo, mas a reprodução de um homem tal qual.
Portanto, com esta breve problematização do tema “A Ideia do Bem Comum: Principio
Educativo Para a Convivência Social do Ser Humano”, introduzimos este trabalho abordando
o ser humano em sua essência como formado através de seu convívio com a sociedade,
levando em conta a internalização das diversas aprendizagens e experiências. Igualmente
olhamos para essas relações sociais e subjectividades que, unidas à cultura criam e
desenvolvem a identidade, que por sua vez muda e influencia o ambiente.
O trabalho proposto tem como objectivo captar a imagem teleológica da acção educativa das
sociedades como sendo o Bem Comum, que deve constituir a moral de todo grupo social.
Assim como o entende Durkheim. Ele acreditava que a sociedade seria mais beneficiada pelo
processo educativo, sendo o mesmo, uma socialização da jovem geração pela geração adulta
(Durkheim:1887, p47) Nessa concepção as consciências individuais são formadas pela
sociedade. Portanto, as normas e princípios - sejam morais, religiosos, éticos ou de
comportamento devem no nosso caso, balizar a conduta do indivíduo num grupo instruindo-O
para o bem comum. A metodologia usada é composta duma análise teórica e uma revisão
bibliográfica. A partir disso conclui-se que a educação reproduz ideologias da sociedade e tem
poder de influenciar na formação da identidade do indivíduo o qual carrega seus valores e
conhecimentos adquiridos para suas relações sociais para a vida toda.
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1. O BEM COMUM: ORIENTAÇÃO ÉTICA DA REALIDADE E CONVIVÊNCIA
SOCIAL
O tema do bem comum é um dos temas mais frequentes, talvez no magistério da Igreja sobre
a ordem social. Torna-se ponto chave da doutrina social da Igreja. Se a Caridade é o
horizonte religioso motivacional e a Justiça a mediação ética da caridade política, o Bem
Comum constitui a configuração ideal da realidade social, entende a Comissão de J&P de
Mozambique (Doc. Sinodal da Comissão Justiça e Paz de Mozambique)
Uma vez que na parte concreta da ética social (económica, política etc.) aborda-se nesta obra
várias vezes o tema de Bem Comum, reduzimos aqui neste trabalho a consideração a algumas
aproximações de carácter sintético e global.
1.1. Definição
Antes de dizer o que é o bem comum, diremos a priori aquilo que não é.
O bem comum não é a somatória dos bens desejados e buscados individualmente, nem o que
concerne a cada um na busca de obter aquilo que se deseja. O bem comum não é nem mesmo
aquilo que a colectividade impõe de modo totalizante e que não considera ou absolutamente
elimina a atenção a cada cidadão e à autonomia individual.
Mas sim, O bem comum diz respeito à realização última das capacidades individuais, seja em
relação a cada indivíduo em particular, seja no grupo (WARD & HIMES, 2014), o bem
comum é restritamente conexo à justiça social e à igualdade. Através da opção preferencial
pelos pobres, o bem comum está a serviço da busca de uma maior igualdade, através de um
empenho firme e eficaz para reduzir e, oxalá, eliminar a causa da injusta desigualdade e para
promover o bem comum em nível global.
Na tradição e reflexão católicas, o bem comum depende tanto da fé cristã, que se preocupa
com o bem de cada um, quanto da reflexão racional sobre a experiência humana, partilhada
por cada um, independente de toda a diferença cultural, religiosa, linguística, social e política.
Deste modo, o bem comum é, ao mesmo tempo, específico da tradição católica cristã e
caracterizante da experiência humana, além de toda a diferença histórica, cultural, religiosa,
política e social.
Em segundo lugar, o bem comum é considerado um bem público, isto é, um bem de todos,
que é disponível a cada membro da comunidade civil para todos, ou para ninguém. Por
exemplo, quando um Estado está em paz, a paz é um bem público, pertence a todos e todos se
beneficiam, sem exclusão. Ao contrário, se a paz é uma ameaça por alguma guerra, ninguém
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pode beneficiar-se. Isto pode ser afirmado também por outros bens públicos: a saúde, o
trabalho, o ambiente ecológico sadio, a beleza natural e a fertilidade da natureza. Além disso,
o bem comum fundamental, e o bem público por excelência, diz respeito à pertença de cada
indivíduo à comunidade humana e a certeza de que não pode ser excluído dela. Finalmente
ocorre precisar que há a responsabilidade em proteger e promover tais bens públicos,
garantido o acesso a cada um, daqui fundamentamos a sua objectividade como pano de fundo
da acção educativa de toda sociedade, seja formal ou informal. (OROBATOR, 2010)
- Função teleológica: o Bem Comum é uma meta a perseguir. Através desse conceito, a
teleologia da sociedade converte-se em normativa ética. O Bem Comum é a expressão da
normatividade da realidade social. (ibidem)
-Função verificadora: o bem comum representa o modelo para fazer realidade histórica a
normatividade ideal. Por isso mesmo, o Bem Comum necessita ser expresso mediante
realidades concretas; de outra sorte não desempenha o papel que lhe esta reservado na
formulação da ética social. (ibidem)
- Polo individualista: o bem comum não consiste em bens particulares. Os bens individuais,
nem isoladamente tomados nem formando uma soma, não podem constituir o Bem Comum.
Este é um bem específico, não homologavel aos bens particulares. Ainda, estes unicamente
existem dentro da realidade do Bem Comum.
-Polo colectivista: o Bem Comum não é bem substantivado e separado dos indivíduos.
Quando se pretende hipoestesiar o Bem comum identificando-o com o bem de um Todo (raça,
partido, grupo etc.,.) cai-se radical na radical injustiça do totalitarismo e tirania.
O Bem Comum é o bem das pessoas enquanto estas estão abertas entre si na realização de um
projecto unificador que beneficia a todos.
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A noção de bem Comum assume a realidade do bem pessoal e a realidade do projecto social
na medida em que as duas realidades formam uma unidade de convergência: a Comunidade.
O bem comum é o bem da Comunidade.
Assim, neste capítulo apresentamos uma breve história sobre o andamento da legitimidade e
teleologicidade do Bem Comum no mundo educativo-académico desde antiguidade aos nosso
tempo, em que se justifica a teleologia da necessidade da junção do homem com os outros na
sociedade e que a educação ministrada para a sua participação na mesma, vise promover a
continuidade do Bem Comum.
A deia do bem é a fonte do conhecer, do ter e do ser e, portanto, de todas as outras ideias,
como é indicado no mito da caverna (PLATÃO, VII, 514 b–520 a). O bem em si permite
precisar a eudaimonía, isto é a capacidade de conduzir uma vida boa, feliz, virtuosa. Portanto,
para Platão, o bem é o bem comum. A reflexão sobre a vida boa na polis depende da polis
ideal da qual a polis concreta é só uma aproximação.
Para Aristóteles (384-322 aC), a política consente definir aquilo que é o bem para o ser
humano. “O bem é aquilo ao que todas as coisas tendem” (ARISTÓTELES, I, 1, 1094a, 3) e o
tratado sobre o bem é um tratado de política (ARISTÓTELES, I, 2, 1094b, 11). Por
consequência, o bem do ser humano, qual animal social, político (zôon politikón), é
inseparável daquele da polis (Cidade-Estado-Sociedade). É só na polis que a vida boa e
virtuosa do corpo social é possível.
Tanto Platão como Aristóteles situam o tema do bem em um contexto político, e situam a
relevância do mesmo no processo educativo. O bem compreende a colectividade, todos
aqueles que são considerados cidadãos.
Com Marco Túlio, Cícero (106-143 aC) traz uma visão crítica do bem público (res
pública) porque, nos dez anos que precedem o nascimento de Jesus, o império romano não
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possui a capacidade de tender ao bem público, comum, necessário para ser povo. Não
obstante isso, o bem pessoal e social são inseparáveis (Cícero I, 25,39). (HOLLENBACH,
2002, p.122). Tanto para Cícero, como para Aristóteles, a igualdade entre os cidadãos não é
inanimada.
Em conclusão, para Agostinho o bem comum terreno é imagem do bem comum celeste.
Enquanto, por um lado, ele dessacraliza a política e insiste sobre a transcendência da cidade
de Deus, por outro, ele tutela a capacidade do âmbito político de se tornar uma parcial e
imperfeita encarnação do bem humano total e de perseguir os bens, entre os quais os bens
comuns que caracterizam a cidade terrestre.
Tomás de Aquino, (I, q. 13, a. 9) esclarece, definindo o bem comum de três modos:
primeiro, o bem comum é o bem que diz respeito a cada pessoa, que é predicável a cada um
(por exemplo, a natureza humana é comum a todos); segundo, o bem comum é aquele
partilhado por todos e que pertence a todos (por exemplo, a vitória por um exército); terceiro,
o bem comum define os bens comuns de utilidades, que são ligados à justiça distributiva, isto
é, que dizem respeito à distribuição dos bens a serviço do bem comum (por exemplo,
dinheiro, água e recursos médicos). Enfim, na comunidade política, estes três significados de
bem comum são inseparáveis porque cada pessoa consegue a felicidade (um bem
predicamente comum) só como parte da ordem civil (um bem causal comum), que é mantido
por uma justa distribuição dos bens comuns de utilidade (FROELICH, 1989, p.55).
A Doutrina Social Católica pede de cada crente, ou melhor, de cada cidadão, um agir
com justiça. Neste sentido, as encíclicas sociais, algumas de modo explícito, outras
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implicitamente, se voltam a todos os homens de boa vontade para reafirmar os direitos e
deveres de cada um e para convidar a trabalhar juntos por uma sociedade mais justa
(CURRAN, 2002, p.40).
Para o Papa Pio XI, na Encíclica Quadragesimo anno (1931), a autoridade pública declara o
que pode ser considerado o bem comum (PIO XI, 1931, n.49).
O Papa João XXIII, na Encíclica Mater et magistra (1961), afirma que o Estado existe para
organizar o bem comum, com a responsabilidade de promover a justiça social (GIOVANNI
XXIII, 1961, n.12 e 41).
Portanto, esta curta história não é o todo que pode ser dito sobre a necessidade de educar o
homem para não usufruir do bem comum, mas também para o cuidar e nome de todos e de
cada um. Assinando já o nosso trabalho, vamos destacando a modo linhas gerais conclusivas,
certos aspectos de carácter inequívocas a ter-se em conta no processo de compreensão e
análise do Bem Comum como princípio educativo do ser humano para convivência social.
Aspectos como…
“Toda actividade política e económica do Estado serve para realização duradoura do bem
comum, ou seja, das condições externas que são necessárias ao conjunto dos cidadãos para o
desenvolvimento de suas qualidades e de suas funções, de sua vida material, intelectual e
religiosa”
“O conceito de Bem Comum abarca todo um conjunto de condições sociais que permitam aos
cidadãos o desenvolvimento rápido e pleno de sua própria perfeição”
“Actualmente considera-se que o bem comum consiste principalmente na defesa dos direitos e
deveres da pessoa humana”
“o bem comum abarca o conjunto daquelas condições de vida social com as quais os homens,
as famílias e as associações podem conseguir com maior plenitude e facilidade sua própria
perfeição”
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O conteúdo do Bem Comum não se restringe aos valores económicos, mas abarca os âmbitos
da vida social: o complexo de bens, fins e condições que interessam a todos e dos quais todos
podem participar.
- Carácter pluralista; o Bem Comum tem uma tradução concreta de cunho democrático-
educativo e pluralista da sociedade.
-Carácter dinâmico: qualquer tipo de educação, seja formal ou informal, nunca deve ser
estático, nela o Bem Comum realiza o seu dinamismo como condição teleológica e utópica.
-Carácter intencional e objectivo: o Bem Comum é obra das vontades (carácter irracional),
Mas também é a realização das estruturas sociais (jurídicas, económicas, culturais, politicas,
etc.,)
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CONCLUSÃO
Enfim, os múltiplos significados do bem comum e as várias dimensões que precisam ser
consideradas para promovê-lo pressupõem que os cidadãos se esforcem para viver com
virtuosidade. Além disso, são necessárias várias iniciativas políticas – no nível de grupos,
associações, instituições, nações e organismos internacionais – e elas devem ser avaliadas à
luz dos dados e análises que as ciências sociais e políticas oferecem sobre a situação social,
política e produtiva contemporânea, seja no nível dos países seja no nível mundial.
Chegamos na parte final do nosso trabalho e já quase estamos com o vocabulário esgotado, ou
seja, que o rigor de uma acção educativa fundamentada na finalidade do bem comum para a
convivência saudável das sociedades, deixa-nos a este ponto já sem vocábulos certos que
orientem teoricamente a nossa percepção, mas sim, nos deixa um legado justificativo duma
prática educativa assente na observância dos direitos humanos, e reconhecimento da
dignidade humana e soberania dos Estados.
Enquanto entanto, a tudo o que foi dito e aquilo por dizer, o grupo descasca a curiosidade de
saber como esse bem comum como princípio educativo do homem para convivência social
pode ser evidenciado nas nossas sociedades actuais, isso entendemos que nas sociedades
contemporâneas, buscar e promover o bem comum, requer a participação e colaboração de
todos os cidadãos, a reformulação do sistema educativo global, no contexto social pluralista.
Além disso, são necessários compromissos políticos para enfrentar as muitas desigualdades
que afligem diferentes sociedades em nível mundial. Diferentes religiões têm o potencial e a
responsabilidade de contribuir para a promoção do bem comum (VOLF, 2015; 2011).
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BIBLIOGRAFIA
ARISTOTELE. Ética a Nicomaco.
CICERONE, M. T. De República.
PLATONE. Repubblica.
VOLF, M. Flourishing (2015). Why We Need Religion in a Globalized World. New Haven:
Yale University Press,
WARD, K.; HIMES, K. R. ‘Growing Apart': The Rise of Inequality. Theological Studies, v.
75, n. 1, p.118-32, 2014.
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