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3 UNIDADE 1 - Introdução
4 UNIDADE 2 - O meio ambiente e as empresas
5 2.2 Fatores externos que induzem respostas das empresas
15 UNIDADE 4 - Auditoria
15 4.1 Evolução
SUMÁRIO
16 4.2 Conceitos e objetivos
22 4.5.1 Objetivos
35 UNIDADE 5 - Perícia
35 5.1 Noções básicas – Perícia e Peritos
41 REFERÊNCIAS
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UNIDADE 1 - Introdução
descobre que sua parte dos custos dos Ocorre que na falta de incentivos capa-
desperdícios que descarrega nos recursos zes de induzir à internalização dos custos
comuns é muito menor que o custo de puri- ambientais por parte das empresas, elas
ficar seus desperdícios antes de desfazer- somente interromperiam a geração de
-se deles. Já que isto é válido para todos, contaminações quando essas externali-
estamos aprisionados em um sistema de dades ambientais negativas deixassem de
‘sujar nosso próprio ninho’, e assim pros- gerar benefícios privados. Segundo Har-
seguiremos, embora atuemos unicamente din, uma das formas de ação possíveis é a
como livres empresários, independentes e utilização de leis coercitivas ou mecanis-
racionais. mos fiscais que tornem mais barato para o
contaminador tratar os resíduos antes de
Quando se explora o meio ambiente,
desfazer-se deles sem tratá-los. Ou seja,
que é um bem comum, buscando o benefí-
a regulação, as instituições ambientais, a
cio privado, podem ser causados impactos
pressão das comunidades e as exigências
ambientais que afetam negativamente o
do mercado são formas de tornar mais con-
bem-estar de outras pessoas que não têm
veniente ao empresário (e mais barata) a
relação com quem os gera. Esses impactos
adoção de mecanismos prévios que evitem
constituem custos externos, ou externali-
a contaminação.
dades, para as empresas.
em dois grandes grupos: o tipo comando e sua vez, gerariam benefícios públicos adi-
controle, e outro que é a adoção de instru- cionais como o aumento do emprego e do
mentos econômicos. Pelo primeiro méto- bem-estar social.
do, mais tradicional, o Governo estabelece
Mas o Estado e o seu poder regulador
regulamentações para o uso dos recursos
não é o único incentivo que têm as empre-
ambientais e passa a fiscalizar o cumpri-
sas para melhorar seu desempenho am-
mento da legislação, punindo os eventuais
biental. Além das pressões geradas pela
infratores (multas e até o fechamento da
regulação formal, há uma resposta am-
empresa); baseia-se, portanto, na pres-
biental das empresas com a diminuição da
são normativa de padrões estabelecidos.
contaminação gerada motivada por dife-
Logo, a decisão da empresa de reduzir ou
rentes fatores, entre os quais: pressões da
não a contaminação dependerá da diferen-
comunidade, de diferentes grupos organi-
ça entre os custos que poderão ser abati-
zados, do mercado, dos consumidores, dos
dos e o valor das multas ou dos custos de
fornecedores, etc.(DIAS, 2009).
um fechamento temporário da empresa
(DIAS, 2009). Alguns exemplos da atuação do Estado
no controle da poluição:
Pelo outro método, com a utilização dos
instrumentos econômicos, os preços dos a) em novembro de 1995, a Fiat do Bra-
bens ambientais devem refletir, o mais cor- sil foi multada em R$ 3,9 milhões pelo IBA-
retamente possível, os valores que lhes MA por não atender aos padrões legais de
sejam imputados pela sociedade, de forma emissões veiculares, que eram exigidos
que se possa cobrar adequadamente pelo desde 1987 para os veículos novos que sa-
uso desses bens, seja de forma direta, seja íam das montadoras, que tinham de aten-
de forma indireta, via taxas, subsídios, etc. der aos padrões do Programa de Controle
A empresa decide, por exemplo, entre con- da Poluição do Ar por Veículos Automoto-
taminar e pagar a taxa, ou descontaminar e res (Proconve). Segundo o órgão do gover-
incorrer nos custos de redução da emissão no, o modelo Uno Mille Electronic utilizava
de contaminantes. dispositivos que mascaravam os níveis
de emissão de poluentes e permitiam um
O fato é que nem sempre as medidas
maior rendimento do motor, o que provo-
de controle da contaminação geram cus-
cou um aumento de emissão acima do per-
tos. As intervenções do governo que es-
mitido em lei (GRAMACHO, 1995);
timulam investimentos de controle ou de
prevenção da contaminação, que geram b) em setembro de 1995, a Rhodia In-
custos iniciais, contribuem para melhorar dústrias Químicas e Têxteis foi condena-
as condições de competitividade das em- da por depositar lixo químico a céu aberto
presas e das cidades em que se situam. na região continental de São Vicente (SP).
Para que isto ocorra, além dos benefícios Segundo a sentença, a Rhodia teria que in-
ambientais, estes investimentos devem denizar o Fundo de Reparação do Meio Am-
gerar também benefícios privados. Entre biente do Estado de São Paulo em mais de
os benefícios privados estão os relaciona- 8 milhões de reais. Além disso, a empresa
dos com o melhoramento das condições de seria obrigada a remover os resíduos, iso-
competitividade das empresas. Eles, por lar o solo contaminado e repor terra boa
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ridas situações, ou até mais, são os gastos Com a dinâmica dos negócios, os pas-
requeridos para retração da imagem da sivos ambientais devem ser tratados com
empresa e de seus produtos, essencial- muita atenção e devem fazer parte da
mente, quando tais eventos são alvo da tomada de decisões das organizações na
mídia e da atenção dos ambientalistas e aquisição de outras empresas, na forma-
ONGs. ção de cluster, nas fusões, nas análises de
riscos do negócio, na venda da empresa e
O IBRACON, segundo NPA 11 – Balanço
na concepção de novos produtos, dentre
e Ecologia – conceitua o Passivo Ambien-
outras transações pertinentes ao assun-
tal como toda agressão que se praticou/
to.
pratica contra o meio ambiente e consiste
no valor dos investimentos necessários Passivo ambiental é todo gasto decor-
para reabilitá-lo, bem como multas e inde- rente da conservação ou recuperação do
nizações em potencial. meio ambiente. Nesse contexto pode-se
citar: as multas decorrentes das infrações
O passivo ambiental, como qualquer
cometidas contra o meio ambiente, os
passivo, está dividido em capital de tercei-
investimentos em mão de obra especia-
ros e capital próprio, os quais constituem
lizada em gestão ambiental, campanhas
origens de recursos da entidade. Santos
populacionais através de programas de
et al. (2001) citam os seguintes exemplos
incentivo a conservação do meio ambien-
de origens:
te, treinamentos dos funcionários, etc.
bancos – empréstimos de institui- com o intuito de preservar e recuperar o
ções financeiras para investimento na ambiente danificado ou que poderá vir a
gestão ambiental; se danificar.
fornecedores – compra de equi- Ribeiro (2005, p. 75 e 76) diz que pas-
pamentos e insumos para o controle am- sivo ambiental se refere aos benefícios
biental; econômicos ou aos resultados que serão
sacrificados em razão da necessidade de
governo – multas decorrentes a in-
preservar, proteger e recuperar o meio
fração ambiental;
ambiente, de modo a permitir a compati-
funcionários – remuneração de bilidade entre este e ao desenvolvimen-
mão de obra especializada em gestão am- to econômico ou em decorrência de uma
biental; conduta inadequada em relação a estas
questões.
sociedade – indenizações ambien-
tais; A origem dos passivos ambientais ocor-
rem dentro de algumas empresas através
acionistas – aumento do capital
das suas atividades operacionais que im-
com destinação exclusiva para investi-
plicam na destruição ou consumo de ele-
mentos em meio ambiente ou para paga-
mentos da natureza. Outros passivos am-
mento de um passivo ambiental;
bientais podem surgir antecipadamente a
entidade – através de destinação um possível acidente ecológico e trazem
de partes dos resultados (lucro) em pro- um retorno positivo no sentido de reco-
gramas ambientais. nhecimento social para a entidade. Outras
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por força legal ou pelo conservadorismo. explicativas e sim como objeto de compa-
No caso das estimativas (provisões) ela ração entre exercícios atuais e anteriores.
poderá ser feita quando houver dificulda- Esta norma estabelece procedimentos
de de avaliar o total do Passivo Ambiental para demonstração de informações am-
e terá como base as experiências anterio- bientais e sociais e salienta que nenhuma
res da empresa ou conhecimentos sobre organização está obrigada a elaborar ou
técnicas e legislação (RIBEIRO, 2005). divulgar Informações de Natureza Social
ou Ambiental, mas as que optarem, deve
3.1 Classificação e mensu- seguir as regras estabelecidas pela Norma
ração citada.
De acordo com Paiva (2003), podem De acordo com o item 1.5.1.3. da Reso-
existir dois tipos de passivos ambientais, lução CFC nº 1.003/04, a Demonstração
classificados por normais e anormais, sen- de Informações de Natureza Social e Am-
do que os normais são gerados no proces- biental, ora instituída, quando elaborada,
so produtivo, como por exemplo, fábricas deve evidenciar os dados e as informações
que exalam por suas chaminés gases tóxi- de natureza social e ambiental da entida-
cos e poluentes; uma maneira para ame- de, extraídos ou não da contabilidade, de
nizar essa exalação seria a utilização de acordo com os procedimentos determina-
filtros nas chaminés ou trocar os insumos dos por esta norma.
por outros menos poluentes. Os passivos Segundo a NBC T 15 (Informações de
anormais são aqueles que não são previs- Natureza Social e Ambiental) as informa-
tos como, por exemplo, a liberação de ga- ções que possui caráter ambiental e social
ses poluentes ou líquidos ocasionados por são:
um fenômeno natural (terremotos, mare-
motos, raios, etc.). interação com o meio ambiente;
UNIDADE 4 - Auditoria
tos das normas de proteção ambiental; ria ambiental, ou seja, a ordem dos eventos,
subsidiar a administração, para fins coleta de indícios e registro de conclusões;
deliberativos, através dos resultados das f) o procedimento para relatórios das con-
auditorias efetuadas. clusões da auditoria ambiental aos respon-
O programa para efetivação dos tra- sáveis pela área ou atividade avaliada e a
balhos da auditoria ambiental, inclusive o identificação dos responsáveis pelas ações
cronograma das atividades, deverá ter por corretivas relacionadas às deficiências re-
base a relevância ambiental das atividades latadas. O relatório deve incluir: conformi-
da organização, envolvendo, também, os dade ou não conformidade do SGA com as
resultados anteriores respaldados nos rela- exigências; eficácia do SGA no cumprimento
tórios de auditoria (VITERBO JÚNIOR 1998). de objetivos e alvos; acompanhamento das
Na concepção de Gilbert (1995), para que conclusões de auditorias anteriores e con-
um programa de auditoria possa testar a clusões e recomendações.
eficácia de um Sistema de Gestão Ambien- A figura abaixo mostra o processo de atu-
tal (SGA), ele deve abordar pelo menos os ação da auditoria ambiental, considerando
seguintes fatores: todo o ciclo produtivo, ou seja, a abrangên-
a) as atividades e áreas específicas a cia dos procedimentos de auditoria ambien-
serem avaliadas, inclusive: tal.
a estrutura organizacional, funções e
responsabilidades;
os procedimentos de operação e ad-
ministração das atividades;
as atividades e processos na área de
trabalho;
os procedimentos operacionais e re-
gistros; e,
Fonte: Oliveira filho (2002, p. 46).
o desempenho ambiental.
b) o cronograma da atividade de audito- Segundo vários autores que descrevem o
ria ambiental. As auditorias são estabeleci- processo completo das auditorias ambien-
das com base na importância da atividade e tais, essa se compõe basicamente de três
no resultado de auditorias ambientais ante- etapas que se assemelham às auditorias
riores; financeiras: preparação ou pré-auditoria;
c) definições de quem é responsável pela instalação ou atividade de campo (auditoria
atividade de auditoria em cada área; propriamente dita); e, a atividade de pós-
d) definições dos critérios para a equipe -auditoria ou registro das constatações/ re-
que realiza as auditorias ambientais. Os au- latório (SILVA; ASSIS, 2003).
ditores devem ser independentes das áreas Começa-se por estabelecer os objetivos
que estão sendo avaliadas; possuir alguma determinados pelos auditados, delimitam-
perícia na disciplina relevante e ser apoia- -se o campo de atuação e de realização,
dos por especialistas sempre que necessá- o objeto a ser auditado e o período de sua
rio; realização (escopo). A partir dos objetivos
e) o protocolo para realização da audito- e escopo, estabelecem-se os critérios cor-
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postura por parte dos órgãos ambientais cionais, quais sejam, a proteção do meio
na fiscalização de potenciais poluidores. ambiente e a garantia de que nenhuma
De igual forma, não há auditores profis- pessoa, física ou jurídica, é obrigada a fa-
sionais capacitados sobrando no merca- zer prova contra si.
do, justamente porque não há demanda, Por certo, a auditoria ambiental com-
já que inexiste o hábito, por parte dos pulsória, devidamente regulamentada,
gestores empresariais, de buscar audito- haverá de se transformar em um dos mais
rias voluntárias, o que acaba por se tornar eficientes instrumentos da efetiva aplica-
prejudicial ao meio ambiente. ção prática do princípio da prevenção am-
É passível de verificação que em em- biental:
presas que investiram na divulgação de 1. por ser uma ferramenta de
seus resultados ambientais, passaram uso prático e adequado a qualquer empre-
a adquirir maior credibilidade perante o endimento, podendo seus resultados ser
mercado, tornando-se referência para vislumbrados de imediato;
outras empresas, assim como fortalece- 2. porque passa a ser uma fer-
ram sua imagem perante os acionistas e ramenta de gestão ambiental de baixo
representantes de instituições técnico- custo e com possibilidade de aplicação por
-científicas, propiciando uma melhor ima- qualquer companhia, numa relação direta
gem e, consequentemente, uma maior custo/benefício, o que se torna bem atra-
confiabilidade. tivo para o empreendimento, consideran-
Há boas perspectivas com relação do seu resultado preventivo;
à ampliação da legislação envolvendo 3. pela importância da preser-
ou determinando auditorias ambientais vação ao meio ambiente natural, já que
compulsórias em todo território nacional, serão aplicadas justamente nas indús-
estando inclusive tramitando projeto de trias, nas empresas citadas como os entes
lei para sua instituição em empresas com com maior potencial poluidor ao meio am-
determinado risco ou produto. O estado, biente.
por sua vez, tem se socorrido de algumas É importante uma discussão que
assessorias particulares, mas na grande contemple uma mudança legislativa e que
maioria das vezes, buscam-se nas univer- considere a possibilidade de apresenta-
sidades as auditorias ambientais indepen- ção e divulgação dos resultados da au-
dentes (DALL'AGNOL, 2008). ditoria, por meio de seus relatórios, sem
Indubitavelmente, a auditoria am- que estes sejam levados em consideração
biental compulsória é a ferramenta que para efeitos de incriminação das empre-
melhor representa a instrumentalização sas que os produziram. A proposição seria
do princípio da prevenção. Contudo, a sua de criar uma espécie de anistia, pelo me-
aplicação nos termos da nossa legislação nos por um tempo, e para determinadas
vigente, acaba por gerar uma problemáti- empresas, dando condições de ajustar as
ca significativa, de ordem Constitucional, não-conformidades ambientais detecta-
pois cria um impasse de grandes propor- das nos relatórios de auditoria, com vistas
ções quando passam a um conflito direto ao incentivo a uma nova cultura e cumpri-
com as Garantias Fundamentais Constitu- mento da legislação de forma voluntária.
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Seria difícil empreender uma fiscalização ria do sistema de gestão ambiental, quais
a todas as empresas. Contudo, ao fomen- sejam: etapa 1 (início da auditoria); etapa
tar a aplicação de auditorias ambientais, 2 (preparação da auditoria); etapa 3 (exe-
estaríamos proporcionando um benefício cução da auditoria); e, etapa 4 (elaboração
imensurável ao meio ambiente, que pas- do relatório de auditoria). A norma descre-
saria a ser beneficiado ainda mais com ve procedimentos para cada uma dessas
esse importante instrumento, oportuni- etapas.
zando a prática do princípio da prevenção A NBR ISO 14012 estabelece diretri-
ambiental (DALL'AGNOL, 2008). zes quanto aos critérios que qualificam
um profissional a atuar como auditor e
como auditor-líder ambientais, tanto ex-
4.6 Diretrizes para auditoria terno como interno. É salientado pela
ambiental norma que os auditores internos devem
possuir o mesmo nível de competência
A NBR ISO 14010 é uma norma que dos auditores externos, mas podem não
estabelece os princípios gerais aplicáveis atender a todos os critérios dessa norma,
a todos os tipos de auditoria ambiental. dependendo de fatores como: caracterís-
Está estruturada em três grandes temas: ticas da organização (tamanho, natureza,
definições, requisitos e princípios gerais. complexidade e impactos ambientais) e
A NBR ISO 14010 recomenda como características necessárias para o auditor
requisitos para a realização de uma audi- ambiental (conhecimento especializado e
toria ambiental: experiência).
que o objeto enfocado para ser A norma apresenta definições para:
auditado e os responsáveis por tal objeto auditor ambiental (pessoa qualifi-
devem estar claramente definidos e do- cada para realizar auditorias ambientais);
cumentados; e, auditor-líder ambiental (pessoa
que a auditoria só é realizada se o qualificada para gerenciar e executar au-
auditor-líder estiver convencido da exis- ditorias ambientais);
tência de informações suficientes e apro- diploma (certificado reconhecido
priadas, de recursos adequados de apoio nacion al ou internacionalmente, ou quali-
ao processo de auditoria e de cooperação ficação equivalente, normalmente obtido
ao auditado. após a educação secundária, através de
A NBR ISO 14011 estabelece proce- um período de estudo formal, em tem-
dimentos para condução, especificamen- po integral, com duração mínima de três
te, de auditorias de Sistema de Gestão anos, ou outro período de estudo equiva-
Ambiental. Está estruturada em quatro lente, em tempo parcial); e,
temas: definições; objetivos, funções e educação secundária (etapa do
responsabilidades da auditoria do sistema sistema educacional completada imedia-
de gestão ambiental; etapas da auditoria tamente antes do ingresso em universi-
de sistema de gestão ambiental; e, encer- dade ou instituição similar).
ramento da auditoria. Após as definições, são apresenta-
De acordo com a NBR ISO 14011 exis- dos pela NBR ISO 14012 os critérios de
tem quatro etapas no processo de audito-
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UNIDADE 5 - Perícia
ra, pode haver perícia em qualquer área tem espécies distintas, identificáveis e
científica ou até em determinadas situa- definíveis segundo o ambiente em que é
ções empíricas. (MAGALHÃES, 2006). instada a atuar. São estes mesmos am-
A perícia é a análise mais profunda de bientes que delinearão características
uma atividade, até mesmo através da ex- intrínsecas e as determinantes tecnoló-
periência do profissional, buscando a ver- gicas (o modus faciendi) para o perfeito
dade em relação à natureza específica da atendimento do objeto e dos objetivos
área, sabendo-se que toda atividade pode para os quais se deve voltar. As espécies
ser periciada. É um trabalho de notória es- de perícia detectáveis diante o raciocínio
pecialização feito com o objetivo de obter acima são: a perícia judicial; perícia semi-
prova ou opinião para orientar uma auto- judicial; perícia extrajudicial; e, a pericia
ridade formal no julgamento de um fato. arbitral (SÁ, 2006, ALBERTO, 2002).
É conhecimento e experiência das coisas. A perícia judicial, realizada com enfo-
A função pericial é, portanto, aquela pela que dentro dos procedimentos processu-
qual uma pessoa conhecedora e experi- ais do poder judiciário, pode ser utilizada
mentada em certas matérias e assuntos como meio de prova ou arbitragem devido
examina as coisas e os fatos, reportando suas finalidades precípuas no processo ju-
sua autenticidade e opinando sobre as dicial. Será prova quando no processo de
coisas, essência e efeito da matéria exa- conhecimento ou de liquidação por arti-
minada (ALBERTO, 2002). gos, tiver por escopo trazer a verdade real,
Segundo Sá (2006), a perícia pode ser demonstrável científica ou tecnicamente,
classificada em três grupos dentro de sua para subsidiar a formação da convicção do
área de atuação, sendo eles: a Perícia ju- julgador, e será arbitramento, quando de-
dicial, Perícia administrativa e Perícia es- terminado no processo de liquidação de
pecial. sentença, tiver por quantificar mediante
Nas perícias judiciais o perito é con- critério técnico a obrigação de dar em que
tratado por um juiz para verificar as reais aquele se constituir (ALBERTO, 2002, p.
situações de qualquer empreendimento 53).
que venha solicitar pedido de concordata. A perícia semijudicial é policial nos in-
As perícias administrativas são utilizadas quéritos, parlamentares em comissões
em verificações contábeis para apurar ou especiais e administrativo; tributária
corrupção, fraudes, entre outros fatos na administração pública tributária e con-
que possam ocorrer e, as perícias espe- selhos de contribuintes. São classificadas
ciais, têm como finalidade participar da em semijudiciais porque as autoridades
realização de fusão de sociedades. policiais parlamentares ou administra-
Para Sá (2006), cada grupo classificado tivas tem algum poder jurisdicional, ain-
é utilizado para uma devida área, onde o da que relativo e não com a expressão e
Perito já iniciará seu trabalho direcionado extensão do poder jurisdicional classica-
ao que ele terá que analisar. No entanto, mente enquadrável como pertencente ao
existem ainda quatro tipos de espécie de poder judiciário, e, ainda, por estarem su-
perícia em seu quadro de atuação. jeitas as regras legais e regimentais que
Este instrumento especial, a perícia, se assemelham as judiciais (ALBERTO,
37
varas federais, sendo assim, as condições pede que os assistentes técnicos assinem
de mercado são diversas ao perito judicial. juntos o laudo do perito, quando concor-
Quanto à responsabilidade e perfil do dam com ele. Eles também podem expres-
profissional da perícia judicial ambiental, sar a concordância com o laudo do perito
Kaskantzis (2003 apud JULIANO, 2005), através de petições ou pareceres isolados
explica que ele deverá ser: leal, diligente, Ainda com relação à diferenciação en-
honesto, escrupuloso, cuidadoso, sincero tre perito e assistente técnico, é impor-
e imparcial. Deve também, é claro, apre- tante complementar as informações com
sentar um trabalho de boa qualidade. Ain- relação aos motivos de suspeição e escu-
da utilizando-se as palavras da Kaskant- sa que o perito e os assistentes técnicos
zis, pode-se compreender que diligências, estão sujeito.
são todas as atividades necessárias à con- De acordo com o § único – redação pela
fecção do laudo. As diligências podem ser: Lei 8.455/92 – “A escusa será apresentada
ida a arquivos públicos em busca de docu- no prazo de cinco dias, contados da inti-
mentos, a fim de averiguar fatos de que a mação ou do impedimento superveniente
perícia trata ou pretende fundamentar as ao compromisso, sob pena de se reputar
conclusões do laudo; ouvir testemunho de renunciando o direito a alegá-la”.
pessoas que viram ou acompanharam os O perito verificará se há algum impe-
fatos; vistorias, registradas ou não, com dimento ou suspeição legal. Os motivos
fotos; Reunião com os assistentes técni- de suspeição do perito são os mesmos
cos das partes. dos juízes e os motivos podem ser assim
De acordo com Juliano (2005), as pa- exemplificados: se o perito for parte no
lavras de Kaskantzis são fundamentais, processo; se estiver trabalhando no pro-
porque não existe exclusividade nos ser- cesso com outra função; se alguma das
viços do perito, pois o mesmo não é um partes for parente seu, consanguíneo ou
funcionário da justiça, sendo assim, nada afim, em linha reta ou, na colateral, até o
obriga o juiz a continuar nomeando um terceiro grau; quando pertencer a órgão
profissional que presta um serviço aquém que a parte é causa; não versar sobre a
do que ele deseja. Da mesma forma, caso matéria da perícia; se for amigo íntimo ou
o juiz seja promovido para outro fórum, inimigo capital de qualquer das partes;
e o trabalho seja de qualidade, o perito herdeiro ou empregador de alguma das
poderá ser nomeado neste novo fórum, partes; receber dádivas, antes ou depois
podendo assim, aumentar seu campo de de iniciado um processo; aconselhar algu-
atuação. ma das partes acerca do objeto da causa;
Com relação aos assistentes técnicos interessado no julgamento da causa em
das partes, cada parte tem direito a nome- favor de uma das partes (ROVERI; OLIVEI-
ar um assistente técnico cada uma para RA; PEREIRA, 2011).
poder acompanhar o processo e a atua- Por último, pode-se dizer que, diferen-
ção do perito nomeado pelo juiz. Juliano temente dos peritos e juízes, os assisten-
(2005, p.17) explica que cada assistente tes técnicos não estão sujeitos a suspei-
técnico elabora um laudo, assim como o ção (Art. 422 do CPC). Sendo assim, podem
perito, sobre o mesmo assunto. Nada im- apresentar parentesco com as partes e,
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até mesmo, trabalharem sem receber ho- lito poderá ser feito em qualquer dia e a
norários. qualquer hora. (escolha por caso).
Quem paga os honorários do perito, Art. 146 (CPP) – o perito tem o dever de
é quem solicita a perícia no processo, já cumprir o ofício, no prazo que lhe assina
cada assistente será pago pelas partes a lei, empregando toda a sua diligência;
que os contratou (ALMEIDA, 2008). pode, todavia, escusar-se do encargo, ale-
Quanto a legislação vale lembrar alguns gando motivo legítimo.
artigos:
Requisito técnico
Responsabilidades do perito Nível Superior – artigo 159 § 1º (CPP)
Art. 112 CPP – incompatibilidades e im- - “não havendo peritos oficiais, o exame
pedimentos e nulidade. “O juiz, o órgão será realizado por duas pessoas idôneas,
do Ministério Público, os serventuários portadoras de diploma de curso superior,
ou funcionários de justiça e os peritos, ou escolhidas, de preferência, entre as que
intérpretes abster-se-ão de servir no pro- tiverem habilitação técnica relacionada à
cesso, quando houver incompatibilidade natureza do exame”. § 2º “Os peritos com-
ou impedimento legal, que declararão nos provarão sua especialidade, na matéria
autos. Se não se der a abstenção, a in- que irão opinar, mediante certidão do ór-
compatibilidade ou impedimento poderá gão profissional em que estiverem inscri-
ser arguido pelas partes, seguindo-se o tos”.
processo estabelecido para a exceção de Legislação dos Conselhos Regionais e
suspeição.” Artigo 145, § 1º (CPC), com a redação dada
Art. 147 (CPP) – “o perito que, por dolo pela Lei 7.270/84 diz que “os peritos se-
ou culpa, prestar informações inverídicas, rão escolhidos entre profissionais de nível
responderá pelos prejuízos que causar à universitário, (...)”, aplicando-se por analo-
parte, ficará inabilitado por dois anos, a gia no caso do processo criminal.
funcionar em outras perícias e incorrerá
nas sanções que a lei penal estabelecer”. Necessidade de 02 peritos
Art. 275 (CPP) – o perito, ainda que não O artigo 159 do CPP alterado pela Lei nº
oficial, estará sujeito à disciplina judiciá- 8.862/94 – diz que os exames de corpo de
ria. delito e as outras perícias serão feitos por
Art. 564 (CPP), inciso III, alínea “b”, que dois peritos oficiais.
“a nulidade ocorrerá nos seguintes ca- Súmula 361 (STF): no processo penal,
sos...” é nulo o exame realizado por um só peri-
to, considerando-se impedido o que tiver
Escusa da perícia funcionado, anteriormente, na diligência
Art. 160 (CPP) - o laudo pericial será de apreensão.
elaborado no prazo máximo de 10 (dez) Art. 180 (CPP). Se houver divergência
dias, podendo este prazo ser prorrogado, entre os peritos, serão consignados no
em casos excepcionais, a requerimento auto do exame, as declarações e respos-
dos peritos. tas de um e de outro, ou cada um redigirá
Art. 161 CPP - o exame de corpo de de- separadamente o seu laudo, e a autorida-
40
biental
A perícia possui três fases:
1º. fase histórica – síntese das alega-
ções e posições conflitantes das partes;
2º. fase expositiva – a restauração da
coisa sujeita a exame, com todos os da-
dos pertinentes, as operações realizadas,
fatos e circunstâncias ocorridos no curso
das diligências;
3º. fase conclusiva (parecer) – apre-
41
REFERÊNCIAS
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