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A Cidade Colonial

A Cidade Colonial 1

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ – UECE

FACULDADE DE FILOSOFIA DOM AURELIANO MATOS – FAFIDAM

CURSO DE LICENCIATURA PLENA EM HISTÓRIA

A Cidade Colonial

Jéssica da Silva Simões

Maria Janaína Almeida

Maria Ribeiro de Assis

Limoeiro do Norte – Ceará

Junho de 2012
A Cidade Colonial 2

Jéssica da Silva Simões

Maria Janaína Almeida

Maria Ribeiro de Assis

A CIDADE COLONIAL

Cartilha Temática elaborada na


Disciplina Laboratório de História II, do
Curso de História da Faculdade de
Filosofia Dom Aureliano Matos –
FAFIDAM, Universidade Estadual do
Ceará – UECE, ministrada pelo Prof.
Francisco Antônio da Silva, no semestre
2012.1.

Limoeiro do Norte – Ceará

Junho de 2012
A Cidade Colonial 3

SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO 05

1- FORMAÇÃO TERRITORIAL DOS SÉCULOS XVI, XVII, 06


XVIII.
Saiba Mais
08
Fundação de Salvador: A primeira cidade do Brasil
Fundação do Rio de Janeiro 10
Filipéia de Nossa Senhora das Neves, atual João Pessoa 11

2- A DESCOBERTA DO OURO 13
Vila Rica 15
3- A SOCIEDADE DAS CIDADES COLONIAIS 17
Novas classes sociais 17
Estrutura familiar e religiosidade
18
4- AS ARTES 19
Arte Barroca 19
O Arcadismo

5- REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS 20
A Cidade Colonial 4

Introdução

A mineração trouxe
modificações importantes na
estrutura da colônia.

A formação de cidades
modificou a mobilidade
social e econômica da
sociedade
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1- Formação territorial dos séculos XVI, XVII, XVIII.


O primeiro período, compreendido entre 1532 e 1549 foi caracterizado pelo
sistema de administração das capitanias hereditárias. A responsabilidade pelos
investimentos era muito mais do próprio donatário do que do governo central. Mesmo
assim, apenas a Coroa podia criar cidades, estando os donatários limitados a
jurisdicionar sobre a criação de vilas. Nesse período se observou a fundação de oito
vilas.

O Brasil encontrava-se nas condições compreendidas na Europa, de acordo


com os pensamentos do Velho Mundo, forma de governo, devido a ação colonial, uma
réplica da administração portuguesa.

De 1550 a 1580 foi vivenciado um novo período. Esse caracterizado pelos


Governos Gerais, quando são criadas as cidades de Salvador e do Rio de Janeiro, além
de mais quatro vilas. A produção açucareira é a grande tônica desse período, podendo se
afirmar que houve uma expansão urbana, ainda que limitada ao contexto rural em que se
vivia.

Durante a União Ibérica ocorreu outro período na urbanização colonial. Houve


dessa vez, um grande impulso à urbanização com interiorização de alguns núcleos. São
criadas mais três
vilas e três cidades.

Depois da
restauração da
independência
portuguesa, de 1641
a 1700, vivenciamos
um quarto período.
Nessa época há um
decréscimo no
A Cidade Colonial 6

desenvolvimento urbano com relação ao período anterior. No entanto a interiorização da


urbanização é marcante, sobretudo pela descoberta de ouro nas Minas Gerais, levando a
formação de verdadeiras ilhas urbanas no interior do continente. Esse século foi de
fundamental importância para o processo de intensificação demográfica na colônia,
época de grande expansão territorial em direção ao interior e litoral norte (Rio Grande
do Norte ao Amapá).

A interiorização do país foi realizada pelos movimentos de Entradas e Bandeiras, nas


regiões Nordeste, Sudeste e Sul, conquistando sertões, na pecuária. Passaram a explorar
não somente o litoral como frei Vicente do Salvador em 1627 faz uma crítica a total
concentração litorânea, de forma desorganizada, ao descrever que arranhavam a costa
“como caranguejos” – Nota 1

De 1701 até 1750 vamos conhecer a criação de 33 vilas, um reforço à


tendência de interiorização da urbanização, principalmente com o subsídio às minas. O
Brasil contava com nove cidades nesse período e o sul do Brasil passa a ser incorporado
ao sistema colonial, notadamente pela necessidade de defesa em relação às fronteiras
com os domínios espanhóis.

O século XVIII representou para o Brasil a consolidação colonial, com a


exploração do Ouro e Diamantes no Centro do país, transformando os arquipélagos de
colônias isoladas em uma união, o movimento da pecuária teve um importante papel
para essa integração.

No último período do lapso de tempo colonial aqui estudado, de 1751 a 1777,


surgem as comissões para demarcação dos limites entre Portugal e Espanha. São criadas
sessenta vilas e observa-se um grande crescimento da urbanização.

A
formação
territorial
brasileira, nos
primeiros tempos,
está intimamente
associada à
sociedade agrário-
comercial que se
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instalou nesse espaço. É de se salientar o fato que a vida cotidiana nesses períodos
continuava sendo notadamente rural. As cidades não se constituem mais do que
apêndices da vida agrária, onde os senhores proprietários rurais possuíam uma casa para
diversão e passeio, deixando reservado à fazenda, no meio rural, o caráter de maior
importância.

Saiba Mais

Fundação de Salvador: A primeira cidade do Brasil

Fundada em 29 de março de 1549, Salvador foi a primeira capital do Brasil,


posição que manteve durante 214 anos (1549-1763). A Baía de Todos os Santos era
conhecida pelos navegadores portugueses desde 1501; sua localização estratégica na
costa brasileira propiciava as ligações Portugal
- Brasil - África - Ásia e a equidistância entre
as regiões Norte e Sul do Brasil, aliada às
condições requeridas para o abrigo seguro e a
correta manobra das embarcações. Tudo isso
determinou a sua escolha como local ideal
para a construção da capital do Brasil. O
conjunto arquitetônico colonial de Salvador é
de grande importância para a História,
possuindo inclusive o título de "Patrimônio Histórico e Artístico da Humanidade"
conferido pela O.N.U - Organização das Nações Unidas. Ao longo dos três primeiros

Tomé de Souza séculos posteriores ao descobrimento do Brasil,


Salvador - Capital entre 1549 e 1763 - serviu de
palco dos acontecimentos mais marcantes do País e
se transformou na principal localidade do Atlântico
Sul.

Em 1501, uma expedição de


reconhecimento à terra descoberta por Pedro
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Álvares Cabral deparou-se com uma grande e bela baía - batizada de Baía de Todos os
Santos pelo navegador Américo Vespúcio, por ter sido descoberta no dia 1º de
novembro. O grande golfo tornou-se, então, uma referência para navegadores, passando
a ser um dos pontos mais conhecidos e visitados no litoral do Novo Mundo. Alguns
registros históricos da época relatam ocorrências, como a saga do português Diogo
Álvares, em 1510. Náufrago de uma nau francesa, ele foi acolhido pelos indígenas
Tupinambás da região e chamado de Caramuru. Posteriormente, tornou-se membro
influente da comunidade, formou as primeiras roças de cana-de-açúcar e algodão e
casou-se com uma índia, batizada com o nome de Catarina Paraguaçu (filha de um
cacique da tribo Tupinambá). Caramuru desempenhou importante papel na implantação
do Governo Geral.

Em 1549, o rei de Portugal D. João III


nomeou o militar e político Tomé de Sousa
para ser o governador-geral do Brasil e decidiu
enviá-lo para a missão no dia 12 de fevereiro
do mesmo ano. A armada, capitaneada pela
nau Conceição, trazia mais de mil pessoas em
Salvador atual seis embarcações: as naus Conceição, Salvador
e Ajuda, duas caravelas e um bergantim. Depois de 56 dias, a esquadra aportou no porto
de Vila Velha - fundada pelo donatário da capitania hereditária da Bahia, Francisco
Pereira Coutinho - e foi recebida com festa pelos Tupinambás e por Caramuru. Tomé de
Sousa ficaria no cargo até 1553, quando voltou à Lisboa e foi substituído por Duarte da
Costa. Em 1550, a Capital viu os primeiros escravos chegarem nos navios vindos da
Nigéria, Senegal, Angola, Moçambique, Congo, Benin e Etiópia. Com o trabalho dos
negros, a cidade prosperou por influência econômica das atividades portuárias e da
produção de açúcar, do fumo e do gado do Recôncavo. Em 1583, Salvador tinha duas
praças, três ruas e cerca de 1.600 habitantes.

História de Salvador. Disponível em


<http://www.salvadortur.com.br/historia.htm> Acesso em: 05 de Mai 2012
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Fundação do Rio de Janeiro

No dia 1º de janeiro de 1502, navegadores portugueses avistaram a Baía de


Guanabara. Acreditando que se tratava da foz de um grande rio, deram-lhe o nome de
Rio de Janeiro, dando origem ao nome da cidade. O município em si foi fundado em
1565 por Estácio de
Sá, com o nome de
São Sebastião do
Rio de Janeiro, em
homenagem ao
então Rei de
Portugal, D.
Sebastião.

Duzentos anos adiante, em 1763 o Rio de Janeiro tornou-se a capital do Brasil,


título que manteve até 1960, quando foi inaugurada Brasília, a atual capital do país.

Devido às guerras napoleônicas, a família real portuguesa transferiu-se, em


1808, para o Rio de Janeiro, onde em 1815 o Príncipe Regente D. João VI foi coroado
Rei do Reino Unido do Brasil, Portugal e Algarves, um fato histórico que foi da maior
importância para os rumos da Nação Brasileira.

A economia da cidade foi impulsionada a


partir do século XVII pelos ciclos da cana de açúcar,
do ouro e do café. Hoje, o Estado do Rio de Janeiro é,
após São Paulo, o segundo pólo industrial do Brasil,
está entre os primeiros do turismo, o segundo pólo
industrial do Brasil, está entre os primeiros do turismo,
além de ser o principal centro cultural do país e
importante centro político.

Povos europeus, principalmente portugueses, Estácio de Sá

misturando-se com escravos africanos e índios brasileiros, deram origem a um povo


A Cidade Colonial 10

gentil, alegre e bonito que compõem a população de mais de 6 milhões de CARIOCAS,


como são chamados os habitantes da cidade.

Situada em meio a uma paisagem


privilegiada pela natureza, entre o mar e as
montanhas, a cidade do Rio de Janeiro é uma das
mais belas do mundo o que lhe valeu o título de
Cidade Maravilhosa.

História do Rio de Janeiro <http://www.colorfotos.com.br/rio_de/princip.htm>


Acesso em : 05 de Mai 2012

Filipéia de Nossa Senhora das Neves, atual João Pessoa

Fundada em 1585, João Pessoa já nasceu cidade. Sem nunca ter passado pela
designação de vila, povoado ou aldeia, visto que foi fundada pela Cúpula da Fazenda
Real, uma Capitania da Coroa, é considerada a terceira
cidade mais antiga do Brasil (Mello, 1987).

No início da colonização, quando a colônia


brasileira foi dividida em Capitanias Hereditárias,
grande parte do atual território paraibano situava-se na
então capitania de Itamaracá, sob o domínio de Pero
Lopes de Sousa. Posteriormente esta capitania foi
desmembrada, dando origem à capitania da Paraíba (Sampaio, 1980). João Pessoa foi
criada durante o antigo Sistema Colonial para exercer funções administrativas e
comerciais, tomando forma a partir de uma colina à margem direita do Rio Sanhauá
(Rodriguez, 1992).
A Cidade Colonial 11

A cidade de João Pessoa teve vários nomes antes da atual denominação.


Primeiro foi chamada de Nossa Senhora das Neves, em 05 de agosto de 1585, em
homenagem ao Santo do dia em que foi fundada. Depois foi chamada de Filipéia de
Nossa Senhora das Neves, em 29 de outubro de 1585, em atenção ao rei da Espanha D.
Felipe II, quando Portugal passou ao domínio Espanhol. Em seguida recebeu o nome de
Frederikstadt (Frederica), em 26 de dezembro de 1634, por ocasião da sua conquista
pelos holandeses, em homenagem a Sua Alteza, o Príncipe Orange, Frederico Henrique.
Novamente mudou de nome, desta vez passando a chamar-se Parahyba, a 01 de
fevereiro de 1654, com o retorno ao domínio português, recebendo a mesma
denominação que teve a capitania, depois a província e por último o Estado. Em 04 de
setembro de 1930, finalmente recebeu o nome de João Pessoa, homenagem prestada ao
Presidente do Estado assassinado em Recife por ter negado apoio ao Dr. Júlio Prestes,
candidato oficial à Presidência da República, nas eleições de 1930 (Rodriguez, 1991).

A primeira capela da cidade foi erguida onde hoje se situa a catedral


metropolitana. Datando do início da colonização, a mesma foi construída para o culto a
Nossa Senhora das Neves, padroeira da cidade (Nóbrega, 1982).

Os holandeses, atraídos pela riqueza do açúcar, invadiram a cidade em 1634,


passando ela a chamar-se Frederistadt. Assim permaneceu durante 20 anos (Sampaio,
1980). Registros históricos afirmam que a cidade abrigava aproximadamente 1.500
habitantes e 18 engenhos de açúcar na época desta invasão (Mello, 1987).

Em 1808, a cidade possuía 3.000


moradores, cinco ermidas, uma matriz, três
conventos, uma igreja misericórdia com
seu hospital. Por sua vez, em 1859 já
contava com cerca de 25 mil (Mello,
1987). Até o início do século XIX, a
cidade era habitada praticamente por
militares, administradores e religiosos. No entanto, com a ampliação do comércio
brasileiro em geral, João Pessoa, bem como todo o litoral brasileiro, teve seu
povoamento acelerado (Mello, 1987).
A Cidade Colonial 12

Na parte baixa da cidade, encontravam-se os prédios da Alfândega, os


armazéns do porto e as casas comerciais (estes prédios ainda hoje podem ser vistos,
embora em ruínas). Já na parte alta localizavam-se as construções administrativas,
religiosas e os prédios residenciais de padrão alto (Rodriguez, 1992)

Até a década de 1910, a lagoa do Parque Solon de Lucena não permitia o


rescimento da cidade em direção ao litoral. Em 1913, no governo de Saturnino de Brito,
foi realizado o saneamento da bacia da lagoa, permitindo, com isso, a expansão da
cidade em direção ao leste e ao sul . Após permanecer por mais de três séculos restrita
às margens do rio Sanhauá e à colina onde fora fundada, a cidade, agora denominada
João Pessoa, avança para o leste, em direção às praias, num crescente processo de
urbanização que se estende até os dias atuais, com sua população de mais de 500 mil
habitantes (Mello, 1987).

http://www.de.ufpb.br/~ronei/JoaoPessoa/histor.htm

2- A DESCOBERTA DO OURO

Nas regiões do litoral e região Nordestina, predominava a monocultura do


açúcar, nos engenhos, prevalecendo à zona rural como parte fundamental da estrutura
espacial dessa parte do país no século XVI e final do XVII.

Com a formação das regiões mineradoras e com isso a urbanização, a


economia transformou-se em outro estágio, com a formação de novas classes sociais, e
a disponibilidade de novos empregos. E um aumento significativo da população.

No século XVIII, com a mineração a presença do trabalho livre foi mais


evidente. A própria concentração urbana, provocada pela mineração, gerou novas
atividades profissionais diferentes, trabalho
livre. Ofícios de multiplicaram, mantendo
um fluxo regular de encomendas, facilitando
a mobilidade social dos libertos.
A Cidade Colonial 13

O ciclo da mineração pode ser caracterizado, como uma expansão das


oportunidades de trabalho e de enriquecimento, para homens livres, libertos e escravos,
em virtude da relativa diversificação econômica ocorrida.

Intensificou- se a urbanização, com a ampliação das funções urbanas, não só da


própria mineração, nas três capitanias do ouro, mas nas das cidades e vilas que beiravam
as rotas comerciais.

O passo fundamental para a urbanização do Brasil foi sem dúvida a descoberta


do ouro na região central do país através dos movimentos de entradas e bandeiras,
principalmente na região de Minas Gerais. A descoberta de metais mais preciosos no
Brasil ocorreu nos últimos anos do século XVII.

Em poucos anos foram formados


povoados e vilas, como de Ribeirão do Carmo,
Vila Rica, São João d’El Rei, São José d’El Rei,
Triauí, Sabará, Serro do Frio e Paracatu. Em
1729 acrescentaram-se descobertas de diamantes
no arraial do Tijuco.

Diferente da colonização litorânea


vivenciada até então no Brasil, a interiorização modificou a formação territorial das
vilas coloniais. Como descrito por WEHLING:

“Ocorrem transformações significativas na vida político-administrativa da


Colônia com este segundo deslocamento para o interior, produzido pela descoberta do
ouro e dos diamantes. Ao contrário do primeiro, com a pecuária, que provocou escasso
povoamento, a interiorização nas regiões mineradoras caracterizou-se pelo
adensamento da população. A Ocupação, além de rural com a agricultura e pecuária
de subsistência, foi sobretudo urbana, concentrando-se a populações em vilas próximas
ás regiões auríferas, que surgiram rapidamente.”1

A mineração provocou uma alteração importante no panorama colonial do


século XVIII, a começar pela incorporação total de territórios as Capitanias de Minas

1
WEHLING, Arno. WEHLING, Maria José C. de M. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1994, Pág. 158
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Gerais e Goiás. Bem diferente da ocupação pecuarista e áreas litorâneas, deu início a
urbanização do interior.

A concentração nas vilas mineradoras melhorou a distribuição da população


colonial, até então concentrada no litoral e principalmente no Nordeste. Assim gerando
novas estratificações sociais, com o desenvolvimento de novas atividades profissionais,
como comerciantes, mineradores, pedreiros, entre outros. Não que não existissem nas
cidades e vilas do litoral, porém eram mais escassos, já que a vida nessa região se
vinculava, sobretudo nos engenhos e fazendas, na zona rural, onde a área urbana era
secundária.

Diferentemente das regiões agrárias presente principalmente no Nordeste, onde


a predominância do trabalho escravo, nas regiões mineradoras a presença do trabalho
livre foi mais evidente, com a concentração urbana como consequência da atividade
mineradora, foi inevitável o aparecimento de atividades profissionais diferentes, ligada
ao trabalho livre. Surgiram novos
ofícios, com a grande demanda de
encomendas nos mais diversos setores.
Em relação ao comércio, predominou o
trabalho livre dos comerciantes,
escriturários e caixeiros. Grande
oportunidade de emprego e
empreendimentos, tanto para homens
livres como pra escravos e libertos em detrimento da diversificação econômica.

Com a intensificação urbana, aumentaram as funções urbanas nas cidades


mineradoras, como também as que participavam da rota comercial, formando um
emaranhado de fatores econômicos que unificaram a Colônia.

As transformações foram grandes em relação à estrutura açucareira do litoral,


principalmente na estruturação social e territorial do Brasil, apesar da economia
açucareira ainda ser a mais rendável como afirma WEHLING:

“A descoberta do ouro em Minas Gerais, Mato Grosso, Goiás e sul da Bahia


provocaram transformações radicais na vida, até então agropastoril, da Colônia. Muito
embora, no balanço do século XVIII, as rendas do açúcar tenham superado as do ouro,
A Cidade Colonial 15

as modificações trazidas pela mineração mudaram irreversivelmente a face da Colônia”


note 3

Vila Rica

A amostra chegou ao Rio de Janeiro, aos olhos do governador, que já havia


recebido outras anteriores das minas de Itaverava. Constatado seu valor deu-se início à
corrida. A fábula povoou a imaginação de aventureiros, que se introduziram nas matas
num sobe e desce em busca de uma referência para a glória, um pico chamado Ita-
corumi (pedra-menino), hoje Itacolomi. Aos seus
pés estavam as tão sonhadas minas.

Bandeira de Antônio Dias em 1698: a


primeira a chegar. A fundação de um primitivo
arraial se deu no morro de São João, onde
também foi celebrada a primeira missa pelo
padre João de Faria Fialho. Um grupo
relativamente pequeno, que depois se
multiplicaria aos milhares. Trinta anos depois a cidade contaria perto de 40 mil pessoas,
a maior aglomeração de toda a América Latina. Quarenta mil interesses diferentes... E o
ouro, apesar de muito, não era suficiente para alimentar a ambição. Começam os
confrontos.

Entre 1707 e 1709


ocorreu o primeiro grande
conflito, envolvendo
essencialmente paulistas e
portugueses: a Guerra dos
Emboabas. Ambos defendiam
terem direitos legítimos sobre o
eldorado, reivindicavam a
Vila Rica séc. XVIII-- Vila Rica. Thomas Ender (séc.XIX). concessão de terras e minas.
A Cidade Colonial 16

Ainda em 1709 seria criada a Capitania de São Paulo e Minas de Ouro, tendo Mariana
como capital. Dois anos mais tarde os núcleos de Ouro Preto, Antônio Dias, Ouro Podre
e Padre Fariam foram elevados à categoria de vila. Nascia a Vila Rica de Albuquerque.

Enquanto no litoral a sociedade colonial permanecia engessada em sua estrutura


fechada, em Minas nascia um caos social que se movimentava efervescentemente.
Ambição era a locomotiva, o ouro o combustível. Ascensão social, embora difícil, era
possível: bastava uma bateada feliz e muita astúcia. Mercadores, artesãos, engenheiros,
advogados, clero, nobres, médicos, poetas, serviçais... O ecletismo se firmava, gerando
uma nova consciência, um espírito libertino, capaz de caminhar com os próprios pés.
Não foi uma tarefa fácil. Que o digam Felipe dos Santos e os Inconfidentes.

Minas crescia e em 1720 tornou-se uma capitania autônoma, sendo a capital


transferida para Vila Rica. Encontrava-se ouro como em nenhum outro lugar, fazendo as
lendas do Rei Salomão parecerem ingênuos contos infantis. A festa para celebrar o
translado do Santíssimo Sacramento (1733), da igreja do Rosário para a matriz do Pilar,
marcou esta época. Cronistas relatam a pompa das vestimentas e artefatos, repletos de
ouro e pedras preciosas.

O fausto durou até 1750. A partir daí o metal amarelo começou a escassear. A
Coroa intensifica a fiscalização, combatendo o contrabando (muito grande), e força os
mineradores a garantirem as cotas estabelecidas de impostos. A opressão culminou com
a Inconfidência Mineira, movimento rechaçado duramente por Portugal. Minas e o
Brasil não seriam mais os mesmos.

Vila Rica virou Imperial Cidade de Ouro Preto em 1823 e permaneceu como
capital da Província de Minas Gerais até 1897, ano da inauguração de Belo Horizonte.
Os anos setecentos se foram, mas legaram um futuro que hoje nos presenteia com uma
das histórias mais interessantes da saga humana.

http://www.idasbrasil.com.br/idasbrasil/cidades/ouropreto/port/historia.asp
Acesso em 06-05-2012
A Cidade Colonial 17

4- A Sociedade das Cidades Coloniais

Novas Classes Sociais

Na sociedade açucareira, predominantemente rural, a estrutura social era baseada na


Nobreza, caracterizado pelos senhores de engenhos e sua família, além dos
denominados “homens bons” que governavam as câmaras municipais das pequenas
vilas e aldeias que existiam até então. Outra classe presente consistia nos escravos, que
pode não ser considerada uma classe em si, já os direitos que inexistentes para essa
categoria, uma vez que direitos não possuíam.

Não havia a possibilidade de mobilidade social, uma vez que não havia trabalhos
remunerados, sendo que a economia girava entorno da produção do açúcar e a mesma
estava no foque da escravidão, economia lucrativa para os grandes senhores dos
engenhos.

Essa perspectiva mudou consideravelmente com a descoberta e exploração do


ouro nas regiões centrais do país, surgimento de novas classes sociais, como exemplo os
abastados mineradores, que foram responsáveis pela construção das cidades barrocas do
interior mineiro. Como base da estrutura estava os homens livres pobres (brancos),
libertos e indígenas e os escravos. A mobilidade social foi mais evidente, sendo que os
ex-escravos libertos tinham oportunidade de emprego, tanto nas cidades mineradoras
A Cidade Colonial 18

como também nas cidades vizinhas, as zonas comerciais, portuárias, concluindo com o
surgimento dos comerciantes, com grande influencia nas cidades mineiras.

A vida urbana mais intensa viabilizou também, melhores oportunidades no


mercado interno e uma sociedade mais flexível, principalmente se contrastada com o
imobilismo da sociedade açucareira.
Embora mantivesse a base escravista, a sociedade mineradora diferenciava-se da
açucareira, por seu comportamento urbano, menos aristocrático e intelectualmente mais
evoluído.
Era comum no século XVIII, ser grande minerador e latifundiário ao mesmo tempo.
Portanto, a camada socialmente dominante era mais heterogênea, representada pelos
grandes proprietários de escravos, grandes comerciantes e burocratas.

Estrutura familiar

O padrão nuclear não variou das


regiões rurais para a urbana, e muito menos
para a família nobre para a escrava.

Nas áreas urbanas a relação de


escravos foi mais escassa devida a pouca
quantidade de escravos por família, no
máximo dois por casa, os relacionamentos
sempre eram de ex- escravos (libertos).

A família patriarcal manteve-se


presente na estrutura rural, que mantinha o
pensamento medieval de primogenitura e
domínio total sobre a região, que caiu com a
formação urbana.
A Cidade Colonial 19

O desenvolvimento do comércio e a acentuação da vida urbana trouxe também


mudanças culturais e intelectuais, destacando-se a chamada escola mineira, que se
transformou no principal centro do Arcadismo no Brasil. São expoentes as obras
esculturais e arquitetônicas de Antônio Francisco Lisboa, o "Aleijadinho", em Minas
Gerais ( imagem à esquerda de um dos doze profetas - Igreja do Senhor Jesus de
Matosinhos, município de Congonhas), e do Mestre Valentin no Rio de janeiro.
Na música destaca-se o estilo sacro barroco do mineiro José Joaquim Emérico Lobo de
Mesquita, além da música popular representada pela modinha e pela cantiga de ninar de
origem lusitana e pelo lundu de origem africana.

A religião teve grande peso na formação colonial brasileira, com


influencia direta na construção mental da sociedade, como também na física, com
interferência direta na construção barroca das cidades mineradoras.

5- Artes

Aleijadinho

Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, nasceu em Vila Rica,


hoje Ouro Preto MG, por volta de 1730. Era filho natural de
um mestre-de-obras português, Manuel Francisco Lisboa, um
dos primeiros a atuar como arquiteto em Minas Gerais, e de
uma escrava africana ou mestiça que se chamava Isabel.

A formação profissional e artística do Aleijadinho é atribuída a


seus contatos com a atividade do pai e a oficina de um tio,
Antônio Francisco Pombal, afamado entalhador de Vila Rica.
Sua aprendizagem, além disso, terá sido facilitada por eventuais
relações com o abridor de cunhos João Gomes Batista e o
escultor e entalhador José Coelho de Noronha, autor de muitas obras em igrejas da
região. Na educação formal, nunca cursou senão a escola primária.

O apelido que o celebrizou veio de enfermidade que contraiu por


volta de 1777, que o foi aos poucos deformando e cuja exata
natureza é objeto de controvérsias. Uns a apontam como sífilis,
outros como lepra, outros ainda como tromboangeíte obliterante ou
ulceração gangrenosa das mãos e dos pés. De concreto se sabe que
ao perder os dedos dos pés ele passou a andar de joelhos,
protegendo-os com dispositivos de couro, ou a se fazer carregar. Ao
A Cidade Colonial 20

perder os dedos das mãos, passou a esculpir com o cinzel e o martelo amarrados aos
punhos pelos ajudantes.

Arcadismo

O arcadismo brasileiro originou-se e teve expressão principalmente em Vila Rica ( hoje Ouro
Preto), Minas Gerais, e seu aparecimento teve relação direta com o grande crescimento
urbano verificado no século XVIII nas cidades mineiras, cuja
vida econômica girava em torno da extração do ouro.

O enorme crescimento dessas cidades favorecia tanto a


divulgação de ideias políticas quanto o florescimento da
literatura. Os jovens brasileiros das camadas privilegiadas da
sociedade costumavam ser mandados a Coimbra para
estudar, uma vez que a colônia não lhes oferecia cursos
superiores. E, ao retornarem de Portugal, traziam consigo
ideias iluministas. Participaram diretamente da Inconfidência
Mineira.
Tomas Antônio Gonzaga

CEREJA, Willian Roberto. MAGALHÃES, Thereza Cochar. Literatura Brasileira: ensino médio. São
Paulo. Editora Atual. 2005.
A Cidade Colonial 21

Referencias

 WEHLING, Arno. WEHLING, Maria José C. de M. Rio de Janeiro: Nova


Fronteira, 1994

 CEREJA, Willian Roberto. MAGALHÃES, Thereza Cochar. Literatura Brasileira: ensino


médio. São Paulo. Editora Atual. 2005.

 Vierno. Lívia . SEMEADAS E LADRILHADAS. Vilas e Cidades no Brasil Colônia.


Universidade de Taubaté: I Simpósio Luso-Brasileiro de Cartografia Histórica.

 Ricardo Paiva .Arquitetura e Cidade no Brasil: séculos XVII e XVIII


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